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Meningite e Convulsões na Infância

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1 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
INTRODUÇÃO 
➢ As meningites e as convulsões são duas condições clínicas muito 
comuns e que confundem bastante os profissionais de saúde, pois, 
na meningite, a depender da evolução do quadro, a criança pode 
apresentar convulsões. Além disso, uma criança apresentando 
convulsão febril, que é benigna, pode simular um quadro de 
meningite, dificultando o diagnóstico 
➢ Meningite → trata-se de uma condição clínica grave e de alta 
morbimortalidade 
• É o principal quadro infeccioso intracraniano mais comum 
na infância 
• Assim, quando se está diante de uma lesão intracraniana 
aguda, a principal causa a ser pensada (excluindo-se o 
trauma) é a meningite 
• Trata-se de uma inflamação da Aracnóide (por isso que o 
termo poderia muito bem ser modificado para Aracnoidite) 
• Convulsões → surgem após o 1° ou 2° dia de infecção, 
sendo um evento tardio 
• Nível de consciência → a recuperação do nível de 
consciência após a crise convulsiva (período pós-ictal) pode 
não ocorrer ou é bastante lenta 
• Cursa com sinais e sintomas e alterações laboratoriais: 
▪ Sintomas → geralmente, os sintomas são 
inespecíficos, principalmente nas crianças com menos 
de 2 anos de idade 
✓ Caracteriza-se por um quadro infeccioso 
arrastado, com uma piora clínica progressiva, na 
qual a criança vai perdendo a sua interação com 
o meio (Ex: perda do apetite). Assim, o processo 
febril vai piorando progressivamente e vão 
surgindo os sinais evidentes de uma doença das 
meninges, que são os sinais meníngeos 
▪ Sinais Meníngeos → aparecem com a progressão do 
quadro 
✓ Rigidez de nuca 
✓ Sinal de Kernig 
✓ Sinal de Brudzinski 
▪ Alterações Laboratoriais: 
✓ Alterações do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) → 
é a de maior sensibilidade, apresentando, assim, 
maior acurácia para o diagnóstico 
o A meningite é um processo infeccioso que 
atinge a aracnoide, que é a meninge que 
envolve o líquor. Assim, devido ao processo 
inflamatório e de vasodilatação, essa 
meninge altera a sua composição, e começa 
a ocorrer extravasamento de conteúdo 
plasmático para o interior do líquor. Dessa 
forma, esse extravasamento de células e 
proteínas e o consumo de glicose alteram a 
composição do líquor e, consequentemente, 
irão permitir a confirmação diagnóstica de 
meningite e a etiologia dessa doença (se 
viral ou bacteriana) 
• Etiologia → Meningite Viral x Bacteriana 
▪ Meningite Viral → a maioria dos quadros de meningite 
são de etiologia viral 
▪ Meningite Bacteriana → é a de maior mortalidade, 
apresentando até 80% de mortalidade quando não é 
devidamente tratada 
✓ Meningococo → é o agente de maior mortalidade 
o Atenção → antes mesmo do resultado do 
LCR, que demora cerca de 1 a 2 horas para 
ficar pronto, deve-se iniciar a 
antibioticoterapia direcionada para o agente 
de maior mortalidade, que é o Meningococo 
o O meningococo é sensível à Ceftriaxona 
➢ Convulsões → são comuns de ocorrerem, sendo benignas, não 
trazendo qualquer morbidade para o paciente 
• Crise Convulsiva Febril Benigna → são crises convulsivas 
de curta duração, durando menos de 10min 
▪ Habitualmente, quando a criança apresenta uma crise 
convulsiva febril benigna, essa crise não se repete mais 
na mesma doença febril. Ou seja, a criança tem a febre 
e apresenta uma crise convulsiva, com curta duração 
e cessando em casa. Essa febre dura 2 a 4 dias, por 
exemplo, e essa crise convulsiva não se repete mais ao 
longo desses dias → é apenas uma crise convulsiva no 
atual evento febril, com início nas primeiras 24 horas 
de febre 
▪ Convulsão → a convulsão ocorre nas primeiras 24 
horas de febre (é precoce) 
▪ Nível de consciência → a recuperação do nível de 
consciência após a crise ocorrer rapidamente 
(minutos após a crise convulsiva) 
➢ Duração da Crise Convulsiva: 
• O tempo de duração da crise é importante devido ao fato de 
que as crises de longa duração estão mais relacionadas a 
um pior prognóstico 
• Crises de curta duração (< 10 min) → do ponto de vista 
neurológico, são crises com duração de até 10min (não 
ultrapassando 10min) 
• Como os pais, geralmente, não cronometram o tempo das 
crises, uma forma de avaliar a duração da crise é perguntar: 
▪ Quando a crise cessou? (em casa, no momento em que 
estava sendo transportado para o hospital ou no 
próprio hospital): 
✓ Em casa (< 10min) → geralmente, crises que 
cessam em casa, sem nenhuma intervenção 
médica, são crises de curta duração 
✓ No caminho para o hospital (>10min) → tendem a 
ser crises mais longas, com duração superior a 10 
min 
✓ No hospital → as crises que apenas cessam no 
hospital, com uso de medicações, falam a favor de 
crises de longa duração, sendo sugestivas de mal 
epiléptico 
➢ Meningoencefalites: 
• Correspondem a uma emergência médica, devido à alta 
morbimortalidade → ou seja, são crianças que, se não 
tratadas rapidamente e de forma adequada, podem: 
 
2 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
▪ Evoluir para o óbito 
▪ Apresentar sequelas → Ex: epilepsias, hidrocefalia, 
abscesso intracraniano, surdez, alterações cognitivas 
• Diagnóstico clínico-etiológico → deve ser feito de forma 
rápida, para que seja feito o tratamento inicial 
• Diagnóstico laboratorial → Punção do LCR (padrão-ouro) 
• Tratamento da meningoencefalite → sempre é feito com a 
internação hospitalar da criança, com isolamento nas 
primeiras 48h 
EPIDEMIOLOGIA 
➢ Houve uma mudança epidemiológica nos anos 1990: 
• Antes dos anos 90 → a meningite era um grande problema 
de saúde pública, devido a sua alta mortalidade, 
principalmente provocada pelo Haemophilus influenzae 
• Após os anos 90 → houve uma redução dos casos e da 
mortalidade, devido à cobertura vacinal para Haemophilus 
influenzae associada a medidas gerais de higiene (Ex: 
lavagem das mãos) 
▪ Assim, o H. influenzae deixou de ser o principal 
causador de mortalidade (hoje em dia corresponde 
apenas a cerca de 1%) 
▪ A grande maioria dos casos de meningite estão 
relacionados a quadros virias 
▪ Os casos que são causados por bactérias, os agentes 
etiológicos mais comuns são o Meningococo e o 
Pneumococo 
➢ Faixa etária: 
• Faixa etária mais prevalente para os quadros de meningite 
bacteriana ou viral → 1 a 9 anos de idade 
• Não são comuns os quadros de meningite em adultos 
• As meningites são mais comumente encontradas em 
crianças e idosos 
➢ Etiologia: 
• Etiologia viral → corresponde a 42 a 90% dos casos de 
meningite 
▪ Quadros virais têm menor mortalidade, mas ainda 
causam morbidade (há risco de sequelas) 
▪ As crianças raramente precisam de tratamento em 
centros de terapia intensiva com utilização de 
ventilação mecânica 
▪ A grande maioria dos casos de meningite viral 
necessita apenas de suporte, como tratamento para 
febre, medicamentos para diminuir a cefaléia (que é 
bastante comum nos quadros de meningite viral), 
correta hidratação do paciente (devido aos vômitos 
que comumente ocorrem) e elevação da cabeceira do 
leito (para reduzir a hipertensão intracraniana) 
▪ Na grande maioria dos casos, esses pacientes 
necessitam apenas de internação hospitalar por 3 a 5 
dias, sem uso de medicações específicas 
▪ Quando há necessidade de medicação específica → 
quando a Reação de Cadeia Polimerase (PCR) 
diagnostica infecção por Herpes Vírus, havendo 
necessidade de utilizar antivirais 
• Etiologia bacteriana → corresponde a 15% dos casos de 
meningite 
▪ Tem praticamente o mesmo quadro clínico da 
meningite de etiologia viral. Assim, o diagnóstico 
diferencial é feito a partir do líquor do paciente 
▪ As meningites, tanto virais quanto bacterianas, 
caracterizam-se por uma Tríade Clínica associada a 
Sinais → principalmente naquelas crianças com mais 
de 2 anos de idade (os < 2 anos apresentam sinais e 
sintomas inespecíficos) 
✓ Tríade clínica: 
o Cefaleiao Febre alta 
o Mau estado geral associado a vômitos 
✓ Sinais → sinais relacionados à inflamação da 
aracnoide (irritação meníngea) 
o Rigidez de nuca → tenta-se flexionar o 
pescoço de paciente, de modo que o seu 
queixo toque o esterno. Nos quadros de 
meningite, a flexão cervical apresenta uma 
barreira, não se conseguindo flexionar o 
pescoço do paciente 
o Sinal de Kernig → quando se eleva as 
pernas do paciente, ele faz, de forma 
reflexa, a flexão do tronco para diminuir a 
dor diante do estiramento da raiz nervosa 
quando a perna é levantada 
o Sinal de Brudzinski → quando se faz a 
flexão cervical e o paciente, de modo 
reflexo, faz a flexão das coxas sobre o 
quadril, na tentativa de diminuir a dor 
provocada pela extensão da raiz nervosa 
o A aracnoide envolve as raízes nervosas. 
Assim, como na meningite há um processo 
inflamatório da aracnoide, ocorre uma 
hipersensibilidade das raízes nervosas, 
fazendo com que os movimento de 
estiramento provoquem dor e, 
consequentemente, uma posição antálgica 
(movimentos reflexos para diminuir a dor 
provocada pelo movimento) 
• Causa desconhecida → em 17% dos casos não se 
consegue definir se é viral ou bacteriana 
PROCESSOS INFECCIOSOS INTRACRANIANOS 
➢ Caracterizam-se por doenças infecciosas que vão se arrastando 
ao longo do tempo e que vão piorando progressivamente: 
• Exemplos de piora progressiva: 
▪ Febre que antes era de 8 em 8 horas e agora passou a 
ser de 4 em 4 horas 
▪ Perda progressiva do apetite → primeiro não ingere 
sólidos, depois não ingere alimentos pastosos e, por 
último, não consegue ingerir líquidos 
▪ Apresentação de crises convulsivas → cerca de 30% 
dos casos podem apresentar convulsões 
▪ Rebaixamento progressivo do nível de consciência 
 
3 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
▪ Vômitos → é um sinal precoce e que está relacionado 
à hipertensão intracraniana 
• Assim, um quadro clínico apresentando cefaléia, vômitos, 
febre persistente e rebaixamento progressivo do nível de 
consciência fala a favor de um processo infeccioso agudo 
➢ Processos infecciosos agudos intracranianos: 
• Meningites: 
▪ São os mais comuns, principalmente as de etiologia 
viral 
▪ Definição → trata-se da inflamação da aracnoide 
• Meningoencefalites: 
▪ Definição → além do processo inflamatório da 
aracnoide, tem-se também a inflamação do encéfalo 
▪ Tem pior prognóstico, pois o risco de mortalidade e de 
sequelas é bem maior 
• Encefalites: 
▪ São menos comuns 
▪ Não há comprometimento meníngeo, não havendo, 
assim, sinais de rigidez de nuca e nem de irritação 
meníngea 
▪ O comprometimento do sistema nervoso central pode 
estar presente (Ex: rebaixamento do nível de 
consciência, convulsões, cefaleias, vômitos, queda 
progressiva do estado geral...) pode estar presente 
➢ Essas patologias tem grande morbidade, podendo causar 
sequelas futuras como: 
• Epilepsias 
• Atrasos Cognitivos 
• Hidrocefalia... 
➢ QUADRO CLÍNICO: 
• A apresentação clínica é de início súbito, pois é uma doença 
aguda que evolui ao longo de poucos dias 
• Há uma diferença da apresentação clínica entre lactentes e 
maiores de 2 anos de idade: 
▪ Como o lactente apresenta a fontanela anterior aberta 
até o 1º ano de idade, isso faz com que os sinais de 
irritação meníngea sejam menos específicos nessa 
idade 
▪ A partir de 1 ano de idade, com o fechamento da 
fontanela anterior, os sinais de irritação meníngea 
podem estar presentes 
• Lactentes: 
▪ Febre 
▪ Irritabilidade 
▪ Inapetência 
▪ Apatia 
▪ Vômitos 
▪ Abaulamento de fontanela → é um sinal que está 
relacionado a presença de edema cerebral 
✓ Normalmente, a fontanela anterior tem o 
tamanho de duas polpas digitais e é um pouco 
deprimida. Assim, na meningite, quando se palpa 
a fontanela do lactente sente-se ela levantada 
(abaulada) 
• Maiores de 2 anos → tem-se uma apresentação clínica 
mais típica 
▪ Tríade Clássica: 
✓ Cefaleia 
✓ Febre 
✓ Vômitos 
▪ Convulsões → podem ocorrer em 30% dos casos 
✓ Não há características de benignidade, 
apresentando maior duração, repetição e 
associação com rebaixamento do nível de 
consciência 
▪ Rigidez de nuca 
▪ Sinal de Kernig 
▪ Sinal de Brudzinski 
CONVULSÃO FEBRIL 
➢ INTRODUÇÃO → trata-se de uma condição benigna, de 
tratamento domiciliar e sem associação com lesão intracraniana 
• Definição: 
▪ A crise convulsiva febril simples é definida pelos 
seguintes: 
✓ Crise convulsiva de curta duração (< 5 minutos) 
✓ Recuperação completa do nível de consciência 
após a crise 
✓ Ausência de déficits neurológicos 
▪ Exame neurológico (é obrigatório que o médico faça 
essa avaliação em todo paciente que apresentar déficit 
neurológico agudo na emergência) → é normal e sem 
sinais de alerta 
✓ Escala de Coma de Glasgow (ECG) 
✓ Reflexo Pupilar 
✓ Movimento ocular extrínseco → avaliação do III 
(oculomotor), IV (Troclear) e VI (Abducente) pares 
de nervos cranianos 
▪ As crises convulsivas febris ocorrem 
predominantemente no 1º dia de febre 
• No período pós-crise há uma rápida recuperação do nível de 
consciência 
• Ocorre a apresentação da convulsão de forma precoce 
(primeiras 24 horas) e de curta duração 
• Não há risco de morbimortalidade 
• A febre é um gatilho para que a convulsão ocorra (a 
convulsão surge como resposta à febre) 
• A convulsão cessa espontaneamente, sem necessidade de 
uso de medicação anticonvulsiva 
• Qualquer exame complementar solicitado tem resultado 
normal (Ex: Tomografia de Crânio, Ressonância Magnética, 
Eletroencefalograma) 
• Importante: 
▪ A convulsão não se repete mais no mesmo evento febril 
(ou seja, há apenas 1 episódio convulsivo em 
decorrência do atual quadro febril da criança) 
➢ EPIDEMIOLOGIA: 
• Afeta cerca de 5% da população pediátrica. Assim, é algo 
comum de ocorrer 
 
4 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
• Faixa étaria: 
▪ Afeta crianças com idade entre 6 meses e 5 anos 
▪ Pico de inciência → 18 meses de vida (1 ano e 6 meses) 
▪ Atenção → nos seguintes casos não se pode 
diagnosticar logo diretamente uma convulsão febril 
benigna, devendo-se investigar a presença de 
infecções intracranianas: 
✓ Febre e convulsão em recém-nascidos 
✓ Febre e convulsão em adolescentes 
➢ PRINCIPAIS CAUSAS: 
• Doenças Virais Agudas → Exemplos: 
▪ Rubéola 
▪ Dengue 
▪ Zika 
▪ Citomegalovírus 
▪ Vírus Epstein-Barr (EBV) 
▪ Infecção das vias aéreas superiores 
• Vacinação → algumas vacinas podem desencadear crises 
convulsivas benignas (Ex: DTP) 
➢ DIAGNÓSTICO → É CLÍNICO! 
• É feito na própria emergência, de acordo com o quadro 
clínico da criança, sem necessidade de exames 
complementares 
➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → Para diferenciar Convulsão 
Febril Benigna de uma Infecção Intracraniana, deve-se realizar 
um correto diagnóstico diferencial, a partir de: 
• Tempo da crise convulsiva: 
▪ Menor duração → convulsão febril benigna 
▪ Maior duração → geralmente, relaciona-se a pior 
prognóstico e a quadros infecciosos 
• Início da crise convulsiva: 
▪ Nas primeiras 24 horas de febre → convulsão febril 
benigna 
▪ Após o 1º a 2º dia → processo infeccioso intracraniano 
• Nível de consciência após a crise convulsiva: 
▪ Rápida recuperação do nível de consciência (minutos 
após a crise) → crise convulsiva febril benigna 
▪ Ausência ou lenta recuperação do nível de consciência 
→ processo infeccioso intracraniano 
➢ TRATAMENTO: 
• Hidratação 
• Controle da febre (Antitérmicos) 
INFECÇÕES INTRACRANIANAS x CONVULSÃO FEBRIL BENIGNA 
➢ MENINGITE BACTERIANA: 
• Etiologia: 
▪ Pneumococo 
▪ Meningococo 
• Manifestações Clínicas: 
▪ Tríade clássica → Cefaleia + Vômitos + Febre 
▪ Rigidez de nuca 
▪ Sinal de Kernig 
▪ Sinal de Brudzinski 
• Exames Complementares: 
▪ Análise do Líquor 
• Tratamento → internação hospitalar 
▪ Antibioticoterapia:PENICILINA CRISTALINA 
ou 
 CEFTRIAXONA Endovenosa (por 7 dias) 
▪ Corticoterapia: 
 DEXAMETASONA Endovenosa (por 2 dias) → para 
diminuir o edema cerebral 
• Profilaxia: 
▪ Para os contactantes (Ex: colegas de classe, 
familiares...) → um dos seguintes: 
 RIFAMPICINA (por 2 dias) → hoje em dia, é menos 
utilizada 
 CEFTRIAXONA Intramuscular (dose única) 
 CIPROFLOXACINA 500mg Via Oral (dose única) 
▪ Vacina Meningocócica C, ACWY, B 
➢ MENINGITE VIRAL: 
• Etiologia: 
▪ Enterovírus 
▪ Herpes vírus 
▪ Varicela-Zoster 
• Manifestações Clínicas: 
▪ Tríade clássica → Cefaleia + Vômitos + Febre 
▪ Rigidez de nuca 
▪ Sinal de Kernig 
▪ Sinal de Brudzinski 
• Exames Complementares: 
▪ Análise do Líquor 
• Tratamento → internação hospitalar 
▪ Medicações Sintomáticas → controle da febre 
▪ Repouso 
▪ Leito com cabeceira elevada → diminuir hipertensão 
intracraniana 
▪ Nos casos de Herpes Vírus e Varicela-Zoster (são 
identificados a partir da PCR do líquor) → o 
tratamento necessita de antivirais, e o mais utilizado é: 
 ACICLOVIR Endovenoso (por 10 a 14 dias) 
• Profilaxia → não existe 
 
➢ ENCEFALITE: 
• Etiologia: 
▪ Herpes vírus 
▪ Varicela-Zoster 
▪ Epstein-Barr 
▪ Citomegalovírus 
• Manifestações Clínicas: 
▪ Manifestações gerais com sinais neurológicos focais 
e/ou rebaixamento do Glasgow, sem sinais meníngeos 
▪ São semelhantes à meningite, mas sem a presença dos 
sinais meníngeos (rigidez de nuca, sinal de Kering ou 
sinal de Brudzinski) 
ATENÇÃO 
A meningite nunca deve ser tratada com medicação por via 
oral ou por via intramuscular! 
 
5 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
▪ O que prevalece é o rápido rebaixamento do nível de 
consciência, se comparado às meningites, e a 
apresentação de sinais neurológicos focais (Ex: 
convulsões parciais, paralisias da musculatura ocular) 
• Exames Complementares: 
▪ Para que se encontre sinais de lesão intracraniana 
(sinais típicos da encefalite) 
✓ Tomografia Computadorizada 
✓ Ressonância Magnética (caso o serviço disponha) 
▪ Outros exames: 
✓ Hemograma 
✓ Ureia e Creatinina 
✓ Ionograma... 
• Tratamento: 
 ACICLOVIR Endovenoso (por 10 a 14 dias) 
• Profilaxia → não existe 
➢ CONVULSÃO FEBRIL: 
• Etiologia: 
▪ Geralmente, é desencadeada por quadros febris de 
origem viral 
• Manifestações Clínicas: 
▪ Crise tônico-clônica generalizada de curta duração, 
sem recorrência, nas primeiras 24 horas da febre 
• Exames Complementares → não há necessidade de 
serem feitos 
• Tratamento: 
▪ Controle da doença febril 
▪ Hidratação 
• Profilaxia: 
 DIAZEPM Oral intermitente (dose matinal e dose 
noturna) 
✓ É comum de ser cobrado em provas de residência! 
✓ Crianças com histórico familiar de convulsão 
febril e que já desencadearam uma convulsão 
febril benigna têm um risco de, na próxima doença 
febril, desencadear a mesma convulsão. Assim, é 
preconizado que essas crianças, no primeiro dia 
de febre, tomem uma dose matinal e uma dose 
noturna do Diazepam por via oral 
✓ Assim, essa dose que a criança toma serve como 
uma profilaxia para a crise convulsiva. Além disso, 
ela deve ser tomada no 1º dia de febre devido ao 
fato de que a convulsão febril benigna tende a 
ocorrer nas primeiras 24 horas do quadro febril 
✓ Essa conduta não é muito empregada devido ao 
fato da falta de conhecimento da família, 
principalmente aquelas com baixa escolaridade, 
que praticamente faria uso da medicação para 
todo e qualquer quadro de febre na criança ou até 
mesmo continuaria fazendo uso da medicação 
após o 1º dia, por exemplo 
EXAME DO LÍQUOR 
➢ É feito a partir da punção lombar, ao nível das cristas ilíacas → 
palpa-se o processo espinhoso da vértebra na altura da crista 
ilíaca e insere-se a agulha no sentido caudal-cranial, para que 
acompanhe a anatomia do processo espinhoso e possa 
atravessar o ligamento supraespinhoso. Assim, sente-se um 
“click” e, aprofundando-se um pouco mais a agulha, consegue-se 
chegar ao espaço aracnóideo, onde se encontra o líquido 
cefalorraquidiano 
 
• Punciona-se cerca de 10 a 20mL desse líquido 
cefalorraquidiano e encaminha-se para o laboratório 
analisar o líquido, solicitando-se os seguintes: 
▪ Celularidade → se o líquido apresenta células 
▪ Glicorraquia (nível de glicose no líquor) 
▪ Proteinorraquia (nível de proteína no líquor) 
▪ Bacterioscopia e gram: 
✓ Bacterioscopia Positiva: 
o Gram + → indica Pneumococo 
❖ Nesse caso, deve-se fazer uso de 
Penicilina Cristalina 
o Gram - → indica Meningococo 
❖ Nesse caso, deve-se fazer uso de 
Ceftriaxona Endovenosa 
• Alterações liquóricas por infecção bacteriana: 
▪ Celularidade elevada as custas de neutrófilos 
▪ Nível de glicose baixo (< 50% do que o nível do plasma) 
▪ Nível de proteína elevado (> 100g/dL) 
• Alterações liquóricas por infecção viral: 
▪ Celularidade elevada as custas de linfócitos 
▪ Nível de glicose próximo ou igual ao nível do plasma 
sanguíneo 
▪ Nível de proteína pouco elevado 
➢ Conduta de acordo com o resultado da análise do líquor: 
• Infecção viral → suspender o antibiótico empregado 
anteriormente (Ceftriaxona) e aguardar o resultado da PCR 
para avaliar se há infecção por herpes vírus (Não há 
profilaxia) 
• Infecção bacteriana → manter o antibiótico prescrito 
inicialmente, que geralmente é a Ceftriaxona 
▪ Realizar quimioprofilaxia dos contactantes, pois a 
bactéria causadora da meningite coloniza as vias 
respiratórias superiores dos contactantes 
➢ Resultados esperados na análise do líquor: 
 NORMAL (Barreira 
Hematoencefálica - 
BHE) 
 
BACTERIANO 
 
VIRAL 
Pressão 10 a 20 cmH2O Alta Normal 
Cor Límpido Turvo Límpido 
Celularidade < 5 linfócitos > 100 
neutrófilos 
Entre 5 a 
1000 
linfócitos 
Glicose 60% do valor 
plasmático 
< 40% do valor 
plasmático 
Normal 
Proteína < 45 g/L > 100g/L Entre 5 e 
100g/L 
 
6 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
➢ Contraindicações para punção liquórica (nesses casos, deve-
se optar pelos exames de imagem para evidenciar se o paciente 
tem ou não hipertensão intracraniana): 
• Os seguintes correspondem a evidencias da possível 
presença de hipertensão intracraniana: 
▪ Glasgow < 13 
▪ Sinais neurológicos focais (Ex: déficit neurológico de 
um lado do corpo) 
▪ Sinais de Hipertensão Intracraniana (HIC) → tríade 
clássica: 
✓ Hipertensão Arterial + Bradicardia + Taquipneia 
▪ Alteração de Movimento Ocular Extrínseco ou Reflexo 
Pupilar 
▪ Papiledema → o exame de fundo de olho mostra edema 
de papila 
✓ Geralmente, o exame de fundo de olho se altera 
em torno de 24 horas após o processo 
inflamatório no sistema nervoso central. Assim, 
ele é um exame tardio e não é tão útil para a 
definição inicial de hipertensão intracraniana nas 
crianças com infecção do sistema nervoso 
central 
• Não se faz a punção liquórica nos casos de hipertensão 
intracraniana devido ao risco de despressurizar o sistema 
nervoso central 
▪ Exemplo: Paciente apresentando cefaleia, febre e 
alteração do movimento ocular. Na realização da 
punção lombar para o diagnóstico diferencial com 
meningite, o paciente rebaixou rapidamente o nível de 
consciência → a alteração do movimento ocular 
traduz que o paciente apresenta uma hipertensão 
intracraniana. Nesse caso, a punção liquórica gera um 
gradiente de pressão negativo a região lombar, 
havendo herniação cerebral pela região do forame 
magno, provocando o rebaixamento do nível de 
consciência e uma consequente insuficiência 
respiratória 
COMPLICAÇÕES 
➢ MENINGITE: 
• Coleções Subdurais (abscessos cerebrais) 
• Coagulação Intravascular Disseminada – CIVD (Sepse 
Meningocócica) → principalmente na doença causada pelo 
meningococo pode-se ter uma sepse grave, que se 
caracteriza pela CIVD 
▪ É uma condição rara 
▪ Trata-se de um choque séptico fulminante 
▪ Também chamada de Síndromede Waterhouse-
Friderichsen 
➢ ENCEFALITES: 
• Déficit Motor 
• Retardo Mental 
• Déficit de Aprendizado 
• Epilepsia 
 
➢ CONVULSÃO FEBRIL: 
• As complicações são raríssimas de ocorrerem e a incidência 
de crise convulsiva em episódios febris tende a diminuir com 
o tempo 
• Pode-se ter situações que fogem do espectro do diagnóstico 
da convulsão febril, mas que também estão relacionadas a 
febre, como: 
▪ Síndrome de Dravet (ou Epilepsia Mioclônica Grave 
da Infância - SMEI): 
✓ É uma convulsão que ocorre na vigência de febre, 
já no primeiro dia de doença. A criança começa a 
desencadear a convulsão, que irá se tornar de 
longa duração e repetitiva. Além disso, não há 
evidência alguma de infecção intracraniana (ou 
seja, é como se a criança iniciasse um quadro 
convulsivo benigno que evolui para um quadro de 
complicações) 
✓ Tem alta morbidade → as crianças têm tendencia 
a evoluir para graves déficits neurológicos e 
neurocognitivos (evolui para déficit neurológico 
permanente) 
✓ É uma condição extremamente rara 
CASOS CLÍNICOS 
1. João Petronias, 1 ano e 6 meses - relato de febre há 3 dias 
seguida de 3 crises convulsivas generalizadas nas últimas 48h, 
com curta duração. Foi atendido em hospital do interior 
e encaminhado após 24h para avaliação neurológica, devido 
a sonolência excessiva. No hospital de referência, após punção 
de LCR, é iniciado Ceftriaxona EV e internado em UTI. 
• Explicações sobre o caso: 
▪ Como a criança apresentou 3 crises convulsivas 
durante esse período febril, esse quadro se distancia 
da definição de crise convulsiva febril benigna. Assim, 
esse quadro não é uma condição benigna, falando a 
favor de um agravamento, com lesão intracraniana, 
pois as crises convulsivas se repetiram 
▪ Quando se está diante de uma lesão intracraniana 
aguda, a principal causa (excluindo-se o trauma) é um 
processo infeccioso, e o processo infeccioso 
intracraniano mais comum na infância é a meningite 
▪ Período pós-ictal (após a crise convulsiva) → a 
criança apresentou prejuízo no nível de consciência 
(sonolência excessiva) 
• Em relação à conduta: 
▪ No hospital de referência → foi feita a punção do 
líquor, pois a criança apresentava evidências clínicas 
de meningite, e no período imediato foi iniciada a 
antibioticoterapia 
✓ Antibioticoprofilaxia → devido ao alto risco de 
mortalidade pelo meningococo, deve-se iniciar a 
Ceftriaxona imediatamente, antes mesmo do 
resultado do LCR 
✓ Após o resultado do LCR → consegue-se saber 
se o quadro é bacteriano ou viral, para que se 
 
7 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
defina se a Ceftriaxona continua ou não no 
esquema terapêutico 
▪ A meningite é uma emergência clínica, pois apresenta 
alta morbimortalidade. Dessa forma, a conduta a ser 
tomada diante desse quadro deveria ter correta e 
imediata, com a finalidade de evitar a progressão da 
doença. Desse modo, as 24h em que essa criança 
passou sendo apenas observada, sem qualquer tipo de 
intervenção médica no hospital do interior, contribuiu 
para que houvesse uma piora do quadro clínico 
• Conduta correta → caso você esteja em um hospital do 
interior, no qual não é possível realizar a punção do LCR: 
▪ Definir o diagnóstico clínico de uma meningite → a 
partir dos sinais e sintomas 
▪ Iniciar antibioticoterapia imediatamente → 
Ceftriaxona endovenosa para cobrir o meningococo 
✓ Não se pode esperar encaminhar o paciente para 
iniciar o tratamento! Deve ser imediato 
✓ A primeira hora de tratamento de um paciente 
portador de um quadro infeccioso grave é vital 
para reduzir a mortalidade 
▪ Encaminhar o paciente para o hospital de referência 
→ para continuidade do tratamento e investigação do 
quadro 
 
2. Larissa Santos, 1 ano e 9 meses, apresenta febre desde o início 
da noite e por volta da meia noite apresentou movimentos 
“desordenados” de cabeça, braços e pernas, enquanto estava 
sendo medicada para febre. Os pais foram imediatamente para o 
hospital, referindo que os movimentos cessaram assim que 
entraram no carro. Não há histórico de convulsões na criança ou 
família. Apresenta-se com Tax= 38,5 °C. No colo da mãe, a bebê 
está ativa, atenta ao ambiente, tenta pegar objetos da mesa de 
atendimento. Fontanela anterior normotensa. Nuca livre. 
Orofaringe hiperemiada. Pulmões livres. 
• Explicações sobre o caso: 
▪ Quadros febris em crianças são bastante comuns → 
uma criança pode apresentar cerca de 6 a 11 episódios 
anuais de crises febris 
▪ 3 a 5% da população pediátrica tem predisposição 
para, na eventualidade de um quadro febril, apresentar 
convulsão benigna 
▪ A criança do caso clínico: 
✓ Apresentou um quadro febril e, horas depois, fez 
uma convulsão do tipo tônico-clônica generalizada 
(é diferente do caso clínico 1, no qual a criança 
apresentou vários dias de febre e várias crises 
convulsivas) 
✓ Teve um quadro de curta duração (< 10min) → 
pois o quadro cessou ainda em casa (assim que os 
pais entraram no carro), espontaneamente, sem 
a utilização de medicações 
• Diante do quadro clínico, a criança apresenta uma infecção 
de vias aéreas superiores, pois o exame físico mostra 
hiperemia de orofaringe, que está relacionada a processos 
virias agudos, que são bastante comuns na infância 
• Além disso, essa criança apresentou um quadro de 
convulsão febril benigna, pois: 
▪ Não há recorrência da convulsão (foi apenas 1 episódio) 
▪ A crise convulsiva foi de curta duração (cessou ainda 
em casa) 
▪ A crise convulsiva ocorreu no primeiro dia de febre (a 
convulsão febril benigna ocorre nas primeiras 24h de 
febre) 
▪ Há uma rápida recuperação do nível de consciência 
após a crise → em poucos minutos a criança recupera 
seu nível de consciência, começando a ficar atenta (Ex: 
brincar) ou até mesmo a chorar e ficar ansiosa, por 
exemplo 
• Nesse caso clínico não se tem evidências de infecção do 
sistema nervoso central e nem de um quadro séptico 
(rebaixamento do nível de consciência, dispneia e 
hipotensão) 
• Conduta: 
▪ O tratamento pode ser ambulatorial, pois trata-se 
apenas de uma convulsão febril benigna 
▪ O que falar para acalmar os pais → diz-se que a 
criança apresentou uma convulsão como resposta à 
febre decorrente de uma infecção viral das vias aéreas 
superiores. Assim, se não recorrência da crise 
convulsiva dentro desse evento febril, não há 
necessidade de internação ou uso de medicação 
anticonvulsiva ou de realização de exame 
complementar 
▪ Tratamento → é domiciliar, com a criança fazendo uso 
de antitérmico e tomando bastante água para se 
manter hidratada 
3. Lucas Alfredo, 6 anos, acordou com febre, mas a mãe o levou para 
a escola integral. Foi chamada no meio da tarde porque o menor 
apresentava-se com intensa cefaleia, piora da febre e 5 episódios 
de vômitos. É levado à UPA, estando febril, irritado, choro 
persistente, eupnéico e normotenso. Nuca livre. 
• Sobre o caso: 
▪ A criança apresenta um quadro febril agudo, com 
evolução em menos de 24 horas, havendo piora 
progressiva ao longo do dia com cefaleia intensa, piora 
da febre e vômitos persistentes 
• Hipóteses Diagnósticas: 
▪ Meningite: 
✓ Explicação: 
o Pois febre, cefaleia e vômitos constituem a 
tríade clássica da meningite 
o Há alteração do nível de consciência, pois a 
irritação e o choro frequentes não são 
comuns de crianças com a idade do paciente 
→ é um sinal de gravidade relacionada ao 
sistema nervoso central 
o Ainda não apresenta sinais de irritação 
meníngea, mas a meningite não pode ser 
descartada 
▪ Quadro Infeccioso Inespecífico → Ex: Dengue, 
Chikungunya, Enterovírus... 
 
8 MENINGITE E CONVULSÕES NA INFÂNCIA 
Gizelle Felinto 
▪ Encefalite: 
✓ Explicação: 
o Pois a encefalite cursa com alterações 
sugestivas de meningite, mas não apresenta 
sinais de irritação meníngea 
• Conduta: 
▪ Internação hospitalar → pois houverebaixamento do 
nível de consciência 
▪ Realizar exames complementares: 
✓ Análise do Líquor → para diferenciar entre um 
quadro viral ou bacteriano 
✓ Exames de imagem (Tomografia ou Ressonância 
de crânio) → para investigação de encefalite 
✓ Hemograma, hemocultura, provas de função 
hepática, provas de função renal → na 
investigação de um quadro infeccioso inespecífico 
▪ Iniciar Antibioticoterapia (deve ser imediata, antes 
mesmo do resultado dos exames solicitados) → pois 
como não se sabe ao certo a doença do paciente, pode 
muito bem haver alto risco de sepse bacteriana, que 
tem alta mortalidade. Assim, como prevenção, é 
necessário iniciar a antibioticoterapia já na primeira 
hora 
 CEFTRIAXONA Endovenosa → nos casos de 
suspeita de meningite, como o agente etiológico 
de maior mortalidade é o meningococo, deve-se 
iniciar a Ceftriaxona, pois ele é sensível a esse 
antibiótico 
o Nos países em que há resistência bacteriana 
(como nos EUA) → faz-se uso de Cefotaxima 
• Após a chegada dos exames complementares: 
▪ Resultados → Líquor normal, hemocultura negativa e 
sem evidências de complicações renais ou hepáticas 
▪ Tomografia ou Ressonância demonstrando edema 
cerebral e áreas de desmielinização → nesse caso, 
caracteriza-se um quadro de Encefalite, tendo como 
conduta: 
✓ Retirar/Suspender a Ceftriaxona 
✓ Iniciar Aciclovir → é feito em um hospital de 
referência 
• Para investigação de gravidade dos quadros infecciosos 
intracranianos, deve-se avaliar: 
▪ Nível de consciência 
▪ Frequência respiratória 
▪ Pressão arterial 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS MENINGITE CONVULSÃO FEBRIL 
BENIGNA 
Febre Presente Presente 
 
 
Crises Convulsivas 
 
São mais de 1 crise, 
com início após o 1º 
ou 2º dia da doença 
Apenas 1 crise no 
atual episódio febril, 
ocorrendo nas 
primeiras 24h de 
febre 
Duração da crise Variável Curta duração 
(<10min) 
Nível de consciência 
no período pós-ictal 
Não recupera ou há 
uma recuperação 
lenta 
Rápida recuperação 
do nível de 
consciência 
 
 
 
Tratamento 
Iniciar imediatamente 
antibioticoterapia, 
antes mesmo do 
resultado do LCR 
(Ceftriaxona EV para 
cobrir o 
meningococo) 
Trata-se apenas de 
um quadro benigno, 
devendo-se apenas 
tratar a causa do 
episódio febril da 
criança

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