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CONVULSÕES NA INFÂNCIA Esse resumo refere-se a vinheta 6 de pediatria – 8º Período O que é convulsão? É uma disfunção transitória do cérebro decorrente de uma descarga elétrica excessiva de uma população de neurônios hiperexcitáveis (anormal). Pode ter origem infecciosa, por distúrbio metabólico, por TCE, por AVC, etc. Tipos de crise: ILAI reconhece 3 tipos: FOCAIS: acorre de forma localizada Simples: quando não há comprometimento da consciência e da reatividade Complexa: quando existe perda da consciência e da reatividade da pessoa com a ambiente GENERALIZADAS: ocorre perda da consciência com manifestações tônico- clônicas CRISES NEONATAIS: podem ser localizadas ou generalizadas Crises focais simples: Nesse tipo de crise podemos citar alguns tipos de acontecimentos a depender da área afetada. MOTORAS: origem em córtex motor e pode gerar abalos tônicos de extremidade SENSITIVAS: origem pode ser em córtex sensitivo, visual, amigdala e pode gerar parestesias, flashes luminosos, alucinações olfatórias, etc. AUTONOMICAS: origem em córtex temporal e pode gerar dor abdominal, sensação de déjá ve, raiva, medo súbito. PSIQUICAS: origem em córtex frontal e pode gerar estado de confusão mental. Crises focais Complexas: Podemos gerar alguns comportamentos como: AUTOMATISMO SIMPLES: origem no córtex temporal e pode fazer a pessoa mastigar, esfregar, cheirar, ter hipersialorreia, etc. AUTOMATISMO COMPLEXO: origem no córtex frontal medial e pode fazer a pessoa andar sem propósito, correr, pular, dançar, etc. POSTURA DISTÔNICA: origem no córtex temporal e pode fazer a pessoa ficar com cabeça e olhos lateralizados e elevação dos membros. Crises generalizadas: Nessas crises, podemos citar crises: AUSENCIA: Parada da movimentação do olhar, breve e sem período pós-ictal TONICO CLÔNICA GENERALIZADA: aqui há enrijecimento muscular do tronco, membros, cianose, versão ocular seguida de abalos musculares breves e repetidos TONICA: enrijecimento muscular do tronco e dos membros CLONICA: Contrações musculares bilaterais seguidas de relaxamento ATONICA: perda do tônus da cabeça, tronco e membros, caindo ao solo CONVULSÕES NA INFANCIA: As convulsões neonatais são decorrentes principalmente de distúrbios metabólicos, infecciosos e hipóxia e são chamadas de CRISES SINTOMÁTICAS. Em lactentes e na primeira infância a crise febril é a causa mais frequente, ocorrendo na presença de febre sem sinais de infecção do SNC e sem distúrbio metabólico. Sua fisiopatologia ainda não é muito compreendida, mas provavelmente é por desbalanço entre os neurotransmissores excitatórios e os inibitórios. CRISE FEBRIL: A crise febril atinge crianças entre 6 meses a 6 anos em média ocorrendo em períodos de ascensão rápida da febre, mas podendo ocorrer tbm em temperaturas <38ºC. Qualquer febre pode gerar a crise, excluído infecção no SNC e distúrbio metabólico, durando geralmente <15 min. No exame neurológico posterior não tem sequelas e está normal, mas imediatamente após a crise tonico clonica generalizada tem o período pós-ictal de sonolência leve. A crise febril tbm pode ser subdivida em SIMPLES ou COMPLEXA. SIMPLES: dura <15 min, tem resolução espontânea, não retorna com 24h e o exame neurológico após a crise é normal COMPLEXA: dura >15 min, retorna em <24h, pode ter início focal. Importante salientar que há controversas se a CF complexa seria um predisponente para epilepsia! O tratamento da CF é o mesmo de toda convulsão e a temperatura deve ser controlada por medicamentos e por métodos físicos como uso de compressas frias. Conduta: Retirar agasalhos e roupas apertadas Dipirona 0,1 ml/kg IM Proteger contra objetos pontiagudos e deixar a criança em decúbito lateralizado para facilitar a drenagem de secreção e evitar broncoaspiração Tratamento anticonvulsivante: Diazepam 0,3-0,5 mg/kg EV ou retal (atentar para quantas mg tem em quantas ml – Ex: diazepam 10mg/2ml, então em criança de 15kg daria 1ml injetável). Se não tiver melhora, repetir 1x após 5 min. (O que aprendi na UPA: Faz o diazepam, se não funcionar, fazer fenitoina e se não funcionar fazer fenobarbital. Se mesmo assim continuar ir para UTI. Caso não consiga acesso para diazepam, pode trocar por midazolam IM 0,2-0,5 mg/kg). Bucar foco de infecção: EAS, Radiografia de tórax, hemograma Dosagem de eletrólitos e glicemia para afastar crise sintomática (decorrentes de distúrbios metabólicos, infecciosos e hipóxia) Punção lombar caso em menores de 6 meses, crianças com recuperação lenta ou alteração de exame neurológico pós-ictal, petéquias, repetição de crise. EEG não orienta conduta e imagem não tem valor diagnóstico. Não é recomendado o uso de anticonvulsivantes contínuos ou profiláticos na CF simples, devido seus efeitos colaterais sistêmicos, cognitivos e comportamentais. Já na CF complexa pode-se usar diazepam nas febres, mais uso contínuo (0,3mg/kg/dose VO 8/8h) no início da febre até resolução (2-3 dias). Em casa pode usar o diazepam em gel via retal, pois aborta crise atual e previne recorrência em 24h. EPILEPSIAS: A epilepsia é uma doença cerebral caracterizada por 2 crises convulsivas espontâneas em intervalo maior que 24h. ILA tbm classifica os tipos de crise: Sind. Epilépticas Neonatais – dist. Metabólico, anomalias genéticas Sind. Epilépticas do Lactente – West, Dravet Sind. Epilépticas da Infância – Lennox- Gastaut, ausência, rolândica Sind. Epilépticas da Adolescência – epilepsia mioclonica juvenil, ausência, crises tonico clonicas Síndrome de West: É mais comum no primeiro ano de vida e é caracterizada pela tríade: espasmo que envolve tronco, pescoço ou membros; interrupção ou involução do desenvolvimento neuropsicomotor; padrão de hipsarritmia no EEG (ondas agudas e lentas em alta voltagem em todas as regiões corticais, com distribuição anárquica, dando a impressão de desorganização caótica da eletrogênese cortical). Síndrome de Dravet: Caracterizada por epilepsia mioclonica grave de difícil controle (estado de mal epiléptico – crise por mais de 30min); atraso do desenvolvimento e comportamento e déficit intelectual Síndrome de Lennox-Gastaut: Inicia na fase pré escolar (3-5 anos) em criança com comprometimento neurológico prévio. Tríade clássica: crises de difícil controle medicamentoso, complexo ponta onda no EEG e comprometimento cognitivo. Geralmente fazem dieta cetogênica pela falha medicamentosa Ausência na Infância: Acomete crianças neurologicamente normais, sendo crises de ausência típica ou lentificação do movimento que se repete várias vezes ao dia. Epilepsia Rolândica: Acomete crianças neurologicamente normais, sendo crises parciais simples do tipo motora ou sensitiva sem perda de consciência. Drogas anti epilépticas (DAE): Para utilização deve-se buscar dose terapêutica com menor efeito colateral, monitorar níveis séricos, controlar hemograma e provas de função hepáticas (principalmente nos primeiros 3 meses). Usam-se por pelo menos 2 anos e com suspensão lenta. ESTADO DE MAL EPILEPTICO (EME): Caracterizado por crise convulsiva com duração >30min ou duas ou + crises subsequentes sem recuperação de consciência entre os episódios. Definição ILAI: T1: Tempo que se considera crise anormalmente prolongada e determina inicio do tratamento da crise T2: Tempo em que o tratamento deve ser agressivo para prevenir consequências de morte neuronal e lesões neuronais Em crises generalizadas: T1=5min e T2=30min Em crises focais: T1=10min e T2=60min Estadiamento do EME: Estágio 1 (iminente EME): Primeiros 5 min Estágio 2 (EME estabelecido): 30min Estágio 3 (EME refratário): >60min Estágio 4 (EME super refratário): >24h Ações: Estágio 1: estabilização, proteger vias aéreas, colocar sonda nasogástrica se necessário, garantir acesso venoso, máscara de oxigênio, monitorar sinais vitais, glicemia capilar (tratar glicose <60), colher exames e se febril, antitérmicos. Estágio 2: benzodiazepínicos (esquema do diazepam ou midazolam) Estágio 3: Fenitoína 20mg/kg máx 1500mg em 1h EV se melhorar ir para dose de manutenção OU fenobarbital (1ª escolha em neonato) 15-20mg/kg EV diluído em soro fisiológico lentamente OU ácido valproico 20-40mg/kg EV max 3000mg Estágio 4: UTI com ventilação mecânica sob sedação com midazolam ou propofol infusão contínua. Resolução da convulsão: Necessita ser avaliado, monitorizado, aprofundar história e exame físico, avaliar possibilidade de intoxicação exógena. Hospitalização necessária quando em crises prolongadas (>30min), abaixo de 1 ano, prostração, exame neurológico alterado e justificativas sociais. Orientação aos pais: Deixar criança em decúbito lateral, retirar objetos de perto, afrouxar roupas e retirar óculos, proteger a cabeça, monitorar tempo de crise, não colocar nada na boca só limpar a sialorreia, não tentar controlar os movimentos, acionar o SAMU Observações: EME pode ser a primeira manifestação do primeiro episódio de uma epilepsia Mortalidade relacionada a causa, idade, tempo de crise e resposta ao tratamento Inicialmente há um aumento de fluxo sanguíneo cerebral tentando compensar o distúrbio neurológico. Após 30-60 minutos esse mecanismo deixa de existir, aumentando risco de hipoxia, distúrbio metabólico e lesão neuronal .
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