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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE GOIÁS FACULDADE LIONS CURSO DE DIREITO A REFORMA PREVIDENCIÁRIA E OS SEUS IMPACTOS PARA O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL JESSIKA EDUARDA ROCHA DE MELO PROFª ESP. STEFANY PRADO MENEZES DIREITO PREVIDENCIÁRIO. Goiânia-GO 2021 2 JESSIKA EDUARDA ROCHA DE MELO A REFORMA PREVIDENCIÁRIA E OS SEUS IMPACTOS PARA O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Artigo Científico apresentado como trabalho de conclusão de curso à Banca Examinadora do curso de Direito da Faculdade Lions como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação da professora Esp. Stefany Prado Menezes. Goiânia-GO 2021 3 ATA DE DEFESA (Inserir aqui a ata definitiva da defesa que será entregue após a realização das correções solicitadas pela banca) 4 Termo de Ciência e de Autorização para disponibilizar artigos científicos, projetos e plano de negócios por meio digital e/ou impresso Na qualidade de titular dos direitos autorais, nos termos do artigo 29, inciso VIII, da Lei 9.610/98, autorizo a Faculdade Lions – FacLions a disponibilizar a título gratuito (Art.30), por meio digital e/ou impresso, meus trabalhos acadêmicos nos termos assinalados abaixo, para fins de leitura, impressão ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: Artigo Científico Projeto de Pesquisa Outros 2. Identificação do trabalho acadêmico Autor 1: E-mail: Título: Palavras-Chave: Orientador (a): E-mail: 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização e publicação? Sim Não Havendo concordância com a disponibilização eletrônica e impressa, torna-se imprescindível o envio do (s) arquivo (s) em formato digital DOC dos trabalhos. Goiânia, ______, de _________________ de ________. _______________________________________________ Nome do (a) autor (a) 5 SUMÁRIO pág. 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 07 2 METODOLOGIA..................................................................................... 09 3 RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................ 10 3.1 CONCEITO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PREVIDÊNCIA SOCIAL............................................................................................ 10 3.2 REQUISITOS PARA SER SEGURADO 3.3 REGRAS DE TRANSIÇÃO........................................................ 3.4 ALTERAÇÕES NA PREVIDÊNCIA............................................. 3.5 O QUE NÃO FOI ALTERADO..................................................... 10 11 12 18 CONCLUSÃO............................................................................................ 19 AGRADECIMENTOS................................................................................ 20 REFERÊNCIAS......................................................................................... 20 6 A REFORMA PREVIDENCIÁRIA E OS SEUS IMPACTOS PARA O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL SOCIAL SECURITY REFORM AND ITS IMPACTS ON THE GENERAL SOCIAL PROTECTION REGIME Jessika Eduarda Rocha de Melo Profª Esp. Stefany Prado Menezes (Orientadora) Resumo A Reforma da Previdência ocorreu através da Emenda Constitucional 103 de 2019, tendo o presente trabalho o objetivo geral de analisar e abordar como ficou a previdência brasileira após as mudanças, o que foi mudado para os segurados do Regime Geral de Previdência Social, quais os impactos dessas mudanças para se conseguir um benefício. A principal mudança foi na idade e cálculo das aposentadorias, tornando-se mais tardias e evitando aposentadorias prematuras através da fixação da idade mínima. Para o impacto não ser de forma muito drástica, foram criadas regras de transição, no qual as mudanças são feitas ao longo dos anos. Também houve alterações de grande impacto no benefício de Pensão por Morte, que foi do valor da pensão e do tempo de recebimento do benefício para os descendentes do segurado falecido. A metodologia utilizada tem abordagem comparativa, trazendo como era antes de 2019 e como ficou nos dias atuais. Por fim, é abordado sobre os aspectos que não mudaram com essa reforma, como é o caso do Benefício Assistencial-LOAS e a modalidade de Aposentadoria Por Idade Rural. Palavras-chave: Aposentadoria. Previdência. Regime. Abstract The Social Security Reform took place through Constitutional Amendment 103 of 2019, with the present work having the general objective of analyzing and addressing how the Brazilian social security was after the changes, what was changed for the policyholders of the General Social Security System, what are the impacts these changes to get a benefit. The main change was in the age and calculation of pensions, becoming later and avoiding premature pensions by setting the minimum age. For the impact not to be too drastic, transition rules were created, in which changes are made over the years. There were also major changes in the Pension for Death benefit, which was the amount of the pension and the time of receipt of the benefit for the deceased insured's descendants. The methodology used has a comparative approach, bringing what it was like before 2019 and how it is today. Finally, it discusses the aspects that have not changed with this reform, such as the Assistance Benefit-LOAS and the Rural Age Retirement modality. Keywords: Regime. Retirements. Security. 8 1 INTRODUÇÃO A reforma da Previdência entrou em vigor em 13 de novembro de 2019, data de publicação da Emenda Constitucional nº 103 no Diário Oficial da União, a qual alterou o sistema de previdência social e estabeleceu regras de transição e disposições transitórias. As principais alterações foram na idade mínima e tempo de contribuição, cálculo do benefício, novas alíquotas, pensão por morte, foi alterada a porcentagem paga a depender da quantidade de dependentes e alterou sobre os limites e acúmulos de benefícios. A Previdência Social está entre os três pilares da Seguridade Social, sendo os outros Saúde e a Assistência Social, conforme definido no artigo 194 da Constituição Federal: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. “(BRASIL, 1988). O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) atende aos trabalhadores da iniciativa privada e contribuintes individuais, sendo os benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social, tendo como principal objetivo o equilíbrio econômico àqueles que por ela estão segurados. A reforma da previdência aconteceu em novembro de 2019, através da Emenda Constitucional nº 103, trazendo diversas alterações para o Regime Geral de Previdência Social, alterando o sistema de previdência social, estabelecendo regras de transição e disposições transitórias. Sendo assim será analisado quais alterações a reforma previdenciária trouxe para a aposentadoria dos servidores da iniciativa privada. Essas alterações se deram devido ao envelhecimento populacional, pois estava acontecendo um desequilíbrio entre o número de trabalhadores, que deve ser maior, e os beneficiários da previdência, evitando assim as aposentadorias precoces. Antes da reforma, o brasileiro se aposentava com idade média de 58 anos, sendo menor ainda nos casos de aposentadoria por tempo de contribuição, com 56 anos para homens e 53 anos para mulheres, tornando, assim, essa reforma inevitável ao colocar uma idade mínima de aposentadoria, aumentando o número de trabalhadores que contribuem com a previdência e consequentemente diminuindo gradativamente o número de aposentados. 9 As mudanças que aconteceram no ano de 2021 foram a idade de aposentadoria da mulher, que optar pela aposentadoriapor idade ficou em 61 anos, devido a regra de transição que vai aumentando gradativamente essa idade, até chegar em 2023 aos 62 anos de idade mínima, sendo comprovados 15 anos de contribuição ao qual não foi alterado. Foram também alteradas questões da pensão por morte, a qual terá que ser comprovado que o casamento ou união estável se iniciou há pelo menos 2 anos e que houve ao menos 18 meses de contribuição do falecido(a). O valor ao qual o cônjuge ou companheiro(a) que antes era de 100% foi reduzido. Inclusive, essa alteração de idade para a pensão por morte vitalícia ocorreu devido ao aumento da expectativa de vida, sendo que a mesma interfere em algumas regras de cálculo do valor de aposentadoria e no tempo de duração da pensão por morte, como já mencionado. Ainda sobre as mudanças ocorridas em 2021, houve a alteração na regra de pontos que nada mais é do que a somatória entre a idade e tempo de contribuição, em que passa a ser de 88 pontos para mulher e 98 pontos para homens. Sendo aumentado a cada ano que se passa um ponto, anteriormente era um ponto a cada dois anos. O presente tema é de suma importância para a sociedade devido a Previdência Social ser um seguro ao qual ampara os cidadãos contribuintes, garantindo um equilíbrio econômico e dando um suporte quando mais precisam, seja em caso de acidentes, velhice, gravidez, desemprego, entre outras situações. Portanto, tem-se como objetivo descobrir quais foram as mudanças que ocorreram com a reforma da previdência, em específico nas aposentadorias do Regime Geral. Quais requisitos devem completar cada segurado para conseguir a sua aposentadoria. Investigando, assim, o que mudou com essa emenda constitucional, qual impacto trouxe para a vida dos segurados. 2 METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a qual foi baseada em livros, artigos e sites específicos oficiais como o do Instituto Nacional do Seguro 10 Social (INSS) e do Governo Federal, bem como consultada a Emenda Constitucional 103 de 2019. A pesquisa bibliográfica é um ótimo meio para construção da formação científica, através de artigos de outros autores, livros, enciclopédias, leitura da emenda constitucional para entender diferentes opiniões e pontos de vista, constituindo, assim, a base para praticamente toda a pesquisa acadêmica. Para Minayo, metodologia é: O caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade). (MINAYO, 2015, p.14) Foi realizada uma pesquisa, utilizando o método comparativo de como eram as regras da Previdência Social para as que valem no momento, após a Emenda Constitucional nº 103 de 2019. O método comparativo pode ser visto como: O método comparativo objetiva explicar semelhanças e dessemelhanças por meio de observações de duas épocas, ou dois fatos. Em outros termos, podemos compreender melhor duas sociedades diferentes, analisando suas semelhanças e diferenças culturais, institucionais, de sistema de governo etc. (HENRIQUES E MEDEIROS, 2017, p,43) O presente estudo verifica as mudanças que a reforma previdenciária trouxe a partir de 13 de novembro de 2019, fazendo uma comparação de como era antes, e como essas mudanças impactaram a vida dos segurados. Portanto, a metodologia utilizada para dar embasamento nas ideias foi através da leitura de outros artigos científicos do mesmo assunto, como também a legislação e doutrinas diversas, nas quais deram a possibilidade de um entendimento mais amplo do assunto abordado. 3 RESULTADO E DISCUSSÃO 3.1 CONCEITO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PREVIDÊNCIA SOCIAL 11 Para se iniciar um estudo sobre o Regime Geral de Previdência Social, primeiramente deve-se saber o conceito do Direito Previdenciário, para posteriormente ser aprofundado, podendo ser conceituado como: A ciência jurídica serve para sistematizar e harmonizar a vida em uma sociedade politicamente organizada. O direito previdenciário, autônomo, embasado na estrutura constitucional, serve como sólido mecanismo científico de compreensão social. O direito previdenciário, em sua essência, visa estudar as relações previdenciárias em sua amplitude, aperfeiçoando a constitucional técnica de proteção da “Previdência Social”. O art. 6º da CF traz os dispositivos imprescindíveis referentes a direitos sociais supremamente tutelados, entre eles a Previdência Social. Dessa forma, o instituto previdenciário deve ser compreendido dentro do conceito sistêmico e importante do direito social, tal qual inserido e garantido como fundamento republicano. (THEODORO, 2020, p. 73) O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) pode ser entendido da seguinte forma: O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essa é a opção de filiação de todos os trabalhadores que estão ligados ao INSS através da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Destina-se aos trabalhadores do setor privado e empregados públicos celetistas, objetivando a proteção previdenciária a essas classes de cidadãos. (THEODORO, 2020, p. 52) A Previdência é um seguro fundamental para aqueles que contribuem, pois garante uma renda ao contribuinte ou a família em casos de vulnerabilidade, garantindo o bem estar da população, como também uma considerável importância econômica para a maioria dos municípios brasileiros. 3.2 REQUISITOS PARA SER SEGURADO Para ser beneficiado pelo RGPS necessita ser um segurado, sendo definido como: É a pessoa que tem direito ao benefício previdenciário, no caso do acontecimento de um fato que o impeça de trabalhar, ou que onere sua condição financeira. É o trabalhador (segurado obrigatório), aquele que não exerce atividade (desempregado) ou não tem remuneração por sua atividade (dona de casa, estudante). Para manterem a condição de segurado, devem pagar corretamente as contribuições previdenciárias. (STUCHI, 2020, p. 61) Para ser segurado é necessário que o trabalhador esteja matriculado na Previdência Social e ter todos os pagamentos em dia, tendo um período de carência para que o mesmo tenha direito aos benefícios do INSS. 12 O período de carência varia de acordo com cada benefício, sendo necessário 10 meses para o salário-maternidade, 12 meses para o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez e 24 meses para o auxílio-reclusão. Após garantir a qualidade de segurado e contribuir de acordo com o período de carência, caso o segurado pare com as contribuições, tem-se o definido “período de graça”, que em geral os segurados podem ficar até 12 meses sem contribuírem e continuam tendo o direito aos benefícios do INSS, prazo este que cai para a metade (seis meses) para os segurados facultativos. Caso o segurado tenha mais de 10 anos de contribuição, o período de graça se estende por 24 meses, podendo ser prorrogado por até 36 meses caso o contribuinte comprove que a interrupção das contribuições é em razão do desemprego. 3.3 REGRAS DE TRANSIÇÃO No RGPS, a aposentadoria por tempo de contribuição foi extinta após a reforma da previdência, sendo imposta uma idade mínima para se aposentar. Porém se houvesse 30 anos de contribuição para mulheres e 35 anos para homens até o dia 12/11/2019, o contribuinte poderia se aposentar, caso não houvesse completado esse tempo de contribuição, poderá fazer parte de alguma Regra de Transição se caso estiver interessado nesta modalidade. Essas regras de transição foram criadas com o intuito de reduzir os efeitos da reforma previdenciária, garantindo àqueles trabalhadores que contribuíram por muitos anos, mas ainda não têm idade mínima, uma forma de se aposentar. São três regras de transição para quem está no RGPS, sendo sistema de pontos, idade mínima e pedágio.A regra 1 é o sistema de pontos, fundamentada no artigo 15 da EC 103/2019 assegura aposentadoria ao completar 35 anos de contribuição para homens e 30 para mulheres, sendo que o somatório de tempo de contribuição com a idade deve ser de 86 pontos para mulheres e 96 pontos para homens. A pontuação aumenta gradativamente ao passar dos anos até chegar em 100 pontos para mulheres e 105 para homens nos anos de 2033 e 2028 respectivamente. Esse aumento de pontos gradativo, foi uma forma encontrada para os segurados não 13 sofrerem tão fortemente o impacto desse aumento e irem se adaptando com o passar dos anos. A regra 2 é a da idade mínima, fundamentada no artigo 16 da EC 103/2019 assegura a aposentadoria com idade mínima de 56 anos para as mulheres e 61 anos para homens, desde que já tenham contribuído 30 anos as mulheres e 35 anos os homens. A idade mínima vai aumentando seis meses a cada ano, começando esse aumento desde 1º de janeiro de 2020, continuando assim até atingir a idade de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, irá atingir essas idades nos anos de 2031 (mulheres) e 2027 (homens). A regra 3 é a do pedágio, fundamentada no artigo 18 da EC 103/2019 assegura àqueles que estão prestes a aposentar, porém ainda não possuem o tempo necessário, sendo de 28 anos de contribuição para mulheres e 33 anos de contribuição para homens, até a data da vigência da EC. Esses segurados poderão se aposentar pelo Fator Previdenciário, pagando um pedágio de 50% do tempo que restava para completar 30 anos de contribuição (mulheres) e 35 anos de contribuição (homens). (INSS, 2020) 3.4 ALTERAÇÕES NA PREVIDÊNCIA Uma outra alteração que a reforma trouxe foi em relação às aposentadorias especiais, que nada mais é do que uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição, porém com tempo de contribuição reduzido devido ao tipo de atividade que o segurado exerce, arriscando a saúde e a vida para trabalhar. Além do tempo de atividade especial, que já era requisito antes da reforma, sendo de 25 anos de contribuição tanto para homens quanto para mulheres que se expõem a fatores insalubres ou periculosos de baixo risco, em alguns casos quando o risco é médio pode-se aposentar com 20 anos de contribuição ou 15 anos de contribuição quando o risco é alto, também foi instituído a idade mínima. (INSS, 2020) As idades mínimas instituídas para as aposentadorias especiais são de 60 anos para atividades de risco baixo, 58 anos para atividade de risco médio e 55 anos para atividades de risco alto. Portanto, para conseguir se aposentar na modalidade de aposentadoria especial, o segurado deve cumprir o requisito de 14 tempo mínimo de contribuição como também de idade mínima, sendo estipulados de acordo com o risco a que o segurado se expõe. Caso o segurado interessado na aposentadoria especial já estivesse ingressado no RGPS até a vigência da reforma, porém não estivesse cumprido todos os requisitos para se aposentar, nesse caso também existem regras de transição específicas. As regras de transição específicas para as aposentadorias especiais são: Para atividades de pouco risco serão necessários 86 pontos, sendo 25 anos de contribuição em atividade especial. Para as atividades de médio risco serão necessários 75 pontos, sendo 20 anos de atividade especial. Para atividades de alto risco serão necessários 66 pontos e 15 anos de atividade especial. Sendo os pontos o somatório da idade, tempo de atividade especial e tempo de contribuição comum. (BRASIL, 2019) Para as aposentadorias especiais os segurados necessitam comprovar que a atividade que exerce realmente traz riscos para si, sendo algo com bastante burocracia e que em alguns casos necessita de vias judiciais. As regras de transição cabem apenas para os que já eram filiados pelo Regime Geral de Previdência Social até a data de publicação da Emenda Constitucional 103/2019 em 13 de novembro de 2019, para os que ingressarem no sistema após a reforma serão válidas as regras permanentes. Sendo assim, para conseguir se aposentar pelas regras permanentes o servidor deverá preencher todos os requisitos de idade e tempo de contribuição, que são: Ter 62 anos de idade se mulher e 65 anos os homens, 15 anos de tempo de contribuição para mulheres e 20 para homens e ter 180 meses de carência. (BRASIL, 2019) Foi também instituído uma nova regra para os cálculos dos benefícios, sendo fundamentada pelo artigo 26 da EC 103/2019, veja-se Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de previdência social da União e do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Regime Geral de Previdência Social, ou como base para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência. […] § 2º O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 60% (sessenta 15 por cento) da média aritmética definida na forma prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição […]; (BRASIL, 2019) Nota-se que a nova regra geral traz como coeficiente 60% da média de todos os salários de contribuição computados desde 07/1994 ou desde a primeira contribuição, sendo que para homens é acrescido 2% a cada ano que exceder 20 anos de tempo de contribuição e para mulheres esse acréscimo é feito quando excedido 15 anos. Com a reforma foram também alteradas as alíquotas de contribuição, anteriormente era adotado os percentuais de 8,9 e 11% conforme faixa salarial, sendo alterada para 7,5%, para remunerações de até 1 salário mínimo, 9% para remunerações entre 1 salário mínimo e R$ 2000,00 reais, 12% para remunerações de R$ 2000,00 até R$ 3000,00 e 14% para remunerações de R$3000,01 até R$ 5839,45 (teto do RGPS). Observa-se que quem possui melhores salários contribuem mais para a previdência. (BRASIL, 2019) Com a promulgação da Emenda, uma nova alteração que gera grande impacto nos segurados é a vedação do acúmulo de benefícios, sendo fundamentada no artigo 24 da EC 103/2019. Tendo o beneficiário acesso a 100% do valor do maior benefício, podendo ser acrescido uma porcentagem de outro benefício a qual tenha direito. Veja-se quais poderão ser acumuladas no §1º do artigo 24 da EC 103/2019: § 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de: I - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; II - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; ou III - pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social. (BRASIL, 2019) Sendo a porcentagem que o beneficiário terá direito encontra-se no §2º do mesmo referido artigo, ao qual varia de acordo com o salário que o segurado recebia, podendo ser de 10% a 60%. 16 A reforma trouxe critérios mais rígidos para aposentadoria, dificultando a cada ano que se passa o acesso aos segurados. De acordo com os relatosde LAZZARI, et al (2019, p.84) Os efeitos dessa mudança levam a crer que, com o passar dos anos, haverá um decréscimo no número de aposentadorias concedidas pelo RGPS, redundando na almejada redução dos gastos públicos que norteou a Reforma da Previdência. Na aposentadoria por invalidez, que é uma modalidade de benefício por incapacidade, alterou-se significativamente o cálculo no valor do benefício do segurado. A mesma depende de perícia médica para sua concessão, ao qual deve ser constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de qualquer atividade, bem como a impossibilidade de reabilitação profissional. Portanto o modelo de avaliação para concessão manteve-se o mesmo. Em relação ao cálculo antes da reforma era analisado as contribuições de 80% (maiores), de julho de 1994 até o início da incapacidade, sendo recebido 100% desta média contributiva. Após a reforma o cálculo alterou-se para 100% de todas as contribuições de julho de 1994 até o início da incapacidade, não sendo eliminado 20% das menores contribuições, dessa média será pago 60% desse valor para o segurado. Caso o segurado tenha mais de 20 anos de contribuição, será acrescido 2% a cada ano que extrapolar, com limite de 100%. Portanto esse cálculo não é válido para aposentadorias por invalidez decorrente de acidente de trabalho ou proveniente de doença profissional, nesses casos não se aplica a proporcionalidade de 60%, sendo recebido 100% de todo o período contributivo. Houve também alterações na pensão por morte, que é o benefício previdenciário pago aos dependentes de quem faleceu, a qual terá que ser comprovado que o casamento ou união estável se iniciou há pelo menos 2 anos e que houve ao menos 18 meses de contribuição do falecido(a), caso não conclua esses requisitos o(a) dependente receberá apenas durante um período de 4 meses. Os requisitos necessários para concessão do benefício, conforme relatado por Theodoro (2020, p. 359) são: Assim, os requisitos para a concessão do benefício são: • qualidade de segurado do falecido; • óbito ou morte presumida deste; • existência de dependentes que possam se habilitar como beneficiários perante o INSS. Importante ater-se à Súmula 416 do STJ: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de 17 ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito Ou seja, o recebimento da pensão por morte depende de uma escala de 3 classes, sendo elas: A classe 1, é quem sempre recebe, mesmo se não houver dependência econômica, são os dependentes diretos sendo o cônjuge ou companheiro, filhos menores de 21 anos ou com deficiência mental, intelectual ou física grave. Exceção: menor tutelado ou enteado mediante declaração do segurado, poderá entrar na classe 1 com equivalência ao filho; a classe 2, são os pais que recebem se comprovarem dependência econômica e não estiver ninguém na classe 1; a classe 3, deverá comprovar dependência econômica, caso não estiver ninguém na classe 1 e 2, são os irmãos menores de 21 anos ou com deficiência mental, intelectual ou física grave. O valor da pensão por morte deixou de ser integral, sendo agora de 50% do valor da aposentadoria, acrescido de 10% a cada dependente, com limite de 100% (porém se o titular recebia 1 salário mínimo o valor da pensão será de 1 salário mínimo, não aplicando as porcentagens). Somente sendo de 100% se tiver um dependente inválido com deficiência mental, intelectual ou física grave. Caso o servidor ainda não seja aposentado e vier a falecer, o cálculo da pensão por morte será feito da mesma forma da Aposentadoria por Incapacidade Permanente, sendo 60% da média das contribuições previdenciárias, sendo que, a partir de 20 anos de contribuição tem um acréscimo de 2% por cada ano trabalhado. O tempo do recebimento da pensão também foi alterado, como já mencionado para aqueles que não cumprirem o requisito de 18 contribuições e 2 anos de união estável ou casamento, será de 4 meses. Para os que cumprirem os dois requisitos, irá depender da idade do cônjuge ou companheiro(a), sendo que para pessoas com 21 anos o recebimento será durante 3 anos, de 27 a 29 anos de 10 anos, de 30 a 40 anos será de 15 anos, 41 a 43 de 20 anos e para pessoas com 44 anos ou mais o recebimento da pensão por morte será vitalício. Para os menores de idade, no caso dos filhos ou irmãos, a pensão cessará aos 21 anos e para as pessoas com deficiência apenas será cessada a pensão caso cure a deficiência. O prazo para o requerimento da pensão por morte somente foi alterado nos casos dos menores de 16 anos, sendo 180 dias para que seja recebido desde o dia do óbito. Caso esse prazo não seja cumprido, poderá o dependente fazer normalmente o requerimento, porém o recebimento será a partir deste dia. 18 Outro benefício que sofreu alterações foi o de Auxílio Reclusão, que é um benefício previdenciário devido aos dependentes do segurado que vier a ser preso. Com a medida provisória 871 de 2019, somente os presos em regime fechado podem receber esse benefício. Antes dessa medida os presos dos outros regimes poderiam receber, ou seja, o número de pessoas que tenham direito ao recebimento diminuiu drasticamente. Têm direito ao recebimento do Auxílio Reclusão, em 1º lugar o cônjuge ou companheiro, filhos menores de 21 anos ou que tenham alguma deficiência grave, em 2º lugar os pais e em 3º lugar os irmãos menores de 21 anos ou com doença grave. Importante ressaltar que para os dependentes do 1º não precisam comprovar a dependência econômica do segurado, já os do 2º e 3º necessariamente precisam provar a dependência econômica. Os requisitos para o recebimento deste benefício são: carência de 24 meses de contribuição; estar o segurado preso em regime fechado e não estar recebendo nenhum benefício previdenciário; deve ter a média dos últimos 12 salários de contribuição menor que R$ 1503,25 (mil quinhentos e três reais e vinte e cinco centavos), valor este que é atualizado anualmente. A duração do recebimento dependerá dos seguintes fatores: os filhos só poderão receber até os 21 anos de idade, exceto nos casos de serem deficientes; com relação ao cônjuge ou companheiro, se essa união tiver sido iniciada em menos de 2 anos o recebimento será no período de 4 meses, já para relacionamentos com mais de 2 anos, o tempo dependerá da idade do dependente na data da prisão. A cessação do benefício ocorrerá caso o segurado seja posto em liberdade, fuja ou passe a cumprir regime aberto ou semiaberto. O dependente deve comparecer ao INSS para que o benefício seja encerrado. Diante de todas alterações apresentadas na reforma da previdência, é evidente que o segurado ficou prejudicado, com aposentadorias tardias, redução dos valores das aposentadorias e benefícios. Porém tudo ocorreu devido ao reflexo das mudanças ocorridas na sociedade, como por exemplo o aumento da expectativa de vida e a diminuição da natalidade. 3.5 O QUE NÃO FOI ALTERADO 19 A Aposentadoria Rural foi um dos poucos benefícios não alterados pela reforma, sendo mantida para a sua concessão a idade mínima de 55 anos para mulheres e 60 anos para homens. A proposta do governo seria de unificar a idade mínima para homens e mulheres para 60 anos, entretanto ficou valendo da forma que era anteriormente. O tempo de contribuição, foi proposto pelo governo que elevasse para 20 anos de contribuição, porém ficou válido a regra anterior a reforma que era de 15 anos de contribuição. Vale salientar que esses 15 anos podem ser descontínuos, mas devem ser imediatamente anteriores ao pedido de aposentadoria rural. Outro benefício que não foi alterado é o Benefício Assistencial- LOAS, que é: A Lei n. 8.742/93 dispõe sobre a organização da Assistência Social – LOAS, estabelecendo que é assegurado à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anosou mais, que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, um salário mínimo de benefício mensal (benefício de prestação continuada). (THEODORO, 2020, p. 29) Os critérios para concessão e manutenção continuam os mesmos, esse benefício é para aqueles idosos ou deficientes em estado de extrema necessidade, onde se tem um critério rigoroso para sua concessão. Sendo necessário comprovar no caso da pessoa com deficiência a miserabilidade e a deficiência (incapacidade total e permanente para o trabalho) e no caso da pessoa idosa deve ter 65 anos completos e comprovar a miserabilidade. A renda a ser comprovada deve ser de até ¼ do salário mínimo vigente. CONCLUSÃO A Previdência Social é de suma importância para os segurados, pois traz uma segurança aos contribuintes, garantindo auxílios quando estão em estado de vulnerabilidade, dá-lhe através das aposentadorias a condição de uma vida digna após a velhice ou em casos de invalidez do segurado. No Brasil, a contribuição previdenciária é obrigatória para todos aqueles trabalhadores remunerados. Portanto, o estudo em questão aborda sobre o 20 RGPS, que é o regime a que estão submetidos todos os trabalhadores que não estão vinculados a um regime próprio de previdência, que é materializado na figura da autarquia federal do INSS. Ao analisar demograficamente, nos últimos anos as taxas de fecundidade vêm reduzindo muito, em contrapartida, a expectativa sobre a vida vem aumentando mais, gerando assim consequentemente menos pessoas nascendo e mais idosos, portanto, menos pessoas contribuindo e mais pessoas precisando do recurso, gerando assim a necessidade dessa reforma previdenciária. De forma simplificada, o Brasil passou por um envelhecimento populacional, gerando assim um déficit crescente, gastando mais do que se arrecada. Sendo assim de fundamental importância uma reforma para “a conta fechar”. Tornando aposentadorias mais tardias, obrigando-se o trabalhador a trabalhar por mais anos, para poder se aposentar. Diante das mudanças apresentadas na Emenda Constitucional 103/2019, é evidente que os segurados foram todos prejudicados, tanto pela alteração na idade das aposentadorias, quanto pelo cálculo dos benefícios, que foram alterados de tal forma para diminuir os valores dos benefícios. AGRADECIMENTOS Dedico esse trabalho, primeiramente a minha família, que me deu suporte e possibilidades, para que essa caminhada fosse feita da melhor forma possível. E também a todos os professores que contribuíram com a minha formação acadêmica, em especial a orientadora Stefany Prado Menezes, que teve atenção e paciência ao longo da elaboração deste artigo. Enfim, agradeço a todos que fizeram parte dessa trajetória. REFERÊNCIAS HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, Bosco. Metodologia Científica da Pesquisa Jurídica, 9ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017. 21 BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DE 1988, de 22 de setembro de 1988. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.html>. Acesso em 15 abr 2021. BRASIL. EMENDA À CONSTITUIÇÃO N.º 103. 12 de novembro de 2019. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm>. Acesso em: 15 abr 2021. INSS. Aposentadorias. Publicado em 23 de novembro de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/inss/pt-br/saiba-mais/aposentadorias>. Acesso em: 15 abr 2021. LAZZARI, João Batista et al. Comentários à Reforma da Previdência.1ª Edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2019. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. STUCHI, Victor Hugo Nazário. Comentários sobre a Nova Previdência. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2020. THEODORO, Agostinho. Manual de Direito Previdenciário. 1ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2020.
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