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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE XXXX/XX. Processo nº XXXX BENEDITO XXX, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado signatário que esta subscreve, não conformando com a decisão, que o pronunciou, vem, respeitosamente, de forma tempestiva, no prazo de 05 dias com fundamento no artigo 586 do Código de Processo Penal, perante Vossa Excelência, interpor: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. Desde já requer o recorrente que o presente instrumento seja recebido e processado, e na hipótese de Vossa Excelência não considerar os argumentos e manter a referida sentença de pronúncia, requer que seja processado e enviado ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de XXXX/XX com as inclusas razões. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Local, data Assinatura do Advogado OAB/UF XXXX/XX EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XXXX RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: BENEDITO XXX RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO Autos do Processo nº XXX Juízo de origem: 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de XXXX/XX Egrégio Tribunal... Colenda Câmara (Ou Turma) Douta Procuradoria Ilustre Representante do Ministério Público Ínclitos Julgadores A respeitável decisão ora recorrida prolatada pelo ilustre magistrado “a quo’’, merece reforma pelas razoes que passa a expor: DOS FATOS. O recorrente foi pronunciado pelo Juiz Presidente da 1ª vara do Júri da comarca de XXXX/XX pelo crime de duas tentativas de homicídio em concurso material, contra Jennifer e Anselmo. Ocorre que no dia do fato, o recorrente namorava Jennifer e iria fazer uma surpresa para ela com a ajuda de sua melhor amiga Aline, ele iria pedir Jennifer em casamento na saída do local de trabalho. Contratou um coral onde cantariam a música dos dois e um helicóptero onde despejariam pétalas de rosas vermelhas sobre Jennifer, no momento em que faria o pedido de casamento. Porém ao chegar no local se depara com Jennifer rindo e beijando Anselmo na frente de todos ali presentes. O recorrente diante daquela situação a sua frente, fica transtornado, sai correndo e entra no carro. Jennifer corre atrás e tenta entrar no carro, ela acaba ficando presa na porta do carro pela sua roupa e o recorrente não a vendo, dá partida no carro e vai em direção de Anselmo para lhe dar um susto, acaba o jogando contra a parede, dá a ré, o deixa caído e vai embora. Jennifer fora arrastada por cerca de 1 (um) metro, onde conseguiu se soltar. Em razão do ocorrido, Jennifer teve uma fratura no braço esquerdo e sofreu lesões pelo corpo e Anselmo fraturou duas costelas, a bacia e sofreu lesões pelo corpo. O recorrente é localizado horas depois o ocorrido e é levado à delegacia, foi preso em flagrante, após o inquérito policial ser concluído, foi denunciado por duas tentativas de homicídio em concurso material, mas lhe foi concedido o direito de responder ao processo em liberdade. O recorrente respondeu ao processo e através de depoimentos de testemunhas que presenciaram o ocorrido, no qual relataram que ele teria apenas a intenção de assustar Anselmo, também não percebeu pelo seu estado emocional e pelo fato de seus vidros serem escuros, não viu Jennifer ficar presa a porta do carro. Ao fim do processo, o recorrente foi pronunciado pelo juiz nos termos da denúncia, por duas tentativas de homicídio em concurso material. 1.DAS PRELIMINARES. 1.1- DA NULIDADE DO LAUDO MÉDICO COMO MEIO DE PROVA. Excelências, no decorrer do processo, foram trazidos comprovantes por meio de laudo médico as lesões que foram causadas nas vítimas pelo recorrente. Conforme o artigo 158 do Código de Processo Penal é taxativo quanto a necessidade do exame de corpo de delito, quando a infração deixar vestígios e, conjuntamente com o artigo 564, III, “b” do Código de Processo Penal nos traz a expressa nulidade quando este dispositivo não é cumprido. Diante o exposto, o laudo médico não pode ser utilizado como meio de prova no feito. 1.2- DA NECESSIDADE DO EFEITO SUSPENSIVO. O dever do efeito suspensivo ao exposto seria de extrema relevância, visto que, como foi mencionado antecedentemente, o feito de que se trata não é de competência do Tribunal do Júri e sim do magistrado singular de 1º grau. Dessa maneira seria de grande necessidade da aplicação do efeito suspensivo ao feito conforme artigo 584, §2º do Código de Processo Penal. 2- DO DIREITO. 2.1- DA AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI. Diante o exposto, ficou demonstrado e documentado no decorrer do processo pelos testemunhos expostos que o recorrente não teve a intenção e nem o desejou o resultado morte contra as vítimas Jennifer e Anselmo, logo a ausência de “animus necandi’’. O recorrente poderia ter atropelado fatalmente Anselmo, mas optou por não fazer, pois essa não era sua intenção desde o princípio. Em relação a Jennifer, não houve por parte do recorrente nem se quer a intenção de lhe causar qualquer lesão. Conforme art. 121 do Código Penal, a parte integrante do tipo penal seria o dolo de matar, fica evidente que o dolo não ocorreu no feito. Dessa forma, o crime de homicídio, trata-se de delito material, necessitando o resultado morte, mesmo que a tentativa do delito seja punível, terá de haver ao menos o dolo específico de matar. Logo a conduta merece ser desclassificada de tentativa de homicídio contra Anselmo para o delito de lesão corporal grave, na medida que não havia dolo de matar nos termos do artigo 129 §1º do Código Penal. 2.2- DA LESÃO CORPRAL CULPOSA. O recorrente na medida em que pese não teve a intenção e nem o dolo de matar Jennifer, acabou por lhe causar lesões de natureza leve. Desse modo a conduta de tentativa de homicídio merece ser desclassificada para o delito de lesão corporal culposa conforme artigo 129 do Código Penal, pois o recorrente cometeu sem a intenção de fazê-lo, mediante negligência e imprudência nos termos do artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro, pois ele não percebeu pelos vidros escuros que Jennifer havia ficado presa na porta do carro. 2.3- DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. O recorrente demonstrou que desistiu de prosseguir voluntariamente da ação, pois ele avançou o carro contra Anselmo para lhe dar um susto e logo após dá ré e vai embora. Nos termos do artigo 15 do Código Penal: Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Diante o exposto a conduta de tentativa de homicídio contra Anselmo merece ser desclassificada para o delito de lesão corporal grave. Dessa maneira a referida sentença merece a reforma no sentido de desclassificar o delito penal para lesão corporal culposa, afastando assim a pronúncia aplicada e os autos serem remetido ao juiz competente para novo julgamento. PEDIDOS. Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, para que haja a devida reforma, impronunciando o recorrente como forma de justiça. a) Que seja reconhecida a nulidade do laudo pericial como meio de prova e consequentemente anular todas as outras provas dele subordinados, conforme o disposto no artigo 157 caput e §1º combinados com artigo 564, III, “b” do Código de Processo Penal. b) A aplicação de efeito suspensivo ao feito até o julgamento do presente recurso, nos termos do art. 584, §2º do Código de Processo Penal. c) Que seja reconhecidaa ausência do animus necandi desclassificando a tentativa de homicídio contra Anselmo para o delito de lesão corporal grave, na medida que não havia dolo de matar nos termos do artigo 129 §1º do Código Penal. d) A desclassificação da tentativa de homicídio para o delito de lesão corporal culposa contra Jennifer conforme artigo 129 do Código Penal nos termos do artigo 303 do Código de Transito Brasileiro. e) A desclassificação da tentativa de homicídio contra Anselmo para o delito de lesão corporal grave pela desistência voluntária nos termos do artigo 15 do Código Penal. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Local, data. Assinatura do Advogado OAB/UF XXXX/XX
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