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TPM – Manutenção produtiva total 1 TPM – Manutenção Produtiva Total Hominiss Consulting TPM – Manutenção produtiva total 2 Sumário 1. TPM e o novo conceito de manutenção .................................................. 3 1.1. Desafios para a excelência operacional ............................................... 3 2. Metodologias......................................................................................... 4 3. Filosofia TPM² ........................................................................................ 4 3.1. O que é TPM²? ...................................................................................... 4 3.2. Histórico do TPM² ................................................................................. 5 3.3. Otimização dos 4M’s + 1T..................................................................... 6 3.4. Atuação do TPM² .................................................................................. 7 3.5. Ação conjunta ....................................................................................... 7 3.6. Gestão matricial ................................................................................... 8 3.7. Implantação do TPM² ........................................................................... 9 4. Pilares do TPM².................................................................................... 10 4.1. Manutenção autônoma ...................................................................... 10 4.1.1. Atuação sobre os problemas ......................................................... 11 4.1.2. Limpeza do equipamento e inspeção ............................................ 12 4.2. Manutenção planejada ...................................................................... 15 4.2.1. Tipos de manutenção ..................................................................... 15 4.2.2. Classificação de ativos.................................................................... 16 4.2.3. Medidas para evitar falhas............................................................. 17 4.2.4. Apoio à manutenção autônoma .................................................... 18 4.3. Manutenção específica ....................................................................... 19 4.3.1. Tipos de perda................................................................................ 19 4.3.2. OEE (Overall Equipment Effectiveness) .......................................... 20 4.3.3. Priorização de perdas ..................................................................... 21 4.4. Educação e treinamento ..................................................................... 21 4.4.1. Etapas do treinamento .................................................................. 22 4.5. Controle inicial .................................................................................... 23 4.6. Demais pilares .................................................................................... 23 TPM – Manutenção produtiva total 3 1. TPM e o novo conceito de manutenção Apresentaremos neste módulo a ferramenta mundialmente conhecida como TPM (Total Productive Maintenance ou Total Performance Management) que, fundamentada em 8 pilares, busca oferecer a melhor alternativa de gestão da performance produtiva integrada à manutenção, baseada nos objetivos do negócio e na representatividade do equipamento. O TPM consiste em uma ferramenta completa, que visa quebrar paradigmas de custos considerados intrínsecos ao processo. Neste módulo, você vai aprender os detalhes de sua conceituação e implantação, tanto para a equipe de manutenção como para as equipes operacional e gerencial. Entre os objetivos do TPM temos a elevação da vida dos ativos, a máxima eficiência dos processos produtivos e o combate as perdas de qualidade. Ao trazer um novo conceito de produtividade, o TPM visa formar processos cada vez mais robustos. 1.1. Desafios para a excelência operacional Diante de uma economia frequentemente desacelerada e cada vez mais competitiva, tem-se custos de produção elevados e os preços de produtos reduzidos. Como resultado, isso torna a margem de lucro pequena (margem 1 da Figura 1). O TPM, juntamente com a filosofia Lean, prioriza a redução de perdas e desperdícios, atacando-os de maneira sistemática de modo que o custo de produção seja cada vez menor. Ao mesmo tempo, busca-se encontrar possibilidades de agregar mais valor ao produto final, ampliando sua diferenciação e competitividade. Esse conjunto de medidas permite aumentar a margem de lucro (margem 2 da Figura 1), trazendo benefícios às partes interessadas. Figura 1 – Lean como alternativa à desaceleração da economia e aumento da competitividade TPM – Manutenção produtiva total 4 2. Metodologias A Figura 2 mostra um exemplo de 3 ferramentas usadas para o aumento da produtividade. O TPM possui atuação na produtividade, levando em consideração o OEE (Overall Equipment Effectiveness), a melhoria, o desempenho e confiabilidade dos processos. Ainda na figura, o Lean possui uma abordagem que considera diferentes processos de um produto, em busca de obter uma manufatura enxuta do começo ao fim do fluxo de valor. O 6 sigma, por sua vez, atua na variabilidade e é utilizada quando se tem problemas profundos que demandam análises estatísticas do processo. Figura 2 – Ferramentas para melhoria de produtividade 3. Filosofia TPM² O conceito de perda é definido por Henry Ford como tudo o que não agrega valor, ou seja, perdas, ineficiência, problemas, custos e tudo o que não é pago pelo cliente. Seguindo o mesmo raciocínio, Fujio Cho define desperdício como tudo que excede o mínimo requerido e absolutamente necessário para agregar valor ao produto e serviço. 3.1. O que é TPM²? TPM é uma metodologia consolidada que tem sido aplicada ao longo de muitos anos. Inicialmente, seu foco era na manutenção e nos desperdícios gerados por conta TPM – Manutenção produtiva total 5 de quebras de máquinas, criando o conceito da manutenção como parte do processo de manufatura. Nessa fase, o TPM era entendido como Total Productive Maintenance. Após alguns anos, o foco recebido pela manutenção foi reduzido a partir do momento em que se percebeu que esta não era a principal causadora dos problemas de manufatura. A partir desse momento, o foco virou-se para a produtividade e o TPM passou a ser entendido como Total Productivity Management. As definições de TPM com foco em manutenção e, depois, em produtividade, fazem parte do que chamamos de TPM “primeira geração”. O TPM², chamado de TPM “segunda geração”, consiste em um sistema mais amplo que pode ser considerado como um sistema de geração do desempenho da manufatura. Os principais aspectos do TPM², são: Máxima eficiência do potencial produtivo; Identificação e eliminação de perdas; Maximização da vida produtiva dos ativos; Envolvimento de todos os departamentos da empresa. 3.2. Histórico do TPM² Na transição do século XVIII para o século XIX, a preocupação na manufatura era direcionada para manutenção. A prioridade era apenas consertar uma máquina quando ela quebrava. Após a II Guerra Mundial, com o crescimento da demanda e da produção, a preocupação passou a ser com a prevenção de problemas, ou seja, a manutenção preventiva, e não apenas com a correção. Entretanto, a manutenção preventiva sem planejamento ou inteligência é uma prática cara para as empresas. Para lidar com esse problema, criou-se a manutenção preditiva. A manutenção preditiva não é uma prática invasiva para o equipamento e é como ir a uma consulta ao médico: mapeia-se os problemas para que se possa ter uma ação pontual e exata. A evolução do conceito de manutenção pode ser vista na Figura 3. TPM – Manutenção produtiva total 6 Figura 3 – Histórico Manutenção 3.3. Otimizaçãodos 4M’s + 1T Os 4M’s e 1T se referem aos elementos do processo de manufatura que permitem atender a voz e necessidade do cliente ou de um negócio através de um produto ou serviço com baixo custo operacional, investimento baixo, melhor OEE e menor capital. Os elementos são: Pessoas (Man); Máquina; Material; Método; Tempo. Entretanto, essa otimização apresenta falhas e defeitos que são inerentes ao processo de manufatura. O TPM² atua nesses elementos de forma a extrair as perdas e melhorar a performance dos processos, deixando-os mais capazes e confiáveis e aumentando o lucro gerado (Figura 4). TPM – Manutenção produtiva total 7 Figura 4 – Otimização dos 4M’s e 1T pelo TPM 3.4. Atuação do TPM² O foco principal do TPM² são as perdas que ocorrem no processo de manufatura, atuando das seguintes formas: Combate as perdas onde elas ocorrem (Gemba); Maximização do potencial dos 4M’s e 1T; Transformação do ambiente em um local onde se aprende e ensina; Não se tem medo de errar (só erra quem faz). Com isso, em uma empresa em que o desempenho de um equipamento varia ao longo do seu ciclo de vida, o TPM² permite aumentar e estabilizar este desempenho de modo que o aproveitamento possa ser maior (Figura 5). Figura 5 – Desempenho de um equipamento antes e depois do TPM² 3.5. Ação conjunta Existem duas maneiras de deterioração de um equipamento: desgaste natural e deterioração forçada. O controle da deterioração forçada é feito pela manutenção autônoma através de limpeza, inspeção, reaperto, ajustes, lubrificação e pequenas melhorias. Já o controle dos desgastes naturais é feito pela manutenção planejada utilizando ferramentas como manutenção corretiva, preventiva, preditiva ou por melhorias, que serão abordadas mais adiante. TPM – Manutenção produtiva total 8 Os grupos de melhoria e de educação e treinamento são responsáveis para garantir o sucesso da manutenção planejada e da manutenção autônoma. A Figura 6 resume os aspectos de deterioração de equipamentos abordados neste tópico. Figura 6 – Tipo de manutenção vs tipo de deterioração 3.6. Gestão matricial Após a implementação do TPM², a empresa deixa de ter uma visão departamentalizada para ter uma visão colaborativa. Passa-se a seguir uma estrutura como a da Figura 7. Figura 7 – Gestão matricial A existência de uma coordenação garante que o método seja seguido e respeitado. Deve-se criar uma secretaria de TPM² responsável por estimular o time a trabalhar de forma conjunta e colaborativa. Essa secretaria deve possuir relação direta com o dono do negócio e a alta gerência. TPM – Manutenção produtiva total 9 3.7. Implantação do TPM² As fases de implantação do TPM² são descritas na Tabela 1. Tabela 1 – Fases de implantação do TPM² Fases Etapas Pontos chave Preparação Piloto Aprender fazendo 1 Declaração oficial da Alta Direção da empresa Declaração de adoção do TPM para 100% do universo (planta/empresa) 2 Sensibilização, treinamento e capacitação em TPM Planejamento da promoção Conferências para executivos Seminários para supervisores Instrutores e facilitadores Vídeos 3 Início Promoção TPM² Atividades na máquina/linha/área piloto Distribuição materiais Hands-on training na máquina piloto 4 Estratégia básica Demandas Internas/Externas Árvore de perdas Indicadores PQCDSME Pressuposto e metas com horizonte de 3 anos Cartaz de políticas e diretrizes de TPM² 5 Grupos Autônomos Integrados Comitê Executivo, Gerencial, Operacional Secretaria TPM Subcomitês de pilares Master Plan Procedimentos para diagnóstico e avaliação do desempenho do TPM Kick-off 6 Lançamento Oficial do TPM² 100% do público Convidados: dirigentes, fornecedores e clientes Implementação Priorização e expansão 7 Estrutura eficiente de produção Maximizar eficiência produtiva Priorização e foco nas atividades Democratização da informação 7.1 Melhoria específica Atividades de grupos autônomos 7.2 Manutenção autônoma Sistema por etapas Auditorias Certificação da máquina por etapa 7.3 Manutenção planejada Criticidade ABC Manutenção periódica, preventiva, preditiva, pós-quebra 7.4 Capacitação dos operadores e mantenedores Aprendizagem contínua Material didático com know-how interno 8 Gestão antecipada de equipamentos, processos e produtos Prevenção da manutenção Facilidade de produção e manutenção Design para qualidade Design Review Life Cycle Costing 9 Manutenção de qualidade Modos de defeitos Condições para contramedidas (Matriz QM) Atendimento às normas 10 Administração e áreas de apoio Nível de serviço Custo e confiabilidade no processamento de informações 11 Segurança, higiene e meio ambiente Zero acidentes Zero poluição Zero não conformidades Melhor ambiente de trabalho 12 Realização do TPM Parte I e Melhoria Contínua Educação contínua de dirigentes Em cascata Replicação horizontal TPM – Manutenção produtiva total 10 4. Pilares do TPM² A Figura 8 mostra os 8 pilares que sustentam a metodologia do TPM². Os quatro primeiros pilares são considerados a base do programa, pois trabalham aspectos para sustentar a performance da manufatura, que é um fator de dificuldade para diversas empresas. Figura 8 – Pilares TPM² 4.1. Manutenção autônoma Os 7 passos da implementação da manutenção autônoma, são: 1. Limpeza inicial; 2. Eliminação dos locais de difícil acesso e fontes de sujeira; 3. Preparação do padrão provisório; 4. Inspeção geral dos equipamentos; 5. Inspeção geral do processo; 6. Sistematização da manutenção autônoma; 7. Auto gestão. A Figura 9 mostra como ocorre o desenvolvimento do pilar de manutenção autônoma. O primeiro passo, anterior a qualquer outro, é a motivação da equipe que será responsável pelo sucesso da implementação e pelo desenvolvimento de pilares futuros. As etapas 1 a 3 dizem respeito à recuperação das condições básicas do equipamento. Essas etapas estão diretamente relacionadas com a ferramenta 5S, pois possuem foco em organização, inspeção e correção de inconveniências. Como resultado, o equipamento muda e os defeitos e quebras passam a ser menos frequentes. Uma vez estabilizado o equipamento, as etapas 4 e 5 abordam o processo e buscam desenvolver Kaizens para a melhoria da performance destes. A mudança no TPM – Manutenção produtiva total 11 processo resulta na mudança da mentalidade das pessoas e na forma como as atividades são realizadas no dia-a-dia. Por fim, as etapas 6 e 7 se referem à mudança das pessoas, trazendo a iniciativa para encontrar problemas e a busca pela consciência em ter o mínimo de defeitos e quebras. Figura 9 – Mudanças ocorridas nas etapas de manutenção autônoma 4.1.1. Atuação sobre os problemas Em uma empresa, os problemas geralmente encontrados e diretamente identificados por gerentes e pela chefia são superficiais, pois são apenas indicadores que refletem problemas mais profundos. Por exemplo, a tendência da diretoria é identificar, controlar e corrigir problemas relacionados a metas, custos, produtividade, volumes, reclamações, resultados e devoluções. Quando se analisa a situação no gemba, é possível identificar os problemas e causas de maneira específica, relacionados, por exemplo, a falhas, reprocessos, defeitos, condições inseguras, desgastes, ruídos, redução de precisão, vazamentos, aquecimentos etc. O TPM², através da manutenção autônoma, busca atuar diretamente nesses problemas e no próprio local onde elas ocorrem. Corrigindo esses problemas no gemba, é possível evitar que os problemas geralmente identificados pela gerência apareçam. O gráfico da Figura 10 mostra o desempenho de um equipamento ao longo seuciclo de vida e como determinados problemas impactam nesse desempenho. Através do trecho da curva em amarelo, percebe-se que os problemas relacionados à deterioração forçada aparecem mais rápido em relação aos causados pela deterioração natural. Esses problemas diminuem o desempenho do equipamento e, no caso de negligência, podem resultar em quebras e altos custos. O papel da manutenção autônoma é identificar, atuar e identificar as inconveniências provenientes da deterioração forçada. Desse modo, é possível atingir TPM – Manutenção produtiva total 12 um patamar mais elevado de desempenho no futuro através da melhoria específica e implantação de Kaizens. Figura 10 – Deterioração forçada vs natural de um equipamento. 4.1.2. Limpeza do equipamento e inspeção Existem 3 tipos de limpeza: Superficial: Não evita pequenas falhas; Não proporciona o contato entre máquina e operador; Realizada sem ferramentas e sem compromissos. Aparência: Realizada apenas em partes externas; Não evita paradas; Proporciona boa noção das fontes de sujeira. Detalhada: Operador conhece seu equipamento; Acessa pontos internos da máquina; Inspeciona e identifica anomalias. Mas, afinal, a limpeza só serve para ter uma máquina bonita? Não, a limpeza também age como forma de inspeção do equipamento e tem as seguintes características: Conserva o equipamento e evita sua deterioração para que este continue funcionando; Proporciona contato e conhecimento do equipamento, possibilitando a antecipação de problemas; No início do TPM² é comum encontrar mais de 200 anomalias em um equipamento em funcionamento. TPM – Manutenção produtiva total 13 Inspecionar é verificar se a situação encontrada está de acordo com a situação normal, conforme os critérios pré-estabelecidos. Faz parte da inspeção: Distinguir o normal do anormal; Registrar anomalias; Encaminhar para que haja solução; Evitar reincidências. Além disso, nossos 5 sentidos são fundamentais para a realização de inspeções, pois auxiliam na detecção de diferentes tipos de problema: Visão – Identificar e avaliar visualmente indicadores de problemas; Olfato – Desenvolver a sensibilidade olfativo para detectar problemas (e.g. queima de circuito elétrico); Audição – Aprimorar a habilidade de distinguir ruídos e comparar se estão normais; Tato – Diagnóstico pelo toque (Aquecimento, vibração etc.) Paladar – Trata da comunicação e de quão claras as informações devem ser passadas adiante. 4.1.2.1. Tipos de etiqueta O TPM² sugere o uso de etiquetas de duas cores, vermelha e azul, para o registro de anomalias. A etiqueta azul é utilizada quando se tem competência e habilidade para resolver o problema, o que geralmente já é feito pelo próprio operador. Já a etiqueta vermelha é utilizada para registrar anomalias que ainda não se tem conhecimento, habilidades ou ferramentas para resolver o problema, tornando-se responsabilidade das áreas de suporte. Ao longo da aplicação do TPM², busca-se transferir os conhecimentos da área de suporte para o operador, de modo que, cada vez mais, existam mais etiquetas azuis em vez de vermelhas. Um exemplo de preenchimento da etiqueta pode ser visto na Figura 11 e deve sempre evidenciar o problema e não o sintoma, além de indicar o local da anomalia. Caso a descrição seja preenchida apenas com a solução ou com uma descrição superficial do problema, ações futuras podem ser prejudicadas. TPM – Manutenção produtiva total 14 Figura 11 – Preenchimento de uma etiqueta de identificação de anomalias A gestão das etiquetas é tão importante quanto a geração das mesmas. Deve-se ter uma via no local da anomalia e outra no quadro de gestão visual (Figura 12). Esse quadro deve conter as etiquetas abertas, em atendimento e fechadas. Com isso, é possível avaliar o desempenho da manutenção autônoma: a falta de etiquetas pode indicar poucas anomalias, o que é pouco provável, ou que os operadores estão com a visão pouco apurada. Figura 12 – Etiquetas colocadas no local e no quadro de gestão visual 4.1.2.2. Lição ponto-a-ponto A manutenção autônoma busca a obtenção e disseminação do conhecimento de maneira ampla para que se tenha um domínio cada vez maior da operação. Isso por ser obtido, além da etiqueta, por uma ferramenta chamada lição ponto-a-ponto (LPP). A função da LPP é permitir que as pessoas possam registrar e compartilhar, de forma visual, os conhecimento obtidos. Essa prática permite a solução e prevenção de TPM – Manutenção produtiva total 15 problemas de forma mais eficiente, além de disseminar conhecimentos específicos para todos. A Figura 13 mostra a estrutura da LPP e um exemplo de uso. Figura 13 – Estrutura da LPP e exemplo de uso 4.2. Manutenção planejada Os 6 passos da manutenção planejada, que levam a empresa em busca da quebra zero, são: Avaliação do equipamento e compreensão da situação atual; Restauração da deterioração e correção das debilidades; Criação de um sistema de gestão das informações; Criação de um sistema de manutenção periódica (tempo); Criação de um sistema de manutenção preditiva (condições); Avaliação do sistema de manutenção planejada. 4.2.1. Tipos de manutenção Existem dois tipos de manutenção: proativa e reativa. A proativa antecipa o acontecimento de problemas, buscando manter a qualidade sem que, para isso, o processo ou máquina tenha que parar. A reativa, como o próprio nome diz, ocorre quando já ocorreu um problema que precisa ser solucionado. Esses dois tipos de manutenção podem ser decompostos da seguinte maneira: Proativa: Preventiva – Atrelada ao tempo. A substituição de componentes e verificações são feitas periodicamente; TPM – Manutenção produtiva total 16 Preditiva – Relaciona-se à predição através da avaliação das condições do equipamento; Por melhoria – Realiza a melhoria ou troca de um componente de modo que se reduza a necessidade de manutenção; Evitação da manutenção – Trata de componentes ou equipamentos que dispensam qualquer manutenção. Reativa: Corretiva planejada – Manutenção que ocorre em uma parada programada e prejudica menos o processo produtivo; Corretiva não-planejada – Manutenção realizada quando ocorre uma para devido a um problema que não foi previsto. É o principal tipo de situação que se busca evitar; Reforma – Ocorre quando a deterioração do equipamento foi tão grande que surge a necessidade de investir grande quantidade de dinheiro em sua recuperação. 4.2.2. Classificação de ativos Uma empresa não tem recursos para atuar igualmente em todos os equipamentos que possui. Por isso, há a necessidade de realizar a classificação e priorização desses equipamentos de acordo com sua importância para o negócio, de modo a otimizar o processo de manutenção. A classificação possui 3 níveis: baixa, média e alta importância. Geralmente, a distribuição da quantidade de equipamentos em cada um desses níveis é semelhante a uma pirâmide (Figura 14). A maioria dos equipamentos possui uma importância baixa para o negócio, enquanto a menor parte dos mesmos tem alta importância. Na Figura 15 é mostrado um exemplo de fluxograma utilizado para classificar equipamentos conforme critérios de importância. Figura 14 – Proporção de equipamentos por importância para o negócio TPM – Manutenção produtiva total 17 Figura 15 – Fluxograma para a classificação de equipamentos 4.2.3. Medidas para evitar falhas O propósito da manutenção planejada dentro do TPM² é manter o funcionamento de um ativo para que este não interrompa o processo produtivo. Nesse contexto, busca-se compartilhar o conhecimento técnico com a manutenção autônoma para que o operador possa se desenvolver e antecipar as falhas do dia-a-dia. A Figura 16 mostra as medidas que devem sertomadas a fim de garantir o bom funcionamento de um ativo e quais delas se relacionam com a manutenção autônoma e com a manutenção planejada. Complementando as informações da figura, temos: 1. A reestruturação trata da garantia das condições necessárias para a operação do equipamento, possibilitando diferenciar o normal do anormal; 2. O cumprimento das condições busca evitar a utilização em condições para as quais o equipamento não foi projetado; Figura 16 – Medidas para redução de falhas e sua relação com os tipos de manutenção TPM – Manutenção produtiva total 18 4.2.3.1. Análise de quebra/falha As falhas que ocorrem em um processo produtivo devem ser mapeadas para que não aconteçam novamente. O TPM² apresenta a ferramenta de análise de quebra e falha, que consiste em um processo que permite encontrar a causa raiz de uma falha, evitando que esta volte a ocorrer. A manutenção planejada busca entender os motivos pelos quais uma falha ocorre e registrar todo o seu processamento, desde o equipamento até as atitudes tomadas para sua solução. Um exemplo de quadro de atividades de análise de falhas é exibido na Figura 17. Figura 17 – Exemplo de quadro de análise de quebras 4.2.4. Apoio à manutenção autônoma A manutenção planejada apoia a manutenção autônoma nos seguintes pontos: Evita deterioração forçada: Orienta o operador a saber usar o equipamento corretamente; Estimula a identificação das causas dos problemas. Cumpre condições básicas de operação: Lubrificações; Limpeza; Inspeções. Eliminação de fontes de deterioração: Fontes de sujeira; Locais de difícil acesso; Locais inseguros; Objetivos desnecessários. Por fim, os principais objetivos da manutenção planejada no TPM², são: Compartilhamento do conhecimento com o operador; Realização de reparos efetivos que atacam a causa raiz; Entendimento das necessidades de suporte da produção; TPM – Manutenção produtiva total 19 Realização de manutenções preventivas robustas para tornar o equipamento confiável; Eliminação ou minimização de tarefas que não agregam valor. 4.3. Manutenção específica Este pilar, que busca explicitar as perdas ocultas que ocorrem na produção e tratar as perdas evidentes, possui 6 passos de implementação: 1. Definição das perdas; 2. Coleta de dados; 3. Definição da situação atual; 4. Cálculo dos GAPs; 5. Conversão de perdas em ganhos e estabelecimento de prioridades; 6. Criação da árvore de perdas. Suponha a seguinte situação ilustrada pela Figura 18: Em um determinado mercado, existe uma demanda de 500 itens de um determinado produto. Uma empresa possui capacidade de produção de 400 desses itens, porém, a produção real é de apenas 300 devido às perdas inerentes ao processo. Nessa situação deve-se, primeiramente, buscar recuperar a condição de capacidade produtiva. O nome dado para a recuperação das perdas e atingimento da capacidade real de produção é Kaifuku. Uma vez alcançada a capacidade produtiva real, é possível realizar um Kaizen em busca da melhoria da condição atual para atendimento da demanda do mercado. Figura 18 – Situação de capacidade produtiva reduzida devido a perdas 4.3.1. Tipos de perda O pilar da melhoria específicas trata das perdas inerentes ao processo de produção de maneira abrangente, classificando-as em três grupos: Perdas do equipamento: Tempo por quebras e falhas; TPM – Manutenção produtiva total 20 Tempo de setup e ajustes; Tempo para troca de ferramental; Tempo no acionamento inicial (start up); Tempo por pequenas paradas; Velocidade; Defeitos e retrabalhos; Perda por desligamento – Shutdown. Perdas de materiais e insumos: Rendimentos de materiais; Desperdício de energia; Ferramenta e gabaritos. Perdas de mão-de-obra: Falhas administrativas; Falhas operacionais; Desorganização na linha de produção; Logística; Tempo devido a medições e ajustes excessivos. 4.3.2. OEE (Overall Equipment Effectiveness) OEE é o principal indicador utilizado para medir a eficiência global. São várias as métricas que podem ser utilizadas na indústria para avaliar se algum processo é eficiente ou não. 4.3.2.1. Cálculo do indicador A Figura 19 mostra um exemplo de raciocínio utilizado para o cálculo do OEE. Dentro de um determinado período total disponível para trabalho, existe uma fatia que está programada para produção e outra fatia que não possui programação. O tempo de execução faz parte do tempo programado, porém, este é reduzido por conta de perdas de disponibilidade (ajustes, quebras etc.), restando o tempo o tempo de operação. A relação entre o tempo de operação e o tempo de execução resulta no indicador de disponibilidade. A partir do tempo de operação, é possível calcular o tempo de ciclo ideal que, devido a perdas de velocidade, resulta em um tempo de ciclo real. O cálculo do indicador de desempenho é dado pela relação entre o tempo de ciclo atual e o tempo de ciclo real. Por fim, define-se a quantidade de peças que podem ser produzidas dentro do um tempo de ciclo atual. Porém, dentre as peças produzidas, algumas peças podem sair com defeito, indicando problemas de qualidade. O indicador de qualidade pode ser calculado pela relação de peças boas e peças ruins. Existem 2 tipos de OEE. O OEE1, geralmente relevante para a gerência, é mais abrangente e leva em conta perdas de programação. Nele, o indicador de disponibilidade considera o tempo total e o programado. O OEE2 se refere às perdas inerentes à produção e aos problemas que podem ser tratados e resolvidos localmente. O cálculo do OEE para a situação da Figura 19 pode ser visto na Figura 20. TPM – Manutenção produtiva total 21 Figura 19 – Visão da produção para cálculo do OEE Figura 20 – Cálculo do OEE1 e OEE2 4.3.3. Priorização de perdas O modelo BIOS (Figura 21) pode ser utilizado na realização da priorização de perdas. Ele considera fatores benefício, investimento, operacionalização e satisfação. Figura 21 – Modelo de priorização BIOS Por fim, os principais objetivos da manutenção específica no TPM², são: Tratamento de perdas importantes; Importância do custo x benefício; Pensamento na replicabilidade. 4.4. Educação e treinamento Os 6 passos do pilar de educação e treinamento, que buscam fazer a empresa se tornar uma organização que aprende e ensina, são: TPM – Manutenção produtiva total 22 1. Políticas e iniciativas; 2. Desenvolvimento do programa de treinamento; 3. Treinamento de habilidades em operação e manutenção; 4. Plano de desenvolvimento de habilidades; 5. Programa de auto desenvolvimento; 6. Avaliação e plano futuro. O conhecimento em uma organização concentra-se nas pessoas. A espiral do conhecimento (Figura 22) mostra o conceito que deve ser utilizado em uma empresa para que o conhecimento sempre possa ser difundido e aproveitado da melhor maneira. Na espiral, os processos são: Internalização do conhecimento; Aprendizado; Socialização: Transmissão verbal e social do conhecimento tácito; Externalização: O conhecimento é difundido; Combinação: Reúne-se as diversas informações para que seja possível documentar o conhecimento. Figura 22 – Espiral do conhecimento 4.4.1. Etapas do treinamento Qualificação: Busca familiarizar a pessoa com a empresa: Perdas / princípios; Trabalho padrão. Qualificação funcional: Treinamentos técnicos: Montagem, usinagem, solda, pintura, qualidade, logística. TPM: Conhecimentos, habilidades e atitudes: Matriz de habilidades por função; Certificação funcional. TPM – Manutenção produtiva total 23 4.5. Controle inicial Este pilar, que busca usar lições aprendidas nos pilares anteriores para iniciar um novo processo ou equipamento, possui os seguintespassos: Pesquisa e análise da situação atual; Estabelecimento de um sistema de controle inicial; Depuração e treinamento do novo sistema; Utilização completa e fixação do novo sistema. 4.6. Demais pilares O enfoque deste módulo foi nos pilares base. Todavia, os demais pilares do TPM² e seus respectivos passos são apresentados a seguir. Manutenção da qualidade: Preparação da matriz QA (Quality Assurance); Preparação para a análise de inputs da produção; Preparação do quadro do problema; Avaliação da gravidade dos problemas (FMEA 1); Análise PM para descobrir causas; Avaliação dos efeitos das ações (FMEA 2); Implantação de melhorias; Revisão dos inputs da produção; Definição dos pontos de verificação. Áreas administrativas: Limpeza e inventário inicial; Detecção de problemas e adoção de contramedidas; Resolução dos problemas na fonte; Preparação de padrões e manuais; Educação e treinamento; Inspeção global; Gestão autônoma. Segurança, higiene e meio ambiente: Levantamento da situação atual dos potenciais acidentes (anomalias); Eliminação dos potenciais acidentes; Elaboração de padrões provisórios de segurança e meio ambiente; Investigação das causas dos acidentes e poluição; Estabelecimento de condições para acidente zero e poluição zero.
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