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REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

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80
MESTRADO INTERNACIONAL EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
SILVIA VELOSO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
MACAPÁ/AP
 2020
MESTRADO INTERNACIONAL EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
SILVIA VELOSO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade ISPETEC. Como requisito para a obtenção do título de mestre em Ciências da Edu
Orientador: Profº Dr. Filipe de Oliveira Guimarães
 
MACAPÁ/AP
2020 
SILVIA VELOSO SILVA
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Educação da Universidade ISPETEC como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Ciências da Educação.
Orientador: Profº Dr. Filipe de Oliveira Guimarães
Macapá, AP, ____/_____/2020
Banca Examinadora:
___________________________________________
Profº Dr. Filipe de Oliveira Guimarães
Professor(a) Orientador(a)
___________________________________________
Professor(a) Convidado(a) I
___________________________________________
Professor(a) Convidado(a) II
MACAPÁ/AP
2020
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 
SILVA, SILVIA VELOSO. REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
 MACAPÁ, Brasil, Universidade ISPETEC, 2020. ix, 88f.
Dissertação: Mestrado em Ciências da Educação
1. EJA 2. Educação
3. Leitura 4. Literária 
I. Universidad Autónoma de Asunción-UAA
Dedico este trabalho ao meu pai José Bonifacio Costa Silva (in memorian) e minha mãe Mariane de Jesus Veloso Silva. Que sempre se dedicaram aos filhos para galagarem um lugar melhor na sociedade,e buscasse sempre o.conhecimento e fossem pessoas de caráter ilibado e sempre tivessem humildade.
AGRADECIMENTOS
 
 Agradeço primeiramente a Deus pela sabedoria para enfrentar os momentos difíceis.
Agradecer a minha família e especial ao esposo Monea Da Lima Braga que esteve sempre presente em todo esse processo de construção de conhecimento
“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede”.
Carlos Drummond de Andrade
RESUMO
Neste estudo de cunho bibliográfico e estudo de caso, serão abordadas reflexões sobre a literatura na formação do leitor crítico social na educação de jovens e adultos, sendo assim, a literatura apresenta um grande leque de possibilidades para o exercício da criticidade na formação do leitor. O tipo de pesquisa foi a bibliográfica, o estudo de caso foi feito na escola Estadual Maria de Nazaré Pereira Vasconcelos, localizada na cidade de Macapá com alunos da Educação de Jovens e Adultos 3ª e 4ª etapa. Assim sendo, como forma de alcançar o objetivo deste trabalho que é analisar a importância da leitura literária como prática social na formação do leitor crítico, quando se trabalho com Educação de Jovens e Adultos, o presente estudo se configura em seis capítulos. Portanto, através de um estudo, primeiramente bibliográfico buscou-se embasar a pesquisa na finalidade de dar subsídios para a coleta posterior de dados numa pesquisa de campo. No decorrer deste estudo foi possível adentrar no universo da leitura literária tanto no campo das pesquisas científicas sobre o tema, bem como numa realidade vivenciada pela escola analisada. Assim, ao levantar os dados bibliográficos observou-se que a leitura literária na Educação de Jovens e Adultos requer uma prática voltada para a ação e reflexão do ato de ler.
Palavras-chave: educação, EJA, leitor, critico
ABSTRACT
In this bibliographic study and case study, reflections on literature will be addressed in the formation of the critical social reader in the education of young people and adults, thus, the literature presents a wide range of possibilities for the exercise of criticality in the formation of the reader. The type of research was bibliographic, the case study was done at the Maria de Nazaré Pereira Vasconcelos State School, located in the city of Macapá with students from the 3rd and 4th stage Youth and Adult Education. Therefore, as a way to achieve the objective of this work, which is to analyze the importance of literary reading as a social practice in the formation of critical readers, when working with Youth and Adult Education, this study is divided into six chapters. Therefore, through a study, primarily bibliographic, it was sought to base the research in order to provide subsidies for the subsequent collection of data in a field research. During this study it was possible to enter the universe of literary reading both in the field of scientific research on the subject, as well as in a reality experienced by the analyzed school. Thus, when collecting the bibliographic data, it was observed that literary reading in Youth and Adult Education requires a practice focused on the action and reflection of the act of reading.
Keyword: education, EJA, reader, critic
LISTA DE SIGLAS
EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
SEED – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ
LDBEN – LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO 
ENCCEJA - EXAME NACIONAL DE CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DE JOVENS E ADULTOS
DCN - DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
DCNS - DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS
SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO 
	13
	1. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
	15
	1.1 HISTÓRICO SOBRE O EJA NO BRASIL
	15
	1.2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ESTADO DO AMAPÁ
	17
	1.3 PAULO FREIRE E SUA CONTRIBUIÇÃO A EJA. 
	20
	1.4 PERFIL DOS ALUNOS DA EJA
	22
	1.5 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UM CAMINHO POSSÍVEL NA (RE) CONSTRUÇÃO DO SABER
	23
	1.6 DIDÁTICA DE ENSINO VOLTADA PARA A EJA 
	25
	1.7 A EJA NA ATUALIDADE 
	28
	CAPITULO II
	30
	2 A LEITURA LITERÁRIA NA ESCOLA
	30
	2.1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E A ORIGEM DA LEITURA
	30
	2.2 O QUE É LITERATURA?
	34
	2.3 LITERATURA BRASILEIRA 
	35
	 2.3.1 Quinhentismo: marco inicial da literatura brasileira
	36
	 2.3.2 O movimento Barroco no Brasil
	37
	 2.3.3 Arcadismo brasileiro
	38
	 2.3.4 O Romantismo 
	38
	 2.3.5 O Realismo na literatura brasileira
	39
	 2.3.6 Parnasianismo 
	39
	 2.3.7 Naturalismo
	39
	 2.3.8 Simbolismo 
	39
	2.4 CONCEPÇÕES DO ATO DE LER NA ESCOLA 
	40
	2.5 RELEVÂNCIAS DA LEITURA LITERÁRIA 
	42
	2.6 A LITERATURA E SEU POTENCIAL FORMATIVO
	44
	CAPITULO III
	48
	3. ASPECTOS LEGAIS DA EJA
	48
	3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	48
	3.2 LDB (LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO)
	49
	3.3 ENCCEJA (EXAME NACIONAL DE CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DE JOVENS E ADULTOS)
	51
	3.4 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	52
	3.5 RESOLUÇÃO CEE/AP Nº 27 DE 25/03/2015
	52
	3.6 TRÊS PRINCÍPIOS QUE DEVEM NORTEAR O TRABALHO COM A EJA 
	53
	3.7 DCNS (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS)
	54
	CAPÍTULO IV
	57
	4. PRÁTICAS EDUCACIONAIS NA EJA
	57
	4.1 REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO 
	60
	4.2 O LETRAMENTO LITERÁRIO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
	62
	4.3 LITERATURA E A EJA
	64
	4.4 O SUJEITO LEITOR
	64
	 4.4.1 Formação de leitores na EJA 
	71
	4.5 O PROFESSOR COMO INCENTIVADOR NO PROCESSO DE LEITURA 
	72
	CAPÍTULO V
	76
	5. METODOLOGIA 
	76
	5.1 TIPO DE PESQUISA
	76
	5.2 ESTUDO DE CASO
	77
	5.3 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
	77
	5.4 IDENFICAÇÃO E SUJEITOS DA PESQUISA
	78
	5.5 MÉTODO DE ABORDAGEM INDUTIVO
	79
	CAPÍTULO VI
	80
	6. ANÁLISE DE DADOS
	80
	CONSIDEREAÇÕES FINAIS 
	86
	REFERÊNCIAS
	
	ANEXOS
	
1 INTRODUÇÃO
A literatura apresenta um grandeleque de possibilidades para o exercício da criticidade na formação do leitor. Segundo Kleiman (1998), o ato de ler envolve o sistema de valores, crenças e atitudes do ser humano e isto se reflete em seu grupo social. Por isso, é possível afirmar que, ao inserir a literatura em sala de aula isto envolve uma prática demasiadamente complexa, já que pode ser utilizada por diferentes caminhos e objetivos. 
O texto literário pode provocar certo encantamento, diversão e conhecimento de mundo, mas também é um grande instrumento de reflexão sobre a realidade. A leitura literária é tida como uma prática social por um grande número de autores como: Cosson (2012), Zilberman (1991), Lajolo (2002), Soares (2000), Freire (2006), dentre outros. Por outro lado, não se pode negar a existência de uma sociedade onde a prática constante da leitura literária apresenta-se carente e muito inexplorada no campo da cidadania. 
Portanto, a relevância deste estudo encontra-se na necessidade de abranger conhecimentos sobre a leitura literária na educação de jovens e adultos, não somente como fonte de conhecimento, mas na formação de leitores críticos e ativos na sociedade. Haja vista que é a partir da construção de valores humanos que poderemos discutir a formação cidadã.
Por entender que o tema desta pesquisa abrange um grande leque de conhecimentos que podem ser explorados pelo educador, principalmente nos campos da literatura e leitura, este trabalho será delimitado para a literatura (de modo geral) e sua função na prática da leitura crítica nas aulas de língua portuguesa. 
Por outro lado, torna-se importante esclarecer que não se pretende adentrar nesta modalidade de ensino em suas especificidades históricas e legais por não serem estes o foco deste estudo e sim, nas habilidades de leitura como instrumento de criticidade social. 
Para esta pesquisa optamos por realizar como metodologia o método de abordagem indutivo, o procedimento de coleta de dados é o estudo de caso e o tipo de pesquisa é a quantitativa e a pesquisa bibliográfica, que consistirá no levantamento de informações e estudo. A pesquisa de campo que foi feita na escola Estadual Maria de Nazaré Pereira Vasconcelos,, localizada na cidade de Macapá com alunos da Educação de Jovens e Adultos 3ª e 4ª etapa. 
Assim sendo, como forma de alcançar o objetivo deste trabalho que é analisar a importância da leitura literária como prática social na formação do leitor crítico, quando se trabalho com Educação de Jovens e Adultos, o presente estudo se configura em seis capítulos.
Onde o primeiro capítulo fala sobre o contexto histórico da educação de jovens e adultos no Brasil e no estado do Amapá. Após este breve início de caminhada para o conhecimento, parte-se para o segundo capítulo que ressalta a leitura literária na escola, onde foi feita uma breve analise sobre a histórica da educação e da leitura, passando por diversos momentos da história, desde os conceitos da literatura, passando pela sua relevância para a educação, nesta etapa algumas concepções do ato de ler são destacadas, adentrando-se nas relevâncias desta ação e no letramento literário na Educação de Jovens e adultos. No terceiro capítulo se evidencia a bases legais que deram apoio para o desenvolvimento deste estudo. No quarto capítulo falaremos sobre as práticas educacionais na EJA, onde serão abordadas questão relevantes sobre a importância da leitura literária para o desenvolvimento do aprendizado do educado. No quinto capítulo será desenvolvida a metodologia da pesquisa, quais os caminhos que foram percorridos até chegarmos os conceitos aqui apresentados. E por fim no último capítulo os resultados e discussões são levantados como forma de conceber o alcance da teoria na prática da leitura na Educação de Jovens e adultos da escola campo. 
CAPITULO I 
1. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
1.1 HISTÓRICO SOBRE O EJA NO BRASIL
 De acordo com Vilhena Et al (2019), o histórico da Educação de Jovens e Adultos apresenta diversas variações ao longo dos anos, demonstrando estar diretamente ligada às transformações sociais, econômicas e políticas que caracterizaram os diferentes momentos históricos em que o Brasil viveu. Partindo do pressuposto das primeiras manifestações de ensino no Brasil, nos remete ao período colonial, quando os Portugueses aqui chegaram, onde a Igreja Católica tinha interesse em alfabetizar os índios que aqui viviam, com o único objetivo de catequiza-los. 
Portanto, o ensino dos jesuítas tinha como finalidade não apenas a transmissão de conhecimentos científicos, escolares, mas a propagação do cristianismo. Neste período a EJA se deu de forma assistemática, não se constatou iniciativas governamentais significativas para a melhoria da qualidade de ensino que era prestado aos cidadãos. 
Sobre este período Freire (2006) diz que: 
A Educação de Jovens e Adultos não é recente no país e que, com a expulsão dos jesuítas ocorrida no século XVIII, desorganizou o ensino até então estabelecido. O governo organizava as escolas de acordo com o interesse do Estado. Novas iniciativas sobre ações dirigidas rumo à Educação de Jovens e Adultos só ocorreram na época do Império. 
Na Constituição Imperial de 1824 a educação dos cidadãos e a instrução primária era dever do estado disponibilizar gratuitamente. Contudo, nem todas as pessoas tinham titularidade de cidadania, somente as pessoas livres, saídas das elites, que poderiam ocupar funções na burocracia imperial ou no exercício de funções ligadas à política e ao trabalho imperial. Nesta época surgiram as primeiras escolas noturnas para trabalhar com esses alunos e possibilitar o acesso dos mesmos no meio escolar (GARCIA, 2013). 
Então, no ano de 1876, descobriu-se a necessidade do ensino para adultos analfabetos através do relatório escrito pelo ministro José Bento da Cunha Figueiredo, apontando a existência de 200 mil alunos frequentes às aulas noturnas, denominadas de educação popular. O Decreto nº 7.247 de 19/4/1879 previa a criação de cursos para adultos analfabetos, livres ou libertos, do sexo masculino. Neste período já se era visível à relação econômica com educação. 
Quanto maior o nível de analfabetos, maior a desqualificação da mão de obra para as indústrias, e aqui fica clara a desconsideração pela mão de obra feminina no universo puramente masculino para o trabalho. Com a Lei Saraiva em 1882 os estudos passaram a ter um caráter de ascensão social (BARROS, 2010).
Ao longo dos anos pouca coisa se fez no que diz respeito à educação de jovens e adultos, mas a partir de década de 1930, houve um interesse maior do governo em alfabetizar a população de baixa renda, para que eles pudessem aprender a ler e a escrever para atender o desenvolvimento no processo de industrialização, pelo qual o Brasil estava passando. 
De acordo com Haddad (2007), no período da década de 1940 houve mudanças na Educação de Jovens e Adultos, onde ocorreram grandes iniciativas políticas e pedagógicas como: a criação e regulamentação do Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP); a criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP); o surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino supletivo; o lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), e outros. Este conjunto de iniciativas permitiu que a EJA se firmasse como uma questão nacional (ARRUDA, 2014).
No período do regime militar (década de 1960), surge o MOBRAL que era um movimento de alfabetização de jovens e adultos, com o objetivo de erradicar o analfabetismo. Esse método tinha como foco principal o ato de ler e escrever. Bello (1993) afirma que: 
O projeto MOBRAL permite compreender bem esta fase ditatorial por que passou o país. A proposta de educação era toda baseada aos interesses políticos vigentes na época. Por ter de repassar o sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura, esta instituição estendeu seus braços a uma boa parte das populações carentes, através de seus diversos Programas. (BELLO, 1993. p.4).
Na década de 80, teve o fim oregime militar e a sociedade brasileira passou a viver no processo democrático, passando assim, por importantes transformações sócio-políticas, fazendo com que estudantes, educadores e políticos se organizassem em defesa da escola pública e gratuita para todos. A EJA teve avanços com a Nova Constituição de 1988, que passou a garantir o ensino fundamental, obrigatório e gratuito para aqueles que não tiveram acesso à escola na idade apropriada. 
A educação deixou de ser um ensino voltado para o tradicionalismo, fazendo com que os educadores buscassem novas propostas de ensino, com o intuito de ajudar no crescimento do aluno para um ensino mais qualificado que proporcione um futuro melhor para a humanidade (SILVA, 2013).
Na década de 90 as iniciativas em favor da Educação de jovens e adultos se tornaram maiores e com um alcance maior, os estados incumbiram também os municípios a se engajarem nesta política, ocorreram parcerias entre ONG’s, municípios, universidades, grupos informais, populares, Fóruns estaduais, nacionais. E através dos fóruns a partir de 1997 a história da EJA começa a ser registrada no intitulado “Boletim da Ação Educativa” ( SCHMIDT, 2014).
É de fato, que neste período da educação brasileira, a EJA possui um foco mais amplo, para haver uma sociedade igualitária e um sistema educacional eficaz e de qualidade é necessário que todas as áreas da educação sejam focadas e valorizadas, não é possível desvencilhar uma da outra. Brasil (2005) sintetiza acerca da história da EJA, portanto: 
Fica bem claro que esta modalidade de ensino surgiu como função reparadora de uma dívida social que o país tem com os jovens e adultos que por diversos motivos, principalmente sociais, não conseguiram concluir a educação básica nas correspondentes idades. Sendo assim, esta função não se refere apenas à entrada dos jovens e adultos no âmbito dos direitos civis, pela restauração de um direito a eles negado – o direito a uma escola de qualidade –, mas também ao reconhecimento da igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano de ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante. Mas não se pode confundir a noção de reparação com a de suprimento. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005. p. 02).
Neste sentido e de acordo com Fialho (2007), se torna indispensável um modelo educacional que crie situações pedagógicas satisfatórias para atender às necessidades de aprendizagem específicas dos educandos que estão inseridos neste contexto.
1.2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ESTADO DO AMAPÁ
Para uma melhor compreensão de EJA no estado do Amapá, é importante fazer uma breve análise histórica de como surgiu essa modalidade de ensino, de acordo com o Lobato (2013), nas primeiras décadas após a criação do Território Federal do Amapá, na década de 1980 as incoerências entre a educação moderna e o modo de vida dos populares geraram incompreensões e altos índices de fracasso e abandono escolar. Um conjunto muito grande de obras e ações foi desenvolvido durante os vários anos do primeiro governo territorial, que teve como governador o Comandante Barcellos.
Mas deve-se ressaltar, a principal escola continuou sendo a família do educando, o rio e a floresta com seus ritmos e temperamentos próprios, que fazem parte do seu cotidiano. “O estilo de vida marcado pelo provisório, pelo improvisado, pelos fluxos e refluxos da natureza, inviabilizavam o sucesso pleno do regime escolar que também não chamava a atenção por ser sedentário e cronologicamente regulado” (LOBATO, 2013 p.130).
Segundo Barbosa. (2006) a educação de jovens e adultos começa a ser ofertada a partir de 1973, na qual o Conselho de Educação do Território do Amapá –CETA, cria a resolução n°01/73, dispondo normas para a oferta dos exames de educação geral de 1° e 2° grau, no período em que o atual Estado era organizado como território federal e administrado pela União.
Dado o exposto, a EJA no estado do Amapá vem crescendo e afirmando o direito pela educação àqueles que não tiveram acesso na idade certa. Assim como no Amapá e no Brasil, a educação de jovens e adultos é um campo complexo e diversificado, como afirma Silva (2009) “É no cotidiano das práticas de EJA que a diversidade cultural, étnica, racial e de gênero se expressam”, e vale destacar que nesse estado há uma forte presença de etnias indígenas e comunidades quilombolas distribuídas nos municípios amapaenses.
O número de escolas que ofertam a modalidade de ensino fundamental da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Amapá sofreu uma redução de 13,7% entre 2009 e 2018, segundo o último Censo divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC).
No Estado do Amapá, o Pronera financiou projetos coordenados pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) entre os anos de 2001 e 2012. O projeto Saber Mais, Viver Melhor-Pronera resultou do convênio firmado entre o INCRA e a SEED no ano de 2001 e tinha como objetivo a alfabetização de jovens e adultos assentados da Reforma Agrária. 
De acordo com o Manual de Operações do Pronera (2011, p. 15), a preocupação inicial do programa foi com o alto índice de analfabetismo entre a população jovem e adulta dos assentamentos da Reforma Agrária:
Examinadas as possíveis linhas de ação, decidiu-se dar prioridade à questão do analfabetismo de jovens e adultos, sem ser excluído o apoio a outras alternativas. As razões para essa opção foram: o alto índice de analfabetismo e os baixos níveis de escolarização entre os beneficiários do Programa de Reforma Agrária.
Diante desta determinação, os projetos de escolarização apoiados pelo Pronera tinham como foco a educação de jovens e adultos a ser ofertada nos assentamentos, com a finalidade de minimizar as defasagens educativas dos trabalhadores assentados e acampados da Reforma Agrária.
O Projeto foi elaborado dentro da concepção freireana de educação popular, pautando-se na formação humana e cidadã em que o sujeito é capaz de transformar a sua comunidade. Outro aspecto a ser considerado é o amparo legal do Projeto embasado na Resolução nº. 01/2002 do CNE/CEB que estabelece as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo (DOEBEC), assim como pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Além disso, é declarado que a proposta curricular foi adaptada de acordo com as características e particularidades do campo amapaense (SEED, 2005).
Na atualidade a EJA que é ofertada pelo Estado do Amapá é de responsabilidade da Secretaria de Educação do Estado do Amapá /SEED, que possui a Coordenação de Educação Específica-CEESP, que através do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos-NEJA, onde tem como objetivo, dar oportunidade, a escolarização a jovens e adultos, a partir de 15 anos, que não tiveram acesso ao ensino regular em tempo adequado; elaborando propostas de planos e projetos voltados para a EJA; assim como coordenar e promover a melhoria do ensino; desenvolvendo estudos, a fim de detectar as necessidades de atendimento a sua clientela (BARBOSA,2016). 
Dentro do NEJA há a Unidade de Programas Especiais-UPEs, responsável pelo gerenciamento dos projetos, organiza, acompanha, avalia e coordena cursos, planos e programas executados na EJA; propõe treinamentos envolvendo profissionais da área; presta assessoramento técnico-pedagógico e administrativo às escolas que atuam ou pretendem atuar com a Educação de Jovens e Adultos.
Sendo assim, as escolas no Estado do Amapá que oferecem essa modalidade de ensino possuem a organização do ensino em etapas da seguinte forma: 1ª Etapa do Ensino Fundamental correspondendo ao 1º, 2º e 3º anos; 2ª Etapa do Ensino Fundamental correspondendo ao 4º e 5º anos; 3ª Etapa do Ensino Fundamental correspondendo ao 6º e 7º anos; 4ª Etapa do Ensino Fundamental correspondendo ao 8º e 9º anos. O Ensino Médio está assim distribuído: 1ª Etapa do Ensino Médio correspondendo ao 1º ano e 2ª Etapa do Ensino Médio correspondendo ao 2º e 3º anos.
1.3 PAULO FREIRE E SUA CONTRIBUIÇÃO A EJA. 
Neste estudo deve-seressaltar a importância de Paulo Freire, na construção dos ideais em relação à educação de jovens e adultos, ele foi um dos precursores em favor da alfabetização de jovens e adultos no Brasil, ele sempre defendeu uma educação democrática e libertadora, que parte da realidade, e do meio em que vive os educandos. 
Aranha (1996, p.209) diz que:
 Ao longo das mais diversas experiências de Paulo Freire pelo mundo, o resultado sempre foi gratificante e muitas vezes comovente. O homem analfabeto chega humilde e culpado, mas aos poucos descobre com orgulho que também é um “fazedor de cultura” e, mais ainda, que a condição de inferioridade não se deve a uma incompetência sua, mas resulta de lhe ter sido roubada a humanidade. (ARANHA, 1996, p.209). 
Paulo Freire nasceu em Recife, desde jovem preocupou-se com a situação da educação que era voltada para os menos favorecidos da população. Seu trabalho tinha como foco principal atender quem não tinha acesso a escola, e assim desenvolveu um método de alfabetização com ajuda da Igreja Católica onde atendia a um público constituído de crianças a adultos, sem escolarização. Ao desenvolver este programa de alfabetização, também criou método de ensino destinado especialmente ao atendimento dos interesses desta classe (LOPES, 2004).
De acordo com Almeida (2013), o método de ensino de Paulo Freire chamava a atenção dos educadores e políticos da época, pois acelerava o processo de alfabetização de adultos e tinha como ponto fundamental as palavras geradoras, sendo assim pode-se dizer que seu método consiste em três momentos entrelaçados:
O primeiro momento é a investigação temática, pela qual professor e aluno buscam, no universo vocabular do educando e da sociedade onde vive as palavras e temas centrais de sua biografia. Esta é a etapa da descoberta do universo vocabular, em que são levantadas as palavras e temas geradores relacionados com a vida cotidiana dos alfabetizados e do grupo social a que eles pertencem. Essas palavras geradoras são selecionadas em função da riqueza silábica, do valor fonético e principalmente em função do significado social, trazendo a cultura do aluno para dentro da sala de aula. 
O segundo momento a tematização, pela qual professor e aluno codificam e descodificam esses temas, buscando seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido e nesta fase são elaboradas as fichas para a decomposição das famílias fonéticas dando para a leitura e a escrita. 
O terceiro, a problematização na qual eles buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica, partindo para a transformação do contexto vivido, nesta ida e vinda do concreto para o abstrato e do abstrato para o concreto, volta-se ao concreto problematizando, descobrindo limites e possibilidades existenciais captadas na primeira etapa. A realidade opressiva é experimentada como um processo passível de superação, a educação para a libertação deve desembocar na práxis transformadora. (ALMEIDA, 2013)
De acordo com Marques (2012) Freire, sempre defendeu a importância de se construir um método diferenciado do tradicional puramente teórico, criou técnicas de ensino como ação em grupo, mesas redondas, debates e distribuição de fichas temáticas. Foi assim que surgiu o "Sistema Paulo Freire", que podia ser aplicado em todos os graus da educação formal e da não formal. Assim, ele reforça a ideia de que o educador deve estar em constante busca pelo saber ensinar e aprender. 
No pensamento de Paulo Freire o educando não é um mero depósito que deve ser preenchido pelo professor, ele ressalta que em conjunto pode-se aprender e descobrir novas dimensões e possibilidades na realidade da vida, pois o educador é somente o mediador no processo de ensino-aprendizagem e aprende junto com seu aluno. 
Para ele a educação é vista como uma pedagogia libertadora capaz de torna-la mais humana e transformadora para que homens e mulheres compreendam que são sujeitos da própria história e que podem mudar sua realidade. Assim, a liberdade torna o centro de sua concepção educativa e esta proposta é explícita desde suas primeiras obras (ALMEIDA, 2013).
1.4 PERFIL DOS ALUNOS DA EJA
O perfil dos alunos do EJA são na maioria trabalhadores, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, portadores de deficiências especiais. São alunos com diferenças culturais, éticas, religiosas e de credo, mas que estão na sala de aula para um objetivo comum, que é adquirir conhecimento, para melhorar sua qualidade de vida. 
Deve-se ressaltar que, para esses alunos, a escola deve ser um espaço de sociabilidade, de transformação social e de construção de conhecimentos. Conhecimentos sustentados na perspectiva daqueles que aprendem conteúdos diversos e que tenham especialmente um significado. Em sala de aula, é clara a preocupação do aluno em saber se o conteúdo ministrado vai ou não servir no seu dia a dia, então o papel do professor se torna fundamental para que o aluno saiba ao máximo aproveitar o conhecimento adquirido em sala de aula. (BRAGA, 2010).
 A construção da identidade dos alunos da EJA é transformada, mediante modelo de aprendizagem que visam a "filiação de jovens e adultos analfabetos a um outro grupo social, isto é, que visa à identificação desses alunos com os valores e crenças dos grupos que usam a escrita para fazer sentido da situação nas praticas cotidianas"(KLEIMAN, 2002, p.02). 
 Segundo Serafim e Silva (2005), o aluno que está inserido no contexto da EJA, faz parte de um mundo, onde, constantemente, suas identidades coletivas e individuais estão sendo fragmentadas, com a finalidade de serem reconstituídas sob a influencia de diversos aspectos sejam culturais, sociais, políticos, econômicos e históricos. Em relação ao mercado de trabalho, tende a necessidade do individuo de elevar sua escolaridade, tentando inserir-se ou manter-se no mercado que cada dia mais procurar profissionais qualificados e que atendem a necessidade deste. O indivíduo que não tem escolaridade tem muito menos oportunidade de emprego que aquele que tem escolaridade. 
Contudo, no Brasil a educação de jovens e adultos, sempre foi destinada às camadas mais pobres da sociedade constituída por jovens e adultos trabalhadores, pobres, negros, subempregados, oprimidos e excluídos, que não tiveram oportunidade de estudar no tempo regular. Ela representa uma divida social não reparada para com os que não tiveram domínio da escrita e da leitura, como bens sociais na escola ou fora dela. 
Na grande maioria dos alunos inseridos neste contexto educacional ficam especialmente, receptivos as situações de aprendizagem, manifestam interesse com os procedimentos, com os saberes novos e com as vivencias proporcionadas pela escola. Essa atitude de contentamento com o conhecimento é extremamente positiva e precisa ser cultivada e valorizada pelo docente, porque representa o ponta pé inicial para exercitar o raciocínio lógico, a reflexão, a analise, a abstração e, assim construir outro tipo de saber: o conhecimento cientifico. (SERAFIM e SILVA 2005). 
O analfabeto tem sua imagem formada, a partir da identidade construída nesta situação socioeconômica cultural, devido, uma vida de pobreza, de trabalho intenso e, não sentindo nenhuma necessidade de ler e escrever. Esses estudantes tomam como base os valores e princípios dos grupos dos quais fazem parte e, das praticas sociais exercidas nos contextos de sua infância. Mas, ao fazerem parte de um circulo de relacionamento pertencente a uma cultura diferente da qual estavam acostumados, seus papeis mudam e sua identidade também (MAIOLINO, 2007).
No que tange o ensino das disciplinas de história e geografia no contexto da EJA, elas se tornam de fundamental importância para promover a formação do cidadão consciente e crítico para desafiar a complexidade do mundo atual, devido o seu conteúdo ser dinâmico, que apresentam uma forte tendência para a descrição de fatos e fenômenos que se estabeleceram no passado, no presente e, também, na sala de aula. 
Portanto, é preciso que essas disciplinas, além de capacitaros alunos para estabelecerem relações entre aspectos, sociais, culturais, políticos, econômicos, naturais e humanos, mostre os recursos para aplicar esse conhecimento em seu ambiente familiar, comunitário e profissional.
1.5 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UM CAMINHO POSSÍVEL NA (RE) CONSTRUÇÃO DO SABER
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil é uma meta do Estado brasileiro de erradicar o analfabetismo em conjunto, fazer com a as pessoas que estão fora da faixa etária escolar do Ensino Fundamental e Médio, possam concluir sua formação básica escolar. A priori, possui três funções básicas: reparadora, que prevê a inserção do aluno jovem e adulto no meio escolar, inclusive oferecendo ensino de qualidade; a função equalizadora, que prevê oportunidades iguais para todos, inclusive tendo “acesso a novas formas de trabalho e cultura”; e a função qualificadora que está ligada à “educação permanente, com base no caráter incompleto do ser humano” e sendo esta “mais que uma função, é o próprio sentido da educação de jovens e adultos”. (FERREIRA, 2011, p. 50).
Diante disso, o processo educativo deve respeitar a inter-relação da instituição educacional com a ampla rede de instituições sociais que a circunda, isto é, vinculado a cultura, ao trabalho, a família, a construção das identidades e há inúmeros outros tempos e espaços de socialização.
Nesse contexto Libâneo (2006) afirma que, a educação escolar é a oportunidade de compreender o mundo, a realidade e transformá-la. Desenvolver a capacidade de pensar a realidade e intervir nela por meio da cultura, da ciência e da arte; investir no fortalecimento da subjetividade dos alunos e na construção da identidade pessoal, atender a diversidade e a diferença para propiciar uma educação para o outro; formar a cidadania para atender as novas demandas culturais e novas formas de convivência humana.
Para Paulo Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno levando ao conhecimento critico construtivo para que possa inserir esse aluno a sociedade possibilitando uma exploração das questões relativas de visão de mundo.
Freire afirma que esse procedimento serve ao objetivo final, que é a conscientização do aluno trazendo uma realidade onde permite que o aluno construa o caminho do senso comum, valorizando a cultura do aluno.
De acordo com Pinto (2003), o educador deve ser o portador da consciência mais avançada de seu meio, necessita possuir antes de tudo a noção crítica de seu papel, isto é, refletir sobre o significado de sua missão profissional, sobre as circunstancias que a determinam e a influenciam, e sobre as finalidades de sua ação (ÁLVARO VIEIRA PINTO, 2003, p.48).
Observa-se, assim, que a Educação de Jovens e Adultos não diz respeito somente ao aspecto da alfabetização e escolarização ou a questão profissional, mas se relaciona com diversos temas, tais como: sexualidade, trabalho, família, cidadania, gênero, raça, meio ambiente, dentre outros, uma vez que a realidade atualmente é multi-referencial. Dentre esses temas, é fato, a nosso ver, a centralidade do mundo do trabalho para os alunos da EJA.
Em razão disso, percebe-se que a instituição de ensino necessita problematizar questões relacionadas ao mundo do trabalho, articulando com o conhecimento escolar, pois a escola precisa da experiência do trabalho e, este, necessita da aprendizagem escolar.
Segundo a visão de Arroyo (1997, p.23), “na maioria das causas da evasão escolar, a escola tem responsabilidade de atribuir à desestruturação familiar, e o professor e o aluno não tem responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo de empurra”. Sabe-se que a escola atual precisa estar preparada para receber e formar estes Jovens e Adultos que são frutos dessa sociedade injusta e para isso é preciso, professores dinâmicos, responsáveis, criativos que sejam capazes de inovar e transformar sua sala de aula em um lugar atrativo e estimulador.
1.6 DIDÁTICA DE ENSINO VOLTADA PARA A EJA 
Os alunos que se encaixam no perfil da EJA, tem a necessidade de ser terem práticas pedagógicas diferenciadas do ensino regular, pois sabemos que o contexto social e educacional destes é diferente daqueles alunos que frequentam a escola normal. Devido a isto acredita-se que o uso de metodologias didáticas diferenciadas se faz necessário para construir estratégias pedagógicas que se adequem a esta modalidade de ensino. 
De acordo com Santos (2011), para se utilizar desta estratégia didática de ensino, é de fundamental importância a participação de toda a comunidade escolar e principalmente os alunos devem estar motivados para a aprender e os professores para ensina. Outra proposta didática é a utilização de projetos pedagógicos que também facilita e motiva a aprendizagem educandos inseridos no contexto da EJA. 
Sendo assim na Educação de jovens e adultos, independentemente da estratégia de ensino que o professor utiliza, se faz necessário reconhecer e utilizar os conhecimentos e habilidades adquiridos e construídos pelos alunos no decorrer de suas experiências da vida, são hábitos e costumes que devem ser levados em conta no processo de ensino-aprendizagem.
No que diz respeito à oralidade, leitura e escrita, de acordo com a afirmação de Motta (2007): É de fundamental importância que o docente escute seus alunos e utilize mecanismos didáticos para desenvolver conhecimentos para a construção das mesmas, reconhecendo os saberes do cotidiano e os raciocínios que os educados desenvolveram quando conseguem resolver uma determinada tarefa e de fato vai contribuir pra o seu aprendizado, pode-se dizer que o aluno adulto precisa sistematizar os conhecimentos que já possuem e possa a vim construir conhecimento com a pratica cotidiana. 
No que diz respeito a viabilização do ensino para jovens e adultos de acordo com o artigo 37, § 2º da LDBEN:
“O poder público viabilizará e estimulará o acesso e permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares”. Essas ações estão relacionadas aos cursos e exames que habilitarão os alunos para a continuidade dos estudos na educação regular após sua passagem pela Educação de Jovens e Adultos, além de considerar as características sociais deles, tais como: serem alunos de baixa renda, trabalharem durante o dia (FARIAS, 2012).
Em janeiro de 2003, O MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal. Para isso, foi criada a secretaria extraordinária de erradicação do Analfabetismo, cuja principal meta é erradicar o analfabetismo no Brasil. Para cumprir essa meta foi lançado o programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o MEC contribui com os órgãos públicos Estaduais e Municipais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos para que desenvolvam ações de alfabetização eficazes e satisfatórias, que atendam a necessidade da população que necessita deste serviço. 
Segundo MEC (2015): O programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário a municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo, sendo que 90% destes localizam-se na região Nordeste. Esses municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizados. Podem aderir ao programa por meio das resoluções específicas publicadas no Diário Oficial da União, estados, municípios e o Distrito Federal. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015. p. 3).
Nos últimos anos a EJA, deu um salto muito grande no que diz respeito à melhoria da qualidade do ensino que é prestada aos educandos, também ouve uma procurar maior de pessoas que querem concluir seu ensino básico, isso se deve principalmente ao aumento da procura pela qualificação profissional e a grande concorrência no mercado de trabalho. 
Segundo Martins (2010), o que vem ocorrendo é uma busca incessante por alargar quantitativamente as vagas na Educação de Jovens e Adultos, a fim de diminuir a elevadataxa de analfabetismo no país. Porém, não basta aumentar a quantidade de vagas, é necessário um investimento orçamentário maior e valorização dos docentes e seus saberes, como aporte às transformações necessárias dos sistemas educativos. A tarefa é investir na gestão e na flexibilização dos sistemas educativos, a fim de oferecer oportunidade de aprendizagem qualificada aos docentes. 
Portanto, a educação de jovens e adultos teve seus momentos de grandes fracassos e críticas quanto à busca de um ensino de qualidade, pelo qual os alunos possam ter direito a uma vida mais digna, com perspectiva de construir um Brasil de mudanças positivas, mas com o interesse de toda a sociedade essa realidade vem mudando ao longo dos anos (SALDANHA, 2007).
A qualidade do educador e dos métodos utilizados na educação de jovens e adultos influencia na permanência ou não do aluno na escola. Para que o educador de jovens e adultos possa contribuir de fato com um aprendizado significativo, deve estar preparado para atender esses alunos em todas as suas especificidades; ele deve conhecer cada um deles, por mais difícil que seja e partindo daí, relacionar o conteúdo a ser ministrado com o cotidiano e a realidade social de cada um, considerando suas expectativas por melhores condições de vida de trabalho e de satisfação pessoal, pois muitos educandos têm talentos (culinária, costura, pintura, poemas e versos etc.) (BONETE; STREMEL, 2011).
1.7 A EJA NA ATUALIDADE 
Nos últimos anos muitas pesquisas têm sido realizadas por estudiosos e especialistas na área da educação em torno da complexidade dos desafios educacionais brasileiros, em todo os sistemas educacionais e modalidades de ensino que são oferecidas aos estudantes brasileiros. O acesso à educação favorece aos jovens e adultos ter uma vivencia de novas experiências e torna-se importante também pelo valor que a escola passa os mesmos transcendendo a mera aquisição do conhecimento RIBEIRO, ( 2001).
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de educação que está fundamentada a partir das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), na Lei nº 9394/96, sendo destinada aos alunos jovens e adultos “que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria”, fazendo parte do Ensino Básico, mas não havendo para a EJA a obrigatoriedade existente no mesmo. (FARIAS, 2012)
De acordo com o artigo 37, § 2º da LDBEN “O poder público viabilizará e estimulará o acesso e permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares”. Essas ações estão relacionadas aos cursos e exames que habilitarão os alunos para a continuidade dos estudos na educação regular após sua passagem pela Educação de Jovens e Adultos, além de considerar as características sociais deles, tais como: serem alunos de baixa renda, trabalharem durante o dia (FARIAS, 2012).
Em janeiro de 2003, O MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal. Para isso, foi criada a secretaria extraordinária de erradicação do Analfabetismo, cuja principal meta é erradicar o analfabetismo no Brasil.
 Para cumprir essa meta foi lançado o programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o MEC contribui com os órgãos públicos Estaduais e Municipais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos para que desenvolvam ações de alfabetização eficazes e satisfatórias, que atendam a necessidade da população que necessita deste serviço. 
Segundo MEC (2015), o programa é uma porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário a municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo, sendo que 90% destes localizam-se na região Nordeste. Esses municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos. Podem aderir ao programa por meio das resoluções específicas publicadas no Diário Oficial da União, estados, municípios e o Distrito Federal. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015. p. 3).
Nos últimos anos a EJA, deu um salto muito grande no que diz respeito à melhoria da qualidade do ensino que é prestada aos educandos, também ouve uma procurar maior de pessoas que querem concluir seu ensino básico, isso se deve principalmente ao aumento da procura pela qualificação profissional e a grande concorrência no mercado de trabalho. 
Segundo Martins (2010), o que vem ocorrendo é uma busca incessante por alargar quantitativamente as vagas na Educação de Jovens e Adultos, a fim de diminuir a elevada taxa de analfabetismo no país. Porém, não basta aumentar a quantidade de vagas, é necessário um investimento orçamentário maior e valorização dos docentes e seus saberes, como aporte às transformações necessárias dos sistemas educativos. A tarefa é investir na gestão e na flexibilização dos sistemas educativos, a fim de oferecer oportunidade de aprendizagem qualificada aos docentes. 
Portanto, a educação de jovens e adultos teve seus momentos de grandes fracassos e críticas quanto à busca de um ensino de qualidade, pelo qual os alunos possam ter direito a uma vida mais digna, com perspectiva de construir um Brasil de mudanças positivas, mas com o interesse de toda a sociedade essa realidade vem mudando ao longo dos anos (SALDANHA, 2007).
CAPITULO II
2 A LEITURA LITERÁRIA NA ESCOLA
Neste capitulo serão expostas questões sobre a literatura literária na escola, que durante muitos anos, a leitura de obras literárias no contexto escolar era um pressuposto básico da formação do leitor crítico social. Determinada em uma tradição que se formou antes mesmo da existência de forma formal da escola, tal como se conhece nos dias de hoje. Neste sentindo, a relação entre literatura e educação pode ser remontada ao processo de preparação dos escribas egípcios, passando pela tragédia grega pelo Estado e a pedagogia retórico-política dos romanos, até chegar, translada do ensino do grego e do latim, ao ensino da língua nacional
Sendo assim, a leitura literária na escola, precisa ter objetivos e práticas pedagógicas bem definidos que não devem ser confundidos simplesmente com o ensinar um conteúdo sobre a literatura, nem com uma simples atividade de lazer. Assim como é preciso superar a dicotomia da divisão ente leitura ilustrada e leitura aplicada em favor da presença de ambas na formação do leitor, também é preciso que se supere a oposição entre ensinar e mediar em favor da aprendizagem da leitura literária.
2.1 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E A ORIGEM DA LEITURA
Para se chegar à origem da leitura e escrita no mundo, se faz necessário pensar na evolução humana, onde os povos primitivos viveram um período onde a civilização era pouco desenvolvida, com o passar do tempo vieram os avanços. Os povos primitivos existiram na Pré-História e existem até hoje, a diferença é que nesse período toda a humanidade era formada por povos primitivos, ou seja, formada por pessoas que viveram nos primórdios da humanidade nos quais a civilização ainda era pouco desenvolvida.
 Enquanto hoje estão quase instintos, os primitivos da atualidade são, por exemplo, as tribos indígenas no Brasil e as diversas comunidades tribais na África e na Oceania, que são assim consideradas em função de organização social. (ROSA, ZINGANO.2013)
Após o período da pré-história houve um avanço considerado no que diz respeito à educação. Esse avanço deve-se principalmente as diversas descobertas realizadas nesse período nos povos que avançaram em termos de educação, os egípcios e mesopotâmicos tiveram um papel fundamental no que diz respeito à educação atual. 
Na Educação Primitiva, o Homem das Cavernas deixava suas mensagens por meio dos desenhos feitos com pedras rabiscados nas paredes das cavernas, em rochas externas ou até mesmo em troncos de árvores, tudo isso eram formas de comunicação onde um outro “alguém” leria e interpretaria a tal mensagemque eles deixaram através de tais registros, a partir daí esse sujeito já seria um leitor, mesmo sendo apenas por imagens significantes. (RIBEIRO, ET AL. 2017)
Desde o início da civilização foram criadas hieroglíficas no começo apenas criptográficas, mantida em segredos por sacerdotes do século IV os últimos a usar essa linguagem, esse tipo de escrita era composto por mais de 600 sinais o que tornava seu aprendizado muito longo, na maioria dos casos apenas os escribas eram dotados, sabiam e gozavam desse método de escrita.
A Mesopotâmia valorizava a linguagem que juntamente com a escrita, constitui a matéria mais importante do método educacional, os alunos aprendiam por meio de copias e documentos numerosos, e utilizavam formulários relativos à espécie de trabalho que ele iria exercer, ganhavam ainda uma espécie de lista com todas as palavras e expressões que iriam empregar na sua vida profissional.
Como os egípcios valorizavam a educação dos escribas que tinham a função econômica e administrativa dos templos e palácios. Os mesopotâmicos já ensinavam em templos próprios para atividade e foram uma das primeiras civilizações a criar o ensino público, mas apesar disso a maioria dos estudantes vinha de família rica. (RIBEIRO, ET AL. 2017)
A Antiguidade Grego Romana a partir das civilizações é possível notar um amadurecimento considerado na escrita, na sociedade grega também pode observar que as explicações antes religiosas dão lugar a uma educação baseada na razão e na inteligência crítica. A educação Grega iniciava-se dentro de casa as crianças tinham medo do pai, que tinha personalidade autoritária e também tinham medo dos contos de fadas e personagens míticos. (ROSA, ZINGANO.2013)
O menino era visto como marginal e era violentado e submetido a exploração e muitas vezes serviam de sacrifício aos deuses. Só a partir dos sete anos que eles começavam a frequentar a escola. A menina não recebia qualquer tipo de educação formal, ela aprendia em casa com a mãe os ofícios domésticos e os trabalhos manuais.
 A História da Educação e a Origem da Leitura nos permitem desvendar a história em que se refere ao passado, somos feitos de história, somos seres históricos, sabemos como somos porque conhecemos nossa trajetória ao longo do tempo. Conhecemos tanto os detalhes quanto os momentos importantes de nossas vidas. Conhecemos o que nos faz ser como somos e sabemos que nos transformamos ao longo do tempo. Por experiência, evitamos as circunstâncias que podem nos levar ao sofrimento, bem como trabalhamos para engendrar situações que possam nos favorecer. 
A História da educação e a Origem da Leitura permitem basicamente entender à forma como se organizavam, se adaptavam e transformavam o ambiente social e natural em que viviam ao longo do tempo, podemos entender como as diferentes sociedades se desenvolveram e como se transformaram através da leitura e escrita. A história não é só um simples relato de fatos vividos, mas sim uma forma específica de uma grande reflexão e análise que nos permite pensar e analisar fatos e acontecimentos que poderão contribuir para a formação de nossas condições de vida atuais. (SOUSA, 2018)
A Leitura no ensino fundamental é o caminho que leva a criança desenvolver a imaginação, emoção e sentimentos de forma prazerosa e de grande importância. Por meio da leitura que podemos formar o cidadão crítico e participativo na sociedade, através da leitura o indivíduo é capaz de compreender o significado das inúmeras vozes que se manifestam em debates sociais e assim se pronunciarem com sua própria voz. 
Cita-se, como exemplo, que o professor deve trabalhar as capacidades de leitura e de produção de textos durante todo o processo de escolarização, mas, esse processo deve ser iniciado logo no início da Educação Básica, assim garantindo o acesso precoce a diferentes gêneros. A partir dessas capacidades o processo de construção da escrita da criança possui um espaço que favoreça um ambiente, onde ela possa manipular e construir a sua própria autonomia.
Ainda para Papa Nabão (2012, p. 6), O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, para alavancar mudanças que possibilitem a superação das condições sociais. Nesse sentido, o A História da Educação e a Gênese da Leitura permite aprimorar o conhecimento, estimular o hábito da leitura, para que assim a criança possa ser o principal ator no seu processo de ensino-aprendizagem. Assim, estimulando a construção textual e o aprimoramento da escrita.
Logo, é importante compreender que conhecer o passado através da história da educação, fazendo assim com que o aluno possa entender como foram formadas e porque são desenvolvidas muitas ações que envolvam seu cotidiano, localidade, país e até o mundo.
Nesse sentido, exemplifica-se a História da Educação e a Origem da Leitura como uma das formas que se disponibilizam uma integração com o ambiente em que a criança está inserida, para sua maior compreensão de mundo. Por isso, eis uma grande importância em desenvolver e estimular a leitura na educação infantil, pois ela tem uma responsabilidade enorme de formar cidadãos ativos na organização de uma sociedade consciente e crítica.
Contudo pode-se afirmar que, a leitura e a escrita surgiram através da necessidade de um povo em fazer seus registros, tais habilidades se propagaram primeiramente de forma elitista, onde a vertente da ciência política baseava-se apenas no princípio minoritário, ou seja, a leitura ainda se restringia para poucos, pois na sua maioria quem sabia ler e escrever estavam no poder, seja no comércio, no poder legislativo, na igreja ou até mesmo nas artes. (SOUSA, 2018)
A leitura literária na escola compreende uma série de conhecimentos relevantes para a formação do leitor crítico. Assim, desdobrar esforços para inserir o hábito da leitura no âmbito escolar sem que esta ação se volte somente para transmissão do saber se torna um caminho de grande importância, conforme os estudos de Zilberman (1991, p. 16): 
O exercício dessa função [...] é delegado à escola, cuja competência precisa tornar-se mais abrangente, ultrapassando a tarefa usual de transmissão de um saber socialmente reconhecido e herdado do passado. Eis porque se amalgamam os problemas relativos à educação, introdução à leitura, com sua consequente valorização, e ensino da literatura, concentrando-se todos na escola, local de formação do público leitor. 
Deste modo, a leitura na escola abrange uma reflexão constante sobre a realidade social. O ato de ler possibilita uma atividade dinâmica que abre ao leitor amplas possibilidades de relação com o mundo, de compreensão da realidade que o cerca, de inserção no mundo cultural da sociedade que vive. Assim sendo, se torna relevante ampliar as concepções que envolvem o ato de ler para que se possa adentrar nas riquezas desta ação social.
2.2 O QUE É LITERATURA?
As abordagens a respeito da literatura são inúmeras. É comum remeter-se à ideia de que literatura é a arte que se manifesta pela palavra oral ou escrita. Para a além dessa perspectiva conceitual, (LAJOLO,1982), atesta que literatura é uma expressão da realidade interpretada pela subjetividade de alguém, através da produção artística.
 É o conhecimento individual que cada um de nós temos, naturalmente, dos fatos e das coisas. Afinal, tudo o que consegue se expressar por meio da escrita, ou seja, do texto impresso e que se identifica com a natureza ideológica do leitor, onde existe uma troca de culturas, obedecendo aspectos de interação entre escritor e leitor recebe o nome de literatura. 
Silva (1976), defendendo a mesma ideia, em uma definição simples e didática, diz que, a literatura, além do aspecto ficcional que a configura, é um meio de olhar para o mundo, de refletir sobre questões importantes, como as relações humanas, e tudo o que lhe diz respeito, como o amor, a vida social, o trabalho,as frustrações etc. 
Essa maneira de ver o mundo pode se alterar conforme a época e o local. Estudar literatura para Silva (1976 p. 108) “é compreender a própria sociedade e as mudanças de perspectivas ao longo do tempo”. Literatura afirma-se como um meio privilegiado de explicação e de conhecimento da realidade interior, do eu profundo que as convenções sociais, os hábitos e as exigências pragmáticas mascaram continuamente. SILVA (1976).
Numa perspectiva de teoria literária, Perrone (1996, p.101), apresenta suas reflexões sobre a criação do texto literário vinculada à discussão da necessidade que o ser humano tem de criar: “Invenção é também a criação de uma coisa nova, mas não de modo divino e absoluto. Inventar é usar o engenho humano”. 
 Esse movimento de criação, invenção representação e expressão possibilita produzir um objeto reabsorvido e utilizado pelo real concreto. Ou seja, a literatura parte de um real que pretende dizer, falha ao dizê-lo, mas ao falhar diz outra coisa, desvendando um mundo mais real do que aquele que pretendia dizer. 
Perrone (1996, p. 103) destaca que:“ A literatura nasce de uma dupla falta: uma falta sentida no mundo, que se pretende suprir pela linguagem, ela própria sentida em seguida com a falta”.
A leitura do texto literário é um aprendizado de atenção, de sensibilidade e de invenção. Na circulação entre a proposta que é a obra e a sua recepção pelo leitor cria-se não propriamente um mundo paralelo, representado, e sim uma visão valorizada do mundo em que vivemos. Essa compreensão permitida pela obra literária é diversa da compreensão racional, visada pelos discursos instrumentais da ciência, uma vez que é inteligência sensível, que se opera em nossa mente pelo poder de uma linguagem em que as palavras evocam sentimentos e sensações.
Assim, a literatura nunca está afastada do real. Trabalhar o imaginário pela linguagem não é ser capturado por esse imaginário, mas absorver, através dele, verdades do real, ou seu oposto, o realismo não se efetua totalmente na literatura, pois as duas atitudes têm o real como horizonte e a linguagem como mediação.
Sendo assim, é por meio da Literatura, o aluno aumenta suas capacidades cognitivas de aprendizagem possibilitando assumir uma atitude crítica em relação ao mundo, advinda das diferentes mensagens e indagações que a literatura oferece. O professor que incentiva a leitura literária não pode negar-se a colocar sua prática leituras de comentários ou interpretações que estimulem nos estudantes à sensibilidade, o senso crítico, a capacidade argumentativa, e seja assim susceptível mostrar os caminhos para o universo literário. Nessa perspectiva, a Literatura tem por objetivo, não somente relacionar símbolos escritos, mas também centralizar-se nos aspectos individuais e sociais. (CANCELA, MACHADO. 2017)
2.3 LITERATURA BRASILEIRA 
Neste tópico vamos fazer um breve registro sobre a literatura brasileira, sendo assim, o primeiro registro literário em terras brasileiras é a carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Além das cartas, há os diários onde o autor elabora uma literatura informativa, algo próximo às narrativas de viagens, sobre o Brasil. Seu objetivo era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas e sociais da nova terra.
Entre as manifestações da época, destaca-se também a Literatura Jesuíta ou de Catequese, sendo seu principal representante o Padre José de Anchieta, com seus autos, cartas, hinos, poemas e sermões. O objetivo principal do jesuíta espanhol era catequizar os índios brasileiros.
Por vários anos, ela ficou ligada a literatura promovida pela metrópole. O Barroco praticado no Brasil, por exemplo, tinha influências europeias e idealizava catequizar os índios. Aos poucos a literatura brasileira foi ganhando independência. No Romantismo e Realismo já era possível observar um estilo próprio. 
Em 1922, o Brasil rompe definitivamente com os estilos desenvolvidos nos outros países e cria um pensamento efetivamente nacional. O Modernismo no Brasil surge como uma escola de escritores independentes e focados em retratar os aspectos do cotidiano e criar uma linguagem genuinamente nacional. A literatura nacional está dividida em escolas e a partir de certos períodos. Conheça agora as principais correntes literárias Brasileiras. (ALMEIDA, 2017)
2.3.1 Quinhentismo: marco inicial da literatura brasileira
Muitos estudiosos não consideram o Quinhentismo como uma escola literária. Isso porque os textos produzidos durante o período do descobrimento (1500 até 1601) apenas relatavam os aspectos naturais da terra recém-descoberta. Foram os primeiros documentos que falavam sobre as terras brasileiras e que foram criados no país pelos portugueses que aqui chegaram. Os textos descreviam a paisagem geográfica e os povos que habitavam a região. Um destaque especial é dado para a Carta de Pero Vaz de Caminha que era direcionada ao rei Manuel I de Portugal. (SOUZA, 2013)
A literatura quinhentista é considerada informativa, com cartas e documentos descritivos e relatavam aspectos da natureza dos habitantes da terra descoberta. Também era classificada como de catequese, com os textos dos jesuítas como Padre José de Anchieta que tinham o objetivo de catequizar os índios.  Entre as características do Quinhentismo estão:
· Uso de texto descritivo para fazer relatos sobre as novas terras;
· Utilização exagerada de adjetivos com o objetivo de exaltar a colônia e criar interesse para o povoamento;
· Linguagem didática como técnica para catequizar os índios.
2.3.2 O movimento Barroco no Brasil
O Barroco surgiu na Itália no século XVI e foi até o século XVIII. Foi influenciado pela Reforma Protestante e pelo Renascimento. Vivia as tensões do confronto entre o pensamento teocêntrico da igreja católica e das ideias humanistas que colocavam o homem no centro de tudo. 
O Barroco surge no Brasil durante o século XVII e tinha como objetivo catequizar os índios através das artes e literatura, além de difundir a fé entre os habitantes das cidades. O Barroco no Brasil ganhou as características de todas as contradições da sociedade colonial e era desenvolvida com os elementos encontrados no território nacional. 
As prosas do Padre Antônio Vieira são os textos mais representativos do período colonial e do processo de catequização. As poesias de Gregório de Matos Guerra também ganharam destaque. Este autor é visto como um dos mais importantes representantes do Barroco nacional. Outro autor de grande influencia foi Bento Teixeira e seu poema Prosopopeia. Os textos da literatura brasileira da época eram caracterizados por ser:
· Subjetiva com utilização de figuras de linguagem;
· Pensamentos dualistas e confrontos da fé e da razão;
· Detalhamento, dramaticidade e exagero. 
2.3.3 Arcadismo brasileiro
O Arcadismo foi uma corrente da literatura brasileira que surgiu na metade do século XVIII. O estado de Minas Gerais foi quem mais contribuiu para o crescimento do estilo, pois vivia o período da exploração do ouro. 
O Arcadismo era caracterizado pela racionalidade, valorização da natureza e bucolismo, elementos de exaltação dos costumes rurais e a vida no campo. Os principais autores do movimento no Brasil foram Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) e José de Santa Rita Durão (1722-1784). 
2.3.4 O Romantismo 
O Romantismo foi outra corrente da literatura brasileira. Surgiu em 1870 e foi influenciado pelo patriotismo gerado após a Independência nacional (1822). Este estilo teve três fases no país. A primeira fase foi marcada pela nacionalidade e patriotismo gerado pela Independência. A Segunda fase apresentou temas relacionados com morte, escravidão e amores impossíveis. A terceira fase foi caracterizada pelas aflições políticas e sociais. 
Os principais representantes do Romantismo foram Gonçalves Dias (1823-1864), Álvares de Azevedo(1831-1852), Castro Alves (1847-1871), José de Alencar (1829-1887), Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882). 
2.3.5 O Realismo na literatura brasileira
O Realismo surgiu no país em 1881. O estilo se caracterizava por uma linguagem direta, objetiva e pela crítica social, principalmente a burguesia.  A obra "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis é o principal representante literário do período. Outros autores do estilo foram Raul Pompéia (1863-1865) e Artur Azevedo (1855-1908). 
2.3.6 Parnasianismo 
A escola surgiu em 1882 e se preocupava com o "culto à forma" (preciosíssimo) e descrição excessiva dos detalhes. A estrutura estética era valorizada e os fatos ou personagens eram apresentados de forma realística. 
Os representantes dessa literatura brasileira foram: 
· Alberto de Oliveira (1857-1937);
· Francisca Júlia (1871-1918);
· Raimundo Correia (1859-1911);
· Olavo Bilac (1865-1918);
· Teófilo Dias (1854-1889).
2.3.7 Naturalismo
O Naturalismo se preocupava em relatar os problemas sociais da época. Foi influenciado pelo determinismo e considerava o homem como produto do meio. A obra "O Cortiço" de Aloísio de Azevedo e um dos maiores representantes da literatura brasileira. 
2.3.8 Simbolismo 
O Simbolismo aparece em 1893 e apresentavam uma linguagem subjetiva. A estética é marcada pela aliteração e assonância e criam uma musicalidade por meio da repetição. Os principais autores foram Cruz e Sousa (1861-1898), Alphonsus de Guimarães (1870- 1921), Augusto dos Anjos (1884-1914). 
2.3.9 Modernismo 
O Modernismo foi um dos mais importantes movimentos da literatura brasileira. O marco inicial do estilo foi a Semana de Arte Moderna realizada em 1922. O evento estava voltado a promover apresentações artísticas que representasse os aspectos culturais vividos no momento. 
O Modernismo no Brasil se caracterizou pela liberdade estética, textos em versos livres e valorização da cultura nacional. O movimento passou por três fases. A primeira geração (1922-1930), segunda geração (1930-1945) e terceira geração (1945-1960). Os principais autores foram: 
· Cecília Meireles (1901-1964);
· Clarice Lispector (1920-1977);
· João Guimarães Rosa (1908-1967);
· Mário de Andrade (1893-1945);
· Manuel Bandeira (1886-1968);
· Oswald de Andrade (1890-1954);
· Vinícius de Morais (1913-1980).
2.4 CONCEPÇÕES DO ATO DE LER NA ESCOLA 
	O ato de ler requer algumas habilidades que ultrapassam a simples decodificação de um texto. A leitura envolve análise, compreensão, interação que atestam a comunicação com o objeto lido. Numa atividade simbólica, os componentes culturais envolvidos no texto permitem a apreensão e sua compreensão por parte do leitor. 
Como destaca Maria (2002, p.25), a leitura é a possibilidade de diálogo para além do tempo e do espaço, é o alargamento do mundo para além dos limites de nosso quarto, mesmo sem sairmos de casa, é a exploração de experiências as mais variadas, quando não as podemos viver realmente.
Portanto, a concepção da leitura abrange uma série de habilidades cognitivas que não se restringe somente na decodificação. Neste foco, Martins (2004, p. 31) esclarece o ato de ler caracterizando-o em duas ações primordiais: 
1) Como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta (perspectiva behavorista-skinneriana); 
2) Como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos (perspectiva cognitivo-sociológica). 
Assim, é preciso transformar a leitura numa ação com potencialidades de criticidade, que possa estar além da decodificação dos signos linguísticos para que se torne significativa, motivada pela curiosidade abrangendo diferentes dimensões sócio emocionais do seu leitor. 
 Para que o ato de ler seja significativo é necessário estar além da leitura da palavra, já dizia Freire (1998, p.11): "A leitura do mundo precede a leitura da palavra". Portanto, ler envolve, primeiramente, o ato de conceber a leitura como um estado de ser e estar num mundo complexo, diversificado e rico em concepções propiciadas pela sua representação. 
Para Lajolo (2002, p. 59):
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. 
Deste modo, ao propiciar uma diversidade de recursos para desenvolver as habilidades de leitura onde o pensar constante possa propiciar reflexões e diferentes pontos de vista o professor poderá fazer com que os estudantes pratiquem o ato de ler de modo crítico sem fazer da leitura somente um ato que, segundo Silva (2003, p. 13) envolve somente a memorização de “normas gramaticais ou conteúdos cristalizados ou superficializantes”.
Tais considerações são atestadas também por Freire (1998, p. 8) onde este coloca que, “aprender a ler, a escrever, a alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.”
No que tange a esta prática na escola, Martins (2004, p. 23) evidencia que esta ação ainda se configura num prática alienante, “para a maioria dos educandos, aprender a ler se resume à decoreba de signos linguísticos (...) sem se colocar o porquê, como e para quê, impossibilitando compreender a função da leitura”. 
Diante de tais concepções, se observa que a leitura tem se configurado numa atividade sem finalidades críticas sociais, mas atrelada a uma norma pré-estabelecida que priorize a memorização de textos “cristalizados” pelos livros didáticos.
Este tipo de leitura que não envolve o sujeito leitor nas suas relações com a realidade é contestado por Soares (2000, p.75) onde está defende a concepção de leitura numa prática de letramento, sendo este: Um conjunto de práticas socialmente construídas que envolvem a leitura e a escrita, geradas por processos sociais mais amplos, e responsáveis por reforçar ou questionar valores, tradições e formas de distribuição de poder presentes nos contextos sociais.
Da mesma forma, se entende que letramento evidencia uma prática de leitura de mundo onde o leitor deixa de ser somente um indivíduo que decodifica os signos para estar no papel de sujeito ativo. Nesta condição, a leitura passa a ser instrumento de prática social onde todas as suas competências são utilizadas, inclusive a escrita.
 Na prática de letramento, a leitura literária passa a ter grande relevância para a formação do cidadão, pois enaltece consideravelmente a criticidade, propiciando a interação do leitor com o texto e o seu contexto social. 
2.5 RELEVÂNCIAS DA LEITURA LITERÁRIA 
A literatura é de suma importância para o ensino de língua portuguesa. Quanto mais o aluno ler bons livros, mais ele aprende sobre os mecanismos de funcionamento da língua, tanto escrita quanto falada. Por isso, a literatura e a gramática devem caminhar juntas para que a aprendizagem aconteça de fato.
Por meio das leituras dos livros clássicos universais, o leitor satisfaz suas necessidades, sendo-lhe permitido assumir uma atitude crítica em relação ao mundo que o rodeia, advinda das diferentes mensagens e indagações que a literatura oferece. Nesse caminho, cabe ao professor estimular o estudante para que ele aprenda a gostar de ler e, posteriormente, saiba enveredar pelo mundo literário fazendo suas próprias escolhas, por puro prazer: De acordo com Braga e Silvestre (2019)
É o leitor quem cria, constrói o sentido a partir de seus conhecimentos, em sua expectativa e em sua intenção de leitura. No caso doaluno, porém, a intensão é do professor. Quem deseja que a leituraseja feita porque é importante, necessária para a explicitação de um assunto, para a ampliação de um conhecimento, ou por qualquer outro motivo, é o professor. Só ele pode transformar o que precisa ser lido em algo significativo e prazeroso. (p. 22).
De acordo com Lajolo (2002) evidencia a literatura como uma expressão da realidade interpretada pela subjetividade de alguém, através da produção artística. É o conhecimento individual que cada sujeito dá, naturalmente, aos fatos e as coisas. Afinal, tudo o que se consegue expressar por meio da escrita, ou seja, do texto impresso e que se identifica com a natureza ideológica do leitor, onde existe uma troca de culturas, obedecendo a aspectos de interação entre escritor e leitor.
A leitura literária na escola requer do estudante a prática de habilidades importantes, pois, segundo Cosson (2012, p. 17) ela, “tem o poder de se metamorfosear em todas as formas discursivas [possíveis]. E isso se dá porque a literatura é uma experiência a ser realizada”. E como um ato empírico ela necessita ser trabalhada de modo que o seu leitor possa ampliar sua forma de interpretar o contexto onde ela está inserida.
Para Silva (2003, p. 514) a leitura literária envolve fatores que necessitam ser considerados pelo educador como:
A própria natureza interdisciplinar do ato de ler que envolve contribuições de diversas áreas. No caso da leitura literária, o ato de ler é influenciado por estratégias cognitivas, linguísticas, metalinguísticas, conhecimento do poli código literário, noção de gênero literário, estilo de época no qual o texto está inserido, enfim, um conjunto de noções determinantes na interação do leitor com o texto; {...}.
	
Assim, a prática da leitura literária requer uma interpretação abrangente sob o universo textual que poderá levar o leitor a uma discussão estética, estrutural e temática dos textos, aguçando sua capacidade de análise e criticidade. 	
Como evidencia Cosson (2012, p.16), a prática da literatura seja pela leitura, seja pela escrita, consiste exatamente em uma exploração das potencialidades da linguagem, da palavra e da escrita, as quais têm paralelo nas atividades humanas. Por essa exploração, o dizer do mundo (re) construído pela força da palavra, que é a literatura, revela-se como uma prática fundamental para a constituição de um sujeito da escrita dos textos literários que se desvela a arbitrariedade das regras impostas pelos discursos padronizados da sociedade letrada e se constrói de um modo próprio de se fazer dono da linguagem que, sendo minha, é também de todos. 
Certamente, a literatura é rica em possibilidades de construção e reconstrução do seu texto por parte do leitor. Este, através da leitura pode compreender os sentidos inseridos na obra, opinando, criticando ou modificando o que leu. Para tanto, é tarefa de a escola propiciar momentos que esta construção de saberes pode fazer com que os estudantes promovam ações sociais e tenham um real sentido em suas vidas. Neste aspecto, torna-se relevante trabalhar com o letramento literário. 
Segundo Paulino e Cosson (2012, p. 67) o letramento literário se conceitua como o, “[...] o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos”. Portanto, esta prática envolve muito mais do que apenas ler os textos literários, envolve um repensar abrangente sobre os contextos da história de modo que estes possam atribuir práticas sociais por parte de seus leitores.
2.6 A LITERATURA E SEU POTENCIAL FORMATIVO
Os povos primitivos contavam histórias para ensinar, divertir, e, mais tarde, a escrita surge para perpetuar o que antes era apenas falado. Zilberman (2001), ao fazer um resgate da história da escrita, mostra que a oralidade foi a primeira manifestação da necessidade de comunicação realizada pelo ser humano. Por meio da escrita e da comunicação foi possível desenvolver ao longo dos anos a literatura.
A literatura proporciona o ponto de encontro entre gerações e possibilita uma sintonia com a contemporaneidade. Assim como em outras manifestações artísticas, a literatura é o registro concreto da percepção que o indivíduo ou grupo tem da realidade, das vivências e da história que o circunda. Num aspecto mais amplo, a literatura não se restringe apenas ao texto, ela designa toda criação cultural. 
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes e civilizações.(CÂNDIDO,2007,p.71)
Essa percepção da realidade independe de classe social, nível escolar ou situação econômica na qual o indivíduo está inserido por ser uma criação cultural, não existe hierarquia. O que existe é uma grande pluralidade de manifestações às quais todos os indivíduos devem ter acesso com o objetivo de conhecer o outro, identificar as semelhanças e diferenças, e respeitá-las.
Se a literatura é uma expressão artística, cada sociedade cria, dependendo de suas crenças, sentimentos e regras, suas próprias manifestações ficcionais, tais como mitos e lendas folclóricas; poéticas, desde a clássica até a mais contemporânea; e dramáticas, partindo dos autos até chegar às grandes produções que objetivam fortalecer, disseminar e perpetuar seus valores. 
Colomer (2002) afirma que o texto literário não intervém apenas na tradição concreta, mas também na artística e ideológica de todo o sistema cultural de uma sociedade. Sendo assim, é possível afirmar que a literatura solidifica ideias já existentes e as multiplica, e se essas manifestações forem consideradas pertencentes à categoria de maior prestígio cultural dentro da sociedade, será disseminada e muitas vezes imposta para as demais. 
Devido ao seu poder de atuação, a literatura pode ser explorada como instrumento de instrução e educação. Num sentido mais amplo, ela trabalha com opostos, pois ao mesmo tempo aceita e refuta conceitos, propõe e denuncia ideias, fazendo com que o ser social tenha a possibilidade de vislumbrar um problema sob diferentes ângulos para assim poder criar sua própria opinião.[...] a criação literária corresponde a certas necessidades de representação do mundo, às vezes como preâmbulo a uma práxis socialmente condicionada.
Mas isto só se torna possível graças a uma redução ao gratuito, ao teoricamente incondicionado, que dá ingresso ao mundo da ilusão e se transforma dialeticamente em algo emprenhado, na medida em que suscita uma visão do mundo. (CANDIDO, 2002, p. 55)
A literatura, assim como outras manifestações artísticas, não tem obrigação de manter um vínculo com o real, pois além de apresentar uma liberdade de escolha, pode derivar do real e retornar à realidade. A partir de um movimento dialético, desde o momento em que o indivíduo entra em contato com o texto, ele passa a ser imbuído pelas ideias deste e, consequentemente, passa a pensar e atuar dentro da sociedade. 
Segundo Zilberman (2002) a leitura provoca em cada indivíduo reações diversas e permite, a um mesmo leitor, dependendo do momento vivido, incontáveis sugestões pessoais e inusitadas, entretanto ela obedece invariavelmente a um mesmo percurso: o afastamento do cotidiano e o retorno a ele, estando o leitor de posse de uma nova experiência existencial.
Por meio dos textos literários, o indivíduo pode conhecer melhor seus sentimentos e a sociedade e este é um bem a que todos têm direito. Conhecendo-se, o sujeito consegue tomar posição face aos acontecimentos. A literatura lhe possibilita uma consciência da realidade que o circunda, permite-lhe reconhecer-se como ser participante, histórico e atuante num grupo social, suscita-lhe

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