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416153156-A-Biodanza-de-Rolando-Toro-e-a-Psicoterapia-de-Carl-Rogers

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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION 
ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE BIODANZA DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sistema Rolando Toro 
 
 
“ A BIODANZA DE ROLANDO TORO 
E A 
 PSICOTERAPIA DE CARL ROGERS ” 
 
 
 
 
MARIA REGINA HESKETH NOBRE 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à 
Associação Escola de Biodanza 
Rolando Toro do Rio de Janeiro, 
como requisito parcial para 
obtenção do Título de Facilitador 
de Biodanza. 
 
Orientadora: 
GLADYS TRINDADE DE ARAÚJO 
 Professora Didata de Biodanza 
 
 
 Março, 2008 
 
MONOGRAFIA APRESENTADA À ASSOCIAÇÃO ESCOLA DE 
BIODANZA ROLANDO TORO DO RIO DE JANEIRO E APROVADA 
PELA COMISSÃO JULGADORA FORMADA PELOS DIDATAS: 
 
 
 
 
 
 ______________________________ 
 GLADYS TRINDADE DE ARAUJO 
 Orientadora: Facilitadora Didata 
 International Biocentric Foundation 
 Reg. nº RJ 9719 
 
 
 
 ______________________________ 
 DENIZIS ASSIS TRINDADE 
 Facilitadora Didata 
 International Biocentric Foundation 
 Reg. nº RJ 0139 
 
 
 
 ________________________________ 
 TÂNIA DO NASCIMENTO TORRES 
 Facilitadora Didata 
 International Biocentric Foundation 
 Reg. nº RJ 0145 
 
 
 
Visto e permitido a impressão 
Rio de Janeiro, de março de 2008 
 
 
_____________________________ 
ANTONIO JOSÉ SARPE 
Diretor da Associação Escola de Biodanza 
Rolando Toro do Rio de Janeiro 
International Biocenter Fundation 
 Registro SP 8515 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À memória de minha querida Mãe, 
MARIA LEONOR HESKETH NOBRE DE ARRUDA 
grande e melhor Amiga, 
eterna incentivadora de meus projetos de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
A Rolando Toro, pela genialidade da criação do Sistema Biodanza; 
 
À Gladys T. Araújo, pela competente orientação dada a este trabalho; 
 
À Denizis Trindade, por seu carinho, apoio e incentivo constantes; 
 
A Antonio Sarpe, diretor da Associação Escola de Biodanza do Rio de 
Janeiro, por sua atenção e compreensão; 
 
À Tânia Torres, pela disponibilidade de participar da banca avaliadora; 
 
À Ilozair Antunes, pelo material de pesquisa fornecido a este trabalho; 
 
A todos os Facilitadores pelos quais eu passei em grupos regulares; 
jornadas, maratonas, seminários e congressos; 
 
Aos colegas e amigos de todos os grupos dos quais eu participei; 
 
 Aos alunos e ex-alunos de Biodanza da Casa Dercy Gonçalves e do 
Posto de Saúde Municipal João Barros Barreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
 
 
 O presente trabalho visa apontar os aspectos em 
comum existentes entre a Psicoterapia de Carl Rogers e o Sistema 
Biodanza de Rolando Toro. A analogia entre as duas abordagens faz 
parte da grandiosa corrente humanista, que luta pela valorização do 
Ser Humano e acredita que cada pessoa tem a responsabilidade e a 
capacidade de propiciar vida à sua própria vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
 
 This work purposes to show the points of 
similitude between Carl Rogers Psychotherapy and the Biodanza 
System from Rolando Toro. The analogies between the two 
approaches belongs to humanist current and they believe each person 
has the responsibility and ability to provide life to his own life. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
Página 
 
 Introdução – O Problema ................................................ 01 
 
 Capítulo I 
 Carl Rogers – A Abordagem Centrada na Pessoa 
 Trajetória ...................................................................... 02/05 
 Grupos de Encontro ...................................................... 06/09 
 Pressupostos da Teoria ................................................ 10/15 
 
 Capítulo II 
 Rolando Toro – A Conexão do Homem com a Vida 
 Princípio Biocêntrico .................................................. 16/18 
 A Biodanza .................................................................. 19/21 
 Modelo Teórico ........................................................... 22/23 
 Os Poderes da Biodanza ............................................. 24/26 
 
 Capítulo III 
 Operacionalização da Biodanza 
 O Grupo Regular – Características ............................ 27/28 
 Percepção da Facilitadora .......................................... 29/30 
 
 Conclusão ................................................................... 31/33 
 Bibliografia ..................................................................... 34 
 Anexos: A – Depoimento dos Participantes .................... 35 
 B – Reportagem Jornal “Extra” ......................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beleza, Força e Confiança 
Tudo isso é Biodanza 
A Dança da Vida 
A Dança do Amor 
A Dança de mim 
De minha carência e de minha potência 
De minha luz 
Que me seduz e me conduz 
Que me envolve e me comove 
(mas também me acolhe) 
Eu, cheia de Esperança 
E tudo isso é Biodanza!
* 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*
 Poema de minha autoria, escrito em Maio de 2007, após aula no Grupo Regular de Denizis Trindade 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 Durante a faculdade de Psicologia, a linha 
terapêutica que mais me atraia e me identificava era a da Psicoterapia 
de Carl Rogers: A Abordagem Centrada na Pessoa. Ingressei em 
cursos e grupos de estudos paralelos sobre Rogers e o seu 
Pensamento. Após formada, já em Pós Graduação, escolhi me 
especializar na “Terapia Rogeriana”.A Psicoterapia para Rogers é um encontro entre 
pessoas. Uma facilitando o processo de mudança da outra, caso essa queira 
e permita. Carl Rogers vê o Psicoterapeuta realmente como um Facilitador. 
Foi ele o primeiro a introduzir o termo facilitator para assim denominar “a 
pessoa que estava no papel de terapeuta”. 
 Participei também de Grupos de Encontro da 
Abordagem Centrada. Um dos grupos que vivenciei, tive o privilégio 
de estar com o próprio Carl Rogers e com seu staff da Califórnia. Esse 
encontro aconteceu em Brasília durante dez dias. Chamou-se 
“Vivendo em Harmonia” e foi um dos Encontros Latino Americano da 
Abordagem Centrada na Pessoa. 
 Inúmeras foram às vezes, desde o meu primeiro 
contato com a Biodanza, que me via sempre sendo remetida à Terapia 
Rogeriana. Nos grupos regulares que freqüentava, em jornadas e 
maratonas diversas, muito do que vivenciada, identificava a postura e 
 
o pensamento de Carl Rogers. E como Facilitadora, em fase de 
Titulação, dando aulas de Biodanza, essa percepção se repete mais e 
mais... 
 Este trabalho portanto, tem a finalidade de 
apresentar os pontos em comum da Abordagem Centrada na Pessoa e 
do Pensamento de Carl Rogers, com o Sistema Biocêntrico de 
Rolando Toro. 
 O estudo está estruturado em três capítulos. O 
Capítulo I se refere ao Psicólogo Carl Rogers, um resumo de sua 
trajetória, levantando os pontos fundamentais de sua obra. Nessa 
oportunidade, procura-se apontar alguns dos aspectos em comum 
entre os dois autores. O Capítulo II se refere ao antropólogo Rolando 
Toro, levantando também os pontos fundamentais de sua obra e de seu 
trabalho. O capítulo III relata a experiência dessa autora na facilitação 
de grupos de Biodanza, identificando os pontos em comum entre os 
dois cientistas humanistas: Carl Rogers e Rolando Toro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO - O Problema 
 
 
 Considerando a essência do pensamento e do 
trabalho de Carl Rogers, como também a de Rolando Toro, o criador 
do Sistema Biodanza, é possível observarmos pontos em comum entre 
as obras do Psicólogo norte americano, falecido em 1987 e a do 
Antropólogo chileno ainda em plena atividade. 
 
 Dessa forma, cabe-nos a pergunta: Até que ponto 
os pressupostos do Princípio Biocêntrico de Rolando Toro se 
aproximam das idéias e do Pensamento de Carl Rogers? A resposta a 
este questionamento será delineada no decorrer deste estudo, cujo 
objetivo é a identificação do que há em comum entre esses dois 
cientistas sociais e humanistas. 
 
 A analogia das duas abordagens está limitada, em 
aspectos voltados para a afirmação de que o Homem é o senhor de sua 
própria vida. A relevância deste estudo consiste na crença de que o ser 
humano tem a capacidade de ser responsável pelo seu crescimento e 
por suas escolhas e opções. Daí porque, um trabalho que enfatize a 
grandeza da corrente humanista é, sem dúvida, uma contribuição à 
própria vida. 
 
 
 CAPÍTULO I 
 
 CARL ROGERS –A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA 
 
TRAJETÓRIA 
 
Carl Ranson Rogers nasceu em Oak Park, Ilionois, Estados Unidos da 
América, no dia 08 de janeiro de 1902. Ele foi o quarto de seis filhos 
de uma grande família protestante, extremamente unida. Sua família 
era regida por valores religiosos e morais muito rígidos e 
intransigentes. Havia também um verdadeiro culto dado ao valor do 
trabalho. Rogers e seus irmãos foram criados tendo sido sempre 
incentivados para trabalhar duro e pesado. Mas seus pais 
demonstravam constantemente grande afeto e preocupação ao bem 
estar de todos eles. Controlavam bastante o comportamento de seus 
filhos, porém sempre de forma afetuosa. Nada de álcool, nem danças, 
jogos de cartas ou de espetáculos. Vida social por demais reduzida e 
muito trabalho. 
Aos doze anos, Rogers e sua família mudam-se para uma fazenda com 
terreno muito fértil e estimulante, que o fez se interessar por 
Agricultura e Ciências Naturais. 
Quando ingressou na Universidade, Carl inicialmente se dedicou ao 
aprofundamento de seus estudos em Ciências Físicas e Biológicas. 
Após graduar-se na Universidade de Wisconsin, em 1924, Rogers 
passou a freqüentar, como era aguardado diante das expectativas de 
sua família, o “Union Theological Seminary, em Nova York, com o 
objetivo de se preparar para uma missão religiosa. Felizmente, recebeu 
nesse Seminário uma visão liberal filosófica da Religião. 
 
Os dois anos que passou no “Union” foram extremamente 
enriquecedores para ele. Participou de um grupo revolucionário que 
não se permitia receber idéias já feitas e sim o de explorar suas 
próprias questões e próprias dúvidas e descobrir onde isso os levava. 
O seu grupo chegou a solicitar à Administração que os deixasse organizar 
um Seminário Oficial, sem diretor, cujo o programa fosse constituído pelos 
seus próprios problemas. Embora perplexa diante da proposta, a 
Administração aceitou o pedido. E este Seminário foi extraordinariamente 
satisfatório e esclarecedor. Rogers tem certeza que esse grande evento (o 
Seminário) o conduziu para uma filosofia de vida que era muito pessoal. E 
a grande maioria dos membros do grupo, participantes do citado Seminário, 
prosseguiu com suas vidas se dirigindo para o próprio caminho traçado 
pelas questões que levantaram, deixando de lado a idéia de uma vocação 
religiosa. Carl Rogers foi um deles. 
Transferiu-se posteriormente para o Teachers College Columbia University, 
quando então foi introduzido na Psicologia. E foi nesta Universidade que 
obteve os títulos de Mestre em 1928 e o de Doutor em 1931. 
Foi como interno do “Institute for Child Guidance” que aconteceram 
as suas primeiras experiências clínicas, todas ainda baseadas no 
Behaviorismo e na Psicanálise. E foi justamente neste Instituto, que 
Rogers sentiu a forte ruptura entre o pensamento especulativo 
freudiano e o mecanicismo medidor e estatístico do behaviorismo. 
Após receber o seu título de Doutor, Rogers passou a fazer parte de 
equipe do Rochester Center, do qual passaria a ser Diretor. Nesse 
período, Rogers baseou-se muito nas idéias de Otto Rank, que havia 
se separado da linha ortodoxa de Freud. 
Foi trabalhando em Rochester, doze anos seguidos e altamente 
preciosos, que Rogers atingiu novos “insights” e percepções do 
 
tratamento psicoterapeutico, ue o libertou da forte amarra acadêmica e 
conceitual que havia (e ainda há) no ensino e prática da Psicologia. 
A equipe com a qual trabalhava era bastante eclética, constituída por 
pessoas das mais diversas procedências. As suas discussões sobre os 
métodos de tratamentos baseavam-se em suas experiências pessoais e 
diárias com os seus clientes ( crianças, jovens e adultos). Rogers 
percebeu haver um esforço de um princípio transdisciplinar, que muito 
significou para ele. E percebeu também a ordem que existe nas 
experiências de cada um ao trabalhar com pessoas. 
Em 1940, Rogers foi aceito na Universidade Estadual de Ohio. 
Ofereceram-lhe a cadeira de Professor Efetivo, onde ficou por cinco 
anos. Por ter passado muitos anos envolvido diretamente com a 
clínica, a passagem para o meio acadêmico foi muito dura para ele. 
Ficou claro que , durante seu trabalho ativo com clientes, ele tinha 
atingido novas formas de pensar sobre a prática psicoterapeutica que 
eram muito diferentes das abordagens acadêmicas convencionais. De 
todo o modo, as críticas iniciais a que foi submetido e os interesses 
que os estudantes demonstravam por seu trabalho e sua teoria, levou-o 
a explanar com mais afinco seu ponto de vista, resultando uma série 
de livros, principalmente “Counselingand Psychoterapy”, no ano de 
1942. 
Em 1945, Rogers tornou-se Professor de Psicologia na Universidade 
de Chicago e Secretário Executivo do Centro de Aconselhamento 
Terapêutico. Foi exercendo essa função, que ele elaborou e definiu 
ainda mais o seu método da Terapia Centrada no Cliente. 
Em 1957, foi para a Universidade de Wisconsin, onde passou a 
ensinar, trabalhar e pesquisar até o ano de 1963. Essa Universidade foi 
a mesma a qual se graduou. 
 
A partir de 1964, Carl Rogers associou-se ao Centro de Estudos da 
Pessoa em La Jolla, Califórnia, entrando em contato com diversos 
teóricos humanistas e filósofos como Buber e outros. Grandes e 
valorosos trabalhos foram desenvolvidos nesse Centro de Estudos. 
Carl Rogers, apesar de duras críticas também recebidas, foi 
considerado por muitos cientistas, psicólogos, psiquiatras e 
educadores entre outros, como um dos mais importantes psicólogos e 
educadores humanistas, humanistas existenciais e/ou fenomenológicos 
dos Estados Unidos da América e do mundo. Ele marcou não somente 
a Psicologia Clínica, como também a Psicoterapia, a Administração de 
Empresas e Escolas, o Aconselhamento Psicológico e Pastoral, a 
Educação e Pedagogia, a Psicopedagogia, a Orientação Educacional e 
até mesmo a Literatura, o Cinema e as Artes. 
Obteve a indicação para o Prêmio Nobel da Paz e chegou a receber um 
Oscar sobre sua prática, registrada em filme documentário. 
Foram também realizados muitos filmes sobre o seu trabalho e 
deixados vários documentos sonoros e audiovisuais que registram o 
seu modo de ser como Psicólogo e Psicoterapeuta, principalmente 
sobre os trabalhos realizados em grupos. 
Foi extraordinária a contribuição e a dedicação de Rogers à dinâmica 
da Psicoterapia de Grupo. 
No ano de 1987, aos 85 anos de idade, ainda ativo, 
morreu Carl Ranson Rogers. 
 
 
 
 
 
 
 
GRUPOS DE ENCONTRO 
 
Grande e considerável foi a contribuição de Carl Rogers para o 
trabalho desenvolvido com relação à dinâmica da Psicoterapia de 
Grupo. 
O Grupo para Rogers é um sistema auto-regulador onde cada pessoa 
individualmente é parte fundamental constituinte do todo, ao mesmo 
tempo que é o todo em si. Já se pode aqui fazer um paralelo entre Carl 
Rogers e Rolando Toro. Nos grupos de Biodanza, as pessoas 
individualmente são partes fundamentais constituintes do todo e são o 
todo em si. Podemos ver isso claramente nas rodas de vivências. Se 
apenas uma pessoa ficar parada, não será possível a roda se 
movimentar. É fundamental, que como um todo, cada pessoa gire na 
mesma velocidade. Cada um com o seu movimento, mas formando 
um todo dentro do grupo e conseqüentemente, dentro do universo. 
Os indivíduos em um grupo, percebeu Rogers, deixam-se envolver por 
um clima terapêutico e o grupo em si é um organismo, verdadeiro 
sistema auto-regulador. Outro paralelo se faz com a obra de Toro. Há 
também um clima terapêutico nos grupos de Biodanza e do mesmo 
modo, percebe-se ser um grupo de um sistema auto-regulador. 
Os grupos de encontro para Rogers possuem um clima de segurança 
psicológica que favorece o encorajamento e a expressão de 
sentimentos, em função de estímulos gerados pelos membros do 
próprio grupo, atingindo o envolvimento afetivo como um todo. Na 
Biodanza, que é um sistema de integração afetiva, também nota-se um 
clima de segurança psicológica, que igualmente favorece o 
encorajamento, surgindo estímulos gerados pelos participantes 
visando o envolvimento afetivo como um todo. 
 
Carl Rogers considera o desenvolvimento do grupo imprevisível. Mas 
segue quase sempre um caminho auto-regulador e auto-dirigente, com 
grande criatividade, chegando com eficácia a uma atuação terapêutica 
e catártica grupal. 
Rogers observou que quando o material afetivo significativo emerge, 
as pessoas começam expressar umas às outras seus sentimentos 
imediatos, tanto positivos quanto negativos. E quanto mais expressão 
emocional vem à tona, aumenta a capacidade terapêutica do grupo 
auto-regulador. Os participantes começam a se comportar de modo a 
colaborar com os outros para que tomem consciência de sua própria 
experiência de uma forma não ameaçadora. 
Rogers, de Terapeuta Centrado no Cliente, passou também a ser líder 
de Grupos de Encontro. Foi uma passagem quase inevitável. Ele 
afirmava que as pessoas, não especializadas, poderiam também ser 
terapeutas. E suas afirmações foram constatadas durante o 
desenvolvimento do seu trabalho e de suas pesquisas. Na Califórnia 
foi possível dedicar mais tempo para participar, estabelecer e 
pesquisar este tipo de trabalho ou atividade em grupo. 
O trabalho contínuo de Carl Rogers com Grupos de Encontro são 
aplicações de sua teoria no livro “Grupos de Encontro”. Ele faz um 
estudo dos fenômenos principais que ocorrem nos grupos que se 
prolongam por vários dias. Apesar dos períodos de insatisfação, 
ansiedade e incerteza, cada um desses períodos conduzem a um clima 
de maior abertura, com menos defesa, com as pessoas se expondo 
mais, conseqüentemente uma maior confiança em si, no outro e no 
grupo. A carga emocional e a capacidade de tolerância tendem a 
crescer a medida que o grupo segue o seu desenvolvimento. 
Rogers trabalha o grupo como um fenômeno. É a partir do encontro 
com o outro, das relações entre as pessoas, que os “fenômenos 
 
naturais” nos relacionamentos humanos começam a surgir. E é o 
grupo que vai conduzir o seu próprio desenvolvimento. 
Inicialmente há uma frustração a medida que o grupo percebe e toma 
consciência que serão eles próprios, os participantes, que irão 
determinar a forma pela qual o grupo irá se desenvolver. 
As pessoas começam inicialmente pelo seu “eu exterior”, tendendo 
naturalmente, mesmo com timidez e ambigüidade, a ir revelando algo 
do seu “eu íntimo”. 
Ainda como forma de resistência inicial, os participantes do grupo 
compartilham sentimentos passados associados a pessoas ausentes no 
grupo. As experiências passadas são mais seguras e com pouca 
probabilidade de serem afetadas por crítica de apoio. Quando as pessoas 
começam a expressar seus sentimentos presentes, o mais freqüente é serem 
as primeiras expressões negativas. Os sentimentos profundos positivos são 
muito mais difíceis e perigosos de exprimir que os negativos. Se uma 
pessoa, por exemplo, diz que ama outra no grupo, pode ficar vulnerável 
e exposta a mais terrível rejeição. Mas se diz que detesta, pode apenas ficar 
sujeito a um ataque onde é possível defender-se. 
Quando os sentimentos negativos são expressos e o grupo não se 
desintegra, começa a aparecer um material com significado pessoal, sendo 
ou não aceitável para os membros do grupo. O “clima de confiança” 
começa a se formar e as pessoas começam a assumir riscos reais. Quando o 
material significativo emerge, as pessoas começam a expressar umas as 
outras seus sentimentos imediatos, tanto positivos quanto negativos. 
Rogers percebe o desenvolvimento de uma capacidade terapêutica no 
grupo. Quanto mais expressões emocionais vem à tona e sofrem as 
reações dos participantes, as pessoas começam a fazer coisas que 
parecem ser de grande auxílio, que ajudam os outros a tomar 
consciência de sua própria experiência de forma não ameaçadora. Nos 
 
grupos de Biodanza também ocorre o desenvolvimento de uma 
capacidade terapêutica e os participantes igualmente procedem 
auxiliando os outros a tomar consciência de sua própria experiência. 
Em qualquer Grupo de Encontro há o “feedback”. Cada membro que 
reage a outro, pode obter um feedback à sua reação. Este pode ser 
difícil de aceitar, mas uma pessoa, num grupo, não pode evitar 
facilmente o conflito que poderá ou não surgir. Na metodologia da 
Biodanza de Rolando Toro, também considera-se o “feedback”, porém 
sem confrontações negativas. 
Rogers chama deconfrontação as formas extremas de feedback. Ele dizia 
que há momentos em que o termo feedback é excessivamente moderado 
para descrever as interações que se processam, momentos que é mais 
correto dizer que um indivíduo se confronta com o outro diretamente, em 
pé de igualdade. Essas confrontações podem ser positivas, como também 
bastante negativas. E são justamente as confrontações que muitas vezes 
conduzem os sentimentos a uma intensidade tal que um tipo de resolução 
e/ou atitude faz-se necessário. Este é um momento de perturbação e 
dificuldade para um grupo e, em potencial muito mais perturbador para os 
indivíduos envolvidos. 
Fica claro que quando o grupo demonstra de maneira eficaz que aceita 
ou tolera os sentimentos negativos, sem rejeitar as pessoas que os 
expressa, os participantes do grupo ficam dessa forma mais confiantes 
e abertos uns com os outros. 
Muitas pessoas quando falam de suas experiências nos Grupos de 
Encontro, relatam como as experiências de aceitação mais empáticas e 
positivas que aconteceram em suas vidas. Relatam também do calor 
emocional que é gerado e de toda a capacidade que o grupo fornece 
para o crescimento pessoal. Aqui percebe-se um sistema de integração 
afetiva, como na Biodanza. 
 
 PRESSUPOSTOS DA TEORIA 
 
Carl Rogers rejeitou a idéia de que todo Ser Humano possui uma 
neurose básica. Ele rejeitou essa idéia, após investigação científica e 
defendeu que o núcleo básico da personalidade humana era tendente à 
saúde e ao bem estar. 
A partir dessa concepção básica, o seu processo psicoterapeutico se 
desenvolveu. Esse processo consiste em um trabalho de cooperação 
entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da 
personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da 
auto-estima, da auto-confiança e do amadurecimento emocional. 
Nos grupos de Biodanza trabalha-se muito a auto-estima, a auto-
confiança e também o amadurecimento emocional. Durante as sessões 
inclusive, há exercícios voltados para esse objetivo. A proposta da 
Biodanza é um convite à vida, para que cada pessoa possa contatar 
cada vez mais o seu núcleo básico, a sua essência, que é tendente à 
saúde a ao bem estar. 
Existem três condições básicas e simultâneas, necessárias e 
suficientes, defendidas com ênfase por Rogers, que precisam estar 
presentes na relação terapêutica. Serão essas condições que permitirão 
ao cliente, no decorrer de sua terapia, descobrir e entrar em contato 
com esse núcleo essencialmente positivo existente dentro dele. E esses 
aspectos, tão fundamentais para a Terapia Rogeriana, também estão 
presentes no Sistema Biodanza. 
São as seguintes condições: 
 . Aceitação (Consideração Positiva Incondicional) 
 . Empatia (Ver com os Olhos do Outro) 
 . Congruência (Autenticidade do Terapeuta ou Facilitador) 
 
A Aceitação ou Consideração Positiva Incondicional consiste na 
capacidade de receber e aceitar a pessoa como ela é. É expressar um 
afeto positivo por ela, simplesmente porque ela existe, não sendo 
necessário que faça algo ou que seja isto ou aquilo. 
A Empatia consiste na capacidade de se colocar no lugar da pessoa, 
ver o mundo através de seus olhos, o sentir como ela sente, 
comunicando tal situação para ela, que receberá esta manifestação 
como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo 
compreendida e não julgada. 
A Congruência ou Autenticidade do Terapeuta consiste na 
capacidade do terapeuta ser ele mesmo. Quanto mais o facilitador 
puder ser sincero, autêntico, transparente, maior a probabilidade de 
que a pessoa mude e cresça de um modo construtivo. E o termo 
“transparente” expressa a essência dessa condição. A pessoa (o 
cliente) pode ver com clareza o que o facilitador é na relação; percebe 
que não está diante de alguém com máscaras, e sim ao lado de uma 
pessoa verdadeira. Na correspondência que surge entre as duas partes, 
o cliente se ver estimulado a ser cada vez mais ele mesmo. 
 Rogers relata: “Nas minhas relações com as pessoas 
 aprendi que não ajuda, a longo prazo 
 agir como se eu não fosse quem sou... 
 Descobri que sou mais eficaz quando 
 me posso ouvir a mim mesmo aceitan- 
 do-me e quando posso ser eu mesmo”1 
 
 Na Abordagem Centrada na Pessoa, a psicoterapia rogeriana, faz-se 
necessário que, para a aplicação de seu método, o terapeuta passe por 
um processo de amadurecimento de sua própria pessoa. Não é 
possível a esse psicoterapeuta (facilitador) apropriar-se da “técnica”, 
antes que lhe seja próprio e natural agir conforme as condições 
 
1
 ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa p.28 
 
colocadas e/ou estabelecidas por Rogers. Nota-se por exemplo, que 
expressar incondicionalmente uma afetividade, só ocorre se emergir 
ou brotar realmente de uma forma natural do próprio terapeuta. A 
afetividade não há como ser simulada. E o mesmo vai ocorrer com a 
Empatia e a Congruência. Em função desse acontecimento natural, é 
que se pode dizer que não há uma “técnica rogeriana” e sim 
psicoterapeutas ou facilitadores que mais se aproximam em sua 
conduta pessoal e profissional da perspectiva e do pensamento de Carl 
Rogers. 
É importante também considerar, que após anos de muitos estudos e 
pesquisas, concluiu Rogers, que as “três condições necessárias e 
suficientes” enfatizadas por ele em sua Teoria, são eficazes como 
instrumento que servirá para aperfeiçoar o relacionamento humano em 
qualquer tipo de envolvimento interpessoal, seja na educação entre 
alunos e professores, no campo profissional entre chefes e 
subordinados, na família com pais e filhos, marido e mulher e na vida 
em geral. 
Uma das grandes características da Terapia Rogeriana, é a mesma se 
voltar bastante para o presente, se preocupar com o realizar-se de cada 
momento. É defendida a idéia de que toda a pessoa é capaz de 
reestruturar suas respostas a medida que a experiência permite ou 
sugere novas possibilidades. Todo e qualquer ser humano se encontra 
comprometido em contínuo processo de atualização. Carl Rogers 
considerou essa característica humana de “Tendência Atualizante”, e 
que veio a se tornar um grande postulado de sua teoria. 
Na obra de Rogers, temos como uma das idéias mais importantes, a de 
que é a própria pessoa que é capaz de controlar o seu 
desenvolvimento, e que ninguém mais pode fazer isso por ela. O 
mesmo acontece dentro do processo da Biodanza. 
 
Carl Rogers é considerado um grande representante da corrente 
“humanista” e “não diretiva” na Psicoterapia, como também na 
Educação. Ele concebe o ser humano como essencialmente bom e 
curioso, porém necessitando de ajuda para a sua evolução. Daí 
surgindo a necessidade das Técnicas de Intervenção Facilitadoras. 
A “não diretividade”, sua metodologia, é bem característica. Trata-se 
de um método não estruturante do processo de auto conhecimento. 
Rogers pressupõe que o Terapeuta (Facilitador) oriente o seu cliente 
para as suas próprias experiências e que, a partir delas, ele (cliente) se 
auto determine e governe. 
A sensibilização, a afetividade e a motivação são fatores que Rogers 
acredita como atuantes na construção do conhecimento. 
Uma das críticas à Teoria de Rogers é que ela tende a ser utópica, 
idealista, romântica e até mesmo irrealizável na opinião de alguns 
críticos mais severos. Porém, são percebidos com destaque na obra 
rogeriana os seguintes aspectos, entre outros: o “desejo de mudança” e 
a “ intenção de realização de algo concreto” 
Rogers se apresenta como sendo um psicólogo, dos quais um de seus 
interesses principais, durante muitos anos, foi o da psicoterapia. E a 
psicoterapia como sendo um processo de crescimento quevai sendo 
realizado e/ou construído. É um processo que envolve as duas 
pessoas, facilitador e cliente, quando juntos e maravilhados vêem as 
forças poderosas e organizadas se manifestarem para o crescimento e 
o encontro de si mesmo. 
Rogers foi um terapeuta em atividade durante toda sua carreira 
profissional. Sua teoria psicoterápica passou por diversas fases de 
desenvolvimento e mudanças, mas alguns pontos básicos sempre 
ficaram inalterados. São eles: 
 
. Uma abordagem que coloca peso maior sobre o impulso individual 
direcionado para o crescimento, à saúde e o equilíbrio, visando 
libertar a pessoa para o seu desenvolvimento normal. 
. Uma terapia que dá muito mais ênfase para o lado afetivo de uma 
situação do que para os aspectos intelectuais. 
. Um processo terapêutico que dá muito mais ênfase para a situação 
imediata do que para os aspectos do passado do cliente. 
. Uma abordagem que enfatiza a relação terapêutica, valorizando-a 
como uma experiência para o crescimento. 
Rogers escolheu usar o termo “cliente” no lugar do tão tradicional 
“paciente”. Para ele, paciente é visto geralmente como alguém 
enfermo, precisando de ajuda de profissionais especializados e 
superiores. A própria palavra “paciente” sugere alguém “passivo” , 
ficando em discordância com a sua teoria. O cliente, mesmo portador 
de muitos problemas, é alguém capaz de compreender a sua situação e 
que veio buscar um atendimento ou ajuda, por reconhecer não ser 
possível resolver sozinho. A relação terapeuta e cliente pode ser 
chamada de uma “relação horizontal”, isto é, há uma igualdade entre 
as duas partes. As pessoas envolvidas estão se relacionando em um 
nível de “igual para igual”. O mesmo não parece acontecer na relação 
médico e paciente, que pode até ser chamada de “relação vertical”. O 
médico parece estar em um “patamar superior” em relação a seu 
“paciente” 
A Psicoterapia para Rogers é definida como a liberação de 
capacidades já presentes em estado latente. Para ele, o cliente possui, 
potencialmente a competência necessária para a solução de seus 
problemas. A psicoterapia é dirigida pelo cliente ou centrada no 
cliente, já que é a sua pessoa que assume a direção que for necessária. 
 
Carl Rogers acredita que é o cliente que tem a chave de sua 
recuperação. O terapeuta, então, deve ser possuidor de determinadas 
qualidades para poder ajudar esse cliente a aprender como usar tais 
chaves. Estes poderes implícitos no cliente, se tornarão efetivos, se na 
relação estabelecida entre os dois existir compreensão e aceitação 
suficientemente calorosas (afetividade). O terapeuta precisa ser 
autentico, genuíno e não estar desempenhando um papel, 
principalmente o de terapeuta, quando está diante do cliente. Ele é 
apenas um facilitador do processo de mudança do cliente e também 
um modelo de uma pessoa autêntica. Se o cliente confia que vai 
receber uma resposta com honestidade, isso só tende a favorecer a ele 
cliente, na busca do seu encontro consigo mesmo. O cliente precisa 
saber que o terapeuta é autêntico, preocupa-se, ouve e compreende de 
fato. 
Terapeuta e cliente são co-responsáveis pelo processo psicoterapêutico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO II 
 
 ROLANDO TORO - A CONEXÃO DO HOMEM COM A VIDA 
 
PRINCÍPIO BIOCENTRICO 
 
Rolando Toro nos apresenta sete paradigmas que sustentam a sua 
proposta de criação do Sistema Biodanza. Os paradigmas são 
pensamentos-chaves anteriores a uma formação teórica e 
metodológica. Eles configuram a base conceitual da Biodanza. 
O mais abrangente de todos os paradigmas é o Princípio Biocêntrico 
que consiste em reconhecer a vida como centro do universo. A 
própria vida sendo o referencial imediato. Existe o universo porque 
existe a vida 
O Princípio Biocêntrico significa “Conexão com a Vida”. Tem sua 
prioridade absoluta em ações ligadas a conservação e evolução da 
vida. Podemos aqui também observar o pensamento de Carl Rogers: 
Ele acredita que não importa se o estímulo seja interno ou externo, 
pois a natureza do processo chamado vida, tem sempre o 
comportamento de seu organismo voltado para o crescimento e 
reprodução. 
Os demais paradigmas estão diretamente relacionados com o Princípio 
Biocêntrico. São eles: 
Princípio Neguentrópico de Amor e Iluminação - Neguentropia 
significa imprevisibilidade. De acordo com esse princípio, é do ser 
humano a capacidade de conduzir seu próprio processo evolutivo para 
novas formas de otimização e grandeza, através do amor e de atos de 
iluminação nele gerados. E assim, há a possibilidade de elevação da 
qualidade de vida até atingir seu máximo esplendor e plenitude. 
 
Princípio de expansão da existência a partir do potencial genético 
- De acordo com este princípio, cada ser humano possui um núcleo 
genético único e diferenciado desde o seu nascimento com potencial 
de expandir em seus múltiplos canais de expressão. Esses potenciais 
genéticos são manifestados quando o homem encontra as condições 
favoráveis a esse processo. E a Biodanza estimula a expressão desses 
potenciais genéticos. 
Princípio do Processo Biológico Auto-Induzido - De acordo com 
esse princípio, os exercícios de Biodanza são capazes de proporcionar 
processos de auto-regulação, reforçando a homeostase e conduzindo 
cada pessoa, com suas características pessoais, a um processo 
evolutivo. 
Princípio de Pulsação da Identidade - De acordo com esse 
princípio, a identidade não é cultural. Ela possui uma origem 
biológica e se manifesta quando há o encontro com o outro. 
Princípio da Permeabilidade da Identidade - De acordo com 
esse princípio, a identidade é permeável à música e ao contato ou 
presença do outro. As situações de encontro e os estímulos 
musicais, durante as vivências de Biodanza, podem influenciar a 
expressão da identidade, pois ela trabalha com a “gestalt” música-
movimento-vivência. 
Princípio que o ponto de partida auto-regulador é a Vivência - De 
acordo com esse princípio, a vivência é a percepção de estar vivo aqui 
e agora e ela é capaz de estremecer com harmonia o sistema vivente 
do ser humano. Não é a consciência o ponto de partida da Biodanza, e 
sim a vivência. Todos os exercícios são para serem vivenciados e só 
posteriormente conscientizados. 
Todos esses paradigmas estão profundamente relacionados, que 
poderiam formar apenas um único: O Princípio Biocêntrico. 
 
O homem é um “ser relacional , ecológico e cósmico”. É muito 
importante e até mesmo indispensável valorizarmos e/ou 
recuperarmos o sentimento de “sacralidade da vida” e do “gozo de 
viver”. Carl Rogers comunga com esse mesmo pensamento e sua 
terapia também está voltada para essa valorização. 
No Sistema Biodanza são estimulados e expressados os potenciais 
genéticos de vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade, e 
transcedência. São as cinco linhas de vivencia pelas quais o Sistema 
Biodanza utiliza. 
Há também os fatores ambientais, que constituem os “ecofatores” de 
integração com a natureza e com o semelhante. Os ecofatores se 
organizam em volta do amor, da natureza, da sacralidade da vida e do 
amor pelo semelhante. 
O Principio Biocêntrico, é portanto o paradigma filosófico fundamental da 
Biodanza. Trata-se do pressuposto de que todo o Universo (incluindo os 
seres humanos) está organizado em função da vida. 
 “O principio biocêntrico coloca seu in teresse em 
um universo compreendido como um sistema 
vivo.O reino da vida abrange muito mais que os 
vegetais,os animais e o homem. Tudo o que existe 
dos neutrinos ao quasar, da pedra ao pensa-
mento mais sutil, faz parte desse sistema vivoprodigioso. Segundo o principio biocêntrico, o 
universo porque existe a vida e não o contrário.”
2
 
 
 Rogers também nos traz a manifestação da vida: 
 “Quer falamos de uma flor ou de um carvalho, de 
uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma 
maçã ou de uma pessoa, creio que estaremos 
certos ao reconhecermos que a vida é um 
 processo ativo e não passivo.” 
3
 
 
 
2
 Toro, Rolando. Biodanza. Edit. Olavobras/EPB p.51 
3
 ROGERS, Carl R. Um Jeito de Ser p.40 
 
BIODANZA 
 
 “ Me chego e me aconchego 
 Em um ninho de carinho 
 A minh‟alma se acalma 
 Descansa, alcança e avança 
 Pelas rodas da Biodanza! ” 
4
 
 
 
A Biodanza se define segundo o seu criador, o antropólogo e 
sociólogo chileno Rolando Toro Arañeda, como: “Um sistema de 
integração afetiva, renovação orgânica e reaprendizagem das funções 
originárias da vida. É baseada na indução de vivencias integradoras 
através da música, dança e canto, mediante exercícios de comunicação 
e contato”. 
A palavra “biodanza” se origina do prefixo “bio” que significa “vida” 
e de “danza” que quer dizer “movimento” ou “movimento integrado e 
pleno de sentido”. Com a junção desses dois termos, surge o encontro 
poético “DANÇA DA VIDA”. 
O Sistema Biodanza foi criado nos anos 60, no próprio Chile. 
Rolando Toro, trabalhando em hospital psiquiátrico, percebeu que a 
dança, considerado movimento carregado de emoção, é capaz de 
produzir alterações fisiológicas que despertam potenciais 
adormecidos. 
O Princípio Biocêntrico é o paradigma filosófico fundamental da 
Biodanza. Já abordado anteriormente, é o pressuposto de que todo o 
universo (incluindo os seres humanos) se organizou em função da 
vida. E na concepção da Biodanza, o que se objetiva é o resgate da 
sacralidade da vida. 
 
4
 Poema de minha autoria, escrito em junho de 2007, após aula no Grupo Regular de Denizis Trindade. 
 
A Biodanza tem como alicerce as leis universais que sustentam e 
proporcionam a evolução da vida. Sua proposta é para os participantes 
dançarem a alegria de viver, estabelecendo vínculos consigo mesmo, 
com o outro, através de trocas afetivas, realizadas durante as 
vivências que estimulam a auto-estima e o auto-conhecimento. 
Em Biodanza, portanto. a função de conexão com a vida se exerce em 
três níveis: . Conexão consigo mesmo 
 . Conexão com o semelhante 
 . Conexão com o Universo 
Os exercícios da Biodanza foram organizados a partir do seu Modelo 
Teórico. E esse modelo baseia-se nas ciências da vida: Antropologia, 
Biologia, Psicologia e Sociologia. A fusão do conhecimento dessas 
ciências vão originar os alicerces do modelo apresentado pelo seu 
criador. 
E os exercícios de Biodanza, obedecendo ao modelo teórico, 
apresentam uma seqüência de movimentos baseados nas “na cinco 
linhas básicas” de vivências, a saber: 
. Vitalidade – Um convite ao Movimento. Está relacionado ao ímpeto 
vital, a energia da pessoa para enfrentar o mundo. A Vitalidade busca 
a regulação do organismo, trabalhando a dissociação entre as partes e 
as funções do organismo. 
. Sexualidade - Um convite à Integração. Está relacionada para a 
dissolução gradativa das couraças que visam bloquear nossa 
sensibilidade. A Sexualidade busca a redescobrir a pele como fonte de 
prazer e limite do mundo. Objetiva “quebrar” o condicionamento 
ligado ao sexo, que ainda para muitos, é apenas genital. 
. Criatividade - Um convite à Expressão. Está relacionada a liberação 
de nossos movimentos, como também resgatar gestos perdidos ou 
 
esquecidos. O criar vindo de si mesmo, dando sentindo interno a cada 
ato. É um exercício estimulante para o nosso poder criativo. 
. Afetividade - Um convite ao Amor. Está relacionada ao útero afetivo que 
cada um de nós possuímos e na nossa capacidade de dar e receber, de nutrir 
e ser nutrido. É o amor indiscriminado pelo ser humano. Desenvolve e 
estimula as trocas de carinho, fazendo as pessoas se sentirem parte do todo, 
melhorando os seus relacionamentos. A afetividade não está ligada apenas 
ao amor entre as pessoas com vínculos específicos, mas ao respeito à vida, 
ao amor universal. 
. Transcedência - Um convite à Harmonia. Está relacionada com a 
capacidade de irmos além do ego, integrando unidades maiores, 
possibilitando conexão com o todo. E o ser humano. para a Biodanza com 
sua visão holística, é considerado um todo e não uma mera soma de partes. 
É uma linha bastante reprimida, devido aos mitos e divindades, que se 
encontram fora de nosso alcance, impostos pelas religiões. 
A Biodanza, portanto, é um convite à vida. São diversos os seus 
objetivos e benefícios : Integração e expressão afetiva; descobertas 
de novos caminhos; o aumento da criatividade e da capacidade de 
comunicação; colaborar para o auto conhecimento e o fortalecimento e 
expressão da identidade; trabalhar a auto estima; a diminuição do 
stress e da ansiedade, tendo sempre como objetivo a integração e o 
desenvolvimento de cada indivíduo. Vale considerar o lado 
preventivo da Biodanza. Para as pessoas que a praticam, há um 
reforço de suas funções orgânicas, a reaprendizagem das funções 
originárias da vida, como também a reeducação afetivo motora 
A Biodanza, como um convite à vida, é um convite para um caminho 
de crescimento e de forma prazerosa. Através da dança e dos 
movimentos, a pessoa poderá entrar em contato com as suas 
qualidades e talentos, redescobrindo a si mesma. 
 
MODELO TEÓRICO 
 
O Modelo Teórico da Biodanza, idealizado e desenvolvido por seu 
criador, Rolando Toro, tem experimentado modificações por mais de 
três décadas, sempre em confronto com a realidade. Rolando 
enriquece seus componentes, mas conservando a estrutura original. 
Pode ser concebido como um sistema fechado de relações 
homeostáticas , apresentando aberturas sutis para novas possibilidades 
de equilíbrio, através do contato interpessoal e processo aberto de 
integração. Assim sendo, podemos considerar o Modelo Teórico da 
Biodanza como um sistema semi-aberto e até denominarmos de 
“Sistema Complexo Adaptativo” (Toro, Biodanza – Editora 
Olavobrás, p.73), em uma linguagem contemporânea. 
As “aberturas ou semi-aberturas” possibilitam discretas 
transformações, de maneira evolutiva a partir de reorganização 
biológica provocadas por vivências integradoras, tendo como suporte 
o potencial genético 
 
 “O modelo teórico da Biodanza, se articula 
 ao longo de dois eixos colocados dentro de 
 uma expiral. O eixo vertical é estável e o 
 horizontal é pulsante. Ambos os eixos são 
 virtuais, pois não denotam uma trajetória 
rígidas; são projeções direcionadas. 
A expiral representa a abertura do mo-
delo aos processos universais de gestação 
da vida” 
5
 
 
 
A seguir, representação gráfica do Modelo Teórico criado por 
Rolando Toro: 
 
5
 Toro. Rolando Biodanza. Edit. Olavobtás/EPB p.74 
 
 
MODELO TEÓRICO DE BIODANZA 
Rolando Toro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
International Biocentric Foundation 
2008PODERES DA BIODANZA 
 
Como um convite para o crescimento pessoal, o praticar a Biodanza, 
significa estar ingressando em um novo universo. E o que será 
vivenciado, através de seus “poderes ou ferramentas”, vão constituir 
as referências para esse caminho de crescimento. 
São sete os “ poderes” da Biodanza, a saber: 
. A MÚSICA - Estimular o vínculo afetivo. Tem efeito ligado a parte 
emocional, ao ânimo da pessoa. Pode gerar os mais diversos 
sentimentos, de alegria e de tristeza, de amor e raiva e tantos outros. A 
música está no centro da Biodanza, direciona a vivência, conduz o 
movimento. O seu “poder” está na emoção que ela deflagra e no grau 
de integração que pode ser gerado. No entrar em contato com essa 
emoção, o “viver a emoção”, muitas vezes bastante reprimida, poderá 
vir a acontecer a liberação daquele sentimento, o desfazer daquele 
“nó”. 
. A DANÇA INTEGRATIVA – Estimular o vínculo com o outro. 
Tem efeito ligado para os gestos plenos de sentido e não despedaçados 
pela cultura; de um corpo integrado (movimento e emoção) com a 
capacidade de vincular uma pessoa à outra. A Biodanza tem no seu 
objetivo o resgate das funções originárias da vida, de seus instintos e 
necessidades básicas. Sendo um movimento que parte de um 
organismo conectado ass suas emoções, com motivação afetiva em 
ressonância com o meio, é possível para as pessoas, através da Dança 
Integrativa de resgatarem e/ou se perceberem estimuladas ao vínculo 
com o outro e com a vida. 
. A VIVÊNCIA - Estimular a integração plena da pessoa consigo 
mesma, com o outro e com o meio. Tem efeito ligado para viver o 
 
“aqui e agora”. O próprio termo “vivência” está relacionado ao 
instante profundamente vivido, onde há inclusive uma ruptura com o 
tempo cronológico. Uma realidade de dimensão atemporal. Promove a 
uma qualidade de se viver intensamente o momento presente. 
. O TRANSE - Estimular o desenvolvimento e a auto- regulação 
orgânica, como também a ação no mundo e renovação celular. Tem 
efeito ligado a passagem de um estado de consciência de si próprio 
enquanto pessoa singular, para outro estado de consciência de si na 
fusão com um todo, com um grupo. O aprofundamento do estado de 
transe corresponde a diretamente atuar sobre o equilíbrio 
homeostático. É possível acontecer momentos de estabilidade e 
instabilidade, mas gerando a auto- regulação no organismo. 
. A CARÍCIA - Estimular a uma mobilização do centro afetivo pelo 
ato de tocar e ser tocado. Tem efeito ligado a expressividade das mãos 
que acariciam e do corpo como o receptor. Em nossa cultura, a carícia 
é bastante reprimida. Mas as terapias corporais tem mostrado os 
grandes benefícios surgidos para as pessoas, tanto àquelas que dão as 
carícias como as que recebem as mesmas. O tocar, o acariciar, muitas 
vezes, é de grande poder. 
. A AMPLIAÇÃO E PERCEPÇÃO DA CONSCIÊNCIA - 
Estimular a uma nova sensibilidade frente à vida. Tem efeito ligado a 
um maior envolvimento e conhecimento do mundo o qual 
interagimos. É a consciência do sentir e perceber. 
. O GRUPO – Estimular a observação e respeito de seus próprios 
limites e os limites dos demais. Tem efeito ligado a uma maior 
qualidade de convivência em grupo, que trará benefícios para a saúde 
física e mental. Reconhecer o outro é a base para reconhecer a si 
mesmo. Amar e/ou aceitar o outro é a base para amar e aceitar a si 
 
próprio. O grupos, quando nutritivos, são fontes poderosas de 
proteção, trocas e crescimento. 
E a BIODANZA, como um SISTEMA DE INTEGRAÇÃO 
AFETIVA, ela é possuidora desses poderes transformadores, que 
podem ser sentidos e vividos por seus alunos. As vivências são 
capazes de grandes efeitos modificadores. 
Para Rolando Toro, tornar conscientes os conflitos inconscientes 
através de experiências psicoterapêuticas, não trazem modificações 
comportamentais. Ele acredita que somente as vivencias tem a 
capacidade de efeitos transformadores profundos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Capítulo III 
 
 OPERACIONALIZAÇÃO DA BIODANZA 
 
O GRUPO REGULAR - Características 
 
Os encontros de Biodanza acontecem às quartas-feiras, no horário das 
15 às 17 horas, no Posto de Saúde Municipal João Barros Barreto, em 
Copacabana. Foi apresentado à Prefeitura, o Projeto “Aumento do 
Nível de Saúde através da Biodanza”. Após algumas reuniões com os 
Servidores responsáveis pelo Núcleo de Saúde-Voluntariado do 
Município, o trabalho foi aceito e aprovado. Cabe ressaltar, que o 
Projeto então apresentado, baseou-se em outro Projeto, em andamento 
há sete anos, de comprovado sucesso, sob a coordenação da 
facilitadora didata, Gladys Trindade de Araújo, no Posto de Saúde 
Zeferino Tibau Junior, em São Cristóvão. 
Para o trabalho no “João Barros Barreto”, além da autora desse estudo 
fazer parte do mesmo, a equipe é formada por mais dois facilitadores, 
em fase de titulação: Ivo Alberto Peixoto Fortuna e José Augusto de 
Freitas. 
As aulas começaram em maio de 2006, na sala reservada ao Centro de 
Estudos do Posto. O local possui ar condicionado, é relativamente 
tranqüilo, onde se pode ficar com o grupo, desenvolvendo o trabalho 
de modo satisfatório. O Centro dispõe de uns vinte banquinhos de 
plástico, que são usados para as reuniões preliminares. Os banquinhos 
também são utilizados durante algumas vivencias específicas, pois não 
há colchonetes ou tapetinhos. O aparelho de som não é fornecido pelo 
Centro. Um dos colegas facilitadores, o Ivo Fortuna, é que leva o seu 
próprio aparelho para as aulas. As músicas utilizadas durante os 
exercícios são aquelas que fazem parte do elenco oficial da Biodanza. 
 
Dentro do possível, procura-se escolher músicas que tenham uma 
ligação com a faixa etária do grupo, principalmente para as rodas 
inicial, de embalo e final. 
Inicialmente tal Projeto, teria como público alvo, os pacientes 
freqüentadores do Posto de Saúde, com as inscrições sendo realizadas 
em dias e horários estipulados pela Coordenação do Posto. Com a 
evolução do trabalho, o “gostar” do que estava sendo desenvolvido, as 
alunas foram fazendo a propaganda “boca a boca”. As amigas e 
conhecidas eram convidadas pelas próprias participantes, 
entusiasmadas e felizes com o que estavam vivenciando. O grupo, 
então, não ficou mais restrito aos pacientes do Centro de Saúde João 
Barros Barreto. E as “novas alunas” acompanhadas pelas “veteranas” 
já vinham direto para participarem dos encontros semanais. 
O grupo tem uma média de aproximadamente de quinze pessoas em 
cada Encontro. As idades variam de 45 a 86 anos. A grande 
concentração está na faixa de 60 a 70 anos. Todas do sexo feminino, a 
grande maioria moradora de Copacabana, sendo aposentadas, viúvas 
ou divorciadas. Uma pequena minoria ainda casada. O nível sócio 
econômico é o de classe média a classe média baixa. 
Pode-se dizer que já se tem formado um núcleo de “alunas” nesse 
Grupo de Biodanza. Há um número significativo de pessoas que estão 
frequentando as “aulas” com regularidade e muitas desde o início. 
Sentem-se bastante beneficiadas com o que estão vivenciando. 
 
 
 
 
 
 
 
PERCEPÇÃO DA FACILITADORA 
 
O Grupo ainda era iniciante. Mas o seu crescimento era significativo. 
Não só durante as vivências, como no próprio “feedback”. Uma 
senhora, que só tinha participado de dois encontros e estava indo para 
sua terceira “aula”, ao se expressar no “feedback”, disse que se pegou 
dançando em casa sozinha. Acrescentou que sempre teve vergonha de 
tudo. Quando veio a vontade de dançar e o corpo acompanhou o 
movimento, ficou surpreendida consigo mesma, porém se sentiu muito 
feliz com o que realizou. Elaimediatamente associou com a Biodanza. 
Outro “feedback” que considerei significativo foi quando, também no 
início do trabalho, outra senhora e com uma idade mais avançada, se 
expressou de forma muito natural e verdadeira, e de imediato teve a 
concordância das demais. Ela disse: “É uma terapia do carinho e da 
atenção”. 
Esse “depoimento”, me tocou profundamente. Eu fui remetida a Carl 
Rogers, à sua terapia humanista e afetiva. Lembrei também dos 
Grupos de Encontros rogerianos dos quais participei, de todo o lado 
afetivo desses encontros. E me veio à mente o título de um grande 
livro de Rogers: “Tornar-se Pessoa”. Imaginei que a Biodanza estaria 
proporcionando a esse grupo de senhoras, de viver o presente, 
sentindo-se pessoas qualificadas, vivenciando e trocando carinho e 
atenção. 
A grande maioria das senhoras participantes do grupo, não conhecia a 
Biodanza ou até mesmo nem ouvido falar. Mas ao participarem das 
aulas, das vivências, começaram a sentir a Biodanza em seus corpos, 
em suas vidas. Começaram a experenciar os poderes da Biodanza. 
Assim como na Abordagem Centrada na Pessoa, a Biodanza procura 
promover o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um 
 
melhor funcionamento e uma maior capacidade de enfrentar a vida. E 
principalmente, procurando levar a pessoa para um encontro com ela 
mesma. 
Rogers diz que podemos ter confiança em nossas experiências. E a 
Biodanza promove com as suas vivências, essa confiança para si 
mesmo. A pessoa que experenciou algo verdadeiro seu durante as 
vivencias, permitindo que entrasse em contato com ela própria, 
aceitando-a como é, passa a sentir-se confiante diante de si e 
consequentemente diante do(s) outro(s). 
Como facilitadora, tenho percebido nesse grupo regular de Biodanza, 
esses objetivos bem rogerianos (que também percebia em outros 
grupos regulares que participei como aluna). O conhecer-se melhor, o 
entrar em contato consigo, seus sentimentos, facilidades e 
dificuldades, isso tudo levando a uma aceitação da sua pessoa como 
verdadeiramente é, e as possibilidades de mudanças. Para me aceitar 
como sou, preciso me conhecer. Para mudar, preciso me aceitar. 
É muito gratificante para mim, reconhecer o crescimento de um grupo 
de senhoras, que felizes dão seus depoimentos... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONCLUSÃO 
 
CARLS ROGERS e ROLANDO TORO 
 
As três condições básicas, necessárias e suficientes, e indispensáveis 
para a Terapia de Carl Rogers, também estão presentes, fazendo parte 
integrante do Sistema de Biodanza de Rolando Toro. 
 São elas: - Aceitação 
 - Empatia 
 - Congruência 
As pessoas, integrantes dos mais diversos grupos de Biodanza, neles 
permanecem e deles se beneficiam, quando são aceitas, há a empatia e 
percebem a congruência do Facilitador. 
Creio, portanto, que também são condições necessárias e suficientes 
para o sucesso de qualquer pessoa em todo e qualquer grupo de 
Biodanza. 
Carl Rogers, rejeitou a idéia da neurose do homem, defendendo que o 
núcleo básico da personalidade humana era tendente à saúde e ao bem 
estar. Rolando Toro, em sua definição clássica de Biodanza, diz: “É 
um Sistema de integração afetiva, renovação orgânica e 
reaprendizagem das funções originárias da vida...”. Nada mais é do 
que rejeitar a idéia da neurose básica em todo Ser Humano, e sim o de 
também acreditar que o núcleo básico da personalidade humana é 
tendente à saúde e ao bem estar. E por acreditar nessa premissa, que a 
Biodanza objetiva o contatar e resgatar as funções básicas e 
originárias da vida: Saúde e Bem Estar. 
A partir dessa concepção básica, a psicoterapia de Carl Rogers se 
desenvolveu. 
 
A partir dessa concepção básica, o Sistema Biodanza de Rolando 
Toro também se desenvolveu. 
A Biodanza e a Terapia Rogeriana objetivam o resgate desse núcleo 
de vida. E assim sendo, é possível o aumento da auto estima, da auto 
confiança e um amadurecimento emocional. Tudo isso visando uma 
conexão maior consigo próprio, com o outro e com o Universo. 
Como na Abordagem Centrada, na Biodanza, para a aplicação de seu 
método, faz-se necessário um processo de amadurecimento pessoal 
do próprio facilitador. Não basta apenas o conhecimento teórico, pois 
a sua pessoa torna-se também instrumento para o trabalho proposto. 
Outro ponto em comum é que a Abordagem Centrada e a Biodanza se 
voltam bastante para o presente, para o “aqui e agora”. Estão 
preocupadas com o realizar-se de cada momento. Na Biodanza, 
também se compreende a idéia de que “toda pessoa é capaz de 
reestruturar suas próprias respostas, a medida que a experiência 
permite ou sugere novas possibilidades”. 
Para Rogers e Toro, o Homem se encontra comprometido e em 
contínuo processo de atualização. 
Carl Rogers pressupõe que o Facilitador “oriente” o seu cliente para as 
suas próprias experiências e que a partir delas, ele se auto determine e 
governe. Na Biodanza acontece o mesmo. Rolando Toro, inclusive, 
diz que a Biodanza começa quando deixamos a sala. Toro, assim 
como Rogers, pressupõe que o Facilitador, dentro do Sistema 
Biodanza, “oriente” o participante de seu grupo para suas próprias 
experiências e partindo delas, ele se auto determine e governe. 
A Psicoterapia para Rogers é um processo de crescimento que vai 
sendo realizado e/ou construído. É um processo que envolve as duas 
partes, o terapeuta (facilitador) e o cliente. Quando essas duas pessoas, 
juntas e felizes, vêem as forças poderosas e organizadas se 
 
manifestarem para o crescimento e o encontro de si mesmo: Isso é 
Abordagem Centrada! Isso é Biodanza! 
O que foi relatado no parágrafo anterior, eu vivenciei não só como 
facilitadora de Biodanza, mas também em inúmeras vezes, como 
aluna de Biodanza. Nos vários grupos que freqüentei, em maratonas e 
jornadas diversas, eu era sempre remetida à terapia Rogeriana, quando 
percebia ou sentia a felicidade do Facilitador no momento que as 
forças poderosas e organizadas se manifestavam para o crescimento 
daquela pessoa, participante do grupo, como do meu próprio 
crescimento 
A Biodanza e a Abordagem Centrada na Pessoa desenvolvem com 
os seus “alunos” ou seus “clientes”, um relacionamento de “igual para 
igual”. Uma relação horizontal; simplesmente são pessoas que se 
encontram. Apenas uma facilitando a outra, caso essa queira e 
permita, visando a sua SAÚDE E BEM ESTAR. 
Na Biodanza e na Abordagem Centrada na Pessoa, todos os 
envolvidos são co-responsáveis pelo processo de mudança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA 
 
 
ARAUJO, Gladys T. – A Vontade de Potência de Nietzsche e 
o Principio Biocentrico de Rolando Toro, 
Monografia apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Filosofia da PUC-Rio. Rio de 
Janeiro, 2004 
 
_________ - Aumento do Nível de Saúde Através da 
Biodanza – Projeto de Parceria entre a 
Associação Escola Rolando Toro do Rio de Janeiro 
e o Centro Municipal de Saúde Ernesto Zeferino 
Tibau Junior – Rio de Janeiro, 2001 
 
GÓIS, Cezar Wagner – Inventário de Exercícios de 
Biodanza- Sistema Rolando Toro, Fortaleza, 
1983 
 
ROGERS, Carl R. A Terapia Centrada no Paciente, tradução 
de Manuel do C. Ferreira, São Paulo: Martins 
Fontes, 1974. 
 
________ - Grupos de Encontro, tradução de Joaquim L. 
Proença, São Paulo: Martins Fontes, 2002 
 
________ - Sobre o Poder Pessoal, Tradução Wilma Alves 
Penteado, São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
 
________ - Um Jeito de Ser, tradução Cristina Kupfer, Heloisa 
Lebrão e Yone Patto, São Paulo:EPU, 1983. 
 
________ - Tornar-se Pessoa, tradução de Manuel do C. 
Ferreira, São Paulo: Martins Fontes, 1973. 
 
________ & KINGET, G.M. – Psicoterapia e Relações 
Humanas: Teoria e Prática não Diretiva, 
tradução de Maria L. Bizzoto, Belo Horizonte: 
Interlivros, 1977 
 
 TORO, Rolando – Biodanza, tradução de Eliane Matuk, São 
Paulo: Editora Olavobrás, 2002. 
 
 _________ Teoria da Biodanza: Coletânea de Textos, s/d. 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
A - DEPOIMENTO DOS PARTICIPANTES 
Após vários meses de encontros semanais, solicitamos em nosso 
Grupo Regular, que os participantes escrevessem livremente, como 
estavam se sentindo. 
Foi um pedido que fizemos para o grupo, com o objetivo de 
avaliarmos o nosso trabalho. Como cada pessoa estava vivenciando a 
Biodanza, com se sentia no Grupo. Se a Biodanza já havia lhe trazido 
ou estava lhe proporcionando algum benefício para sua vida. Se havia 
percebido alguma mudança ou não. Algum bem estar ou não. 
Poderia ser escrito em uma linha, um parágrafo, como quisessem. Um 
depoimento bastante livre de cada participante, o que incluía também 
não ser obrigatório acatar esse pedido. 
Em anexo, o que foi escrito por algumas “alunas” que estão 
freqüentando o nosso Grupo Regular... 
 
 
B – REPORTAGEM JORNAL „EXTRA‟ 
Em anexo, a reportagem feita em outubro de 2006, a respeito do 
Projeto “Aumento do Nivel de Saúde através da Biodanza, 
desenvolvido no Posto de Saúde João Barros Barreto, que ainda se 
encontra em atividade.

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