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LIGAÇÃO DE PEPTÍDEOS A MOLÉCULAS DO MHC CARACTERÍSTICAS DAS INTERAÇÕES PEPTÍDEO-MOLÉCULA DE MHC As moléculas do MHC apresentam ampla especificidade para ligação peptídica, contrastando com a especificidade fina do reconhecimento antigênico pelos receptores antigênicos dos linfócitos. Em outras palavras, um único alelo do MHC (p. ex.: HLA-A2) pode apresentar qualquer um dentre muitos peptídeos diferentes para as células T, contudo uma única célula T reconhecerá apenas um desses numerosos complexos HLA-A2/peptídeo possíveis. I: Cada molécula de MHC de classes I ou II tem uma única fenda de ligação ao peptídeo que liga somente um peptídeo de cada vez, entretanto cada molécula de MHC pode se ligar a muitos peptídeos diferentes II: Os peptídeos que se ligam a moléculas do MHC compartilham características estruturais que promovem esta interação III: As moléculas do MHC adquirem sua carga de peptídeo durante sua biossíntese e montagem dentro das células As moléculas do MHC de classe I adquirem os peptídeos a partir de proteínas citosólicas que são digeridas em peptídeos por um complexo enzimático citosólico, enquanto as moléculas do MHC de classe II adquirem os peptídeos a partir de proteínas extracelulares que são ingeridas e digeridas em vesículas endocíticas. IV: A associação de peptídeos e moléculas do MHC é uma interação saturável com uma taxa de dissociação bastante lenta V: Números muito pequenos de complexos peptídeo-MHC conseguem ativar linfócitos T específicos VI: As moléculas do MHC de um indivíduo podem se ligar e exibir peptídeos estranhos (p. ex.: aqueles derivados de proteínas microbianas), bem como peptídeos derivados das proteínas desse indivíduo (autoantígenos). Os complexos de autopeptídeo-MHC não induzem autoimunidade porque as células T específicas para esses complexos são destruídas ou inativadas BASES ESTRUTURAIS DA LIGAÇÃO DE PEPTIDEO A MOLÉCULAS DO MHC A ligação de peptídeos a moléculas do MHC é uma interação não covalente mediada por resíduos presentes tanto nos peptídeos como nas fendas das moléculas do MHC. Os antígenos proteicos são proteoliticamente clivados nas APCs para gerar os peptídeos que se ligarão e serão exibidos pelas moléculas do MHC As moléculas do MHC de classe II acomodam peptídeos maiores do que as moléculas do MHC de classe I. Esses peptídeos mais longos se estendem em uma extremidade ou outra, para além do assoalho da fenda. Como muitos dos resíduos dentro e ao redor da fenda de ligação ao peptídeo nas moléculas do MHC são polimórficos (diferem entre os vários alelos do MHC), alelos distintos favorecem a ligação de peptídeos diferentes. Essa é a base estrutural para a função dos genes do MHC como genes de resposta imune; apenas indivíduos cujas moléculas do MHC podem se ligar a um peptídeo particular e exibí-lo às células T conseguem responder a esse peptídeo. Os receptores antigênicos das células T reconhecem ambos, peptídeo antigênico e moléculas do MHC, sendo o peptídeo responsável pela especificidade fina do reconhecimento antigênico e os resíduos de MHC respondendo pela restrição das células T ao MHC. Uma parte do peptídeo ligado é exposta a partir da abertura superior da fenda da molécula de MHC, e as cadeias laterais de aminoácidos desta porção do peptídeo são reconhecidas pelos receptores antigênicos das células T específicas OBS: A rejeição de órgãos está relacionada, geralmente, aos polimorfismos que existem nas moléculas de MHC PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS PROTEICOS As vias de processamento antigênico convertem antígenos proteicos presentes no citosol ou internalizados a partir do ambiente extracelular em peptídeos, e carregam esses peptídeos em moléculas do MHC para exibição aos linfócitos T Os mecanismos de processamento antigênico são destinados a gerar peptídeos com as características estruturais requeridas para associação com moléculas do MHC As proteínas presentes no citosol são degradadas pelos proteassomos, para produzir peptídeos que são exibidos em moléculas do MHC de classe I, enquanto as proteínas ingeridas a partir do meio extracelular e aprisionadas em vesículas são degradadas em lisossomos (ou endossomos tardios), para gerar peptídeos que são apresentados em moléculas do MHC de classe II. Dessa forma, o sítio de proteólise é o principal determinante de quais moléculas do MHC, de classe I ou de classe II, os peptídeos gerados irão ligar As vias de processamento antigênico exercem papel decisivo na determinação dos tipos de microrganismos e antígenos proteicos aos quais essas classes de células T reconhecem e respondem VIA DO MHC DE CLASSE I I: Fontes de antígenos proteicos degradados em proteassomos As proteínas microbianas presentes no citosol que sofrem degradação proteassômica derivam de microrganismos (tipicamente vírus) que se replicam e sobrevivem no citosol das células, bactérias extracelulares que injetam proteínas no citosol, e vários organismos extracelulares que são fagocitados e têm suas proteínas transportadas a partir de vesículas para dentro do citosol. Os peptídeos que são apresentados em associação com moléculas de classe I também podem ser derivados de microrganismos e outros antígenos particulados que são internalizados em fagossomos, mas escapam para o citosol Nas DCs, algumas proteínas microbianas ingeridas dentro de vesículas entram na via citosólica de classe I, no processo chamado apresentação cruzada As proteínas produzidas no retículo endoplasmático e que não são dobradas corretamente ou são montadas de maneira incorreta nesse compartimento são translocadas para fora do retículo endoplasmático e degradadas nos proteassomos II: Digestão de proteínas nos proteassomos A degradação de proteínas nos proteassomos gera peptídeos que são capazes de se ligar a moléculas do MHC de classe I O proteassomo realiza uma função de manutenção básica nas células, degradando muitas proteínas danificadas ou incorretamente dobradas Esses polipeptídeos recém-traduzidos e, contudo, defeituosos, bem como as proteínas danificadas pelos estresses celulares, são marcadas como alvo de degradação proteassômica pela ligação covalente de várias cópias de um pequeno polipeptídeo chamado ubiquitina. III: Transporte de peptídeos do citosol para o retículo endoplasmático Os peptídeos gerados pelos proteassomos no citosol são translocados por um transportador especializado para dentro do RE, onde moléculas do MHC de classe I recém- sintetizadas estão disponíveis para ligação aos peptídeos. Essa distribuição é mediada por uma proteína dimérica localizada na membrana do RE chamada transportador associado ao processamento antigênico IV: Montagem de complexos peptídeo-MHC de classe I no Retículo Endoplasmático Os peptídeos translocados para dentro do RE se ligam a moléculas do MHC de classe I associadas ao dímero TAP por meio da tapasina O dobramento apropriado das cadeias α nascentes é auxiliado por proteínas chaperona, como a chaperona de membrana calnexina Uma vez que as moléculas do MHC de classe I estejam carregadas com o peptídeo, perdem a afinidade pela tapasina. Por isso o complexo peptídeo-MHC classe I é liberado e consegue sair do RE e ser transportado para a superfície celular Os peptídeos transportados para o interior do RE preferencialmente se ligam a moléculas do MHC de classe I e não as de classe II, por dois motivos: I: As moléculas de classe I recém- sintetizadas são fixas ao aspecto luminal do complexo TAP e capturam peptídeos rapidamente, conforme os peptídeos vão sendo transportados para dentro do RE pela TAP. II: As fendas de ligação ao peptídeo das moléculas de classe II recém- sintetizadas no REsão bloqueadas por uma proteína chamada cadeia invariante V: Expressão de superfície dos complexos peptídeo-MHC de classe I As moléculas do MHC de classe I contendo peptídeos ligados são estruturalmente estáveis e expressas na superfície celular Diversos vírus desenvolveram mecanismos que interferem na montagem de classe I e no carregamento de peptídeo, enfatizando a importância desta via para a imunidade antiviral OBS: A ERAP retira a região de sinalização da proteína ao retículo VIA DO MHC DE CLASSE II A geração de peptídeos associados ao MHC de classe II oriundos de antígenos endocitados envolve a degradação proteolítica de proteínas internalizadas em endossomos tardios e lisossomos, e a ligação de peptídeos a moléculas do MHC de classe II neste compartimento vesicular acídico I: Marcação de antígenos proteicos como alvos para lisossomos A maioria dos peptídeos associados ao MHC de classe II deriva de antígenos proteicos que são digeridos em endossomos e lisossomos nas APCs. As proteínas que são marcadas como alvo para os lisossomos incluem as proteínas extracelulares capturadas por endocitose, pinocitose ou fagocitose; proteínas de superfície celular que estão sendo endocitadas e degradadas; e proteínas intracelulares que podem ser ligadas à membrana, vesiculares ou citosólicas, incluídas de modo rotineiro nos autofagolisossomos durante o processo de autofagia. As etapas iniciais na apresentação de um antígeno proteico extracelular são a ligação do antígeno nativo a uma APC e a internalização do antígeno DCs e macrófagos expressam uma variedade de receptores de superfície, como as lectinas, que reconhecem estruturas compartilhadas por muitos microrganismos.. Essas APCs usam os receptores para se ligar e internalizar microrganismos de maneira eficiente Após sua internalização, os antígenos proteicos se tornam localizados em vesículas intracelulares ligadas à membrana chamadas endossomos. A via endossômica de trânsito de proteínas intracelulares se comunica com os lisossomos Os microrganismos particulados são internalizados para dentro de vesículas chamadas fagossomos, as quais podem se fundir aos lisossomos, produzindo vesículas chamadas fagolisossomos ou lisossomos secundários II: Digestão proteolítica de antígenos nos lisossomos As proteínas internalizadas são degradadas enzimaticamente nos endossomos tardios e lisossomos, para gerar peptídeos que são capazes de se ligar às fendas de ligação ao peptídeo das moléculas do MHC de classe II. A degradação de antígenos proteicos em vesículas é mediada por proteases que têm pH ideal ácido III: Biossíntese e transporte de moléculas do MHC II para os endossomos As moléculas do MHC de classe II são sintetizadas no RE e transportadas para os endossomos com uma proteína associada, a cadeia invariante (Ii ), que ocupa as fendas de ligação ao peptídeo das moléculas do MHC de classe II recém-sintetizadas O dobramento e a montagem das moléculas do MHC de classe II são auxiliados por chaperonas residentes no RE As moléculas do MHC de classe II não podem se ligar e apresentar os peptídeos que encontram no RE, deixando-os se associar a moléculas de classe I (descritas anteriormente). As moléculas do MHC de classe II são transportadas em vesículas do RE para o Golgi. As vesículas que “brotam” do trans-Golgi e contêm o complexo MHC de classe II são transportadas para os lisossomos. Dessa forma, as moléculas do MHC de classe II encontram os peptídeos antigênicos gerados por proteólise de proteínas endocitadas e a associação peptídeo-MHC acontece nos lisossomos IV: Associação de peptídeos processados com moléculas do MHC de classe II em vesículas Dentro das vesículas endossômicas, a Ii se dissocia das moléculas do MHC de classe II via ação combinada de enzimas proteolíticas e da molécula HLA-DM, e os peptídeos derivados dos antígenos proteicos são, então, capazes de se ligar às fendas de ligação ao peptídeo das moléculas do MHC de classe II O deslocamento do CLIP e sua substituição por um peptídeo antigênico de maior afinidade nos lisossomos ocorre por meio da ação de uma molécula chamada HLA-DM . HLA-DM é codificada dentro do locus do MHC, tem uma estrutura similar a das moléculas do MHC de classe II e se colocaliza com moléculas do MHC de classe II em certos endossomos. Diferentemente das moléculas do MHC de classe II, as moléculas de HLA-DM não são polimórficas e não são expressas na superfície celular. HLA--DM atua como trocador de peptídeo, facilitando a remoção do CLIP e a adição de peptídeos de maior afinidade derivados de antígenos proteicos às moléculas do MHC de classe II. A molécula DM também edita o repertório de peptídeos que são apresentados, favorecendo a exibição de peptídeos que se ligam a moléculas do MHC de classe II com alta afinidade Peptídeos maiores podem se ligar e serem, então, aparados por enzimas proteolíticas ao tamanho apropriado para reconhecimento pela célula T V: Expressão de complexos peptídeo-MHC de classe II na superfície celular As moléculas do MHC de classe II são estabilizadas pelos peptídeos ligados, e os complexos peptídeo-classe II estáveis são distribuídos para a superfície da APC, onde são exibidos para o reconhecimento por células T CD4 + Uma vez expressos na superfície da APC, os complexos peptídeo-classe II são reconhecidos pelas células T CD4 + antígeno-específicas, com o correceptor CD4 exercendo papel essencial via ligação a regiões não polimórficas da molécula de classe II. APRESENTAÇÃO CRUZADA Algumas células dendríticas têm a capacidade de capturar e ingerir células infectadas por vírus ou células tumorais, e apresentar os antígenos virais ou tumorais aos linfócitos T CD8 + naive. Nessa via, os antígenos ingeridos são transportados das vesículas para o citosol, de onde os peptídeos entram na via de classe I. Esse processo é chamado apresentação cruzada ou cross- priming, indicando que um tipo celular (a DC) pode apresentar antígenos de outra célula (a célula infectada por vírus ou a célula tumoral) e condicionar, ou ativar, células T específicas para esses antígenos O processo de apresentação cruzada é importante para as respostas de célula T CD8 + a vírus, outros microrganismos citosólicos e tumores. Esses microrganismos normalmente infectam células que não são DCs, e as células tumorais surgem a partir de células que não são APCs. A defesa contra esses patógenos e tumores requer células T CD8 + , e a ativação destas células T é mais bem induzida pela apresentação antigênica feita pelas DCs. A apresentação cruzada permite que as DCs apresentem antígenos produzidos em outros tipos celulares, e exibam peptídeos derivados desses antígenos para serem reconhecidos pelas células T CD8 + , iniciando assim respostas imunes efetivas NATUREZA DAS RESPOSTAS DE CÉLULAS T A apresentação de proteínas citosólicas versus vesiculares pelas vias de MHC de classes I e II, respectivamente, determina qual subpopulação de células T responderá aos antígenos encontrados nesses dois pools de proteínas, além de estar intimamente ligada às funções dessas células T.. Antígenos sintetizados endogenamente, como proteínas virais e tumorais, estão localizados no citosol e são reconhecidos por CTLs CD8 + restritos ao MHC de classe I, os quais matam as células produtoras de antígenos intracelulares. Ao contrário, os antígenos extracelulares em geral terminam em vesículas endossômicas e ativam células T CD4 + restritas ao MHC de classe II, porque as proteínas vesiculares são processadas em peptídeos ligantes de classe II Os receptores antigênicos dos CTLs e das células T auxiliares não conseguem distinguir entre microrganismos extracelularese intracelulares. Segregando os peptídeos derivados destes tipos de microrganismos, as moléculas do MHC guiam as subpopulações de células T CD4 + e CD8 + a responderem aos microrganismos que cada subpopulação melhor combate. IMUNOGENICIDADE DE ANTÍGENOS PROTEICOS I: Os epítopos de proteínas complexas que desencadeiam as respostas mais fortes de célula T são os peptídeos gerados por proteólise nas APCs e que se ligam mais avidamente às moléculas do MHC. Esses são os chamados determinantes ou epítopos imunodominantes Uma aplicação desse conhecimento é o delineamento de vacinas. Peptídeos sintéticos contendo estes epítopos podem ser vacinas efetivas para deflagrar respostas de célula T contra os peptídeos virais expressos em uma célula infectada II: A expressão de alelos de MHC de classe II particulares em um indivíduo determina a capacidade deste indivíduo de responder a antígenos particulares APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS NÃO PROTEICOS PARA CÉLULAS T As células T também reconhecem e reagem contra moléculas pequenas e até íons metálicos, de modo MHC- restrito Outros compostos químicos se ligam de modo não covalente a moléculas do MHC e alteram a estrutura da fenda de ligação ao peptídeo, de modo que a molécula de MHC pode exibir peptídeos que não são normalmente apresentados, e assim esses complexos peptídeo-MHC são considerados estranhos. Diversas pequenas populações de células T, que não as células CD4 + nem as CD8 + , são capazes de reconhecer antígenos não proteicos sem envolvimento de moléculas do MHC de classes I ou II. Assim, estas populações são exceções à regra de que as células T somente podem “ver” peptídeos associados ao MHC. Dentre essas populações, as mais bem definidas são as células T natural killer (NKT) e as células T γδ. As células NKT reconhecem lipídeos e glicolipídeos exibidos pela molécula de MHC de classe I não clássica chamada CD1 Moléculas CD1 recémsintetizadas captam lipídeos celulares e os levam para a superfície celular. A partir desse ponto, os complexos CD1- lipídeo são endocitados em endossomos ou lisossomos, onde os lipídeos que foram ingeridos a partir do ambiente externo são captados e os novos complexos CD1-lipídeo são devolvidos à superfície celular. Dessa forma, as moléculas CD1 adquirem antígenos lipídicos endocitados durante a reciclagem e os apresentam sem processamento evidente. SÍNDROME DO LINFÓCITO NU TIPO 1 – DEFICIÊNCIA DE TAPs A deficiência de TAP leva a uma condição característica de autoimunidade: lesões granulomatosas necrotizantes (extremidades e no meio do rosto) Imunodeficiência: sinusite crônica, o que leva a infecções pulmonares recorrentes RETOMANDO O CASO CLÍNICO DO RESUMO MHC I HLA-B27: Positivo O MHC que está relacionado com a espondilite anquilosante é o MHC I, pois seu alelo pode ser A, B ou C RESUMÃO
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