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Universidade do Minho Trabalho realizado para a cadeira de Métodos de Intervenção Intervenção no luto infantil: Ajudar crianças a lidar com a dor e sofrimento resultantes da morte de alguém significativo Licenciatura em Psicologia Ana Daniela dos Santos Cruzinha Soares da Silva Nº25136 Vanessa Peixoto Pereira Nº25110 Base generativa “Sinto-me como a última pétala que ficou numa flor e as outras pétalas estão a voar para longe...”“Sinto-me como a última pétala que ficou numa flor e as outras pétalas estão a voar para longe...” Victoria Evans (6 anos) A morte de uma pessoa importante é, porventura, a mais delicada situação que temos de enfrentar na vida. O luto (mourning) que se segue à morte de uma pessoa que nos estava próxima, independentemente da sua forma, não é uma doença, mas sim um processo de adaptação que tem de seguir o seu curso. Ao longo do tempo o conceito de luto assumiu dois significados diferentes. O primeiro derivou da teoria psicanalitica e refere-se a uma predisposição ampla ou um processo inter-psiquico, consciente e inconsciente que nos prepara para perda (Bowlby, 1980 in Rando, T., 1984). O segundo significado diz respeito à resposta cultural à dor, sendo a reacção à dor influenciada quer social quer culturalmente e como tal variável de pessoa para pessoa. Distingue-se de grief (pesar) que diz respeito às experiências pessoais, pensamentos e sentimentos associados com a morte (Worden, J., 1996). O sofrimento da perda na infância é uma dor crua e penetrante que pode ser devastadora. Os adultos tem o benefício da experiência e de conhecimentos passados, podem perspectivar a perda mas não é esse o caso das crianças que não possuem este tipo de estratégias para a ultrapassar esta situação. A grande tensão que os pais sentem reflecte-se frequentemente na família e estes, apanhados como estão no turbilhão das suas próprias emoções, tem dificuldade em lidar simultaneamente com as necessidades crescentes de crianças alquebradas e com a sua própria perda (Mallon, B., 1998). Ao longo do processo de luto a criança precisa de saber que não está só e que os seus sentimentos são normais e fazem parte da vida; por isso um adulto que se preocupa com ela deverá ser identificado como uma ancora, seja este um membro da família, um amigo, um professor ou um trabalhador social. As reacções à morte são muito parecidas com as que ocorrem em outros momentos de perda e embora possam ser mais intensas, o que é crítico é a importância dessa perda para o indivíduo-criança. Cada criança reage à perda com base no seu relacionamento com a pessoa ou coisa que foi perdida, dependendo das suas predisposições, personalidade, sensibilidade e todos os outros factores que contribuem para criar um indivíduo único. Um estudo realizado em Boston por J. Worden com 125 crianças em situação de luto mostrou que durante os dois primeiros anos após a morte, somente uma minoria 2 significativa de crianças (33%) registou algum risco de desenvolver problemas emocionais ou comportamentais. Tal, indica que as crianças tem diferentes recursos de suporte e força e diferentes áreas de vulnerabilidade sendo a adaptação à perda multideterminada. Embora a interacção entre estes determinantes seja complexa e ocorra de diferentes formas, é possível identificar seis categorias de mediadores que influenciam o curso da adaptação à perda, sendo eles: a morte e os rituais subjacentes; as relações da criança com os familiares mais próximos antes e depois da morte; o funcionamento dos familiares sobreviventes e a sua capacidade para apoiar a criança; influências familiares como o tamanho, a solvência, a estrutura, os estilos de coping, suporte e comunicação bem como stressores familiares e mudanças/disrupções no dia a dia da criança; suporte dos pares e outros fora da família; e as características da criança, incluindo a idade, o género, a auto-estima e a compreensão da morte. Variações nestes factores mediadores significam variações no processo de luto de cada criança e determinam a forma como a criança experencia a dor a seguir à perda de uma pessoa significativa. A literatura indica três estádios principais do luto (Mallon, B., 2001): Fase I – Primeiro estádio: A fase do protesto Nesta fase as sensações de choque, alarme, torpor e recusa são comuns. O choque inicial da separação e da perda revela-se tanto física como emocionalmente. Fase II – Estádio Agudo: A fase da desorganização A raiva vem à superfície neste estado agudo do luto em que a realidade da perda se abate sobre o indivíduo. As crianças podem procurar outra pessoa- o médico, um dos pais ou até o defunto. Pode ser muito difícil aguentar esses sentimentos tão fortes, em especial se a criança utilizar os membros imediatos da família como objecto da sua intensa raiva. Fase III- Estádio da cedência: A fase da reorganização Neta fase final do luto, existe um conflito entre a necessidade de “deixar andar” num sentido emocional, e o desejo de “se manter firme”. Esta tracção entre o passado conhecido e o futuro desconhecido é a tónica dominante para a resolução do luto. Este é um momento muito importante onde se confirma que o luto não é o esquecimento da pessoa amada mas uma nova maneira de se ligar a ela. 3 Estes estádios não são rígidos – cada pessoa vive a dor à sua maneira única -, mas servem de guia para as reacções que podermos encontrar. Contudo uma criança pode parecer encontrar-se um dia num estádio e no dia seguinte passar para outro; por isso não podemos esperar observar uma progressão facilmente reconhecível. O luto é um processo e não um caminho linear e não há um padrão fixo. Ao longo destes estádios que caracterizam o processo de luto a resposta de grief normalmente é experienciada de 12 diferentes formas (Haasl & Marnocha, 1990): Resposta “grief” Descrição Choque / Recusa / Estupor A perda pode parecer irreal ou impossível. A duração do choque pode ocorrer só por breves momentos ou arrastar-se por muitos meses (a norma aponta para 6 a 8 semanas). Indiferença Por vezes as crianças mostram-se indiferentes à perda como forma de se defenderem. Contudo isto não revela ausência de sofrimento ou sentimentos em relação à morte. Mudanças fisiológicas Fadiga; dificuldade em dormir; perda ou aumento do apetite; dor de garganta; respiração lenta; tensão muscular; dores de cabeça e estômago; perda de energia; inépcia; precipitação ou impulsividade. Estes sintomas podem levar as crianças a pensar que elas também vão morrer. Regressão A criança pode-se tornar mais dependente, dos adultos, exibir desejo de ser abraçada, acarinhada e/ou dormir com os pais. Pode apresentar comportamentos próprios do estádio de desenvolvimento anterior como “baby talk” e ter problemas na relação com os pares. Actuar como um adulto Podem querer ocupar o lugar da pessoa que morreu. No caso da morte do pai, por exemplo, o filho mais velho pode querer assumir o papel do pai/marido na família. Desorganização e pânico Os sentimentos podem estar desorganizados e interferir com os procedimentos normais da criança. Podem estar assustadas com a intensidade e duração dos seus sentimentos e acreditar que nada voltará ao normal outra vez. Raiva e comportamentos agressivos A criança atribui a culpa da morte da pessoa querida a ela mesma ou aos outros manifestando comportamentos desafiadores e provocantes como forma de se proteger de um novo abandono. Culpa e auto- censura Se a criança alguma vez desejou a morte dessa pessoa, elas podem sentir-se culpadas; a criança pode ver o seu comportamento passado como responsável da morte de alguém querido. Medo Pode demonstrar medo que outras pessoas morram e podem preocupar-se com o facto de não terem ninguém para cuidardelas, isto pode levar a manifestar comportamentos de dependência excessiva. Perda, vazio e tristeza Ocorre quando a criança se apercebe que a pessoa querida não volta mais. Isto ocorre quando essa pessoa não está em momentos especiais em que a família está toda junta. Integração A aceitação é o culminar do processo em que a criança se conforma com a realidade da perda e dos seus sentimentos sobre o que aconteceu. 4 Os sonhos também são uma componente importante na forma como a criança manifesta a sua dor podendo em alturas de perda ser especialmente perturbadores. Jonh Bowlby informou que cerca de 1/5 das crianças que estavam a fazer um luto tinham graves terrores nocturnos, enquanto que 1/4 insistia em dormir à noite com um dos pais ou irmão (Bowlby, 1980). Os sonhos podem ser veículos de expressão dos medos pelo que será útil informar as crianças que dada a situação tensa em que se encontram é normal que os pesadelos ocorram e que estes funcionem como uma válvula de segurança que deixa sair alguma da pressão, aliviando assim, alguma da ansiedade que os sonhos maus lhes provocam. As crianças passam pela mesma gama de emoções que os adultos apesar de as poderem expressar de maneiras diferentes. A idade da criança também influencia e determina a forma como integram e reagem à morte (Mallon, 2001). As crianças muito jovens tem uma compreensão limitada da permanência da morte, mas reconhecem-na como uma separação e podem reagir com uma profunda tristeza. Entre os cinco e os oito anos encontram-se no estádio do “pensamento mágico” pensando que basta formularem um desejo para que qualquer coisa aconteça. Assim podem ficar horrorizadas com o seu aparente poder de fazerem com que qualquer coisa aconteça especialmente se antes haviam desejado que isso acontecesse. A crença continuada neste poder mágico é visível no comportamento das crianças. As crianças com idades compreendidas entre os oito e os dez anos ficam frequentemente intrigadas com a morte. Às vezes, a morte é vista como uma pessoa que as vem buscar, por exemplo um fantasma, ou a morte é uma consequência, por exemplo de terem pensado ou feito algo mal. Por volta dos nove anos de idade, as crianças começam a aperceber-se da permanência da morte e a expressarem a sua dor pela perda, como os adultos. A criança precisa de tempo para fazer o seu luto; alguns especialistas dizem que são sete anos, porventura a vida inteira, se não tiverem uma ajuda nesse período de aprendizagem e de formação que é a infância. Embora não tenhamos encontrado muitos estudos nesta área, parece ser importante a ajuda dos os profissionais, tanto para as crianças, como para as famílias, para que tenham tempo e espaço para a dor, a aceitação e a renovação. Cada um de nós pode ajudar as crianças a enfrentar as dificuldades e todos os que desempenham um papel no acompanhamento das crianças, sejam eles professores, médicos, psicólogos ou pessoal de enfermagem, podem fazer muito para ajudarem as crianças e as suas famílias a enfrentarem o impacto da perda. Se conseguir-mos reconhecer a tensão e aceitar a validade do “falar” da criança conseguiremos então fazer alguma coisa para aliviar a dor. As 5 crianças expressam a sua angústia se os familiares, os amigos e os professores estiverem dispostos a ouvi-las, ou quando faltam as palavras, comunicam através da sua linguagem corporal ou exteriorização do seu comportamento. Um programa de grupo com crianças em luto pode ser útil, na medida em que pode ajudar as crianças a expressar abertamente os seus sentimentos de dor e a receber suporte de outros que se encontram na mesma situação mostrando-lhes que não estão sozinhas nos seus sentimentos. Mais especificamente, Linda Goldman (1996) refere algumas técnicas que podem ser utilizadas para ajudar estas crianças: Técnica / Formas de ajuda Descrição Visualização ou Imaginação guiada Ajuda a criança a criar imagens positivas, pensamentos saudáveis e reduzir ansiedade. Role-Playing Facilita a exploração e expressão dos sentimentos que a criança tem dificuldade em expressar como a raiva, medo... Os jogos, fantoches, histórias podem ajudar as crianças a projectarem os sentimentos não resolvidos de uma forma mais aberta. Explorar os sonhos Através de desenhos ou narração do sonho podemos aceder a pensamentos e sentimentos mais profundos. Trabalhar memórias Usar fotografias, artigos de jornais ou objectos associados à pessoa que morreu podem ajudar a solidificar sentimentos. Fazer uma caixa/livro de memórias pode ajudar as crianças a iniciar uma discussão e a partilhar as suas memórias. Projecção Os desenhos, brinquedos, contar histórias ajudam as crianças a projectarem os seus sentimentos. Teste da realidade É importante, que a criança aceite a morte como algo irreversível mas para tal deve-se promover um clima de estabilidade em que a criança perceba que a morte é uma experiência comum e que poderá voltar a ter uma vida normal. Isto pode-a ajudar a lidar com as suas preocupações e medos. A investigação parece indicar que não existem regras rígidas quanto à maneira de ajudarmos todas as crianças, mas há linhas mestras que realçam o que ajuda e o que atrasa o processo. Inicialmente é essencial aceitar que as crianças fazem um luto e que isto lhes pode provocar grande tensão. Precisão de toda a nossa compreensão e apoio para conseguirem sair com êxito das poderosa vagas de emoção que ameaçam submergi-las. Programa de Intervenção A nossa proposta de intervenção consiste num programa de grupo para crianças, entre o seis e os dez anos, que estão a passar por uma situação de luto. Os grupos devem conter entre sete a oito elementos com experiências de luto diversificadas 6 (tipo de morte, ligação afectiva à pessoa que morreu...). Este programa é constituído por seis sessões de periodicidade semanal com a duração de uma hora e meia cada sessão. Optamos por esta modalidade de intervenção porque é uma forma das crianças expressarem abertamente os seus sentimentos de dor e receberem suporte de outras crianças que se encontram na mesma situação. Além disso, os familiares da criança, muitas vezes tem dificuldade em lidar com esta situação e falar abertamente com as crianças acerca dos seus sentimentos, sendo importante criar um espaço seguro onde a criança se possa expressar. Adoptando uma perspectiva educativo-desenvolvimental, este programa pretende: ensinar as crianças a reconhecer e expressar sentimentos de tristeza, encorajando a comunicação aberta e descobrir concepções disfuncionais pouco saudáveis que a criança possa apresentar; proporcionar às crianças uma oportunidade para experenciar o luto e aceitá-lo num ambiente seguro e partilha-lo com outras crianças que também passaram por uma situação semelhante; dar às crianças informação sobre o luto para facilitar uma melhor expressão e compreensão dos seus sentimentos; e ajudar as crianças a reconhecer alternativas apropriadas para expressarem a sua dor. No planeamento da nossa intervenção baseamo-nos no modelo de adaptação à crise de Scholossberg, em que se presta atenção a interacção entre as características pessoais, ambientais e da crise em si. A consideração das características pessoais (idade, valores, estatuto socio-económico, competências psicossociais, ...) é importante, por exemplo, na escolha das actividades a realizar e na forma de abordar as temáticas, uma vez que estas devem estar adaptadas ao nível de desenvolvimento das crianças e ao estádio de luto em que a criança se encontra. Também são um factor importante a considerar na selecção dos elementos de cada grupo, sendo que a este nível é importante uma certa diversidadeao nível das experiências mantendo, no entanto, alguma homogeneidade para não haver uma discrepância muito grande entre os elementos o que iria dificultar a partilha. As características dos ambientes pré e pós crise, como sejam contexto físico, sistema de suporte interpessoal e o suporte institucional, são fundamentais numa intervenção deste tipo tendo como objectivo manter uma certa continuidade entre estes ambientes, o que trará à criança mais estabilidade e controlo sobre a situação. Neste âmbito, tivemos a preocupação de abordar a temática da mudança com relativa frequência, procurando que a criança explorasse diferenças pré e pós a morte de alguém significativo, assim como os pensamentos e sentimentos associados a essas 7 mudanças. Além disso, pensamos também ser importante envolver a família da criança no programa, convidando-a a participar em alguns momentos das sessões, informando-a acerca do processo de grupo e tentando obter algum feedback. Por último, as características específicas de uma situação de luto em particular (fonte externa, afecto negativo, implica perdas, tem caracter permanente) exigem da criança determinados recursos e competências que tentamos levar em atenção na nossa intervenção. Tratando-se de uma intervenção em situações de crise, as estratégias escolhidas procuram ir de encontro às necessidades criadas por estas situações, em que parece ser importante, como foi referido na base generativa, que as crianças falem livre e abertamente sobre o que aconteceu, sobre os seus pensamentos e sobre as suas emoções sem julgamento ou crítica, seguindo uma orientação mais cognitivista. Desta forma, pensamos ser importante na aplicação do programa, reforçar o positivo, de modo a que as crianças possam construir defesas; evitar reacções psicológicas e emocionais excessivas; reforçar comportamentos e comunicação apropriados; facilitar a manutenção de uma rede de suporte social; e promover o auto-conceito e a autoconfiança das crianças. Em síntese, esta intervenção pretende ajudar as crianças a lidar com a situação de crise imediata, prevenir o desenvolvimento de sintomas graves, assim como avaliar necessidades de intervenção posteriores. Estrutura do programa Sessão I: Introdução e Discussão da Morte/Grief Objectivos Actividades 8 Familiarizar os participantes com a experiência de luto dos membros do grupo Estabelecer regras de funcionamento do grupo Oferecer a cada participante oportunidades para partilhar a sua experiência de morte/luto Ouvir a experiência de luto das outras crianças para que compreendam que não são as únicas que perderam alguém querido Introduzir as sessões de grupo Apresentação dos facilitadores, dos objectivos do programa, das regras de funcionamento Breve descrição das sessões e informação geral acerca dos trabalhos de casa. Nota: Os pais/responsáveis pelas crianças são convidados a participar nesta parte da sessão e eles podem fazer questões ou dar conselhos nesta altura. Início das actividades Os participantes devem realizar uma actividade que favoreça o conhecimento dos membros do grupo e que os faça sentir mais confortáveis no seio do mesmo. Partilhar a experiência de Morte Incentivar cada participante a partilhar informação acerca da sua experiência com a morte, incluindo, quem morreu, tipo de morte, à quanto tempo ocorreu, e outra informação que eles desejem partilhar. Desenho da morte/vida Pedir às crianças para num lado da folha desenharem uma imagem que represente a morte e do outro lado uma que represente a vida. Discutir o desenho em grupo. Lanche Oportunidade de partilha informal entre as crianças Sessão II: Discussão de Conceitos/Mudanças ligadas à Morte Objectivos Actividades Explorar a percepção das crianças de morte/grief mostrando formas alternativas mais adaptativas Aprender conceitos básicos sobre a morte Avaliar o entendimento da causa de morte Identificar crenças disfuncionais e aceitar a realidade de perda Discutir as mudanças/perdas pessoais Identificar maneiras de lidar com a mudança Discutir mudanças relacionadas com a morte Relembrar as temáticas abordadas na sessão anterior Fazer desenhos e actividades relacionadas com o processo de luto de cada criança e partilhá-los com o grupo Incentivar as crianças a narrarem/desenharem um sonho que tenham tido e explorar o seu conteúdo em grupo. Explorar as mudanças familiares que ocorreram com a morte da pessoa querida completando frases e discutindo-as em grupo 9 Sessão III: Sentimentos / Auto- estima Objectivos Actividades Fornecer informação acerca dos sentimentos associados com o processo de luto/grief Oferecer uma oportunidade às crianças de expressarem os seus sentimentos acerca da morte da pessoa significativa Assegurar a criança acerca da normalidade dos seus sentimentos Encorajar a aceitação e a partilha de sentimentos Identificar maneiras de expressar sentimentos negativos Mostrar a relação entre grief e auto-estima / autoconfiança Início das actividades Distribuir um cartão a cada criança com um sentimento e estas devem indicar uma situação em que se sentiram assim. Listar Sentimentos É feita pelo grupo em conjunto escrevendo-se no quadro tendo em conta que: Não há sentimentos bons e maus Todos temos diferentes sentimentos em diferentes momentos Falar com alguém acerca dos nossos sentimentos pode ser difícil Ás vezes estamos confusos e frustados quando estamos a passar por um luto, e O luto afecta a forma como nos sentimos connosco próprios Desenho dos sentimentos Escolher um dos sentimentos da lista e desenhá-lo. Partilhar o desenho e falar sobre ele aos outros membros do grupo Actividade da placa de papel De um lado, a criança desenha como se sentia antes da morte e do outro de como se sente agora. Partilha com o grupo. Sentimentos de culpa Ler uma história às crianças que aborde esta temática e discuti-la em grupo (E.g. O Fardo de Bracken de Brenda Mallon) Lanche Oportunidade de partilha informal entre as crianças Introdução da próxima sessão (TPC para próxima sessão) Levar na próxima sessão um objecto na memória para partilhar com o grupo. Pode ser uma imagem, dom, comida, ou qualquer coisa que vos lembre a pessoa especial que perderam. Trazer também uma revista velha que possam cortar para fazer colagens. Sessão IV: Memórias Objectivos Actividades 10 Explorar e reforçar o uso de memórias positivas na forma como vivenciam o luto/grief Oferecer às crianças oportunidade para partilhar as suas memórias especiais durante a sessão. Discutir memórias dolorosas. Início das actividades Pedir às crianças para pensarem e escreverem uma memória que gostem de recordar acerca da pessoa querida que morreu Pedir às crianças para pensarem e escreverem uma memória que queiram esquecer acerca da pessoa querida que morreu Partilhar estas memórias com o grupo Partilhar memórias Trazer para o grupo um objecto da pessoa que morreu, descrevê-lo e dizer porque é que o objecto é importante para a criança. Colagem de memórias Procurar e cortar imagens numa revista que lhe lembrem a pessoa que morreu (prato preferido, cores, passatempos, profissões, roupas, locais, ...) e fazer uma colagem com estas imagens. Lanche Oportunidade de partilha informal entre as crianças Sessão V: Processo de enterro (funeral) Objectivos Actividades Oferecer às crianças oportunidade para falarem sobre o funeral da pessoa querida Torná-los aptos a explorarem o processo de funeral efazerem questões acerca do mesmo. Desenho do funeral Explicação do processo de funeral Sentir a própria história/experiência de funeral Completar frases acerca de grief/ funeral Lanche Sessão VI: Finalização Objectivos Actividades Expressar a grief de forma alternativa através do uso de fantoches ou de uma história Fornecer informação acerca de formas construtivas de lidar com a morte/grief Identificar/reconhecer sistemas de Actividade de fantoches Pedir aos membros do grupo que indiquem formas construtivas de lidar com a dor resultante da perda, escrevê-las num quadro e discuti-las em grupo. Escrever uma carta acerca do que +/- gostarem no grupo, de como esta experiência os ajudou... Convidar os pais a participarem nos últimos 15 11 apoio... Rever o programa Iniciar o encerramento da experiência de grupo Encorajar as crianças a continuarem a partilhar os seus sentimentos e memórias acerca da pessoa querida que eles perderam minutos da sessão, onde os facilitadores podem rever com os pais o que ocorreu durante as sessões e elicitar feedback dos pais acerca das suas interacções com as crianças durante o programa de grupo. Lanche Dar uma lembrança da experiência de grupo a cada elemento para levarem para casa (e.g. Boneco de peluche, livrinho,...). Avaliação Para fazer uma avaliação formativa, consideramos pertinente no final de cada sessão os facilitadores reunirem e discutirem cada caso assim como o processo de grupo, analisando o material feito pelos elemento do grupo. Além disso, consideramos fundamental, no final de cada sessão pedir feedback às crianças acerca da sessão (se gostaram, como se sentiram, o que gostariam de fazer, dúvidas com que ficaram...). O momento do lanche também pode ser um momento importante para avaliar as crianças e a forma como estas estão a vivenciar a experiência de grupo. Para avaliar os resultados da intervenção planeamos fazer uma avaliação imediatamente após o término do programa pedindo às crianças para escrever uma carta sobre a experiência de grupo por que passaram, assim como, solicitando os pais/responsáveis pela criança a participarem no final do programa, de forma a darem feedback sobre as alterações verificadas na criança. Planeamos ainda, avaliações mais espaçadas no tempo, mantendo contactos periódicos (gradualmente mais espaçados no tempo) com a família da criança para ver a necessidade de novas intervenções ou possível ocorrência de recaídas. Aspectos a considerar... As principais dificuldades que antecipamos na aplicação deste programa prendem-se, por um lado, com a aceitação da implementação destes programas, uma vez que ainda há pouca sensibilização para a problemática do luto infantil especialmente no que concerne à utilidade da intervenção psicológica a este nível. Por outro lado, o envolvimento das famílias e das próprias crianças no programa também pode ser um obstáculo dado à situação difícil (luto) em que normalmente se encontram, não estando capazes de colaborar/participar da melhor forma. 12 No que diz respeito às limitações do programa de grupo, consideramos que talvez devesse ter uma maior interacção com outras áreas da vida da criança, como o colégio ou a escola, uma vez que também são contextos de desenvolvimento importantes para a criança. Outra dificuldade por nós antecipada diz respeito ao facto desta ser simultaneamente uma intervenção grupal e individual, exigindo por parte dos facilitadores uma articulação constante entre as questões temáticas a desenvolver no programa e a ponderação dos processos de grupo. o que nem sempre é fácil. Se estes factores não forem levados em conta, podem ocorrer fenómenos sobre os quais os facilitadores não tem qualquer controle podendo as consequências do programa não serem as mais desejadas. Neste sentido, consideramos pertinente que cada grupo tenha dois facilitadores, para que este controlo/monitorização seja mais fácil. Outro aspecto que nos levantou algumas duvidas na execução do programa prende-se com a decisão de fazer com que as crianças partilhem a sua experência de luto logo na primeira sessão, já que, poderá ser uma fase muito prematura ao nível do desenvolvimento do grupo. No entanto, optamos por tomá-la porque pensamos que poderá facilitar a identificação dos elementos ao grupo promovendo o envolvimento futuro e coesão entre os membros. Contudo, dada a precocidade das relações estabelecidas, consideramos que se deva deixar a criança falar somente aquilo que deseja acerca da morte e quando esta se sentir à vontade para tal. Além disso, o facilitador deve estar atento e verificar se o grupo se encontra apto a ouvir e saber respeitar as histórias dos outros, de forma a evitar que alguma criança experencie qualquer mal-estar que poderia comprometer a sua continuação no grupo. Em suma, esta fase inicial do programa pode apresentar alguns perigos, exigindo algumas decisões importantes por parte dos facilitadores, sendo necessário alguma flexibilidade na escolha das actividades a realizar de acordo com o grupo particular e o estado em que este se encontra. Outra dificuldade que pode surgir do programa prende-se com a excessiva dependência dos elementos ao grupo, sendo necessário trabalhar muito bem o encerramento do grupo de forma a que todos os elementos se encontrem aptos para o fazer, tendo interiorizado as temáticas tratadas e estando capazes de as transportando para a vida do quotidiano (estádio de recordação e dissolução). 13 Bibliografia Goldman, L.(1996). Breaking the silence: a guide to help children with complicated grief – suicide, homicide, aids, violence and abuse. Bristol: Accelerated Development. Grinberg, L. (2000). Culpa e Depressão. Lisboa: Climepsi editores. Haasl, B., Marnocha, J. (1990). Group Program for children. Bristol: Accelerated Development. Heegaard, M. (1998). Quando alguém muito especial morre: As crianças podem aprender a lidar com a tristeza. Porto Alegre: Artes médicas. Mallon, B. (2001). Ajudar as Crianças a Ultrapassar as Perdas: Estratégias de renovação e crescimento. Porto: Ambar. Marques, T. (1999). Como falar da morte a uma criança. Viver com Saúde, 22, 32-39. Rando, t. (1984). Grief, Dying, and Death: Clinical Interventions for Caregivers.Illinois: Research Press Company. Worden, J. (1996). Children and grief. New York: Guilford. 14 Trabalho realizado para a cadeira de Métodos de Intervenção Base generativa “Sinto-me como a última pétala que ficou numa flor e as outras pétalas estão a voar para longe...” Fase I – Primeiro estádio: A fase do protesto Fase II – Estádio Agudo: A fase da desorganização Fase III- Estádio da cedência: A fase da reorganização Resposta “grief” Descrição Técnica / Formas de ajuda Descrição Estrutura do programa Sessão I: Introdução e Discussão da Morte/Grief Sessão II: Discussão de Conceitos/Mudanças ligadas à Morte Bibliografia
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