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1 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT MÓDULO I – PREENSÃO E LOCOMOÇÃO: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT PROBLEMA 2 – Está faltando óleo? Juliana, 39 anos, digitadora, apresenta dor nas mãos com parestesia associada há 2 anos. Ressente-se pois todas as vezes em que procurou o médico foi medicada com Diclofenaco Sódico e orientada ao uso de gelo. Trabalhando uma média de 12 horas por dia percebeu que há pouco mais de 1 ano iniciou quadro de rigidez matinal, calor e rubor nas articulações dos dedos e pequenas deformidades. Em consulta médica anterior foi informada trata-se de um envelhecimento das articulações, o que estranhou pois sua mãe apresentou o mesmo diagnóstico aos 63 anos. Ao exame apresenta dor importante à palpação das articulações metacarpofalangianas (Squeze test) e deformidade nitidamente perceptível em 4 articulações. Submetida à investigação apresentou: Fator Reumatóide positivo em título baixo, Anti-CCP positivo em título baixo, Velocidade de Hemossedimentação e Proteína C reativas anormais Desde então dividindo o uso de anti-infalamatório com sua mãe, iniciou o TTO com o uso de metotrexato se questionando se o causador do seu problema não seria o trabalho como digitadora. Intencionalidade educacional: conhecer as características morfofuncionais das articulações, com ênfase nas articulações sinoviais. Compreender os processos degenerativos que envolvem as articulações. Sumário Articulações ....................................................................................................................................................................... 2 Síndrome do Túnel do Carpo ........................................................................................................................................... 11 AR – Artrite Reumatoide ................................................................................................................................................. 13 Osteoartrite ..................................................................................................................................................................... 31 DORT ............................................................................................................................................................................... 39 Objetivos da Tutoria: 1-Caracterizar as articulações (Anatomofisiológico) 2- Caracterizar a AR, osteortrite e DORT 3- Políticas públicas e Legislação das questões trabalhistas de DORT 2 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Articulações Articulação Para constituir o esqueleto, os ossos unem-se uns aos outros por meio de estruturas formadas por tecido conjuntivo, as articulações. Elas podem ser classificadas em diartroses, que possibilitam grandes movimentos, e sinartroses, nas quais não há movimentos ou, quando ocorrem, são muito limitados. Conforme o tecido que une as peças ósseas, distinguem-se três tipos de sinartroses: as sinartrose, as sincondroses e as sindesmoses. Classificação Sinartrose – FIBROSA: ausência de movimento – imóveis os ossos são unidos por tecido ósseo. Encontram-se unindo os ossos chatos do crânio em idosos. Em crianças e adultos jovens, a união desses ossos é realizada por tecido conjuntivo denso. (Inter digitação com a presença de TCF (cola/ cimentante) sutura e sindesmose (radio e ulna, tíbia e fíbula) – sem afastamento dos ossos Anfiartrose – CARTILAGINOSA: pequenos movimentos (afastamento e aproximação). O Tecido cartilaginoso aparece entre ossos de 2 formas: - A cartilagem é reforçada na periferia por TC fibroso (colágeno tipo I) – Fibrocartilagem preparadas para o suporte/ resistência, encontrados em áreas de grande tensão (ex. entre os corpos vertebrais, pubis) Sínfises/ Sindemoses - Ossos de pouca resistência mecânica (entre as costelas e o esterno), possibilitando o movimento do gradil costal. (Cartilagem hialina) Sincondrose Essas articulações tendem a se ossificar com o passar dos anos. Diminuindo assim a mobilidade na senescência e por isso em casos de ressuscitação em idosos a pressão no tórax deve ser menor, pois as cartilagens costais podem estar ossificadas, e isso deixa o pct mais suscetível a uma fratura do gradil costal, com uma possível perfuração de pleura o que agravaria o quadro (pneumotórax) Diartrose – SINOVIAL: Amplos movimentos (superfície articular, capsula e liquido articular) Superfície articular preparadas para o movimento, com a presença do líquido sinovial (deslizante) e para conter o líquido é necessário a presença da cápsula sinovial. As articulações sinoviais incluem a maioria das articulações do corpo. As superfícies ósseas são recobertas por cartilagem articular e unidas por ligamentos revestidos por membrana sinovial. A articulação pode ser dividida completamente ou incompletamente por um disco ou menisco articular cuja periferia se continua com a cápsula fibrosa, enquanto que suas faces livres são recobertas por membrana sinovial. O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limita-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classifica-las funcionalmente. Uniaxial Atlanto axial, apenas um tipo de movimento, deslizamento latero-lateral – pequena rotação do atlas sobre o processo odontoide – trocoidea Há duas variedades nas quais o movimento é uniaxial: gínglimo ou articulação em dobradiça e trocóide ou articulação em pivô. • Gínglimo ou Articulação em Dobradiça: as superfícies articulares permitem movimento em um só plano. As articulações são mantidas por fortes ligamentos colaterais. Exemplos: Articulações interfalangeanas e articulação úmero-ulnar. • Trocoide ou Articulação em Pivô: Quando o movimento é exclusivamente de rotação. A articulação é formada por um processo em forma de pivô rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô. Exemplos: Articulação rádio-ulnar proximal e atlanto axial. Monoaxial Movimento em um único eixo – extensão e flexão, ex.: art. do cotovelo Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo (1 grau de liberdade). As articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são monoaxiais. Biaxial Movimentos em 2 eixos - selar, elipsoide Quando uma articulação realiza movimentos em torno de dois eixos (2 graus de liberdade). As articulações que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica (articulação do punho) são biaxiais. Há duas variedades de articulaçõees biaxiais: articulações condilar e selar. • Articulação Condilar: Nesse tipo de articulação, uma superfície articular ovoide ou condilar é recebida em uma cavidade elíptica de modo a permitir os movimentos 3 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT de flexão e extensão, adução e abdução e circundução, ou seja, todos os movimentos articulares, menos rotação axial. Exemplo: Articulação do pulso. • Articulação Selar: Nestas articulações as faces ósseas são reciprocamente côncavo convexas. Permitem os mesmos movimentos das articulações condilares. Exemplo: Carpometacárpicas do polegar. Triaxial Esferóide (eixo sagital: adução e abdução, eixo transversal: flexão e extensão, eixo longitudinal: rotação sobre o seu próprio eixo) Quando uma articulação realiza movimentos em torno de três eixos (3 graus de liberdade). As articulações que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas triaxiais,cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Há uma variedade onde o movimento é poliaxial, chamada articulação esferóide ou enartrose. • Articulação Esferoide ou Enartrose: É uma forma de articulação na qual o osso distal é capaz de movimentarse em torno de vários eixos, que tem um centro comum. Exemplos: Articulações do quadril e ombro. Existe ainda um outro tipo de articulação chamada Articulação Plana, que permite apenas movimentos deslizantes. Exemplos: Articulações dos corpos vertebrais e em algumas articulações do carpo e do tarso. As diartroses são as articulações dotadas de grande mobilidade e geralmente são as que unem os ossos longos. Nas diartroses existe uma cápsula que liga as extremidades ósseas, delimitando uma cavidade fechada, a cavidade articular. Essa cavidade contém um líquido incolor, transparente e viscoso, o líquido sinovial, que é um dialisado do plasma sanguíneo contendo elevado teor de ácido hialurônico, sintetizado pelas células da camada sinovial. O deslizamento das superfícies articulares que são revestidas por cartilagem hialina sem pericôndrio, é facilitado pelo efeito lubrificante dos componentes do líquido sinovial. Um dos elementos mais importantes do líquido sinovial, que reduz o atrito entre as superfícies articulares, é o proteoglicano lubricina. O líquido sinovial é uma via transportadora de substâncias entre a cartilagem articular (avascular) e o sangue presente nos capilares da membrana sinovial. Nutrientes e oxigênio (O2) passam do sangue para a cartilagem articular, e gás carbônico (CO2) difunde-se em sentido contrário. A resiliência da cartilagem é um eficiente amortecedor das pressões mecânicas intermitentes que são exercidas sobre a cartilagem articular, e um mecanismo similar ocorre nos discos intervertebrais. Moléculas de proteoglicanos isoladas ou que formam agregados constituem um feltro contendo grande número de moléculas de água. Esses componentes da matriz, ricos em glicosaminoglicanos muito ramificados e hidratados, funcionam como uma mola biomecânica. A aplicação de pressão força a saída de água da cartilagem para o líquido sinovial, o que condiciona o aparecimento de outro mecanismo que contribui para a resiliência da cartilagem. Trata-se da repulsão eletrostática recíproca entre os grupamentos carboxila e sulfato dos glicosaminoglicanos, ambos com carga elétrica negativa. As cargas negativas também são responsáveis pela separação das ramificações dos glicosaminoglicanos, criando espaços que serão ocupados pelas moléculas de água. Assim, quando desaparecem as pressões, a água é atraída de volta para os interstícios entre as ramificações dos glicosaminoglicanos, e o movimento de água com nutrientes e gases dissolvidos é desencadeado pelo uso da articulação. Esse movimento de líquido é essencial para a nutrição da cartilagem e para as trocas de O2 e CO2 entre a cartilagem e o líquido sinovial. As cápsulas das diartroses têm estruturas diferentes, conforme a articulação considerada. Em geral, são constituídas por duas camadas: uma externa, a camada fibrosa, formada por tecido conjuntivo; e uma interna, de células de revestimento da cavidade, a camada ou membrana sinovial. Características especiais das articulações sinoviais Superfícies ósseas – superfícies articulares, revestidas pela cartilagem articular, com a presença de çliquido sinovial entre elas. Algumas possuem adaptações que melhoram a adaptação entre as superfícies e absorvem o choque mecânico (discos articulares e meniscos) Capsula articular: que veda hermeticamente toda essa articulação, produz do liquido sinovial, além de unir a articulação, evitando o deslizamento excessivo das superfícies articulares. Membrana sinovial: porção interna da capsula articular (produtora do liquido sinovial) 4 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Membrana sinovial O revestimento da camada sinovial é composto por dois tipos celulares: um semelhante aos fibroblastos (células F) e outro com aspecto e atividade funcional semelhantes aos macrófagos (células M). A camada fibrosa da cápsula articular é formada por tecido conjuntivo denso. ARTICULACOES FIBROSAS É o tipo de articulação e que o meio de união entre os ossos é constituído por Tecido Conjuntivo Fibroso. O seu grau de mobilidade é sempre pequeno e depende do comprimento das fibras interpostas. Existem três tipos de junturas fibrosas: Suturas, Sindesmose e Gonfose. • Suturas: Nas suturas as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm íntima e firmemente unidos. Conseqüentemente, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os lados da sutura tornam-se firmemente unidos/fundidos. Esta condição é chamada de sinostoses • Sindesmoses: Nestas suturas o tecido interposto é também o conjuntivo fibroso, mas não ocorre nos ossos do crânio. Na verdade, a Nomenclatura Anatômica só registra dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose radio-ulnar. • Gonfoses: Também chamada de articulação em cavilha, é uma articulação fibrosa especializada à fixação dos dentes nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com o osso alveolar. ARTICULACOES CARTILAGINOSAS Nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por cartilagem pelo fato de pequenos movimentos serem possíveis nestas articulações, elas também são chamadas de anfiartroses. Existem dois tipos de articulações cartilagíneas: Sincondroses: Os ossos de uma articulação do tipo sincondrose estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes. Sincondroses Cranianas Esfeno-etmoidal Esfeno-petrosa Intra-occipital anterior Intra-occipital posterior Sincondroses Pós- cranianas Epifisiodiafisárias Epifisiocorporal Intra-epifisária Esternais Manúbrio-esternal Xifoesternal Sacrais As superfícies articulares dos ossos unidos por sínfises estão cobertas por uma camada de cartilagem fibrosa. Entre os ossos da articulação, há um disco fibrocartilaginoso, sendo essa a característica distintiva da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta. Sínfise Púbica Manúbrio-esternal Intervertebrais Sacrais Púbica Mentoniana Articulação Sinovial As articulações sinoviais, o tipo mais comum de articulação, permitem livre movimento entre os ossos que unem; são articulações de locomoção, típicas de quase todas as articulações dos membros. As articulações sinoviais geralmente são reforçadas por ligamentos acessórios separados (extrínsecos) ou são um espessamento de parte da cápsula articular (intrínsecos). Algumas articulações sinoviais têm características diferentes, como discos articulares fibrocartilagíneos ou meniscos, encontrados quando as faces articulares dos ossos são desiguais. 5 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Os seis principais tipos de articulações sinoviais são classificados de acordo com o formato das faces articularese/ou o tipo de movimento que permitem: 1.As articulações planas permitem movimentos de deslizamento no plano das faces articulares. As superfícies opostas dos ossos são planas ou quase planas, com movimento limitado por suas cápsulas articulares firmes. As articulações planas são muitas e quase sempre pequenas. Um exemplo é a articulação acromioclavicular situada entre o acrômio da escápula e a clavícula 2.Os gínglimos permitem apenas flexão e extensão, movimentos que ocorrem em um plano (sagital) ao redor de um único eixo transversal; assim, os gínglimos são articulações uniaxiais. A cápsula dessas articulações é fina e frouxa nas partes anterior e posterior onde há movimento; entretanto, os ossos são unidos lateralmente por ligamentos colaterais fortes. A articulação do cotovelo é um exemplo de gínglimo 3.As articulações selares permitem abdução e adução, além de flexão e extensão, movimentos que ocorrem ao redor de dois eixos perpendiculares; sendo assim, são articulações biaxiais que permitem movimento em dois planos, sagital e frontal. Também é possível fazer esses movimentos em uma sequência circular (circundução). As faces articulares opostas têm o formato semelhante a uma sela (i. e., são reciprocamente côncavas e convexas). A articulação carpometacarpal na base do polegar (1o dedo) é uma articulação selar. 4.As articulações elipsóideas permitem flexão e extensão, além de abdução e adução; sendo assim, também são biaxiais. No entanto, o movimento em um plano (sagital) geralmente é maior (mais livre) do que no outro. Também é possível realizar circundução, mais restrita do que nas articulações selares. As articulações metacarpofalângicas são elipsóideas 5.As articulações esferóideas permitem movimento em vários eixos e planos: flexão e extensão, abdução e adução, rotação medial e lateral, e circundução; sendo assim, são articulações multiaxiais. Nessas articulações altamente móveis, a superfície esferóidea de um osso move-se na cavidade de outro. A articulação do quadril é uma articulação esferóidea na qual a cabeça do fêmur, que é esférica, gira na cavidade formada pelo acetábulo do quadril 6.As articulações trocóideas permitem rotação em torno de um eixo central; são, portanto, uniaxiais. Nessas articulações, um processo arredondado de osso gira dentro de uma bainha ou anel. Um exemplo é a articulação atlantoaxial mediana, na qual o atlas (vértebra C I) gira ao redor de um processo digitiforme, o dente do áxis (vértebra C II), durante a rotação da cabeça. Os seis tipos de articulações sinoviais. As articulações sinoviais são classificadas de acordo com o formato das superfícies articulares e/ou o tipo de movimento que possibilitam. Estruturas das Articulações Móveis: • Ligamentos: Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas paralelamente ou intimamente entrelaçadas umas às outras. São maleáveis e flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento, porém são muito fortes, resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças. • Cápsula Articular: É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). • A Membrana Fibrosa (cápsula fibrosa) é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados extra capsulares ou acessórios e em algumas, como na articulação do joelho, aparecem também ligamentos intraarticulares.Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. • A Membrana Sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular e forma um saco fechado denominado cavidade sinovial. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da produção de líquido sinovial. Discute-se que a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue, mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função lubrificadora. • Discos e Meniscos: Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra- articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas articulações esternoclavicular e ATM. 6 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT • Bainha Sinovial dos Tendões: Facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis fibrosos e ósseos (retináculo dos flexores de punho). • Bolsas Sinoviais (Bursas): São fendas no tecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por sacos fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre proeminências ósseas ou ligamentosas. VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES As articulações são irrigadas por artérias articulares originadas nos vasos ao redor da articulação. Com frequência, há anastomose (comunicação) das artérias para formar redes (anastomoses arteriais periarticulares) e assegurar a irrigação sanguínea da articulação e através dela nas várias posições assumidas. As veias articulares são veias comunicantes que acompanham as artérias e, como as artérias, estão localizadas na cápsula articular, principalmente na membrana sinovial. As articulações têm rica inervação propiciada por nervos articulares com terminações nervosas sensitivas na cápsula articular. Nas partes distais dos membros (mãos e pés), os nervos articulares são ramos dos nervos cutâneos que suprem a pele sobrejacente. No entanto, a maioria dos nervos articulares consiste em ramos de nervos que suprem os músculos que cruzam e, portanto, movem a articulação. A lei de Hilton afirma que os nervos que suprem uma articulação também suprem os músculos que movem a articulação e a pele que cobre suas inserções distais. Os nervos articulares transmitem impulsos sensitivos da articulação que contribuem para a propriocepção, responsável pela percepção do movimento e da posição das partes do corpo. A membrana sinovial é relativamente insensível. Há muitas fibras de dor na membrana fibrosa da cápsula articular e nos ligamentos acessórios, o que causa dor intensa em caso de lesão articular. As terminações nervosas sensitivas respondem à rotação e ao estiramento que ocorre durante a prática de atividades esportivas. ANATOMIA CLÍNICA - ARTICULAÇÕES Articulações do crânio do recém-nascido Não há contato completo entre os ossos da calvária de um recém-nascido. Nesses locais, as suturas formam largas áreas de tecido fibroso denominadas fontículos. O fontículo anterior é o mais proeminente, chamado de “moleira” pelos leigos. Muitas vezes os fontículos em um recém-nascido são palpados como cristas devido à superposição dos ossos cranianos pela moldagem da calvária em sua passagem pelo canal de parto. Normalmente, o fontículo anterior é plano. A protrusão do fontículo pode indicar aumento da pressão intracraniana; entretanto, a saliência durante o choro é normal. As pulsações do fontículo refletem o pulso das artérias cerebrais. Pode-se observar depressão do fontículo quando o recém-nascido está desidratado (Swartz, 2014). Doença articular degenerativa As articulações sinoviais são suficientemente bem projetadas para resistirao desgaste, mas o uso excessivo ao longo de vários anos pode causar alterações degenerativas. Certo grau de destruição é inevitável durante atividades como a corrida, que desgasta as cartilagens articulares e às vezes causa erosão das faces articulares dos ossos subjacentes. O envelhecimento normal da cartilagem articular começa no início da vida adulta e avança devagar, acometendo as extremidades articulares dos ossos, sobretudo do quadril, joelho, coluna vertebral e mãos (Salter, 1998). Essas alterações degenerativas irreversíveis nas articulações diminuem a efetividade da cartilagem na absorção de choques e a lubrificação da superfície. Consequentemente, a articulação torna-se cada vez mais vulnerável ao atrito repetido que ocorre durante os movimentos. Essas alterações não causam sintomas significativos em algumas pessoas, mas causam dor intensa em outras. A doença articular degenerativa ou osteoartrite costuma ser acompanhada por rigidez, desconforto e dor. A osteoartrite é comum em pessoas idosas e geralmente afeta articulações que sustentam o peso do corpo (p. ex., os quadris e os joelhos). A maioria das substâncias existentes na corrente sanguínea, sejam normais ou patológicas, entra com facilidade na cavidade articular. Da mesma forma, a infecção traumática de uma articulação pode ser seguida por artrite (inflamação articular) e septicemia. Artroscopia A cavidade de uma articulação sinovial pode ser examinada por meio da introdução de uma cânula e um artroscópio (um pequeno telescópio) em seu interior. Esse procedimento cirúrgico – artroscopia – permite que os cirurgiões ortopédicos examinem anormalidades articulares, como a ruptura de meniscos (discos articulares parciais do joelho). Durante a artroscopia também podem ser realizadas algumas intervenções cirúrgicas (p. ex., mediante introdução de instrumentos através de incisões perfurantes). Como a abertura na cápsula articular necessária para a introdução do artroscópio é pequena, a cicatrização após esse procedimento é mais rápida do que após a cirurgia articular tradicional. 7 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Articulação do joelho Fémur distal + tíbia proximal + patela (Estruturas articulares + T.A. infrapatelar), são formadas 2 cavidades (supra e infra- meniscal, onde patologicamente apresentam o excesso de liq. Sinovial, coleção sanguínea que devem ser drenadas) Superfície articular lisa e polida com Ligamentos capsulares: fazem parte da capsula articular (colateral fibular e tibial) e ligamentos que preenche o interior da cartilagem, melhorando a estabilidade. Os côndilos permitem um melhor movimento durante a articulação (um se estabiliza e o outro translada) Pelo ângulo de inclinação do côndilo medial, observa-se que ele é mais fixo e que o outro se translada mais, portanto lesões do joelho são mais mediais do que laterais. Cartilagem articular Cartilagem hialina, colágeno tipo II Na Zona subcondral pode ocorrer lesão da cartilagem e da superfície articular e são visíveis em métodos de imagem, mostrando a degeneração da cartilagem articular 8 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Articulação sinovial - Cartilagem articular: colágeno (tipo II), ác. hialuronico e proteoglicanos - Estrutura - 90 a 95% colágeno tipo II - VI, XI, XII, XIV, - Resistencia tensil Matriz conjuntiva Articulação sinovial – cartilagem articular - HISTO Zona superficial - Condrócitos achatados - Colágeno tangencial - + água, - Proteoglicanos Zona intermediária - Condrócitos largos - Colágeno aleatório - < água Zona Profunda/ radial - Condrócitos perpendiculares - < colágeno - < água + proteoglicanos Zona Calcificada - Condrócitos em degeneração ↓ - Cartilagem mineralizada Área subcondral Cápsula articular MEMBRANA FIBROSA: Na porção externa TCD modelado (colágeno tipo I e se dispõe em uma mesma posição) área unitiva, de resistência MEMBRANA SINOVIAL Na porção interna, TCF de preenchimento com uma fina camada de cél epiteliais, tornando a superfície interna lisa e polida, onde está a membrana sinovial área de síntese (produtora do liquido sinovial) Revestimento epitelial Células: - tipo A: cél. de revestimento com função reabsorvitiva/ macrófagos fazem o “reaproveitamento” do liquido sinovial - tipo B: cél. de síntese (mucopolisacarídero, similar ao ác. hialuronico) que é secretado no interior da cavidade articular Cápsula articular - JOELHO 9 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Articulação do Punho A articulação do punho é formada pelas articulações radio ulnar distal e rádio-cárpica. A articulação rádio-ulnar distal é uma juntura trocoide formada entre a cabeça da ulna e a incisura ulnar da extremidade inferior do rádio. É unida pela cápsula articular e pelo disco articular. Cápsula Articular – É constituída de feixes de fibras inseridas nas margens da incisura ulnar e na cabeça da ulna. Apresenta dois espessamentos denominados Ligamento Radioulnar Ventrale Ligamento Radioulnar Dorsal. Disco Articular – Tem forma triangular e está colocado transversalmente sob a cabeça da ulna, unindo firmemente as extremidades inferiores da ulna e do rádio. A articulação rádio-cárpica (sindesmose) é uma juntura condilar. É formada pela extremidade distal do rádio e a face distal do disco articular com os ossos escafoide, semilunar e piramidal. A articulação rádiocárpica é formada pelos seguintes ligamentos: Ligamento Radiocárpico Palmar – É um largo feixe membranoso inserido na margem anterior da extremidade distal do rádio, no seu processo estiloide e na face palmar da extremidade distal da ulna. Suas fibras se dirigem distalmente para inserir-se nos ossos escafoide, semilunar e piramidal. Ligamento Radiocárpico Dorsal – É menos espesso e resistente que o palmar. Sua inserção proximal é na borda posterior da extremidade distal do rádio. Suas fibras são dirigidas obliquamente no sentido distal e ulnar e fixam-se nos ossos escafoide, semilunar e piramidal. Ligamento Colateral Ulnar – É um cordão arredondado inserido proximalmente na extremidade do processo estiloide da ulna e distalmente nos ossos piramidal e pisiforme. Ligamento Colateral Radial – Estende-se do ápice do processo estiloide do rádio para o lado radial do escafoide. Distalmente às articulações estudadas acima, encontramos ainda as articulações intercárpicas, carpometacárpicas, intermetacárpicas, metacarpofalangianas e interfalangeanas. A superfície Radial, possui 2 superficies articulares: Fossa escafoidea e fossa semi-lunar e entre elas uma crista cartilaginosa. E o disco articular, que é sustentado pelo ligamento (complexo fibrocartilaginosa triangular) ligamento que mantem o disco articular e se insere na porção distal da ulna. 10 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT OSSOS DO CARPO O gancho do escafoide e o pisiforme forma um gancho (processos para inserção) Articulações sinoviais (movimento leve de deslizamento) Sustentação do punho, o punho é composto por 3 pilares: Pilar lateral: no polegar, utilizada para o apoio, se direciona para o escafoide Pilar intermédio: começa no dedo anular e apoia no semi- lunar Pilar medial: apoia no osso piramidal e pisiforme e é transmitido para a ulna Túnel do carpo Formação do arco fibroso na região anterior do punho, que permite a passagem dos M. flexores do polegar e dos dedos, do nervo mediano. Protegido por um arco fibroso (retináculo dos flexores) que faz a suafixação no gancho do escafoide e no osso pisiforme. Essas estruturas não tem contato com o tecido ósseo, portanto são revestidos por uma estrutura semelhante a uma capsula articular. Tendo uma parte fibrosa externa e uma parte sinovial interna, produtora de liquido sinovial, e que é hermeticamente selada, formando uma Bolsa/Bursa sinovial. 11 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Síndrome do Túnel do Carpo Ocorre mais frequentemente no sexo feminino (65% a 80%), entre 40 e 60 anos, 50% a 60% são bilaterais característica bilateral aumenta com a duração dos sintomas ligada a uma hipertrofia da sinovial dos tendões flexores por causa de uma degeneração do tecido conjuntivo com esclerose vascular, edema e fragmentação do colágeno. Do ponto de vista fisiopatológico, uma síndrome compressiva combina fenômenos de compressão e tensão. Anatomicamente, existem dois locais de compressão do nervo mediano: um no nível do limite proximal do túnel do carpo, ocasionado pela flexão do punho por causa da alteração na espessura, na rigidez da fáscia antebraquial e na porção proximal do RF; e o segundo no nível da porcão mais estreita, próximo do hámulo do hamato. Compressão e tração nervosa podem criar, de maneira sequencial, problemas na microcirculação sanguínea intraneural, lesões no nível da bainha de mielina e no nível axonal e alterações no tecido conjuntivo de suporte. Lundborg propôs uma classificação anatomoclínica: Estágio precoce – Inicial, caracterizado por sintomatologia intermitente unicamente noturna. Na STC idiopática, múltiplos fatoressão a origem do aumento de pressão intratúnel noturna: • Redistribuição, em posição supina, dos fluidos às membranas superiores; • Falta de um mecanismo de bomba muscular que contribua para drenagem dos fluidos intersticiais no túnel do carpo; • Tendência a posicionar o punho em flexão e aumentar a pressão intratúnel; • Aumento da pressão arterial na segunda metade da noite. Se a pressão ultrapassar 40-50 mmHg, irá interferir no retorno venoso da microcirculação intraneural e causar uma diminuição do aporte de oxigênio intraneural e estase venosa com problemas de permeabilidade originada de edema endoneural. Estágio intermediário – Os sintomas são noturnos e diurnos. As anomalias da microcirculação são permanentes, com edema intersticial epineural e intrafascicular, que causa um aumento de pressão dos fluidos endoneurais. Esse edema intersticial provoca um afluxo celular e causa um espessamento do envelope conjuntivo, notadamente do epineuro. Há também uma destruição da bainha de mielina e dos nodos de Ranvier, na base de condução saltatória de influxo para superfície de fibras nervosas mielinizadas Estágio avançado – Há sintomas permanentes e, sobretudo, sinais de déficit sensitivo ou motor traduzidos pela interrupção de um número de axônios mais ou menos importantes (axoniotmeses). A degeneração walleriana existe no nível dos axônios interrompidos. Os envelopes conjuntivos são a sede de um espessamento fibroso reacional. Após a liberação nervosa, a recuperação depende da regeneração nervosa, demanda vários meses e pode ser incompleta. Diagnóstico Testes • Sinal de Tinel: o teste é positivo se o paciente percebe parestesia durante a percussão manual da face palmar do punho no nível do nervo mediano. A sensibilidade é de 26% a 79% e a especificidade é de 40% a 100%; • Sinal de Phalen: o teste é positivo se ao curso de uma flexão ativa máxima do punho durante um minuto (cotovelo estendido) aparecer parestesia no território do nervo mediano; nota-se um atraso do aparecimento dos sintomas em segundos. A sensibilidade é de 67% a 83% e a especificidade é de 47% a 100%. Exame Eletroneuromiográfico A ENMG compreende uma etapa de estímulo e uma etapa de detecção. Ele é bilateral. A etapa estímulo –detecção permite estudar a condução nervosa sensitiva e motora do nervo mediano e destaca o abrandamento eletivo na passagem do túnel do carpo. Ela permite igualmente a análise da amplitude e da dura ção das respostas motoras e 12 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT sensitivas. Essa exploração é completada por uma medida da condução nervosa do nervo ulnar homolateral e por estudos do lado contralateral. A anomalia elétrica mais precoce e mais sensível é uma diminuição da velocidade d e condução sensitiva (eventualmente identificada pelo método centimétrico) entre a palma da mão e os dedos e o punho. Podemos aceitar uma velocidade transtúnel do mediano < 45 m/s patológica, por uma normal ≥50 m/s. Tratamento • Injeção de local de corticoide: A ação é a redução do volume tenossinovial e um efeito direto sobre o nervo mediano. O principal risco é a lesão do nervo mediano, muito dolorosa, com sensação de choque elétrico e risco de déficit neurológico e dores persistentes. Outra complica ção é o risco de ruptura do tendão. • Órtese: Foi demonstrado que a pressão no túnel do carpo aumenta com a extensão e a flexão do punho. A posição do punho com a tala deve estar em estrita posição neutra rara para diminuir a pressão intracanalicular. A órtese sob medida pode ser feita e adaptada de acordo com as patologias coexistentes (e.g. rizartrose). O resultado desse tratamento parece no máximo equivalente à injeção de corticosteroides. • Ergonomia : A redução, pelo menos temporária, da atividade permite muitas vezes um alívio, particularmente no caso de SCC nos homens após excesso de trabalho manual. • Cirurgia: O princípio é obter a diminuição da pressão intratúnel pelo aumento do volume do túnel do carpo, por causa da secção do retináculo dos flexores (RF). O procedimento é feito sob anestesia locorregional ou local, em princípio em regime ambulatorial, frequentemente sob torniquete. O procedimento é, em princípio, unilateral. Três técnicas são atualmente usadas: Procedimento aberto; As técnicas conhecidas como miniopen; As técnicas endoscópicas 13 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT AR – Artrite Reumatoide Introdução É uma doença sistêmica do tecido conjuntivo ● a doença se inicia na membrana sinovial ● sinovite – inflamação da membrana sinovial ● é uma doença potencialmente erosiva e deformante, isto é, pode cursar com uma grande variedade de manifestações Diferente da osteoartrite que é uma doença da cartilagem O objetivo é fazer o diagnóstico precoce da doença e assim iniciar um tratamento ● com isso o curso da doença será melhor, com uma menor morbidade (menor destruição articular) e menor mortalidade (a principal causa de mortalidade dos pacientes com doença reumatoide são as doenças cardiovasculares, tais como o infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crônica, prevalente no mundo todo acometendo cerca de 1% da população mundial. É uma doença com quadro clínico característico em sua apresentação clássica e patogênese complexa. A artrite reumatóide é uma doença inflamatória por excelência. O elemento clínico dominante e aquele relacionado à maior morbidade da doença é a presença de artrite, ou seja dos fenômenos clássicos da inflamação (dor, calor, rubor, tumor e perda de função) nas mais diferentes articulações diartrodiais. É uma doença crônica, com fenômenos inflamatórios persistentes, duração > 6 semanas, debilitante e com acentuado caráter sistêmico, pois sinais e sintomas gerais como febre, malestar, emagrecimento, adinamia, além do comprometimento de outros órgãos ou sistemas, podem estar presentes. Embora sua etiologia permaneça desconhecida, o envolvimento do sistemaimunológico, de processos autoimunes, está bem definido, caracterizado pela presença de auto-anticorpos como o fator reumatóide, que é um auto-anticorpo padrão, um anticorpo dirigido contra um outro anticorpo, ou seja, uma imunoglobulina, geralmente IgM dirigida contra a porção constante de uma IgG. A importância de um componente hormonal é indicada pela maior incidência da doença em mulheres (proporção de pelo menos 3 mulheres para cada homem com artrite reumatóide), no período da pré-menopausa ou pós-parto, e melhora dos sintomas durante a gestação. Considera-se como fator protetor o uso de pílulas anticoncepcionais, sugerindo-se que as oscilações hormonais das mulheres têm implicação na doença. Em relação aos fatores ambientais, estudos populacionais e em gêmeos sugerem fortemente a existência de fatores não genéticos envolvidos no desenvolvimento da artrite reumatóide, como o tabagismo e algumas infecções, particularmente aquelas causadas por EBV (Epstein-Barr), parvovírus B-19 e três bactérias: M. tuberculosis, Escherichia coli e Proteus mirabilis, como agentes desencadeadores da doença. É importante ressaltar que nenhum destes ou de outros agentes foi considerado agente causal. Fatores como o estresse e a dieta também já foram estudados e parecem contribuir mais para a gravidade da doença. Inúmeros estudos apontam para um importante componente genético nesta doença. Classicamente, a artrite reumatóide afeta de modo predominante as pequenas articulações periféricas de forma simétrica e aditiva, podendo evoluir para a incapacidade física e significativa limitação da qualidade de vida. Epidemiologia ● é a doença autoimune mais frequente – envolve 1% da população adulta Dados epidemiológicos ● acomete pessoas de 30 a 50 anos de idade, ou seja, envolve a população economicamente ativa ● acomete principalmente o sexo feminino (8:1 – América Latina) 14 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT No Brasil, estimas-se que atualmente existam cerca de 2 milhões de portadores (prevalência ~ 1%).A doença predomina na faixa etária entre 25-55 anos, e a preferência, assim como acontece em outras moléstias autoimunes, é pelo sexo feminino (proporção de 3:1). É digno de nota que após os 65 anos a diferença de incidência entre os sexos diminui... O tabagismo é considerado um dos fatores de risco mais bem estabelecidos para AR, inclusive se associando à ocorrência de doença “soropositiva” (isto é, presença de fator reumatoide e/ou anti-CCP positivo). Outros fatores de risco são a exposição ocupacional à sílica, ao asbesto e à madeira. Etiopatogenia ● a etiologia não é 100% definida (é desconhecida) ● é embasada pelo aspecto genético, hormonal e ambiental ► Genético ● a predisposição genética possui uma prevalência de 2 a 10 vezes maior em parentes de primeiro grau de pacientes com artrite reumatoide (AR) ● a pessoa geneticamente predisposta a ter a AR possuirá doença de evolução mais grave (do ponto de vista articular e do ponto de vista sistêmico) → A pessoa com predisposição possui uma sequência específica de 5 aminoácidos no gene HLA-DRB1 (gene de histocompatibilidade humana). Quando o paciente tem determinada sequência de aminoácidos na região especifica do gene, são chamados de epítopo compartilhado (epítopo compartilhado HLA DRB1) → Sequência contendo QKRAA ou QQRAA ou KKRAA → Esta sequência é encontrada nos múltiplos genes HLADR associados com a doença, incluindo os genes HLADR4 e DR1, e se correlacionam com a severidade da doença, com as formas erosivas e com as manifestações extra- articulares. → Pacientes portadores desse epítopo compartilhado + tabagismo possuem um risco maior de desenvolvimento da AR ► Gatilhos Ambientais ● é importante salientar que não basta a pessoa ter apenas a predisposição genética, é necessário um gatilho ambiental ou hormonal para desenvolver a doença ● o principal gatilho ambiental é o tabagismo → O Tabagismo está ligado ao aparecimento da AR ● possui relação com maior gravidade da AR ● possui relação com manifestações extra articulares ● fator de risco para doenças cardiovasculares ● fator de risco para doenças articulares ● paciente com doença reumatoide não pode fumar → Fatores Infecciosos a) Doença Periodontal ● causadora – bactéria porphyromonas gingivalis ● essa bactéria expressa a enzima PAD-4 que participa do processo de citrulinização b) Alterações da Microbiota Intestinal ► Gatilho Hormonal ● os hormônios tem um efeito imunomodulatorio no sistema imune ● efeito estimulador do estrógeno no sistema imune – por isso, mulheres são mais afetadas ● há mehora da AR na gestação ● recorrência da condição no período pós-parto A etiologia, ou seja, as causas da artrite reumatóide, ainda não são completamente conhecidas. Há evidências da interação de vários fatores para o desenvolvimento da doença. São eles: fatores genéticos, do hospedeiro (hormonais etc.) e ambientais (agentes infecciosos, tabagismo, entre outros). De maneira geral, podemos dizer que existem indivíduos suscetíveis geneticamente à AR, que são expostos a patógenos desconhecidos (antígenos), e que isto gera uma resposta imunológica persistente e desregulada nas articulações sinoviais. O alvo primário da inflamação na AR é a membrana sinovial, que sofre intensa transformação. A membrana sinovial é constituída de tecido conjuntivo frouxo e, normalmente, uma a duas camadas de células revestem sua superfície mais interna. Na AR, a membrana sinovial torna-se mais espessa às custas de um aumento no número de suas células constituintes (sinoviócitos do tipo A e B), e por uma invasão maciça de diversas células do sistema linfo-hematopoiético. As células do tipo A são semelhantes a macrófagos, e as do tipo B, a fibroblastos; estas últimas são as responsáveis pela síntese do líquido sinovial. Nas camadas mais profundas da membrana sinovial da AR, observa-se um acúmulo de vasos neoformados e, com freqüência, aglomerados linfóides muito semelhantes aos folículos e aos vasos/vênulas de um linfonodo. Na região da membrana sinovial em íntima relação com a cartilagem articular e com o osso adjacente, observa-se um tecido granulomatoso com células gigantes, fibroblastos e macrófagos. Recebe o nome de Pannus e tem potencial de invadir e induzir degradação, perda de condrócitos e erosões ósseas, normalmente pela secreção de enzimas proteolíticas ou pela ação direta sobre condrócitos e osteoclastos. Os folículos linfóides observados na sinóvia da AR são ricos em células T CD4+8-10. Macrófagos são encontrados tanto nos folículos como ao seu redor. As células T CD8+, assim como outras células plasmáticas, são mais freqüentes entre os neovasos. Linfócitos B são mais raros nas camadas profundas da sinóvia. A maioria destas células está em sua forma ativada, isto é, expressam na membrana moléculas ou antígenos do CMH (complexo maior de histocompatibilidade) tipo II (50%), receptores de TNF (fator de necrose tumoral) (80%), entre outros, e produzem citocinas pró-inflamatórias. O líquido sinovial 15 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT também se transforma na AR com aumento de volume e celularidade. As células mais abundantes no líquido sinovial são os polimorfonucleares, que raramente são encontrados na membrana sinovial, seguidos das células T, macrófagos, células dendríticas e células B em pequenas quantidades. Descrever a patogenia de uma doença crônica para a qual não há um modelo animal preciso é muito difícil. Podemos descrever com base em estudos clínicos os eventos que ocorrem quando a doença está estabelecida, mas os eventos precoces muitas vezes são apenas especulações. Didaticamente, pode-se dividir os principais eventos da patogênese nos tópicos a seguir. Recrutamento celular • A grande quantidadede células que invade a membrana sinovial na AR é originária do sistema linfohematopoiético, o que implica a existência de um processo aumentado de recrutamento celular e de retenção local dessas células. A membrana sinovial sofre intensa neovascularização por meio da ação de citocinas angiogênicas, como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), facilitando assim o aporte celular. Além disso, aumenta a expressão de moléculas de adesão nos linfócitos, polimorfonucleares, monócitos e nas células endoteliais, o que facilita a adesão e a migração celular local (VCAM-1, ICAM-1 e E-selectina têm sua expressão aumentada pela atuação local de IL-1 e TNF). Fatores quimiotáticos também são importantes e incluem representantes de duas grandes famílias de citocinas: “C- X-C(alfa)”, como por exemplo IL-8 (quimiotática predominantemente para neutrófilos), e “CC( beta)” como por exemplo RANTES (regulated upon activation, T- cell expressed, and secreted), MCP-1 alfa e beta (citocinas quimiotáticas para monócitos). Resposta imune local • Há dois tipos de linfócitos envolvidos na patogênese da AR: o linfócito T e o linfócito B. As células T podem ser CD8+ (citotóxicas) ou CD4+(helper). Na membrana sinovial, 40% das células são linfócitos T, predominantemente CD4+, que são células auxiliadoras que regulam a resposta imune. São capazes de estimular uma resposta imune específica e adequada. A análise das células CD4+, que infiltram a sinóvia, indica que a maioria é do subtipo Th1. Ou seja, são dependentes do estímulo das citocinas IL-12 e IFN-gama. Causarão uma resposta mediada por células, e não por anticorpos. Entretanto, no microambiente articular, as principais citocinas – IL-1 (interleucina 1) e TNF-alfa (fator de necrose tumoral) envolvidas no processo de destruição/lesão da articulação e perpetuação da inflamação não são produzidas pelos linfócitos, mas por macrófagos ativado. Na membrana sinovial da AR, os linfócitos T CD4+ (helper) estão normalmente ativados, isto é, chegam à sinóvia já expressando grande quantidade de antígenos de superfície do CMH II (HLA-DR) e outros marcadores de superfície, indicadores de que, em sua maioria, são células de memória, e que portanto já foram expostas a antígenos que deflagraram sua ativação, provavelmente em outros sítios distantes da articulação. Estes linfócitos desempenhariam um papel fundamental no desencadear da doença e na migração articular das células, porém teriam papel patogênico secundário como efetores de lesão. Os linfócitos B são responsáveis pela produção do fator reumatóide, um auto-anticorpo que pode formar imunocomplexos, ativar complemento, atraindo polimorfonucleares para a articulação. Os neutrófilos raramente são vistos na membrana sinovial. Passam por ela e são abundantes no líquido sinovial. Têm papel importante na degradação da cartilagem, liberando radicais livres derivados do oxigênio e enzimas proteolíticas. Outras células fagocitárias: como macrófagos e monócitos também estão presentes. Cerca de 20% das células da membrana sinovial são macrófagos que produzem várias citocinas importantes no processo patogênico da AR, como veremos a seguir Papel das citocinas • Citocinas são glicoproteínas solúveis que servem de mensageiros químicos entre células e estão envolvidos em conhecidos processos básicos como inflamação, crescimento e diferenciação celular e regulação da resposta imune. Normalmente, são de expressão temporária em um microambiente, mas na AR têm expressão prolongada e contínua6,8 OTNF-alfa e a IL-1 são considerados, hoje, elementos-chave na patogênese da AR. Ambos estão presentes na sinóvia e no líquido sinovial. Na membrana sinovial, a síntese de IL1 é quase totalmente dependente do TNF-alfa, configurando um processo de retroalimentação positiva. Estas duas citocinas induzem um fenótipo pró-inflamatório nas outras células da membrana sinovial, estimulam a ativação dos linfócitos B e T, quimiotaxia, angiogênese e produção de metaloproteinases. Outras citocinas estão envolvidas, contribuindo para a complexa fisiopatologia da doença, tais como IL- 6, IL-8, IL-12, IL-15, IL-17, IL-18, sistema RANK, RANK-L e osteoprotegerina e fatores de crescimento. 16 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Etiopatogênese ● a predisposição genética (presença do epítopo compartilhado em uma região especifica do HLDABR1) + gatilho ambiental (tabagismo ou infecções) = aparecimento da doença AR ► Processo de desenvolvimento da AR – FASE PRÉ ARTICULAR a) gatilho ambiental – tagabismo ● irá ocorrer na arvore traqueobrônquica desse individuo o processo de citrulinização, que é a troca do aminoácido da proteína arginina por uma citrulina. Esse processo é mediado pela enzima PAD4 ● quando ocorre troca de um aminoácido, é um neoepítopo, isto é, é reconhecido como algo diferente ao corpo “não self”. Com isso, o corpo cria um arsenal imunológico para tentar combater isso, ocorrendo destruição (autoimunidade) ● esse processo imunológico de destruição ocorre principalmente através de autoanticorpos, ou seja, irão agir contra os peptídeos citrulinados. Os anticorpos são denominados autoanticorpos contra peptídeo citrulinado cíclico (anti CCP) – anticorpos específicos ● se o paciente possuir predisposição genética, o processo de autoimunidade começa com mais avidez (pior prognostico) ● importante ressaltar que nessa fase o paciente é assintomático, pois é um período pre articular b) gatilho ambiental – infecções ● ocorre no tecido gengival o processo de carbamilação, em que a lisina é trocada por uma homocitrulina. Isso cria neo-epitopos que podem ser reconhecidos pelo sistema imune adaptativo. Estes peptídeos alterados são apresentados por células apresentadoras de antígenos (APCs), ativam uma resposta imune adaptativa em tecidos linfoides e geram aa formação de autoanticorpos. A imunidade do corpo produzira anticorpos anti carba (autoimunidade) ● se o paciente possuir predisposição genética, o processo de autoimunidade começa com mais avidez (pior prognostico) ● importante ressaltar que nessa fase o paciente é assintomático, pois é um período pre articular ► Processo de desenvolvimento da AR – FASE INTRA- ARTICULAR ● esses autoanticorps produzidos no sangue irão acarretar em um recrutamento articular de células inflamatórias, tais como os macrófagos, células B, linfócitos TH17, fibroblastos, osteoclastos e condrócitos – ocorrerá o processo inflamatório na articulação (espaço intra-articular) ● o macrófago migra para o espaço intra-articular, produzindo várias citocinas pro inflamatórias, tais como a IL-1, IL-6 e TNF 𝛼. Essas citocinas vão levar a ativação de células que já estão no espaço intra-articular e de células que estão no processo pré-articular, tais como os osteoclastos e fibroblastos. Após ser ativadas por essas citocinas inflamatórias, essas células irão produzir enzimas denominadas metaloproteinases que vão levar a erosão óssea (destruição do osso periarticular) e destruição cartilaginosa (final do processo inflamatório da artrite reumatoide) ● o pannus é a membrana sinovial espessada, local onde se inicia o processo inflamatório do ponto de vista articular da artrite reumatoide ► Papel dos Linfócitos B ● O linfócito TCD4 que ativa o macrófago, também pode ativar o pré linfócito B que expressa na sua superfície uma molécula de identificação (CD20 ). O linfócito B principalmente, produz imunoglobulinas (o fator reumatoide no caso em questão). ● quando essas imunoglobulinas especificas se ligam aos respectivos antígenos eles vão se depositar no órgão alvo (articulação/membrana sinovial) e isso leva a formação de imunocomplexos (ligação do anticorpo com antígeno) e ativação da cascata complemento → gerando inflamação/ sinovite crônica Pannus ● na AR há um espessamento da membrana sinovial (hiperplasia)chamado de pannus (dentro dele esta cheio de células inflamatórias). Esse processo inflamatório leva a erosão óssea e cartilaginosa ● além desse papel, ele possui um papel metaplasico, levando a uma metaplasia óssea e cartilaginosa, gerando a 17 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT anquilose (perda completa do espaço articular – “junta um osso com o outro”) o que causa perda da mobilidade Articulação Normal Articulação Alterada Manifestações da Artrite Reumatoide ● a AR possui uma instalação insidiosa (é crônica) ● um dos critérios classificatórios da artrite reumatoide é um quadro articular com mais de 6 semanas de evolução ► Sintomas Constitucionais ● febre (devido a presença da IL-6) ● astenia ● fadiga ● perda ponderal ● dores musculoesqueléticas Mesmo com esses sintomas não dá para confirmar a AR. Apenas que está ocorrendo uma inflamação, podendo ser doença autoimune, doença neoplásica, doença infecciosa.... Esses sintomas costumam anteceder o quadro articular característico e podem reaparecer quando a pessoa possui AR Com frequência, o quadro articular característico da artrite reumatoide é precedido de manifestações gerais como fadiga, mialgia e febre. O início da doença ocorre, habitualmente, entre os 20 e 60 anos de idade, com a maior incidência entre 35 e 45 ano. ► Quadro Clássico da Doença Reumatoide Poliartrite – só é considerado poliartrite se está acometendo 4 ou mais articulações ● artrite – há inflamação (para ser considerado deve-se ter dor e edema) ● artralgia – apenas há dor Crônica – mais de 6 semanas de evolução Aditiva: a artrite começa em um local, não melhora e vai para outro local (não é migratório, é aditivo). Se for migratório o paciente relata que melhora e vai para outra articulação Simétrica: acomete ambos os lados do corpo Caráter inflamatório: edema, dor variável, rigidez matinal Potencialmente Erosiva ● relação com o pannus cheio de células inflamatórias e metaloproteinases gerando destruição óssea e cartilaginosa Dor de intensidade variável (mas predomina dor moderada) ● a dor piora com o repouso e melhora com a movimentação Edema borrachóide Atenção !! ● Para ser considerado rigidez matinal ela deve ocorrer por mais de uma hora ● Paciente deve relatar que o local acometido amanhece “rígido” ● A rigidez não é mais critério classificatório de artrite reumatoide pois não é um dado especifico e extremamente objetivo AR predomina em pequenas articulações ● principalmente punhos, metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais e metatarso falangeanas, mas pode acometer qualquer local que há membrana sinovial (ombros, joelhos ) ● NA AR NÃO HÁ ENVOLVIMENTO DA INTERFALANGIANAS DISTAIS Manifestações Articulares da Artrite Reumatoide ● aumento da 2ª e 3ª interfalangeanas proximais esquerdas ● tecido edemaciado (borrachoide) ● presença de deformidade – Dedo em Fuso Aumento de volume na topografia do punho Aumento de volume na 2ª e 3ª metacarpofalangeana – edema borrachoide Aumento de volume na 5ª interfalangeana proximal - edema borrachoide ● Discreta hipotrofia da musculatura interóssea – tende a formar uma deformidade chamada Mão em Dorso de Camelo ● Para se ter mão em dorso de camelo deve-se ter sinovite de punho, sinovite de metacarpolafangianas e hipotrofia da musculatura interóssea 18 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Hipotrofia da musculatura interóssea – Mão em Dorso de Camelo Aumento de volume na topografia das metacarpofalangeanas – edema borrachoide Deformidade – desvio ulnar dos dedos (dedos desviam para o lado da ulna) ou Mão em Ventania Deformidade no polegar – Polegar em Z ou Dedo de Caroneiro Aumento de volume nas metacarpofalangeanas Dedo em Botoeira – flexão da interfalangiana proximal e hiperextensão da distal Dedo em Pescoço de Cisne – hiperextensão da proximal e flexão da distal Desabamento do arco plantar longitudinal - Pé Plano Hálux valgo (ocorre na artrite reumatoide e na osteoartrite) Presença de calosidades Manifestações articulares O quadro clínico, desde o seu início caracterizado por dor e edema das articulações, é frequentemente poliarticular, envolvendo, em especial, as pequenas articulações de mãos e pés (70% dos casos), embora qualquer uma das 68 articulações diartrodiais do organismo seja passível de acometimento. Em cerca de um terço dos pacientes, a doença pode estar limitada a uma ou duas articulações, geralmente um ou ambos os joelhos. Na maioria dos pacientes, o acometimento articular é simétrico e aditivo, como descrito nos critérios de classificação da doença. A rigidez articular (enrijecimento ou sensação de inchaço) é observada principalmente pela manhã, após o período de inatividade noturna (rigidez matinal) e melhora com a movimentação. A presença da rigidez matinal prolongada (maior ou igual a uma hora) também é um dos critérios de classificação da artrite reumatóide. Sua duração é valorizada como índice de atividade inflamatória, ou seja, rigidez matinal de maior duração indica maior intensidade do processo inflamatório. As articulações mais acometidas nos membros superiores são as do punho, metacarpofalangianas e interfalangianas proximais. Ao contrário da artrite psoriática e da osteoartrose, o envolvimento das interfalangianas distais é incomum. Ao conjunto de punho alargado pela sinovite, atrofia dos músculos interósseos das mãos e aumento de volume das metacarpofalangianas e/ou interfalangianas proximais, com um aspecto característico, chamamos de mão reumatóide. Deformidades típicas, embora não patognomônicas, são observadas na evolução da doença como desvio ulnar dos dedos, dedo em “pescoço de cisne” (hiperextensão da articulação interfalangiana proximal e flexão da interfalangiana distal) e boutonniere (flexão da interfalangiana proximal e hiperextensão da interfalangiana distal). Compressões neurológicas periféricas também podem ocorrer. São decorrentes, por exemplo, do processo inflamatório nos punhos e tendões, particularmente nos tendões flexores, podendo causar compressão do nervo mediano com desenvolvimento da síndrome do túnel do carpo. De maneira similar, pode ocorrer compressão do nervo ulnar (envolvimento do canal de Guyon, ou no cotovelo) e síndrome do túnel do tarso (compressão do nervo tibial posterior). Em relação ao cotovelo, artrite é freqüente, verificando- se quadro doloroso pouco expressivo e significativa limitação funcional. Fig.1: Aspecto simétrico da mão reumatóde com alargamento de punhos, atrofia da musculatura interóssea, aumento do volume das articulações metacarpofalangianas e falango- falangianas proximais. Presença de nódulos reumatóides. 19 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT Fig. 2:Alargamento de punhos, aumento e subluxação das articulações metacarpofalangianas e desvio ulnar dos dedos característicos da AR Os membros inferiores, joelhos e pés também são frequentemente acometidos, inclusive nas fases iniciais da doença. Observa-se artrite nos tornozelos, metatarsofalangianas e interfalangianas dos artelhos, evoluindo com deformidades como desabamento do arco transverso e longitudinal dos pés, desvio e desalinhamento dos artelhos com valgo do primeiro artelho, sobreposição de interfalangianas e dedos em martelo (hiperflexão da articulação distal do artelho). Estas deformidades, embora comuns e características, não são patognomônicas. Quanto ao envolvimento do joelho, caracteriza-se pela formação de grandes derrames e de cistos sinoviais – particularmente o chamado cisto de Baker, que pode se estender para a fossa poplítea, panturrilha e face posteriorda coxa. Seu eventual rompimento pode causar quadro clínico semelhante a tromboflebite. A artrite reumatóide também acomete o esqueleto axial. A freqüência do envolvimento da coluna cervical varia entre 17 e 86%, dependendo da seleção de pacientes, da técnica e dos critérios radiológicos empregados. Quadros de compressão medular e mesmo morte súbita são observados como conseqüência principalmente da subluxação atlanto-axial. O envolvimento da coluna lombar e sacroilíaca é raro. A articulação temporomandibular é comprometida em mais de 50% dos pacientes, tornando difícil a mastigação, e pode ser causa de dor referida no ouvido médio e garganta. Artrite da articulação cricoaritenóidea pode levar à rouquidão e mesmo à obstrução grave das vias áreas superiores. A artrite esternoclavicular ocorre em 30% dos pacientes, com radiografia normal, e só a tomografia irá mostrar anormalidades. Outras Manifestações Articulares ● qualquer articulação sinovial pode ser comprometida ► Ombros, cotovelos, joelhos e coxo-femorais ● toda vez que nossa articulação esta inflamada, a atitude antálgica é de ficar em semiflexão (bloqueio) – o paciente deve ser informado para ficar com a articulação inflamada esticada mesmo que isso cause dor, se não há perda de funcionalidade ► Coluna vertebral ● pode ocorrer subluxação ou luxação C1 e C2 (atlanto cervical) ● sinais e sintomas – cervicalgia alta, rigidez de pescoço, sinais neurológicos de compressão medular (casos mais graves) ► ATMs: dor e dificuldade de mastigação ► Cricoaritenóidea: pode gerar rouquidão Manifestações Periarticulares ► Síndrome do túnel do carpo: o edema no punho pode levar a compressão do nervo mediano, gerando a síndrome ► Cistos Sinovais Cisto de Baker (localizado na fossa poplítea) ● só é de importância quando comprime o feixe neurovascular ● orientar o paciente sobre o rompimento do cisto, pois ocorrerá extravasamento de líquido sinovial para a musculatura da panturrilha. O liquido é irritativo para o tecido muscular, o que gera um processo inflamatório (dor, edema, calor e rubor local) – se atentar, pois, é um diagnóstico diferencial da TVP Manifestações Extra-articulares As manifestações extra-articulares podem ocorrer em até 20% dos pacientes e afetar pele, tecido subcutâneo, olhos, pericárdio, coração, pulmões e pleura, sistema nervoso central e periférico, baço e fígado, vias aéreas respiratórias superiores e inferiores, incluindo cordas vocais, laringe e passagens nasais. Sintomas gerais de febre e emagrecimento também podem ser identificados, assim como a associação de uma anemia de doença crônica. São fatores de risco para estas manifestações: fator reumatóide positivo, HLADRB10401, doença articular grave e presença de nódulos. Pele e subcutâneo: nódulos subcutâneos são observados em 30% dos pacientes. Vasculites cutâneas, incluindo tanto lesões periungueais, úlceras cutâneas, pioderma gangrenoso e eritema palmar, assim como quadros mais graves com isquemia, necrose e perda tecidual também são descritos. ► Nódulos Reumatoides ● manifestação extra-articular mais frequente ● possuem tamanhos variados, são indolores e moveis ● presentes em superfícies extensoras articulares e nas fácies extensoras ● são mais frequentes nos pacientes que tem o fator reumatoide, e por conta disso possuem pior evolução e maior índice de manifestações extra-articulares ► Olhos: o achado mais comum é a ceratoconjuntivite sicca, observada em 10 a 35% dos pacientes. Episclerite, esclerite e nódulos coróides e retinianos também são relatados. Cerotoconjuntivite Seca ● olho seco, dor, fotobobia, “sensação de areia nos olhos” 20 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT ● se essas queixas for associada a xerostomia, xerodermia, secura vaginal sugere Síndrome de Sjogren Secundária (presença do FAN, Anti-Ro e Anti-la) Esclerite / Episclerite Lesões associadas a fármacos – antimaláricos / corticoides ► Pulmão pode ser afetado das seguintes formas: doença pleural (mais comum e com evolução favorável), nodulose pulmonar, fibrose intersticial e bronquiolite obliterante. A síndrome de Caplan foi descrita originalmente nos mineiros de carvão de Welsh, e consiste na associação da AR e nódulos pulmonares múltiplos (granulomas reumatóides) em pacientes com pneumoconiose. Pleurite / derrame pleural ● derrame pleural – exsudato (processo inflamatório) Doença pulmonar intersticial (DPI ) fibrosante Nódulos Pulmonares ● Síndrome de Caplan – paciente tem AR, nódulos pulmonares e pneumoconiose. Responsável por 10 a 20% das mortes dos pacientes com AR ► Coração e pericárdio: pericardite raramente evolui com sintomas. Há relatos de que 50% dos pacientes apresentam derrame pericárdico no ecocardiograma. Miocardite, nódulos no sistema de condução e vasculite coronária também são referidos. Na atualidade, está amplamente reconhecido o aumento da incidência de doenças cardiovasculares nos pacientes reumatóides, sendo a doença coronária uma das principais causas de morte prematura nestes pacientes. Doença Arterial Coronariana (DAC) ● ocorrência de 1 década mais cedo nos pacientes com AR ● assim como a DM, a AR é um fator de risco significativo e independente para DAC ● indivíduos com AR possuem risco até 3 vezes maior de novo evento cardiovascular quando em comparação com pessoas sem doença inflamatória, mesmo após correção de fatores de risco tradicionais para DAC ● a presença de manifestações extra-articulares gera maior inflamação sistêmica (maior mortalidade por doenças cardiovasculares) ● as citocinas TNF alfa, IL 6, IL 1 (pro inflamatórias) presente na membrana sinovial inflamada vão promover no fígado o aumento de proteínas de fase aguda (como a proteína C reativa e fibrinogênio); no tecido adiposo levam aumento de LDL e diminuição da HDL e na periferia vão levar a uma resistência periférica a insulina → lesão endotelial e aterogênese precoce (predisposição para DAC) ►Sistema nervoso central e periférico: neuropatias periféricas por compressão (p. ex., túnel do carpo), compressão medular por desarranjo cervical (subluxação C1 C2), mononeurites múltiplas (vasculite) e raramente vasculite de sistema nervoso central. ► Baço e fígado: síndrome de Felty: esplenomegalia, febre, neutropenia e úlcera de membros inferiores podem ocorrer durante a evolução da artrite reumatóide. Alterações das enzimas hepáticas são comumente relacionadas às medicações usadas ou ao desenvolvimento de esteatose pelo uso de corticosteróides.! Vias aéreas superiores: rouquidão por acometimento das cricoaritenóideas etc. Obstrução laríngea é rara mas pode ocorrer. ► Anemia: achado comum e com múltiplas causas, desde sangramentos por uso crônico de AINH e depleção de ferro até anemia de doença crônica. Manifestações Específicas ► Síndrome de Felty ● o paciente tem AR + esplenomegalia + leucopenia ● costuma estar presente em pacientes com AR de longa data com deformidades; pacientes refratários ou que tratam de forma irregular ● possuem nódulos subcutâneos ● possuem o fator reumatoide ● evolui com pancitopenia (anemia + plaquetopenia) ► Doença de Still ● AR em uma forma sistêmica ● o paciente interna devido a um quadro de febre de 1 a 2 picos diários ● apenas durante a febre há um eritema róseo difuso, que pode ser maculopapular e pruriginoso. É evanescente, isto é, só está presente na presença da febre ● há linfoadenopatia ● há serosites (derrame pleural, derrame pericárdico, ascite..) ● leucocitose ● presença de fator reumatoide, anti-CCP e FAN negativos ● ausência de nódulos subcutâneos ● A DOENÇA DE STILL é um diagnóstico de exclusão pois o caso clinico se assemelha a uma infecção, neoplasia. (linfoma)... História clínica A história clínica da artrite reumatóide é variável, acreditando-se que existam pacientescom evolução benigna em um padrão monocíclico ou oligocíclico, correspondendo a cerca de 25% dos doentes; pacientes com evolução policíclica com períodos de melhora e piora, mas sempre progressivos (cerca de 50 a 65%) e, finalmente, o padrão agressivo, sempre com piora clínica, evoluindo com rapidez para a deformidade e a perda funcional, correspondendo a cerca de 15 a 25% dos portadores de artrite reumatóide. A identificação de fatores de risco determinantes de pior prognóstico é de grande utilidade em termos de planejamento terapêutico e instituição de tratamento mais agressivo. São considerados fatores de pior prognóstico: • Apresentação inicial da doença: pacientes com apresentação poliarticular aguda acompanhada de altos 21 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT níveis de PCR tendem a ter melhor prognóstico. O diagnóstico de AR é mais fácil e o tratamento, instituído mais rapidamente. • Fator reumatóide: é o mais consistente preditor de mau prognóstico. A positividade do fator reumatoide tem sido associada tanto ao aparecimento de erosões ósseas no primeiro ano de doença quanto a uma piora funcional maior, comparando-se aos pacientes com fator reumatóide negativo. O fator reumatóide negativo também foi indicativo de uma taxa maior de remissão em 3 anos nos pacientes com artrite inicial, com menos de um ano de evolução. Na artrite reumatóide estabelecida, os achados são igualmente consistentes, o fator reumatoide positivo está associado à maior progressão radiológica no primeiro ano da doença, assim como depois de 6 anos • Proteína C-reativa: a PCR é geralmente aceita como a melhor prova de fase aguda para indicar inflamação na AR. Contudo, seu valor prognóstico é limitado. Cerca de 50% dos pacientes podem apresentar valores normais desta proteína no momento do diagnóstico. Valores persistentemente altos estão associados com uma taxa maior de progressão radiológica, desenvolvimento de osteoporose e piora funcional. • Alterações funcionais e radiológicas: vários estudos têm demonstrado que a avaliação funcional basal, medida pelo HAQ17 (Health Assessment Questionnaire), seria o melhor preditor de futuros danos e perdas funcionais. O HAQ é um questionário que avalia perda da capacidade funcional por meio de perguntas simples que avaliam as atividades da vida diária dos pacientes. Erosões na radiografia inicial são também preditores de futura piora radiológica e funcional.O uso de exames de ultra-sonografia e ressonância magnética aumenta a sensibilidade para detectar de forma precoce sinovites e lesões ósseas. • Idade, sexo e cigarro: a idade de início da artrite parece influenciar o desfecho funcional do paciente, mas não o radiológico. Fator reumatóide, HLA DR4 e elevação de proteínas de fase aguda foram preditores de dano independentes da idade. Quanto ao impacto do sexo no prognóstico da artrite reumatóide, vários estudos têm relatado prognóstico pior para mulheres em termos de função e dano radiológico. Maiores taxas de remissão são referidas em homens. Vários trabalhos têm identificado o tabagismo como um fator de risco para o desenvolvimento da artrite reumatóide, também para uma pior evolução e alta incidência de manifestações extra-articulares como vasculites, doença pulmonar intersticial, nódulos, síndrome sicca e neuropatia. Outros estudos, porém, falham em mostrar a relação do fumo com o dano estrutural e funcional do doente. • Anti-CCP: recentemente, estudos têm sido feitos para imputar aos anti-CCP (anti-peptídeos cíclicos citrulinados) valor prognóstico. Alguns trabalhos já demonstram a relação destes auto-anticorpos contra peptídeos citrulinados (ACPA = anti-citrullinated peptide antibodies) com dano articular e perda funcional. Manifestações Laboratoriais da Artrite Reumatoide ● Há carência de especificidade nos exames ► Achados nos Exames Hemograma ● anemia de doença crônica ● leucocitose ● eosinofilia ● trombocitose Elevação de provas inflamatórias – PCR Elevação de Ferritina Elevação de VHS (velocidade de hemossedimentação) Autoanticorpos da Artrite Reumatoide ► FR – fator reumatoide ● é uma imunoglobulina que pode ser IGM ou IGG que age contra a porção FC de outra IGG ● possui em torno de 70 – 30% de sensibilidade na AR. Ou seja, até 30% dos pacientes com AR não tem fator reumatoide. Por isso, a negatividade não exclui a presença da AR e a positividade também não fecha diagnostico pois há presença desse fator em pessoas sem doenças (idosos), e em outras doenças reumatológicas (Síndrome de Sjogren, Lúpus Eritematoso Sistêmico) e em outras doenças não √ Apenas com esses achados NÃO é possível fechar diagnostico, pois todos esses dados levam a uma inflamação crônica. √ Para dar diagnostico é necessário a Clínica + Dados Alterados 22 Letícia M. Dutra - Preensão e Locomoção: Articulações, Artrite Reumatoide, Osteoartrite e DORT reumatológicas (H I V, Hepatite C, Tuberculose, Sífilis, Hanseníase, Leishmaniose...) ● o fato do paciente ser diagnosticado com AR e ter o fator reumatoide sugere um pior prognostico do ponto de vista articular e do ponto de vista extra-articular O Fator Reumatoide (FR) é um autoanticorpo que “ataca” a porção Fc das moléculas de IgG. Em geral se trata de um autoanticorpo da classe IgM mas, às vezes, o fator reumatoide é uma IgA ou mesmo uma IgG... Pode ser encontrado em 70-80% dos adultos com a doença, e por isso um resultado negativo JAMAIS descarta o diagnóstico (20 30% são “soronegativos”)! ► Anti-CCP: é um anticorpo antipeptideo citrulinado ● possui uma sensibilidade de 70 – 80%. Ou seja, a ausência do Anti-CCP não exclui AR ● possui uma maior especificidade ● é utilizado no diagnostico em fases iniciais da doença ● o fato do paciente ser diagnosticado com AR e ter o anticorpo Anti-CCP sugere um pior prognostico do ponto de vista articular e do ponto de vista extra-articular O autoanticorpo anti-CCP (Antipeptídeos Citrulinados Cíclicos) pertence à família dos ACPA (Anticorpos Antipeptídeos Citrulinados) e reage contra diversas proteínas encontradas no tecido conjuntivo. O que essas proteínas têm de especial é que seus resíduos de arginina foram transformados em citrulina por ação da enzima Peptidil-Arginina Deiminase (PAD), num processo conhecido como “deiminização”. Elementos como filagrina, vimentina, fibrina, alfaenolase e colágenos tipos I e II são alvos habituais deste processo, que curiosamente ocorre na artrite reumatoide (ainda não sabemos seu real significado fisiopatológico, e parece que o tabagismo aumenta a taxa de “citrulinização” proteica). O anti-CCP possui a mesma sensibilidade do FR (cerca de 70- 80%), porém, sua grande vantagem é uma elevada especificidade (~ 95%). Quadros iniciais de artrite indiferenciada têm chance maior de serem diagnosticados como AR na vigência de um anti-CCP positivo, principalmente se em altos títulos. Assim como o FR, o anti CCP também se relaciona diretamente ao prognóstico: quanto maior seu nível sérico, mais elevada será a chance de doença agressiva, inclusive com manifestações extra articulares. Além de fator reumatoide e anti-CCP, outros autoanticorpos podem ser encontrados em pacientes com AR, como o FAN (30%) e o ANCA (p-ANCA, também em 30%). Marcadores de fase aguda A VHS (Velocidade de Hemossedimentação) aumenta na AR em atividade. Outros reagentes de fase aguda, como a proteína C reativa e a ceruloplasmina, também se encontram elevados. A eletroforese de proteínas revela aumento das frações alfa-2-globulina presente nos estados inflamatórios em geral, e gamaglobulina, que reflete uma estimulação antigênica inespecífica e policlonal. O acompanhamento seriado da proteína C reativa e/ou da VHS é útil como marcador de atividade da doença. Uma anemia de doença crônica (efeito de mediadores inflamatórios sistêmicos) costuma ser
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