Prévia do material em texto
24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 1 FLAMBAGEM DE COLUNAS 13 As colunas devem ser projetadas para resistir à possibilidade de flambagem. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 2 Objetivos: Inicialmente faremos uma discussão geral sobre flambagem, seguida pela determinação da carga axial necessária para que ocorra a flambagem em uma coluna ideal. Depois, faremos uma abordagem mais realista considerando qualquer flexão na coluna. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 3 13.1 Carga Crítica 13.2 Coluna Ideal com Apoios de Pinos 13.3 Colunas com Vários Tipos de Apoios 13.4 Fórmula da Secante 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 4 13.1 Carga Crítica Quando se projeta um elemento, é necessário que ele satisfaça requisitos específicos de tensão, deflexão e estabilidade. Portanto o Engenheiro deve projetar uma estrutura baseado nos seguintes requisitos: Resistência: capacidade da estrutura suportar o carregamento externo sem romper. Rigidez: capacidade da estrutura suportar o carregamento externo sem se deformar exageradamente. Estabilidade: capacidade da estrutura permanecer em equilíbrio em sua configuração original. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 5 O conceito de estabilidade do equilíbrio pode ser facilmente compreendido através do estado de equilíbrio de uma esfera. Equilíbrio Estável: após uma pequena perturbação, a esfera voltará para a sua posição inicial de repouso em equilíbrio. Equilíbrio Instável: após uma pequena perturbação, a esfera deixará a posição de repouso em equilíbrio e entrará em movimento. Equilíbrio Neutro: após uma pequena perturbação, a esfera se manterá em repouso, em equilíbrio, na nova posição. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 6 Elementos estruturais submetidos a uma carga de compressão, caso sejam compridos e esbeltos, podem sofrer uma deflexão lateral devido a uma instabilidade do equilíbrio, se esta carga for suficientemente elevada. Especificamente, elementos compridos e esbeltos sujeitos a uma força axial de compressão são chamados de colunas e a deflexão lateral que sofrem é chamada flambagem. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 7 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 8 Por conta disso, as colunas devem ser projetadas com atenção especial para que possam suportar com segurança as cargas pretendidas, sem que ocorra o fenômeno da flambagem. Em geral, a flambagem de uma coluna leva a uma falha súbita da estrutura ou do mecanismo, devido às grandes deflexões sofridas. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 9 A carga axial máxima que uma coluna pode suportar quando está no limite da flambagem é chamada carga crítica (Pcr). Qualquer carga adicional provocará flambagem da coluna, ou seja, causará uma grande deflexão lateral. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 10 É importante destacar que a flambagem ocorre para uma carga menor que aquela correspondente ao escoamento do material por compressão axial. Por isso, o projeto de colunas esbeltas deve ser feito com o máximo cuidado. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 11 Para compreendermos melhor a natureza dessa instabilidade (a flambagem), vamos considerar um mecanismo formado por uma mola e duas barras sem peso, rígidas e acopladas por pinos nas suas extremidades. Quando as barras estão na posição vertical, a mola, com rigidez k, está sem deformação e uma pequena força vertical P é aplicada no topo de uma das barras. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 12 Podemos alterar a posição de equilíbrio deslocando o pino em A uma pequena quantidade D. Como mostra o diagrama de corpo livre do pino, quando as barras são deslocadas, a mola produzirá uma força de recuperação F=k.D, enquanto a carga aplicada P desenvolverá duas componentes horizontais Px=P.tgq, que tendem a empurrar o pino (e as barras) ainda mais para fora do equilíbrio. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 13 Se q for pequeno: Assim, a força de restauração da mola será: 2. tan( )sen L q q q D 2 .L kF q E a força perturbadora: q.22 PPx 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 14 Se a força de restauração superar a perturbadora: então, resolvendo em P, obtemos: que é uma condição de equilíbrio estável. 2 2 L k P q q 4 kL P Neste caso, se for aplicado um pequeno deslocamento D ao mecanismo, o mesmo retornará para a configuração de equilíbrio original 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 15 Por outro lado, se: ou: então o mecanismo estaria em equilíbrio instável. 2 2 L k P q q 4 kL P Neste caso, se for aplicado um pequeno deslocamento D ao mecanismo, o mesmo não retornará para a configuração de equilíbrio original. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 16 E, o valor intermediário de P, definido por: é a carga crítica: Essa carga representa o caso de um mecanismo em equilíbrio neutro. 2 2 L k P q q 4 cr kL P Neste caso, se for aplicado um pequeno deslocamento D ao mecanismo, o mesmo permanecerá em equilíbrio na configuração deformada. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 17 Esses 3 estados de equilíbrio estão representados graficamente na figura abaixo. O ponto de transição onde a carga é igual ao valor crítico é chamado de ponto de bifurcação, sendo: crPP crPP crPP 4 kL PP cr equilíbrio neutro equilíbrio estável equilíbrio instável Teoria válida para pequenos deslocamentos D. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 18 13.2 Coluna Ideal com Apoios de Pino Aqui vamos determinar a carga crítica de flambagem para uma coluna apoiada em pino. Perfeitamente reta antes da carga; Material homogêneo e linear-elástico; Força normal P aplicada no centróide da seção transversal; A coluna flete em um único plano. A coluna a ser considerada é uma coluna ideal: 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 19 Então, a carga P poderia ser aumentada até que o limite de escoamento ou ruptura do material fosse alcançado. Entretanto, quando a carga crítica Pcr é atingida, a coluna está no limite de tornar-se instável. Qualquer pequena redução de P para menos de Pcr permite que a coluna fique reta e qualquer aumento de P, além de Pcr, provoca aumento adicional da deflexão lateral. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 20 Então, para determinar a carga crítica e a forma de flambagem da coluna, aplicaremos a equação diferencial da linha elástica, que relaciona o momento interno da coluna e sua forma fletida: 2 2 ( ) d v EI M x dx 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 21 Pelo diagrama de corpo livre de um segmento da coluna, obtemos o valor do momento M(x): ( )M x Pv 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 22 Assim, a equação diferencial da linha elástica pode ser reescrita como: 2 2 d v EI Pv dx 2 2 0 d v Pv dx EI Essa é uma equação diferencial homogênea de segunda ordem com coeficientes constantes. Sua soluçãogeral é dada por: 1 2 cos P P v C sen x C x EI EI 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 23 As duas constantes de integração da equação anterior são determinadas pelas condições de contorno nas extremidades da coluna. 0x 0v Em então: 2 0C x L 0v E, em então: 1 0 P C sen L EI A solução trivial seria C1 = 0. Porém, neste caso, teríamos v = 0 para qualquer valor da carga P. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 24 0 P sen L EI O menor valor de P é obtido quando n=1, e a carga crítica para coluna é, portanto: que é satisfeita se: Por isso, devemos forçar uma solução não trivial: P L n EI ou: 2 2 2 n EI P L 1,2,3,...n 2 2cr EI P L 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 25 Essa carga é denominada carga de Euler, em homenagem ao matemático suíço Leonhard Euler, que solucionou o problema em 1757. A forma fletida correspondente é definida pela equação: 1 x v C sen L onde C1 representa a deflexão máxima, vmax, que ocorre no ponto médio da coluna (ver figura no slide anterior). Seu valor não pode ser obtido pois se desconhece a forma fletida exata da coluna que sofreu flambagem. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 26 2 2 2 L EI nP 2 2cr EI P P L crP L EI P 44 2 2 É importante destacar que o número n corresponde ao número de semi-ondas da configuração deformada da coluna. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 27 2 2 L EI Pcr Novamente o ponto de bifurcação representa o estado de equilíbrio neutro, no qual a carga crítica atua sobre a coluna, estando a mesma em iminência de flambagem. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 28 É independente da tensão de escoamento do material (E). Colunas mais eficientes são as que possuem o maior momento de inércia (I). Para uma mesma seção, quanto maior o vão L, menor será a carga crítica Pcr. 2 2 L EI Pcr Observações sobre a Carga Crítica 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 29 A flambagem ocorrerá sempre na direção de menor momento de inércia (I). 2 2 L EI Pcr bbaa II Os melhores perfis são aqueles que possuem momentos de inércia semelhantes nas direções principais. Sob este aspecto, os tubos de seção circular vazada são os mais indicados. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 30 Resumo: Carga Crítica da Coluna Ideal Pcr máxima carga axial que a coluna pode suportar antes que ocorra a flambagem; E módulo de elasticidade do material; I o menor momento de inércia da seção transversal; L comprimento da coluna birrotulada. 2 2 L EI Pcr A equação de flambagem de uma coluna esbelta comprida apoiada por pino (birrotulada) pode ser reescrita e seus termos definidos como segue: 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 31 2 2 L EI Pcr 2.rAI 2 2 r L E A P cr Para fins de projeto, a equação anterior será mais conveniente se expressar o momento de inércia por: onde r é o raio de giração da seção transversal, resultando em: 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 32 cr tensão normal média que corresponde à carga crítica de flambagem; E módulo de elasticidade do material; L comprimento da coluna birrotulada; r raio de giração da seção transversal, dado por: 2 2 r L E cr A equação anterior pode ser reescrita como: que é a fórmula da tensão crítica, onde: I r A sendo I o menor momento de inércia da área de seção transversal A da coluna. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 33 Por exemplo, considerando uma determinada área que tem um momento de Inércia Ix em relação ao eixo x. Se concentrarmos esta área em uma faixa estreita, paralela ao eixo x, e com o mesmo momento de inércia Ix, a distância rx dessa faixa ao eixo x, é o raio de giração. O raio de giração representa a distância ao eixo de referência na qual se pode concentrar toda a área da superfície, de modo que se tenha o mesmo momento de inércia. x x I r A 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 34 Na fórmula da tensão crítica, a relação geométrica L/r é denominada índice de esbeltez. É representado pela letra l, e mede a flexibilidade das colunas. Com isso, é possível traçarmos um gráfico da fórmula da tensão crítica, com eixos que representam a tensão crítica e o índice de esbeltez. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 35 Observar que as curvas valem apenas para tensões críticas abaixo do ponto de escoamento (limite de proporcionalidade) do material, ou seja: Assim, é possível determinarmos o menor índice de esbeltez admissível, ou índice de esbeltez limite, dado por: lim lim E L E r l Ecr 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 36 É possível ainda, através da equação exata da curvatura, calcular as deflexões v após a carga crítica Pcr: 2 2 3 2 2 1 d v M xdx EI dv dx obtendo assim, a solução exata do problema: 1,05 crP P 0,20v L 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 37 Observar que para um acréscimo de carga de apenas 5% além da carga crítica, a deflexão no centro da coluna chega a 20% do vão L! 1,05 crP P 0,20v L Então, a carga crítica é considerada como a carga limite para colunas esbeltas. Este estado excessivo de deformação acabará por provocar a ruptura do material. 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 38 O elemento estrutural A-36 W200 X 46 de aço mostrado na figura ao lado deve ser usado como uma coluna acoplada por pinos. Determine a maior carga axial que ele pode suportar antes de começar a sofrer flambagem ou antes que o aço escoe. Exemplo 13.2 24/05/2019 Resistência dos Materiais II Prof. Thiago da Silveira 39 Do apêndice B, 442 mm mm mm 66 103,15,105,45,5890 yx IIA Por inspeção, ocorrerá flambagem em torno do eixo y–y. Quando totalmente carregada, a tensão de compressão média na coluna é Visto que a tensão ultrapassa a tensão de escoamento, Solução: