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🦋 Cuidados Paliativos 👩⚕ Adriane Macedo Indicações de Cuidados Paliativos. . Pela definição da Organização Mundial de saúde para Cuidados Paliativos, todos os pacientes portadores de doenças graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida deveriam receber a abordagem dos Cuidados Paliativos desde o seu diagnóstico. Entretanto, sabemos que, se esta referência tivesse de ser cumprida, a maioria dos pacientes permaneceria sem nenhuma assistência paliativa, pois não temos ainda disponibilidade de profissionais e serviços que pudessem dar conta do atendimento desta população. No Brasil por ano ocorrem mais de 1.000.000 de óbitos, sendo que mais de 800.000 são decorrentes de doenças crônicas, degenerativas ou neoplasias malignas. Se avaliarmos esse montante, 80% dessas pessoas, morreram com grande possibilidade de sofrimento intenso. INDICAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS SEGUNDO AS CONDIÇÕES DO PACIENTE *Paciente não é candidato à terapia curativa. *Paciente tem uma doença grave e prefere não ser submetido a tratamento de prolongamento da vida. *Nível inaceitável de dor por mais de 24 horas, sintomas não controlados (náusea, dispneia, vômitos, etc.) *Sofrimento psicossocial e/ou espiritual não controlado. *Visitas frequentes ao atendimento de emergência (mais de 1 vez no mês pelo mesmo diagnóstico). *Mais do que uma admissão hospitalar pelo mesmo diagnóstico nos últimos 30 dias. *Internação prolongada sem evidência de melhora. *Internação prolongada em UTI. *Prognóstico reservado documentado pela equipe médica. INDICAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Unidades onde são fornecidos tratamentos cada vez mais sofisticados, portadores de doenças crônicas estão vivendo mais tempo por causa das inovações tecnológicas e como consequência acabam tendo piores condições de qualidade de vida. Além da formação insuficiente do médico e sua dificuldade em perceber que não pode mais atuar em direção à cura, temos ainda a dificuldade de encarar a própria finitude e impotência diante da inevitabilidade da morte. Os problemas ético-legais que permeiam estas decisões também influenciam a vivência destes dilemas. Entre os dilemas de comunicação temos: 1. Comunicação insuficiente sobre as decisões de fim de vida; 2. Incapacidade de pacientes de participar nas discussões sobre seu tratamento; 3. Expectativas não realistas por parte dos pacientes e de seus familiares sobre o prognóstico ou eficácia do tratamento na UTI; 4. Falta de oportunidades para discussão sobre a forma como eles desejam receber os cuidados no final da vida. *Admissão proveniente de Instituição de Longa permanência de paciente portador de uma ou mais condições crônicas limitantes (por exemplo, demência) *Duas ou mais admissões na UTI na mesma internação *Tempo prolongado de ventilação mecânica ou falha na tentativa de desmame *Falência de múltiplos órgãos Página 1 85A - 5º Período 🦋 Cuidados Paliativos 👩⚕ Adriane Macedo *Paciente candidato à retirada de suporte ventilatório com possibilidade de óbito *Câncer metastático *Encefalopatia anóxica *Sofrimento familiar que comprometa a tomada de decisões DOENÇAS CARDÍACAS DCV – Embora sejam mais comuns com a idade avançada, principalmente a insuficiência cardíaca (IC), elas não se restringem a idosos. A morte de causa cardiovascular mais característica é a morte súbita. Pacientes com IC representam um grande desafio na arte do prognóstico, pois cerca de 60% deles morrem subitamente. E critérios para previsão de morte súbita continuam controversos. Os estudos mais recentes sobre esses fatores prognósticos incluem um peptídeo natriurético do tipo B (BNP), fração de ejeção, diâmetro diastólico final, taquicardia ventricular não sustentada e DM. DOENÇAS PULMONARES Assim como a maior parte das doenças crônicas, determinar o prognóstico ou, ainda, a esperança de vida em pacientes que tenham DPOC é um campo cheio de incertezas. Em todos os grupos, idade, tabagismo, perda da função pulmonar e baixo índice de massa corporal (IMC) são importantes preditores de mortalidade. Em pacientes idosos incluímos, volume expiratório forçado no primeiro segundo, gravidade da debilidade física, idade avançada e uso de oxigênio por longo tempo. Cerca de 20% a 25% dos pacientes que apresentam DPOC grave experimentam dor, depressão, ansiedade e dispneia intensa no fim da vida. DOENÇAS RENAIS Sabe-se que quase 20% dos pacientes com insuficiência renal sob tratamento dialítico param a diálise antes da morte. Com a progressão da doença renal, os Cuidados Paliativos assumem grande importância, levando a um gerenciamento mais adequado do controle de sintomas e à discussão sobre as diretrizes avançadas, considerando a possibilidade de interrupção do tratamento dialítico por escolha do paciente e de sua família. DOENÇAS HEPÁTICAS A progressão da doença hepática leva os pacientes a experimentarem complicações clínicas, como encefalopatia, desnutrição, perda muscular, ascite, hemorragia de varizes esôfago gástricas, peritonite bacteriana espontânea, fadiga e depressão. O transplante de fígado, uma opção válida de tratamento, aumenta o tempo de vida e reduz muitos sintomas, mas, com a atual escassez de órgãos, 10% a 15% desses pacientes morrem. Muitos também não são candidatos a transplante devido à presença de comorbidades. Além disso, alguns pacientes transplantados sucumbem diante das complicações do transplante em si e enfrentam com suas famílias o dilema de uma doença potencialmente tratável, mas ainda frequentemente fatal. HIV/AIDS Apesar dos avanços no tratamento do HIV/AIDS, ainda não há cura. Diferente dos casos de câncer, não temos como prever quando a morte é eminente. À medida que a doença progride, a necessidade de alívio sintomático torna-se mais importante do que o tratamento curativo. Os pacientes com AIDS estarão na fase terminal da sua doença caso não haja regressão dessas alterações: • CD4 + < 25 células/mcl; • Carga viral persistente > 100 mil cópias/ ml; • Houver associação a qualquer uma das situações abaixo: – Linfoma de sistema nervoso central (SNC); Página 2 85A - 5º Período 🦋 Cuidados Paliativos 👩⚕ Adriane Macedo – perda de 33% de massa corporal magra; – Bacteremia por Mycobacterium avium (não-tratada, que não responde ao tratamento, ou o recusa); – Leucoencefalopatia multifocal progressiva; – Linfoma sistêmico, com doença avançada pelo HIV e resposta parcial à quimioterapia; – Sarcoma de Kaposi visceral não- responsivo à terapia; – Insuficiência renal não-elegível ou que não deseja diálise; – Infecção por Cryptosporidium; – Toxoplasmose que não responde à terapêutica; – Baixa performance status – Karnofsky menor que 50%. DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE LONGA DURAÇÃO Apresentam progressão lenta e imprevisível. Os pacientes portadores de doenças neurológicas, de instalação precoce ou adquirida na fase mais tardia da vida, apresentam sofrimentos, de menor ou maior intensidade, físicos, emocionais, familiares, sociais e espirituais e que frequentemente não são detectados por seus médicos, cuidadores ou familiar. Pacientes com essas doenças possuem necessidades diferentes dos portadores de câncer e podem ser caracterizados como portadores de sintomas de desconforto relacionados com sua condição neurológica, com duração e intensidade muito variáveis. Devido ao comprometimento cognitivo, muitas vezes os sintomas são avaliados indiretamente, por meio da percepção de familiares e cuidadores. *Atrofia Muscular Espinhal – Doença degenerativa do sistema nervoso de origem genética, caracterizada por fraqueza e atrofia. Não existe terapêutica farmacológica ou genética. *AVC – Distúrbio cerebral adquirido após oclusão de um vaso ou perfusão inadequada levando a um enfarte ou uma hemorragia no parênquima cerebral.Existem vários tipos de tratamentos. *Paraplegia Espástica Familiar – Grupo de doenças hereditárias do sistema nervoso que incluem a fraqueza lentamente progressiva e espasticidade. Não existe tratamento farmacológico específico. *Poliomielite Aguda – Causada pelo polivírus, é uma patologia que acomete os neurônios motores, células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos. *TCE – Agressão cerebral provocada por força externa e resulta numa incapacidade temporária ou permanente. *ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica – Doença degenerativa progressiva e fatal, caracterizada pela degeneração dos neurônios motores. A duração da doença desde o diagnóstico até à dependência do ventilador ou até à morte é entre 2 a 4 nos. *DA - Doença de Alzheimer MODALIDADES DE ATUAÇÃO E MODELOS DE ASSISTÊNCIA EM CUIDADOS PALIATIVOS HOSPITAL Vantagens: *Profissionais disponíveis 24 horas *Arsenal medicamentoso disponível *Logística adaptada ao ambiente Desvantagens: *Horários para visitas restritos *Número de acompanhantes restrito *Pacientes sob Cuidados Paliativos entre pacientes com outros diagnósticos (hospital geral) *Pacientes sob Cuidados Paliativos entre pacientes em outras etapas de doença *Unidade exclusiva para Cuidados Paliativos pode dar a má impressão de que é unidade para moribundos Página 3 85A - 5º Período 🦋 Cuidados Paliativos 👩⚕ Adriane Macedo *Proporção pacientes funcionário alta, diminuindo o tempo disponível para pacientes. DOMICÍLIO Vantagens: *Atender as necessidades conforme a preferência do paciente *Maior sensação de conforto e proteção *Disponibilidade dos cuidadores direcionada totalmente ao paciente. Desvantagens: *Dependendo da forma como o serviço está estruturado, a disponibilização de drogas pode não ser imediata *Residir o paciente longe de recursos de saúde *Dificuldade na obtenção da declaração de óbito para pacientes que optam por morrer em casa. CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO NO ATENDIMENTO DOMICILIAR: *Ter diagnóstico definido *Ter um plano terapêutico definido e registrado *Residir em domicílio que ofereça as condições mínimas para higiene (luz e água encanada) *Ter cuidador responsável e capaz de compreender as orientações dadas pela equipe *Desejo e/ou permissão expressa para permanecer no domicílio dados pelo paciente ou familiar no impedimento desse. Página 4 85A - 5º Período
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