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Manual de Processo do Trabalho

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******ebook converter DEMO Watermarks*******
M A N U A L D E
P R O C E S S O D O
T R A B A L H O
2ª Edição - 2022
Hugo Assis Pinheiro
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Copyright © 2022 Hugo Assis Pinheiro
Publicação independente. Todos os direitos reservados.
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CONTENTS
Title Page
Copyright
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
2. FORMAS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS
3. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
4. PRINCÍPIOS
5. ATOS, TERMOS, PRAZOS E NULIDADES PROCESSUAIS
TRABALHISTAS
6. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
7. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
8. JUSTIÇA GRATUITA E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
9. PARTES E PROCURADORES
10. PETIÇÃO INICIAL
11. RESPOSTA DO RÉU
12. PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS CÉLERES
13. AUDIÊNCIA
14. PROVAS
15. RAZÕES FINAIS E SEGUNDA PROPOSTA CONCILIATÓRIA
16. SENTENÇA
17. COISA JULGADA
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18. RECURSOS
19. LIQUIDAÇÃO
20. EXECUÇÃO
21. DEFESA NA EXECUÇÃO
About The Author
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APRESENTAÇÃO
Este manual reúne doutrina sucinta, legislação e jurisprudência selecionada
dos últimos 180 informativos do TST sobre os temas mais relevantes de
Direito Processual do Trabalho.
Foi construído em um processo natural, ao longo dos anos, com a realização
de pesquisas diárias necessárias para a elaboração de minutas de decisões
de processos trabalhistas nas fases de conhecimento e de execução.
A edição de 2022 foi ampliada e atualizada de acordo com as alterações
legislativas e jurisprudenciais mais importantes ocorridas no último ano.
A publicação deste livro tem o intuito de proporcionar ao leitor, em único
material, o conteúdo essencial para uma prática trabalhista de boa qualidade
ou para o estudo direcionado para OAB e concursos.
Vale salientar que a obra não tem a pretensão de apresentar doutrina pesada
e longos debates sobre correntes de entendimento, o que seria incompatível
com a ideia de um manual, que tem o objetivo de reunir as noções básicas
de uma matéria e servir como um guia prático.
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Conceito de Direito Processual do Trabalho
O Direito Processual do Trabalho consiste em um ramo da ciência do
Direito que é composto por uma gama de princípios, regras e instituições
particulares, tendo como objetivo a aplicação do Direito Material do
Trabalho aos conflitos individuais e coletivos de natureza trabalhista.
1.2. Finalidade do Direito Processual do Trabalho
O Direito Processual do Trabalho tem como principal finalidade a busca da
pacificação social, mediante a promoção da solução de demandas judiciais
trabalhistas, nas quais é concedida efetividade à legislação, sempre
resguardando a dignidade da pessoa do trabalhador e os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa, em respeito ao disposto no art. 1°, incisos III e
IV, da Constituição Federal.
Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
1.3. Natureza jurídica do Direito Processual do
Trabalho
O Direito Processual do Trabalho é compreendido como uma disciplina de
Direito Público, pois a legislação processual trabalhista contempla regras e
princípios de observância obrigatória (imperativas, cogentes ou de ordem
pública).
1.4. Autonomia do Direito Processual do Trabalho
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Existem três correntes de entendimento a respeito da autonomia do Direito
Processual do Trabalho em relação ao Direito Processual Civil:
1° corrente: a teoria monista afirma que não existe autonomia,
havendo uma Teoria Geral do Processo com diferentes
ramificações.
2° corrente: a teoria dualista declara a existência de plena
autonomia do Direito Processual do Trabalho.
3° corrente: a teoria da autonomia relativa assevera que o Direito
Processual do Trabalho não é totalmente autônomo, uma vez que
ele admite a aplicação subsidiária das regras de Direito
Processual Civil.
O debate sobre a existência de autonomia da disciplina é uma questão
meramente teórica, que não apresenta repercussões práticas para os
operadores do direito.
De todo modo, é relevante destacar que, apesar de admitir a aplicação
subsidiária de regras do Código de Processo Civil, o Direito Processual do
Trabalho contempla princípios particulares, obras e estudos próprios,
inclusive nas faculdades, além de contar com uma justiça especializada,
circunstâncias que evidenciam a existência de autonomia científica,
didática, doutrinária e jurisdicional.
1.5. Hermenêutica do Direito Processual do Trabalho
A hermenêutica é a ciência que trata da interpretação das normas, sendo
estudada em três diferentes vertentes:
Interpretação.
Integração.
Aplicação ou eficácia.
1.5.1. Interpretação
A interpretação é o processo que conduz ao entendimento do sentido e do
alcance dos termos constantes das normas jurídicas.
O processo interpretativo pode envolver as seguintes metodologias:
Gramatical ou literal: por meio da aplicação de regras basilares
da gramática, o intérprete entende a norma como a expressão do
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sentido literal das palavras nela contidas.
Lógica: é um processo mais complexo que o literal, pois
demanda a aplicação de raciocínio lógico e a combinação de
expressões contidas em diferentes partes da lei, buscando uma
conclusão que atribua sentido ao texto legal como um todo.
Histórica: exige que o intérprete busque os motivos que
justificaram a edição da lei, vinculando a conclusão interpretativa
ao processo de formação da norma.
Sistemática: enquanto a interpretação lógica busca sentido dentro
de um único texto legal, a sistemática avança para a procura de
coerência entre diferentes leis sobre a mesma matéria. Esta
metodologia demanda conhecimento amplo e tem como
fundamento a ideia de que as normas formam um conjunto que
não permite contradições.
Teleológica: a interpretação da norma é realizada com foco nos
fins sociais que ela se propõe a concretizar. Encontra previsão no
art. 5° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro -
LINDB e no art. 8° do CPC.
Art. 5° Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela
se dirige e às exigências do bem comum.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a
dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Interpretação conforme a Constituição: diante de normas que
admitam mais de uma interpretação (plurissignificativas ou
polissêmicas), o intérprete deve dar preferência à interpretação
que esteja em consonância com a Constituição Federal.
1.5.2. Integração
A integração é o processo realizado pelo intérprete para suprir lacunas
existentes no ordenamento jurídico, nos termos do art. 4° da LINDB e do
art. 140 do CPC.
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Art. 4° Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em
lei.
A aplicação subsidiária do Direito Processual Civil no Direito Processual
do Trabalho é objeto do art. 769 da CLT, dispositivo que exige o
preenchimento de 2 requisitos cumulativos:
• A existência de lacuna na CLT.
• Compatibilidade de princípios e regras.
Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.
Com a promulgação do Código de Processo Civil de 2015 (Lei
13.105/2015), houve debate sobre a superação e a dispensa do requisitoda
compatibilidade, em razão da previsão contida no art. 15 do NCPC, no
sentido da aplicação supletiva e subsidiária do Novo Código em caso de
ausência de normas que regulem processos trabalhistas.
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão
aplicadas supletiva e subsidiariamente.
No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho fixou o entendimento de que
ambos os requisitos previstos no art. 769 da CLT continuam vigentes,
conforme foi disposto no art. 1° da Instrução Normativa 39/2016 do TST.
Art. 1° Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente,
ao Processo do Trabalho, em caso de omissão e desde que haja
compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do
Trabalho, na forma dos arts. 769 e 889 da CLT e do art. 15 da Lei nº
13.105, de 17.03.2015.
Especificamente quanto ao processo de execução trabalhista, o art. 889 da
CLT determina a aplicação subsidiária da Lei de Execução Fiscal (Lei
6.830/80), exigindo o preenchimento dos mesmos 2 requisitos cumulativos.
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Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo de execução são aplicáveis,
naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que
regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida
ativa da Fazenda Pública.
1.5.2.1. Espécies de lacunas
O ordenamento jurídico pode apresentar três tipos de lacunas:
Normativas: são as lacunas tradicionais, caracterizadas pela
ausência de norma para o caso concreto.
Ontológicas: marcadas pela existência de normas desatualizadas,
que não são compatíveis com o estágio atual da sociedade.
Axiológicas: ocorre quando a aplicação da norma existente
produz um resultado manifestamente injusto ou insatisfatório.
Sobre o tema, é relevante destacar o conteúdo do enunciado n° 66 da 1°
Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho (2007).
Aplicação Subsidiária de Normas do Processo Comum ao Processo
Trabalhista. Omissões Ontológica e Axiológica. Admissibilidade. Diante
do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade
de se conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração
razoável do processo, os artigos 769 e 889 da CLT comportam
interpretação conforme a Constituição Federal, permitindo a aplicação de
normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos
princípios da instrumentalidade, efetividade e não retrocesso social.
O enunciado supracitado reflete a evolução do entendimento sobre os
artigos 769 e 889 da CLT, que, originalmente, tinham o objetivo de evitar a
aplicação de normas do CPC nos processos trabalhistas, pois, na época da
edição da CLT (1943), o processo civil era regido por regras que enalteciam
o formalismo processual, incompatível com a simplicidade inerente ao
Direito Processual do Trabalho.
Contudo, quando o citado enunciado foi publicado, o processo civil já havia
passado por diversas reformas legislativas, todas elas direcionadas à
efetividade da prestação jurisdicional e à duração razoável do processo.
Portanto, em razão do compromisso do Direito Processual do Trabalho com
a efetividade, a interpretação dos arts. 769 e 889 da CLT foi repensada, de
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forma a permitir que os processos trabalhistas sejam regidos por novas
regras previstas no CPC, em detrimento da CLT, sempre que essa integração
resultar em maior efetividade, circunstância que representa o
reconhecimento de lacunas ontológicas e axiológicas na CLT.
1.5.3. Aplicação/eficácia
1.5.3.1. Eficácia da lei processual no tempo
O ordenamento jurídico pátrio adota a teoria da eficácia imediata da lei, a
qual determina que a nova lei processual produz efeitos imediatos nos
processos em curso, conforme disposto nos arts. 6° da LINDB, 14 do CPC e
912 da CLT.
Art. 6° A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente
aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Art. 912. Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às
relações iniciadas, mas não consumadas, antes da vigência desta
Consolidação.
A aplicação da lei processual deve observar, ainda, o Princípio da
Irretroatividade das Leis, previsto no art. 5°, XXXVI, da Constituição
Federal, que protege o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e
a coisa julgada;
Em respeito aos critérios normativos vigentes para a aplicação da lei
processual no tempo, foi adotado o sistema do isolamento dos atos
processuais.
Nesse sentido, o processo do trabalho compreende uma série de atos
processuais, que se coordenam e se sucedem dentro do procedimento, a
partir da petição inicial até a extinção do processo.
Caso seja promulgada uma lei processual no curso de um processo, essa
nova lei somente será aplicada aos atos processuais praticados sob a sua
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vigência, sendo considerados válidos os atos já realizados durante a
vigência da lei anterior.
Um exemplo da aplicação do sistema do isolamento dos atos processuais é
encontrado no art. 915 da CLT, dispositivo fundamentado na premissa de
que, embora não exista direito adquirido a um determinado recurso, o
direito de recorrer é exercido conforme a lei vigente ao tempo da
publicação da decisão da qual a parte pretende recorrer.
Art. 915. Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em
dispositivos alterados ou cujo prazo para interposição esteja em curso à
data da vigência desta Consolidação.
1.5.3.2. Eficácia da lei processual no espaço
O art. 16 do CPC determina que a lei processual produzirá efeitos em todo
território nacional, o que representa adoção do Princípio da Territorialidade.
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo
o território nacional, conforme as disposições deste Código.
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2. FORMAS DE SOLUÇÃO
DOS CONFLITOS
TRABALHISTAS
2.1. Autotutela/autodefesa
É a forma mais primitiva de solução dos conflitos, na qual há o emprego da
força por uma das partes e a submissão da parte contrária.
A força utilizada pela parte pode ter natureza física, moral, econômica,
social, política ou cultural.
No ordenamento jurídico atual, a autodefesa somente pode ser utilizada nas
hipóteses previstas em lei, como ocorre, por exemplo, nos casos de legítima
defesa (Direito Penal) ou de desforço imediato na tutela da posse (Direito
Civil).
A utilização da autodefesa em situações não permitidas pela lei caracteriza
o crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no art. 345 do
Código penal.
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede
mediante queixa.
Na área trabalhista, alguns autores citam que a greve representaria uma
forma de autodefesa. Porém, prevalece o entendimento de que o exercício
do direito de greve não é suficiente para a solução de um conflito, sendo,
apenas, um meio de pressão para se chegar à autocomposição ou à
heterocomposção.
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2.2. Autocomposição
A autocomposição ocorre quando as próprias partes solucionam o conflito,
sem o emprego da força, circunstâncias que a caracterizam como o meio
mais privilegiado de solução de controvérsias.
2.2.1. Classificações
Em relação à manifestação de vontade, a autocomposição pode ser:
Unilateral: manifestação de vontade por apenas uma das
partes. Ex.: renúncia.
Bilateral: ajuste de vontades realizado pelas duas partes
integrantes do conflito.Ex.: transação (concessões recíprocas).
Quanto ao local, a autocomposição é classificada como:
Intraprocessual: quando ocorre dentro do processo. Ex.:
tentativas de conciliação.
Extraprocessual: nas hipóteses em que é realizada fora do
processo. Ex.: Convenção Coletiva de Trabalho; Acordo
Coletivo de Trabalho; Comissão de Conciliação Prévia;
mediação.
É importante salientar a existência de entendimento minoritário no sentido
de que a mediação consiste em forma de heterocomposição.
Contudo, embora a mediação envolva a presença de um terceiro, ele
somente emprega esforços para aproximar as partes em busca de uma
solução amigável, não possuindo poder de decisão. Por isso, prevalece o
entendimento de que se trata de forma de autocomposição.
2.3. Heterocomposição
A heterocomposição é um método de solução de conflitos caracterizado,
basicamente, pela presença de um terceiro que detém poder de decisão
sobre as partes, como ocorre no exercício da jurisdição e na arbitragem.
2.4. Comissão de Conciliação Prévia (CCP)
A Comissão de Conciliação Prévia – CCP consiste em forma de solução de
controvérsias criada pela Lei 9.958/00, que inclui os artigos 625-A a 625-H
na CLT.
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2.4.1. Regras sobre a CCP
Trata-se de um método de autocomposição extraprocessual, pois, no âmbito
da CCP, as próprias partes chegam à solução do conflito, sendo o ajuste
realizado fora de um processo judicial.
As Comissões de Conciliação Prévia adotam o Princípio da Paridade, sendo
compostas por idêntico número de representantes dos empregados e dos
empregadores, conforme disposto no art. 625-A da CLT.
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de
Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos
empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os
conflitos individuais do trabalho.
Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser
constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical.
A leitura do mencionado dispositivo legal evidencia que a instituição das
CCP´s é facultativa e que elas somente detêm atribuição para solucionar
conflitos de natureza individual, e não coletivos.
Em relação ao local, as CCP´s podem ser classificadas como:
Sindical: quando instituídas por um sindicato ou por diversas
entidades sindicais;
Empresarial: quando instituídas por uma empresa ou por um
grupo de empresas;
Havendo, no mesmo local, CCP sindical e CCP empresarial instituídas para
solucionar conflitos de uma mesma categoria profissional, a parte
interessada pode optar por qualquer uma delas. Caso as duas Comissões
sejam provocadas para a solução do mesmo conflito, será competente
aquela que primeiro conhecer o pedido, consoante regra prevista no §4° do
art. 625-D da CLT.
Art. 625-D. §4° Caso exista, na mesma localidade e para a mesma
categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará
por uma delas para submeter a sua demanda, sendo competente aquela
que primeiro conhecer do pedido.
2.4.2. CCP sindical
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A instituição e as normas de funcionamento de uma Comissão de
Conciliação Prévia de natureza sindical são definidas em instrumento de
negociação coletiva (Acordo ou Convenção Coletivas de Trabalho), nos
termos do art. 625-C, caput, da CLT.
Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua
constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou
acordo coletivo.
2.4.3. CCP empresarial
Os parâmetros para a composição de uma Comissão de Conciliação Prévia
empresarial encontram-se previstos no art. 625-B da CLT, dispositivo que
contempla as seguintes regras:
Quantidade de membros: no mínimo dois e no máximo dez,
sendo metade indicada pelo empregador e metade eleita pelos
empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da
categoria profissional.
Número de suplentes: tantos suplentes quantos forem os titulares.
Duração do mandato: um ano, permitida uma recondução.
Estabilidade provisória ou garantia de emprego: abrange apenas
os representantes dos empregados, titulares e suplentes, e perdura
até um ano após o final do mandato.
Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de,
no mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes
normas:
I – a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra
metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo
sindicato da categoria profissional;
II – haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes
titulares;
III – o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano,
permitida uma recondução.
§1° É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da
Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.
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A questão da garantia provisória de emprego dos integrantes da CCP
empresarial apresenta divergência doutrinária quanto ao termo inicial e à
necessidade de instauração de inquérito judicial para a realização da
dispensa, havendo duas principais correntes de entendimento sobre o tema:
Corrente minoritária: compreende que a garantia provisória de
emprego tem início com a eleição e que não há necessidade de
inquérito judicial para a dispensa, por não existir previsão legal
para tanto.
Corrente majoritária: defende que o termo inicial da estabilidade
é o registro da candidatura e que a dispensa deve ser precedida
por inquérito judicial para apuração de falta grave.
A linha de entendimento majoritária encontra fundamento na interpretação
sistemática do ordenamento jurídico e na aplicação, por analogia, das regras
inerentes à garantia de emprego dos dirigentes sindicais (art. 8°, VIII, CF;
art. 543, §3°, CLT; súmula 197, STF e súmula 379, TST).
Art. 8°. VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado, a partir do
registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se
eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei;
Art. 543. §3° Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou
associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de
direção ou representação sindical ou de associação profissional, até um
ano após o final do seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente,
salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta
Consolidação.
Súmula 197, STF. O empregado com representação sindical só pode ser
despedido mediante inquérito em que se apure a falta grave.
Súmula 379, TST. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por
falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos
arts. 494 e 543, §3°, da CLT.
2.4.4. Passagem pela CCP
O art. 625-D, da CLT, determina que qualquer demanda de natureza
trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia, se ela houver
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sido instituída na localidade da prestação do serviços.
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à
Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de
serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do
sindicato da categoria.
Após a inclusão do dispositivo legal na CLT, foi instaurada controvérsia
doutrinária e jurisprudencial sobre a obrigatoriedade de submissão do
conflito à CCP antes do ajuizamento de uma ação trabalhista.
O Supremo Tribunal Federal, nos autos das ADI´s 2139-7 e 2160-5, adotou
a corrente majoritária e pacificou o entendimento de que a passagem
obrigatória pela CCP é inconstitucional, por ofender o Princípio da
Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5°, XXXV, da CF).
Art. 5°. XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;
Portanto, prevaleceu o entendimento de que a submissão do conflito à CCP
é apenas uma faculdade, não consistindo em condição da ação trabalhista,tampouco pressuposto processual.
2.4.5. Interrupção do contrato individual de trabalho
O representante dos empregados na Comissão de Conciliação Prévia deve
desenvolver suas atividades profissionais regularmente na empresa,
somente sendo afastado no caso de convocação para atuar como
conciliador, hipótese em que o tempo despendido nas atividades
conciliatórias será computado como de trabalho efetivo, conforme previsto
no art. 625-D, §2°, da CLT.
Art. 625-B. §2° O representante dos empregados desenvolverá seu
trabalho normal na empresa, afastando-se de suas atividades apenas
quando convocado para atuar como conciliador, sendo computado como
tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.
2.4.6. Sessão de tentativa de conciliação
Após o requerimento de conciliação perante a CCT, que pode ocorrer por
escrito ou de forma verbal (reduzido a termo), será iniciado um prazo de 10
dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação.
Ocorrência da conciliação (art. 625-E, CLT):
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Caso ocorra a composição durante a sessão, deve ser lavrado o termo de
conciliação, que consiste em título executivo extrajudicial e tem eficácia
liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo
empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da
Comissão, fornecendo-se cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e
terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente
ressalvadas.
É interessante destacar, contudo, a existência de uma linha doutrinária de
entendimento que propõe a interpretação sistemática e teleológica do
mencionado dispositivo legal, concluindo que a eficácia liberatória somente
abrange as parcelas expressamente consignadas no termo de conciliação,
independentemente de ressalva do trabalhador. Essa tese encontra amparo
no conteúdo do art. 477, §2°, da CLT, da súmula 330, do TST e na OJ 270,
da SDI-1, do TST.
Art. 477. §2° O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer
que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada
a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor,
sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas.
Súmula 330, TST. I – A quitação passada pelo empregado, com assistência
de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância
dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia
liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo,
salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela
ou parcelas impugnadas.
II – A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de
quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que
estas constem desse recibo.
III – Quanto a direitos que deveria ter sido satisfeitos durante a vigência
do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período
expressamente consignado no recibo de quitação.
OJ 270, SDI10. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato
de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária
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implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do
recibo.
Tentativa infrutífera de conciliação:
Caso a composição não seja alcançada, deve ser fornecida ao empregado a
DTCF (declaração de tentativa conciliatória frustrada), também
denominada como carta de malogro, a qual dever ser juntada à eventual
reclamação trabalhista.
Art. 625-D. §2° Não prosperando a conciliação, será fornecida ao
empregado e ao empregador declaração da tentativa frustrada com a
descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá
ser juntada à eventual reclamação trabalhista.
A DTCF também deve ser fornecida ao empregado se o prazo de dez dias
para a realização da sessão de conciliação não for respeitado.
Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias
para a realização de sessão de tentativa de conciliação a partir da
provocação do interessado.
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será
fornecida, no último dia do prazo, a declaração a que se refere o §2° do
artigo 625-D.
2.4.7. Suspensão do prazo prescricional
A provocação da Comissão de Conciliação Prévia resulta em suspensão do
prazo prescricional, nos termos do art. 625-G da CLT, que volta a correr a
partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo de
dez dias.
Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da
Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a
partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo
previsto no artigo 625-F.
O Tribunal Superior do Trabalho possui jurisprudência no sentido de que a
suspensão do prazo prescricional não se limita ao período de dez dias,
abrangendo todo o tempo entre a provocação da CCP e a emissão do termo
de conciliação frustrada. Nesse sentido:
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Comissão de Conciliação Prévia. Suspensão do prazo prescricional. Não
limitação ao período de dez dias previsto no art. 625-F da CLT.
O prazo de dez dias previsto no art. 625-F da CLT é direcionado à
Comissão de Conciliação Prévia - CCP, a fim de dar maior celeridade
à tentativa de conciliação, e não à parte que a provocou. Assim,
elastecido o período entre a submissão da demanda à CCP e a data em
que lavrado o termo de conciliação frustrada, todo esse tempo deve ser
computado para efeito de suspensão do prazo prescricional a que
alude o art. 625-G da CLT, sob pena de prejudicar a parte que optou
em buscar a conciliação. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por
unanimidade, conheceu do recurso de embargos do reclamante, por
divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhe provimento para
restabelecer a sentença. TST-E-ED-ARR-1929-04.2011.5.03.0025, SBDI-I,
rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 14.9.2017.
2.5. Arbitragem na área trabalhista
2.5.1. Introdução
A arbitragem é uma forma de heterocomposição regida pela Lei 9.307/96,
sendo caracterizada pela presença de um terceiro com poder de decisão
sobre o conflito apresentado pelas partes.
Prevalece o entendimento de que a arbitragem é compatível com a
Constituição Federal, não ofendendo os princípios do amplo acesso ao
Poder Judiciário, do juiz natural e da imparcialidade.
A compatibilidade da arbitragem com o texto constitucional decorre do fato
de se tratar de um meio de solução de controvérsias facultativo, sendo o
árbitro livremente escolhido pelas partes. Ademais, a validade da sentença
arbitral pode ser discutida perante o Poder Judiciário.
2.5.2. Espécies de arbitragem
Cláusula compromissória: é estipulada antes da ocorrência do
litígio (art. 4° da Lei 9.307/66).
Art. 4° A cláusula compromissória é a convenção através da qual as
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.
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§1° A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito,
podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento
apartado que a ele se refira.
§2° Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá
eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou
concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por
escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula.
Compromisso arbitral: é estipulado após a ocorrência do litígio
(art. 9°, Lei 9.307/66).
Art. 9° O compromisso arbitral é a convenção através da qual as
partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas,
podendo ser judicial ou extrajudicial.
§1° O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos
autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§2° O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito
particular,assinado por duas testemunhas, ou por instrumento
público.
2.5.3. Compatibilidade com a área trabalhista
Conflitos coletivos:
Em respeito ao conteúdo do art. 114, §§ 1° e 2° da Constituição Federal, a
arbitragem é plenamente compatível com os conflitos coletivos de natureza
trabalhista.
Art. 114. §1° Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger
árbitros.
§2° Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
Conflitos individuais:
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Até a promulgação da Lei 13.467/2017, que tratou da Reforma Trabalhista,
prevalecia o entendimento de que a arbitragem era totalmente incompatível
com os conflitos individuais trabalhistas.
O principal fundamento para a incompatibilidade é o art. 1° da Lei
9.307/96, o qual estabelece que a arbitragem somente é cabível para direitos
patrimoniais disponíveis, o que representa conflito com o Princípio da
Indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
Art. 1° As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem
para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§1° A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da
arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.
Com a vigência da Reforma Trabalhista, passou a existir previsão expressa,
no art. 507-A da CLT, acerca da possibilidade de pactuação, por iniciativa
do empregado ou com a concordância dele, de cláusula compromissória de
arbitragem nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja
superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do RGPS.
Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja
superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do
Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou
mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no
9.307, de 23 de setembro de 1996.
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3. ORGANIZAÇÃO DA
JUSTIÇA DO TRABALHO
3.1. Órgãos da Justiça do Trabalho (art. 111, CF)
A jurisdição trabalhista é composta por órgãos de três diferentes graus:
1°: Juízes do Trabalho;
2°: Tribunais Regionais do Trabalho;
3°: Tribunal Superior do Trabalho.
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
I – o Tribunal Superior do Trabalho;
II – os Tribunais Regionais do Trabalho;
III – Juízes do Trabalho.
3.2. Tribunal Superior do Trabalho – TST (art. 111-A
da CF, alterado pela EC 45/04)
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de
dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II – os demais dentre juízes do Trabalho dos Tribunais Regionais do
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior.
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§1° A lei disciplinará sobre a competência do Tribunal Superior do
Trabalho.
§2° Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos
oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
II – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na
forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
3.2.1. Composição
Critérios constitucionais:
27 Ministros;
Brasileiros (natos ou naturalizados);
Mais de 35 e menos de 65 anos;
Nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do
Senado Federal por maioria absoluta;
Regra do quinto constitucional (art. 94, CF):
Um quinto dos lugares ocupados por advogados e membros do Ministério
Público.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto
de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos
órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o Tribunal formará lista
tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Para os advogados, existem três requisitos: mais de 10 anos de efetiva
atividade profissional, notório saber jurídico e reputação ilibada.
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No caso dos membros do Ministério Público, é exigido apenas o tempo
efetivo de exercício (10 anos de carreira).
Restante dos lugares:
Selecionados dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos
da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior do
Trabalho.
3.2.2. Novidades introduzidas pela EC 45/04
ENAMAT:
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho. Possui a função de regulamentar os cursos oficiais para ingresso e
promoção na carreira.
CSJT:
Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Tem por função a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho de 1° e 2° graus, como órgão central do sistema, cujas decisões
terão efeito vinculante.
3.3. Tribunais Regionais do Trabalho – TRT´s (art. 115,
da CF, alterado pela EC 45/04)
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo,
sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados
pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e
menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de
dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
§1° Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante,
com a realização de audiências e demais funções de atividade
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se
de equipamentos públicos e comunitários.
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§2° Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar
o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
3.3.1. Composição
Critérios constitucionais:
No mínimo, 7 juízes;
Mais de 30 e menos de 65 anos;
Nomeados pelo Presidente da República, sem sabatina.
Regra do quinto constitucional (art. 94, CF):
Um quinto dos lugares ocupados por advogados e membros do Ministério
Público;
Demais lugares:
Selecionados dentre juízes do trabalho, adotando-se o critério da promoção
por antiguidade ou por merecimento, alternadamente.
3.3.2. Novidades introduzidas pela EC 45/04
Os TRT´s instalarão a justiça itinerante: tem a função de realizar
audiências e demais atribuições inerentes à atividade
jurisdicional, servindo-se de equipamentos públicos e
comunitários.
Os TRT´s poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
as Câmaras Regionais: objetivo de assegurar o pleno acesso do
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
3.4. Juízes do Trabalho
Com a promulgação da Emenda Constitucional 24/00, foi extinta a
representaçãoclassista da Justiça do Trabalho em todos os graus de
jurisdição. Assim, ocorreu a substituição das antigas Juntas de Conciliação
e Julgamento pelas Varas do Trabalho.
Conforme disposto no art. 116 da CF, cabe a um juiz singular exercer a
jurisdição nas Varas do Trabalho.
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz
singular.
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No entanto, nas comarcas que não são abrangidas pela jurisdição de uma
Vara do Trabalho, é possível que juízes de direito (estaduais e federais)
apreciem causas trabalhistas, nos termos dos arts. 112, da CF, e 668 e 669,
da CLT.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com
recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Art. 668 Nas. localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de
Conciliação e Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de
administração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for
determinada pela lei de organização judiciária local.
Art. 669. A competência dos Juízos de Direito, quando investidos na
administração da Justiça do Trabalho, é a mesma das Juntas de
Conciliação e Julgamento, na forma da Seção II do Capítulo II.
§1° Nas localidades onde houver mais de um Juízo de Direito a
competência é determinada, entre os Juízes do Cível, por distribuição ou
pela divisão judiciária local, na conformidade da lei de organização
respectiva.
§2° Quando o critério de competência da lei de organização judiciária for
diverso do previsto no parágrafo anterior, será competente o Juiz do Cível
mais antigo.
Segundo entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça em
sua Súmula 10, a partir do momento em que é instalada a Vara do Trabalho,
é encerrada a competência do juiz de direito em matéria trabalhista, ainda
que o processo esteja em fase de execução.
Súmula 10, STJ. Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a
competência do Juiz de Direito em matéria trabalhista, inclusive para a
execução das sentenças por ele proferidas.
A situação representada na citada súmula consiste em uma das exceções do
princípio da “perpetuatio jurisdictionis”, previsto no art. 43 do CPC.
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
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4. PRINCÍPIOS
4.1. Princípios constitucionais do processo
4.1.1. Inafastabilidade do controle judicial (art. 5°,
XXXV, CF; art. 3°, CPC)
Art. 5° XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito;
Art. 3°. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito.
Trata-se do princípio que fundamentou o afastamento, pelo STF, da
obrigatoriedade de submissão de conflitos trabalhistas às Comissões de
Conciliação Prévia antes do ajuizamento da demanda na Justiça do
Trabalho, entendimento que é albergado pela jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho, conforme a seguinte ementa:
RECURSO DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL. (…) AUSÊNCIA
DE SUBMISSÃO DA DEMANDA À COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO
PRÉVIA. INTELIGÊNCIA DO ART. 625-D DA CLT. O acórdão do
Tribunal Regional do Trabalho encontra-se em harmonia com a atual e
iterativa jurisprudência da SBDI-1 desta Corte Superior, no sentido de que
não se pode exigir prévia submissão da demanda à Comissão de
Conciliação Prévia, em face da decisão do STF que reconheceu
incidência do princípio da inafastabilidade da jurisdição. Invoca-se,
portanto, o óbice da Súmula nº 333 do TST e do art. 896, § 4º, da CLT.
Recurso de revista de que não se conhece. (…) (RR – 139700-
73.2008.5.22.0001, Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de
Julgamento: 17/12/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: 07/01/2014)
Exceções (limitações ao princípio):
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O princípio da inafastabilidade da jurisdição não é absoluto, havendo
exceções previstas no próprio texto da Constituição Federal, que determina
a submissão de certas matérias à análise administrativa antes do
acionamento do Poder Judiciário.
O primeiro exemplo encontra-se previsto no art. 217, §§ 1° e 2°, da CF,
dispositivos que condicionam a apreciação de ação judicial ao esgotamento
das instâncias da justiça desportiva.
Art. 217. §1° O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.
§2° A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
É imperioso salientar, porém, que a regra somente se aplica a discussões
sobre disciplina desportiva e a respeito de regras da competição, não
criando restrição para o ajuizamento de ações trabalhistas pelos atletas.
O segundo exemplo consiste na necessidade de tentativa conciliatória
anterior ao ajuizamento de dissídio coletivo, nos termos do art. 114, §2°,
CF.
Art. 114. §2° Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.
É interessante destacar, ainda, a existência de jurisprudência do TST no
sentido de que a imposição de desistência de ação judicial como condição
para a adesão do trabalhador a um novo plano de previdência privada não
ofende o princípio da inafastabilidade da jurisdição, desde que seja objeto
de negociação coletiva. Nesse sentido:
Ação rescisória. Caixa Econômica Federal. Novo plano de cargos e salários
(PCS/98) e Estrutura Salarial Unificada (ESU/98). Adesão condicionada à
migração para novo plano de previdência privada da Funcef e à desistência
das ações propostas. Validade.
A SBDI-II, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário
interposto pela Caixa Econômica Federal - CEF para, em juízo rescindente,
considerar a má-aplicação dos arts. 468 da CLT e 5º, XXXVI, da CF, e, em
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juízo rescisório, desconstituir integralmente a decisão, em sede de ação
civil pública, que impedira a CEF de exigir de seus empregados, como
condição à adesão ao Plano de Cargos e Salários (PCS/98) e à nova
Estrutura Salarial Unificada (ESU/2008), a migração para o novo plano de
previdência privada da Funcef, com desvinculação do REG/Replan, e a
desistência das ações propostas e renúncia aos direitos sobre os quais elas
se fundamentavam ou a direitos colidentes com a ESU/2008. Na espécie,
concluiu a Subseção que as condições para a adesão dos empregados à
Estrutura Salarial Unificada decorreram de livre negociação
estabelecida entre a CEF e a Contec, fruto da autonomia privada
coletiva, devendo prevalecer a garantia constitucional de
reconhecimento das convenções e acordos coletivos, prevista no art. 7º,
XXVI, da CF. Constatou-se, ainda, que o efeito liberatório geral e
irrestrito decorrente da adesão à nova estrutura salarial, previsto em
acordo coletivo, não implica desrespeito aos princípios da
inafastabilidade da jurisdição e da indisponibilidade dos direitos
trabalhistas e não viola direito adquirido dos empregados. TST-RO-
705-77.2012.5.10.0000, SBDI-II, rel. Min. Antonio José de Barros
Levenhagen, 6.12.2016.
4.1.2. Juiz natural (art. 5°, XXXVII e LIII, CF)
Art. 5° XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Art. 5° LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
O princípio do juiz natural estabelece que os conflitos devem ser apreciados
por órgãos jurisdicionais já existentes, com competência previamente
definida. Ao mesmo tempo, o princípio veda a criação de órgãos específicos
com a atribuição de apreciar conflitos já estabelecidos.
Sobreo tema, é relevante destacar a seguinte ementa de decisão do TST:
(…) NULIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL.
INOCORRÊNCIA. 1. O princípio do juiz natural, assegurado no artigo
5º, incisos XXXVII e LIII, da Constituição da República, constitui-se
no direito do jurisdicionado de ter sua demanda submetida a juízo
imparcial cuja competência tenha sido previamente instituída e
determinada na forma da lei processual. 2. Constatando-se que os
embargos de declaração interpostos pelo reclamado foram julgados pelo
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mesmo órgão prolator do acórdão em sede de recurso ordinário – 2ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região –, não há falar em ofensa
ao princípio do juiz natural, mormente diante do fato de o relator à época
do julgamento do recurso ordinário não integrar o aludido órgão quando do
exame dos embargos de declaração. 3. Recurso de revista de que não se
conhece. (…) (RR – 23400-79.2006.5.03.0016, Relator Desembargador
Convocado: José Maria Quadros de Alencar, Data de Julgamento:
23/10/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: 08/11/2013)
4.1.3. Devido processo legal (art. 5°, LIV, CF)
Art. 5° LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Sentido formal (procedural due process of law):
Impõe a estrita observância das regras e dos princípios processuais como
condição para a existência de uma prestação jurisdicional adequada e
legítima. O TST manifestou-se sobre o princípio na seguinte decisão:
RECURSO DE REVISTA. (…) 4. MULTA DO ART. 475-J DO CPC.
INAPLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. 4.1. O
princípio do devido processo legal é expressão da garantia
constitucional de que as regras pré-estabelecidas pelo legislador
ordinário devem ser observadas na condução do processo,
assegurando-se aos litigantes, na defesa dos direitos levados ao Poder
Judiciário, todas as oportunidades processuais conferidas por Lei. 4.2.
A aplicação das regras de direito processual comum, no âmbito do
Processo do Trabalho, pressupõe a omissão da CLT e a compatibilidade das
respectivas normas com os princípios e dispositivos que regem este ramo
do Direito, a teor dos arts. 769 e 889 da CLT. 4.3. Existindo previsão
expressa, na CLT, sobre a postura do devedor em face do título executivo
judicial e as consequências de sua resistência jurídica, a aplicação
subsidiária do art. 475-J do CPC, no sentido de ser acrescida, de forma
automática, a multa de dez por cento sobre o valor da condenação, implica
contrariedade aos princípios da legalidade e do devido processo legal, com
ofensa ao art. 5º, II e LIV, da Carta Magna, pois subtrai-se o direito do
executado de garantir a execução, em quarenta e oito horas, mediante o
oferecimento de bens à penhora, nos termos do art. 882 consolidado.
Recurso de revista conhecido e provido.
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(RR – 161000-07.2011.5.21.0004, Relator Ministro: Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 18/12/2013, 3ª Turma,
Data de Publicação: 31/01/2014)
Um exemplo de aplicação do princípio, no processo do trabalho, é
encontrado no art. 195, §2°, da CLT, que prevê a obrigatoriedade da
realização de perícia para apuração de insalubridade e periculosidade.
Art. 195. §2° Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por
empregado, seja por sindicato em favor de grupo de associados, o juiz
designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver,
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.
Sentido material (substantive due process):
Consiste na aplicação da razoabilidade na interpretação das regras
processuais, flexibilizando a rigidez do texto legal para permitir a busca da
verdadeira finalidade da norma, afastando a rigidez quando ela pode ser
prejudicial para a solução adequada do processo.
No processo do trabalho, o princípio permite a superação da rigidez do art.
195, §2°, da CLT, autorizando o julgamento do pedido de adicional de
insalubridade com base em outros meios de prova quando a realização da
perícia é impossível, conforme entendimento consolidado na OJ 278 da
SDI-1 do TST.
OJ 278, SDI-1. A realização de perícia é obrigatória para a verificação de
insalubridade. Quando não for possível sua realização como em caso de
fechamento da empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de
prova.
4.1.4. Contraditório e ampla defesa (art. 5°, LV, CF)
Art. 5° LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
Contraditório:
O princípio do contraditório é composto pelo direito à informação sobre os
atos processuais e a oportunidade de manifestação da parte sobre eles.
Logo, o contraditório representa a ciência sobre as alegações da parte
contrária, as manifestações do juiz e dos auxiliares da justiça, bem como a
possibilidade de se manifestar sobre cada um desses atos.
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Ampla defesa:
O direito à ampla defesa abrange autores e réus e permite que eles utilizem
todos os meios processuais assegurados pela lei para sustentarem suas teses.
Teoria do contraditório diferido ou postergado:
A postergação do direito ao contraditório ocorre quando o seu exercício é
transferido para outro momento, procedimento que é adotado com o
objetivo de não prejudicar o ato processual que será realizado.
A jurisprudência trabalhista admite, por exemplo, o contraditório diferido
acerca da prova pericial contábil, compatibilizando o art. 474 do CPC com
a realidade processual:
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou
indicados pelo perito para ter início a produção da prova.
RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DA PERÍCIA CONTÁBIL.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO AUTORAL QUANTO À
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA. AFRONTA AO ART. 431-A DO CPC
NÃO CONFIGURADA. No caso dos autos, pretende o Reclamante a
nulidade do processo desde a realização da perícia, ao argumento de que
não foi regularmente intimado da data em que seria feita a perícia, tal como
previsto no art. 431-A do CPC. Ora, conquanto não tenha sido
observada a regra inserta no art. 431-A do CPC, não há como se
reconhecer a nulidade na hipótese dos autos. Com efeito, consoante se
depreende dos autos, a única perícia realizada foi a contábil. Dessarte,
a ausência de acompanhamento da parte no momento da realização da
perícia não tem o condão de ensejar a nulidade da prova técnica, pois
não se trata de uma prova que precise de qualquer interferência da
parte quando da sua realização, visto que o laudo contábil pode ser
posteriormente impugnado, com apresentação de quesitos
complementares ou mesmo com a intimação do perito para responder
aos questionamentos em audiência, se necessário. Ademais, -in casu-,
foi mencionado pela Corte -a quo- que o Reclamante não demonstrou o
alegado prejuízo por ele sofrido com o contraditório postergado da
prova pericial contábil, razão pela qual igualmente não se viabilizaria
a declaração de nulidade, ante os termos do art. 794 da CLT. Recurso
de Revista não conhecido. (RR – 30900-81.2009.5.09.0322, Relatora
Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 13/11/2013, 4ª
Turma, Data de Publicação: 22/11/2013)
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4.1.5. Publicidade (art. 5°, LX, CF; art. 770, CLT)
Art. 5° LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Art. 770. Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário
determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis, das seis às
vinte horas.
4.1.6. Vedação à prisão civil por dívida (art. 5°, LXVII,
CF)
Art. 5° LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a
do depositário infiel;
A ilegalidade da prisão do depositário infiel decorre do fato de o Brasil ser
signatário do Pacto de San Jose da Costa Rica (ConvençãoAmericana sobre
Direitos Humanos).
É válido destacar que a norma internacional foi integrada ao ordenamento
jurídico pátrio com status supralegal, pois não foi aprovada com o quórum
previsto na Constituição para que fosse equivalente à Emenda
Constitucional.
Art. 5° §3° Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalente às emendas constitucionais.
Súmula Vinculante 25. É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade do depósito.
4.1.7. Assistência jurídica integral (art. 5°, LXXIV, CF)
Art. 5° LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos;
No processo do trabalho, a assistência jurídica pode ser prestada pelo
sindicato da categoria profissional integrada pelo trabalhador ou pela
Defensoria Pública da União.
Trabalhador integrante da categoria, mas não filiado ao sindicato:
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A assistência judiciária gratuita é realizada pelo sindicato da categoria
profissional àqueles que sejam juridicamente pobres, independentemente de
filiação sindical, conforme disposto no art. 14, §1°, da Lei 5.584/70.
Art. 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a
Lei 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da
categoria profissional a que pertencer o trabalhador.
§1° A assistência é devida, a todo aquele que perceber salário igual ou
inferior ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao
trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação
econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou
da família.
§2° A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado
fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência
Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48
(quarenta e oito) horas.
§3° não havendo no local a autoridade referida no parágrafo anterior, o
atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia da circunscrição
onde resida o empregado.
Trabalhador filiado ao sindicato:
O trabalhador associado ao sindicato possui direito de receber assistência
jurídica gratuita independentemente de sua condição econômica, em razão
da obrigação constante do art. 514, b, da CLT.
Art. 514. São deveres dos sindicatos:
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;
Defensoria Pública da União (arts. 1°; 4°, I; 14 LC 80/94; arts. 3° e 4°,
Portaria 01/2007 DPU):
Há previsão legal do dever da DPU de prestar assistência jurídica integral e
gratuita junto à Justiça do Trabalho, respeitada a prioridade dos
trabalhadores hipossuficientes não sindicalizados.
No entanto, a legislação permite que o Defensor Público informe ao
requerente a impossibilidade de concessão da assistência no caso de falta de
estrutura da Defensoria Pública.
Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
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regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e
gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV
do art. 5º da Constituição Federal.
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em
todos os graus;
Art. 14. A Defensoria Pública da União atuará nos Estados, no Distrito
Federal e nos Territórios, junto às Justiças Federal, do Trabalho,
Eleitoral, Militar, Tribunais Superiores e instâncias administrativas da
União.
Art. 3º. A atuação da Defensoria Pública da União no âmbito das causas
trabalhistas deverá ocorrer de forma integral nas Unidades em que isso
for possível, ou seja, no atendimento a população carente junto à Justiça
do Trabalho dar-se-á preferencialmente aos hipossuficientes não
sindicalizados.
Art. 4º. Nos casos de impossibilidade de prestação de assistência jurídica
integral e gratuita junto à Justiça do Trabalho, deverá o Defensor Público
informar ao requerente a impossibilidade do deferimento da assistência
jurídica em razão da falta de estrutura da Defensoria Pública no prazo de
cinco dias contados da data do atendimento inicial.
Parágrafo único. Caso o requerente da assistência não seja comunicado
no prazo de cinco dias, a assistência jurídica deverá ser regularmente
prestada se presumida ou comprovada a necessidade.
4.1.8. Duração razoável do processo (art. 5°, LXXVIII,
CF)
Art. 5° LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.
Trata-se do princípio que constitucionalizou a celeridade processual, sendo
adotado na jurisprudência trabalhista para amparar, inclusive, a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5lxxiv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5lxxiv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5lxxiv
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transferência de saldo remanescente de um processo para quitação de
execução pendente em outro juízo, conforme a ementa apresentada a seguir:
Mandado de segurança. Execução. Ato judicial que determina a
transferência de saldo remanescente para a satisfação de execução
pendente em outro juízo. Violação de direito líquido e certo. Excesso de
penhora. Não configuração.
É legal o ato judicial que determina a transferência de numerário
excedente ao valor da condenação para satisfação de outra execução
pendente em juízo diverso do executante. No caso, prevaleceu o
entendimento de que é dever do magistrado velar pelo rápido
andamento das causas e pela efetividade da decisão judicial (art. 125,
II, do CPC), bem assim colaborar com as demais autoridades
judiciárias a fim de viabilizar o atendimento do princípio
constitucional da razoável duração do processo. Ademais, não há direito
líquido e certo da impetrante em se eximir do cumprimento de obrigação
imposta por sentença transitada em julgado, quando verificada a existência
de quantia disponível à constrição. De outra sorte, não restou configurado
excesso de penhora, visto que o saldo remanescente não fora retido pelo
juiz executante, mas transferido para satisfazer execução pendente em
outra unidade judiciária, não tendo a executada impugnado o valor da
penhora em momento oportuno. Nesse contexto, a SBDI-II, à unanimidade,
conheceu do recurso ordinário e, no mérito, por maioria, negou-lhe
provimento. Vencidos os Ministros Emmanoel Pereira, relator, Hugo
Carlos Scheuermann e Ives Gandra da Silva Martins Filho, que davam
provimento ao recurso ordinário para conceder a segurança pretendida,
determinando a devolução dos valores constritos em excesso de penhora
pela autoridade coatora. TST-RO-23100-50.2010.5.13.0000, SBDI-II, rel.
Min. Emmanoel Pereira, red. p/ acórdão Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, 25.3.2013.
4.1.9. Motivação das decisões (art. 93, IX, CF)
Art. 93. IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação
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do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação;
Aliado ao princípio da publicidade, representa uma garantia do cidadão e da
sociedade contra o arbítrio dos magistrados.
4.2. Princípios Comuns ao Processo Civil e ao Processo
do Trabalho
4.2.1. Dispositivo, demanda ou inércia da jurisdição
(art. 2°, CPC)
Art. 2° O processo começa por iniciativa da parte ese desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
As partes podem dispor de seu direito de agir e de se defender em juízo,
razão pela qual a tutela jurisdicional não pode ser iniciada sem provocação
da parte interessada.
O princípio dispositivo é atenuado no art. 878 da CLT, que autoriza o juiz a
promover a execução, de ofício, nos casos em que as partes não estiverem
representadas por advogado.
Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução
de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que
as partes não estiverem representadas por advogado.
4.2.2. Inquisitivo ou impulso oficial (art. 2°, CPC)
Art. 2° O processo começa por iniciativa de parte e se desenvolve por
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
A partir do momento que a parte provoca a prestação jurisdicional, o
processo se desenvolve por impulso oficial, sendo dever do juiz realizar a
jurisdição conforme os poderes conferidos pelo ordenamento jurídico.
4.2.3. Instrumentalidade (art. 188, CPC; art. 794, CLT)
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se
válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade
essencial.
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Art. 794. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só
haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes.
O processo não representa um fim em si mesmo, sendo mero instrumento
de realização da prestação jurisdicional.
Por isso, os atos processuais devem ser aproveitados sempre que possível,
mesmo que haja vício na forma, desde que seja alcançada a finalidade do
ato (art. 277, CPC).
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará
válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Exemplos de aplicações no processo do trabalho:
Súmula 427, TST. Havendo pedido expresso de que as intimações e
publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado
advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos
autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.
RECURSO DE REVISTA. (…) DESERÇÃO DO RECURSO
ORDINÁRIO – DEPÓSITO RECURSAL -PREENCHIMENTO
INCORRETO DO NÚMERO DO PROCESSO. Se o depósito recursal foi
efetuado dentro do prazo legal, em instituição credenciada e em
conformidade com o valor arbitrado pelo Juízo, a indicação do
número de outro processo, onde figuram as mesmas partes, por si só,
não invalida o recolhimento pretendido, uma vez que atingida a
finalidade de garantir o juízo. Nesse contexto, é forçoso que o
magistrado examine as irregularidades no preenchimento da respectiva
guia à luz do princípio da instrumentalidade dos atos processuais
insculpido nos artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil. Recurso de
revista conhecido e provido. (RR – 58800-09.2009.5.03.0095, Relator
Ministro: Renato de Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 17/12/2013, 2ª
Turma, Data de Publicação: 19/12/2013)
RECURSO DE REVISTA. RECURSO ORDINÁRIO NÃO
CONHECIDO. DESERÇÃO. CUSTAS PROCESSUAIS. GUIA GRU.
PREENCHIMENTO INCORRETO. Diante dos princípios da
razoabilidade, da instrumentalidade e da finalidade dos atos
processuais, inseridos no art. 244 do CPC, o preenchimento incorreto
do campo “Vara” e a inobservância na nova numeração única do CNJ
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não pode ter o efeito de impedir que a parte tenha sua pretensão
apreciada, sob pena de violação do artigo 5º, LV, da Constituição
Federal, sobretudo quando identificado o recolhimento do valor correto,
no prazo legal e constando da guia a numeração antiga do processo, nome e
CNPJ da reclamada e do reclamante, código da receita e comprovante
bancário. Precedentes desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST-RR-1845-54.2010.5.02.0384, Rel. Min. Dora Maria da Costa, 8ª
Turma, DeJT de 10/05/13)
4.2.3.1. Princípio da metainstrumentalidade ou dupla
instrumentalidade
Inerente ao processo judicial eletrônico, a existência de dupla
instrumentalidade é fundamentada no caráter instrumental do processo e da
tecnologia.
Essa noção de instrumentalidade da tecnologia permite que os meios
eletrônicos sejam utilizados em benefício do processo, representando,
assim, um instrumento (intervenções tecnológicas) a serviço de outro
instrumento (processo judicial).
4.2.4. Impugnação específica ou especificada (art. 341,
CPC)
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as
alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras
as não impugnadas, salvo:
I – se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento público
que a lei considerar da substância do ato;
III – se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos, não se
aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
É ônus da parte se manifestar de forma específica sobre os fatos alegados
pela parte contrária, sob pena de serem presumidos verdadeiros (presunção
relativa).
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Parte da doutrina e da jurisprudência entende que o princípio da
impugnação específica não deve ser aplicado no processo do trabalho, por
ser incompatível com o jus postulandi, que autoriza as partes a defenderem
seus interesses no processo sem a representação por um advogado.
No entanto, prevalece o entendimento de que o princípio é compatível com
o Direito Processual do Trabalho, sendo a incumbência prevista no art. 341
do CPC de ordem lógica e nos limites do bom-senso, não havendo
exigência de que a parte observe requisitos técnico-processuais ao se
manifestar sobre as alegações de fato formuladas pela parte contrária.
A jurisprudência do TST admite, inclusive, a aplicação do inciso III do art.
341 do CPC, para afastar a pena de confissão ficta, quando o conjunto da
defesa permite concluir que a parte reclamada impugnou, ainda que
genericamente, as alegações apresentadas pelo autor. Nesse sentido:
Ação rescisória ajuizada sob a égide do CPC de 1973. Comissões
suprimidas em razão de vendas diretas realizadas pelas reclamadas. Pena
de confissão ficta. Inaplicabilidade. Ônus da impugnação específica.
Observância. Ausência de violação legal.
É inaplicável a pena de confissão ficta, quando do conjunto da defesa
for possível ao julgador extrair que houve, ainda que de forma
genérica, oposição às afirmações do autor. Trata-se de exceção à regra
do ônus da impugnação específica, prevista no caput do art. 302 do
CPC de 1973. No caso, a decisão rescindenda manteve a sentença de
primeiro grau que indeferira o pedido de pagamento das diferenças de
comissões, sob o fundamento de que houve impugnação genérica da
matéria, em virtude da alegação de inexistência de vínculo de emprego
entre as partes. Igualmente, o TRT da 6ª Região, ao julgar
improcedente a pretensão rescisória, concluiu que houve a aplicação, e
não a violação, do inciso III do art. 302 do CPC de 1973, registrando
que as defesas apresentadas pelas demandadas, consideradas em seu
contexto total, rebateram a pretensão de percepção das comissões
suprimidas por vendas diretas realizadas pelas reclamadas. Assim,
mantido o ônus probatório a cargo do autor, dele se exige que faça prova de
suas alegações, não sendo possível o corte rescisório pretendido, porquanto
a violação a dispositivo de lei a que se refere o art. 485, V, do CPC de
1973, capaz de ensejar a desconstituição da coisa julgada, deve ser latente e
literal, o que não se verifica na hipótese vertente, em que a norma
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processual incidente na espécie fora devidamente aplicada. Sob esse
fundamento, a SBDI-II, por maioria, negou provimento ao recurso
ordinário interposto pelo autor. Vencidos os Ministros Maria Helena
Mallmann, relatora, Delaíde Miranda Arantes e Alexandre Agra Belmonte.TST-RO-137-04.2014.5.06.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena
Mallmann, red. p/ acórdão Min. Renato de Lacerda Paiva, 26.6.2018.
4.2.5. Estabilidade da lide (arts. 108 e 329, CPC)
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das
partes nos casos expressos em lei.
Art. 329.O autor poderá:
I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu;
II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de
pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,
facultado o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à
respectiva causa de pedir.
Estabelece que o objeto da demanda não pode ser modificado, tampouco os
sujeitos do processo podem ser alterados, ressalvadas as exceções previstas
em lei.
4.2.6. Eventualidade (art. 336, CPC)
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor
e especificando as provas que pretende produzir.
Todas as teses defensivas devem ser apresentadas na contestação, ainda que
em ordem subsidiária e mesmo que sejam incompatíveis entre si, de forma
que a próxima tese seja analisada na eventualidade de a anterior ser
rejeitada.
4.2.7. Preclusão
É a perda da possibilidade de exercer uma faculdade processual.
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Preclusão consumativa:
Ocorre com a efetiva prática do ato processual, o que exaure a faculdade,
não podendo o ato ser repetido. Dessa forma, uma vez praticado o ato, a
parte não poderá fazê-lo novamente, pois caracterizada a preclusão
consumativa.
Preclusão temporal:
Decorre do transcurso do tempo/prazo fixado para a prática do ato
processual. Ex.: art. 278 do CPC.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade
em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz
deve decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte
legítimo impedimento.
Irregularidade de representação. Questão não impugnada na primeira
oportunidade. Arguição apenas quando a parte a quem socorre a
irregularidade se tornou sucumbente. Preclusão. Configuração. Art. 245 do
CPC.
As alegações relacionadas ao exame de pressupostos extrínsecos
processuais, por serem matéria de ordem pública, não estão sujeitas à
preclusão, devendo ser examinadas de ofício pelo julgador. Todavia,
nos termos do art. 245 do CPC, se a parte a quem socorre a
irregularidade deixa de indicá-la na primeira oportunidade que falar
nos autos, entende-se que anuiu com seu conteúdo, não podendo arguí-
la apenas quando sucumbente em sua pretensão. Na hipótese, trata-se
de vício decorrente da ausência de autenticação da procuração
outorgada aos advogados das reclamadas juntada com a contestação, o
qual não foi alegado pelo reclamante perante a Vara do Trabalho, mas
apenas em sede de embargos de declaração ao recurso ordinário,
quando não mais possível à parte adversa sanar o vício, conforme
disposto art. 13 do CPC. Com esse entendimento, a SBDI-I, por
unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pelo reclamante, por
divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhes
provimento, mantendo a decisão da Turma por fundamento diverso. TST-
E-ED-RR-98500-35.2005.5.01.0047, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da
Veiga, 5.6.2014.
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Preclusão lógica:
É caracterizada pela existência de incompatibilidade entre um ato que se
pretende praticar e um ato que já foi praticado. Ex.: art. 801, parágrafo
único, CLT.
Art. 801. O juiz, presidente ou Juiz classista, é obrigado a dar-se por
suspeito, e pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em
relação à pessoa dos litigantes:
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima;
c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual
haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de
suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também
admitida, se do processo constar que o recusante deixou de alegá-la
anteriormente, quando já a conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou
o juiz recusado ou, finalmente, se procurou de propósito o motivo de que
ela se originou.
Preclusão ordinatória:
Está relacionada ao preenchimento de pressupostos para a prática de atos
processuais. Determinados atos processuais somente são considerados
válidos quando outro ato processual houver sido praticado anteriormente.
Assim, a ausência da prática do ato anterior resulta na preclusão da
possibilidade de se praticar o posterior. Ex.: ausência de recolhimento de
custas e de depósito recursal.
Preclusão máxima:
Ocorre com a formação da coisa julgada, seja formal ou material.
Caracterizada a preclusão máxima, é vedado à parte pleitear e ao juiz
decidir no mesmo processo. Nesse sentido:
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. RFFSA. 1. Inviável
acolher a preliminar de ilegitimidade passiva da extinta RFFSA (formulada
com base em sua responsabilidade subsidiária e na ausência, na lide, do
devedor principal), porquanto a responsabilidade direta da referida
concessionária já fora reconhecida pelo Juízo de primeiro grau, sendo que
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contra tal decisão não se insurgiu a reclamada. Tem-se, por conseguinte,
que sobre o tema já incidiu a preclusão máxima, revestindo a decisão
de imutabilidade nestes autos, porquanto já operada a coisa julgada
material. A pretensão recursal, portanto, encontra óbice no artigo 473 do
Código de Processo Civil segundo o qual -é defeso à parte discutir, no
curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito se operou a
preclusão-. 2. Por outro lado, as condições da ação são aferidas no plano
abstrato, à luz da teoria da asserção, segundo a qual, no conceito de
Guilherme Marinoni, “o que importa é a afirmação do autor, e não a
correspondência entre a afirmação e a realidade, que já seria problema de
mérito” (citado por Fredie Didier Jr. em seu Curso de Direito Processual
Civil, volume 1, p. 173). 3. Agravo de instrumento a que se nega
provimento. (AIRR – 309340-35.1997.5.02.0060, Relator Desembargador
Convocado: José Maria Quadros de Alencar, Data de Julgamento:
09/10/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: 11/10/2013)
Preclusão pro judicato:
É caracterizada quando o magistrado profere uma decisão nos autos sobre
determinado tema, ficando ele impedido de decidir novamente a mesma
questão, ressalvadas as exceções legais (arts. 505 e 507, CPC; art. 836,
CLT).
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas,
relativas à mesma lide, salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio
modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte
pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II – nos demais casos prescritos em lei.
Art. 507. É vedado à parte discutir, no curso do processo, as questões já
decididas, a cujo respeito se operou a preclusão.
Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de
questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste
Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no
Capítulo IV do Título IX da Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do
valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.
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Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-
se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o
acórdão da rescisória e a respectiva certidão de trânsito em julgado.
I – AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA PRELIMINAR
DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO

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