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Hipersensibilidade e alergias 1 Hipersensibilidade e alergias Introdução INTOLERÂNCIA → incapacidade de metabolizar a substância HIPERSENSIBLIDADE/ALERGIA → resposta imunológica excessiva e inapropriada do organismo a uma substância inócua (alérgeno); requer um contato prévio do indivíduo com o alérgeno (sensibilização); causam inflamação sistêmica ou local A resposta imunológica é humoral e/ou celular e pode causar uma inflamação sistêmica ou local. Alergias podem ocorrer por contato na pele, injeção, ingestão e inalação. Tipos de reação de hipersensibilidade 1. IMEDIATA/ANAFILAXIA → mediadas por anticorpos, principalmente IgE. Essas IgE ficam ligadas na superfície de mastócitos ou eosinófilos e, quando os antígenos entram em contato, fazem com que essas células liberem mediadores químicos (histamina) para causar vasodilatação, etc. Ex.: rinites alérgicas: locais empoeirados causam hipersensibilidade na mucosa nasal e, com isso, logo há espirros, coriza, etc 2. CITOTÓXICA → mediada por anticorpos IgG ou IgM. Esses anticorpos se ligam a antígenos na superfície de células. Ex.: Anemia Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN) - Rh diferentes fazem com que a mãe produza anticorpos contas as moléculas de Rh. 3. IMUNOCOMPLEXOS (antígeno ligado a um ou vários anticorpos) → esse complexo imune (formado tanto por moléculas de IgM quanto de IgG) está associado a antígenos solúveis (não na superfície de células, como no tipo I e II). Ex.: vírus, restos bacterianos, etc. Os imunocomplexos podem se depositar nos glomérulos dos rins, causando o processo de glomerulonefrite. 4. TARDIA → mediado por células, principalmente células T e neutrófilos. É uma reação no MHC das células contra células T. Ex.: teste tuberculínico, onde é inoculada uma substância da bactéria da tuberculose e observa-se se há reação intradérmica (formando uma pápula) e, com isso, é possível saber se o indivíduo esteve em contato ou não com o bacilo da tuberculose Hipersensibilidade e alergias 2 Hipersensibilidade do tipo I Reações alérgicas devido à produção de IgE contra antígenos inócuos. IgE é um anticorpo cuja região Fc está ligada a um receptor chamado FCeR1 que fica na superfície de mastócitos e eosinófilos. Em resumo, quase 96% dos anticorpos IgE estão ligados a mastócitos. Produzidos pelos plasmócitos (mediada por IL-4, IL-5, IL-9, IL-10 e IL-13 - padrão TH2) Localizada nos tecidos ligados aos mastócitos (FceRI) - TGI ou trato respiratório, mucosas e pele. A ligação enter IgE e alérgeno é reconhecida por mastócitos, que degranulam e geram hiperssensibilidade tipo I. obs.: receptores FceRI possuem alta afinidade por mastócitos CARACTERÍSTICAS: Principal molécula desencadeadora = anticorpo IgE Respondem contra antígenos solúveis (baixo peso molecular, atividade enzimática e alta solubilidade em fluidos orgânicos) Mecanismo efetor → ativação de mastócitos Células envolvidas → mastócitos, basófilos e eosinófilos ex.: asma, rinite alérgica, dermatite atópica, anafilaxia sistêmica e febre do feno Mastócitos ORIGEM → progenitores da MO LOCALIZAÇÃO → pele, TC, submucosa intestinal, espaços alveolares do pulmão, órgãos linfoides, próximos a vasos sanguíneos e nervos O conteúdo dos grânulos são de histamina, heparina, quimiocinas, proteoglicanos ácidos, proteases, mediadores lipídicos e tóxicos, etc. Por expressarem o receptor FCeR1, possuem alta afinidade com a porção Fc do anticorpo IgE. A ligação do antígeno com o IgE vai causar a ativação do mastócito que, ao se tornar efetora, vai degranular e isso vai estar associado às reações de hipersensibilidade imediata/alergia. Este mecanismo desempenha um papel protetor contra parasitas (helmintos). Basófilos Localizados no sangue. O conteúdo dos grânulos é de histamina, heparina, IL-4 e IL13. Sua ativação se dá pela ligação de antígenos com moléculas de IgE na superfície da célula (receptor FCeR1) = degranulação. Eosinófilos Localizados no sangue (2,5 a 4% dos leucócitos totais) São encontrados em vários locais, mas principalmente TC, epitélio respiratório e intestinal e trato geniturinário. Possui o receptor FCeR1 que se ligam a IgE, porém a afinidade do IgE a esse receptor é menor do que a afinidade encontrada em mastócitos e basófilos. Com isso, apesar das IgE poderem estar ligadas a eosinófilos, a intensidade é bem menor. FUNÇÕES EFETORAS → eliminação de parasitas e amplificação de resposta inflamatória, porém, seus grânulos podem causar lesão tecidual pois, ao tentar matar o patógeno, pode destruir o tecido em volta. A ativação vai gerar a produção de citocinas (IL-4 e IL-5) que vão resultar no padrão de resposta Th2. Proteção contra helmintos Numa infecção por parasitas, as APCs podem capturar restos dos parasitar e apresentar (via MHC) para as células TCD4 não ativadas, causando sua ativação. Após ativadas, sofrem expansão clonal, onde vão proliferar para um padrão Th2. Vão produzir IL-4 e, com isso, fazer comque células B produzam tanto anticorpos neutralizantes IgG e IgE. IgE vão ficar na superfície de mastócitos, basófilos e eosinófilos. Eosinófilos são estimulados por IL-5 que foi produzido pelo padrão Th2 da célula T. Tanto mastócitos quanto eosinófilos ligados a IgE vão degranular e eliminar os helmintos. Hipersensibilidade e alergias 3 Esse é o processo contra parasitas, porém, ele pode acontecer também contra alérgenos, causando degranulação. Atopia Predisposição para produzir anticorpos IgE, causando fortes respostas de hipersensiblidade imediata. ALERGIA → reação; grande parte das reações de hipersensibilidade do tipo 1 ATOPIA → a tendência, geralmente genética, para desenvolver respostas mediadas por IgE a antígenos ambientais comuns obs.: alergia depende de fatores ambientais e genéticos. Fatores genéticos (cromossomo 6) - envolvimento no desencadeamento de atopias e autoimunidade. Como ocorre a sensibilização 1. Primeira exibição ao alérgeno, o qual é reconhecido por células B, que capturam, processam e apresentam para células T. 2. Células T se diferenciam para padrão Th2, produzem IL-4 e IL-5 → IL-4 vai estimular produção de IgE; IL-5 vai estimular produção de eosinófilos e mastócitos. 3. Mastócitos (e células que possuem receptor FCeR1) vão se ligar a IgE na superfície = SENSIBILIZAÇÃO. 4. Posteriormente, um segundo contato com o alérgeno vai fazer com que as IgE ligadas ao mastócito, ao se depararem com o antígeno, sinalizem para o interior do mastócito, fazendo com que esse libere seus grânulos (com mediadores), que vão causar a hipersensibilidade tipo I. Alguns mediadores são liberados de forma imediata (mediadores químicos) e outros de forma tardia (mediadores que causam infiltrado celular) = relacionados aos sintomas. Toda essa ligação (alérgeno ligado ao IgE, que está ligado ao receptor FCeR1) vai ativar correceptores, ocorrendo sinalização celular, levando às funções efetoras, que são: Degranulação de grânulos com mediadores pré-formados → grânulos contem aminas vasoativas (causa dilatação vascular (vermelhidão) e contração do músculo liso) e proteases (dano tecidual) Fragmentação enzimática do ácido araquidônico (AA) → causa liberação de mediadores lipídicos como prostaglandinas (dilatação vascular) e leucotrienos (contração do m. liso) Ativação de transcrição dos genes da citocina → de forma mais tardia, vai produzir citocinas, principalmente TNF (recrutamento de leucócitos) Além disso, há influxo de cálcio. A liberação de grânulos vai causar degradação das cadeias leves de miosina. Alterações na membrana plasmática vai causar liberação de AA. Hipersensibilidade causada por mediadores Hipersensibilidade e alergias 4 A ativação de mastócitos vai levar a liberação de mediadores pré-formados e mediadores recém sintetizados (a partir da degradação do AA). PRÉ-FORMADOS → histamina, serotonina, fatores quimiotáticos, heparina. Possuem vida curta e seus efeitos estão confinados às vizinhanças dos mastócitos (ação parácrina). RECÉM SINTETIZADOS →leucotrienos, prostaglandinas, fator ativador de plaquetas, bradicininas, tromboxanos. As reações de hiperssensibilidade causada por mediadores podem levar a eventos sistêmicos que causam sintomas relacionados à hipersensibilidade do tipo I. A ativação de mastócitos está relacionado a ativação de aminas biogênicas (histamina) ou mediadores lipídicos (PAF, prostaglandinas) que vão estar associados a reações como aumento da permeabilidade vascular, broncoconstrição, hipermotilidade intestinal (nas alergias alimentares, pode-se ter diarreia pois o aumento da mobilidade intestinal somado à diminuição da capacidade do intestino de absorver água resulta em fezes líquidas). Além disso, há liberação de citocinas (TNF) e outros mediadores lipídicos (PAF, prostaglandinas) que vão estar relacionados a inflamação e migração de neutrófilos. Ademais, tem-se a função enzimática (triptase e outras proteases) que vão estar relacionadas a lesão tecidual A ativação de eosinófilos normalmente serve para a morte de parasitas, porém, a ativação deles num processo alérgico, há liberação de enzimas (peroxidades) que, junto a outras, podem gerar lesão tecidual. Hipersensibilidade e alergias 5 Reações alérgicas mediadas por IgE Asma alérgica Estimulada pelos mais diversos alérgenos (pelos de gatos, pólen, fezes de ácaros, etc.) e geralmente a via de entrada é inaláveis. Ao ser inalado, a resposta é constrição brônquica aumento da produção de muco e inflamação das vias aéreas. SINAIS E SINTOMAS → falta de ar, dificuldade respiratória, tosse (especialmente à noite), chiado ou ruido característico relacionado à movimentação do muco; desaparacem após exposição a alérgenos DIGNÓSTICO → clínico Normalmente, vias respiratórias contem músculo liso e mucosa. Na asma, devido a todos os mediadores, há inflamação da camada mucosa e, em quadros graves (durante ataque), há contração da m. lisa, diminuindo ainda mais a passagem de O2. Ao entrar em contato com o alérgeno, mastócitos ou basófilos na mucosa do trato respiratório, através dos mediadores (PAF, leucotrienos, etc.) vão levar à broncoconstrição. Além disso, através das aminas biogênicas (TNF, IL-4, IL-5), vão aumentar a inflamação, já que o aumento da permeabilidade celular vai permitir a migração de neutrófilos e, principalmente, eosinófilos. TRATAMENTO: Cromoglicato e corticosteroides → antagonismo de leucotrienos ou bloqueio da produção de citocinas para bloquear tanto a broncoconstrição quanto a inflamação. Epinefrina → relaxamento brônquico. Urticária aguda Estimulada por picada de inseto (via de entrada: subcutânea), gerando a resposta de aumento da permeabilidade vascular e aumento do fluxo sanguíneo. Por conta da entrada do antígeno, mastócitos ligados ao IgE degranulam. Tais substâncias ativam nervos locais, causando prurido; há vasodilatação e diapedese, o que gera eritema e pápulas.; quimiotaxia de células leva ao infiltrado. SINAIS E SINTOMAS → coceira, lesões não delimitadas Hipersensibilidade e alergias 6 Rinite alérgica Estimulada por pólen, fezes de ácaros, pelos (via de entrada: inalação) gerando resposta de edema e irritação da mucosa nasal. Acontece na região da mucosa nasal. O alérgeno inalado vai penetrar no epitélio nasal, vai ser reconhecido por células dendríticas que, via MHC II, vão apresentar para as células T naïve que vão se transformar em células do padrão Th2. Células do padrão Th2 vão produzir IL-4 e IL-13 e ativar células B a se tornarem plasmócitos produtores de IgE. Essa IgE se liga na superfície de mastócitos pelo receptor FCeR1 e, em um contato secundário com o alérgeno, faz com que os mastócitos ou basófilos degranulem, liberando histaminas, mediadores, IL-13, IL-4, TNF, etc. e seus efeitos ESPIRRO → tentativa do corpo de remover o alérgeno da mucosa nasal TOSSE → a produção de muco é tão grande que ele desce pela orofaringe e, ao chegar na garganta, produz irritação que leva a tosse TRATAMENTO → drogas antialérgicas Alergias alimentares Estimulada por muitas coisas, sendo os mais comuns nozes, amendoins, leite, ovos, crustáceos, peixes, etc. (via de entrada: oral), gerando respostas de inflamação no TGI, principalmente no intestino (já que o tempo que fica no estômago é menor) levando a respostas de vômito, diarreia, prurido, urticária, anafilaxia. A presença do alimento e das bactérias normais no lúmen intestinal vai levar a um processo de tolerância. Porém, partes de certos alimentos podem ser capturados por células dendríticas, apresentados às células T naïve que vão se diferenciar em células do padrão celular Th2 e, com isso, produzir IL-4, IL-13 e IL-5 IL-5 → estimula eosinófilos IL-13 e IL-4 → estimular a produção de IgE IgE se liga aos receptores FCeR1 dos mastócitos Quando houver um segundo contato com esse alimento, os IgE vão ativar os mastócitos, causando degranulação. Grânulos vão exercer sua função: aumento da permeabilidade, migração, inflamação, aumento da motilidade intestinal (diarreia). Se houver grande quantidade desse alimento OU grande degranulação em todo o TGI, pode haver um quadro sistêmico de hiperativação = anafilaxia sistêmica. obs.: Hipótese da Higiene → crianças que possuem contato com sol, exposição a microrganismos, etc., se tornarão adultos menos alérgenos. O contato pequeno e constante com alérgenos leva a uma produção muito grande de células T regulatórias de memória. Além disso, aumenta a diversidade de microbiota. Isso faz com que o nosso organismo não reconheça essas bactérias/alimentos como algo a ser combatido. Hipersensibilidade e alergias 7 Anafilaxia sistêmica Relacionado a drogas (licitas e ilícitas, inclusive a medicamentos – principalmente penicilina), soros, venenos, amendoins (via de entrada: intravenosa), sendo diretamente ou após absorção para o sangue), gerando respostas como edema, aumento da permeabilidade vascular, broncoconstrição da traqueia, colapso circulatório e, sem intervenção rápida, leva a morte. O quadro é semelhante aos anteriores, mas de forma sistêmica. Alergias a medicamentos são muito importantes - os mais alérgenos são os opioides, seguidos pelos bloqueadores neuromusculares, AINEs e contraste iodado. Ela leva a vermelhidão, inchaço da língua, incapacidade para engolir, inchaço rápido dos tecidos da garganta (fechamento da glote), pode levar à perda de consciência e morte. Diagnóstico de alergias Testes dos alérgenos (1-2 dias) Dosagem de IgE Hipersensibilidade tipo II São mediadas por IgG e subdivididas em 2 tipos (subtipo A e subtipo B). Os antígenos que o IgG vai detectar estão na superfície celular ou são receptores que serão reconhecidos como antígenos. No subtipo A, o mecanismo de efetividade pode ser mediado por sistema complemento, fagócitos ou células NK. Ex.: alergias a drogas, como a penicilina. A hipersensibilidade do tipo II do subtipo A é decorrente do efeito citopático de anticorpos dirigidos contra antígenos presentes na superfície ou na matriz celular. Existem 3 mecanismos principais de ativação desse subtipo: 1. CITOTOXICIDADE CELULAR DEPENDENTE DE ANTICORPO (ADCC) → os anticorpos vão reconhecer antígenos na superfície da célula e uma célula NK, por ex, vai reconhecer a porção Fc desse anticorpo e causar, através de grânulos, a degradação/lise dessa célula com o anticorpo. 2. LISE CELULAR → anticorpos se ligam a uma célula e, ao estarem com sua porção Fc exposta, ativam sistema complemento (pela via clássica), gerando uma resposta do complemento que leve a lise 3. FAGOCITOSE → o próprio anticorpo ligado a superfície da célula ou até mesmo o sistema complemento ligado a esse anticorpo pode ser reconhecido por célula fagocitária (macrófago, neutrófilo) e realizar a fagocitose Hipersensibilidade e alergias 8 Logo, no subtipo A, sempre haverá destruição tecidual mediada por anticorpos. No subtipo B, o mecanismo de efetividade é mediado pela ligação de anticorpos a receptores celulares, que bloqueiam a sinalização e gerando efeitos sistêmicos. Ex.:urticária crônica. A hipersensibilidade do tipo II do subtipo B possui 3 mecanismos efetores. Causa doenças que afetam especificamente as células/tecidos onde esses antígenos estão presentes, logo, essas doenças não costumam ser sistêmicas. 1. OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE → ocorre o reconhecimento dos anticorpos a estruturas celulares, seguido de ativação do complemento (ou de fagócitos), levando a fagocitose e destruição da células. Ex.: anemia hemolítica do recém-nascido - destruição das hemácias do recém-nascido pelos anticorpos produzidos pela mãe, levando a um quadro grave de anemia 2. INFLAMAÇÃO MEDIADA POR COMPLEMENTO E RECEPTOR A FC → anticorpos depositados nos tecidos recrutam outros mediadores (neutrófilos e macrófagos) que, ativados, vão levar a inflamação e lesão tecidual. Ex.: glomerulonefrite por depósito - anticorpos que se ligam a proteínas do rim e isso faz com que seja montada uma resposta do complemento, causando inflamação no glomérulo 3. RESPOSTAS FISIOLÓGICAS ANORMAIS SEM LESÃO CELULAR/TECIDUAL → ligação de anticorpos bloqueiam receptores TSH. Isso impede que os receptores recebam as moléculas que deveriam (nesse caso, os hormônios tireoidianos) e estimular o receptores sem o ligante. Ex.: Doença de Graves; Miastenia Gravis - anticorpos direcionados a receptores da ACh, fazendo com que essa, quando liberada na fenda, não se ligue aos receptores, inibindo a ativação muscular Hipersensibilidade e alergias 9 Anemia hemolítica do recém-nascido Reação citotóxica que envolve tanto IgG quanto IgM contra antígeno aderido à célula (do órgão afetado). Gera uma resposta contra essa célula, sendo mediada ou por sistema complemento ou por células do sistema imune. Uma vez que a mãe possui sangue de Rh- e, numa primeira gestação, seu filho possua Rh+, durante o parto, o sangue da criança pode entrar em contato com o sangue da mãe, estimulando a produção de anticorpos na mãe contra o fator Rh. Se, eventualmente, numa segunda gestação, a mãe tiver novamente um filho Rh+, os anticorpos produzidos pela mãe vão entrar na corrente sanguínea do filho e destruir suas hemácias, levando a anemia hemolítica. Seu hemograma apresentaria muitos reticulócitos, hemácias microcíticas (devido à falta, o organismo libera hemácias muito pequenas), além de icterícia (bilirrubinas). DIAGNÓSTICO → Teste de Coombs; tipos = direto ou indireto. No teste direto, é coletado sangue da criança, as hemácias são “lavadas” e é adicionado o reagente de Coombs (um anticorpo anti-anticorpo humano produzido em coelho). Caso haja, no sangue da criança, hemácias ligadas a anticorpos produzidos pela mãe, o anti-anticorpo vai se ligar a esses anticorpos, formando um precipitado/aglutinação, o que caracteriza um teste positivo. No teste indireto, é possível determinar se a mãe está produzindo anticorpos anti-Rh durante a gestação. É coletado não o sangue, mas o soro. Se ela estiver produzindo anticorpos anti-Rh, lá eles serão encontrados. Então, adiciona-se hemácias Rh+ e, caso a mãe tenha esses anticorpos, eles irão se ligar às hemácias. Por fim, utiliza-se o reagente de Coombs, que se ligarão e causarão aglutinação, caracterizando um teste positivo. Púrpura trombocitopênica autoimune Presença de anticorpos anti-plaquetas (principalmente, contra integrinas). Com isso, haverá a ligação com anticorpo a elas e uma célula fagocítica irá fagocitar a plaqueta = menor número de plaquetas, levando a hemorragia. Inicia-se com micro hemorragias (formando petéquias) e evolui para algo mais severo, como no TGI, mucosas (gengiva), etc. Há relações genéticas e pode ser desencadeado por infecções bacterianas especificas. Havendo susceptibilidade genética, pode ser que macrófagos que capturam H. pylori vão apresentar para célula T naïve que vai ativar a célula T, que pode começar a fazer sinalização contra plaquetas. Isso acontece porque durante a captura do H. pylori, devido às lesões estomacais, pode ser capturado também algumas plaquetas, gerando anticorpos autoimunes. Além disso, a célula T ativada (que agora se torna uma célula T helper) pode promover a destruição dos megacariócitos (células precursoras das plaquetas). Diabetes resistente à insulina (autoimune) Hipersensibilidade e alergias 10 Nas ilhotas de Langerhans (pâncreas), células beta produzem insulina. Na diabetes autoimune, há anticorpos que irão destruir as células beta, gerando diminuição ou ausência de insulina, causando a diabetes. Hipersensibilidade do tipo III Mediada por IgG. Reação contra antígenos solúveis (circulando no sangue). Ex.: doença do sono, caracterizada pela reação de Arthus (vasculite). COMO OCORRE → a ligação antígeno-anticorpo forma imunocomplexos, que deixam expostas suas regiões Fc e, com isso, faz com que neutrófilos reconheçam, degranulem e causem lesão tecidual, gerando uma vasculite. A lesão tecidual pode acontecer também pela ativação do sistema complemento. O depósito dos imunocomplexos pode acontecer em pequenas artérias, capilares cerebrais, vasos e válvulas cardíacas, nos glomérulos dos rins, etc., levando a uma vasculite. Ademais, a vasculite pode ser secundária a uma doença reumatológica (lúpus) ou infecciosa (hepatite C crônica). Lúpus eritematoso sistêmico Devido a fatores genéticos e ambientais, há desregulação do sistema imune com aumento da apoptose e diminuição da capacidade de remover fragmentos. Isso faz com que antígenos do próprio organismo presentes naqueles fragmentos sejam capturados, apresentados para células naïve e seja montada uma resposta celular e humoral contra essas estruturas. São formados anticorpos que reagem contra esse DNA próprio, formando imunocomplexos que podem se depositar no vasos (vasculite) ou lesionar vasos, gerando ↑depósito de placas de ateroma (vasculopatias) ou ainda se depositar nos rins. Glomerulonefrite pós-estreptocócica Na infecção, anticorpos são produzidos contra a bactéria, formando um imunocomplexo. Esse irá se depositar no glomérulo, expondo a porção Fc dos anticorpos para que células (fagócitos, macrófagos e neutrófilos, sistema complemento) sejam ativados, causando lesão tecidual no glomérulo. O depósito dos imunocomplexos leva a inflamação e destruição tecidual. Para repor, TC é colocado, mas isso se transforma em fibrose, diminuindo a capacidade de filtração do glomérulo. Hipersensibilidade do tipo IV (”tardia”) Mediada por células T. Hipersensibilidade e alergias 11 4 SUBTIPOS: 1. MEDIADO POR CÉLULAS Th1 → detecta antígenos solúveis; o mecanismo efetor é por ativação de macrófagos, produzindo IFN-gama e citocinas. Ex: dermatites de contato, reação tuberculínica. 2. MEDIADO POR CÉLULAS Th2 → detecta antígenos solúveis; o mecanismo efetor é por produção de IgE que vão induzir ativação de mastócitos e eosinófilos que irão induzir citocinas. Ex: asma crônica, rinite alérgica crônica 3. MEDIADO POR LINFÓCITOS T CITOLÍTICOS (CTL) → detecta antígenos associados à célula; o mecanismo efetor é por citotoxicidade; porém, ao invés de atacar o que é de fora, ele passa a ser citotóxico contra as células do organismo, levando a destruição do tecido. Ex: dermatite por contato 4. MEDIADO POR NEUTRÓFILOS → ex.: Doença de Behçet, uma reação autoimune que leva a dano tecidual, vasculite, disfunção endotelial e trombose; mediado por citocinas produzidas por neutrófilos, APC, células T-gama-delta. Para desenvolver essa doença, é preciso que haja susceptibilidade genética + infecções. Características patológicas de ulceras repetidas na boca (mucosa), nas regiões genitais (próximo da bolsa escrotal) e olhos avermelhados, inflamação dos pequenos vasos, etc. Ex.: formação do granuloma, que consiste em um agregado de macrófagos circundado por um colar de linfócitos e delimitada por uma cápsula de TC. Ocorre em inflamações crônicas. Ex.: reações tuberculínicas, onde é inoculado o antígeno de maneira intradérmica e, após 48h ou 72h, é feita a medição do diâmetro: >0,5cm é teste positivo. Isso indica que o pacientetem resposta celular contra o antígeno. A dermatite de contato pode ser mediada tanto por células T do padrão Th1 quanto por CTL. É uma reação alérgica (mas não imediata) contra diversos compostos, como metais, venenos de plantas, borracha, látex, etc. A presença desses compostos vai ser capturada por células dendríticas, mostrado para células do padrão Th1 que irão causar a produção de IL que estimulam a vinda de células (principalmente neutrófilos), que secretarão substâncias como: IL-1, fator de necrose tumoral, NO, etc. o que leva a inflamação e lesão tecidual. Hipersensibilidade e alergias 12
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