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INOVAÇÃO E DESIGN THINKING (VALUE PROPOSITION DESIGN) AULA 1 Profª. Chris Jacob 2 CONVERSA INICIAL Olá! Nessa primeira aula de Inovação e Design Thinking (Value Proposition Design), abordaremos o tema Inovação. Nessa serão apresentados conceitos, tipos, aplicações e cases inovadores. Estudaremos ainda a relação entre a inovação e o perfil de empreendedores e intraempreendedores que a praticam em seus negócios e nas empresas, respectivamente. CONTEXTUALIZANDO Imagine que você trabalha em uma empresa, e a diretoria reconhece a importância de se implementar uma área de inovação, delegando-lhe essa atribuição. Como você encaminharia internamente esse processo para a criação de uma equipe de trabalho? a. Consideraria como uma atividade restrita aos profissionais da área de marketing da empresa. b. Envolveria os responsáveis de todas as áreas da empresa, para definição das estratégias. c. Elaboraria a estratégia pela área de marketing e repassaria para as demais áreas da empresa. TEMA 1 – O QUE É E QUAIS OS TIPOS DE INOVAÇÃO A inovação é um dos temas mais abordados atualmente, e não faltam empresas em busca de maior conhecimento sobre o tema visando à maior competitividade e melhores resultados para o negócio. O conceito de inovação varia muito, dependendo da fonte que o define. Porém, há consenso de que inovar significa explorar novas ideias com sucesso, visando a desenvolver novas soluções ou melhorar as já existentes. Nesse sentido, deve-se levar em conta que existem diferentes tipos de inovação, de acordo com a estratégia e a cultura de uma empresa, e com as descobertas tecnológicas que norteiam o ciclo de vida de produtos e serviços. 1.1 Tipos de inovação Os principais tipos de inovação são: 3 a. Produtos e serviços: modificações nos atributos de um produto ou serviço, ou mesmo na introdução de um novo produto/serviço no mercado. Para que de fato um destes seja reconhecido como inovador, é necessário que haja essa percepção do consumidor, ou seja, aceitação de mercado. Ex.: CD versus arquivos MP3 de músicas. b. Processos: a introdução de um novo método ou melhorias em um método atual, levando-se em conta a produção, implantação e distribuição de um produto ou serviço. Ex.: produção manual versus produção utilizando robôs de um determinado produto, como na indústria automobilística. c. Modelo de Negócio: a forma como o produto ou serviço passa a ser oferecido ao mercado, oferendo novos meios ou modelos de comercialização. Ex.: locação de filmes em lojas físicas versus assinatura mensal de plano para filmes e séries on-line. d. Organizacional: implantação de novos métodos organizacionais, visando ao incremento na produtividade e nos resultados da empresa. Ex.: processo de descentralização organizacional, visando à maior agilidade e produtividade. A inovação poder ser incremental ou disruptiva. Inovação incremental representa melhorias contínuas percebidas pelos consumidores, em produtos e serviços. Um bom exemplo é o tempo de duração das baterias dos celulares, que aumentaram significativamente seu tempo de duração. Atualmente fala-se muito em inovação disruptiva, que é aquela que introduz novos benefícios ao mercado, considerando a comodidade, conveniência e, muitas vezes, a economia do consumidor. A inovação disruptiva tem causado polêmica em muitos países, pois ela afeta radicalmente modelos de negócios que já estão consolidados há décadas, mas que não se atentaram nem à evolução tecnológica, tampouco às mudanças no perfil do consumidor. Um bom exemplo é o táxi comum em comparação ao serviço do aplicativo Uber, que oferece um transporte mais prático, rápido e barato aos usuários. Embora a inovação disruptiva cause profundas mudanças organizacionais, ela deve ser encarada com otimismo. Sua teoria foi criada pelo professor Clayton M. Christensen, da Universidade de Harvard. É importante lembrar que a ruptura é uma força positiva. Inovações disruptivas não são avanços de tecnologias que fazem bons produtos 4 melhores; ao contrário, são inovações que tornam os produtos e serviços mais acessíveis e baratos, tornando-os disponíveis a uma população muito maior. (Christensen, 1997) TEMA 2 – ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO Neste atual cenário competitivo e globalizado, percebe-se que inovar não é mais uma questão de escolha, mas sim de permanência no mercado. Se por um lado as empresas se tornaram altamente competitivas nas últimas décadas, por outro percebe-se pouca diferenciação entre elas. Hoje, é o consumidor final quem dita as regras e o tempo de permanência do negócio no mercado, com base na capacidade de inovação. Inovar tornou-se imperativo para vencer a concorrência, enfrentar as crises locais e mundiais e crescer de forma sustentável. Mesmo assim, embora as empresas saibam da importância da inovação, poucas ainda se dispõem a fomentar uma cultura inovadora, inclusive com a capacitação de seus profissionais e, principalmente, de seus líderes. Inovar significa assumir riscos e investir em recursos humanos e tecnológicos. De acordo com Joseph Schumpeter (1883-1950), famoso economista e cientista político austríaco, considerado o “profeta da inovação”, as empresas que inovam usufruem, como ele dizia, de “lucros extraordinários” – ou margens superiores, por não haver concorrência ao produto ou serviço lançado no mercado. Hoje se percebe que ele estava certo, pois as inovações geram novos mercados, além de terem a capacidade de transformarem por completo setores industriais, visando atender às expectativas dos clientes. 2.1 A relação entre a inovação, a tecnologia e o consumidor contemporâneo Existe hoje uma estreita relação entre tecnologia, inovação e o consumidor moderno. Primeiramente, é preciso destacar que os avanços tecnológicos trouxeram e trazem comodidades e benefícios inimagináveis, até então, para o mercado. É muito difícil imaginar, atualmente, uma sociedade vivendo sem a internet, por exemplo, e, no entanto, o boom (“explosão”) da World Wide Web começou há cerca de apenas duas décadas. A internet mudou a forma como as pessoas passaram a interagir com o mundo e, consequentemente, com o consumo e o comércio on-line, que passou a fazer parte dos hábitos de sociedades inteiras. Hoje é possível comprar tudo 5 (ou quase tudo) por meio do comércio eletrônico, e as inovações não param por aí. Fazer um curso de graduação à distância tornou-se comum e fez com que universidades do mundo todo investissem em tecnologia para atender a uma nova demanda de mercado. O consumidor moderno não se contenta mais com um mundo sem inovação tecnológica. 2.2 Inovação, tecnologia e o Vale do Silício (Silicon Valley) Quando se fala em inovação tecnológica, é impossível deixar de citar o Vale do Silício, no estado da Califórnia (EUA), considerado hoje a região mais inovadora do planeta e com a maior concentração de empresas de tecnologia do mundo. A história do Vale começou cerca de sessenta anos atrás, quando empresas nascentes de tecnologia (startups) começaram a se instalar nas proximidades da Stanford University. Essa região ganhou o “silício” no nome por ser rica nesse que é um dos principais elementos empregados na fabricação de componentes eletrônicos, como os chips de computadores. Boa parte das atuais gigantes tecnológicas, como Apple, Google, Facebook e Netflix, foram startups que surgiram no “ecossistema” do Vale do Silício. E não para por aí: quando o assunto são os carros elétricos, um futuro que já se tornou realidade e tende a se popularizar com o tempo, outra vez o Silicon Valley sai na frente: em 2003 o jovem visionário Elon Musk, um dos grandes nomes do empreendedorismo mundial, dava início à Tesla Motors. A Tesla é a única empresa do mundoque produz somente carros movidos à eletricidade, como proposta de eliminar os combustíveis fósseis da indústria automobilística e assim contribuir com o desafio de reduzir o efeito estufa no planeta. O Vale do Silício, portanto, projetou-se como a região mais inovadora do planeta, e também difundiu mundialmente o conceito de “startups tecnológicas” pelo mundo. 2.3 Inovação tecnológica e o advento de startups No Brasil o termo startup tecnológica passou a se popularizar na última década. De acordo com a Endeavor, “startups são empresas jovens, inovadoras e com alto potencial de crescimento”. Junte-se a isso o fato terem o potencial de serem escaláveis e globalizáveis, por serem de base tecnológica. Do casamento entre a inovação e a tecnologia, surgiram as tão conhecidas startups de 6 aplicações tecnológicas que impingiram ao mundo um novo paradigma na relação cliente-fornecedor. Em 2016, uma publicação da Revista Exame tornou conhecida a relação de startups brasileiras que fizeram a diferença naquele ano. Dentre elas a Contabilizei (<www.contabilizei.com.br>), plataforma tecnológica de contabilidade on-line para micro e pequenas empresas e a Nubank (<www.nubank.com.br>), que oferece cartão de crédito administrado totalmente on-line e sem a cobrança de taxa de administração. No meio desse movimento de startups surgem diariamente novos aplicativos para praticamente tudo: desde a cotação e contratação de seguro de veículos via on-line, até a venda e gestão de ingressos e inscrições em eventos de forma totalmente automatizada. A filosofia de uma startup tecnológica é identificar uma “dor” – ou oportunidade – no mercado e desenvolver uma solução que a atenda, seja por meio de melhorias ou pela concepção de um novo produto ou serviço. Dessa forma, o conceito de startup já nasceu com a premissa de ser inovador. TEMA 3 – INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E GERAÇÃO DE VALOR Se a inovação determina o tempo de permanência de uma empresa no mercado e diferencia uma da outra, quais as principais características de uma empresa inovadora? a. A inovação é aplicada em todas as áreas da empresa, criando-se uma cultura organizacional de inovação, em que todos os funcionários conhecem e vivenciam o ambiente inovador do negócio. Nesse sentido, a Gestão do Conhecimento passa a ser uma estratégia importante para implantar a inovação organizacional. Nota: Gestão do Conhecimento (GCo) é uma abordagem colaborativa, integrativa e sistemática para a produção, captura, organização, acesso e disseminação de ativos de informação, que incluem bases de dados, documentos, conhecimentos tácitos e experiências pessoais. É um conjunto de técnicas e ferramentas que busca gerir o conhecimento para melhorar o desempenho das organizações. (TCU) b. A empresa está mais aberta a correr riscos, considerando que muitas inovações podem levar anos para serem absorvidas pelo mercado, sem a garantia de que o serão de fato. Um bom exemplo disso é a tecnologia 7 de impressoras 3D, que embora tenha surgido na década de 1980, somente nos últimos anos vem se tornando acessível e se popularizando para pequenas e médias empresas. c. Investimentos em treinamento e desenvolvimento contínuo são fundamentais para empresas que querem consolidar uma cultura de inovação. As empresas inovadoras sabem que são as pessoas que fazem a diferença. Além disso, investem na contratação e na formação de lideranças que não só pratiquem como disseminem a inovação para seus liderados. d. Foco no cliente é provavelmente a principal característica de uma empresa inovadora. Empresas que inovam devem considerar o consumidor como ponto focal do processo de inovação. São essas empresas que ouvem, compreendem e trabalham para atender as “dores”, necessidades e desejos do seu público-alvo, diferenciando-se de seus concorrentes e inovando para crescerem de forma sustentável. e. A mudança de mindset (ou “mentalidade organizacional”) entra na lista das principais características de empresas inovadoras. Uma empresa com mentalidade conservadora não consegue inovar. É preciso criar uma cultura aberta, descentralizada e dinâmica para se obter os benefícios da inovação. 3.1 Cases de empresas por tipo de inovação A seguir vamos conhecer algumas empresas inovadoras e como elas fizeram e fazem isso: a. Apple (inovação de produtos) – foca na melhoria contínua por meio da tecnologia, oferendo diferenciais no design, usabilidade e atualização de seus produtos. b. Toyota (inovação de processos) – outras montadoras já tentaram, mas não conseguiram ter o mesmo nível de excelência na qualidade e na produtividade do processo de produção de veículos automotores como a Toyota. c. Havaianas (inovação de modelo de negócio) – fundada em 1962, a marca nunca estacionou no tempo, procurando sempre inovar, seja nos modelos das sandálias ou nas campanhas de marketing, o que a tornou líder absoluta de mercado. http://eleveseunegocio.com.br/10-melhores-campanhas-de-marketing-de-2015/ 8 d. Uber (inovação organizacional) – a empresa, que entrou no mercado causando uma inovação disruptiva, está mudando a forma de transportar e cobrar dos passageiros, em comparação ao tradicional modelo de táxi. TEMA 4 – INOVAÇÃO: EMPREENDEDORISMO E INTRAEMPREENDEDORISMO Empreender é o ato de identificar oportunidades e alavancar mudanças, oferecendo soluções que um determinado segmento de clientes necessita ou deseja. Nesse sentido, o ato de empreender pode ser exercido tanto pelo empreendedor que investe em negócio próprio, quanto por aquele que empreende dentro de uma organização na qual atua como funcionário. Nesse último caso, é denominado intraempreendedor. Como já anteriormente apresentado, há uma estreita relação entre o empreendedorismo e a inovação. Porém, não são somente as startups tecnólogicas, inovadoras na essência, que possuem o privilégio de serem competitivas por meio da inovação. Cada vez mais empreendimentos de todos os tipos e portes precisam diferenciar-se no mercado para se manterem competitivos. De acordo com o Empresômetro 2017 da CNC – Confederação Nacional do Comério, 93,4% das empresas brasileiras ativas são classificadas como pequenas e micro empresas (PMEs), o que representa uma participação de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Um estudo de 2016 realizado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), demonstrou que de cada dez PMEs, três fecham nos primeiros dois anos de operação. As razões apontadas pelo estudo relacionam-se à crise econômica, com consequente freio no consumo de bens e serviços, e na escassez de crédito para capital de giro. Por outro lado, as PME´s inovadoras contam com linhas de créditos específicas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), com taxas mais atrativas e prazos maiores de carência. Além de linhas de crédito diferenciadas do BNDES e do FINEP, as PMEs que focam em inovação tendem a receber investimentos do SEBRAE (Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) e outras entidades, por meio de editais publicados na maioria dos estados brasileiros, provando que, além de tudo, inovação é um bom negócio. Em uma rápida pesquisa pela internet é possível constatar que o perfil mais desejado pelos investidores e entidades de apoio às PMEs é o do empreendedor inovador. 9 No ambiente corporativo não é diferente. A figura do intraempreendedor representa um ativo valioso para as empresas em um cenário de mudanças drásticas e constantes. Assim como no empreendedorismo, no intraempreendedorismo a capacidade de inovar é um atributo mais do que desejado. A 3M, empresa americana de tecnologia global e diversificada, fundada em 1902, tem como estratégia transformar os seus funcionários em empreendedores. Paratanto, a 3M fomenta o intraempreendedorismo delegando responsabilidades, concedendo autonomia e estimulando a proximidade no relacionamenrto com o cliente. Um fato curioso é que o carro chefe da 3M, o conhecido Post-it®, um dos maiores cases de inovação do mundo, nasceu de um projeto pessoal de um dos técnicos da empresa, na década de 1950. Até hoje a 3M incentiva que seus funcionários trabalhem em projetos pessoais, mesmo que não estejam contemplados no planejamento estratégico da empresa. Com essa cultura, a 3M vem se mantendo como uma das empresas mais inovadoras do planeta há décadas. Embora a 3M seja reconhecida pela inovação de seus produtos, é importante salientar, no contexto, que essa inovação tem como base a promoção do intraempreendedorismo. 4.1 Características do empreendedor e do intraempreendedor Embora empreender signifique o ato de identificar oportunidades e oferecer soluções que atendam às necessidades dos consumidores, existem diferenças que devem ser levadas em conta nas análises de perfis, competências e aptidões entre os empreendedores e intraempreendedores. A principal delas é em relação à capacidade de assumir riscos: enquanto o primeiro se utiliza de capital próprio ou de terceiros, o intraempreendedor se utiliza do capital da empresa. Um fracasso pode custar a falência do negócio para o empreendedor, enquanto que para o intraempreendedor pode custar o seu emprego. Além disso o “salário” do empreendedor depende dos resultados do negócio, diferentemente do pagamento mensal líquido e certo de um funcionário. Por outro lado, o dono de um negócio tem maior poder de ação e decisão, enquanto que um funcionário está sujeito à estrutura e cultura organizacionais. Os funcionários que estão se destacando nas empresas e assumindo maiores desafios e responsabilidades como intraempreendedores, diferenciam- se por sua visão de mercado, facilidade para perceber e atuar com novas 10 tecnologias, relacionamento com o cliente e, principalmente, capacidade de inovação. 4.2 Intraempreendedores inspiradores Um dos maiores administradores e executivos de todos os tempos, Jack Welch, atuou como presidente mundial (CEO) da GE – General Electric por duas décadas – de 1981 a 2001. Quando Welch assumiu a empresa, ela estava estagnada há anos e durante sua gestão veio a se tornar o maior conglomerado do planeta. Welch inovou de todas as formas e impingiu um ritmo bastante agressivo, o que permitiu resultados impressionantes na época. Além disso, Welch estimulava a performance de seus funcionários classificando-os por grupos de melhores, medianos e piores funcionários. Esses 10% piores, na avaliação anual da empresa, eram demitidos. Embora seu estilo de liderança fosse controverso, o então CEO fez história na GE, tornando-a extremamente rentável e competitiva, além de inovadora. Outro exemplo mais recente e inspirador de intraempreendedor é Paul Buchheit, engenheiro programador do Google que, em 2004, viabilizou a exploração de um segmento ainda não contemplado pela empresa. Buchheit criou o Gmail, e permitiu que a Google entrasse no segmento de publicidade em e-mails. Embora Buchheit tenha sido um dos primeiros funcionários da empresa, ele, em 2006, resolveu deixá-la e investir em seu próprio negócio. Atualmente é anjo investidor de diferentes startups e continua fortemente convicto dos princípios da inovação que nortearam sua carreira de sucesso no Google. Não faltam exemplos de intraempreendedores de sucesso no mundo e no Brasil. Na grande maioria dos casos esses profissionais, com sua visão inovadora e empreendedora, trouxeram resultados expressivos às empresas nas quais tiveram espaço para exercer o seu talento, demonstrando que o incentivo ao intraempreendedorismo pode representar negócios milionários, como nos exemplos anteriormente citados. Se os intraempreendedores são os motores da inovação dentro das empresas, ignorá-los significa perder tração no mercado, ou seja, competitividade. TEMA 5 – RESULTADOS E CASES INOVADORES Outro tema bastante interessante quando o assunto é inovação é o da economia compartilhada. A tecnologia não só fomenta o empreendedorismo 11 de startups tecnológicas, como permite a criação de soluções onde o lema é compartilhar bens, conhecimentos e até mesmo habilidades entre os usuários. O efeito desse conceito é tão poderoso que permitiu o surgimento de startups tecnológicas que hoje são empresas globais com cifras de valor de bilhões de dólares, como a Uber (<www.uber.com>) e o Airbnb (<www.airbnb.com.br>). A tecnologia, aliada à inovação, faz surgir aplicativos que mudam o estilo de vida de seus usuários. A Uber, até mesmo pela polêmica quase que mundial em que está envolvida, causando revolta e rejeição nos taxistas, já é bem conhecida. Porém, a visão do efeito colaborativo que ela causa na economia provavelmente ainda não tenha sido devidamente compreendida. Um motorista cadastrado no Uber não só compartilha de um bem (o próprio veículo) com os usuários, por um preço bastante convidativo, como também passa a ser o dono do próprio negócio. Ser um motorista Uber significa ser um empreendedor. Por outro lado, o aplicativo traz inúmeros benefícios aos usuários, como a agilidade, qualidade, facilidade e economia nos deslocamentos realizados pelo mundo todo. Uma vez cadastrado, um usuário pode acessar o serviço de qualquer parte do mundo onde este esteja operando. Outro aplicativo que tem revolucionado o conceito de economia compartilhada e disruptiva é o Airbnb. A plataforma permite a comunicação entre turistas do mundo todo com proprietários de imóveis, ou hostess (“anfitriões”), que queiram alugar um quarto ou mesmo todo o imóvel a um viajante durante um determinado período pré-estabelecido e sob condições, inclusive financeiras, pré-acordadas. Ganha tanto o anfitrião que tem a possibilidade de monetizar o seu imóvel, complementando sua renda, como o turista, que tem a possibilidade de encontrar uma estada que cabe em seu bolso, atraente na localização e aderente ao seu estilo de vida. É uma forma justa e colaborativa de fugir dos altos valores praticados pelos hotéis, principalmente em cidades turísticas. No Brasil, esse modelo de negócio vem ganhando força com aplicativos como é o caso do Freecycle (<www.freecycle.com.br>) e o Free Your Stuff (<https://pt-br.facebook.com/FreeYourStuff>) que são comunidades globais de doações de objetos usados. Vale tanto doar objetos que estão abandonados em casa, 12 quanto receber aqueles que os usuários necessitam e podem obter por meio de doação. Além de produtos, usuários podem trocar serviços entre si, sem envolver transações monetárias. É o caso do TimeRepublik (<https://timerepublik.com>) e do Bliive (<https://bliive.com>). A moeda de troca de ambos os aplicativos é um banco de horas ou créditos que cada usuário recebe ao prestar um serviço a outro. São serviços que vão desde a manutenção de computadores, até dicas sobre um determinado tema, como jardinagem ou culinária, por exemplo. Em resumo, no mundo todo se percebe um movimento muito forte em direção à Economia Compartilhada, o que vem modificando tanto as relações comerciais entre as pessoas, quanto o comportamento dos consumidores. 5.1 Empresas inovadoras de tecnologia Tanto o Facebook quanto o Google iniciaram seu negócio como startups de tecnologia no Vale do Silício e hoje são consideradas empresas gigantes no setor em função da inovação. Quando foi criado por um grupo de estudantes de Harvard em 2004, o Facebook (<www.facebook.com.br>) era uma rede social em que pessoas criavam perfis e postavam atualizações para amigos. Doze anos depois, tornou- se uma plataforma de publicidade robusta, que lidera iniciativas de acesso à internet em países emergentes e se aventura em inteligência artificial e realidadevirtual. Além de incrementar sua rede com um bilhão de novos usuários a cada dia, 800 milhões de pessoas usam seu aplicativo Messenger e outras 400 milhões foram acrescidas ao Instagram, desde sua compra, em 2012. A empresa transpira inovação e delega aos seus funcionários a responsabilidade de interagirem diretamente com os usuários para entender suas necessidades, desejos e percepções. A Alphabet (<https://abc.xyz>) foi criada em 2015 para abrigar o Google e todas as outras empresas baseadas em ideias futuristas do grupo, como a de carros sem motoristas. A empresa está sediada em Mountain View, também no Vale do Silício, na Califórnia. Hoje o Google respira inovação. A empresa implantou a famosa “regra dos 20%”, que permite aos colaboradores investir uma parte do seu tempo em projetos pessoais que acreditem ser inovadores. Essa mentalidade gerou ferramentas como o já abordado Gmail, o Adsense e o News, responsáveis por expressivos ganhos à companhia. 13 FINALIZANDO Finalizamos essa nossa primeira aula de Inovação e Geração de Valor. Conseguiu ter uma ideia sobre o que é inovação? E agora: quais são os seus próximos passos? Como você poderá inovar em sua empresa ou em seu negócio próprio? REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO Quanto à situação problema: você já refletiu a respeito dela? Vamos relembrá-la? “Imagine que você trabalha em uma empresa, e a diretoria reconhece a importância de se implementar uma área de inovação, delegando-lhe essa atribuição. Como você encaminharia internamente esse processo para a criação de uma equipe de trabalho?” Reflexão/resposta: Como vimos nessa aula, a alternativa B tende a ser mais coerente com o nosso conteúdo: “Envolveria os responsáveis de todas as áreas da empresa, para definição das estratégias”. Isso porque temos de levar em conta que a inovação está ligada a mudanças culturais em toda a organização, envolvendo todas as áreas de empresa. 14 REFERÊNCIAS A INOVAÇÃO: definição, conceitos e exemplos. Inventta BGI. Disponível em: <http://bgi.inventta.net/radar-inovacao/a-inovacao/>. Acesso em 19 maio 2017. AIEC Faculdade. Google e inovação: conheça algumas estratégias da empresa, 7 jun. 2016. Disponível em: <http://blog.aiec.br/google-e-inovacao- conheca-algumas-estrategias-da-empresa/>. Acesso em 19 maio 2017. CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Empresômetro. Disponível em: <http://empresometro.cnc.org.br/Estatisticas>. Acesso em 19 maio 2017. CRÉDITO é importante aliado para crescimento das PMEs. Valor Econômico. Disponível em: <http://www.valor.com.br/patrocinado/desenvolve-sp/credito- para-inovar-e-crescer/credito-e-importante-aliado-para-crescimento-das-pmes>. Acesso em 19 maio 2017. FONSECA, M. 13 startups brasileiras que fizeram a diferença em 2016. Exame.com, 28 dez. 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/13- startups-brasileiras-que-fizeram-a-diferenca-em-2016/>. Acesso em 19 maio 2017. GRINBERG, R. Jack Welch e a liderança servidora. Harvard Business Review Brasil, set. 2012. Disponível em: <http://hbrbr.uol.com.br/jack-welch-e-a- lideranca-servidora/>. Acesso em 19 maio 2017. JAKITAS, R. Recessão fecha 3 em cada 10 empresas lançadas há dois anos. Estadão PME, 15 dez. 2016. Disponível em: <http://pme.estadao.com.br/noticias/pme,recessao-fecha-3-em-cada-10- empresas-lancadas-ha-dois-anos,20000000306,0.htm>. Acesso em 19 maio 2017. NORMAND, R. Vale do Silício – Entenda como funciona a região mais inovadora do planeta. Disponível em: <http://www.valedosilicio.com/>. Acesso em 19 maio 2017. 15 ROCHA. E. 5 características essenciais dos negócios inovadores. Ignição Digital. Disponível em: <http://www.ignicaodigital.com.br/5-caracteristicas- essenciais-dos-negocios-inovadores/>. Acesso em 19 maio 2017. SCHERER, F. O. Gestão da inovação na prática. São Paulo: Atlas, 2009. SERAFIM, L. E. Como a 3M transforma seus funcionários em empreendedores. Endeavor Brasil, 4 maio 2016. Disponível em: <https://endeavor.org.br/3m- funcionarios-empreendedores/>. Acesso em 19 maio 2017. STARTUPS. Endeavor Brasil. Disponível em: <https://endeavor.org.br/startups/>. Acesso em 19 maio 2017. TCU - Tribunal e Contas da União. Gestão do Conhecimento. Disponível em: <http://portal.tcu.gov.br/comunidades/gestao-do-conhecimento/>. Acesso em: 19 maio 2017. INOVAÇÃO E DESIGN THINKING (VALUE PROPOSITION DESIGN) AULA 2 Christina Stella Z. Jacob 2 CONVERSA INICIAL Na aula 2, falaremos sobre a criatividade como uma habilidade a ser desenvolvida. Você poderá refletir e concluir que a criatividade e a inovação andam de mãos dadas e que ser criativo é uma questão de mudança de mindset, de mentalidade. Falaremos também sobre a cultura na inovação dentro das empresas e as principais características culturais das organizações que inovam. CONTEXTUALIZANDO O presidente internacional da multinacional em que você trabalha como gerente de marketing determinou que em 30 dias você apresente uma solução para conter a queda das vendas de uma linha de produto que já foi líder do segmento. Após 20 dias e dezenas de reuniões para abordar o problema, você percebe que a sua equipe ainda não chegou a qualquer solução plausível. Esse é um cenário bastante comum nas empresas. O que o provoca, na maioria das vezes? a. A falta de comprometimento, por parte da equipe. b. As instabilidades econômicas do país, que dificultam a compreensão do perfil de consumo do mercado. c. O excesso de reuniões com enfoque no problema, e não na solução para o desafio apresentado, por parte da equipe responsável. TEMA 1 – CULTURA DA INOVAÇÃO E DESENVLVIMENTO DA CRIATIVIDADE O SEBRAE – Serviços de Apoio a Pequenas e Médias Empresas – é uma das instituições brasileiras que trabalham fortemente para apoiar empresas na implantação de uma cultura inovadora para o negócio. Oferece dicas sobre o que cada profissional ou empresário pode fazer para que isso ocorra, como: ser criativo, focado e persistente. Porém, o maior desafio é entender que a criatividade é uma habilidade e que o cérebro humano é capaz de desenvolvê- la. No campo da neurociência, área que estuda o sistema nervoso central, incluindo o cérebro humano, criatividade é uma habilidade que pode ser adquirida pela prática contínua. Dessa forma, não basta que as empresas disseminem uma cultura inovadora sem que estimulem o desenvolvimento da criatividade em seus funcionários. 3 O mundo precisa de criatividade, e os seres humanos possuem um “supercomputador” dentro do cérebro. Neurocientistas especializados no campo da tecnologia da informação estimam que o cérebro humano seja capaz de processar cerca de 80 terabytes de informações. Os cálculos realizados, segundo os especialistas, são simplistas, considerando a complexidade das sinapses (conexões entre os neurônios) cerebrais. O cérebro humano possui cerca de 80 bilhões de neurônios. Cada neurônio tem a capacidade de realizar aproximadamente 1.000 conexões. Multiplicando-se 80 bilhões de neurônios por 1.000 conexões, chegamos a 80 trilhões, ou o equivalente em computação a 80 terabytes de informações. Por outro lado, o cérebro perde para os computadores em velocidade de processamento. Se o cérebro humano é infinitamente mais lento que os computadores, por outro lado possui a vantagem, por enquanto, de ter a capacidade de criar coisas novas, quando o assunto é a criatividade. Os humanos são seres pensantes, e não executores de tarefas especializadas, como os computadores. Entretanto, já existem pesquisas relacionadas ao campo da computação cognitiva, em que supermáquinas baseadas no conceito da Inteligência Artificial (IA) terão a capacidade de aprender e tomar decisões por si só. O campo da computação cognitivaainda está em sua fase embrionária. Controvérsias à parte, “máquinas pensantes” já não são ficção científica. Thomas W. Malone, do MIT – Massachussets Institute of Technology –, é um dos pesquisadores e defensores de que seres humanos e máquinas deverão trabalhar juntos no futuro para resolver problemas mundiais complexos. Segundo pesquisadores, homens e computadores formarão um único cérebro global. Assustador ou inspirador? O ser humano ainda possui grande vantagem competitiva sobre as máquinas: o conhecimento tácito, ou aquele adquirido ao longo da vida, através de experiências pessoais. Os computadores atuais se utilizam do conhecimento explícito, ou aquele passível de ser codificado e armazenado em suas memórias. No futuro, talvez não tão longínquo, as máquinas serão capazes de adquirir e se utilizarem do conhecimento tácito, com o avanço da computação cognitiva. Os sistemas cognitivos poderão mudar radicalmente a natureza do trabalho, criando rupturas nas empresas e nas sociedades. Decisões 4 corporativas complexas poderão ser tomadas não mais por executivos, mas sim por “máquinas pensantes”. Veículos autônomos de uma transportadora poderão dispensar a necessidade de motoristas (já existem veículos que são pilotados sem motoristas). Quem sabe até aeronaves dispensem os seus pilotos. E a lista é extensa. À medida que avançam os conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro humano, cientistas cognitivos como o americano Marvin Minsky, pai da IA, acreditam ser possível criar um cérebro artificial inteligente, com emoções básicas e consciência limitada. No futuro, as máquinas substituirão o homem no trabalho? Há poucas décadas, tivemos o advento da tecnologia da informação substituindo mão de obra humana em larga escala, na pós Revolução Industrial. O homem buscou novos conhecimentos, desenvolveu novas habilidades e adaptou-se à era da informatização. Exerceu sua criatividade adaptativa. As máquinas atuais não conseguem ainda aprender com os seus erros. Essa é uma capacidade humana, e no futuro não sabemos. Não estamos tão longe assim do dia em que as máquinas substituirão a maioria das tarefas hoje desempenhadas por humanos. Precisaremos ser muito criativos para não ficarmos ociosos, sem falar nas demais consequências. O fato é que estamos cada vez mais sendo exigidos a “pensar fora da caixa”. São muitos os desafios globais atuais, e a criatividade está diretamente ligada à qualidade de vida do ser humano. A criatividade se mede pela flexibilidade e pela capacidade de elaboração de soluções, sob diferentes perspectivas e aspectos, para desafios diversos e, possivelmente, será essa capacidade que diferenciará o ser humano das máquinas cognitivas. Saindo do âmbito da ficção científica, cultura da inovação não implica somente na aquisição de recursos tecnológicos. A cultura de inovação exige a revisão da cultura organizacional através de seus valores, princípios, normas internas, processos e demais conceitos que interferem no processo de inovação. Não é condizente uma empresa investir em tecnologia de ponta, enquanto a mentalidade de seus profissionais continua obsoleta. De acordo com John Bessant (BESSANT; TIDD, 2009, p. 45), escritor e especialista em inovação e empreendedorismo, “a inovação é resultado de um processo que envolve riscos, incertezas e precisa de gerenciamento cuidadoso e sistemático”. Essse processo envolve o acesso a ideias novas, a seleção das melhores, implementação e aprendizado (Figura 1). 5 Figura 1 – Processo de inovação (John Bessant) Fonte: Elaborado com base em Bessant e Tidd (2009). O modelo sugerido por Bessant pode e deve ser utilizado em empresas de qualquer porte e segmento de mercado, visando responder às principais questões que envolvem os desafios da inovação. TEMA 2 – CRIATIVIDADE É UMA HABILIDADE? COMO DESENVOLVÊ-LA? “Criatividade sempre significa fazer o não familiar”. Essa frase de Eleanor Roosevelt, famosa defensora americana dos Direitos Humanos, dá uma ideia bastante precisa de o que é ser criativo no dia a dia. Fazer aquilo que foge aos padrões mentais estabelecidos, buscando aprimorar o que já existe ou criar algo inusitado, refere-se ao poder de transformação existente no ser humano. É um dos assuntos mais discutidos atualmente no jargão corporativo e não faltam empresas buscando mentes criativas no mercado. Que mentes são essas? O que torna um indivíduo criativo? Não existe um centro de criatividade dentro do cérebro e muito menos essa habilidade pertencente a pessoas privilegiadas. A neurociência simplifica bastante o conceito quando afirma que criatividade é usar o cérebro de forma diferente, recombinando informações preexistentes para solucionar questões diversas de outra maneira. Se o cérebro humano tende a funcionar de forma padronizada, a criatividade ocorre quando o contrariamos, ou seja, quando pensamos “fora da caixa”. A neurociência tem dedicado parte de suas pesquisas para investigar como o cérebro reage no processo da criatividade, quais substâncias químicas entram em ação e que comportamentos prevalecem no indivíduo no ato criativo. Baba Shiv, professor e pesquisador da Stanford University, defende que a 6 combinação neuroquímica ideal para o processo criativo é um alto nível de serotonina e dopamina no cérebro. A serotonina é um neurotransmissor que age como estimulante para o desempenho de funções diárias, mantendo-nos em estado de alerta. Tem ligação direta com a regulação do humor e do sono. A dopamina desempenha funções ligadas ao prazer e à recompensa. Se a química cerebral está envolvida no processo, o estado de ânimo e os hábitos saudáveis cooperam com a capacidade criativa cerebral. Organismos emocionalmente desequilibrados não se sentem motivados e confiantes para suportarem os erros e acertos decorrentes de se tentar algo novo. É consenso que pessoas estressadas têm maior dificuldade para obterem níveis satisfatórios de inspiração para a realização de quaisquer tarefas que gerem ansiedade e consumo de energia. Diz a lenda que Thomas Edison fez inúmeras tentativas antes de inventar a lâmpada elétrica. Ele não desistiu e foi responsável por um dos grandes inventos para a humanidade. Edison tinha um objetivo e motivação para atingi- lo. Não precisamos ser um inventor para exercer o poder criativo, basta desenvolvê-lo. O cotidiano é rico para testarmos como podemos aperfeiçoar as inúmeras tarefas que desempenhamos, fazê-las de outra maneira que nos traga maior benefício e conforto. Uma das formas de impulsionar a criatividade é parar de reclamar e, em vez disso, buscar soluções para o que incomoda. Quando reclamamos, dispendemos energia que poderia ser empregada na solução de um problema. Muitas pessoas reclamam da rotina de seus relacionamentos e nada fazem para impulsionar um novo ritmo na vida do casal. Outras se queixam constantemente do emprego, sem buscarem novas alternativas no mercado. Criatividade e proatividade devem caminhar juntas. A mente criativa não é aquela sufocada pelo raciocínio lógico em encontrar soluções racionais para os problemas. Quanto mais a mente é pressionada, menos inspiração dela é aflorada. É necessário ter a mente relaxada e flexível. No ambiente corporativo, as empresas inovadoras e que investem no potencial criativo de seus funcionários sabem disso. Como já apresentado, a Google aposta no ambiente descontraído como forte incentivador da criatividade. Google é considerada uma das empresas mais produtivas e inovadoras do mundo e ainda assim concede 20% do tempo para que seus funcionários trabalhem em projetos pelos quais estão interessados, mesmo que não seja o 7 foco da empresa. Dessa mesma estratégia surgem inovações imprevistas que vão de encontro aos resultados da corporação. A Google não só permite como incentivao erro para chegar à excelência de seus produtos. São regras que fazem a diferença. TEMA 3 – O MERCADO PRECISA DE PROFISSIONAIS CRIATIVOS E INOVADORES No campo da criatividade, é possível incorporar e relacionar diferentes personalidades para a obtenção de resultados eficazes. O norte-americano Roger Van Oech (1998), escritor, inventor e especialista no assunto, descreve que as pessoas desempenham quatro papéis no processo criativo: explorador, artista, juiz e guerreiro. O explorador vai ao encontro daquilo que deseja, mediante pré-seleção de ações com base nos seus objetivos. Caracteriza-se pela curiosidade e originalidade. Possui visão sistêmica, analisando as oportunidades e as ameaças para a implementação de suas ideias. O artista é flexível, adaptável e transformador de ideias. É capaz de romper com as regras atuais, criando novas. Não teme o risco. O juiz faz avaliações das ideias para decidir se as implementa ou não. Toma decisões baseadas no tempo e no planejamento. O guerreiro é estrategista e planeja como colocará a ideia em prática, levando-a para o campo da ação. É corajoso, persistente e resistente a críticas. O ideal é que cada indivíduo aprenda a combinar cada um desses papéis para atuar como pessoas criativas e integradas. Como isso nem sempre é viável, no campo profissional é possível identificar esses perfis e dotá-los de responsabilidades relacionadas aos papéis que melhor desempenham, formando equipes completas e complementares. Dessa forma, cada funcionário pode desempenhar melhor a sua função em que se sente mais motivado e produtivo. Características principais dos 4 papéis criativos, segundo Roger Van Oech (1998) e que estão relacionadas às etapas do processo criativo: a. Explorador Tem mente aberta e curiosidade; Interessa-se por temas diversos; 8 Busca conhecimentos através do networking com diferentes pessoas; Questiona verdades absolutas; Possui personalidade investigativa. b. Artista Investiga novas maneiras de fazer as coisas; Permite a fluidez da imaginação; Valoriza o tempo de relaxamento, o que contribui para a criatividade; É ousado; Não se prende às expectativas alheias; c. Juiz É questionador e analítico; Complementa o perfil do artista, questionando-o por evidências palpáveis; Apresenta perfil realista e prático; Tende a tomar decisões difíceis de forma estratégica; Analisa a viabilidade das ideias. d. Guerreiro É produtivo e resistente; É considerado a pessoa que “faz acontecer”; Utiliza comunicação persuasiva; Supera obstáculos; Tem habilidade de vender suas ideias, com sucesso. De acordo com Oech (1998), é preciso avaliar qual personalidade criativa nos é predominante para buscarmos aprimorar as demais ou nos associarmos a pessoas que possuam perfis complementares. Além disso, é importante analisarmos em que somos criativos ou mais criativos. Em que áreas nossa criatividade se manifesta com maior intensidade? São questões que ajudam no direcionamento do potencial criativo de cada um dentro e fora das organizações. Quando damos liberdade ao cérebro, abrimos o canal para que a criatividade 9 desponte. Seja curioso, leia, pesquise, troque ideias com pessoas. Caminhe, corra, vá à praia ou ao campo, medite. Enfim, diminua a sua ansiedade e o seu estresse para dar espaço ao seu poder criativo e reflita: qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? TEMA 4 – UMA ABORDAGEM SOBRE O “ÓCIO CRIATIVO” – DOMENICO DE MASI Domenico de Masi (2000), famoso escritor e sociólogo italiano autor do livro O ócio criativo, defende que as bases da criatividade são: sensibilidade, concentração, senso estético e tempo livre. Além dessas bases, a motivação e o discernimento são outros fortes componentes aliados. Através da sensibilidade, é possível compreender o mundo à nossa volta e como interagimos com ele. Podemos perceber como incrementar o nosso cotidiano e tornar a nossa vida mais rica em experiências que nos tragam satisfação e bem- estar. A concentração refere-se à introspecção, ou o ato de voltar-se para dentro e avaliar o que pode ser mudado e como fazê-lo. É o caminho para a solução. Senso estético, de acordo com de Masi, refere-se à percepção de que o universo adota um padrão de beleza na criação. Da mesma forma, podemos adotar esse padrão para buscar soluções que partam desse princípio, que sejam bem elaboradas e apresentem um resultado final harmonioso. Quanto ao tempo livre, é o grande exercício para colocar a criatividade em prática. É o tempo para relaxar, introspectar e treinar a mente para obter insights que sejam valiosos. Percebamos insight como a capacidade de intuir a solução para uma determinada situação. Além disso, dificilmente conseguimos exercer a criatividade sem motivação. Temos que ter esse impulso maior para chegarmos ao objetivo de criar ou transformar algo. Alguém que se sente absolutamente desmotivado com o seu emprego terá dificuldade em exercer a sua criatividade para essa empresa, mas poderá motivar-se em busca de novas alternativas no mercado, por exemplo. Por fim, o discernimento é um forte aliado para se pensar em novas ideias que efetivamente tragam resultado, aliando criatividade com senso prático. Em seu controverso livro, de Masi (2000) defende que o avanço da tecnologia já deveria ter permitido que a humanidade se libertasse da rotina estressante de trabalho das empresas e aproveitasse melhor o tempo livre, o qual denomina de “economia do ócio”. Em suma, O ócio criativo sugere uma 10 redução drástica na jornada de trabalho e o fim do excesso de procedimentos nas companhias, além de defender o trabalho à distância, empregando a tecnologia. Segundo de Masi (2000), a redução da jornada obrigatória de trabalho nos escritórios propiciaria ganhos ao negócio: “As empresas seriam mais criativas, mais produtivas e reduziriam as despesas. Os trabalhadores teriam mais tempo para a vida pessoal, revitalizariam seus relacionamentos com a família, com o bairro, com a cultura, alimentariam a própria criatividade”. Domenico de Masi argumenta ainda que: Exercitamos atividades cada vez mais intelectuais, que implicam cansaço mental. E, para o cansaço mental, a compensação é justamente o ócio. (…) O Ócio Criativo é aquela trabalheira mental que acontece até quando estamos fisicamente parados. Ociar não significa não pensar. Significa não pensar em regras obrigatórias, não ser assediado pelo cronômetro, não obedecer aos percursos da racionalidade e todas aquelas coisas que Ford e Taylor tinham inventado para bitolar o trabalho executivo e torná-lo eficiente.” Com esse pensamento, o sociólogo defende a ideia de que, se por um lado as empresas almejam por inovação, por outro restringem o processo criativo de seus funcionários. TEMA 5 – MUDANÇA DE MINDSET: MUDANDO O FOCO DO PROBLEMA PARA A SOLUÇÃO Uma boa dica de por onde começar a exercer a criatividade e mudar o mindset (mentalidade) é refletir sobre situações que incomodam ou problemas recorrentes. Elenque e priorize, trabalhando com foco em cada ponto. O que muitas vezes nos atrapalha é olharmos para os nossos problemas e não sabermos por onde começar a solucioná-los. Queremos resolver tudo de uma só vez, como se as situações difíceis em nossas vidas tivessem surgido do nada. Não é assim que funciona. Por exemplo, se o seu principal desafio é superar problemas no relacionamento familiar, decorrentes da sua profissão, que o leva a se sentir estressado e consequentemente ausente de seus familiares, temos aí três áreas da sua vida que estão em desequilíbrio e se inter-relacionam: trabalho, família e saúde. Existe, porém, uma questão central, que é a profissional, que tanto acarreta o estresse como o afastamento do convívio familiar. Há soluções criativasa serem empregadas nesse contexto? Quais seriam? O que gerou o estresse no http://mude.nu/como-ser-criativo/ http://mude.nu/sindrome-de-burnout/ 11 trabalho? O que fazer para mudar? Como compartilhar soluções com a família? Enfim, são muitas reflexões a serem feitas. Pode ser que o problema central esteja ligado a delegação de tarefas e gestão do tempo, no âmbito profissional. Nesses casos, deve-se atacar o evento que está desencadeando os demais e pensar em alternativas criativas, que onerem o mínimo todas as partes envolvidas. Muitas vezes somos engolfados pelos problemas que criamos e não conseguimos percebê-los com visão de longo alcance. Não projetamos os efeitos de decisões presentes no futuro. A criatividade é uma habilidade a ser desenvolvida e perpetuada em nosso contexto de vida. Ela nos ajuda em nossas escolhas e nos seus efeitos de longo prazo. Para ser criativo é preciso abandonar condicionamentos que estão enraizados no cérebro. É preciso escolher entre ousar ou permanecer inerte em uma situação desconfortável. 5.1 Intuição pela neurociência e a relação com o processo de tomada de decisões Recentes estudos neurocientíficos pretendem comprovar que a intuição é um processo muito mais racional do que se pensava anteriormente. Há divergências entre os pesquisadores, e o fato é que há neurocientistas que já defendem um novo paradigma no qual intuição é a habilidade do cérebro de processar informações inconscientemente para apresentar, de forma sucinta, uma nova percepção da realidade. Há empresas que já consideram a intuição como uma habilidade desejável na contratação de seus profissionais. Entretanto, os especialistas alertam que essa habilidade de inconscientemente encontrar respostas rápidas para questões diversas está diretamente relacionada com as experiências de vida e conhecimentos da pessoa. Não deixam de ser interessantes, porém, histórias de jovens empreendedores inexperientes que se tornaram milionários afirmando que apostaram desde cedo na intuição para criarem negócios de sucesso. Steve Jobs, cofundador da Apple, considerada em 2014 como a maior empresa do mundo em valor de mercado, afirmava que desde cedo apostou na intuição e no inusitado. Em seus dez mandamentos para empreendedores, Jobs elencou a intuição como um dos principais. Um de seus famosos pensamentos define bem essa sua crença: “Tenha coragem de seguir o que seu coração e sua 12 intuição dizem. Eles já sabem o que você realmente deseja. Todo resto é secundário”. Em outra esfera, neurocientistas estudam a intuição relacionada à capacidade cerebral de premonição, ou sensação antecipada de algo que vai acontecer. A neurocientista Julia Mossbridge, da Northwestern University, nos Estados Unidos, apresentou um estudo em 2012 afirmando que foram identificadas reações fisiológicas prévias a uma ocorrência, antecipando o que pareciam ser eventos futuros imprevisíveis. Uma das experiências conduzidas pela Dra. Julia consistiu na apresentação de imagens aleatórias, em conjunto com o monitoramento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, aos participantes. O estudo concluiu que, segundos antes de aparecerem imagens assustadoras, e somente com esse tipo, ocorriam alterações fisiológicas mensuráveis. Embora os estudos e conclusões dessas experiências da Dra. Julia tenham sido encarados com ceticismo por boa parte dos neurocientistas, outros apostam na capacidade premonitória do cérebro. Estudos mais recentes estão sendo conduzidos, e no futuro teremos respostas mais conclusivas. Existem técnicas que visam ajudar no desenvolvimento ou aprimoramento da intuição, como uma propriedade de antecipar problemas ou encontrar soluções para determinado assunto. A maioria delas baseia-se no acúmulo de conhecimentos e experiências vividas. Quanto maiores são a capacidade de investigação e a prática em um determinado assunto, mais aprimorada tende a ser a intuição da pessoa. Além disso, é preciso não ter medo de errar e ao mesmo tempo possuir discernimento. Para que a intuição seja aprimorada, é preciso testá-la. Alguém que não acredita possuir ainda essa habilidade deve experimentá-la em situações de baixo ou nenhum risco. No caso de a intuição ser um evento premonitório, ela é gerada na mente? Para complicar ainda mais a situação, Eugene Sadler-Smith (2007), conceituado professor em Comportamento Organizacional da University of Surrey, na Inglaterra, argumenta que os seres humanos possuem duas mentes: uma analítica e outra intuitiva. Suas pesquisas estão centradas na intuição como mecanismo de gestão e de tomada de decisões. Eugene defende que essa mente intuitiva possui potencial para desenvolver habilidades gerenciais diferenciadas dentro das organizações. Executivos renomados que 13 transformaram empresas em modelos de sucesso mundial parecem se utilizar dessa habilidade. De qualquer forma, apostar na aquisição de conhecimento, na ampliação de experiências, na percepção, na persistência e no discernimento parece ser uma boa alternativa para o desenvolvimento de habilidades que hoje são disputadas pelas empresas. NA PRÁTICA E quanto à situação-problema, você já refletiu a respeito? Vamos relembrá-la? “O presidente internacional da multinacional onde você trabalha como gerente de marketing determinou que em 30 dias você apresente uma solução para conter a queda das vendas de uma linha de produto que já foi líder do segmento. Após 20 dias e dezenas de reuniões para abordar o problema, você percebe que a sua equipe ainda não chegou a qualquer solução plausível. Esse é um cenário bastante comum nas empresas. O que o provoca, na maioria das vezes?” Reflexão/resposta Como vimos nesta aula, a alternativa C (na seção “Contextualizando”, no início da aula) tende a ser mais coerente com o nosso conteúdo: O excesso de reuniões com enfoque no problema e não na solução para o desafio apresentado, por parte da equipe responsável. Isso porque, de fato, embora as empresas desejem implantar uma cultura inovadora, focada no futuro, na solução de problemas, por outro lado ainda prevalece a mentalidade de buscar motivos e muitas vezes culpados para o que não está funcionando bem atualmente, ou seja, focam no passado. FINALIZANDO Finalizamos essa aula 2 e o foco foi em relação a como desenvolver a criatividade em prol da própria inovação. Se inovar significa fazer algo novo, diferente ou melhor, a inovação tem uma estreita relação com a capacidade criativa do ser humano em mudar o foco do problema para a solução. 14 REFERÊNCIAS FERNANDES, N. Criatividade se adquire com prática. Galileu, 28 out. 2014. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Neurociencia/noticia/2014/10/criatividad e-se-adquire-com-pratica.html>. Acesso em: 2 jun. 2017. MASI, D. di. O ócio criativo. 1 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. MIHOK, M. O que é criatividade & 4 etapas para criar um processo criativo que funciona. MBITS, 17 fev. 2016. Disponível em: <http://mbits.com.br/o-que-e- criatividade/>. Acesso em: 2 jun. 2017. MORAES, V.C. 11 dicas para desenvolver uma cultura de inovação na sua empresa. Blog Sebrae, 4 out. 2016. Disponível em: <http://blog.pr.sebrae.com.br/inovacao/11-dicas-para-desenvolver-uma-cultura- de-inovacao-na-sua-empresa>. Acesso em: 2 jun. 2017. NEUROCIÊNCIA da criatividade. Mindscience, 8 jun. 2016. Disponível em: <http://mindscience.com.br/neurociencia-da-criatividade/>. Acesso em: 2 jun. 2017. OLIVEIRA, C. Inteligência Artificial – o que é? Laboratório de Estruturas e Materiais Estruturais da USP. Disponível em: <http://www.lem.ep.usp.br/Pef411/~Cristiano%20Oliveira/CristianoOliveira/Pagi nas/InteligenciaArtificial.htm>. Acesso em: 2 jun. 2017. RODRIGUES, F.S. Desvendando o universe da computação cognitive. Computerworld, 30 mar. 2015.Disponível em: <http://computerworld.com.br/desvendando-o-universo-da-computacao- cognitiva>. Acesso em: 2 jun. 2017. SUPERINTERESSANTE Portugal, n. 217, maio, 2016. Disponível em: <https://issuu.com/garnize5/docs/super_interessante_portugal_n___217>. Acesso em: 12 jun. 2017. WICKMAN, F. Quantos megabytes o cérebro humano consegue processar? Estadão, 6 maio 2012. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/geral,quantos-megabytes-o-cerebro- humano-consegue-processar-imp-,869196>. Acesso em: 2 jun. 2017. INOVAÇÃO E DESIGN THINKING (VALUE PROPOSITION DESIGN) AULA 3 Christina Stella Z. Jacob 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos estudar o que é e como aplicar o BMG – Business Model Generation. Serão demonstrados alguns padrões de BMG pela ferramenta canvas e exemplos reais de modelos de negócios conhecidos. Você terá a oportunidade de refletir sobre esses padrões e aplicá-los em sua empresa ou negócio, além de obter conhecimentos para lançar mão de um poderoso conceito que lhe permitirá a validação de ideias, antes mesmo da complexa elaboração de um plano de negócios. Boa aula! CONTEXTUALIZANDO Você tem uma ideia para um novo negócio, por meio de um aplicativo, e está em fase de construção de um modelo de negócios. Sua ideia é criar uma plataforma na qual as pessoas poderão se reunir por interesses de atividades esportivas, na cidade em que vivem ou no local em que estejam passando férias, por exemplo. Para tanto, as pessoas procurarão atividades e pessoas afins (por exemplo, trilhas, futebol de salão, tênis, e assim por diante), em busca de parcerias e grupos para essas mesmas atividades. Seu objetivo é tracionar o negócio para obter o maior número de usuários possível de forma a atrair anunciantes, como marcas esportivas, proprietários de quadras de esporte, empresas de turismo de aventura, entre outros, como meio principal de monetização. Nesse cenário, qual modelo seria o mais adequado? a. O modelo multi faces. b. O modelo unbundling. c. O modelo gratuito. TEMA 1 – MUDANÇAS DE PARADIGMA: PLANO DE NEGÓCIOS X MODELO DE NEGÓCIOS Até recentemente, toda vez que um empreendedor tinha uma ideia, partia para o desenvolvimento de um plano de negócios, no qual se dava início a uma série de pesquisas, análises de informações e projeções. Não era incomum contratar consultores especializados para esse fim. Depois de meses de trabalho, muitas vezes, e um alto custo de consultoria, o plano de negócios buscava retratar, inclusive com projeções de receitas em cenários otimistas, realistas e pessimistas, as receitas da ideia inicial. O grande problema nesse 3 modelo é que a ideia inicial não havia sido testada, e não era raro a prática demonstrar que o que havia sido colocado no papel se mostrava inviável e, muitas vezes, impraticável. Em um mundo onde novos modelos de negócios vêm crescendo de forma acelerada e as ideias são abundantes, fez-se necessária a busca de alternativas ao tradicional plano de negócios. Era preciso algo que permitisse, em primeira instância, validar a ideia antes de aprofundá-la, em outras palavras. Nesse sentido, nasceu o conceito do Business Model Generation (Osterwalder, 2011), ou Geração de Modelo de Negócios, no qual surgiu o canvas, uma ferramenta capaz de rapidamente validar ou mesmo readequar uma ideia inicial de produto ou serviço. O precursor desse modelo foi o consultor suíço Alexander Osterwalder, que começou a desenvolvê-lo em sua tese de doutorado. O canvas é uma representação esquemática visual, em blocos, que resume os principais componentes do modelo de negócio de uma empresa. Graças à praticidade dessa ferramenta, o empreendedor consegue criar um modelo de negócio com este esquema em um único mapa de visualização. No canvas, é possível primeiro testar o modelo do negócio, com outros membros da empresa, com seus clientes, parceiros de negócios e demais atores importantes. A partir daí, e através da evolução do próprio modelo, novas versões do canvas podem ser criadas. Ou seja, aplicando conceitos de inovação, prototipação e cocriação (ou criação colaborativa), a ideia inicial pode ser testada, modificada e validada, oferecendo maior margem de acerto entre o que se pretende oferecer ao mercado e o que o mercado realmente necessita ou deseja. O canvas é uma excelente ferramenta para o empreendedor na fase de análise da oportunidade, quando ainda não existe a certeza sobre a possibilidade de transformar a ideia inicial em negócio. No entanto, é importante salientar que o canvas não substitui o plano de negócios. O plano de negócios se justifica em casos em que o empreendedor tem um objetivo claro a atingir, ou seja, após a validação e modelagem inicial da ideia. A principal função do plano de negócios é proporcionar um rumo e, com isso, fazer com que a gestão tenha métricas para acompanhar adequadamente o crescimento da empresa. Nesse sentido, a ferramenta se torna útil para o desenvolvimento do negócio. De acordo com uma matéria publicada na revista Exame, as diferenças entre modelo e plano de negócio são: 4 O plano de negócio é o conjunto de informações e análises que o empreendedor deveria realizar a fim de confirmar se o negócio em que pretende investir é viável economicamente. Um plano de negócio mostrará os custos e as despesas do empreendimento, o investimento inicial necessário, a estratégia de crescimento e de marketing e vendas, e também a projeção de receita e lucro para os próximos anos. Trata-se de um documento escrito descrevendo a natureza do negócio, a estratégia de vendas e marketing e análises financeiras. Portanto, o desenvolvimento de um plano de negócio estruturado ajuda a descrever e também a entender o modelo de negócio de uma empresa. O Canvas irá ajudá-lo na fase de análise da oportunidade de mercado percebida pelo empreendedor. Com ele é possível compreender a essência do negócio, mas não o planejamento. (Serva, 2015) Alessandro Almeida, consultor em Gestão de Processos e Governança de TI, define de forma visual (Quadro 1) as principais aplicabilidades e características de um plano de negócios em comparação ao canvas, demonstrando claramente a aplicabilidade e as necessidades relativas a uma ou outra ferramenta. Quadro 1 – Modelo de negócios X plano de negócios Fonte: <https://pt.slideshare.net/alessandroalmeida/palestra-empreendendo-com-o- quadro-do-modelo-de-negcios-business-model-canvas>. TEMA 2 – BUSINESS MODEL CANVAS: ANÁLISE ESTRATÉGICA Em Business Model Canvas, será apresentado o modelo canvas, primeiramente detalhando os blocos relativos à análise estratégica (lado direito) do negócio, conforme Figura 1: 5 Figura 1 – Business Model Canvas Fonte: <https://pt.slideshare.net/fredlar/business-designp2p2blocos-bmc-ii>. Os blocos do canvas relativos à estratégia do negócio, conforme enumerado de 1 a 5 na Figura 2, são: 1. segmentos de clientes; 2. proposta de valor; 3. Canais; 4. relacionamento com clientes; 5. fluxo de receitas. No detalhamento abaixo, foi adotada a empresa Google como exemplo, com base na simulação realizada por Matheus Haddad (2013) e compartilhada no Slideshare. O primeiro passo no desenvolvimento de um modelo de negócios é o bloco do segmento de clientes. Nele, é necessário que você defina o segmento de clientes que será trabalhado para o seu produto ou serviço. Lembre-se de que o seu modelo de negócios deve ser desenvolvido a partir da perspectiva do cliente e com o foco nele. Por exemplo: segmento de clientes da Google é composto por anunciantes e usuários de internet. O segundo passo do canvas é definira proposta de valor, entendendo que valor, nesse caso, significa benefício para o segmento de clientes que foi definido. Será necessário ter claramente em mente quais são os benefícios que o produto ou serviço trará para os clientes que os motivarão a adquiri-lo. É na definição de proposta de valor que o empreendedor pode definir qual inovação será entregue ou mesmo o que o diferencia dos principais players de mercado. 6 Por exemplo: proposta de valor da Google são anúncios direcionados e busca gratuita. No terceiro bloco define-se como a empresa comunica e entrega valor ao cliente. Os canais podem ser de comunicação, vendas e distribuição do produto. Em suma, qualquer tipo de ligação/comunicação entre a empresa e o cliente. Os canais servem para que o segmento definido possa tomar conhecimento e avaliar a proposição de valor do produto ou serviço, efetuar a compra e o uso: loja física, e-commerce, televendas etc. Por exemplo: canais da empresa Google, através da plataforma <http://www.google.com.br>. O quarto bloco refere-se a relacionamento com clientes. Esse ponto é fundamental para se pensar na estratégia de retenção e fidelização. Por exemplo, pode-se definir um modelo de autoatendimento no qual o cliente resolve quase tudo sozinho, mas esse formato não permite maior interação com ele, muito menos entendimento de suas percepções. Por exemplo: Google Adwords – plataforma de busca e de anúncios. Por fim, no quinto bloco, encontra-se o fluxo de receitas, que, em outras palavras, definirá como o cliente pagará pelos benefícios obtidos. Aqui temos a oportunidade de definir uma forma inovadora de como o cliente poderá adquirir os produtos ou serviços. Por exemplo, muitas empresas de tecnologia estão implantando o sistema de assinaturas mensais em vez de cobrarem pela locação diária de um produto ou serviço e assim por diante. Por exemplo: fluxo de receitas Google – leilão de palavras-chaves e gratuito. Como foi visto, o canvas, já nessa primeira análise estratégica, permite facilmente ter uma excelente visualização dos pontos-chaves do negócio. No próximo tema, Business Model Canvas: análise operacional, veremos os blocos relacionados à operação do negócio. TEMA 3 – BUSINESS MODEL CANVAS: ANÁLISE OPERACIONAL Agora que já foram vistos os blocos estratégicos do canvas, vamos detalhar os blocos relativos à análise operacional (lado esquerdo) do negócio, conforme Figura 2: 7 Figura 2 – Business Model Canvas Fonte: <https://pt.slideshare.net/fredlar/business-designp2p2blocos-bmc-ii>. O primeiro bloco é o de recursos-chaves, que são os ativos fundamentais para fazer o modelo de negócios funcionar. Esse bloco deve ser limitado a descrever o que realmente importa dentro dos ativos da empresa. Por exemplo: os recursos-chaves do Google são a plataforma de busca e de anúncios e os algoritmos de busca. O segundo bloco são as atividades-chaves, que complementam os recursos-chaves definidos no bloco anterior. Esse bloco retrata as atividades mais cruciais que a empresa deve realizar, constantemente, para que o modelo de negócios funcione adequadamente. Por exemplo, se uma empresa possui a definição de algoritmos, como é o caso do Google, como recurso-chave, muito provavelmente terá como atividade-chave a melhoria e manutenção constante desses algoritmos e deverá definir uma estratégia de como fazê-los. “Parceiros-chave” no canvas refere-se primordialmente a fornecedores. Esse terceiro bloco deve listar outras empresas que ajudam seu negócio a entregar a oferta de valor. No caso do Google, para que ele entregue a sua proposta de valor, é necessário que estabeleça parcerias com blogs e outros sites. Qualquer outro tipo de tarefa ou matéria-prima essencial fornecida por 8 outra empresa e que garante o funcionamento do modelo de negócios deve ser listada neste bloco. O último bloco do lado esquerdo do canvas descreve todos os principais custos que envolvem a operacionalização do modelo de negócios. Normalmente esses custos têm origem nos blocos de recursos, atividades e parcerias-chaves. Entretanto, é possível que custos de canais sejam considerados como comissão de vendedores. No caso do Google, os principais custos envolvidos estão relacionados a desenvolvimento e manutenção da plataforma e à comissão de blogueiros e sites. Bom, conseguimos então explanar e detalhar o modelo canvas, tanto em relação aos blocos de análise estratégica quanto operacional. Além disso, usamos a empresa Google como modelo de negócios. Agora que você já conhece o canvas, que tal aplicá-lo na sua empresa, negócio ou mesmo pesquisar mais sobre outros modelos? Através da prática, você pode se tornar um expert no assunto. No link <https://pt.slideshare.net/joaopnogueira/75-exemplos-de- modelagem-e-prototipagem-de-negcios-inovadores>, você encontra 75 exemplos de modelagem e prototipagem de negócios inovadores, postados por João Nogueira. TEMA 4 – PADRÕES DO BUSINESS MODEL GENERATION Existem modelos de negócios possuem características similares entre si, os quais podem ser agrupados por padrões. Esses padrões podem se repetir em negócios e segmentos completamente distintos. Segundo o material publicado pela Luz Geração Empreendedora (2012), O conceito de padrões não deve servir para engessarmos nossa maneira de pensar e de criar novas empresas. Por isso, evite utilizar os padrões como verdades absolutas nas quais você deve tentar enquadrar sua empresa. Você verá que novos padrões podem surgir derivados de outros em uma constante metamorfose. Alexander Osterwalder (2011) descreve em seu livro Business Model Generation cinco padrões diferentes: 1. Empresas desagregadoras (unbundling) 2. Cauda longa (long tail) 9 3. Multi-faces (multi-sided platforms) 4. Gratuito (free) 5. Aberto (open) 4.1 Empresas desagregadoras (unbundling) Esse padrão deve ser empregado em grandes empresas, não em startups (empresas nascentes). Unbundling é um padrão que prevê que uma empresa pode possuir três focos estratégicos: relacionamento com clientes, inovação de produtos e infraestrutura. Em grandes empresas, os três podem coexistir, formando um modelo complexo que necessita de grandes recursos para funcionar corretamente. Grandes companhias de telefonia, como TIM e Telefônica, necessitam de muitos recursos tecnológicos para manter os seus clientes satisfeitos e fiéis à marca, com ampla cobertura de sua rede e novidades constantes. Deve focar sempre na renovação de seus produtos, oferendo serviços inovadores como a migração de tecnologias 3G para 4G. Ou seja, o modelo unbundling se traduz por um enorme esforço para manter vários modelos de negócio dentro de um só. 4.2 Cauda longa (long tail) O padrão long tail é exclusivo para negócios que só comercializam seus produtos e serviços pela internet. As empresas com esse modelo de negócios oferecem uma grande quantidade de produtos segmentados que, embora individualmente vendam pouco, na somatória total acabam gerando altas receitas. Empresas nesse padrão precisam atentar para o controle dos custos de seus estoques como forma de viabilizar positivamente os resultados. Um excelente caso de cauda longa é o da Lulu.com que é uma editora que permite que qualquer pessoa possa publicar um livro. Se você quer escrever um livro sobre como criar formigas africanas dentro de casa, não tem problema. Por meio de ferramentas online você insere o conteúdo, faz a diagramação, cria uma capa e disponibiliza seu livro online para outras pessoas comprarem. Elas poderão comprar uma cópia digital (em PDF) ou física que será impresso sob demanda por um parque de impressoras de baixo custo que a Lulu.com possui. Não importa se o seu livro só vai conseguir vender apenas vinte unidades. O que importa é que ao permitir que qualquer umescreva um livro, milhares de tópicos que vendem poucas unidades representam um 10 grande volume de vendas. E é exatamente esse o conceito do modelo de cauda longa. (Luz Geração Empreendedora, 2012). 4.3 Multi-faces (multi-sided platforms) Esse padrão se caracteriza quando dois segmentos de clientes coexistem e são interdependentes, ou seja, geram valor entre si. Para explicar melhor esse conceito, pense se alguma vez você já recebeu um jornal gratuito no trânsito, na rua. Sim? Já pensou como ele gera receita? O Jornal Destak, de São Paulo, enquadra-se exatamente nesse modelo. Com esse exemplo, você já deve ter concluído que o segmento primário é o transeunte, porém o secundário é o anunciante. Dessa forma, o Jornal Destak não obtém receita da venda do jornal, mas da captação de clientes que anunciam seus produtos e serviços por saberem que, como a distribuição dos exemplares é gratuita e ampla, atingirá um grande volume de potenciais consumidores. 4.4 Gratuito (free) O padrão free, como o nome já diz, é quando uma empresa oferece um produto ou serviço gratuitamente e continuamente, como forma de tracionar o negócio e angariar o maior número de usuários possível. Com isso, a partir de um determinado volume de usuários, o negócio passa a oferecer vantagens adicionais a modalidades “premium”, com um custo, ainda que atrativo, a ser pago por clientes que queiram usufruir de funcionalidades ou vantagens diferenciadas. É o caso do aplicativo Skype, que permite ligações gratuitas de voz e vídeo, mas que, por meio de serviços como o Skype-out, oferece chamadas para telefones convencionais com custos inferiores em comparação a empresas locais de telefonia. 4.5 Aberto (open) O modelo aberto ocorre quando a oferta de valor vem em parte de parceiros externos à organização. Digamos que um empreendedor necessita de verba para um projeto científico, porém não possui recursos financeiros ou humanos suficientes para tal empreitada. Nesse caso, ele pode lançar a sua ideia em uma plataforma colaborativa para obter tanto expertise necessária quanto possíveis patrocinadores do projeto. Assim, um modelo canvas de 11 negócio aberto pode ser exemplificado através do conceito de crowdsourcing, que significa financiamento coletivo. Quando as pessoas de reúnem para agregar seus conhecimentos em torno da solução de problemas, estamos falando de um processo colaborativo chamado crowdsourcing.(...) é uma espécie de terceirização coletiva! Um modelo de produção que se usa se conhecimentos coletivos e voluntários (recrutados especialmente na internet) para solucionar problemas do dia a dia, desenvolver novas tecnologias, criar conteúdo ou prover serviços. Nos dias de hoje, milhões de organizações já usam essa estratégia para receber serviços e soluções a baixo custo (Endeavor, 2016). TEMA 5 – EXEMPLOS REAIS DE BUSINESS MODEL GENERATION Além de diferentes padrões de canvas, temos ainda diferentes modelos de negócios que se traduzem por estratégias distintas em relação ao Business Model Generation (Osterwalder, 2011). A seguir, veremos alguns desses padrões: 5.1 Modelo de aluguel por assinatura O modelo de aluguel por assinatura (rent subscription) foi criado a partir da adoção da mensalidade como forma de gerar fluxo de receitas em empresas que trabalham essencialmente com locação. Um modelo clássico de aluguel por assinatura é a Netflix (<http://www.netflix.com.br>), a qual analisou muito bem a real necessidade dos seus clientes, oferecendo-lhes comodidade e liberdade de escolha. Em vez de ter que passar na locadora para retirar ou devolver um filme ou seriado e ainda ter que assistir dentro do prazo da locação para não pagar diárias extras, o usuário pode simplesmente acessar a plataforma e escolher ao que quer assistir, na hora em que desejar. A Netflix criou o conceito do aluguel ilimitado de filmes, sem sair de casa, sem multas e custos adicionais. 12 Figura 3: Caso Netflix Fonte: Luz Geração Empreendedora (2012). 5.2 Isca e anzol O modelo de isca e anzol (bait & hook) é utilizado por empresas que oferecem um produto com preço atraente, mas que fideliza ou prende com recargas próprias e a um custo bem alto. O exemplo mais antigo que temos é da Gillette, com seus aparelhos de barbear com preços convidativos e recargas de lâminas com valores astronômicos. A HP é outro exemplo clássico: enquanto o valor de suas impressoras vem caindo de preço, o de seus cartuchos vem aumentando. O exemplo que demonstraremos é o da Nespresso, fabricante de máquinas de café expresso domiciliares. A partir do momento em que se compra uma máquina da Nespresso, você fica preso a um formato patenteado de cápsulas que possui altas margens. Ou seja, não é na máquina que se ganha dinheiro, mas sim na venda do café contido nas cápsulas. 13 Figura 4: Caso Nespresso Fonte: Luz Geração Empreendedora (2012). 5.3 Crowdsourcing O crowdsourcing vem gerando inovações disruptivas no mercado. O termo vem de duas palavras inglesas: crowd (público ou massa) e source (fonte). Isto é, o público, ou a massa, fornece seu conhecimento técnico e tempo para a empresa. Um bom exemplo é uma plataforma para venda de camisetas criadas a partir de design exclusivo elaborado pelos próprios clientes. Um comprador envia a sugestão de uma estampa, há uma votação, e as mais votadas são eleitas para serem utilizadas como modelos exclusivos à venda no site. Esse modelo de negócio aumenta em muito a variedade de opções que o cliente receberá e torna o negócio muito mais escalável. Fora isso, os clientes que tiveram seu design eleito tendem a divulgá-lo em seus blogs, faculdades e networking em geral – marketing boca a boca. 14 Figura 6: Caso WeDoLogos Fonte: Luz Geração Empreendedora (2012). NA PRÁTICA E quanto à situação problema, você já refletiu a respeito? Vamos relembrá-la? Você tem uma ideia para um novo negócio, através de um aplicativo, e está em fase de construção de um canvas. Seu plano é criar uma plataforma na qual as pessoas poderão se reunir por interesses de atividades esportivas, na cidade em que vivem ou no local em que estejam passando férias, por exemplo. Para tanto, procurarão por atividades e pessoas afins (por exemplo, trilhas, futebol de salão, tênis, e assim por diante) em busca de parcerias e grupos para essas mesmas atividades. Seu objetivo é tracionar o negócio para obter o maior número de usuários possível, de forma a atrair anunciantes, como marcas esportivas, proprietários de quadras de esporte, empresas de turismo de aventura, entre outros, como meio principal de monetização. Nesse cenário, qual padrão canvas seria o mais adequado? a. O modelo multi-faces b. O modelo unbundling c. O modelo gratuito Reflexão/resposta: Como vimos nesta aula, a alternativa c tende a ser mais coerente com o nosso conteúdo, exatamente por ser um modelo capaz de tracionar o negócio 15 por escalabilidade no volume de usuários, para, posteriormente, oferecer serviços premium e obter, a partir daí, receitas para o negócio. FINALIZANDO O que você achou do BMG? Viu como pode ser eficiente para a validação de ideias que podem ser transformadas futuramente em negócios? O que achou do canvas? Que tal você mesmo colocá-lo em prática? Se você pretende empreender em uma possível boa ideia, essa pode ser uma excelente oportunidade para adotá-lo. Se você atua em uma empresa, pode se valer do canvas para testar o conceito de um novo produto ou serviço, não é mesmo? Pratique! Até a próxima aula! 16 REFERÊNCIAS HADDAD, M. Business Modelo Canvas: criando modelo de negócios inovadores, 21 set. 2013. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/webgoal/business-model-canvas-26418425>. Acesso em: 4 jun.
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