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1 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico HABILIDADES EM RACIOCÍNIO CLÍNICO – Clínica Cirúrgica – 7ª Etapa Sumário 1. Trauma cirúrgico – resposta orgânica ao trauma – Neuroendócrina e Metabólica .............................................. 2 2. Preparo e cuidados no Pré e Pós-operatório ............................................................................................................ 11 3. Cicatrização ................................................................................................................................................................. 14 Infecção em cirurgia – Prevenção das ISC (infecção do sítio cirúrgico) ..................................................................... 18 4. Hérnias de parede .................................................................................................................................................. 23 5. Cirurgia de cabeça e pescoço ................................................................................................................................. 32 6. Patologias cirúrgicas Benignas: ESÔFAGO e ESTÔMAGO ..................................................................................... 42 7. Patologias cirúrgicas Benignas: FÍGADO, VIAS BILIARES e PÂNCREAS ................................................................ 56 8. Patologias cirúrgicas Benignas: CÓLON, RETO e CANAL ANAL ............................................................................ 68 9. ABDOME AGUDO: inflamatório, obstrutivo, perfurativo e Isquêmico ................................................................ 76 10. Urgências cirúrgicas de tórax ............................................................................................................................. 83 11. Urgências urológicas .......................................................................................................................................... 89 12. Atendimento inicial ao Trauma e Choque ......................................................................................................... 94 13. Queimados – Enxerto/Retalho .......................................................................................................................... 99 14. Princípios de oncologia para o cirurgião/ Radiologia: diagnóstico e Estadiamento ...................................... 104 15. Neoplasia do trato digestivo: esôfago, estômago, fígado e vias biliares ....................................................... 107 16. Neoplasia do trato digestivo: pâncreas, intestino, cólon, reto e canal anal .................................................. 112 Diagnóstico por imagem em cirurgia ........................................................................................................................... 116 2 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 1. Trauma cirúrgico – resposta orgânica ao trauma – Neuroendócrina e Metabólica Preceptoria Juana Portales Marcos DIÉRESE HEMOSTASIA SÍNTESE Resposta inflamatória ao Trauma - Mecanismo decisivo para a sobrevivência em situações de estresse metabólico - Inter-relação entre o SN, imunológico, endócrino e circulatório - Essa resposta catabólica é mediada por vias neurais e eixo neuroendócrino. - O objetivo desta resposta é o restabelecimento da perfusão e oxigenação adequadas e liberação de energia e substratos para os tecidos, órgãos e sistemas cujas funções são essenciais para a sobrevivência. 2 principais características: Intensidade é proporcional à gravidade Alteração do metabolismo para a resposta inflamatória direciona as funções energéticas para manutenção dos processos celulares especializados necessários Objetivos: Preservar órgãos nobres Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos Estabilizar funções hemodinâmicas e PA Criar fontes alternativas de energia. Garantir fornecimento de nutrientes ao cérebro e ao coração. Introdução Resposta Sistêmica: Neuroendócrina, Hemodinâmica, Inflamatória, imunológica, Coagulação - Catecolamina, SRAA, Resposta Metabólica: Catabolismo, Equilíbrio, Anabolismo Resposta Inadequada: SIRS / DMOS / óbito 1. introdução Cirurgia: trauma (condição de stress físico) onde a lesão é planejada e controlada. Há lise celular e liberação de mediadores e ativação imunológica. A resposta ao trauma tem padrão gradual, progressivo e previsível onde ocorre ciclo de eventos cujo objetivo é retornar ao equilíbrio ou homeostase. Quando esta resposta é mantida ou amplificada ocorre desequilíbrio metabólico com provável desfecho desfavorável. A agressão cirúrgica desencadeia uma reação neuroendócrina e metabólica semelhante à encontrada em qualquer situação de trauma que o organismo seja submetido. 2.Resposta Sistêmica Fisiológica Em resposta a: queda do volume circulante efetivo, alteração de conc. O2, CO2 e H+, dor, jejum ( alt substrato energético), stress emocional, etc. A magnitude da resposta está relacionada à proporção do trauma A resposta neuroendócrina é ativada por estímulos neuronais aferentes a partir do local lesado. O impulso viaja das vias nervosas somatossensoriais e autonômicas até o hipotálamo. Respostas eferentes hipotálamo 2 vias: Eixo Hipotalamo-Adrenal ( rápido) : lib. catecolaminas, ADH, renina, aldosterona (manter fluxo sanguíneo para órgãos vitais) Eixo Hipotalamo-Hipófise (lento) : lib. Hormônios esteroides ( ACTH, Cortisol, GH)e inibição insulina Induz alterações metabólicas ( lib. glicose e lipídios) 3.Fases da Resposta Sistêmica ao Trauma CURTHBERSTON/ MOORE Ebb (IMEDIATO AO TRAUMA) - choque Objetivo Manter o volume sanguíneo Alterações Fisiológicas diminuição do fluxo sanguíneo esplâncnico, da PA, da temperatura e do consumo de O2, vasoconstricção, aumento da RVS, e aumento de FC Hormônios Aumento de Catecolaminas, cortisol e aldosterona , reduz insulina e aumenta glucagon Flow (24-48H) – Catabólica - fluxo Objetivo Manter a Energia Alterações Fisiológicas Aumento do fluxo sanguíneo, DC, temperatura, consumo de O2, balanço Nitrogênio negativo Hormônios aumento da Insulina, glucagon, cortisol e catecolaminas mas com resistência à insulina Anabólica Duração 10-60 dias Objetivo Repor os tecidos danificados Alterações Fisiológicas balanço nitrogênio positivo Hormônios GH, IGF Resposta Sistêmica Resposta à injúria Benefícios Fisiológicos Riscos Fisiológicos Aumento FC Manter PA e perfusão HAS, isquemia miocárdica Aumento do DC Manter perfusão tecidos Arritmias Retenção Na e água Manter volume intravascular hipervolemia, icc Aumento de glicose Aumento oferta de substrato Hiperglicemia, diurese osmótica Catabolismo Aumento da oferta de energia Perda de massa desnutrição Aumento adesividade plaquetária Hemostasia Trombose, embolia AGRESSÃO 3 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Resposta Sistêmica ao Trauma 1- Alterações Endócrinas Secreção ↑ aumentada: 1. Hipófise: GH, ACTH, prolactina, beta- endorfina, Vasopressina (ADH) 2. Adrenal: catecolaminas, cortisol, aldosterona 3. Pâncreas: glucagon 4. Outros: renina Secreção equilibrada 1. T3, T4, TSH – podem regular demais funções hormonais ou podem reduzir na RT Secreção ↓ reduzida: 1. Pâncreas: insulina 2. Outros: testosterona, estrogênio, T3 2. Alterações Hemodinâmicas - Hemorragias (FAF: ferimento por arma de fogo) - Hematomas Edema – sequestro para o terceiro espaço (extracelular funcional) - INTERSTICIAL Vasoconstrição periférica • ÁGUA CORPORAL: TOTAL (60%) LIC espaço intracelular - 40% LEC espaço extracelular - 20% - 4% plasmático (intravascular) -16% intersticial (entre tecidos) 3. alterações inflamatórias e imunológicas Liberação de citoquinas:IL 1-7 (interleucinas), INTERFERON e TNF (Fator de Necrose Tumoral). Ação local (paracrino) e sistêmica (endócrino) Mediação da imunidade e inflamação ativando receptores de superfície da célula alvo, causando resposta aguda como produção de PCR e proteínas de complemento. Cirurgias de grande porte (grande trauma) = efeito imunosupressivo Este efeito deletério ao sistema imune pode elevar o risco a infecção operatória. 4. alterações da Coagulação Sanguínea Hipercoagulabilidade: após a injúria inicial Pode contribuir para o aumento da incidência de TVP ou TEP após uma cirurgia ou trauma, e é maximizada nas primeiras 12 h (e nas 1ªs semanas) após o stress orgânico. Por isso a importância de um protocolo para profilaxia de TVP e TEP: orientações gerais (deambular, exercícios, meia anti-trombo) profilaxia química (Anticoagulante – enoxaparina) Principalmente aos pct que vão ficar acamados por muito tempo (cirurgias ortopédicas, graves) Resposta Metabólica Fase Catabólica (1-3 dia) Alterações orgânicas do POI: endócrinas, bioquímicas e metabólicas em geral FC ↑, peristaltismo ↓, hipertermia, adinamia Balanço Nitrogenado negativo, excreção Nitrogênio pela urina, hiperglicemia, ↑reabsorção do Na e excreção do K pelo rim Há aumento de K no plasma por destruição celular Perda de massa muscular Fase Equilíbrio (3-10 dia) Supressão atividade corticosteroide (cai a hiperglicemia) Melhora clínica, equilíbrio HE Reduz a perda de Nitrogênio, começa a recuperar massa (peso) Reabsorção do líquido do terceiro espaço e eliminação de Na = ↑ a diurese Fase Anabolismo Proteico (10-30 dia) Progressiva reabilitação orgânica, melhora do estado geral Melhor absorção intestinal ↑ da massa muscular, balanço Nitrogenado positivo Fase Anabolismo Lipídico (30-60 dia) Inicia quando a ingestão calórica ultrapassa os gastos energéticos/calóricos orgânicos. Após a normalização do balanço Nitrogenado – paciente retorna ao peso normal Resposta Inadequada ao Trauma Ocorre uma resposta amplificada ou exagerada ao trauma por um estado de desequilíbrio do organismo anterior ao trauma Órgãos mais afetados: pulmões e rins Citoquinas requisitadas em excesso desencadeiam resposta descontrolada, mediando uma reação sistêmica massiva e mantida de cascata de citoquinas, com mediadores secundários de inflamação causando mais danos (prostaglandinas, leucotrienos, radicais livres e fator ativador de plaquetas). Esta sucessão de eventos culminam com a SIRS (Síndrome Sistêmica de Resposta Inflamatória) – caracterizada por 2 ou mais critérios: Critérios de SIRS Tº > 38ºC ou < 36º C FC > 90 bpm FR > 20 ipm Leucócitos > 12.000 ou < 4.000 ou maior que 10% imaturos *Atenção para os idosos, uso de medicações 4 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Resposta neuroendócrina amplificada: Vasoconstrição: 1. esplâncnica: isquemia intestinal 2. Renal: insuficiência renal pré-renal – necrose tubular aguda 3. Periférica: isquemia e morte celular - edema microcirculação – choque irreversível SIRS DMOS (falência de múltiplos órgãos e sistemas) MORTE FATORES PREDITIVOS DMOS Idade maior 55 anos Doença crônica Desnutrição Coma à admissão Transfusão sanguínea > a 6 U nas 1ªs 12 h Déficit de base maior que 8 mEq/l Cabe ao cirurgião Atenção ao estado nutricional e clínico do paciente Preparo pré-operatório adequado Conhecer as alterações metabólicas Evitar maiores danos e stress orgânico Componentes biológicos PRIMÁRIO Decorrentes e inerentes exclusivamente à ação física sobre o organismo. Ex: lesão de tecidos, lesão de órgãos específicos. SECUNDÁRIO Ocorrem em decorrência da ação dos componentes 1ªrios ou mesmo da consequência de outros componentes 2ªrios. Ex: alterações endócrinas, hemodinâmicas, infecções, falência múltipla dos órgãos. ASSOCIADO Depende exclusivamente da condição clínica e individuais de cada paciente. Ex: alterações do ritmo alimentar, imobilização prolongada, perdas hidroeletrolíticas extrarrenais, doenças intercorrentes. COMPONENTES PRIMÁRIOS 2 componentes: lesão de tecido e lesão de órgãos específicos LESÃO CELULAR Alteração protoplasmática ↑ da permeabilidade da membrana liberação de substancias intracelulares ações diversas Edema, hemorragia, hematoma, vasodilatação e aumento da permeabilidade celular (água, eletrólitos, proteínas etc) – redução do compartimento extracelular – repercussões hemodinâmicas (↓ do débito cardíaco e retorno venoso) e alterações endócrinas (secreção de ADH e Aldosterona). Lesão celular causa quebra da proteção e porta de entrada a microorganismos – processo infeccioso. LESÕES DE ÓRGÃOS: Ação direta da força física pode lesar órgãos diferenciados e determinar insuficiência total ou parcial do mesmo. Politraumatiazado: aumenta o risco de morte por afetar vários órgãos. Ex.: TCE, trauma fígado, trauma renal, cardíaco, respiratório etc. COMPONENTES SECUNDÁRIOS ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS INFECÇÕES FALÊNCIA MÚLTIPLA DOS ÓRGÃOS ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS Ação do sistema nervoso central, interação de hormônios, estimulo da zona comprometida, psiquismo, medicações, alterações nutricionais etc, influenciam na resposta neuroendócrina frente ao trauma físico. O estado metabólico prévio do paciente irá modular a intensidade da resposta pós-agressiva. ADH (↑) Elevado pelo estímulo da área traumatizada. Elevação até o 4º ou 5º dia, decorrente da restrição hídrica e medicamentos (morfina). Produção inadequada que leva a hiponatremia e hipotonicidade se grandes volumes de líquidos for infundido no paciente no pós-operatório. - O ideal é não infundir muito liquido pois o ADH já estará elevado devido ao trauma ALDOSTERONA (↑) Cirurgia de médio e grande porte ocorre ↑de Renina, Angiotensina II e Aldosterona. (normal para poder reabsorver liquido nos túbulos renais e restringir Na, para elevar a PA e manter a perfusão) Queda do volume extracelular funcionalmente ativo ativa o aumento. Age nos rins levando a queda da excreção renal de Na e bicarbonato, com produção de urina com elevado teor de hidrogênio (urina ácida) com quantidades elevadas de potássio. (para não causar hipercalemia) CORTISOL (↑) Elevação por 4 a 12 horas. Queimaduras e infecções a elevação é prolongada. Função: controlar a resposta inflamatória Cuidado com uso crônico de corticóides ou doença de Addison (queda da PA, choque circulatório e morte precoce). Suprir deficiência de Corticóides. - Influência na síntese proteica, incorporação de AA e ação estimulante de enzimas hepáticas com a degradação dos Aa. (resposta Importante para a produção de energia para o organismo) 5 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico CATECOLAMINAS (↑) A secreção de adrenalina e noradrenalina aumenta rapidamente após agressão, por até 48 horas. Participam da glicogenólise, gliconeogênese, mobilização dos Aa musculares, hidrólise de gordura e liberação de ácidos graxos. (Para manter o aporte calórico do pct) Estimulação cardíaca e vasoconstrição. Pode ter secreção estimulada por ação psíquica (ansiedade, medo, raiva, excitação). INSULINA (↓) Limitação na produção de insulina, além de vida média estar diminuída. Elevação da glicemia. (Para manter a homeostase) Principal hormônio com ação anabolizante, pois causa a armazenagem de glicose e de ácidos graxos, favorecendo a incorporação de Aa por proteínas musculares. GLUCAGON (↑) Elevação dos níveis apesar da diminuição da Insulina. Favorece a degradação da glicose, bloqueia a formação de glicogênio e favorece a modificação de aminoácidos emglicose ao nível hepático. Interfere no TA, liberando ácidos graxos e glicerol. Acrescenta-se a participação do hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio do crescimento (GH) e hormônio tireoidiano na resposta neuroendócrina. (Favorecendo o ↑ da glicemia) ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS - Sequestração de plasma na zona de trauma. - Destruição celular libera substância vasoativas que alteram diretamente na função cardíaca. - Diminuição de débito cardíaco, retorno venoso e vasoconstrição. (hipotermia, acidose metabólica) - Hipovolemia por hemorragia e hematomas. - Vasoconstrição periférica redistribui o fluxo para áreas prioritárias (cérebro e coração) em detrimento de outras (pele, rins, músculos). Tríade Letal: Acidose metabólica, hipotermia e coagulopatia INFECÇÕES - Lesão de tegumentos protetores constitui em porta de entrada de microorganismos patógenos. - Hematomas, tecidos desvitalizados, espaço morto, queda da perfusão tecidual em pele e diminuição das defesas imunológicas favorecem a instalação de processos infecciosos. FALÊNCIA MÚLTIPLA DOS ÓRGÃOS Rins e pulmões. Traumas, cirurgias, anestésicos/medicações depressoras distensão abdominal, diminuição do movimento do diafragma, infecção do trato respiratório, lesão do SNC podem levar a essa situação. Rim pode estar prejudicado por estimulação endócrina (ADH e Aldosterona) com redistribuição do fluxo sanguíneo e diminuição na perfusão renal, toxinas bacterianas de infecções, mioglobina, hemoglobina. COMPONENTES ASSOCIADOS Condições clínicas não decorrentes da agressão cirúrgica, mais que influencia na resposta à agressão cirúrgica. ALTERAÇÕES DO RITMO ALIMENTAR: Dependendo do tipo de intervenção, pode ocorrer interrupção parcial ou total da alimentação, ocorrendo diminuição de substrato para as reações metabólicas. Será utilizado para consumo a gordura e a proteína. Gorduras oriundas de depósitos e proteínas retiradas de estruturas fundamentais do organismo. Glicogênio hepático é consumido em 18 a 24 horas de jejum. Ácidos graxos podem ser empregados como substratos por alguns tecidos. SNC só utiliza glicose, assim como os rins, medula óssea, musculatura estriada e outros também necessitam. Com o jejum, o metabolismo leva acúmulo de corpos cetônicos (são liberados na urina = cetonúria) e a presença de acidose metabólica. IMOBILIZAÇÃO PROLONGADA: Favorece o acúmulo de secreções e infecção pulmonar. Também atrofia muscular, com catabolismo muscular. PERDAS HIDROELETROLÍTICAS EXTRA-RENAIS: Perdas hídricas e eletrólitos extra-renais (queimaduras extensas, SNG em drenagem, Traqueostomia, Fístulas, drenos, vômitos), necessitando controle e reposição. (solicitar Na, K, Mg afim de evitar complicações secundárias à diminuição hidroeletrolítica: - Se ↓ Mg, K, o pct pode apresentar ílio paralítico, dificultando o retorno a dieta). DOENÇAS DECORRENTES: Doenças viscerais levando a piora do distúrbio. Pneumopatias, cardiopatias, nefropatias, endocrinopatias, imunodeficiências, hepatopatias. 6 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Hipotálamo: ↑ Tº (febre por resposta inflamatória, não sendo necessário entrar com antibiótico) Fígado: ↑ glicogenólise, ↑ gliconeo, ↑ lipólise, Rim: ↑ SRAA, reabsorve Na, excreta K, ↓ vol. urinário Pâncreas: ↓ insulina, ↓ resistência periférica a insulina, ↑ glucagon Fase de choque: hipotenso (min – horas) - Objetivo: perfusão de órgãos nobres - 18 a 72 horas de instabilidade hemodinâmica - ↓ do consumo de O2 - Terapia nutricional Fase de fluxo: dias - Seguido por um anabolismo (meses) Lesão tecidual Liberação de substancias intracelulares Lesão vascular Estimulação nervosa Resposta Sistêmica Resposta neuroendócrina 1.Variações do espaço extracelular - variação de volume - variação da composição - alteração do equilibrio ácido-básico ↓ Correção das variações ↓ Voltar ao estado de equilíbrio HOMEOSTASE ↓ espaço extracelular (EEC) Sangramento Lesão celular (edema) Redistribuição 2. Resposta neuroendócrina INTEGRAÇÃO 1- receptores (dor, pressão, temperatura, quimiorreceptores etc) 2- transmissores das informações (TET) 3- efetuadores (tronco, córtex, hipotálamo, glândulas endócrinas) Vasodilatação hemorragia Edema ↓ espaço extracelular, levando a alterações hormonais e sistêmicas 7 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico RESPOSTA NEUROENDÓCRINA epinefrina norepinefrina aldosterona ADH TSH GH Cortisol Glucagon Insulina Alterações metabólicas Lipólise periférica Hiperglicemia Catabolismo Proteico Lipólise periféfica Glucagon GH Cortisol epinefrina Hormônios tireoidianos insulina Obs: SNC, rim e Medula óssea utiliza apenas glicose Hiperglicemia glucagon glicogenólise (fígado) Glucagon neoglicogênese Cortisol (fígado) Insulina captação periférica de glicose Catabolismo proteico (proteólise) Cortisol - catabolismo de Aa fígado - inibição da síntese proteica a partir dos AA Catecolaminas proteólise em músculo esquelético Insulina Degradação de proteínas Aproveitamento dos Aa para síntese proteica ↓ Liberação de Aa fonte de energia Lipólise Liberação de ác. graxos livres 8 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Questões 1- Sobre a resposta sistêmica ao trauma, é falso afirmar: a. A cirurgia é considerada um trauma onde a lesão é planejada e controlada b. A agressão cirúrgica desencadeia uma reação neuro- endócrina e metabólica semelhante à encontrada em qualquer situação de trauma c. O organismo humano responde ao trauma na mesma proporção e intensidade, independentemente de sua condição clínica, idade ou estado nutricional d. A resposta ao trauma tem padrão gradual, progressivo e previsível onde a sequência dos eventos tem por objetivo retornar ao equilíbrio (homeostase) do organismo 2- Em relação a resposta fisiológica frente à injúria e o risco fisiológico (resposta inadequada ao trauma), assinale a alternativa incorreta: a. Aumento da adesividade plaquetária = trombose/embolia b. Catabolismo = aumento da massa muscular (o esperado é uma desnutrição) c. Aumento da glicose=hiperglicemia/diurese osmótica d. Aumento da frequência cardíaca = HAS/isquemia miocárdica 3- Na Resposta neuro-endócrina ao Trauma, vários hormônios apresentam secreção aumentada, exceto: a. Catecolaminas b. Hormônio anti-diurético (ADH) c. Glucagon (manter a glicose) d. Insulina 4- Adrenalina na resposta ao Trauma: a. Estimula a lipogênese b. É liberada pelo pâncreas c. Promove a broncodilatação, vasoconstrição e aumento da frequência cardíaca d. Sua ação independe do estímulo neural 5- Com relação às alterações fisiológicas decorrentes da resposta endócrino-metabólica ao Trauma, assinale a alternativa correta: a. oligúria, retenção de potássio e sódio b. oligúria, excreção aumentada de potássio e retenção de sódio c. Poliúria, excreção aumentada de potássio e retenção de sódio d. Poliúria, retenção de magnésio e excreção aumentada de cloro Lise celular aumenta K plasmático, HAD retém sódio e água e portanto ocorre oligúria 6-Sobre a fase catabólica em resposta ao Trauma, assinale a incorreta: a. Consequente à resposta fisiológica ao Trauma, onde ocorre aumento massa muscular b. Processo metabólico onde há degradação ou quebra das moléculas complexas para compostos simples c. Nesta fase ocorre balanço nitrogenado negativo pelo aumento de excreção de N pelos rins d. É a fase metabólica inicial, e duracerca de 3 dias RESPOSTA SISTÊMICA AO TRAUMA - CASOS CLÍNICOS: 1-VOCÊ ESTÁ PASSANDO VISITA NO 1º P.O. DO SEU PACIENTE, SUBMETIDO A GASTRECTOMIA PARCIAL (cirurgia de grande porte, patologia de gravidade) COM RECONSTRUÇÃO JEJUNAL. ELE TEM 62 ANOS, E DE COMORBIDADE HAS SOB CONTROLE. O RESIDENTE ATUALIZA O QUADRO À BEIRA DO LEITO: PACIENTE EM BEG, RECEBENDO HIDRATAÇÃO IV BASAL, COM SNE (sonda nasoenteral), CORADO, HIDRATADO, AFEBRIL, FC=100 BPM, FR=22 IPM, PA= 130/70 MM HG, GLICEMIA CAPILAR 110 MG/DL, PCR= 3.2 (Aumentada devido o ↑ dos mediadores inflamatórios), ABDOME FLÁCIDO, POUCO DOLOROSO NA REGIÃO DA INCISÃO, RHA NEGATIVO (sem peristalse). SONDA VESICAL DE DEMORA COM DÉBITO DE CERCA DE 200 ML URINA CLARA, FRASCO COLETOR ESVAZIADO NO INÍCIO DA MANHÃ. PACIENTE SEM QUEIXA. PERGUNTA: A) ALGUM DADO DO PACIENTE FORA DO ESPERADO? POR QUE? FR: limítrofe, FC: limítrofe (lembrar que ele está deitado, repouso) Glicemia e PCR: aumentados (esperados devido a cirurgia) 9 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico - Alterações devido ao P.O., o pct deve ser monitorado para não evoluir com uma resposta inadequada. Lembrar que o pct tem 62 anos, possui comorbidades (HAS) Obs.: A 1ª incidência de complicação P.O. é complicação na FR B) O QUE VC ACRESCENTARIA NA PRESCRIÇÃO NO DIA DE HOJE? 1- O pct está sem RHA e por isso não prescreve dieta: Dieta zero com SNA aberta (a cada 6 hrs a enfermagem vai avaliar a secreção, aspecto da secreção) 2- Hidratação (sabe-se que o pct tem HAS, cuidado para não causar iatrogênia Edema agudo de Pulmão) 3- Antibiótico profilático (por ser uma cirurgia de grande porte) 4- Medicações de base (anti-hipertensivo) 5- Sintomáticos (analgésicos, anti-heméticos, pró-cinéticos) 6- Profilaxia e Cuidados gerais (devido as comorbidades) 7- Avaliação do Dreno (anotar: quantidade, aspecto) 8- Sonda Vesical de demora, se ele tem diurese, BEG, boa evolução já pode indicar a retirada da sonda 9- Estimular o pct a deambular 2. DEU ENTRADA NA EMERGÊNCIA UM IDOSO DE 78 ANOS COM QUADRO DE ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO (Diverticulite, apendicite). O PACIENTE TEM HISTÓRIA DE DPOC, TABAGISMO 50 ANOS/MAÇO E DIABETES MELLITUS. VC É CHAMADO PARA AVALIAÇÃO CIRÚRGICA E INDICA LAPAROTOMIA EXPLORADORA (abdome agudo) APÓS ESTABILIZAR O PACIENTE. ELE JÁ FEZ EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM E O DIAGNÓSTICO PROVÁVEL É DIVERTICULITE AGUDA COMPLICADA. ENQUANTO VC FAZ A PRESCRIÇÃO E PREPARA O PACIENTE PARA ENCAMINHÁ-LO AO CENTRO CIRÚRGICO, A ENFERMEIRA DO SETOR PERGUNTA QUAIS ORIENTAÇÕES E NECESSIDADES PARA O PACIENTE QUE ELA PRECISA PROVIDENCIAR NESTE MOMENTO. A) RESPONDA À ENFERMEIRA O pct tem indicação de cirurgia, com grandes chances de complicações no P.O. devido ao quadro grave, comorbidades e a cirurgia de grande porte, e por isso é necessário solicitar uma vaga de UTI para o P.O. B) COMO VC ESPERA QUE ESTE PACIENTE EVOLUIRÁ NO PÓS OPERATÓRIO? O pct pode descompensar, e ter como resposta: TVP, SEPSE, difícil estubação (complicações pulmonares) (pct GRAVE!!) Devido o risco de trombose, é indicado uma quimioprofilaxia anti-trombo, Fases da apendicite - A apendicite ocorre por um processo obstrutivo (hiperplasia linfática, fecalito) Fases de Apendicite Morfologia Manifestações 1-Edematosa Distensão e edema do apêndice Dor em cólica 2-Flegmosa, peritonite localizada Inflamação (exsudato) das estruturas adjacentes Dor na fossa ilíaca direita, defesa rebote, febrícula 3-Abscesso Coleção de pus contida Dor na fossa ilíaca direita, defesa rebote, febre com crise, leucocitose 4-Peritonite generalizada Necrose focal com pus na cavidade peritoneal Dor abdominal generalizada, febre alta, comprometimento geral 3-UMA MENINA DE 16 ANOS FOI SUBMETIDA À APENDICECTOMIA FASE 2, POR VIDEOLAPAROSCOPIA SEM INTERCORRÊNCIAS. NO 1º PO, AO EXAME FÍSICO CORADA, HIDRATADA, EUPNEICA, SUBFEBRIL, ABDOME FLÁCIDO, POUCO DISTENDIDO (normal devido o quadro, e por ter sido uma cirurgia por vídeo – infusão de gás (CO2) na cavidade, o que pode causar desconforto), RHA +, DIURESE POSITIVA ESPONTÂNEA. A MÃE AO SEU LADO, PERGUNTA PREOCUPADA COM ALGUMAS MANIFESTAÇÕES DA SUA FILHA: 1-ACHOU SEU PULSO MUITO RÁPIDO (100 BPM) No 1ª dia a FC pode estar aumentada, pois faz parte do momento P.O., e é esperado que ele melhore dentro de alguns dias, e que ela deve ser monitorada. 2- ELA ESTÁ MAIS INCHADA DO QUE ELA ENTROU NO CENTRO CIRÚRGICO No momento do ato cirúrgico tem uma retenção hídrica, edema, sequestro para o 3ª espaço e para o interstício (são condições do quadro clinico no 1 ao 3 dia), sendo necessário o continuo monitoramento. 3- ELA ESTÁ COM FOME, PODE SE ALIMENTAR? O RHA +, é um sinal que tem peristalse, o que permite a alimentação, a fome é um bom sinal. Dieta liquida, se ela aceitou bem, no dia seguinte passar para uma dieta leve e com alta em 2 a 3 dias. Obs.: se o pct não apresentar ruídos, não pode alimentar, pq pode causar vômitos. – RESPOSTA METABÓLICA AO TRAUMA CIRÚRGICO Baseando-se na leitura do artigo “The metabolic response to injury”, responda as questões seguintes: 1- Quais são os principais mediadores da resposta metabólica ao trauma? A resposta inflamatória aguda: Células inflamatórias e citocinas são os principais mediadores da resposta inflamatória aguda. O endotélio e vasos sanguíneos: a expressão de moléculas de adesão sobre o endotélio leva à adesão e transmigração de leucócitos. Impulsos nervosos aferentes e ativação simpática: lesão tecidual e a inflamação levam a impulsos nas fibras de dor aferentes que atingem o tálamo através do corno dorsal da medula espinhal e do trato espinotalâmico lateral e ainda medeiam a resposta metabólica. Resposta metabólica: aumento da secreção de hormônios do estresse e diminuição da secreção de hormônios anabólicos Infecção Bacteriana: A diminuição do volume circulante reduzirá o fornecimento de oxigênio e nutrientes, aumentando os tempos de cura e recuperação. As respostas neuroendócrinas à hipovolemia tentam restaurar a normovolemia e manter a perfusão em órgãos vitais. 10 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 2-Quais são as principais alterações endócrinas que ocorrem em decorrência da agressão cirúrgica? R: Em decorrência da cirurgia ocorrem grandes alterações nos mecanismos endócrinos responsáveis pela homeostase, como a manutenção do equilíbrio hídrico e o metabolismo do substrato, com mudanças ocorrendo nas concentrações circulantes de muitos hormônios após a lesão. Isso ocorre como resultado da estimulação direta da glândula ou devido a mudanças nos mecanismos de feedback. 3- Qual a principal alteração da volemia que se segue à agressão cirúrgica? Quais os motivos que levam a ela? R: A principal alteração da volemia é a redução do volume circulante, ou seja uma hipovolemia por lesão de moderada a grave e pode ocorrer por várias razões, como: Perda de sangue, líquido contendo eletrólitos ou água. Sequestro de fluido rico em proteínas no espaço intersticial, tradicionalmente denominado “perda do terceiro espaço”, devido ao aumento da permeabilidade vascular. Isso geralmente dura de 24 a 48 horas, com a extensão (muitos litros) e a duração (semanas ou até meses) dessa perda maior após queimaduras, infecção ou lesão de isquemia-reperfusão. 4- Como o organismo reage frente à hipovolemia pós- operatória? R: Aumentando a atividade simpática, que resultará em um aumento compensatório no débito cardíaco, na vasoconstrição periférica e no aumento da pressão arterial. Juntamente com a autorregulação intrínseca de órgãos, esses mecanismos atuam para tentar garantir a perfusão tecidual adequada. 5- Quais as principais alterações urinárias desencadeadas pela agressão cirúrgica? R: A oligúria, juntamente com a retenção de sódio e água - principalmentedevido à liberação de hormônio antidiurético (ADH) e aldosterona - é comum após uma grande cirurgia ou lesão e pode persistir mesmo após o volume normal de circulação ter sido restaurado 6-Quais as principais alterações metabólicas desencadeadas pela agressão cirúrgica? R: Aumento do metabolismo energético e ciclagem de substrato: como o corpo requer energia para realizar trabalho físico, gerar calor (termogênese) e atender aos requisitos metabólicos basais. A taxa metabólica basal (TMB) compreende a energia necessária para a manutenção da polarização da membrana, absorção e utilização do substrato e o trabalho mecânico dos sistemas cardíaco e respiratório. Embora o trabalho físico geralmente diminua após a cirurgia devido à inatividade, o gasto energético total pode aumentar em 50% devido ao aumento da termogênese, febre e TMB. 7-Quais os principais fatores que podem alterar a intensidade das respostas ao trauma cirúrgico? R: A magnitude da resposta metabólica à lesão depende de vários fatores e pode ser reduzida pelo uso de técnicas minimamente invasivas, prevenção de sangramento e hipotermia, prevenção e tratamento da infecção e uso de anestesia locorregional. Fatores que podem influenciar a magnitude da resposta metabólica à cirurgia e lesão: Fatores relacionados ao paciente: - Predisposição genética: subtipo de gene para mediadores inflamatórios determina resposta individual a lesão e / ou infecção - Doença coexistente: câncer e / ou doença inflamatória preexistente pode influenciar a resposta metabólica - Tratamentos medicamentosos: terapia anti-inflamatória ou imunossupressora (por exemplo, esteróides) pode alterar a resposta - Estado nutricional: pacientes desnutridos apresentam comprometimento da função imunológica e / ou deficiências importantes do substrato. A desnutrição antes da cirurgia está associada a resultados ruins Fatores agudos cirúrgicos / trauma-relacionados - Gravidade da lesão: maior dano tecidual está associado a uma maior resposta metabólica - Natureza da lesão: alguns tipos de lesão tecidual causam uma resposta metabólica desproporcional (por exemplo, grandes queimaduras), - Lesão de isquemiareperfusão: reperfusão de tecidos isquêmicos pode desencadear uma cascata inflamatória prejudicial que prejudica ainda mais os órgãos. - Temperatura: hipo e hipertermia extrema modulam a resposta metabólica - Infecção: está associada a uma resposta exagerada à lesão. Pode resultar em síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), sepse ou choque séptico. - Técnicas anestésicas: o uso de certos medicamentos, como os opioides, pode reduzir a liberação de hormônios do estresse. Técnicas anestésicas regionais (peridural ou raquianestesia) pode reduzir a liberação de cortisol, adrenalina e outros hormônios, mas tem pouco efeito sobre as respostas das citocinas. 11 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 2. Preparo e cuidados no Pré e Pós-operatório Pré-operatório 1. planejamento da operação: técnica cirúrgica aprimorada – treinamento de alta qualidade, escolha da equipe (auxiliares, instrumentadora, anestesista), decisão hospital, equipamentos, etc. 2. investigação do quadro cirúrgico do paciente e avaliação do perfil e condições clínicas – fatores preditores de risco: idade, sexo, comorbidades (controlada ou não, grave ou não), estado funcional, nutricional, uso de medicamentos (alergias ou restrições/ interações) 3. avaliação pré-operatória: objetivo reduzir a morbidade e promover os melhores resultados, baseada no risco da operação (baixo, médio ou alto), tipo de intervenção, tipo de anestesia, etc. Exames pré-operatórios, avaliação de especialista se necessário (aval. Cardio risco cirúrgico-Goldman, aval. Risco – ASA – 5 categorias) 4. termo de consentimento informado – confirma o entendimento do paciente sobre o procedimento, riscos e a evolução do pós-operatório. Obs.: 3 termos a serem assinados antes da cirurgia: cirurgião, anestesista e do hospital Classificação ASA (american society of anesthesiologists) Risco cirúrgico I pcte normal e saudável II pcte com doença sistêmica leve Ex. tabagista, DM controlado, HAS controlada III pcte com doença sistêmica grave (limita atividade, mas não é incapacitante) ex. Stent cardíaco, DM/ HAS mal controlados IV pcte com doença incapacitante ameaça constante à vida ex.: IAM/AVC recente, FE < 25% V Paciente moribundo que não se espera que sobreviva 24 h com ou sem a operação. Ex. aneurisma abdominal ou torácico roto, sangramento IC efeito de massa VI Morte cerebral Ex. ógãos a serem removidos para transplante + E: operação de emergência Verificação – antes da operação RESPONSÁVEL NA SALA DE OPERAÇÃO: CIRURGIÃO Check-in: confirmar dados do paciente, ambiente adequado (foco iluminação cirúrgico, mesa cirúrgica, etc), material e equipamento cirúrgico (cautério, devices, fios, próteses, consignados, etc), necessidade hemoderivados, vaga UTI. • Confirmar jejum do paciente, lateralidade da operação se for aplicável. - Jejum 8 a 9 horas para sólidos e 6 horas para liquido • Exames pré-operatórios em sala (conferência da equipe) Paciente na mesa cirúrgica: acesso venoso pela equipe de anestesia • Antibioticoterapia profilática ou terapêutica: indução anestésica • Cuidado com a temperatura ambiente: normotermia do paciente • Preparo pele, tricotomia, sonda • Posicionamento na mesa CIRURGIA SEGURA – VERIFICAÇÃO CIRURGIA SEGURA: PREPARO DO PACIENTE NA MESA ANTES DO INÍCIO DO PROCEDIMENTO Intra-operatório • Assepsia e Antissepsia – cuidados - Assepsia: procedimentos que evitem a infecção (luvas, mascara, gorros) - Antissepsia: antisséptico para aplicar na superfície afim de aniquilar o microrganismo • Tempos cirúrgicos: sequência dos tempos sem perda desnecessária de tempo • Cuidados com hemostasia • Intervenção assertiva em situações ou eventos adversos • Colaboração ou auxílio anestesista • Fechamento de parede e curativos Pós-operatório (imediato-mediato-tardio) Imediato: RPA - até liberação anestesista para quarto ou UTI. Período 12-24 h 12 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico PRESCRIÇÃO: 1-Suporte nutricional: oral, enteral ou parenteral 2-Balanço hídrico: hidratação basal com complementar / diurese ou perdas (sondas, coletores de ostomias, etc) 3-Antibiótico Empírico (acordo com sítio cirúrgico/ patologia) protocolo instituição, ou por cultura 4-Medicamentos sintomáticos (dor, náuseas) reconciliação medicamentosa (medicação tratamento comorbidade) 5-Tromboprofilaxia medicamentosa s/n (baseado no score de risco) 6-Cuidados gerais ou específicos (drenos, caracteristicas do dreno, curativos), fisioterapia respiratoria, motora,etc Complicações pós operatório FEBRE 24-48h: atelectasia (causa mais comum) 48h: flebite 72h: itu 5o dia: infecção da ferida operatória ou cateter (pele – Stafilococos) Após 7o dia: coleção intracavitária ou fístula (se não deve deiscência da anastomose) RESPIRATÓRIAS: + comuns (cerca de 25% cirurgias abdominais), 90% febre pós-op 48 hr PNEUMONIA: tempo de intubação relacionado a infecção associado à ventilação mecânica, complicação respiratória que mais leva ao óbito pctes cirúrgicos BRONCOASPIRAÇÃO: sedados ou rebaixamento consciência. Tx mortalidade 50% EMBOLIA PULMONAR (TEP): pacientes com score alto de risco, prevenção: medidas de tromboprofilaxia (e medicamentosa s/n) EDEMA PULMONAR - causas mais comuns: iatrogênica – hiper-hidratação IV, disfunção miocárdica, HAS não controlada SARA - síndrome de angústia respiratória do adulto: lesão do endotélio pela liberação de mediadores bioquímicos de inflamação – resulta em edema pulmonar impede a troca gasosa CARDÍACAS: arritmias (alterações: calemia, alcalose, estress) IAM, alterações pressóricasFERIDA OPERATÓRIA: hematoma, seroma, deiscência, infecção (a partir 4o-5o dia) DEISCÊNCIA DE ANASTOMOSE – fístula, com alterações: Taquicardia, febre, mal estar, dor abd - a partir 7o dia P.O; TTO: conservador ou cirúrgico (depende débito e local e tamanho da fistula) TRATO URINÁRIO: retenção urinária, infecção trato urinário após 3º dia INTRA-CAVITÁRIA - sangramento: hemoperitônio (problemas técnicos, coagulopatias, alterações pressóricas), abscessos GASTROINTESTINAIS: úlceras, íleo paralítico ou adinâmico (opióides, dist HE) obstrução mecânica (brida ou aderência – tardia, ou hérnia interna), pancreatite (manipulação vias biliares) DIARRÉIA: (devido o uso de antibióticos por 2 ou 3 semanas) por infecção por Clostridium difficile SNC: AVC, delirium em idosos, abstinência em alcoólatras e adictos Prevenção complicações • Preparo adequado do paciente cirúrgico (exames e avaliações pertinentes, controle de comorbidades, avaliação estado nutricional, suspensão de medicamentos s/n, jejum pré-operatório, etc) • Técnica cirúrgica apurada • Atenção ao suporte básico (hidratação e nutrição) PO • Medicação pertinente e apropriada • Fisioterapia respiratória e motora • Tromboprofilaxia • Cuidados gerais e locais (FO) Questões 1- Ao relacionarmos infecção e cirurgia, é correto afirmar: a. A complicação respiratória mais comum no pós- operatório é a atelectasia. b. A infecção do sítio operatório é definida como aquela que ocorre em qualquer parte do corpo, não necessariamente na região operada, no período superior a 30 dias c. As infecções viscerais ou de espaços cavitários são as mais comuns e as menos graves d. Obesidade, Diabetes mellitus, higiene, e antibioticoprofilaxia são fatores irrelevantes com relação a infecções de ferida operatória. 2-Pacientes em preparo para cirurgias costumam apresentar uma lista de medicamentos que fazem uso de rotina. Todos remédios precisam ser avaliados quanto a necessidade e possibilidade de suspender a fim de evitar evento adverso. Quanto à relação medicamento e possível complicação, assinale a incorreta: a. Algumas medicações como Aspirina e Clopidogrel podem promover maior risco de sangramento b. Gingko Biloba e Ginseng não podem causar nenhum tipo de evento adverso por que são fitoterápicos (eles interferem na coagulação e agregação plaquetária – suspender por 15 dias) c. Corticóides são anti-inflamatórios potentes e podem interferir na cicatrização d. A dipirona é um analgésico que alguns pacientes apresentam reação alérgica 13 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 3-Ao preparar seu paciente para uma cirurgia eletiva de hérnia inguinal, algumas condições terão que ser estabilizadas antes do procedimento para reduzir a morbidade no pós-operatório, exceto: a. Diabetes Mellitus descontrolado b. IMC 35 c. hipertensão arterial sem tratamento regular d. todas estão corretas 4- São procedimentos que necessitam de Antibioticoterapia, exceto: a. Tratamento cirúrgico de úlcera perfurada com peritonite b. Laparotomia exploradora por ferimento de arma de fogo transfixante do abdome c. Cantoplastia (correção de unha encravada) ambulatorial d. Drenagem de abscesso anorretal 5- Analise a conduta abaixo: Paciente idoso, portador de Alzheimer necessita ser submetido a ressecção de um tumor de pele em couro cabeludo com diagnóstico de neoplasia maligna. Apesar do estado cognitivo ser frágil, ele se encontra em bom estado de saúde e foi liberado para cirurgia pela avaliação cardiológica de risco cirúrgico e pelo geriatra que o assiste. Diante do exposto, o cirurgião decide que não é necessário que o paciente ou responsável assine o termo de consentimento informado, visto que o risco da operação é baixo. a. Verdadeiro b. Falso 6- Quanto ao preparo pré-operatório, todas as questões abaixo estão corretas, exceto: a. O adequado preparo e investigação clínica do paciente tem por objetivo reduzir a morbimortalidade do procedimento e aumentar as chances de sucesso da cirurgia. b. O paciente tem que estar ciente dos cuidados que devem ser tomados por ele no pós -operatório, e a não atenção a eles pode comprometer a sua evolução. c. O resultado da cirurgia bem como a evolução no pós- operatório são sempre os mesmos na cirurgia eletiva e na cirurgia de emergência d. Cabe ao cirurgião avaliar qual o melhor momento de submeter um paciente a cirurgia, diante de riscos e benefícios frente a comorbidades descompensadas, necessidade do procedimento e urgência do quadro. 7-Quando o paciente entra na sala cirúrgica, antes do início da operação a equipe de enfermagem e equipe cirúrgica realizam o check in para confirmar se tudo que envolve o procedimento está em ordem, a fim de evitar um curso desfavorável. Dentre alguns dos tópicos a ser verificados estão, exceto: a. Dados do paciente: nome e data de nascimento, procedimento ao qual será submetido b. Carteira vacinal em dia c. Lateralidade do procedimento se for aplicável d. Reserva de vaga em UTI ou hemoderivados, se aplicável CASO CLÍNICO 1. PACIENTE VEM ENCAMINHADO AO SEU CONSULTÓRIO EM PRIMEIRA CONSULTA COM DIAGNÓSTICO DE COLECISTOPATIA LITIÁSICA (Pedra na vesícula). HOMEM DE 60 ANOS, HIPERTENSO EM CONTROLE MEDICAMENTOSO REGULAR, TABAGISTA (40 ANOS/ MAÇO), IMC=23. A) QUAL A INDICAÇÃO CIRÚRGICA? Colecistectomia, anestesia geral (por vídeo ou aberta) – eletiva B) COMO VAI SER O PREPARO DESTE PACIENTE? - Suspender o cigarro -Exames pré-operatórios: hemograma, função renal, glicemia, coagulograma, eletrocardiograma, RX de tórax, eco, pedir avaliação pelo cardiologista (idade e tabagista) C) QUAIS OS POSSÍVEIS RISCOS DE COMPLICAÇÃO NO PÓS- OPERATÓRIO DESTE PACIENTE? - Atelectasia, deiscência de parede, ... 2. PACIENTE DE 55 ANOS, MULHER, OPERADA DE RESSECÇÃO DE TUMOR DE SIGMÓIDE E ANASTOMOSE PRIMÁRIA. IMC=26 COMORBIDADE: DIABETES MELLITUS TIPO 2, SOB CONTROLE COM DIETA E MEDICAÇÃO. RESTRIÇÃO MEDICAMENTOSA: METOCLOPRAMIDA, BROMOPRIDA (Reação extra-piramidal: reação neurológica, nistagmo) Tipos de Nistagmo Os movimentos dos olhos ocorrem horizontalmente Os movimentos dos olhos ocorrem verticalmente Os movimentos dos olhos ocorrem de forma rotatória VOCÊ FEZ UM BOM PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO E A CIRURGIA FOI UM SUCESSO. (Prescrever: Analgésico, anti-hemético) QUAIS SERÃO AS MEDIDAS NOS PRÓXIMOS DIAS NA ENFERMARIA A FIM DE EVITAR COMPLICAÇÕES? Medidas profiláticas: - Verificar glicemia capilar (6/6 horas) – não adm hipoglicemiante pq a pct corre o risco de fazer hipoglicemia severa - Tem neoplasia, comorbidades, > 55 anos risco para eventos tromboembólicos indicar a deambulação precoce, trombofifaxia medicamentosa. - Fisioterapia respiratória motora - Monitorar: Sinais vitais, curativos, dreno 3. SUA CIRURGIA DE HOJE SERÁ UMA HERNIORRAFIA INGUINAL DIREITA. VOCÊ SE DIRIGE À SALA DE CIRURGIA E FAZ A VERIFICAÇÃO (CHECK IN). A) O QUE É PRECISO CONFERIR EM RELAÇÃO AO AMBIENTE PARA QUE TUDO CORRA CONFORME PLANEJADO? - Foco adequado, Tº, material (na hérnia é necessário uma tela) se a enfermeira está fazendo as verificações. B) O PACIENTE CHEGA NA SALA E ESTÁ SENDO ACOMODADO NA MESA CIRÚRGICA APÓS PASSAR PELA TRIAGEM E CHECK IN DA ENFERMAGEM. QUAIS OS PASSOS A SEGUIR? - Confirmar jejum, lateralidade, entrou na sala, maca, o anestesista vai fazer o acesso, acomodar o pct mesa cirúrgica. - Verificar a limpeza da sala cirúrgica (limpeza terminal) 14 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 3. Cicatrização ■ Lesão e reparo tecidual ■ Tipos de Cicatrização ■ Fases da Cicatrização ■ Fatores que alteram a Cicatrização ■ Cicatrização anormal Lesão e Reparo Tecidual ■ Tecido lesado: organismo tenta restaurar a integridade estrutural e função normal através de uma sequência de processos complexos divididos em fases. ■ Reparo da ferida: Restauração - daintegridade mecânica, - das barreiras contra perda de líquido e infecção, - dos padrões normais de fluxo sanguíneo e linfático ■ Reparo da Ferida= Cicatriz (proliferação de cél e colágeno) ■ Reparo é diferente de Regeneração (perfeita restauração da arquitetura preexistente do tecido) que só ocorre no período embrionário PELE FUNÇÕES DA PELE: -PROTEÇÃO A AGENTES EXTERNOS (FÍSICOS, QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, MECÂNICOS) -TERMORREGULAÇÃO -RESPOSTA IMUNOLÓGICA (ATOPIAS) -SENSORIAL -SECREÇÃO SEBO E SUOR (MANTA PROTETORA) -REGULAÇÃO EQUILÍBRIO HÍDRICO E ELETROLÍTICO Tipos de Cicatrização Primeira Intenção: fechamento imediato por sutura, enxerto ou retalho Segunda Intenção: não há tentativa de fechamento primário. A ferida fecha por re-epitelização e contração da ferida. (Inflamação, granulação, contração/modelação da ferida) ex. lacerações Terceira Intenção: trata-se a ferida contra infecção, e há preparação para intervenção de fechamento em outro tempo oportuno. 15 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Fases da Cicatrização Fase inflamatória – 48 a 72 horas (Exsudação) ■ Hemostasia: migração plaquetas e fatores de coagulação ■ Vasoconstrição capilares e arteríolas, ocorre em seguida aumento de permeabilidade vascular com consequente vasodilatação ■ Tampão de eritrócitos e plaquetas e liberação de citocinas e fatores de crescimento ■ Chegam neutrófilos (1os), fibroblastos e macrófagos (+ importantes = desbridamento celular, síntese da matriz extracelular e angiogênese) Fase proliferativa – 3 a 21 dias (Tecido de granulação) ■ Fibroblastos sintetizam Colágeno (III), migração e diferenciação de fibroblastos em TC ■ Neoformação de capilares: neoangiogênese (cor avermelhada) ■ Tecido de granulação ■ Epitelização – migração de células epidérmicas e queratinócitos Fase Maturação – até 18 a 24 meses (Contração da ferida – margens de avanço) ■ Remodelação ■ População de fibroblastos cai, regride a densa rede capilar ■ Colágeno III é substituído por I, que confere maior resistência ■ Após 1 ano a resistência tênsil da cicatriz é de cerca 30% da pele normal ■ Contração das margens da ferida (avanço centrípeto) Fatores que alteram a Cicatrização • Hipóxia/ isquemia • Infecção • Diabetes Mellitus • Medicamentos (interferência no processo) – corticoide, AINEs, antiagregante plaquetário • Imunossupressão • Radioterapia / Quimioterapia • Estado nutricional (desnutrição/ obesidade) • Deficiência de vitaminas A e C, Zinco • Idade avançada • Técnica Cirúrgica: atenção a coaptação de bordas, incisão linhas de Langer, material e manejo adequado instrumental, fios • Tensão da sutura DEISCÊNCIA DE FERIDA OPERATÓRIA Fatores de risco: tensão, infecção, desnutrição, DM, corticoides, hipóxia - Precisa limpar, utilizar antibióticos antes de fechar Cicatrizes patológicas Falha na remodelação: desequilíbrio entre síntese e degradação de Colágeno, de organização espacial = cicatrizes exuberantes CICATRIZES HIPERTRÓFICAS: não ultrapassam as bordas da lesão inicial, podem regredir, elevadas, avermelhadas, tensas – mais comuns que as queloideanas Relacionadas à tensão da sutura Respondem à TTO: compressão, corticoide tópico ou intralesional CICATRIZES QUELÓIDES: ultrapassam as margens da lesão inicial, formam massas, nódulos de tecido fibroso Não regridem, dolorosas e pruriginosas, arroxeadas Predisposição genética e caracteres étnicos Tratamento: ressecção intralesional e β-terapia - β-terapia: Radioterapia de baixa frequência, braquiterapia (é colocada uma “plaquinha” acima da pele, onde ela vai receber a radiação), inibe a proliferação de fibroblastos e reduz a produção de colágeno, precisa ser precoce, no dia seguinte a operação - eficácia cerca de 70% Compressão por placa de silicone, corticoide intralesional (evitar a atrofia) Cicatriz Quelóide de difícil resolução Cicatriz nodular queloidiana, para retirar tem que ser bem rente a margem da cicatriz e enviar para a β-terapia ou fazer compressão (causa hipóxia nos fibroblastos) Bem Cicatrizada Cicatriz Hipertrófica Queloide Ferida Crônica Todas as feridas passam pelo mesmo processo de etapas de reparo. As feridas agudas evoluem nesta sequência de reparo ordenado e progressivo para atingir a restauração sustentada da estrutura e da função. A ferida crônica estagna durante a fase inflamatória sustentada e não consegue cicatrizar, considerada crônica quando não houve cicatrização completa em 3 meses ou mais. ■ Causas: infecção, ferida extensa com perda de substância, microambiente comprometido (disfunções vasculares, linfáticas, etc) ■ Tratamento: depende da etiologia: tratar a causa + tratamento local: curativos especiais, câmara hiperbárica, matriz dérmica, etc ■ Complicação: infecção, prejuízo à qualidade de vida, transformação neoplásica: CEC (carcinoma espino- celular) – úlcera de Marjolin 16 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico FERIDA CRÔNICA - Dermatite ocre na extremidade, - ulcera venosa (estase, Sistema venoso insuficiente) - Muita fibrina - Pé diabético (neuropatia) - lesões na proeminência óssea - Acamado crônico - Ulcera de decubito - Ulcera venosa - Dermatite ocre por estase - Uso de carvão ativado para posteriormente fazer a cobertura da área Obs.:Em áreas de pressão o enxerto não é utilizado, é preciso fazer cobertura com retalho Câmara hiperbárica Terapia de oxigênio puro a 100% 2-3x pressão ATM, onde há aumento de O² circulante em cerca de 20 x, dentro de um equipamento cilíndrico mono ou multipaciente, sob supervisão médica por 90 a 120 min. - Utilizada para melhorar o microambiente da ferida operatória Sd. de fournier: fasceite necrotizante de rápida evolução, com necrose no tecido da região do períneo, precisa de uma rápida debridação para a cicatrização. Matriz dérmica acelular - MDA MDA: estrutura tridimensional composta de fibras de colágeno e elastina (cadáver humano, bovino, porco) através de processo e testes rigorosos para evitar transmissão de patógenos e respostas imunes. Substitui a derme, função da matriz extra-celular: orientar a diferenciação e proliferação celular na cicatrização. Aplicação cirúrgica plástica: reconstrução mama, queimados, ferida crônica. 17 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico QUESTÕES 1-Na biologia da Cicatrização, podem ocorrer alterações durante o processo que podem promover uma cicatriz patológica. O Quelóide se caracteriza por: a. Desordem fibro-proliferativa com a cicatriz evoluindo com hipocromia, prurido e alargamento, sendo mais comuns em pacientes caucasianos, asiáticos e negros b. Desordem fibro-proliferativa, com a cicatriz evoluindo com crescimento além das margens cicatriciais, podendo ser dolorosa, pruriginosa, violácea e com alto índice de recidiva após remoção cirúrgica c. Desordem fibro-elástica, com a cicatriz evoluindo com crescimento no plano horizontal e vertical, podendo ser dolorosa e pruriginosa, violácea e comum em negros e asiáticos d. Cicatriz elevada, tensa, pruriginosa, avermelhada e ás vezes dolorosa, sem ultrapassar os limites da lesão, com tendência à regressão 2-Quando ocorre uma lesão de continuidade na pele por qualquer origem, envolvendo a derme parcial ou totalmente, ou até a hipoderme, observa-se um fenômeno complexo de reparação tecidual. A cicatrização por segunda intenção nesta situação permite observar 3 fases primordiais que estão relacionadas ao processo de cicatrização, a saber: a. Inflamatória, fibroblástica, remodelação b. Infecciosa, hemostática, recuperação c. pró-inflamatória, proliferativa, angiogência d. Anabólica, repouso, contração cicatricial 3-baixo estão listados fatores que podem interferir no processo cicatricial,prejudicando ou impedindo a cicatrização, exceto: a. Desnutrição b. Diabetes mellitus c. Quimioterapia d. Etnia asiática 4-Com relação ao aspecto técnico dos procedimentos cirúrgicos quanto a cicatrização, podemos afirmar: a. O sentido perpendicular do corte em relação às linhas de tensão da pele (linhas de Langer) não interfere no resultado da cicatriz b. Na sutura cutânea de um paciente oncológico e hipoproteinêmico, a escolha adequada do plano subdérmico e fio nylon 4.0 promove uma substancial melhora da qualidade da cicatriz c. São alguns fatores que contribuem para melhor evolução da cicatrização de um ferimento tratado e suturado no pronto socorro: remoção de corpos estranhos e sujidades, e adequada hemostasia. d. Uma vez utilizando instrumental estéril, assepsia e antissepsia são etapas desnecessárias 5-Com relação a ferida crônica, podem afirmar, exceto: a. Importante problema de saúde pública com alta prevalência em ambulatórios, decorrente de condições adversas para cicatrização, tais como diabetes mellitus, escaras de pressão, insuficiência vascular e outras b. Entende-se por uma ferida que não prosseguiu para um processo reparador adequado, estagnando na fase inflamatória por pelo menos 3 meses c. É uma ferida facilmente tratável, utilizando os modernos métodos de curativo disponíveis d. Existe uma suscetibilidade para transformação maligna após uma longa latência, no tipo histológico de carcinoma de células epidermóides, como a úlcera de Marjolin 6-É conhecida a possibilidade de fármacos interferirem em alguma fase no processo cicatricial. Assinale o fármaco que não está comumente associado ao enunciado: a. Anti-inflamatório esteroidal b. Ácido acetil salicílico c. Paracetamol d. Quimioterápico 7-Sobre o processo da cicatrização, assinale a correta: a. Paciente tabagista pode apresentar má evolução cicatricial pela condição de hipóxia tecidual em área de maior tensão b. A radiação ionizante em condição de tratamento anti-neoplásico pode, a depender da dose, interferir no metabolismo de fibroblastos e assim acarretar prejuízo na cicatrização c. A hepatopatia grave pode prejudicar a cicatrização pela redução na síntese de proteínas e fatores de coagulação inerentes à disfunção do fígado d. Todas alternativas estão corretas Casos clínicos Caso 1: Homem de 65 anos de idade, vem ao ambulatório de cirurgia geral para preparo de cirurgia de herniorrafia inguinal esquerda. Informante precário à anamnese: - Imc = 29 - comorbidade: hiperplasia benigna de próstata - medicação de rotina prescrita por clínico assistente: aas 100 mg/d, metformina 500 mg/d, gingko biloba 1 cp /dia - cirurgias anteriores= nega - tabagista 25 maços/ano Considerando a avaliação clínica do pcte: a) qual ou quais complicações possíveis em relação à cicatrização neste caso? Tabagismo: Hipóxia, DM: compromete a cicatrização Metformina: precisa suspender para não fazer hipoglicemia grave Gingko biloba: alterações na coagulação Obs.: aspirina suspende de 5 a 7 dias (tempo de vida da plaqueta) Suspender as medicações antes da cirurgia, que podem voltara ser adm no 1º ou 2º dia PO (avaliar cada caso) b) como podemos preparar melhor o paciente? - Pedir para o pct suspender o cigarro, pct em sobre-peso, tratar a hiperplasia da próstata (pq ele faz um esforço crônico miccional, e esse esforço crônico após a cirurgia, pode favorecer a recidiva da hérnia) 18 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Caso 2: Pcte 26 anos, feminina, sem comorbidades cirurgia anterior: 1 cesareana, vem ao ambulatório de cirurgia geral para correção de hérnia epigástrica. Vem com a queixa sobre a cicatriz da cesareana, de aspecto elevado, violáceo, ultrapassando as margens cicatriciais, dolorosa, de cerca de 3 anos. Considera o resultado da cicatriz como má prática do médico obstetra. a) qual o diagnóstico? Queloide (alteração patológica da própria pele do pct) b) qual a orientação a respeito da cicatrização da paciente? Orientar a pct, que isso é próprio da pele dela, e que em uma futura cirurgia, lesão ou machucado pode ocorrer a formação da queloide c) qual o tratamento proposto? Operar, informar e encaminhar para serviço de β-terapia, incluir no termo que o pct tem queloide e que foi proposto o TTO. Caso 3: Quais os tipos de cicatrização dos eventos a seguir: a) pcte submetido a cirurgia de colecicstectomia por videolaparoscopia 1ª intensão b) pcte com escoriação ampla em MIE por abrasão em asfalto (queda de motocicleta) 2ª intensão (orientar o pct a manter a ferida limpa) c) pcte paraplégico dá entrada no pronto Socorro com escara sacral infectada. Equipe de cirurgia interna para tratamento eletivo. 3ª intensão (fazer o debridamento – remoção do tecido não viável – antibiótico por ser uma infecção, e quando o tecido estiver bem granulado (vermelho) ele já está preparado para receber uma cobertura (com retalhos). Infecção em cirurgia – Prevenção das ISC (infecção do sítio cirúrgico) INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO (ISC): Presença de hiperemia, aumento de temperatura, dor e secreção na ferida operatória, aparecendo durante um período de até 30 dias após o procedimento cirúrgico. CLASSIFICAÇÃO 1. ANATÔMICA Infecção tardia: > 2 semanas Infecção precoce: até 2 semanas (7- 8dia do P.O.) - Diagnóstico diferencial: Ceroma, hematoma: dor, abaulamento, ↑ Tº, na drenagem liq. Claro sem sinais de secreção purulenta (no hematoma sangue) - Não é necessário o TTO com Antibioticoterapia Infecção: pus da ferida à drenagem ou expressão Fontes: As potenciais fontes de infecção são o próprio paciente, a equipe dos profissionais de saúde, outros pacientes, o ambiente hospitalar, alimentos, instrumentos e materiais cirúrgicos contaminados e eventualmente medicamentos. Incidência: Depende do tipo de ferida cirúrgica Classificação da ferida LIMPA Eletiva, não emergencial, não traumática, fechamento primário; sem sinais de inflamação aguda; sem quebra da técnica asséptica; sem penetração nos tratos respiratório, gastrointestinal, biliar e geniturinário. Risco de ISC (%): < 2% POTENCIALMENTE CONTAMINADA Urgência ou emergência em casos que seriam limpas; abertura eletiva nos tratos respiratório, gastrointestinal, biliar e geniturinário, com mínimo vazamento (p.ex., apendicectomia,) não encontrando urina ou bile infectadas; mínima quebra da técnica asséptica. Risco de ISC (%): <10% 19 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico CONTAMINADA Presença de inflamação não purulenta; vazamento grosseiro do trato gastrointestinal; penetração nos tratos biliar ou genitourinário, na presença de bile ou urina infectadas; quebra grosseira da técnica asséptica; trauma penetrante com menos de 4h; feridas crônicas abertas, para serem enxertadas. Risco de ISC (%): ~20% SUJA/INFECTADA Inflamação purulenta (p.ex., abscessos); perfuração pré- operatória dos tratos respiratório, gastrointestinal, biliar e genitourinário; trauma penetrante com mais de 4h. (CI: suturar) Risco de ISC (%):~40% Fatores de risco Fatores sistêmicos - Diabetes - Uso de corticoides - Obesidade - Extemos de idade - Desnutrição - Cirurgias recentes - Transfusão sanguínea - Múltiplas ( 3 ou +) doenças de base pré-existentes - Cirurgia abdominal com duração > 2 horas - ASA: 3, 4 ou 5 Fatores Locais - Presença de corpo estranho (fio não absorvível = formação de granuloma de corpo estranho) - Uso de eletrocautério - Anestésicos locais com epinefrina - Utilização de drenos - Tricotomia com laminas - Local previamente irradiado (RDT) PREVENÇÃO - controlar doenças de base pré-existentes - tratar infecções presentes - evitar operar pacientes com infecções em atividade (se possível) - antissepsia adequada da pele do paciente e da equipe cirúrgica - adesão às regras de assepsiano ambiente cirúrgico - antibioticoprofilaxia ANTIBIOTICOPROFILAXIA em cirurgias: - potencialmente contaminados - contaminados - alguns considerados limpos Em que uma infecção poderia ter custos e morbidade muito elevados (utilização de próteses); Em pacientes com fatores de risco adicionais para a ISC - O ideal é fazer a antibioticoprofilaxia para flora bacteriana do local do sítio cirúrgico - E de acordo com contexto microbiológico do ambiente hospitalar: Estafilococos resistentes a meticilina Enterobacterias Enterococos KPC → antibiótico apropriado deve: 1- ser efetivo contra os microorganismos que possivelmente causem a infecção 2- alcançar níveis tissulares locais adequados (3) causar mínimos efeitos colaterais (4) ser relativamente barato (5) ter pouca capacidade de selecionar organismos virulentos Momento da primeira administração Nível tissular adequado nos momentos de maior risco de contaminação da ferida operatória, principalmente durante a incisão da pele - primeira administração: IV 60 minutos antes da incisão Duração da antibioticoprofilaxia: se necessário manter durante a cirurgia, e não deve ultrapassar 24 horas - Exceção: procedimentos cardiotorácicos (até 48 horas) ES – Infecção do sitio cirúrgico 1-Qual é o principal microorganismo causador de ISC? O que os estudiosos orientam fazer diante a sua presença? Alças intestinais, cavidade oral e pescoço: gram negativo e anaeróbicos Tórax: gram positivo Diante da presença desses microorganismos recomenda-se o uso de antibioticoterapia 2- Em relação ao período pré-opratório, quais medidas deverão ser tomadas para impedir a ISC, tanto com o paciente quanto com a equipe cirúrgica? Implantação de um agrupamento de intervenções focado na higienização das mãos, no uso de barreira máxima, na limpeza da pele com clorexidina, evitando-se a inserção de cateteres em veias femorais e na pronta remoção de cateteres intravasculares desnecessários, resultou em uma grande e sustentada diminuição nas taxas de ICS. Foram identificadas outras melhores práticas voltadas à prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC). Muitos estudos demonstraram que a otimização da administração de profilaxia antimicrobiana pré-operatória reduz o risco de ISC após uma variedade de procedimentos cirúrgicos. As práticas de prevenção de ISC voltadas à otimização da escolha do agente antimicrobiano, ao momento da administração e à duração da profilaxia, assim como outras práticas perioperatórias tais como a manutenção do controle da glicose e evitar tricotomia do sítio operatório foram defendidas pelos Centers for Medicare and Medicaid Services, a Joint Commission, e o Institute for Healthcare Improvement. 3- O que pode acontecer com os pacientes que tem um longo período de internação pré-operatória? Aumentar as chances de se infectar, segundo estudos: Tempo de internação pré-operatório maior do que quatro dias aumenta em quase três vezes a chance de um paciente se infectar. Quanto mais longa a internação antes da cirurgia, maior será a incidência de infecção. No estudo prospectivo com 20 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico 62.939 feridas cirúrgicas, as taxas médias de infecção em cirurgias limpas foram de 1,2% para um dia de internação pré-operatória, 2,1% para uma semana e 3,4% para tempo superior a duas semanas 4. Estes índices são explicados pela aquisição da microbiota hospitalar pelo paciente, sendo que a colonização aumenta proporcionalmente ao tempo de hospitalização, especialmente com bacilos aeróbicos Gram negativos. 4- Justifique os riscos de ISC em pacientes obesos, com extremos de idade, diabéticos, desnutridos, tabagistas e em uso de esteroides. - Obesidade: A ISC é mais comum em obeso quando comparado a não obesos. Isto provavelmente se deve a alterações locais como: aumento do tecido adiposo, trauma tecidual local aumentado, tempo cirúrgico prolongado e distúrbio do balanço homeostático corporal. Estas alterações podem contribuir com o aumento de ISC. A oxigenação do tecido subcutâneo está reduzida em pacientes obesos que também predispõe o paciente à ISC. - Idade: Os extremos de idade têm influência na taxa de infecção. Pacientes com menos de 1 ano e mais de 50 anos apresentam maiores taxas de infecção. A causa provável deste aumento esta relacionada com imunocompetência. - Diabetes mellitus: São muitos os fatores que contribuem com as alterações na fisiopatologia da cicatrização na presença desta patologia. São exemplos, as complicações macro e microvasculares, envolvendo a pre-disposição à aterosclerose, neuropatia, falência renal e efeitos inibitórios nos mecanismos de defesa. Caber ressaltar que a hiperglicemia pode afetar os leucócitos, por aumentar a permeabilidade vascular, levando ao edema. Isto determina localmente os defeitos na resposta quimiotáxica, na aderência e na função fagocítica dos neutrófilos. - Desnutrição: A má nutrição pode diminuir a função fagocítica, os níveis de complemento e de anticorpos, reduzir a reação de linfócitos a mitógenos e afetar a resposta de imunidade celular tardia. A desnutrição compromete a cicatrização e aumenta a vulnerabilidade à infecção. Pacientes com albumina baixa e mal estado nutricional estão sob risco aumentado de complicações infecciosas e óbito. Dieta rica em L-arginina, ômega-3 e outros ácidos graxos polinsaturados e trigo melhoram a imunidade e reduzem infecções em pacientes de alto risco. Tabagismo: O tabagismo está relacionado com doenças cardiovasculares, respiratórias, neoplasias pulmonares e orais e distúrbios vasculares periféricos. Complicações cirúrgicas tanto intra quanto pós-operatórias como pulmonares, cardiovasculares, cerebrovasculares e cicatrização diminuída da ferida operatória podem ocorrer relacionadas ao tabagismo. Estas complicações têm como fisiopatogenia à isquemia tecidual. Shanonn et al. mostraram as baixas taxas de aconselhamento médico tanto dos cirurgiões e anestesistas quanto a necessidade de abster-se do tabaco no pré--operatório. O ideal é que a abstenção seja um item obrigatório nas cirurgias eletivas. - Uso de esteroides: O uso de esteróides está diretamente relacionado com a diminuição da função dos fagócitos. Existe relação entre a utilização e maiores taxas de ISC. 5- Quais são os fatores, ainda considerados fontes de bacteremia no peri-operatório? • Infecções trato respiratório superior e inferior; • Infecções dentárias; • Infecções trato urinário/genitourinário; • Infecções gastrointestinais. 6- Quais são as recomendações para ter maior benefício da cobertura antimicrobiana? O uso dos antimicrobianos no período peri-operatório já está consagrado como fator adjuvante na prevenção das infecções, mas as recomendações abaixo são fundamentais e devem ser observadas para que se tenha maior benefício da cobertura antimicrobiana, tais como: • Deve-se ter indicação apropriada para o uso de antimicrobianos, pois ensaios clínicos sugerem benefícios mesmo em cirurgias limpas, nas quais não se indicava profilaxia; • Determinar a provável microbiota numa infecção pós- operatória, com o objetivo de escolher o antimicrobiano eficaz na profilaxia, uma vez que as infecções pós- operatórias são causadas geralmente pela microbiota do paciente; • Escolher o antimicrobiano menos tóxico e o de menor custo entre os de igual eficácia; • Usar a dose correta no momento certo (30 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica); • Avaliar o risco de toxicidade, desenvolvimento de resistência e custo do antibiótico antes da indicação da profilaxia antimicrobiana; 8- Quais são as medidas de controle de ISC intra-operatória, quanto a: circulação de pessoal, controle metabólico, e preparo da pele? Circulação de pessoal O ato de circular na sala operatória consiste em atividade desenvolvida exclusivamente pela equipe de enfermagem:enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem, os quais durante todo ato anestésicocirúrgico, desenvolvem atividades a fim de garantir condições funcionais e técnicas necessárias para a equipe médica e ao paciente. Os seguintes cuidados devem ser observados: • Manter as portas das salas cirúrgicas fechadas durante o ato operatório; • Limitar o número de pessoa na sala operatória, manter o número de pessoas necessário para atender o paciente e realizar o procedimento; 21 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico • Evitar abrir e fechar a porta da sala operatória desnecessariamente. Controle metabólico Para as cirurgias em geral, tópicos relevantes em relação ao controle metabólico peri-operatório são: controle glicêmico, controle da temperatura corpórea e suplementação da oxigenação tecidual, bem como a manutenção adequada do volume intravascular. Em relação à temperatura corpórea, tem sido observada a associação freqüente de hipotermia (T<35º C) intra- operatória e um aumento na incidência de sangramento pós-operatória, infecções e eventos cardíacos. Para evitar a instalação da hipotermia no intra-operatório, a ASA tem padronizado o método monitorização e manutenção da estabilidade da temperatura corpórea durante o ato cirúrgico. Vários métodos de monitorização podem ser utilizados e encontram-se disponíveis e serão escolhidos dependendo da natureza da cirurgia em questão. O “padrão ouro” é a monitorização na artéria pulmonar, método que requer a presença de cateter central e soma alguns riscos inerentes a tal procedimento. Ainda pode ser utilizada a monitorização através de cateter esofágico, bexiga urinária e cutânea, sendo esta última, a mais freqüentemente utilizada e também mais sensível às oscilações da temperatura da sala cirúrgica. Diferente da monitorização da temperatura corpórea, a suplementação de oxigênio no intra-operatório não teve sustentação uniforme na literatura em relação ao benefício na diminuição da incidência de infecção em ferida operatória até a apresentação de metanálise em 2009. Os autores analisaram cinco estudos randomizados e controlados com total de 3001 pacientes, e evidenciou-se que a suplementação de oxigênio tecidual é um fator relevante na prevenção de ISC. Efetivamente o controle glicêmico no perioperatório tem a maior relevância como medida de prevenção de infecção pós-operatória, no contexto metabólico. É bem estabelecido que o nível glicêmico alterado constantemente em um indivíduo diabético está relacionado a maior incidência de neuropatia, nefropatia e retinopatia. No período perioperatório, vários estudos apontaram que o descontrole glicêmico é fator de risco estatisticamente significante para infecção pós-operatória. Em acordo com a Associação América de Diabetes, o objetivo do controle glicêmico deve ser manter a hemoglobina glicosilada menor que 7% em todo o perioperatório. Vários autores apontam que o controle glicêmico e a manutenção da taxa acima mencionada por longos períodos favorecem a diminuição do risco de ISC, pneumonia e ITU. Preparo da pele Os seguintes cuidados devem ser seguidos durante o preparo da pele do paciente: • Banho de aspersão (chuveiro) pré-operatório com antisséptico antes da cirurgia; • Realizar degermação do membro ou local próximo da incisão cirúrgica antes de aplicar solução antisséptica; • Realizar a antissepsia no campo operatório no sentido centrífugo circular (do centro para a periferia) e ampla o suficiente para abranger possíveis extensões da incisão, novas incisões ou locais de inserções de drenos, com soluções alcoólica de Povidona Iodo – PVPI ou clorexidina; • Utilizar no local da incisão curativos adesivos impregnados com soluções antissépticas. 9- Quais são os drenos cirúrgicos mais utilizados e quando usá-los? Os drenos cirúrgicos mais utilizados são dos seguintes tipos: • Drenos de Penrose: dreno de borracha tipo látex, utilizados em cirurgias com potencial para o acúmulo de líquidos, infectados ou não; • Drenos de Sucção (HEMOVAC): composto por um sistema fechado de drenagem por sucção contínua e suave, composto por polietileno com múltiplas fenestrações na extremidade. Retirando o ar, cria-se um vácuo com aspiração ativa do conteúdo; • Dreno de tórax: os sistemas coletores de drenagem pleural ou mediastinal são empregados em cirurgias torácicas ou cardíacas, destinando-se a retirada de conteúdo líquido e ou gasoso da cavidade torácica; • Dreno de Kerr: introduzido na região das vias biliares extra- hepáticas, utilizados para drenagem externa, descompressão, ou ainda, após anastomose biliar, como prótese modeladora, devendo ser fixado através de pontos na parede duodenal lateral ao dreno, tanto quanto na pele, impedindo sua saída espontânea. 10- Quais são os cuidados com uma ferida cirúrgica? - Manter a ferida limpa e seca. - Observar sinais de infecção, hemorragias, deiscência e evisceração. - O curativo ajuda a manter a ferida protegida contra patógenos. - Alguns curativos impermeáveis permitem que o paciente possa banhar-se sem se preocupar em molhar a ferida operatória. Estes podem ser mantidos sobre a ferida por 07 (sete) dias. [ A oxigenação favorece a cicatrização] - Não há necessidade de utilizar qualquer anti-séptico. Somente mantenha o local limpo e seco. - Caso aja drenagem de secreção serossanguinolenta, proteja a ferida com um curativo. - A retirada dos pontos poderá ser feita pelo médico assistente ou em um serviço de saúde 7- De acordo com a tabela 1 da página 77, faça um esquema do uso de antibióticos para as cirurgias elencadas na mesma 22 Letícia M. Dutra 7ª Etapa Hab. Cirúrgicas – Raciocínio clínico Tabela 1. Profilaxia antibiótica conforme tipo de cirurgia. Cirurgia Esquema proposto Tipo Agentes mais frequentes Especificações e observações 1ª Escolha Alternativa Neurológica Cocos Gram + Bacilos Gram – Propioniobacterium acnes Craniotomia com implantação de próteses. Ex. Válvula de derivação peritoneal. Cefuroxima- 1,5g IV na indução anestésica e 750mg IV 4/4h se tempo cirúrgico > 240 mim, durante a cirurgia e 750mg IV de 08/08h durante 24 horas. Cefazolina 1-2g na indução anestésica, seguida de 1g IV 4/4h durante a cirurgia se tempo cirúrgico > 240 mim, 1g IV 8/8h no pós-operatório até completar 24 horas. Ortopédica Bacilos Gram – Cocos Gram + Anaeróbios Cirurgia eletiva com implante ou manipulação óssea Próteses (quadril, joelho, outras cirurgias eletivas com próteses) Revisão de artroplastia Cefazolina 1-2g IV indução anestésica, seguida de 1g IV 8/8 h no pós-operatório até 24h. Se tempo cirúrgico > 240 min, repetir 1g In no intra-operatório. Colher material de vários planos para cultura. Cefazolina 1-2g IV indução anestésica, seguida de 1g IV 8/8 h no pós-operatório até 24h. Se tempo cirúrgico > 240 min, repetir 1g In no intra-operatório. Se sinais de infecção no intra-operatório. Adequar a terapia antimicrobiana empírico até resultado das culturas. Cefuroxima- 1,5 g IV na indução anestésica, seguida de 750 mg IV 8/8h por 24 horas. Se tempo cirúrgico > 240 min, repetir 750mg IV no intra-operatório. Vascular Bacilos Gram – Cocos Gram + Anaeróbios Enxertos com prótese vascular Cefazolina 1-2g IV indução anestésica, seguida de 1g IV 8/8 h no pós-operatório até 24h. Se tempo cirúrgico > 240 min, repetir 1g IV no intra-operatório. Cefuroxima- 1,5 g IV na indução anestésica, seguida de 750 mg IV 8/8h por 24 horas. Se tempo cirúrgico > 240 min, repetir 750mg IV no intra-operatório. Cardíaca Cocos Gram + Troca valvar Implante de marcapasso Cefuroxima- 1,5 g IV na indução anestésica, seguida de 750 mg IV 6/6h por 24 horas. Após o término da circulação extra- corpórea, repetir a dose de 750mg IV. Cefazolina 1-2g IV na indução anestésica (dose única). Se tempo cirúrgico > 240
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