Buscar

RESUMO direito civil II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL II 
Dos atos, fatos e negócios jurídicos 
1. Definição: Negocio Jurídico é um ato, ou uma pluralidade de atos, 
entre si relacionados, quer sejam de uma ou varias pessoas, e tem 
por fim produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações 
jurídicas no âmbito do Direito Privado. - “O negocio jurídico é o meio 
de realização da autonomia privada e o contrato é o seu símbolo.” 
Francisco Amaral. 
Nem sempre os contratos são celebrados de maneira escrita, 
podendo ocorrer de forma verbal. Contudo, o contrato celebrado de 
forma escrita permite a inequivocidade quanto aos limites do 
negocio jurídico, bem como uma maior segurança jurídica. 
2. Requisitos de existência do negócio jurídico: 
São elementos necessários para que o negócio jurídico seja valido: 
Declaração da vontade, finalidade negocial e idoneidade do objeto. 
a) Declaração de vontade 
A vontade é pressuposto básico do negócio jurídico e é 
imprescindível que se exteriorize. Do ponto de vista do direito, 
somente vontade que se exterioriza é considerada suficiente para 
compor suporte fático de negócio jurídico. A declaração de vontade 
é, portanto, o instrumento da manifestação da vontade. 
A vontade que permanece interna, como no caso da reserva 
mental– declaração contraria à vontade real, com o intuito de 
enganar o declaratário -, não serve como instrumento de validação 
do negócio jurídico, pois é de difícil ou até mesmo impossível 
comprovação. 
A vontade é um elemento subjetivo, que se revela através da 
declaração. Esta, portanto, e não aquela, constitui requisito de 
existência de negócio jurídico. 
Obs.: Principio da obrigatoriedade do contratante - O contrato faz 
lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo Judiciário. 
Destina-se, também, a dar segurança aos negócios em geral. 
A declaração da vontade pode ser feita de maneira expressa, 
realizada por meio da palavra, falada ou escrita, gestos, sinais ou 
mimicas, possibilitando o conhecimento imediato da vontade do 
agente; tácita, expressa pelo comportamento do agente, e 
presumida, na qual a declaração não foi expressa expressamente, 
mas a lei deduz de certos comportamentos do agente. 
A principio, as pessoas tem liberdade de celebrar negócios 
jurídicos, criando direitos e contraindo obrigações. É o principio da 
autonomia da vontade. Contudo, estão limitadas pelo principio 
supremacia da ordem pública, pela qual o Estado interfere na 
manifestações de vontade em nome da ordem pública e do interesse 
social (proteção de opressão econômica dos mais fortes sobre os mai 
fracos, por exemplo). 
b) Finalidade Negocial 
No negócio jurídico, a manifestação da vontade tem finalidade 
negocial, que abrange a Aquisição, a Conservação, a Modificação e 
a Extinção de direitos. 
Aquisição de direitos: Ocorre a aquisição de um direito com a sua 
incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular, sem 
interposição ou transferência de outra pessoa. Ex: Ocupação de 
uma propriedade ou coisa abandonada. 
- Pode ser originária, sem qualquer interferência do anterior 
titular (ocupação da coisa sem dono – res nullius) ou derivada, 
quando decorre de transferência feita por outra pessoa (como na 
compra e venda). 
Conservação de direitos: Para resguardar ou conservar seus 
direitos muitas vezes necessita o titular tomar certas medidas ou 
providências preventivas ou repressivas, judiciais ou 
extrajudiciais. 
- A ação judicial é um direito que todos têm de movimentas 
a maquina judiciária, a fim de pedir proteção, fazendo cessar a 
violação ou ameaça de um direito subjetivo, desde que tenham 
legitimação para agir e interesse econômico ou moral. 
Modificação de direitos: Os direitos podem sofrer mutações quanto 
ao seu objeto, quanto à pessoa do sujeito e, às vezes, quanto a ambos 
os aspectos. 
- Tem-se a modificação objetiva, quando atinge a qualidade 
(quando o conteúdo do direito se converte em outra espécie – Ex: O 
credor recebe do devedor um objeto ou propriedade de valor 
equivalente à quantia em dinheiro emprestada) ou quantidade do 
objeto (aumento ou diminuição no volume, sem alterar a qualidade 
do direito – Ex: diminuição de terrenos ribeirinhos, em virtude de 
aluvião) ou conteúdo da relação jurídica. 
Ex. Dação em pagamento, cessão de crédito, assunção de 
dívida. 
É preciso lembrar que há direitos que não comportam 
modificação em seu sujeito por serem personalíssimos; extinguem-
se com a sua morte ou substituição. 
Extinção de direitos: Por diversas razões os direitos podem 
ser extintos. Perecimento do objeto, alienação, renúncia, abandono, 
falecimento do titular, prescrição, decadência, confusão, 
implemento de condição resolutiva, perempção, etc., são algumas 
das possibilidades de extinção de direitos. 
c) Idoneidade do objeto 
O objeto deve apresentar os requisitos e qualidades que a lei 
exige para que o negócio produza os efeitos desejados. Os requisitos 
de caráter geral para validação do negócio jurídico estão expostos 
no artigo 104, do Código Civil de 2002. 
3. O negócio jurídico no Código Civil de 2002 
No negócio jurídico há uma composição de interesses, um 
regramento bilateral de condutas, como ocorre na celebração de 
contratos. A manifestação de vontade tem finalidade negocial, que 
em geral é adquirir, transferir, modificar, extinguir direitos. 
Alguns negócios jurídicos são unilaterais, onde o aperfeiçoamento 
da vontade se dá com uma única manifestação de vontade. Ex. 
Testamento. 
4. Classificação dos negócios jurídicos 
a) Quanto ao número de declarantes 
I. Unilaterais – aperfeiçoam-se com uma única manifestação de 
vontade. 
Subdivide-se em receptícios (a declaração de vontade tem de se 
tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos, como na 
denúncia de um contrato) e não receptícios (é irrelevante o 
conhecimento por parte da outra pessoa, como ocorre no testamento 
ou na confissão de dívida). 
- Exemplos: Instituição de fundação, renúncia de direitos, 
testamento, renuncia de herança, etc. 
Não há a dependência de outra pessoa para que o negócio jurídico 
ocorra. Não é possível a existência de um negocio jurídico com 
apenas uma única pessoa. - Quanto ao negocio jurídico unilateral 
receptício, entende-se que tais negócios só produziram efeitos se 
atingirem outra pessoa. 
- Exemplos: Relação locatícia, denúncia, fim da relação jurídica. 
II. Bilaterais– aperfeiçoam-se com duas manifestações de vontade, 
coincidentes sobre o objeto. Esta coincidência chama-se 
consentimento mútuo ou acordo de vontades. 
Subdivide-se em bilaterais simples (somente uma das partes aufere 
vantagens, como na doação) e sinalagmáticos (há reciprocidade de 
direitos e obrigações, como ocorre na compra e venda). 
III. Plurilaterais – aperfeiçoam-se com mais de duas manifestações 
de vontade. Exemplos: contratos de emissão de cartão de crédito, 
contratos societários, consórcios de bens móveis e imóveis. 
As decisões nesses casos não decorrem de um intercâmbio de 
relações convergentes, de unanimidade de manifestações, mas da 
soma de sufrágios, ou seja, da decisão da maioria. 
b) Quanto às vantagens patrimoniais 
I. Gratuitos: apenas uma das partes aufere vantagens ou 
benefícios. Outorgam-se vantagens a uma parte sem exigir 
contraprestação da outra. 
- Ex.: Doação pura. 
II. Onerosos:ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, 
porém corresponde uma contraprestação. São onerosos quando 
impõem ônus e acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, 
sacrifícios e benefícios mútuos. 
- Ex.: Compra e venda, locação, etc. 
Os contratos onerosos se subdividem em comutativos (prestações 
certas e determinadas – Ex: contrato de compra e venda) e 
aleatórios (caracterizam-se pela incerteza – Ex: Apostas, jogos). 
Contrato de Seguro: É, para o segurado, um contrato comutativo, 
pois este o celebra para assegurar-se contra qualquer risco. 
Contudo, para a seguradora, é um contrato aleatório,pois o 
pagamento ou não da indenização depende da ocorrência de um fato 
eventual. 
Todo contrato oneroso é bilateral, pois a prestação de uma parte 
envolve a contraprestação de outra. Mas nem todo ato bilateral é 
oneroso. A doação, por exemplo, é um contrato e, portanto, negocio 
jurídico bilateral, porém gratuito. 
III. Neutros: São negócios que não possuem atribuição 
patrimonial e caracterizam-se pela destinação especifica de 
um bem. 
-Ex.: instituição do bem de família, doação remuneratória, negócios 
que vinculam bens com clausula de incomunicabilidade ou 
inalienabilidade. 
IV. Bifrontes: podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a 
vontade das partes. 
Ex.: o mandato, o depósito. 
A conversão só se torna possível se o contrato é definido na lei como 
negócio gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar 
um negócio oneroso em benéfico, visto que isto subverteria sua 
causa. A doação e o comodato, por exemplo, ficariam desfigurados, 
pois se transformariam em venda e locação. 
c) Quanto ao aumento da produção dos efeitos 
I. Inter vivos: produzem efeitos desde logo, estando as partes 
vivas. 
- Ex.: locação, casamento, seguro de vida. 
II. Causa mortis: produzem efeitos após a morte do agente. 
Nesse caso, o evento da morte é requisito necessário para a 
validação e eficácia do contrato. - Ex.: testamento, codicilo. 
Obs.: Para ambos os negócios, o (s) contratante (s) deve estar em 
vida. O que muda de um para outro é o momento que os efeitos do 
ato celebrado terão validade. 
d) Quanto ao modo de existência 
I. Principais: têm existência própria e não dependem de 
outro negócio jurídico. 
- Ex.: Compra e venda. 
II. Acessórios: têm existência subordinada à do contrato 
principal. 
Ex.: Cláusula penal, fiança, penhor, hipoteca. 
Como regra, seguem o principal (acessorium sequitur principale), 
salvo disposições contrárias. 
Negócios derivados ou subcontratos: são os que tem por objeto 
direitos estabelecidos em outro contrato, o principal. Ou seja, são 
os “negócios acessórios dos negócios acessórios”. 
e) Quanto às formalidades a observar 
I. Solenes (formais): Os negócios jurídicos devem obedecer à 
forma prescrita em lei para se aperfeiçoarem. 
- Ex.: Casamento (arts. 1.533 a 1.542, CC), renúncia de herança 
(1.806, CC), testamento (1.864 e ss. CC). 
II. Não solenes: São os negócios de forma livre. Basta o 
consentimento para a sua formação. 
- Ex.: Contrato de locação (Lei 8.245/91). 
Como a lei não exige nenhuma formalidade, estes negócios podem 
ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal. 
Em regra, os contratos têm forma livre, salvo exceções expressas na 
lei. (Art. 107, CC/2002) 
f) Quanto ao numero de atos necessários 
§ Simples: Se constituem por um único ato. 
- Ex.: contrato de doação. 
II. Complexos: Resultam da fusão de vários atos sem eficácia 
independente. 
Compõem-se de várias declarações de vontade, que se completam, 
emitidas pelo mesmo sujeito ou diferentes sujeitos, para obtenção 
dos efeitos pretendidos em sua unidade. 
- Ex.: alienação de um imóvel em prestações. 
III. Coligados: Resultam da conexão mediante vínculo que 
una o conteúdo dos contratos. 
Nesse caso há uma multiplicidade de negócios, conservando cada 
qual sua fisionomia própria, Mas havendo um nexo que os reúne 
substancialmente. - Ex.: Arrendamento de posto de gasolina, 
coligado pelo mesmo instrumento ao contrato de locação das 
bombas, de comodato para a área de funcionamento da lanchonete, 
de fornecimento de combustível, de financiamento, etc. 
O que caracteriza o negócio coligado é a conexão mediante vinculo 
que uma o conteúdo dos dois negócios. É necessário que os vários 
negócios se destinem para a obtenção de um mesmo objetivo. 
Requisitos para a configuração de contrato coligado 
- A celebração conjunta de dois ou mais contratos; 
- A manutenção da autonomia de cada uma das modalidades que 
integra a modalidade nova; 
- A dependência recíproca ou apenas unilateral dos contratos 
amalgamados; 
- A ausência de unicidade entre os contratos jungidos; 
- A sua regência jurídica pelas normas típicas alusivas a cada um 
dos contratos que se coligam. 
5. Elementos constitutivos do negócio jurídico 
Os elementos estruturais ou constitutivos do negócio jurídico 
abrangem: 
a) Elementos essenciais 
Imprescindíveis à existência do ato negocial, pois formam sua 
substância. 
- Ex: Art. 104, CC – A validade do negocio jurídico querer: agente 
capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma 
prescrita ou não defesa em lei. 
b) Elementos naturais: 
São as consequências que decorrem da própria natureza do negócio, 
sem necessidade de expressa menção. 
- Ex: Art. 441, CC – a responsabilidade do alienante pelos vícios 
redibitórios; pela evicção (Art. 447), lugar do pagamento quando 
não avençado (Art. 327). 
c) Elementos acidentais 
Estipulações ou clausulas acessórias que as partes podem adicionar 
em seus negócios para modificar uma ou algumas de suas 
consequências naturais, como a condição, o termo e o encargo ou 
modo (Arts. 121, 131 e 136, CC). 
6. Elementos essenciais do negócio jurídicos 
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a 
aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher 
certos requisitos apresentados como os de sua validade (Art. 104, 
CC/2002). 
São eles: Agente Capaz, ž Objeto licito, possível, determinado ou 
determinável. 
a) Agente capaz 
Capacid ade do agente é a aptidão para intervir em negócios 
jurídicos como declarante ou declaratário. A capacidade é adquirida 
com a maioridade, aos 18 anos, ou com a emancipação. 
A Incapacidade é a restrição legal ao exercício da vida civil e pode 
ser: 
Absoluta – acarreta a proibição total do exercício, por si só, do 
direito sob pena de nulidade (art. 166, I) e decorre ou da idade ou, 
ainda, das causas elencadas no art. 3º, CC. 
Relativa – acarreta a anulabilidade do ato (art. 171, I), salvo nas 
hipóteses previstas em Lei (ex.: art. 228, I, 666, 1.860) e, também, 
quando o incapaz é assistido por seu representante legal. 
A Capacidade especial, ou legitimação distingue-se da capacidade 
geral das partes, para a validez do negócio jurídico, pois para que 
ele seja perfeito não basta que o agente seja plenamente capaz; é 
imprescindível que seja parte legítima, isto é, que tenha 
competência para praticá-lo, dado a sua posição em relação a certos 
interesses jurídicos. 
A falta de legitimação pode tornar o negócio jurídico NULO. 
Exemplo: Venda de imóvel por uma pessoa casada sem o 
consentimento do cônjuge, exceto se o regime de bens contraído for 
o de separação total. 
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: 
Lícito: É aquele que não atenta contra a lei, a moral ou os bons 
costumes. Objeto jurídico ou imediato – é sempre um fazer, não 
fazer ou um dar. Objeto material ou mediato – são os bens ou 
prestações sobre os quais incide a relação jurídica. 
- Ex: venda de objeto roubado. 
Se ilícito o seu objeto, nulo será o negócio jurídico, não produzindo 
qualquer efeito legal. 
Possível: A impossibilidade física – que emana de leis físicas ou 
naturais. Impossibilidade Jurídica – quando o ordenamento proíbe 
expressamente negócios a respeito de determinado (Ex. CC, 426). 
- Tal impossibilidade deve ser absoluta ou não constituirá obstáculo 
para a existência do negócio jurídico. 
Determinado ou Determinável: As partes deverão descrever o 
objeto do negócio jurídico. Admite-se ainda a venda de coisa incerta, 
indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC, 243) que será 
determinada pela escolha. 
c) Forma prescrita ou não defesa em lei 
É o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade nos 
negócios jurídicos, para que possam produzir efeitos jurídicos. 
- Há três espécies de formas: 
Forma livre: Qualquer meio de manifestação da vontade nos 
negócios jurídicos - palavra escritaou falada, escrito público ou 
particular, gestos, etc. – desde que não previsto em norma como 
obrigatório. É a forma predominante no direito brasileiro (Art. 107, 
CC/2002) 
Forma especial ou solene: É aquela exigida pela Lei, como requisito 
de validade de determinados negócios jurídicos. 
Tem como objetivo garantir a autenticidade dos negócios, garantir 
a livre manifestação das vontades das partes, chamando a atenção 
para a seriedade dos negócios jurídicos que estão praticando e 
facilitar a sua prova. 
- A forma solene possui subdivisões: 
A forma única: Aquela que não pode ser substituída por outra. Ex: 
Escritura pública para pactos antenupciais e negocio sobre imóveis 
com valor maior ao de 30 salários mínimos (Art. 108, 215, 1227, 
1245, CC/2002) 
A forma múltipla: Quando o ato é solene, mas a lei permite a 
formalização do negócio por diversos modos, sendo possível que a 
parte opte por um deles. (Reconhecimento voluntário do filho – Art. 
1.609, CC/2002), (Instituição de uma fundação - Art. 62, CC/2002). 
Forma contratual: É aquela convencionada pelas partes em 
contrato, desde que não haja imposição legal quanto à forma 
daquele contrato. (Art. 109, CC/2002) 
- Ex.: os contratantes podem, mediante convenção, determinar que 
o instrumento público torne-se necessário para a validade do 
negócio. 
Há outra classificação quanto à forma do negócio jurídico: 
- Forma ad solemnitatem(‘ad substantiam’): Ocorre quando 
determinada forma é da substância do ato, indispensável para que 
a vontade produza efeitos. Ex. Escritura pública para aquisição de 
imóvel (Art. 108, CC). 
- Forma ad probationem tantum: Ocorre quando a forma destina-
se a facilitar a prova do ato. Ex.: necessidade de comprovação 
documental para obrigação superior ao décuplo do maior salário 
mínimo, que não pode ser provada exclusivamente por 
testemunhas (Art. 401, CPC c. C. Art. 227, CC). 
7. Elementos acidentais do negocio jurídico 
Os elementos acidentais do negócio jurídico são clausulas 
que se acrescentam á figura típica do ato com o objetivo de 
modificar uma ou algumas de suas consequências naturais. São 
introduzidos facultativamente pelas partes, dependendo, portanto, 
da vontade destas, e são não necessários a sua existência. Contudo, 
se uma vez convencionados, possuem o mesmo valor dos elementos 
estruturais e essenciais, pois passam a integrá-lo de forma 
indissociável. 
As determinações acessórias que modificam os efeitos jurídicos do 
negócio são: Condição, Termo e Encargo ou Modo. 
a) Condição 
É o acontecimento futuro e incerto que subordina a eficácia do 
negócio jurídico. Da sua ocorrência (fato futuro e incerto) depende 
o nascimento ou a extinção de um direito. (Art. 121, CC/2002). 
Para sua configuração é necessária a ocorrência de três requisitos 
essenciais: 
- Voluntariedade – deve nascer da vontade das partes; 
- Futuridade – o fato não deve ter acontecido, pois, do 
contrário, a declaração seria ineficaz e a obrigação, pura e simples 
(não condicional); 
- Incerteza– o evento pode ou não se verificar – a incerteza 
não deve existir somente na mente da pessoa, mas na realidade. 
- Possibilidade: há de ser natural e juridicamente possível. 
Se impossível não há incerteza e não se verificará o estado de 
pendência próprio do ato condicionado. (De acordo com Francisco 
Amaral) 
A condição pode ser dividida em Condição legal ou Condição 
Voluntária. 
Condição Legal:É a condição estabelecida por lei. As condiciones 
iuris são pressupostos do negócio jurídico e não são verdadeiras 
condições, tendo em vista que seu descumprimento pode acarretar 
a anulação do negócio jurídico. (Requisitos de existência do negócio 
jurídico) 
- Exemplo: necessidade do casamento subsequente para eficácia do 
pacto antenupcial (art. 1.653, CC). 
Condição Voluntária: É estabelecida pelas partes como requisito de 
eficácia do negócio jurídico e que, uma vez estabelecidos, são 
indissociáveis. 
- Exemplo: Ajuda de custo de um estudante por parte de seus pais 
enquanto estiver na universidade. 
Quanto a classificação das condições: 
I. Quanto à licitude = Lícitas e ilícitas 
Lícita será a condição quando o evento a que constitui não for 
contrário à lei (Art. 122, CC/2002), á ordem pública, à moral e aos 
bons costumes. 
- Ex.: Prometer uma recompensa sob a condição de alguém viver em 
concubinato impuro; entregar-se à prostituição; furtar certo bem; 
mudar de religião, etc. 
II. Quanto à possibilidade de serem cumpridas = Possíveis e 
impossíveis 
É física e juridicamente possível se puder ser realizada conforme as 
leis físico-naturais e as normas jurídicas. 
- Condições fisicamente impossíveis: não podem ser cumpridas por 
nenhum ser humano. Ex: dar-te-ei R$ 1.000.000,00 se tocares o céu 
com o dedo. 
- Condições juridicamente impossíveis: Que esbarram em alguma 
proibição expressa do ordenamento jurídico ou ferem a moral ou os 
bons costumes, abrangendo em seu conteúdo as condições ilícitas e 
imorais. Ex: Concessão de benefícios sob a condição de haver 
renuncia ao trabalho. 
III. Quanto à fonte de onde promanam: Casuais, Potestativas 
(simplesmente potestativas e puramente potestativas) e Mistas. 
- Condições Casuais: São aquelas que dependem do fortuito, do 
acaso, do fato alheio à vontade das partes. Exemplo: Dar-te-ei R$ 
1.000,00 se chover amanhã. 
- Condições Potestativas: Decorrem da vontade ou do poder de uma 
das partes. “Diz-se potestativa a condição quando a realização do 
fato, de que depende a relação jurídica, subordina-se à vontade de 
uma das partes, que pode provocar ou impedir sua ocorrência” 
(Silvio Rodrigues). 
As condições potestativas subdividem-se em: 
Puramente Potestativas: Consideradas ilícitas, (Art. 122, 
CC/2002), pois dependem exclusivamente do puro arbítrio de uma 
das partes, sem influência de nenhum fator externo – Exemplo: 
cobrança da comissão de permanência pelos bancos, mediante a 
eleição de um índice exclusivamente ao arbítrio do Banco, que não 
respeite, por exemplo, a taxa média do mercado. 
Simplesmente Potestativas: É a única, das condições potestativas, 
considerada lícita, pois dependem não só da manifestação de 
vontade de uma das partes, como também de algum acontecimento 
ou circunstância exterior que escapa ao seu controle – Ex: dar-te-ei 
este bem se fores a Paris. Tal viagem não depende apenas da 
vontade, mas também da obtenção de tempo e dinheiro. 
- Condições Mistas: Condições que dependem simultaneamente da 
vontade das partes e da vontade de um terceiro. Ex: Dar-te-ei tal 
quantia se casares com tal pessoa. 
III. Quanto ao modo de atuação: Suspensivas (125 e 126, CC) 
e Resolutivas (127 e 128, CC). 
Assim considerada, de acordo com o Art. 123, III do Código Civil, as 
condições podem ser suspensivas ou resolutivas. 
- Condição suspensiva: É aquela que impede que o ato produza 
efeitos até a realização do evento futuro e incerto; Até que a 
condição determinada ocorra, não haverá produção de efeitos. – 
Exemplo: Dar-te-ei tal bem SE obter a nota 10 – (Arts. 125 e 126, 
CC/2002) 
- Condição Resolutiva: É aquela que extingue, resolve o direito, 
ocorrido o evento futuro e incerto; A produção de efeitos é contínua 
até que haja a condição que extingue o direito. – Exemplo: dar-te-
ei R$ 1.000,00, ENQUANTO estudares o curso de graduação em 
Direito – (Arts. 127 e 128, CC/2002) 
Negócios Jurídicos que não admitem condição: 
É admitida a condição em todos os atos de natureza patrimonial, 
com algumas exceções, tal como ocorre na aceitação e na renúncia 
da herança. 
São atos que não admitem condição os que integram os negócios de 
caráter patrimonial pessoal, como os direitos de família puros e os 
direitos personalíssimos. Ex: Casamento, reconhecimento de filho, 
adoção, emancipação, etc. 
Os atos que não admitem condição denominam-se atos puros.São, 
resumidamente: 
- Os negócios jurídicos que, por sua função, não admitemincerteza; 
- Os atos jurídicos em strictu sensu; 
- Os atos jurídicos de família, onde não atuam o principio da 
autonomia privada, pelo fundamento ético existente; 
- Os atos referentes ao exercício de direitos personalíssimos. 
Retroatividade e Irretroatividade da condição 
A questão da retroatividade ou irretroatividade da condição diz 
respeito aos efeitos ex tunc e ex nunc da estipulação. Admitida a 
retroatividade, é como se o ato tivesse sido simples e puro desde a 
origem. 
De acordo com o Art. 128, CC/2002, firmou-se como regra a 
retroatividade – exceto nos contratos de execução continuada ou 
periódica -, extinguindo para todos os efeitos o direito que a 
condição opõe, desde a conclusão do negócio. 
Pendência, Implemento e Frustração da condição 
As condições podem ser consideradas sob três estados, a pendência, 
o implemento e a frustração da condição. 
a) Enquanto não verificado o evento futuro e incerto, a 
condição encontra-se pendente. 
b) Uma vez verificado o evento futuro e incerto, dá-se o 
implemento da condição (o direito é adquirido). 
c) Não realizado o evento futuro e incerto, ocorre a frustração 
da condição. 
b) Termo: 
É o dia ou momento em que começa ou se extingue a eficácia do 
negócio jurídico, podendo ter como unidade de medida a hora, o dia, 
o mês ou o ano. 
Possui duas características fundamentais: 
- Futuridade; 
- Certeza. 
O termo não suspende a aquisição do direito, apenas o exercício 
deste, por ser evento futuro, mas dotado de certeza. Difere da 
condição, que subordina a eficácia do negócio a evento futuro e 
incerto. Sendo o termo um acontecimento certo, inexiste o estado de 
pendência, não se cogitando, portanto, a retroatividade – existente 
apenas no negocio condicional. 
São espécies de termos: 
- Termo convencional – é a cláusula contratual que subordina a 
eficácia do negócio a evento futuro e certo. É o definido no contrato 
pela vontade das partes. 
- Termo de direito – é o que decorre da Lei (prazo de prescrição ou 
de decadência). 
- Termo de graça – é oadiamento de prazo concedido ao devedor, 
fixado por decisão judicial (geralmente consiste em um prazo 
determinado pelo juiz para que o devedor de boa-fé cumpra a sua 
obrigação). 
- Termo incerto – é o termo certo e inevitável, porém incerto quanto 
à data de sua realização (Ex.: morte). 
- Termo certo – quando se reporta a determinada data do calendário 
ou a determinado lapso. (Ex.: 15 de dezembro de 2018; daqui três 
anos; no dia que alguém atingir a maioridade) 
- Termo inicial – dies a quo; Inicio da eficácia do negócio jurídico. 
- Termo final ou resolutivo – dies ad quem; Fim da eficácia do 
negócio jurídico. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, 
as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva (Art. 
135, CC/2002). 
Alguns negócios não admitem termo, como os atos de família – 
adoção, reconhecimento de filho, emancipação, etc. – bem como os 
que envolvem direitos personalíssimos e os de caráter patrimonial 
pessoal – aceitação ou renúncia de herança. 
Quanto aos Prazos: 
- O prazo é o intervalo entre o termo a quo e o termo ad quem, ou 
entre a manifestação de vontade e o advento do termo – Arts. 132 
a 134, CC. 
- Os dias, contam-se por inteiro. 
- Na contagem dos prazos, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do 
vencimento (Art. 132, CC). 
- Meados: considera-se em qualquer mês o dia 15 de cada. (Art. 132, 
§ 2º, CC.) (Ver Art. 131 a 135, CC) 
c) Encargo ou Modo 
Encargo ou modo é uma determinação que, imposta pelo autor de 
uma liberalidade – seja inter vivos (doação) ou mortis causa 
(testamento) -, a este adere, restringindo-a. 
Trata-se de uma cláusula acessória às liberalidades (doações, 
testamentos), mas que pela qual se impõe uma obrigação ao 
beneficiário. 
Exemplo: Doação de um terreno para o municípioa fim de que nele 
se edifique uma escola; legado com o encardo de construir um 
tumulo para o testador. 
Perfil do encargo: 
É admissível, também, em declarações unilaterais da vontade, 
como na promessa de recompensa. Tem a função de dar relevância 
ou eficácia jurídica a motivos ou interesses particulares do autor da 
liberalidade. 
Em regra, é identificada pelas expressões para que, a fim de que, 
com a obrigação de que. 
A obrigatoriedade é a sua marca característica mais marcante, 
podendo o seu cumprimento ser exigido por meio de ação 
cominatória. 
O encargo produz os seguintes efeitos: 
- Não suspende a aquisição, nem o exercício do direito, salvo quando 
expressamente imposto no ato, pelo disponente, como condição 
suspensiva. (Art. 136, CC/2002) 
- Considera-se o encargo como licito e possível. Se fisicamente 
impossível ou ilícito, tem-se como inexistente. (Art. 137, CC/2002) 
- Podem exigir o seu cumprimento o próprio instituidor, seus 
herdeiros, as pessoas beneficiadas ou do Ministério Público, se 
assim contiver em disposição testamentária ou for de interesse 
público. – Ação Cominatória (Art. 553, CC/2002) 
8. Representação 
Os direitos podem ser adquiridos por ato do próprio interessado ou 
por intermédio de outrem. Quando realizado por intermédio de 
outrem, dá-se a representação, isto é, atuação jurídica em nome de 
outrem. Tem seu advento a partir da lei ou do contrato. 
Quem pratica o ato é o representante. A pessoa em nome de quem 
ele atua e que fica vinculada ao negócio jurídico é representado. 
a) Espécies de Representação 
De acordo com o Art. 115 do CC, a representação pode ser legal ou 
convencional. 
Representação Legal: É aquela que decorre da lei e investe o 
representante de autêntico poder, instituído em razão da 
necessidade de se atribuir a alguém a função de zelar dos interesses 
dos representados; 
Diferentemente da tutela ou da curatela, a representação legal 
pode ocorrer também com pessoas CAPAZES, em diversas 
situações. 
Exemplos: Representação exercida pelos pais (exercício do poder 
familiar), tutores (exercício da tutela), curadores (curatela), síndico 
(administração da massa falida), administrador (recuperação 
judicial), etc. 
Representação Convencional ou Voluntária: É a que decorre da 
vontade das partes, estruturando-se no campo da autonomia 
privada mediante a outorga de procuração (instrumento do 
mandato), por meio do qual uma pessoa investe outra no poder de 
agir em seu nome. 
Tem por finalidade permitir o auxilio de uma pessoa na defesa ou 
administração de interesses alheios, caracterizando-se, assim, pelo 
propósito de cooperação jurídica. 
O mandato pressupõe a substituição de uma pessoa por outra na 
prática de um ato jurídico, sendo que o representante tem a 
obrigação de provar às pessoas com quem trata em nome do 
representado - princípio da exteriorização ou da notoriedade (Art. 
118, CC). 
Este tipo de representação pode ser revogada a qualquer tempo pelo 
representado, o que não ocorre com a representação legal, da qual 
não pode o representante ser privado por ato daquele. 
b) Espécies de Representantes 
Legal: É o que decorre da lei. É aquele a quem a lei confere poderes 
para administrar bens e interesses alheios. Exemplos: pais, em 
relação aos filhos menores, os tutores, quanto aos tutelados, etc. 
Judicial: Nomeado pelo juiz, para exercer poderes de representação 
processual, como o inventariante, o síndico da falência, etc. 
Convencional: É aquele que recebe mandato outorgado pelo credor, 
expresso ou tácito, verbal ou escrito, e com os respectivos poderes, 
em termos gerais ou especiais. 
c) Regras da Representação: 
Dispõe o art. 116 do Código Civil: 
“Art. 116. A manifestação da vontade pelo representante, nos 
limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.” 
Portanto o representante atua em nome do representado, 
vinculando-o a terceiros com quem tratar. Deve agir, logo, na 
conformidade dos poderes recebidos, visto que, se os ultrapassar, 
haverá excesso de poder e abuso de direito, podendopor tal fato ser 
responsabilizado (Art. 118, CC). 
Enquanto o representado não ratificar os referidos atos, será 
considerado mero gestor de negócios. O negócio realizado por 
alguém em nome de terceiro sem que este tenha poder de 
representação torna o ato passível de ANULAÇÃO. 
d) Contrato consigo mesmo (Autocontrato) 
É da natureza da representação que o representante atue em nome 
de apenas uma das partes do negócio jurídico no qual intervém. 
Pode ocorrer, todavia, a hipótese de ambas as partes se 
manifestarem por meio do mesmo representante, configurando-se 
a dupla representação. 
Exemplo: um mesmo advogado para o marido e esposa que decidem 
se divorciar por Escritura Pública. 
Pode ocorrer, ainda, que o representante seja a outra parte no 
negócio jurídico celebrado, exercendo neste caso dois papéis 
distintos: participando de sua formação como representante, 
atuando em nome do dono do negócio; e como contratante, por si 
mesmo, intervindo com dupla qualidade. Tal situação é o que se 
chama de mandato em causa própria. 
Eficácia do contrato consigo mesmo 
Dispõe o art. 117 do Código Civil: 
“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o 
negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta 
de outrem, celebrar consigo mesmo.” 
Em suma, há possibilidade da celebração do contrato consigo 
mesmo, desde que a lei ou o representado autorizem sua realização. 
9. Interpretação do negócio jurídico 
Interpretar um negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do 
conteúdo da declaração da vontade. Busca-se apurar a vontade 
concreta das partes, não a vontade interna, psicológica, mas a 
vontade objetiva, o conteúdo, as normas que nascem da sua 
declaração. 
O profissional do direito é, antes de tudo, um intérprete do sistema 
jurídico, decifrando e fazendo compreender, o verdadeiro e correto 
sentido e alcance da norma jurídica. 
Nos contratos e demais negócios escritos, a analise do texto conduz, 
em regra, à descoberta da intenção dos pactuantes. Parte-se, 
portanto, da declaração escrita para se chegar á vontade dos 
contratantes. Quando, no entanto, determinada clausula se mostra 
obscura e passível de dúvida, parte-se para a interpretação do 
contrato, obedecendo a regras pré-determinadas em lei. 
10.Classificação da interpretação do negócio jurídico 
A interpretação do negócio jurídico pode ser: 
Declaratória, se tiver por escopo expressar a intenção dos 
interessados; 
Integrativa, se pretender preencher lacunas contidas no 
negócio, por meio de normas supletivas, costumes, etc. 
Construtiva, se objetivar reconstruir o ato negocial com o intuito de 
salvá-lo. 
11. Interpretação x Hermenêutica 
A interpretação é um trabalho prático, elaborado pelo operador do 
Direito, por meio do qual ele busca fixar o sentido e o alcance das 
normas jurídicas ou das “expressões do direito” 
A Hermenêutica é a Teoria Científica da Interpretação, que busca 
construir um sistema que propicie a fixação do sentido e alcance 
das normas jurídicas. 
12.Regras gerais de interpretação 
a) Gramatical: É aquela que se dá por meio da análise 
gramatical, pela leitura dos termos e expressões da norma jurídica. 
- Exemplo: Artigo 3º, do CPC: “Para propor ou contestar ação é 
necessário ter interesse e legitimidade”. 
b) Lógica: É aquela que leva em consideração os 
instrumentos fornecidos pela lógica para o ato de intelecção, que, 
naturalmente, estão presentes no trabalho interpretativo. 
- Exemplo: Artigo 2º, do Código Civil: “A personalidade civil da 
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do nascituro.” 
c) Histórica: É a que se preocupa em investigar os 
antecedentes da norma: como ela surgiu, por que surgiu, quais 
eram as condições sociais do momento em que ela foi criada; quais 
eram as justificativas do projeto; que motivos políticos levaram à 
sua aprovação, etc. 
- Exemplo: A Constituição Democrática e Cidadã de 1988. 
d) Teleológica: É aquela que considera os fins aos quais a 
norma jurídica se dirige. 
- Exemplo: § 4º, do Artigo 1.228, do Código Civil: “O proprietário 
também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir 
em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 
cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela 
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e 
serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico 
relevante.” 
e) Sistemática: Cabe ao intérprete levar em conta a norma 
jurídica no contexto maior de ordenamento ou sistema jurídico. 
- Exemplo: Artigo 42, da Lei 8.078/90 – CDC:“Na cobrança de 
débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, 
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou 
ameaça.” 
Interpretação conforme a Constituição: cabe ao operador do direito 
interpretar a legislação infraconstitucional a partir da CF/88. 
Exemplos: 
Art. 1.723, caput, CC: “É reconhecida como entidade familiar a 
união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família”. 
Art. 5º, caput, CF: “Todos são iguais perante a lei (...)” 
Art. 226¸§ 3º, CF: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida 
a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento.” 
13.Regras específicas da interpretação 
a) Reserva mental – Ocorre reserva mental quando um dos 
declarantes oculta a sua verdadeira intenção. Art. 11º, CC/2002: “A 
manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito 
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o 
destinatário tinha conhecimento.” 
b) Silêncio– Em regra não se aplica ao direito o provérbio 
quem cala consente. 
- Dispõe o art. 432 do CC: “O silêncio importa anuência, quando as 
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a 
declaração de vontade expressa.” 
c) Cláusula obscura e passível de dúvida 
- Art. 112, CC/2002: “Nas declarações de vontade se atenderá mais 
à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da 
linguagem.” 
d) Boa-fé e usos e costumes do lugar da celebração – Deve o 
interprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e 
que tanto a proposta quanto a aceitação foram formuladas dentro 
do que eles podiam e deviam entender como razoável. A má-fé, logo, 
deve ser provada. 
- Art. 113, CC/2002: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.” 
e) Negócios jurídicos benéficos - Negócio jurídico benéfico é 
aquele que proporciona vantagem a apenas uma das partes: 
remissão, doação pura e simples, fiança, testamento, etc. Devem ter 
uma interpretação porque representam uma renúncia de direitos. 
- Art. 114, CC/2002: “Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se estritamente”. 
Há outros dispositivos no Código Civil e em leis especiais que 
estabelecem regras sobre interpretação em determinados negócios: 
- Adesão de cláusulas ambíguas ou contraditórios = Art. 423, CC; 
- Transação = Art. 843, CC; 
- Fiança = Art. 819, CC; 
- Cláusula testamentária = Art. 1.899, CC; 
- Relações de consumo = Art. 47, CDC. 
A doutrina e a jurisprudência têm entendido em matéria de 
interpretação que: 
1. Em relação aos contratos, deve-se ater à boa-fé, às 
necessidades de crédito e à equidade; 
2. Aos negócios causa mortis não se aplicam princípios 
pertinentes aos negócios inter vivos, como o de boa-fé, nem mesmo 
se permite sua interpretação com dados alheios ao texto; 
3. Nos contratos que contiverem palavras que admitam dois 
sentidos, deve-se preferir o que mais convier a sua natureza; 
4. Nos contratos de compra e venda, deve-se interpretar em 
favor do comprador; 
5. Na compra e venda, todas as dúvidas devem ser 
interpretadas contra o vendedor;6. No caso de ambiguidade, interpreta-se de conformidade 
com o costume do país; 
7. Quanto vocábulo contido no final da frase, dever-se-á 
interpretá-lo como parte da frase toda. 
8. Na interpretação contratual consideram-se as normas 
jurídicas correspondentes; 
9. Nas estipulações obrigacionais dever-se-á interpretar de 
modo menos oneroso ao devedor; 
10. Por mais amplos que sejam s termos de um contrato, só 
abrangem os bens sobre os quais os interessados contrataram e não 
os de que não cogitaram; 
11. No conflito entre duas clausulas a antinomia prejudicará 
o outorgante e não o outorgado; 
12. Na clausula com dois significados, deve ater-se ao mais 
executável; 
13. Nas cláusulas duvidosas, favorece-se quem se obriga; 
14. Nas clausulas contratuais que apresentarem 
modalidades impostas pelos usos locais ou do negócio, se examinará 
se a clausula duvidosa tem o sentido de qualquer desses usos; 
15. As clausulas contratuais deverão ser interpretadas umas 
pelas outras; 
16. Na interpretação de clausula testamentária com várias 
acepções prevalece a que assegura a vontade do testador. 
14.Invalidade do Negócio Jurídico 
É possível distinguir, no mundo jurídico, os planos de existência, de 
validade e de eficácia do negócio jurídico. 
Existência: elemento estrutural do negócio jurídico. É a 
vontade e/ou consentimento das partes, por exemplo. 
No plano da existência, não se indaga da invalidade/validade ou 
eficácia/ ineficácia do negócio jurídico, importando, apenas, a 
realidade da existência. 
Validade: Requisito de aderência ao sistema jurídico; são as 
exigências mínimas para que haja um negócio jurídico e este seja 
válido e, posteriormente, eficaz. 
Eficácia: Qualidade de determinado negócio jurídico 
produzir efeitos sensíveis à sociedade. 
São possibilidades de invalidação do negócio jurídico: a 
Inexistência, a Anulação e a Nulidade. 
a) Nulidade do Negócio Jurídico (Art. 160, CC) 
É a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados 
sem a observância dos requisitos essenciais (Art. 104, CC/2002), 
impedindo-os de produzir os efeitos que lhes são próprios. O negócio 
é nulo quando ofende preceitos de ordem pública que interessam à 
sociedade; não possui retroatividade. 
Segundo Orlando Gomes, a nulidade “consiste na consequência da 
transgressão às regras expressamente previstas no Código Civil 
que atingem a essência do negócio jurídico”. 
São nulos dos atos negociais (Art. 166, CC/2002): 
- Celebrados por pessoa absolutamente incapaz; 
- For ilícito, impossível ou indeterminado seu objeto; 
- Não revestir a forma prescrita em lei; 
- Não preterir alguma solenidade que a lei considere essencial 
para sua validade (condição formal); 
- Quando a lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a 
pratica (nulidade textual). 
Espécies de nulidade 
A nulidade pode ser absoluta ou relativa; total ou parcial e 
textual ou virtual. 
A nulidade pode ser absoluta (existe um interesse social, 
além do individual, cujos efeitos atingem, pois, a todos), ou relativa, 
também chamada de anulabilidade (atinge negócios que se acham 
inquinados de vício, mas que pode ser afastado ou sanado). 
Será total quando atingir o negócio jurídico como um todo. Será 
parcial quando atingir apenas parte dele. 
Será textual, por sua vez, quando expressa na lei (art. 548, 
CC). Será virtual ou implícita quando, embora não expressa, seja 
deduzida de expressões, como“não podem”, “não se admite” (art. 
1.521, CC) e outras semelhantes. 
Simulação (Art. 167, CC) 
A simulação é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, 
visando aparentar negocio diverso do efetivamente desejado. 
Consiste, então, o negócio simulado a celebração um ato, que tem 
aparência normal, mas que, na verdade, não visa o efeito que 
juridicamente deveria produzir. 
- O Art. 167 do Código Civil declara “nulo o negócio jurídico 
simulado”, afirmando que, no entanto, “subsistirá o que se 
dissimulou, se valido na forma e na substância”. 
- É uma desconformidade consciente da declaração, realizada 
em comum acordo com a pessoa a quem se destina, com o 
objetivo de fraudar a lei ou engana terceiros. 
- Trata-se, na realidade, de um vicio social que acarretará, via 
de regra, a nulidade do negócio jurídico. 
Características do Negócio Simulado: 
- Via de regra, é negócio jurídico bilateral; 
- É sempre acordada com a outra parte, ou com as pessoas a 
quem ela se destina; 
- É uma declaração deliberadamente desconforme com a 
intenção; 
- É realizada com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a 
lei. 
Simulação Absoluta e Simulação Relativa 
Simulação absoluta: As partes não realizam nenhum negócio: 
apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem 
que na verdade desejem o ato. 
- Essa modalidade se destina a prejudicar terceiro, subtraindo os 
bens do devedor à execução ou partilha. 
Exemplos: 
I) falsa confissão de dívida perante amigo, com concessão de 
garantia real, para esquivar-se da execução de credores 
quirografários. 
II) emissão de cheques em favor de amigos e posterior dação 
em pagamento de bens (quando o credor aceita que o devedor 
dê fim à relação de obrigação existente entre eles pela 
substituição do objeto da prestação, ou seja, o devedor realiza 
o pagamento na forma de algo que não estava originalmente 
na obrigação estabelecida, mas que extingue-a da mesma 
forma), em pagamento desses títulos, para subtrair bens de 
uma possível partilha. 
Simulação relativa: As partes pretendem realizar determinado 
negócio, prejudicial a terceiro ou em fraude à lei. Para escondê-lo, 
ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio. 
- Compõe-se de 2 negócios jurídicos: 
Simulado – aparente, destinado a enganar; e 
Dissimulado – oculto, mas verdadeiramente desejado. 
Exemplos: 
I) Homem casado, para contornar a proibição legal de fazer 
doação à concubina, simula a venda a um terceiro, que 
transferirá o bem àquela; 
II) II) Para pagar imposto menor e burlar o Fisco, as partes 
passam a escritura por preço inferior ao real. 
Outras espécies de Simulação: 
- Simulação inocente: a declaração não traz prejuízo a 
quem quer que seja, sendo, portanto, tolerada. 
- Simulação maliciosa: existe a intenção de prejudicar por 
meio do processo simulatório. 
16. Anulação/ Anulabilidade do Negócio Jurídico(Art. 171, CC) 
É a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos 
realizados por pessoa relativamente incapaz ou eivados de algum 
vício do consentimento ou vício social–Erro, Dolo, Coação, Estado 
de perigo, Lesão ou Fraude contra Credores. 
A anulabilidade visa a proteção do consentimento ou refere-
se à incapacidade do agente. Por não concernir questões de 
interesse geral, de ordem pública – tal como a nulidade -, é 
prescritível e admite confirmação, como forma de sanar o defeito 
que a macula. 
17. Inexistência do Negócio Jurídico 
Infringência, desconformidade ou violação a qualquer um 
dos requisitos de validade previstos no Art. 104 do Código Civil. É 
inexistente o negócio quando lhe falta algum elemento estrutural, 
tal como o consentimento. Não produz efeitos. É o nada em direito, 
não reclama ação própria para combatê-lo. 
Se não houve manifestação na vontade, por exemplo, o 
negócio não chegou a se formar; inexiste, portanto. Se a vontade foi 
manifestada mas encontra-se contaminada por erro, dolo ou coação, 
por exemplo, o negócio existe, mas é anulável. Se a vontade emana 
de um absolutamente incapaz, maior será o erro, mas o negócio 
existe, mas será nulo. 
18.Diferenças entre nulidade e anulação 
- A nulidade é de ordem pública e decretada no interesse da 
coletividade, ao passo que a anulabilidade é decretada no interesse 
privado da pessoa prejudicada. (Art. 168 e 177, CC) 
- A nulidade não é sanada, nem suprida pelo Juiz por ser de 
ordem e interesse público; ao passo que a anulabilidade pode ser 
suprida pelo juiz, a requerimentodas partes. 
- A nulidade deve ser pronunciada ex officio pelo juiz, e seu 
efeito é ex nunc, pois retroage à data do negócio para negar-lhe 
efeitos (Art. 177, CC). A anulabilidade não pode ser pronunciada ex 
officio, dependendo da provocação dos interessados - O negócio 
anulável produz efeitos até que seja denunciada sua invalidade - e 
não opera antes de julgada a sentença. O efeito de seu 
reconhecimento é, portanto, ex nunc (Irretroativa) (Art. 177, CC). 
- A nulidade pode ser alegada por qualquer pessoa e a 
anulabilidade somente pelos interessados (prejudicados), pelo 
Ministério Público quando lhe couber intervir, e pelo magistrado 
não podendo ser decretada ex officio pelo juiz. (Art. 168, caput, CC) 
- O negócio nulo não se valida nunca com o decorrer do tempo. 
Ocorre a decadência da anulabilidade em prazos mais ou menos 
curtos – se a lei definir um tal ato como anulável, mas não estipula 
o tempo de decadência, este terá o prazo de dois anos. 
- O ato nulo não produz nenhum efeito (exceção – casamento 
putativo, na forma do art. 1.561, CC). O negócio anulável produz 
efeitos até o momento em que é decretada a sua invalidade. 
-O pronunciamento da nulidade produz efeitos extunc, isto é, 
desde o momento da emissão de vontade (natureza declaratória); 
ao passo que o da anulabilidade pode produzir efeitos ex nunc, isto 
é, produz efeitos até o momento que a sua invalidade seja 
decretada. 
- O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação e nem 
convalesce com o discurso do tempo – Imprescritibilidade do 
negocio jurídico nulo. (Art. 169, CC) 
19.Disposições especiais 
1. Art. 183, CC: “A invalidade do instrumento não induz a do 
negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio”. 
Ou seja: A nulidade da escritura de um contrato de empréstimo de 
pequeno valor não invalida o negócio jurídico (o empréstimo, 
propriamente dito), que poderá ser provado por testemunhas. 
2. Art. 184, CC: “Respeitada a intenção das partes, a 
invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na 
parte válida, se esta for separável (...)” 
Ex.: Testamento nulo quanto à disposição testamentária (afronta à 
legítima do art. 1.789, CC), mas válido quanto ao reconhecimento 
de filho havido fora do matrimônio. 
3. Art. 184, CC: “ (...) a invalidade da obrigação principal 
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da 
obrigação principal.” 
Exemplo: A nulidade do contrato de financiamento acarreta a 
nulidade da garantia ofertada pelo devedor, mas a eventual 
nulidade da garantia, não invalida o contrato de financiamento. 
4. Efeitos da invalidação do negócio jurídico: Art. 182, CC: 
“anulado o negócio jurídico” 
Aplica-se tanto à nulidade como para a anulabilidade. 
Exceção: para os incapazes – art. 182, CC. 
5. Conversão do Negócio Jurídico: Entende-se por conversão 
o ato por força do qual, em caso de nulidade do negócio jurídico 
querido principalmente, abre-se às partes o caminho para se fazer 
valer outro, que se apresenta como que compreendido no primeiro 
e escondido nos escombro deste os requisitos para necessários para 
sua existência. 
Art. 169, CC: “O negócio jurídico nulo não é suscetível de 
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.” 
Art. 170, CC: “Se porém, o negócio jurídico nulo contiver os 
requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as 
partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto 
a nulidade.” 
- O instituto da conversão permite que, observados certos 
requisitos, se transforme um negócio jurídico, em principio nulo, em 
outro, para propiciar a consecução do resultado pratico que as 
partes visavam com ele alcançar. 
Ex: Uma venda simulada que teria os requisitos para doação; ato 
público nulo, que poderia conter os requisitos de doação. 
 
Os defeitos dos negócios jurídicos: se classificam em: 
a) Vícios do Consentimento: são aqueles em que a vontade 
não é expressa de maneira absolutamente livre, podendo ser eles: 
Erro; Dolo; Coação; Lesão e; Estado de Perigo. 
b) Vícios Sociais: são aqueles em que a vontade manifestada 
não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé que enuncia, 
sendo eles: Fraude contra Credores e Simulação. 
Não há duvida de que é de vital importância o estudo dos vícios que 
maculam o negócio jurídico celebrado, atingindo a sua vontade ou 
gerando uma repercussão social, tornando o mesmo passível de 
ação anulatória pelo prejudicado ou de nulidade absoluta no caso 
de simulação (art. 166, do CC). 
2) ERRO OU IGNORÂNCIA 
2.1) Conceito: O erro é um engano fático, uma falsa noção 
da realidade, ou seja, em relação a uma pessoa, negócio, objeto ou 
direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o 
negócio jurídico. 
Quando o erro se dá na formação da vontade, tem-se o 
chamado erro vício; quando ocorre na declaração da vontade 
configura-se o chamado erro obstáculo, também denominado erro 
obstativo. O erro vício se forma antes da declaração, mas é com ela 
que se substancializa. Nele não há desconformidade entre a 
vontade e a declaração, por exemplo, “Antonio compra o prédio de 
Benito que na verdade é de José”. Já o erro obstáculo se dá na 
comunicação, por exemplo, o agente quer que Amarildo e diz 
Antonio. O nosso ordenamento não diferencia uma espécie da 
outra. 
Então, erro é o vício de consentimento que se forma sem 
induzimento intencional de pessoa interessada. É o próprio 
declarante quem interpreta equivocadamente uma situação fática 
ou lei e, fundado em sua cognição falsa, manifesta a vontade, 
criando, modificando ou extinguindo vínculos jurídicos. 
O Código Civil equipara o erro à ignorância, mas ambos 
expressam situações distintas. Enquanto no erro a vontade se 
forma com base na falsa convicção do agente, na ignorância não se 
registra distorção entre o pensamento e a realidade, pois o agente 
sequer tomara ciência da realidade dos fatos ou da lei. Ignorância 
é falta de conhecimento, enquanto o erro é o conhecimento 
divorciado da realidade. 
Entretanto, o erro sé é considerado como causa de 
anulabilidade ou nulidade relativa do negocio jurídico se for: 
essencial ou substancial (art. 138, do CC) e escusável ou perdoável. 
O erro essencial ou substancial é aquele que incide sobre a essência 
(causa) do negócio que se prática, sem o qual este não teria se 
realizado. É o caso do colecionados que, pretendo adquirir uma 
estátua de marfim, compra, por engano, uma peça feita de material 
sintético. 
Sendo, assim, o erro não prejudica a validade do negócio 
jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se 
dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real 
do manifestante (art. 144, do CC). Por exemplo, João pensa que 
comprou o lote nº 2 da quadra A, quando na verdade adquiriu o lote 
nº 2 da quadra B. Trata-se de erro substancial, mas antes de anular 
o Negócio jurídico, o vendedor entrega-lhe o outro lote 
2.2) Espécie: As hipóteses de erro substancial estão 
enumeradas no art. 139, do CC e segundo Roberto de Ruggiero 
(2005, p. 341) o erro substancial se caracteriza por uma das 
seguintes modalidades: 
a) Error in negotio: neste tipo de falsa representação 
intelectual diz respeito à natureza do negocio jurídico 
celebrado. Pensa o agente que o imóvel lhe está sendo 
entregue a titulo de comodato e na realidade se trata de 
contrato de locação. 
b) Error in corpore: o dissenso entre a vontade real e a 
declarada refere-se à identidade do objeto do negócio, como 
no caso de que se declara que quer comprar o animal que está 
diante de si, mas acaba levando outro, trocado. 
c) Error in substantia: o agente identifica corretamente a 
natureza do vinculo estabelecido, bem como o objeto em 
função do qual se opera o negócio, todavia, desconhece 
algumas qualidade ou características essenciais, por 
exemplo: alguém adquire um aparelho televisor na crença de 
serLCD, verificando se tratar de TV apenas de Plasma. 
d) Error in persona: Esta espécie diz respeito à identiddade 
da pessoa com que o agente pratica o negócio jurídico ou 
alguma de suas qualidades, por exemplo, A sociedade XY 
Eletrônica LTDA contrata José latrina pensando se tratar do 
famoso José latinhas. 
e) Erro juris ou erro de direito: consiste no desconhecimento 
das implicações jurídicas trazidas pelo negocio jurídico. Em 
regra o erro de direito não é causa de anulabilidade ou 
nulidade relativa do negócio, porem, às vezes a doutrina e a 
jurisprudência flexibilizam esse entendimento. Desta forma, 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2008, p. 
138) afirmam que “desde que não se pretenda descumprir 
preceito legal, se o agente, de boa-fé, prática o ato incorrendo 
em erro substancial e escusável, há que reconhecer, por 
imperativo de equidade, a ocorrência do erro de direito”. (ex: 
alguém eventualmente celebra contrato de importação de 
uma determinada mercadoria, sem saber que, recentemente, 
for expedido decreto proibindo a entrada de tal produto no 
território nacional. Neste exemplo, tem aplicação o erro de 
direito). (art. 139, III, do CC). 
O Erro escusável ou perdoável é aquele que dentro do que se 
espera do homem médio que atue com grau normal de diligencia. 
Não se admite, outrossim, a legação de erro por parte daquele que 
atuou com acentuado grau de displicência, pois o direito não deve 
amparar o negligente. 
Contudo, conforme o Enunciado nº. 12, do I Jornada 
de Direito Civil realizada no Superior Tribunal de Justiça afirma 
que o “Art. 138: na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não 
https://jus.com.br/tudo/direito-civil
escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da 
confiança.” 
2.3) O erro pode ser convalescido: Há a possibilidade de 
convalescimento do erro conforme se prevê o art. 144 do C.C. em 
razão do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos e 
ainda pelo princípio da segurança jurídica. 
Às vezes o erro surge devido ao meio de 
comunicação empregado para a transmissão de vontade negocial, 
assim diante de mensagem truncada, há o vício e, a possibilidade 
de anulação do negócio jurídico. 
Outras vezes o erro decorre de culpa in eligendo ou in vigilando de 
quem escolhe o mensageiro para levar a declaração de vontade. Não 
raro encontram-se discrepâncias graves entre a declaração de 
vontade emitida e a vontade finalmente comunicada. 
O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração 
de vontade (art. 143, do CC). Anulará se o recálculo causar 
tamanha surpresa que importe em impossibilidade em cumprir o 
avençado. (ex: empréstimo bancário onde as prestações sofrem 
vários encargos que não se imaginava 
2.4) O falso motivo nos negócios jurídicos: “Art. 140. O 
falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como 
razão determinante.” Podendo até mesmo ser um acontecimento 
futuro, desde que seja a causa determinante da realização do 
Negócio jurídico (ex:. aluga um imóvel para instalar um 
restaurante, pressupondo que em frente terá uma escola, quando 
na verdade isto não ocorre). 
2.5) Transmissão errônea da vontade: “Art. 141. A 
transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável 
nos mesmos casos em que o é a declaração direta.” (ex. telégrafo, 
rádio, TV, fone, mensageiro (quem transmitiu errado pode vir a 
responder por perdas e danos.) 
- Se houver culpa do emitente prevalece o Negócio Jurídico. 
- Se aplica na hipótese do mero acaso e não quando há dolo, neste 
caso a parte que escolheu o emissário fica responsável pelos 
prejuízos que tenha causado à outra parte por sua negligência na 
escolha feita. 
2.6) Vício redibitório X Erro 
Vício redibitório é garantia legal prevista para os contratos 
comutativos em geral. Se o agente compra coisa que vem 
defeituosa, pode rejeitá-la, redibindo o contrato, ou exigir 
abatimento no preço. Nesse caso não existe erro, pois o agente 
recebe exatamente o que pretendia comprar. O vício rebiditório não 
toca o psiquismo do agente. 
 
https://jus.com.br/tudo/empregado
https://jus.com.br/tudo/emprestimo
3) DOLO 
3.1) Conceito: Nossa lei não define dolo, limitando-se o art. 145, 
do CC a estatuir que “são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, 
quando este for a causa”. 
Sendo assim, podemos qualificar dolo como os artifícios ou 
manobras de uma pessoa visando a induzir outra em erro a fim de 
tirar proveito para si ou pra terceiro na realização do negócio 
jurídico. 
Não se pode confundir erro com o dolo, pois naquele o 
equivoco se forma espontaneamente, no dolo ele é induzido. 
O silêncio intencional de uma das partes sobre fato relevante ao 
negócio também constitui dolo (RT 634/130). 
3.2) Requisitos: A conduta dolosa deve apresentar os 
seguintes requisitos: intenção de enganar o outro contratante; 
induzir o outro contratante em erro em virtude do dolo; causar 
prejuízo ao outro contratante; angariar benefício para o seu autor 
ou terceiro; que o dolo tenha sido a causa determinante da 
realidade do negócio. 
3.3) Espécie: São espécie de dolo: Positivo ou comissivo; Negativo 
ou omissivo; Essencial; Acidental; Dolo de terceiro; Dolo de 
Representante; dolo bonus; dolo malus; Dolo Bilateral ou recíproco; 
dolo positivo ou negativo. 
a) Dolo principal: é aquele determinante do negócio 
jurídico celebrado, isto é, a vítima do engano não teria 
concluído o negócio ou o celebraria em condições 
essencialmente diferentes, se não houvesse incidido o 
dolo do outro contratante. È assim, porque o dolo é um 
vício de consentimento, e, como tal, necessita ser fator 
determinante do ato voluntário de quem foi a sua vítima. 
Gera a anulação do negócio com efeitos ex nunc. 
b) Dolo acidental: é aquele em que as maquinações 
empreendidos não tem o poder de alterar o 
consentimento da vítima, que de qualquer maneira teria 
celebrado o negócio, apenas de maneira diversa, não gera 
a anulação do negócio, mas apenas a satisfação em 
perdas e danos. 
c) Dolo de terceiro: ocorre quando o artifício ardil é 
pratica por uma terceira pessoa que não integra a relação 
jurídica, gerando os seguintes efeitos. I - se beneficiário 
da vantagem indevida tinha ciência do dolo ou tinha 
como saber, trata-se de dolo que torna anulável o negócio; 
II - porém, se o beneficiário não tinha conhecimento da 
existência do dolo praticado pelo terceiro, de modo que o 
negócio é mantido válido e o terceiro provocador do dolo 
responderá pelas perdas e danos causados ao lesado. O 
dolo de terceiro, para se constituir em motivo de 
anulabilidade, exige a ciência de uma das partes 
contratantes (RT 485/55). O acréscimo constante do 
vigente Código é absorção do que a doutrina e a 
jurisprudência já entendiam. Caberá ao critério do juiz 
entender o ato anulável por ciência real ou presumida do 
aproveitador do dolo de terceiro. O dolo pode ocorrer, de 
forma genérica, nos seguintes casos: 1. dolo direto, ou 
seja, de um dos contratantes; 2. dolo de terceiro, ou seja, 
artifício praticado por estranho ao negócio, com a 
cumplicidade da parte; 3. dolo de terceiro, com mero 
conhecimento da parte a quem aproveita; 4. dolo 
exclusivo de terceiro, sem que dele tenha conhecimento o 
favorecido (VENOSA, 2012, p. 412) 
d) Dolo de Representante; pode ter origem numa 
representante legal ou convencional. Assim, o 
representante é aquela pessoa (outorgante) que possui 
capacidade negocial e, portanto, age em nome do 
representando. Assim, o representante é o sujeito que 
emite uma declaração em nome do representando. Se o 
representante for legal, ouse já, importo pela lei, a sua 
declaração só obriga o representado a responder 
civilmente até a importância do proveito que teve. Se, 
porém a o representante dor convencional, ou seja, 
escolhido pelo representado, haverá responsabilidade 
solidária, em decorrência da culpa in elegendo.e) Dolo bônus e malus: o bonus não induz anulabilidade; 
é um comportamento lícito e tolerado, consistente em 
reticências, exageros nas boas qualidades, 
dissimulações de defeitos; é o artifício que não tem a 
finalidade de prejudicar; o malus consiste no emprego 
de manobras astuciosas destinadas a prejudicar 
alguém; é desse dolo que trata o Código Civil, erigindo-
o em defeito do ato jurídico, idôneo a provocar sua 
anulabilidade. 
f) Dolo Bilateral ou recíproco: Se ambas as partes 
procederam com dolo, há empate, igualdade na torpeza. 
A lei pune a conduta de ambas, não permitindo a 
anulação do ato. "Art. 150. Se ambas as partes 
procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para 
anular o negócio, ou reclamar indenização" Note que 
não se compensam dolos. O que a lei faz é tratar com 
indiferença de ambas as partes que foram maliciosas, 
punindo-as com a impossibilidade de anular o negócio, 
pois ambos os partícipes agiram de má-fé. 
g) Dolo positivo ou negativo: os positivos, ou seja, 
afirmações falsas sobre a qualidade da coisa; o negativo 
se constitui numa omissão dolosa ou reticente; dá-se 
quando uma das partes oculta alguma coisa que o co-
contratante deveria saber e se sabedor não realizaria o 
negócio; para o dolo negativo deve haver intenção de 
induzir o outro contratante a praticar o negócio, silêncio 
sobre uma circunstância ignorada pela outra parte, 
relação de causalidade entre a omissão intencional e a 
declaração de vontade e ser a omissão de outro 
contratante e não de terceiro (VENOSA, 2012, p. 410) 
 
4) COAÇÃO 
4.1) Conceito: A coação pode ser conceituada como sendo uma 
pressão de ordem moral, psicológica, que se faz mediante ameaça 
de mal serio e grave, que poderá atingir o agente, membro da 
família ou a pessoa a ele legada, ou, ainda, ao patrimônio, para que 
a pessoa pratique determinado negócio jurídico. 
Devemos salientar que no conceito de coação é importante 
distinguir a coação absoluta, que tolhe totalmente à vontade, 
da coação relativa, que é vicio da vontade propriamente falando. 
4.2) Espécie: Na coação absoluta, coação física ou vis 
absoluta, não vontade, pois trata-se de violência física que não 
concede escolha do coagido. Neste caso a coação neutraliza 
completamente a manifestação de vontade tornando o negócio 
jurídico inexistente. Imagine a hipótese de um lutador de boxe 
pegar a mão de uma velhinha analfabeta, à força, para apor a sua 
impressão digital m um instrumento de contrato que ela não quer 
assinar. Nesta espécie de violência não permite ao coagido 
liberdade de escolha, pois passa a ser mero instrumento nas mãos 
do coator. 
Desta forma apenas a coação moral, coação relativa ou vis 
compulsiva acarretará a anulabilidade do negocio jurídico. 
4.3) Requisito: De acordo com o art. 151, do CC “a coação 
para viciar a declaração de vontade, há de ser tal inócua ao paciente 
fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua 
família, ou a seus bens”. No parágrafo único deste artigo também 
se admite a coação quando dirigida a uma pessoa ligada ao 
declarante. Dai podemos extrair três requisitos caracterizadores da 
coação: violência psicológica, declaração de vontade viciada seja a 
causa do negócio e receio sério e fundado de dano grave à pessoa, a 
família ou a pessoas próximas do coagido ou então a bens 
pertencentes a este. 
a) violência psicológica: esta deve ser injusta, pois se o 
autor da coação moral acena com a possibilidade de 
exercer regularmente um direito, tal atitude não tem o 
poder de configurar o vício de consentimento. Se a ordem 
jurídica reconhece o legítimo e regular exercício de um 
direito, não se poderá considerar abusiva a ameaça de 
seu exercício (ex: se o locatário, tornando-se 
inadimplente, não poderá alegar haver sido coagido pelo 
fato de o locador tê-lo advertido de que se não pagar os 
aluguéis em atraso recorrerá à justiça). 
b) declaração de vontade viciada seja a causa do negócio: 
a declaração, sob coação moral, é um ato viciado de 
vontade. Está não se expressa espontaneamente, livre e 
de acordo com a vontade real do declarante. Este declara 
o que não quer, mas por se achar premido diante de uma 
alternativa que lhe parece grave. Ao fazer a declaração, 
o agente opta pelo sacrifício que lhe parece menor. 
c) Bem ameaçado: este deve ser relevante. Se ordem 
patrimonial logicamente, o bem ameaçado pode ser valor 
superior ao do negocio feito. Se o alvo da ameaça for a 
pessoa do declarante ou algum membro de sua família 
ou, ainda, individuo de sua ligação. 
4.4) Coação por terceiro: A coação por terceiro pode levar a 
anulação do negocio, desde que o declarante tivesse ou devesse dela 
tomar conhecimento. Quer dizer, se o declarante não tomou ciência 
da violência moral, nem dela devia conhecer o negócio jurídico não 
será anulado. É o que dispõe o art. 154, do CC “vicia o negocio 
jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse 
ter conhecimento a parte que aproveite, e esta responderá 
solidariamente com aquele por perdas e danos”. Assim, só se admite 
a nulidade relativa do negócio se o beneficiário soube ou devesse 
saber da coação, respondendo solidariamente com o terceiro pelas 
perdas e danos. Se a parte coagida de nada sabia, subsiste o negócio 
jurídico, respondendo o autor da coação por todas as perdas e danos 
que houver causado ao coagido, conforme preceitua o art. 155, do 
CC. (ex: Quando O sujeito “A” ameaça o sujeito “B” para que este 
celebre o negocio jurídico com ”D”). 
4.5) Efeito: Anulação ou nulidade relativa com efeitos ex 
nunc. 
AÇÃO PAULIANA OU REVOCATORIA 
A ação pauliana ou revocatória, submetida em regra ao rito 
ordinário do Código de Processo Civil Brasileiro, visa sobretudo o 
desfazimento de atos jurídicos que visam o desvio de patrimônio do 
devedor para terceiro, no intuito de serem reputados como 
intangíveis em eventual execução ou cumprimento de sentença. 
Para realizar o desfazimento, necessário que proceda à 
anulação do negócio jurídico, que obrigatoriamente afetará o 
devedor insolvente e terceiros que estejam envolvidos, sobretudo 
aqueles que agiram em contrassenso ao princípio da boa-fé 
consagrado pelo Código Civil Brasileiro. 
Importante indicar que a ação pauliana ou revocatória é por 
sua natureza jurídica, ação de anulação de ato(s) jurídico(s) 
lesivo(s) ao interesse de credores. 
A matéria que trata do vício social de fraude contra credores, 
alvo da ação pauliana ou revocatória, aloca-se entre os artigos 158 
e 165 do Código Civil, prevendo as hipóteses permissivas de 
anulação do negócio jurídico quando verificada situações de 
presunção de fraude. 
Na ocorrência da realização de negócio jurídico de 
transmissão gratuita ou que propriamente reduzam o devedor à 
situação de insuficiência de garantias patrimoniais. No entanto, a 
lei exige o requisito da contemporaneidade, ou seja, o polo ativo 
deverá necessariamente ser credor à época do ato jurídico objeto de 
anulação. 
Ressalte-se que a ciência pelo devedor de sua redução ao 
estado de insolvência é dispensável para a anulação do ato pela 
ação pauliana. 
Para a caracterização da fraude contra credores no direito 
em geral, é imprescindível a existência do binômio: consilium 
fraudis e eventus damni. O primeiro pode ser definido como o 
conluio de vontades no intuito de fraudar credores. O segundo 
propriamente define-se como a ocorrência de dano, isto é, prejuízo 
para credores. No entanto, o direito civil brasileiro exige tão 
somente a existência deste último, sendo o consilium 
fraudis presumível, conforme César Fiuza (FIUZA, 2006, p.234). 
A fraude poderá manifestar-se de diversas formas, quais 
sejam: transmissão gratuita de bens, contrato oneroso, remissão de 
dívidas, renúncia de herança, antecipação quanto ao pagamento de 
dívidas, atribuição de preferências a credores. Tais fraudes são 
passíveis da incidênciade ação revocatória quanto ao devedor com 
capacidade patrimonial duvidosa frente ao seu patrimônio passivo. 
A respeito da transmissão gratuita de bens, a própria 
transferência patrimonial unilateral por doação considera-se 
presunção absoluta de fraude, pois não é razoável que, havendo 
patrimônio passivo superior ao ativo tenha cabimento a doação de 
parte deste ativo a terceiros, sendo este mecanismo frequentemente 
utilizado para afastar de credores o patrimônio ativo remanescente 
quanto às dívidas existentes. 
Acerca de contratos onerosos, poderá ocorrer mediante 
simulação de negócios jurídicos, como emissão de documentos que 
atribuam responsabilidade com data retroativa, que podem nem ter 
efetivamente ocorrido. 
A remissão de dívidas pode ser vislumbrada como o perdão 
de dívidas, a fim de que o patrimônio ativo adquirido com o 
pagamento dos valores não se reverta em favor da massa creditícia. 
O pagamento antecipado de dívidas também figura como 
modalidade de fraude, pois não tendo a dívida não vencida o 
requisito da exigibilidade, não há razão bastante à antecipação e 
privilégio em detrimento dos demais credores, havendo situação de 
insolvência, ainda que não declarada judicialmente. 
No que tange à renúncia de herança, esta não poderá ser 
feita na hipótese da falta de garantia do cumprimento das 
obrigações pelo credor herdeiro, sendo viável a manifestação do 
credor em sede de intervenção em ação de inventário pelo credor 
como terceiro interessado. 
 Ademais, a atribuição de preferência a credores, tais como 
garantias reais, traz por si só tratamento desigual entre credores, 
sendo considerado como fraude aos demais, quanto ao 
comprometimento do patrimônio com exclusividade com relação a 
apenas um ou alguns credores. 
Dessa feita, cumpre indicar que a ação pauliana ou 
revocatória poderá ser utilizada amplamente como instrumento 
jurídico-processual de combate à fraude contra credores 
independentemente como esta poderá se manifestar em qualquer 
uma de suas formas em detrimento dos credores. 
 
TEORIA DAS INVLIDADES: consequência legal para sanear um 
ao jurídico que não respeitou os requisitos legais. É a forma que o 
direito tem para resguardara normalidade nas RJ . Abrangência 
da expressão: DO + grave (nula) ao – grave (anulável), as 
invalidades são classificadas de acordo com sua gravidade: 
 NJ inexistente: quando falta algum elemento estrutural, 
como o consentimento. 
 NJ nulo: quando ofende receito do interesse públicos e da 
sociedade. 
 NJ anulável, quando a ofende o interesse de particulares que 
se o legislador quer proteger. 
NULIDADE ABSOLUTA: (NULA): 
Invalidade é uma expressão utilizada para designar o negócio 
que não produz as consequências desejadas pelas partes. É gênero 
do qual decorrem duas espécies: 
1º- nulidade (negócio jurídico nulo) 
2º- anulabilidade (negócio jurídico anulável) 
No Código Civil de 2002 as expressões foram eliminadas, 
mas continuam sendo utilizadas pela doutrina e jurisprudência. 
A escolha do legislador por uma ou outra sanção 
(consequência a ser aplicada) decorre da análise do interesse 
envolvido. Quando há ofensa a princípios básicos do ordenamento 
jurídico e, consequentemente, lesão a interesse da coletividade 
(hipóteses mais graves), o legislador impõe a nulidade. Quando o 
interesse é particular (hipóteses menos graves), a sanção 
escolhida é a anulabilidade. 
1-Princípio da conservação dos contratos 
Nos termos do art. 184 do Código Civil, “respeitada a 
intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico 
não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a 
invalidade da obrigação principal implica a das obrigações 
acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal”. A 
aplicabilidade dessa norma se dá tanto às hipóteses de nulidade 
como às de anulabilidade, preservando, se possível for, parte do 
negócio jurídico que não esteja contaminado pela invalidade. 
2-Ato inexistente e a necessidade de declaração judicial 
O ato inexistente é aquele que não preenche os elementos 
essenciais à sua constituição. Ao contrário dos atos inválidos, o ato 
inexistente é considerado um simples fato que não tem força para 
produzir efeitos jurídicos. Desta forma, em princípio, não é sequer 
necessária a propositura de ação judicial para reconhecer o ato 
como inexistente (o ato existe no mundo dos fatos, mas não no do 
direito). No entanto, a prática revela que muitas vezes será 
necessária a propositura de ação declaratória de inexistência. Isso 
faz com que desapareça o principal fator de distinção entre a 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718839/artigo-184-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
inexistência e a nulidade: a necessidade de declaração 
judicial. Negócio Jurídico inexistente é o ato que contém um grau 
tão elevado de nulidade e esta é tão notória que dispensa ação 
judicial para ser declarado sem efeito (negócio realizado sob 
coação física). Na verdade nunca chegou a ser ato jurídico. 
3- Teoria Ponteana e seus 3 planos : 
1ºPlano da Existência: agente; manifestação de 
vontade; objeto; forma dessa manifestação. 
2ºPlano da Validade : agente capaz e legitimado; objeto 
lícito, possível e determinado ou determinável; 
manifestação de vontade livre; forma prescrita ou não 
defesa em lei. 
3º Plano da Eficácia: condição (evento futuro e incerto); 
termo (evento futuro e certo); encargo ou modo. São os 
ditos elementos acidentais, porque podem ou não fazer 
parte do negócio jurídico 
Em tese, um Negócio Jurídico pode existir e não ser 
válido. Exemplo é o contrato firmado por pessoa 
absolutamente incapaz; aqui, o negócio existe porque foi 
firmado por uma pessoa, mas é inválido, porquanto a 
parte não possui capacidade de exercício de sua 
vontade. Por outro lado, um Negócio Jurídico pode 
existir e ser válido, mas não ser eficaz, exemplo, 
testamento revogado antes do falecimento do testador. 
4- princípio da forma livre 
A validade da declaração de vontade não dependerá de 
forma especial, o que significa que a declaração da vontade só 
dependerá de forma determinada quando a norma jurídica 
explicitamente o exigir Não dispondo a lei em contrário, a 
escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que 
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de 
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o 
maior salário mínimo vigente no País. Nesses casos quando for 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
exigido que o negócio seja praticado por escritura pública, a 
procuração também deve ser dada por escritura pública. No 
Negócio Jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, esse é da substância do ato. 
5-Negócio Jurídico ineficaz 
é o ato é válido e produz efeitos. Só que apenas entre as 
partes. Não produz efeitos perante terceiros. Quando o ato não 
produz efeitos em relação a certa pessoa, diz-se que a ineficácia é 
relativa; quando não produz efeitos perante todas as outras 
pessoas diz-se que a ineficácia é absoluta. 
6-NULIDADE: 
atinge interesse público; 
opera-se de pleno direito; 
pode ser arguida pelas partes, por terceiro, pelo MP ou 
pelo juiz “ex officio" 
a sentença é declaratória e tem efeitos “ex tunc"; 
não se sujeita a prazo prescricional ou decadencial; 
não convalesce. 
-causas: art. 166 e seguintes do CC/02. 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo

Continue navegando