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1 1Disponível em: < https://engcivilclisa.wordpress.com/ >. Acesso em: 22 de fev. de 2022. A Gestão de projetos alinhada ao uso de softwares e metódos de gerenciamento com foco na otimização do tempo Kênnio Pires Maciel – kennioeng@gmail.com MBA Gerenciamento de Obras, Produtividade e Tecnologia da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Goiânia, GO, 19 de Fevereiro de 2022 Resumo A busca pela otimização da construção civil e as dificuldades a serem geridas pelo Gestor de Projetos quanto ao uso correto de softwares dentre os vários disponíveis no mercado e que se dividem dentro das fases de obra, ao mesmo tempo que lida com o comportamento das pessoas envolvidas no processo, é um grande entrave. Com tantos exemplos práticos de obras, guias como o PMBOK (Project Management Body of Knowledge), porque vivenciamos tanta problemática na entrega de projetos para o cliente final, seja por problemas de atraso, erros construtivos, déficit financeiro, escassez de mão de obra etc. Este trabalho objetiva definir diretrizes para auxiliar gestores quanto a parâmetros que devem ser observados para se definir o quadro de programas que melhor se encaixam desde alimentação até apresentação de dados. Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica com ênfase na identificação de problemas recorrentes que influem na fase de projeto, que por conseguinte afetam o planejamento e impactam no produto final, mas que podem e devem ser geridos pelo Gestor de Projetos. Depreende-se que o gestor deve ter bem definido o produto desejado pelo cliente, assim como os softwares interagem entre si e com os seus manipuladores (projetistas), uma vez que ele é a ponte que interliga todos os projetos. Palavras-chave: Gestão. Projetos. Metodologias. Softwares. Civil. 1. Introdução A premissa do planejamento é nortear organizações, à medida que vislumbra necessidades e demandas, define soluções e parâmetros para controle de riscos (BORN, 2012:3). O departamento de planejamento tende a estar presente do início de um projeto até a etapa de pós entrega, nele há o cérebro de toda a operação o Gerente ou Gestor de Projetos, peça imprescindível para o desenvolvimento de projetos na construção civil, a cobrança por projetos cada vez mais arrojados e com custo-benefício o mais enxuto possível, não é questão só de economizar nas compras ou reduzir desperdícios, mas de alinhar todos os departamentos da sede administrativa (contábil, financeiro, compras, recursos humanos, marketing, etc.) diretamente com a execução. Quanto mais tempo dedicado ao planejamento de um projeto, menor será o tempo de sua execução. E é nessa fase que ferramentas de controle alinhadas a projetos detalhados fazem a total diferença, para direcionar a tomada das decisões do Gestor, eis que surge a temática do trabalho que busca salientar como softwares em excesso, ausência ou subutilizados podem implicar totalmente de forma negativa no produto final a ser executado. Na visão de Vargas (2000) gerência de projetos “é a aplicação de conhecimentos, habilidades, e técnicas para projetar atividades que visem atingir ou exceder as necessidades e expectativas das partes envolvidas, com relação ao projeto”, para Campos (2011) a gestão envolve “lidar com pessoas - a equipe de projetos, cliente, fornecedores, quem financia o projeto, outras áreas envolvidas, entre outros, e essa realidade exige a aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes que extrapolam o simples uso de ferramentas de informática”. Fica evidente que ambos os autores concordam que o gerente de projetos não é 2 1Disponível em: < https://engcivilclisa.wordpress.com/ >. Acesso em: 22 de fev. de 2022. um profissional recém formado, mas que é construído pelo tempo e dedicação tanto pessoal quanto das empresas ou projetos em que atua. Num passado não tão distante, só o conhecimento ímpar de alguns profissionais era suficiente, hoje nos deparamos não somente com ferramentas para alimentação e posterior análise, mas que apresentam um leque de soluções possíveis a serem escolhidas. Para deixar mais claro, quanto aos dilemas vividos, vamos imaginar dois softwares disponíveis no mercado, Microsoft® Excel e Microsoft® Project, o primeiro muito conhecido e utilizado na construção civil, após ser alimentado por meio de recursos gráficos somados a uma série de configurações consegue reproduzir um Gráfico de Gantt, conforme Figura 1, bastante utilizado para acompanhamento físico de projeto, enquanto o segundo já reproduz de forma direta após sua alimentação, além de ter mais recursos visuais. Colocamos em xeque pontos de vista, utilizar um único programa ou ambos com intuito de dinamizar tempo e recursos ? Figura 1.Gráfico de Gantt no MS PROJECT Fonte: Clisa: Engenharia Civil1 No campo das metodologias gerenciais há também há inúmeros métodos, além de guias como o PMBOK, sendo o um dos mais difundido, mas que por ser generalista deve ser adequado as peculiaridades de cada projeto. Conforme PMBOK (2017:60) define que “o gerente de projetos divide seu tempo com números, modelos, tabelas, gráficos, sistemas de computação e principalmente com as pessoas”. Em todas as etapas de planejamento e replanejamento, guias e métodos de gestão o ‘tempo’ é um denominador comum, destacamos um novo questionamento a ser respondido: “Como um parâmetro bem definido e monitorado consegue ser o gargalo ou mesmo vilão do processo de gestão?”. 3 2Disponível em: <https://implanttaconsultoria.com.br/como-utilizar-o-ciclo-pdca-para-promover-a-melhoria- continua/>. Acesso em: 10 de mar. de 2022. 2. Metodologias de Gerenciamento Vargas (2000:59) propõe que “os processos mínimos para assegurar prazos são definição de metas, sequenciamento das atividades, estimativa da duração das atividades, desenvolvimento do cronograma e controle do cronograma”. Reis (2006:11) diz que “o primeiro passo para administrar o tempo e analisar como ele está sendo gasto”. Segundo Barbosa (2018) as atividades podem ser divididas em três graus, sendo importantes aquelas que ainda possuem tempo para serem concluídas; urgente aquelas que surgem de imprevistos em sua maioria e ou que seu tempo se encontra no limite; e por fim as atividades circunstanciais definidas como desnecessárias, improdutivas, com alto potencial para gerar decepções. Depreende-se que o primeiro passo para otimizar o uso do tempo é analisar como ele é aplicado, depois classificar as atividades por critérios de urgência, para então sintetizar metas e começar a planejá-las. E com base nisso, tem-se alguns métodos de gerenciamento muito empregados, que podem ser utilizados como ferramentas, por exemplo, o ciclo PDCA, método SMART, SCRUM e o 6SIGMA. 2.1. Ciclo PDCA O ciclo PDCA descrito por meio da Figura 2 é o mais conhecido dentre os métodos de gerenciamento no meio empresarial, criado pelo engenheiro Walter Shewhart em 1920, só foi reconhecido em 1950 através do professor americano William Deming (pai do controle de qualidade). O que cada letra significa: Plan – identificar o problema, planejar melhorias; Do – executar o plano em conjunto com a equipe; Check – etapa de controle e monitoramento, averiguar se todas as medidas foram tomadas e se os resultados esperados foram alcançados; Act – caso positivo das ações planejadas prossegue com a padronização do processo, em caso negativo, necessário um momento de reflexão, e retorno a etapa Plan. Fonseca et al (2006:8) afirma que o método é aplicável, apesar das pessoas o utilizarem de forma mecânica, e em sua maioria não se atém as premissas e analises conjuntas dos resultados de uma forma racional. Figura 2. Ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar e Agir) Fonte: Implantta Consultoria2 4 3Disponível em: <https://gomadigital.com.br/como-definir-e-alcancar-suas-metas-smart/>. Acesso em: 10 de mar. de 2022. É o ciclo mais simples para ser aplicado dentro da gestão de projetos, ao mesmotempo que é o mais fácil de ser implantado num sistema organizacional onde ainda não há um método consolidado. Ele também pode ser aplicado na gestão de pessoas, pois dentro de suas 4 etapas uma alocação compatível dos membros da equipe de acordo com suas competências individuais tende a intensificar os resultados. Considerado um método curto, mas que reinicia inúmeras vezes dentro de um projeto. 2.2. Método S.M.A.R.T Conforme Souza (2015) a metodologia SMART, Figura 3, desenvolvida por Drucker, é um anagrama formado pelas iniciais do método que visa gerenciar o planejamento. O método S.M.A.R.T auxilia o planejamento, com efeito colateral positivo na produtividade, e propicia o controle do gestor dado que as metas estipuladas podem ser quantificadas e posteriormente analisadas. Figura 3. Sequência gradativa da metodologia SMART Fonte: Goma3 Significados das letras: S (Specific) – os objetivos devem ser claros, assemelha-se ao escopo de projeto, como exemplo, aumentar o número de vendas em 30%. Questionamentos que podem parecer óbvios, auxiliam gestor e equipe a imergir na ideia, perguntas como: Quem são as pessoas ou departamento envolvidos? Qual o objetivo desejado? Por que desejo atingir esse objetivo? M (Measurable) – dado que o item anterior foi definido corretamente, é possível controlar e analisar por meio de indicadores de desempenho (KPI´S), se foi atingido ou não a meta. Perguntas a serem respondidas: Quando devemos alcançar o objetivo? Qual será o parâmetro de evolução? Como saberei se o objetivo foi atingido? A (Attainable) – o impossível não é uma opção, metas devem ser atingíveis e com prazos coerentes, está etapa tem apelo sentimental direto nos colaboradores. Indagações para se balizar: Alguém já alcançou essa meta antes ou algo semelhante? A equipe, ferramentas e conhecimentos são suficientes? R (Relevant) – as metas devem ser coerentes para gestores e equipe, não há margem para dedicar esforço em algo despropositado, o resultado esperado é um parâmetro para 5 4Disponível em: <https://medium.com/peacelabs/gest%C3%A3o-de-projeto-%C3%A1gil-para-projetos-sociais- f9b573490a8e>. Acesso em: 27 de fev. de 2022 avaliar a relevância ou não da meta. Está etapa parece um ‘check-list’ da etapa anterior, mas tem o intuito de certificar se tamanho esforço vale a pena. Para guiar essa etapa, responder algumas perguntas podem ajudar, como: Dedicando-se tempo e recursos a meta será alcançada ? Você gestor pactua com o objetivo? T (Time Based) – o tempo para iniciar e finalizar deve ser suficiente e definido no início. Existe um cronograma? O cronograma é suficiente ? O metódo se destaca pela objetividade, a clareza das metas e a quantidade de vezes que se subjuga se objetivo final realmente valhem o esforço da equipe, e se trará benefícios geralmente financeiros, é o que justifica sua maior difusão no mercado de negócios, como por exemplo ao estudo de viabilidade de um empreendimento ou projeto. No geral sua aplicação é espassada, pois somente após a conclusão de seu cronograma ou mesmo na analise de um novo projeto ele será novamente aplicado. 2.3. Metodologia de Gerenciamento Framework SCRUM Machado et al. (2016:63) destaca “dentre os pontos fortes do SCRUM tem-se a objetividade, facilidade de aprendizagem, flexibilidade em poder ser aplicado tanto na área de exatas quanto humanas”. O SCRUM destaca-se pela transparência, somados a: introdução do cliente como parte da equipe, reuniões periódicas sempre deixando atualizados; focado em pequenas equipes, até 10 pessoas; introduz reuniões curtas e diárias para visualização das metas; problemas são declarados abertamente, para que possam ser solucionados. Dentre as metodologias é a mais flexível, Figura 4, dado que o contato com o cliente é constante, geralmente cada entrega de etapa. As etapas recebem o nome de Sprint, com durações curtas de 1 a 4 semanas, além de reuniões diárias, onde a equipe discute o andamento do projeto, e a conclusão de cada Sprint são apresentados os resultados e comparados com o objetivo almejado na etapa. Figura 4. Processo SCRUM Fonte: PeaceLabs Team (2016)4 6 5Disponível em: <https://engeproconsultoria.com.br/2021/02/18/como-o-6-sigma-impulsiona-seu-negocio/>. Acesso em: 27 de fev. de 2022 Carvalho et al. (2010:569) aponta algumas desvantagens do método, como as reuniões diárias (Sprints) que nem sempre são possíveis devido problemas de agenda dos integrantes da equipe, ou que as vezes extrapolam o tempo. Em seu estudo Ozelieri (2018:23) concluiu que há uma resistência da equipe diariamente em participar das reuniões, e que sugere como solução uma mudança de pensamento interno e ou novas contratações. Na teoria o método é eficaz, mas é natural que ao conciliarmos no ambiente humano, tenha se resistência ou problemas pontuais, mas ambos os autores concordam que esses contratempos devem ser esperados e transpostos. 2.4. Metodologia 6SIGMA Finamore Jr (2008) caracteriza que “o objetivo do método é atingir 99,9996% de acertos por milhão, perfeição, geralmente é aplicado em indústrias, linhas de produção e outros”. Atingir o máximo do método não é tão simples, ou seja, é possível escalonar a evolução dos processos, conforme mostra a Figura 5, de forma que tendo 3 ou 4 sigmas já seja relevante. Figura 5. Curva em forma de sino segmentada Fonte: ECKES, 2001. A Figura 6 demonstra a sequência de como se desenvolve ou implementa o método 6SIGMA (DMAIC – anagrama com as iniciais em inglês de cada etapa), ele pode ser implantado para corrigir projetos ou um processo que já esteja em execução. Figura 6. Ciclo 6SIGMA Fonte:EngePro5 7 Definição – etapa inicial responsável pela escolha do projeto e do líder; Medição – pesquisa em campo, determinação de dados e parâmetros; Análise – uso estatístico para análise dos dados coletados, identificação de pontos críticos do processo (onde há maior variação); Melhoria (Improve) – interferência direta nos pontos críticos com o intuito de otimizar o processo; Controle – assimilar os resultados pós interferência, que pode implicar em novas melhorias ou manter o novo processo. Em se tratando de metodologias, tentando encontrar respostas sobre nossos questionamentos iniciais nos deparamos com problemas corriqueiros, que não são abrangidos nas etapas das metas, que competem tanto ao gestor se organizar e quanto a sua equipe orientar, situações como: Procrastinação – se existem atividades a serem cumpridas, não faz sentido ter tempo ocioso. Se a etapa está esperando validação, então cabe ao gestor ou responsável agilizar. Delegar tarefas – todas as metodologias abordam o conceito de uma equipe suficiente, logo, não deve haver sobrecarga, nem mesmo para o gestor. Tarefas não finalizadas – iniciar uma tarefa antes mesmo de terminar, ou tentar fazer duas ao mesmo tempo é tecnicamente improdutivo. Mídias sociais, e-mails e reuniões – o cronograma deve ser otimizado para suprir reuniões periódicas, leitura e respostas de mídias e mensagens, por mais que sejam atividades óbvias da rotina. Capacitação – tido como um mal necessário, empresas que entende a necessidade, nem sempre se atentam que o investimento não previsto também tem impacto na entrega das atividades previstas. 3. Softwares de Gerenciamento O guia PMBOK (2004:137) conceitua softwares de gerenciamento de projetos como aplicativos que: [...] tem capacidade para ajudar a planejar, organizar e gerenciar “pools” de recursos e para desenvolver estimativas de recursos. Conforme sua sofisticação, as EAP (Estruturas Analíticas de Projeto), disponibilidades de recurso e os valores dos recursos, podem ser configurados e reconfigurados em conjunto com vários calendários dos recursos. Fuchs (2020:10) salienta que a configuração do software tem relevante importância, internamente ou externa,se o processo for adequado, as funções do software serão maximizadas e a empresa terá a disposição um sistema em sintonia com seus processos. O objetivo deste tópico não é fazer propaganda de nenhum software ou empresa, mas filtrar dentre suas especificidades respostas para os questionamentos iniciais do artigo. A diversidade de funcionalidades e peculiaridades de cada um tornaram-se um fator limitante para comparação, o que torna sua validação e utilização de escolha do gestor, conforme o nível de complexidade do projeto e ou necessidade da equipe que se visa gerenciar. 3.1. Microsoft® Excel Segundo Bragagnolo (2014:37) ferramentas de gestão como Excel conseguem alinhar teoria e prática, proporcionam melhorias na organização de equipes e recursos, auxiliando no planejamento coerente, de forma a evitar imprevistos. Bastante comum na rotina da construção civil, seja em obra ou escritório, ele está presente em praticamente tudo. Em lista de materiais, de itens de contratos eles conseguem evidenciar de forma clara e objetiva quantidades e especificações. 8 6Disponível em: <https://support.microsoft.com/pt-br/office/usar-o-power-bi-desktop-para-conectar-com-os- dados-de-seu-projeto-df4ccca1-68e9-418c-9d0f-022ac05249a2>. Acesso em: 27 de fev. de 2022. Desde o orçamento até as fichas de verificação e relatórios o Excel por meio de suas fórmulas, funções e tabelas consegue entregar com precisão dados de forma fidedigna. Por meio de seus gráficos é possível desenvolver cronogramas e criar alertas de datas, consolidado no mercado tornou-se um pré requisito para profissionais das áreas de Engenharia, Arquitetura e Construção. 3.2. Microsoft® Project Uma ferramenta com vários recursos,cujo o foco principal desta aplicação é controlar o tempo que leva para elaborar todo o projeto, os custos e variáveis do projeto, reduzindo custos, mantendo a qualidade e ainda entregando todos os cronogramas ativos dentro dos prazos estabelecidos (CRUZ JR et al., 2019:8). O software tem como cargo chefe de seu ‘marketing’ a facilidade de uso, dado que exalta que gerentes ou não de projetos podem utilizá-lo. Mesmo não sendo exclusivo da construção civil, ele apresenta o formato PERT (Program Evaluation and Review Technique) que evidencia as depedências de atividades, destacando prazos, caminhos possíveis, e sua linha base com o caminho crítico do projeto o que facilita a visualização do tempo de conclusão do projeto. Permite integração com outros aplicativos da mesma família como o software ‘Teams’, fornecido pela Microsoft, é focado no compartilhamento de arquivos, bate-papo e videoconferências. Outra integração possível é com o ‘Power BI’, Figura 7, o que permite criar ‘dashboards’ e relatórios de acordo o interesse da empresa, visualizações sistemáticas de trabalhos concluídos, em andamento e em atraso, acompanhamento fisico financeiro do projeto do nível micro ao macro das atividades. Figura 7. Modelo de Relatório no Power BI com dados do Project Fonte: Support Microsoft6 3.3. Trello Uma ferramenta gratuita disponível para tanto para ‘smartphones’ quanto computadores, o aplicativo visa auxiliar o usuário desde a organização pessoal até a gestão de projetos. Segundo estudo de Santos et al. (2020:6) a ferramenta ajuda a planejar e executar tarefas e reduz a necessidade de reuniões regulares. Sua estrutura organizacional é condizente com suas características visuais e a forma como as atividades são registradas, possibilitando acompanhar a equipe em ação e ter sucesso na finalização do projeto. Com uma interface intuitiva, Figura 8, o que o aplicativo chama de ‘cards’ é muito semelhante 9 7Disponível em: <https://www.sienge.com.br/blog/softwares-mais-utilizados-na-construcao-civil/>. Acesso em: 01 de mar. de 2022. 8Disponível em: <https://blog.trello.com/br/trello-cronograma-visualizacao>. Acesso em: 01 de mar. de 2022. a estrutura de Kanban (Cartões), com espaço para descrição, prazos, a finalidade da atividade e adiciona as pessoas envolvidas em cada etapa; em seguida o usuário cria o fluxo de projeto; ele permite criar ‘checklist’ das atividades; além de permitir conversação dentre os membros do projeto. Figura 8. Interface do Software Trello Fonte: Sienge Plataforma7 O aplicativo permite visualizar o cronograma de projeto, Figura 9, usando como base o Gráfico de Gantt, destacando as pessoas responsáveis em cada etapa, e se foi concluído ou não no tempo planejado. Figura 9. Cronograma software Trello Fonte: Trello8 Um aplicativo relativamente simples, leve, com uma curva de aprendizagem rápida, e que oferece visualiazação macro e micro das etapas para o gestor. 10 9Disponível em: <https://www.sienge.com.br/blog/softwares-mais-utilizados-na-construcao-civil/>. Acesso em: 02 de mar. de 2022. 3.4. Oracle Primavera Um dos softwares, senão, o mais completo do mercado, o Oracle Primavera, Figura 10, consegue integrar todos os departamentos da empresa como finanças, contabilidade, vendas, marketing, compras, inventário, produção, ativos e recursos humanos envolvidos em um ou mais projetos. Geralmente indicado para projetos mais complexos, por possuir tantas configurações, ele também necessita de mais tempo dedicado a aprendizagem, da mesma forma ele possui parceiros com certificação para dar suporte à implantação ou mesmo dúvidas de utilização. Através de gráficos e tabelas consegue alertar sobre riscos para o negócio, suporte na tomada de decisões, além de garantir apoio fiscal. Figura 10. Oracle Primavera Fonte: Sienge Plataforma9 3.5. BIM (Building Information Modeling) Koelln (2015:21) afirma que “o BIM consiste na integração de diversas informações de um empreendimento inseridos num modelo tridimensional”. O BIM não é um aplicativo, mas um conceito que define um nicho de softwares de diferentes disciplinas voltados para a construção civil, e permite a integração de todas as informações num único modelo. A Figura 12 apresenta as principais vantagens do BIM em uma empresa, muito além de modelos 3D, o sistema propicia uma base de dados para projetos futuros, fornece quantitativos precisos para a orçamentação e planejamento, aumento da rentabilidade ao economizar tempo, cronogramas e logística próximas do real, simulações do projeto e descrições de produtos com seus respectivos preços no próprio projeto. 11 10Disponível em: <https://xerpay.com.br/blog/gestao-de-pessoas/>. Acesso em: 12 de mar. de 2022. Figura 11.Vantagens do sistema BIM Fonte: Revista Pini (2011) Visualizar cada etapa de um projeto, Figura 11, não se trata apenas de um capricho para clientes, mas possibilita verificar inconsistências, direcionar frentes de trabalho ou mesmo alterar projetos ou meio de execução. Cavalcanti (2016:2) cita que “as principais vantagens são a automatização de geração de quantitativos – etapa longa, desgastante e que exige conhecimento do orçamentista – além da facilidade de alterações de projeto, atrelada a alterações de custos” Figura 12.Visualização de um Empreendimento pelo Software Revit Fonte: Revista Adnormas (2022) O custo de implantação e capacitação faz com que o sistema BIM tenha pouca adesão, além do receio de escritórios tradicionais em abandonar um método habitual já consolidado (NUNES, 2017:5). Considerando as disciplinas mínimas da construção civil (Arquitetura, Estrutural, Elétrico, Hidráulico e Compatibilização) para se elaborar os projetos de uma edificação são necessários ao menos 5 softwares de projeto pertencentes ao nicho BIM. 12 10Disponível em: <https://xerpay.com.br/blog/gestao-de-pessoas/>. Acesso em: 12 de mar. de 2022. TIPO DE MODELAGEM SOFTWARES BIM COMPATÍVEIS Projeto conceitual Dprofiler – Beck Technologies BIM 3D Revit Architecture – Autodesk ArchiCAD - Graphisoft Vectorworks Architect – Nemetschek Bentley Architecture Gehry Digital Project Tekla Structures – Autodesk Revit Structure - Autodesk CAD/TQS BentleyStructural ProSteel 3D Revit MEP – Autodesk AchiCAD MEP Bentley – Building Eletrical Systems MagiCAD DDS – CAD Electrical Bentley Mechanical Systems BIM 4D Solibri Naviswork – Autodesk Synchro BIM 5D Solibri Vico Software BIM 6D Bentley Facilities Tabela 1. Softwares de conceito BIM de acordo com as disciplinas de projeto Fonte: Adaptado Honda (2016:43) Garibaldi (2020) define que “as dimensões da metodologia BIM se segmentam em: 3D – renderização tridimensional do artefato; 4D – análise de compatibilização e planejamento;5D – análise de custos; 6D – avaliação da sustentabilidade; 7D – gestão de instalações”. O gestor precisa tomar certos cuidados quanto as dimensões na hora da contratação, um arquivo 3D pode não ter as informações suficientes para todas as etapas. Tudo depende das parametrizações de projeto que são desenvolvidas no começo da modelação, e como a etapa de projeto é terceirizada, não é comum acompanhar todas as fases, geralmente só após a conclusão do projeto é que se tem contato com os arquivos. 4. Gestão dos Recursos Humanos A gestão de pessoas em projetos visa uma relação produtiva e sem percalços entre capital e o trabalho, da mesma forma que gestores têm procurado pessoas especializadas e criativas, tanto no formato individual quanto em equipe (AGUIAR et al., 2016:2). Surge dentro da função de gestor de projetos a necessidade de engajar tempo para: interação e motivação da equipe; visualizar expectativas e dificuldades individuais; participação nos processos seletivos; gerir conflitos dentro da equipe; capacitação da equipe. Para Beber (2013) o maior desafio do gerente de projetos está na gestão das pessoas envolvidas diretamente no projeto, mais especificamente no comportamento. Motivar a equipe, intermediar conflitos não é uma etapa a ser concluída, mas um processo diário. “O problema não é a definição de sucesso de projeto, mas o fato de que as pessoas têm percepções diferentes sobre o sucesso, e esta percepção varia no tempo” (JORDÃO et al. apud SHENHAR, 2015:283). Comparando as lideranças arcaicas com a atualidade, antes as pessoas viviam um estado de ignorância, intimidação e autoritarismo, enquanto no século XXI será valorizado por sua 13 10Disponível em: <https://xerpay.com.br/blog/gestao-de-pessoas/>. Acesso em: 12 de mar. de 2022. capacidade de administrar as diferenças, de respeitá-las e usá-las para o avanço do projeto (MELO, 2012:11). Figura 13. Pilares da Gestão de Pessoas Fonte: Xerpay10 Essas atividades aparentemente extras, que sustentam a gestão de pessoas, Figura 13 também precisam fazer parte do cronograma de eventos ou etapas, pois consomem algo precioso dentro da gestão, o tempo. Não tão diferente de um software de gestão, que necessita de atualizações, de uma interface colaborativa com outros programas, possuir recursos compatíveis com a necessidade e interagir com seu manipulador. Com todo o avanço tecnológico, um componente ainda não possui previsibilidade e seus comportamentos não podem ser inseridos dentro da linguagem de programação, que é o recurso humano. 5. A Relação do Gestor com seus recursos De modo geral, constatou-se que as bibliografias apresentam ponto de vista semelhantes, quanto ao papel do gestor, como definido por Maschio (2017:9) “o gerente de projetos deve ter capacidade analítica, conhecer os recursos e as ferramentas de gerenciamento de projetos, entender dos processos, além de possuir técnicas em custeio”. E que o gestor é um profissional que traz uma considerável bagagem profissional, de forma a identificar por suas experiências qual a melhor abordagem para alocar os recursos que irá predispor no projeto sob sua supervisão. Vale ressaltar, que as características pessoais do gestor de projetos têm efeitos relevantes sobre o desempenho e, consequente, no resultado dos projetos (Moura et al., 2018:759). A sapiência do gestor é uma característica subjetiva que deve ser desenvolvida de forma a contribuir na evolução dos resultados de projetos, pois influem diretamente na tomada de decisões em três pilares do projeto: a equipe, metodologias e softwares. 14 Conforme apontado nos tópicos anteriores, da mesma forma que o gestor escolhe sua equipe, buscando qualificações específicas, o mesmo necessita de conhecimento amplo sobre metodologias de gerenciamento e softwares disponíveis, de forma que não há como fixar um modelo a ser seguido sempre, pois cada projeto irá solicitar mecanismos diferentes de planejamento e controle, mesmo que semelhantes as concepções anteriores. 6. Considerações Finais Percebe-se que ao se tratar de tempo no meio corporativo, não o gerenciamos com a devida atenção e acabamos por banalizar atividades comuns, como troca de mensagens, reuniões, capacitações e intermediação de conflitos. Ao não levar em conta o tempo que elas depreendem dentro dos métodos gerenciais e dos softwares auxiliares deixamos de considerar o impacto delas no cronograma, o que tende a fundamentar atrasos. Ao se tratar do recurso humano, a motivação não é uma etapa a ser concluída dentro das camadas de projeto, mas uma atividade diária incumbida ao gestor. O mesmo precisa estar a par de todas as peculiaridades do projeto, assim como das metas, objetivos, anseios de cada membro de sua equipe. Ainda sobre as pessoas da equipe, temos os conflitos, que por mais desgastantes que sejam, podem ser benéficos a cadeia produtiva, desde que intermediados de forma correta pelo gestor. O cotidiano do trabalho empresarial se resume em encontrar soluções, seja para o desejo do cliente, da empresa ou de conflito, o produto final é uma mescla de empenho e custo benefício para as partes envolvidas. Por mais que as metodologias em se tendam a se sobrepor em alguns passos, mesmo com quantidades diferentes de etapas, todas possuem uma etapa de planejamento, isso não implica que seja opção escolher qualquer uma, mas de se escolher aquela que adeque ao projeto, equipe e softwares utilizados. Dentre os variados softwares disponíveis no mercado, a escolha deve se equilibrar com a realidade da equipe e do nível do projeto, que podem causar impactos negativos no tempo e no esforço gerando atrasos, retrabalho, desmotivação, demissão e procrastinação. Não adianta ter o melhor software do mercado mal configurado, ou com pessoas não capacitadas para manipulá-lo. Como conclusão, aponto que usar somente um ou vários métodos de gerenciamento, softwares e pessoas dentro da equipe, não diminuirão o êxito do produto final, e que atividades de rotina precisam ter seu tempo estimado em cronogramas, seja ela dedicada a participação numa reunião ou uma capacitação da equipe. 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