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1 Clara Rêgo – 8° Semestre Choque no Trauma Choque: O choque circulatório é uma síndrome caracterizada por uma inadequada perfusão tecidual sistêmica, e se não diagnosticado e manejado precocemente, pode levar a falência múltipla de órgãos e a altos índices de mortalidade. Pela diminuição da perfusão tecidual sistêmica por diferentes etiologias e fisiopatologias, levando a uma baixa oferta de oxigênio (hipóxia) e nutrientes aos tecidos, bem como de sua efetiva utilização. Epidemiologia: o choque hemorrágico – hipovolêmico é o que mais mata no trauma. FISIOPATOLOGIA Por falha em algum ponto da manutenção da circulação sistêmica, seja baixa pré-carga, baixa contratilidade ou aumento da pós-carga, irá resultar em baixo débito cardíaco = má perfusão tecidual sistêmica. O corpo lança mão de mecanismos compensatórios iniciais, que são a vasoconstrição periférica – visando os órgãos mais nobres, aumento do débito cardíaco = taquicardia. Nesse momento, o tratamento precisa ser compressão do sangramento e depois a reposição volêmica. Pela baixa perfusão celular, o metabolismo anaeróbico está comprometido e a produção de energia passa a ser anaeróbica → produção de ácido lático → desenvolvimento da acidose metabólica. A administração de soluções eletrolíticas isotônicas, se sangue e hemoderivados ajuda a combater esse processo. Tríade da morte! Atenção para ela: acidose metabólica, coagulopatia e hipotermia. RECONHECENDO O CHOQUE HEMORRÁGICO: • Taquicardia. • Pele fria, pulso fino e rápido. • Busca de hemorragia nos sítios principais: tórax, abdome, ossos longos, pelve e externa. FAST, RX de tórax e pelve e lavado peritoneal podem ajudar no diagnostico e determinar a fonte de sangramento. • Paciente melhora clinicamente com reposição volêmica e compressão do sangramento. • CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE : o Hemorragia classe 1: no máximo uma taquicardia leve. É a condição de um doador de sangue de uma unidade de sangue. o Hemorragia classe 2: hemorragia não complicada, mas necessário reposição com cristaloides. o Hemorragia classe 3: estado complicado, necessário cristalóides e possivelmente sangue. o Hemorragia classe 4: evento pré-terminal. Precisa de medidas agressivas e transfusão sanguínea é necessária! Tipos de choque no trauma: 1. HIPOVOLÊMICO: redução do volume intravascular = diminui DC, pode ser hemorrágico – pela perda de sangue por trauma, úlcera péptica e hemorragia varicosa, ou não hemorrágico – por diminuição de fluidos, como em casos de vômitos e diarreias intensos, grandes queimados... principal choque no trauma. 2. OBSTRUTIVO: por um mecanismo externo ao coração há um impedimento da bomba em funcionar normalmente apesar de miocárdio está intacto. Esses são casos de pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco... 3. NEUROGÊNICO: lesão extensa da medula cervical ou torácica alta → perda do tônus simpático = vasodilatação. 4. CARDIGÊNICO: Tamponamento cardíaco, TEP, embolia gasosa... paciente com trauma torácico deve sempre estar sendo monitorado com ECG. Obs: choque séptico no trauma é raríssimo, mas pode acontecer. 2 Clara Rêgo – 8° Semestre CARDIOGÊNICO: • Ocorre falência ventricular → DC cai e sangue se acumula e não vai para o resto do corpo → vasoconstrição. • Causas: cardiomiopatias, arritmias, mecânico. OBSTRUTIVO: • A causa está fora do coração e está impedindo ele de se expandir, consequentemente, dificulta DC; • Causas: tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, hemotórax.... Obs: os choques não hemorrágicos, uma dica é que o paciente não melhora só com reposição volêmica, diferente do hemorrágico. CLÍNICA E DIAGNOSTICO A clínica do choque são sinais de hipoperfusão tecidual: PPPH ➔ HIPOTENSÃO! Sinal mais comum, mas não é manifestado necessariamente em todos os pacientes chocados. ➔ Taquicardia; ➔ Pele fria e pegajosa; ➔ Pulso fino e rápido; ➔ TEC > 2 segundos; ➔ Livedo retincular: aparência rendilhada da pele – resulta da vasoconstrição periférica. ➔ Cianose periférica; ➔ Nível de consciência alterado – torpor, desorientação, confusão... ➔ Débito urinário < 0,5 mL/kg/h; ➔ Pressão arterial média baixa → a PA sistólica em choque num adulto < 90 mmHg e a PA média < 70 mmHg. ➔ Pode ter dispneia, uso de mm acessória... 3 Clara Rêgo – 8° Semestre ➔ Hipelactemia; (> 2 mmol/L ou >18 mg/dL) → é um marcador de gravidade (acidose tá na tríade da morte). ➔ pH reduzido; PROTOCOLO RUSH: usado USG olhando em 9 janelas buscando etiologias importantes de choque. 1. derrame pericárdico; 2. tamanho e função ventricular; 3. variação de dimensão da veia cava inferior; 4. exame abdominal e torácico → aorta e pneumotórax. TRATAMENTO O atendimento inicial deve ser iniciado enquanto se investiga a etiologia do choque, com objetivo de corrigi-la rapidamente. Para realizar o manejo do choque, precisamos pensar um pouco na sua fisiopatologia: no choque há aumento do consumo de O2 e diminuição de sua oferta, então para tratar precisamos fazer o contrário = diminuir necessidade e aumentar oferta. Como? ➔ Aumentar oferta de O2 = aumentar pre-carga (volume), aumentar pós-carga (vasocontrição), aumentar débito cardíaco, otimizar a oxigenação e se perda sanguínea, fazer suporte transfusional. ➔ Diminuir consumo de O2 = diminuir estresse, dor, trabalho respiratório, calafrios e hipertermia. • Alvo do tratamento: PA média de 65 a 70 mmHg. o Acesso periférico anticubtal; o Repodição por meta; o Hipotensão permissiva. o Se passo de 1L, passo para hemoderivado. o Transamin: antifibrinolítico – impede a fibrinólise, o coágulo formado na hemorragia queremos q fique lá!! • NO TRAUMA USAMOS RINGER Atendimento inicial 1. ABCDE; 2. Estabilização hemodinâmica → suporte ventilatório, se sangramento – compressão direta ou se necessário torniquete, identificar etiologia do choque para escolher tratamento. 3. IOT precoce ou não? Nesses casos: o Desconforto respiratório, hipoxemia grave, acidose acentuada ou coma; o Proteção contra aspiração na presença de RNC; o Agitação é atribuível à hipóxia cerebral → tratamento rápido → REDUÇÃO sem mais comprometimentos respiratórios. ➔ CHOQUE HEMORRÁGICO: parar sangramento + reposição volêmica (1L de cristalóides inicialmente, seguida de hemocomponentes caso paciente mantenha-se hipotenso). MANTER UMA HIPOTENSÃO PERMISSIVA. o Hemorrágico classe 1: perda de sangue mínima, sinais vitais não se alteram → não é necessário reposição. o Hemorrágico classe 2: perda de 15 a 30% (queda na PA) e aumento discreto de FC e FR + alterações sutis de SNC → apenas cristalóides. o Hemorrágico classe III: perda de 31 a 40%, queda da PA, aumento importante FC e FR → criatóides + hemocomponentes. o Hemorrágico classe IV: queda importante de PA e alteração importante de SNC, pele fria e pálida → foco é cessar hemorragia e transfusão imediata, ➔ CHOQUE NÃO HEMORRÁGICO: cristalóides + controle de diarreia/cetoacidose diabética etc. ➔ CARDIOGÊNICO: inotrópico → epinefrina (se hipotenso pela ação vasopressora associada); dobutamina (normotenso). ➔ OBSTRUTIVO: tratar causa do choque. ➔ DISTRIBUTIVO: séptico (cristalóide + vasopressor – epinefrina se choque frio e norepinefrina se choque quente + ATB na primera hora + O2); anafilático (adrenalina); neurogênico (cristalóide). 4 Clara Rêgo – 8° Semestre • ABC choque: score que serve para avaliar se é necessário o encaminhamento imediato do paciente para o CC. o mecanismo penetrante. Não = 0; sim = 1 o PAS < 90. 0 não, 1 sim. o FC > 120. 0 não, 1 sim. o FAST positivo: 0 não, 1 sim. • Choque index: prognóstico de mortalidade. REPOSIÇÃO VOLÊMICA: • Com um acesso calibroso com meta de 90 mmHg a pressão sistólica: criança → 20mg/kg e adulto → 30ml/kg. • No inicio, administrar em bolus liquido isotônico aquecido. • Trauma contuso → reposição imediata. Evitar hipotensão!!! • Trauma penetrante →só iniciar reposição após controle da hemorragia. Hipotensão permissiva.
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