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Resumo Completo Doenças Benignas da Mama

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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
Saúde da Mulher III 
DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA 
Anomalias do Desenvolvimento: 
- Hipomastia: mama de pequeno volume, 
unilateral ou bilateral; o tratamento é 
cirúrgico. 
- Hipertrofia: mama de grande volume, 
unilateral ou bilateral; o tratamento é 
cirúrgico; os casos de hipertrofia mamária 
em que há ressecção > 1.000 gramas de 
tecido mamário são denominados 
gigantomastia. 
- Simastia: fusão medial das mamas; a 
alteração é congênita e geralmente está 
associada a mamas hipertróficas; o 
tratamento é cirúrgico. 
- Amastia: ausência total da glândula 
mamária, unilateral ou bilateral; a alteração é 
extremamente rara; quando unilateral, 
frequentemente associa-se à hipotrofia ou 
agenesia do músculo peitoral maior, 
denominada Síndrome de Poland; quando 
bilateral, frequentemente associa-se à 
agenesia ovariana. 
- Amazia: ausência do tecido mamário com 
a presença do complexo aréolomamilar; 
pode ser adquirida ou congênita. 
- Atelia: ausência do complexo 
aréolomamilar; alteração extremamente 
rara. 
- Polimastia: presença de mais de 2 
glândulas mamárias, podendo ser completa 
(com aréola e mamilo) ou incompleta 
(apenas com parênquima mamário); a forma 
mais comum é a mama axilar; o tratamento é 
cirúrgico. 
- Politelia: presença de mamilo acessório; 
geralmente localiza-se na região torácica 
inferior ou no abdômen superior; o 
tratamento é cirúrgico, mas a remoção deve 
ser realizada apenas se houver prejuízo 
estético à paciente. 
Ginecomastia: 
A ginecomastia é a hipertrofia, não 
neoplásica, de uma ou de ambas as mamas 
no homem. No recém-nascido, a 
ginecomastia deve-se ao estímulo 
estrogênico materno durante a gestação, 
sendo geralmente transitória, com regressão 
do tecido mamário alguns dias após o 
nascimento, estando associada à queda dos 
níveis estrogênicos no sangue do bebê. 
Além do período neonatal, a ginecomastia 
também apresenta pico de incidência na 
adolescência (13-14 anos), sendo 
geralmente transitória com regressão em até 
2 anos, e na vida adulta (50-80 anos), sendo 
geralmente induzida por uso de substâncias 
como anabolizantes, estrogênios e 
medicamentos ou por doenças, como 
hepatopatias, lesões testiculares, 
adenocarcinoma de adrenal, adenoma de 
hipófise e hipertireoidismo. 
 
2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
A hipertrofia da mama nos homens deve-se 
à hiperplasia do tecido ductal e periductal da 
mama, visto que não há tecido lobular na 
mama masculina. A ginecomastia manifesta-
se clinicamente com a formação de massa 
palpável na região retroareolar. 
A avaliação por exames de imagem deve ser 
realizada com a mamografia, que é capaz de 
diferenciar a ginecomastia verdadeira 
(hipertrofia da mama devido à proliferação de 
tecido mamário) da lipomastia (hipertrofia da 
mama devido ao aumento do volume de 
gordura). A investigação inicial da 
ginecomastia baseia-se na realização dos 
seguintes exames: 
- hCG. 
- LH. 
- Testosterona. 
- Estradiol. 
- Mamografia e/ou ultrassonografia mamária. 
A ginecomastia não é fator de risco para 
neoplasia maligna de mama em homens. 
Classificação: 
Idade 
Processo 
Normal 
Alteração do 
Desenvolvimento 
Doença 
15-25 
Desenvolvimento 
lobular 
Fibroadenoma 
Fibroadenoma 
gigante ou 
múltiplos 
fibroadenomas 
25-40 
Alterações 
cíclicas 
Alterações funcionais 
benignas 
Mastalgia 
incapacitante 
35-55 
Involução ductal 
e lobular 
Cistos e Esclerose 
Mastite 
periductal 
Substituição 
epitelial 
Hiperplasia ductal ou 
lobular sem atipias 
Hiperplasia 
ductal ou lobular 
atípica 
 
O nódulo de mama pode ser cístico (sempre 
benigno) ou sólido (benigno ou maligno). Os 
nódulos sólidos geralmente são benignos e a 
principal causa são os fibroadenomas. A 
mamografia, diferentemente da 
ultrassonografia mamária, não diferencia se 
o nódulo é cístico ou sólido. 
 
As principais características dos cistos 
mamários são: 
- Maior frequência na pré-menopausa (4ª 
década de vida). 
- Apresentação clínica: lesões circunscritas, 
amolecidas ou endurecidas e móveis à 
palpação. 
- A ultrassonografia mamária é o exame 
padrão-ouro para a avaliação dos cistos, pois 
possibilita diferenciar cistos de lesões sólidas 
da mama. Os cistos são lesões anecoicas 
circunscritas com sombra acústica posterior. 
As lesões sólidas são lesões anecoicas 
circunscritas com reforço acústico posterior. 
- Os cistos podem ser classificados em 
microcistos (diâmetro ≤ 1 cm) e macrocistos 
(diâmetro > 1 cm). 
- Os cistos simples têm frequência de 
malignidade < 0,1%. 
- O tratamento dos cistos baseia-se em 
conduta expectante na maioria dos casos. 
- A PAAF está indicada nos casos de cistos 
dolorosos, cistos que causam prejuízo 
estético ou cistos que apresentam 
componente sólido. 
- A biópsia está indicada nos casos de cistos 
contendo líquido sanguinolento, cisto que 
não se desfaz após a punção (PAAF) ou 
cistos que apresentam características 
sugestivas de malignidade nos exames de 
imagem. 
Lesões Proliferativas Benignas: 
Os principais tumores benignos da mama 
são o fibroadenoma, o papiloma intraductal e 
o lipoma. 
Fibroadenoma: 
O fibroadenoma representa o tumor sólido 
benigno mais frequente das mamas, 
acometendo 10-15% das mulheres, 
principalmente na faixa etária entre 15 e 30 
anos. O fibroadenoma forma-se 
principalmente a partir da proliferação de 
tecido conjuntivo do estroma, mas também 
de tecido ductal e de tecido lobular, e 
apresenta crescimento lento. 
O fibroadenoma acomete mulheres jovens, 
entre a menarca e os 30 anos de idade. Após 
essa idade, o tumor sofre degeneração e 
calcificação, representando achado comum 
 
3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
em mamografias de rotina. O fibroadenoma 
apresenta-se clinicamente como nódulo 
unilateral, móvel à palpação, de bordas bem 
delimitadas, formato arredondado ou 
lobulado, consistência fibroelástica e 
geralmente de diâmetro ≤ 4 cm. Os 
fibroadenomas podem ser múltiplos em até 
20% dos casos. Quando acometem 
mulheres mais jovens (puberdade), 
apresentam crescimento rápido e diâmetro > 
5 cm, deve-se suspeitar de fibroadenoma 
gigante juvenil. 
Os fibroadenomas são lesões hormônio-
dependentes que expressam receptores 
para estrogênio e progesterona. O 
estrogênio e a progesterona são os 
principais hormônios responsáveis pela 
origem e pelo crescimento do fibroadenoma. 
Entretanto, não há evidências de que o uso 
de anticoncepcionais aumentem o risco de 
desenvolvimento da lesão ou o seu 
crescimento. 
 
O fibroadenoma não apresenta risco de 
evolução/progressão para neoplasia maligna 
de mama. O diagnóstico é clínico, mas, às 
vezes, baseia-se em exame clínico 
(anamnese + exame físico), ultrassonografia 
mamária e biópsia/exame 
anatomopatológico. O tratamento é cirúrgico 
e baseia-se em remoção do fibroadenoma 
com anestesia local. A exérese cirúrgica da 
lesão geralmente é indicada apenas para 
pacientes nas quais os nódulos causam 
prejuízo estético e/ou emocional ou quando 
a lesão apresenta crescimento exagerado 
resultando em deformidades da mama 
(fibroadenoma gigante juvenil). Nos demais 
casos, não há necessidade de tratamento 
cirúrgico, visto que o risco de transformação 
maligna do fibroadenoma é quase nulo. 
Tumor Filoide: 
O tumor filoide é uma neoplasia benigna da 
mama que caracteriza-se por proliferação do 
parênquima e do estroma mamário com alta 
celularidade. O tumor filoide é uma lesão 
semelhante ao fibroadenoma, mas ao exame 
anatomopatológico, observa-se celularidade 
muito maior. 
Os tumores filoides apresentam-se 
clinicamente como nódulos sólidos, de 
consistência fibroelástica, móveis à palpação 
e de crescimento rápido. A lesão apresenta 
alto risco de causar deformidades mamárias. 
O diagnóstico baseia-se em exame clínico, 
ultrassonografia mamária e biópsia/exame 
anatomopatológico. O tratamento é cirúrgico 
e geralmente baseia-se em ressecção com 
margens, devido ao risco aumentado de 
recidiva da lesão. 
Papiloma Intraductal:O papiloma intraductal é um tumor benigno 
que caracteriza-se por proliferação de 
células epiteliais dos ductos mamários, 
podendo desenvolver-se em qualquer região 
do sistema ductal das mamas. O tumor 
geralmente apresenta componente vascular, 
causando descarga papilar sanguinolenta, e, 
às vezes, manifesta-se clinicamente com a 
presença de nódulo subareolar palpável. O 
papiloma intraductal representa a principal 
causa de descarga papilar sanguinolenta. 
O papiloma intraductal acomete 
principalmente mulheres na pós-
menopausa, com pico de incidência na 5ª 
década de vida. O diagnóstico baseia-se em 
exame clínico, ultrassonografia mamária e 
biópsia/exame anatomopatológico. Na 
ultrassonografia mamária, os papilomas 
intraductais caracterizam-se por cistos 
complexos, ou seja, cistos contendo área 
sólida em seu interior. O principal diagnóstico 
diferencial, que sempre deve ser suspeitado, 
é o carcinoma mamário. 
O tratamento baseia-se em exérese cirúrgica 
do ducto e da lesão, que são encaminhados 
para estudo anatomopatológico, necessário 
para a confirmação diagnóstica do papiloma 
intraductal. 
Os papilomas intraductais podem ser 
classificados, quanto à sua localização, em 
centrais e periféricos. O papiloma intraductal 
central, que desenvolve-se na região 
retroareolar, causa sangramento e, 
consequentemente, descarga papilar 
sanguinolenta com maior frequência que o 
 
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papiloma intraductal periférico, que 
desenvolve-se na região terminal dos ductos 
mamários e geralmente é assintomático. 
Além disso, os papilomas intraductais 
centrais geralmente são únicos e os 
papilomas intraductais periféricos 
geralmente são múltiplos. 
O papiloma intraductal, apesar de ser uma 
lesão benigna, é considerado marcador de 
risco para câncer de mama. Assim, 
pacientes portadoras de papiloma intraductal 
apresentam risco maior do que a população 
em geral de desenvolver câncer de mama. O 
risco de carcinoma ductal de mama é maior 
no papiloma intraductal periférico quando 
comparado ao papiloma intraductal central. 
Adenose: 
A adenose é uma lesão proliferativa benigna 
dos lóbulos mamários. A adenose é mais 
frequente na 3ª e na 4ª década de vida e 
pode ser classificada em: 
- Adenose simples. 
- Adenose esclerosante: apresenta risco 
discretamente aumentado para câncer de 
mama. 
- Adenose apócrina. 
- Adenose microglandular. 
O diagnóstico da adenose baseia-se em 
biópsia/exame anatomopatológico. Quando 
a lesão não apresenta atipias celulares, o 
tratamento geralmente é 
conservador/expectante. Quando a lesão 
apresenta atipias celulares, o tratamento 
baseia-se em exérese cirúrgica da lesão, 
devido ao risco aumentado de evolução para 
carcinoma mamário. 
Cicatriz Radiada e Lesão Esclerosante 
Complexa: 
A cicatriz radiada e a lesão esclerosante 
complexa diferenciam-se entre si apenas 
pelo tamanho da lesão. A cicatriz radiada é o 
termo utilizado para descrever lesões 
cicatriciais menores, geralmente não 
visualizadas na mamografia, e a lesão 
esclerosante complexa é o termo utilizado 
para descrever lesões cicatriciais maiores, 
que podem ser visualizadas na mamografia 
e frequentemente confundidas com o 
carcinoma de mama invasor, havendo 
necessidade de biópsia/exame 
anatomopatológico para diferenciar as 
lesões, visto que ambas caracterizam-se por 
desorganização dos tecidos ductal e/ou 
lobular da mama. 
A cicatriz radiada e a lesão esclerosante 
complexa, por causarem alteração estrutural 
do tecido mamário, podem dificultar o 
diagnóstico de neoplasias malignas da 
mama até mesmo por meio do exame 
anatomopatológico, sendo necessária a 
realização de imuno-histoquímica nestes 
casos. A cicatriz radiada e a lesão 
esclerosante complexa frequentemente 
associam-se à hiperplasia em graus do 
parênquima mamário adjacente, 
aumentando o risco de câncer de mama, 
especialmente se houver hiperplasia com a 
presença de células atípicas. 
O tratamento é cirúrgico nos casos de 
hiperplasia associada a atipias celulares, 
devido ao maior risco de evolução para 
carcinoma mamário. Nos demais casos, o 
tratamento é conservador/expectante. 
Adenoma: 
Os adenomas mamários são tumores 
benignos de morfologia semelhante aos 
fibroadenomas e podem ser classificados 
em: 
- Adenoma tubular. 
- Adenoma lactante. 
- Adenoma apócrino. 
- Adenoma pleomórfico. 
- Adenoma ductal. 
O diagnóstico do adenoma baseia-se em 
biópsia/exame anatomopatológico. O 
tratamento é cirúrgico. O risco de recidiva do 
adenoma é baixo se a lesão for 
adequadamente removida. O adenoma não 
está associado a aumento do risco de câncer 
de mama. 
Hamartoma: 
O hamartoma é um tumor benigno formado 
por tecido fibroglandular e gorduroso. Ao 
exame físico, a lesão geralmente apresenta 
bordas bem delimitadas e a mesma 
consistência do parênquima mamário 
normal. O hamartoma é assintomático e 
geralmente é um achado incidental da 
mamografia de rotina. O diagnóstico 
 
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definitivo baseia-se em biópsia/exame 
anatomopatológico. O tratamento é cirúrgico 
e a taxa de recidiva é baixa, não havendo 
risco de evolução para carcinoma mamário. 
Lipoma: 
O lipoma é um tumor benigno da mama que 
caracteriza-se por proliferação de células 
lipídicas. Apresenta-se como um nódulo de 
bordas bem delimitadas, consistência 
amolecida e de tamanho variável, podendo 
alcançar grandes proporções e causar 
deformidades da mama. O diagnóstico 
definitivo baseia-se em biópsia/exame 
anatomopatológico. O tratamento é cirúrgico. 
Doenças Inflamatórias (Mastites): 
As doenças inflamatórias da mama, também 
chamadas de mastites, caracterizam-se por 
inflamação e/ou infecção do tecido mamário. 
O principal diagnóstico diferencial das 
mastites é o carcinoma mamário 
inflamatório. As mastites podem ser 
classificadas em agudas e crônicas. A 
mastite aguda mais frequente é a puerperal, 
já a mastite crônica pode ser classificada em 
infecciosa e não infecciosa. 
A incidência de mastites é inversamente 
proporcional à qualidade do atendimento 
básico em saúde, uma vez que são 
dependentes de fatores como higiene, dieta 
e saneamento básico da população. As 
mastites são mais frequentes em mulheres 
na menacme (faixa etária de 18-50 anos). A 
mastite aguda tem evolução clínica < 30 dias 
e a mastite crônica tem evolução clínica > 30 
dias, mas também compreende os quadros 
de mastite recorrente. A forma mais 
frequente de mastite aguda é a mastite 
puerperal e a forma mais frequente de 
mastite crônica é o abcesso subareolar 
crônico recidivante. 
Mastite Puerperal: 
A mastite puerperal desenvolve-se durante a 
lactação, sendo mais frequente entre a 2ª e 
a 5ª semana do puerpério. A mastite 
puerperal é mais comum em primigestas e 
após parto cesáreo eletivo. Os principais 
fatores que aumentam o risco de mastite 
puerperal são: 
- Fissura do mamilo (atua como porta de 
entrada para os microrganismos que causam 
a mastite). 
- Ingurgitamento das mamas. 
- Má higiene das mamas. 
- Anormalidades do mamilo. 
- Primiparidade. 
- IVAS no lactente (risco de transmissão dos 
microrganismos durante a amamentação). 
Os microrganismos mais associados à 
mastite puerperal são Staphylococcus sp. (o 
principal é Staphylococcus aureus) e 
Streptococcus sp. As principais 
manifestações clínicas são: 
- Estase láctea. 
- Dor/mastalgia. 
- Eritema, edema e aumento de temperatura 
da mama. 
- Linfonodomegalia axilar palpável. 
- Sinais e sintomas sistêmicos: febre, 
calafrios, mal-estar, náuseas, vômitos e 
anorexia. 
A região da mama mais acometida pela 
mastite puerperal é o quadrante superior 
externo. O tratamento da mastite puerperal 
baseia-se em: 
- Não suspensão da amamentação. 
- Analgésicos e AINES. 
- Antibioticoterapia: 
→ Cefalexina 500 mg de 6/6 horas ou 1 g de 
12/12 horas VO por 7 dias. 
→ Cefadroxila. 
→ Amoxicilina + Clavulanato. 
→ Ciprofloxacino. 
→ Oxacilina. 
→ Cefoxitina + Clindamicina. 
- Higiene adequada das mamas.- Drenagem manual do leite materno para 
prevenir ingurgitamento mamário. 
A ausência de resposta à antibioticoterapia 
em 48-72 horas de tratamento deve levantar 
a suspeita de abcesso mamário ou de 
carcinoma mamário inflamatório. Nos casos 
de abcesso mamário, as principais 
manifestações clínicas são: 
- Presença de pele fina e brilhante. 
 
6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
- Presença de área de flutuação. 
A ultrassonografia mamária pode auxiliar no 
diagnóstico do abcesso. O tratamento do 
abcesso mamário baseia-se em suspensão 
temporária da amamentação na mama 
acometida, uso de analgésicos e AINES, 
manutenção da antibioticoterapia e 
drenagem, geralmente cirúrgica, do 
abcesso. 
Abcesso Subareolar Crônico Recidivante: 
O abcesso subareolar crônico recidivante 
caracteriza-se por episódios de infecção 
aguda recorrente da mama associados à 
formação de abcessos mamários na região 
subareolar. Os principais microrganismos 
associados ao abcesso subareolar crônico 
recidivante são bactérias anaeróbicas e 
Staphylococcus sp. 
A doença apresenta forte associação com 
DM, tabagismo e obesidade. O abcesso 
subareolar crônico recidivante é mais comum 
em mulheres jovens, na faixa etária de 30-40 
anos de idade. A fisiopatologia é 
desconhecida, mas sabe-se que a doença 
desenvolve-se fora do ciclo gravídico-
puerperal. Os abcessos mamários 
geralmente são unilaterais e a apresentação 
clínica é de inflamação da mama na região 
subareolar, que evolui para a formação de 
pequeno abcesso, que tende a drenar 
espontaneamente, formando fístulas 
periareolares que, ou cicatrizam, ou 
inflamam novamente. 
O tratamento do abcesso subareolar crônico 
recidivante baseia-se em analgésicos, 
AINES, antibioticoterapia com cobertura 
para bactérias anaeróbicas, drenagem e/ou 
cirurgia de ressecção do sistema ductal 
envolvido na formação do abcesso, 
principalmente nos casos de fístulas 
periareolares. Além disso, deve-se 
recomendar a cessação do tabagismo. 
Mastite Tuberculosa: 
A mastite tuberculosa manifesta-se 
clinicamente por mastite associada a 
múltiplos abcessos ou a múltiplas fístulas em 
pacientes com história pessoal de 
tuberculose ou com história de contato com 
paciente com tuberculose. A mastite 
tuberculosa também pode cursar com 
linfonodomegalias axilares palpáveis. 
A avaliação diagnóstica de pacientes com 
mastite tuberculosa baseia-se em: 
- Raio X de tórax. 
- Baciloscopia com pesquisa de bacilo álcool-
ácido resistente (BAAR) na secreção da 
lesão mamária. 
- Cultura de secreção da lesão mamária. 
- Biópsia da lesão mamária. 
A presença de granulomas caseosos na 
biópsia/exame anatomopatológico da lesão 
mamária confirma o diagnóstico de mastite 
tuberculosa. O tratamento da mastite baseia-
se no tratamento da causa de base 
(tuberculose), geralmente realizado por 
médico infectologista. 
Mastite por Micobactérias: 
Mastite infecciosa de evolução muito 
insidiosa/lenta, mais frequente em pacientes 
HIV-positivos e imunodeprimidos, causada 
principalmente por Mycobacterium avium. O 
diagnóstico baseia-se em hemocultura ou 
em cultura da secreção da lesão mamária. O 
tratamento baseia-se em antibioticoterapia. 
Mastite por Sífilis: 
Mastite infecciosa geralmente associada à 
sífilis secundária. O diagnóstico baseia-se no 
quadro clínico e na sorologia positiva para 
sífilis (FTA-ABS e VDRL). O tratamento 
baseia-se em penicilina benzatina 2.400.000 
UI IM 1 vez/semana por 2 semanas. 
Mastite por Herpes: 
Mastite infecciosa causada pelos vírus HSV-
1 (herpes oral) ou HSV-2 (herpes genital). O 
quadro clínico geralmente é autolimitado, 
durando aproximadamente 7-10 dias. O 
diagnóstico é clínico, visto que geralmente a 
mastite desenvolve-se concomitantemente 
ao quadro de herpes oral ou de herpes 
genital (vesículas dolorosas de conteúdo 
seroso). O tratamento baseia-se em 
observação e, às vezes, em uso de aciclovir 
(antiviral). 
Mastite Granulomatosa Idiopática: 
Mastite crônica rara que acomete mulheres 
com idade entre 20 e 50 anos. O processo 
inflamatório caracteriza-se por formação de 
granulomas na região dos lóbulos mamários. 
O diagnóstico baseia-se em biópsia/exame 
 
7 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 
anatomopatológico e o tratamento baseia-se 
em corticoesteroide VO. 
Mastite Periductal: 
Mastite crônica não infecciosa que 
geralmente acomete mulheres na menacme, 
fora do ciclo gravídico-puerperal. O quadro 
clínico é leve e, às vezes, assintomático. O 
diagnóstico baseia-se em biópsia/exame 
anatomopatológico e o tratamento baseia-se 
em antibioticoterapia e, às vezes, em 
cirurgia.

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