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Obtenção da viscosidade da glicerina pela Lei de Stokes Higor Oliveira1 Jônatas de Oliveira2 e Jeovan Batista 3 Física Experimental II, 6N23, Turma A 9 de abril de 2022 Neste relatório reporta-se a obtenção da viscosidade da glicerina através da Lei de Stokes com uma otimização feita pela regressão linear. Foram realizadas medições do tempo de queda de 5 esferas de aço distintas que foram abandonadas em um cilindro com glicerina. O resultado obtido através do método utilizado foi de 𝜂 = (0, 86 ± 0, 13) Pa.s para a temperatura local de 27 ◦𝐶. As principais fontes de erro se devem ao tempo de reação dos operadores dos cronômetros e ao local em que o tubo foi colocado. Um teste de compatibilidade foi feito entre o valor experimental e o de referência considerado e concluiu-se que o modelo se mostrou adequado. 1 Introdução George. G. Stokes(1819-1903) físico e matemático ir- landês foi de grande importância dentro das suas áreas. Uma de suas contribuições a qual recebeu o nome em sua home- nagem é a Lei de Stokes, que é a resolução de um caso particular das equações de Navier-Stokes para qual se aplica a corpos esféricos, em um fluído em regime laminar[1]. Para esse experimento serão abandonadas esferas de aço em um tubo cheio de fluído com objetivo de obter suas velocidades limite, permitindo assim, com a lei de Stokes determinar a viscosidade desse fluído considerando as velo- cidades das esferas e dos raios das mesmas. Em tal situação a Lei de Stokes pode ser expressa como: 𝑉𝑙𝑖𝑚 = 2 9 𝑔(𝜌𝑠 − 𝜌 𝑓 ) 𝜂 𝑟2 (1) Onde 𝑉𝑙𝑖𝑚 é a velocidade do corpo após o equilíbrio entre a força peso e as forças de empuxo e atrito se tornando cons- tante. A gravidade é 𝑔, 𝜌𝑠 e 𝜌 𝑓 são as densidades do sólido e do fluído respectivamente, 𝜂 é a viscosidade do fluído e, 𝑟 é o raio da esfera (sólido) No caso do experimento mencionado o modelo foi ade- quado para a medição, ficando: 𝑆 𝑡 = 2 9 𝑔(𝜌𝑠 − 𝜌 𝑓 ) 𝜂 𝑑2 4 (2) Onde 𝑆 é o deslocamento da esfera no fluído, 𝑡 é o tempo necessário pra se mover uma determinada distância e 𝑑 é o diâmetro da esfera. Através deste modelo é realizada a determinação da vis- cosidade da glicerina com o uso de uma esfera de aço inox. 2 Materiais e métodos Para a determinação experimental da viscosidade de um fluído foram usados os seguintes materiais: um tubo cilín- drico que foi preenchido com glicerina, esferas de aço, um termômetro de álcool de resolução Δ𝑟 = 1◦𝐶, um cronô- metro de celular de resolução Δ𝑟 = 0, 01𝑠, um paquíme- tro de resolução Δ𝑟 = 0, 02𝑚𝑚 e uma trena de resolução Δ𝑟 = 1𝑚𝑚. Foram então escolhidas 5 esferas com dife- rentes diâmetros medidos com auxílio do paquímetro. 7 marcações com intervalos de 10cm foram feitas no exterior do tubo cilíndrico com a trena, e então foi registrado com o cronômetro o tempo que levou para as esferas atravessarem cada um dos 7 intervalos . A partir do maior e do menor valor de cada grandeza medida, obtém-se a flutuação ( Δ 𝑓 = (𝑦𝑚𝑎𝑥 − 𝑦𝑚𝑖𝑛) /2 ) que será comparada com a resolução do instrumento para clas- sificar a incerteza associada como: Tipo A se Δ𝑟 > Δ 𝑓 ou Tipo B se Δ𝑟 ≤ Δ 𝑓 . Para o Tipo A[2], o valor principal será dado pela média dos valores obtidos, enquanto a sua incer- teza pelo desvio padrão da média desses valores, corrigida pela distribuição t de student. Entretanto, o fabricante especificou que a distribuição do paquímetro é do Tipo B triangular, logo sua incerteza será dada por: 𝑢𝑝 = Δ𝑟 √ 6 (3) O fabricante também especificou a função densidade de pro- babilidade do termômetro e então foi feita uma linearização e a sua incerteza será dada por[3]: 𝑢𝑡 = √︄ 3𝑥20Δ𝑥2 + Δ𝑥2 9Δ𝑥2 (4) Onde a resolução do instrumento foi considerado como sendo Δ𝑥 e o valor médio das medições foi 𝑥0 . O fabricante não forneceu a distribuição de incerteza da trena, então ela foi tratada como uma distribuição uniforme e a sua incerteza é dada por: 𝑢𝑡𝑟 = Δ𝑟 √ 3 (5) Para o cálculo da viscosidade 𝜂 será feita uma regressão linear a partir da equação (2) resultando em: 𝑌 = 𝐵𝑋 + 𝐴 (6) 𝑉𝑙𝑖𝑚 = 𝑌, 𝐵 = 𝑔(𝜌𝑠 − 𝜌 𝑓 ) 18𝜂 , 𝑋 = 𝑟2, 𝐴 = 0 (7) As incertezas das medições indiretas e dos coeficientes A e B da regressão linear serão calculados pelo método de 1 propagação de incerteza dada pela equação abaixo[3]: 𝑢𝑦 = √√√ 𝑛∑︁ 𝑘=1 ( 𝜕𝑦 𝜕𝑥𝑘 )2 𝑢2𝑥𝑘 (8) Através desses métodos descritos acima, os dados obtidos serão discutidos na próximas seções. Um teste de compati- bilidade entre o valor experimental e o de referência consi- derado será aplicado dada a seguinte equação, considerando um 𝑘 ≤ 1: | �̄� − �̄� |√︃ 𝑢2 𝐴 + 𝑢2 𝐵 ≤ 𝑘 (9) 3 Resultados Com base nos valores medidos, verificou-se uma flutu- ação do tempo de Δ 𝑓 = 0, 31𝑠, que é maior que a resolução do cronômetro. Portanto, recebeu avaliação do Tipo A cor- rigida pela distribuição t de student considerando 𝜈 = 4, sendo assim uma correção de incerteza de 14%. O valor do diâmetro foi medido apenas uma vez com o paquíme- tro para cada esfera, recebendo então avaliação do Tipo B seguindo a distribuição triangular(3). Para as medidas rea- lizadas com a trena, também foi feita apenas uma medição para cada distância diferente no tubo, recebendo então ava- liação do Tipo B com uma distribuição uniforme. O valor da temperatura da glicerina foi medido apenas uma vez, re- cebendo uma avaliação Tipo B e seguindo a distribuição de probabilidade descrita na seção anterior(4). As demais incertezas foram avaliadas como Tipo C. Na Tabela 1 estão apresentados os dados obtidos a partir da regressão linear(7) e seguirá em anexo um gráfico contendo os pontos e a reta de ajuste. Na Tabela 2 estão apresentados os diâmetros das esferas e tempos de queda. Os intervalos considerados para as médias dos tempos de queda foram entre 50cm e 70cm, onde os tempos medidos se aproximaram, sugerindo que a velocidade se tornou constante. 𝑉𝑙𝑖𝑚 (𝑚/𝑠) 𝑢𝑉 (𝑚/𝑠) 𝑑2 (𝑚2) 𝑢𝑑2 (𝑚2) 0,1724 0,0092 0,000022372 0,000000039 0,187 0,011 0,000023232 0,000000039 0,189 0,011 0,000024010 0,000000040 0,220 0,013 0,000037210 0,000000050 0,274 0,015 0,000040960 0,000000052 Tabela 1: Tabela da regressão linear 𝑑 (𝑚) 𝑢𝑑 (𝑚) 𝑡 (𝑠) 𝑢𝑡 (𝑠) 0,0047300 0,0000082 0,580 0,095 0,0048200 0,0000082 0,535 0,040 0,0049000 0,0000082 0,530 0,035 0,0061000 0,0000082 0,455 0,013 0,0064000 0,0000082 0,365 0,043 Tabela 2: Diâmetro das esferas e seus tempos de queda a cada 10cm O coeficiente de correlação de Pearson encontrado para os 5 pares de valores foi de 𝑟 = 0, 94, que indica uma probabilidade menor que 3,7% desses pares não se correla- cionarem linearmente, justificando o uso da regressão linear. Obteve-se os seguintes A e B para a regressão linear: 𝐴 = (0, 085 ± 0, 020) 𝑚/𝑠 e 𝐵 = (41, 4𝑥102 ± 7, 1𝑥102) 𝑚−1𝑠−1 Relacionando os coeficientes A e B encontrados da regressão com a equação(7), torna-se possível a determinação da viscosidade da glicerina e a sua incerteza será avaliada como Tipo C utilizando a equação(8), obtendo assim um 𝜂 igual a: 𝜂 = (0, 86 ± 0, 13) Pa.s 4 Discussão Através dos procedimentos especificados obtivemos resulta- dos que dependem das condições de temperatura, que apesar de não aparecer diretamente no modelo possuí grande interferência sobre os valores dos resultados. 𝑆 foi o tempo para a esfera percorrer a distância predefinida e esse tempo foi baixo, o que causou dificuldades durante o processo de medição do mesmo, tais como a própria em se marcar o tempo corretamente, desde que estavam dentro de uma escala onde o tempo de reação da pessoa que mediu interfira no resultado. Outro ponto a ser considerado é o posicionamento do cilindro de glice- rina, que não estava em um alinhamento adequado para uma boa visualização. Considerando como referência para a viscosidade da glicerina a relação encontrada no artigo de CHENG,N.S.[4] dada por: 𝜂𝑟 = 12100 exp ( (−1233 + 𝑇)𝑇 9900 + 70𝑇 ) (10) Onde a temperatura é levada em consideração, o 𝜂𝑟 encontrado para a temperaturade (27, 00± 0, 58)◦𝐶 da glicerina foi de 𝜂𝑟 = 0, 746 Pa.s. Então foi realizado um teste de compatibilidade(9) entre o resultado experimental e o usado como referência, obtendo um 𝑘 ≈ 0, 83, mostrando que os dois resultados encontrados são com- patíveis. 5 Conclusão O método experimental para a determinação da viscosidade da glicerina se mostrou adequado, com uma boa compatibilidade entre o valor de referência da equação(10). O valor experimental para a viscosidade da glicerina obtida no laboratório foi 𝜂 = (0, 86 ± 0, 13) Pa.s. No entanto, houve uma incompatibilidade entre o valor teórico esperado para o coefici- ente linear A e o valor encontrado experimentalmente do mesmo, sugerindo a presença de erros. As possíveis fontes de erro estão ligadas ao tempo de resposta na cronometragem, bem como a dificuldade de enxergar as esferas atravessando as marcações do tubo. A utilização de um tubo maior implicaria na redução das in- certezas e o registro dos tempos poderia ser feito através de um vídeo para que a partir dele ser feita a analise dos dados. Tendo o video e com a ajuda de um software seria mais eficaz saber o instante em que as esferas cruzam as marcações. 6 Referências [1] BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008 [2] GUM. Guia para expressão de incerteza de medição. 1ª Edição Brasileira da 1ª Edição do BIPM de 2008 [3] Taylor, J. R. Introdução à análise de erros: O estudo de incertezas em medições físicas, Editora Bookman. Porto Alegre (2012) . [4] CHENG, Nian-Sheng. Formula for the Viscosity of a GlycerolWater Mixture. Industrial and Engineering Chemistry Research 47.9 (2008): 3285–3288. Web. 2 Relação velocidade X diametro ao quadrado V lim (m /s) 0,16 0,18 0,2 0,22 0,24 0,26 0,28 0,3 d2(m2) 2e-05 2,5e-05 3e-05 3,5e-05 4e-05 4,5e-05 Y = 4137,08X + 0,08 A = 0,084 +- 0,020 m/s B = 41,3 10 2+-7,1 . 10 2m -1s-1 Figura 1: grafico 3
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