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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM Campus Manaus Zona Leste - CMZL 1. Qual a função fisiológica da inflamação aguda? A função fisiológica da inflamação aguda é produzir uma resposta vascular e celular dos tecidos vivos à agressão tecidual desencadeada por diversos estímulos físicos e biológicos. No tecido acometido, as funções da inflamação aguda são: • Matar e/ou eliminar a causa de lesão (pode ser microrganismos, material estranho, trauma); • Coordenar reações imunitárias; • Eliminar células lesadas; • Reestruturar tecidos; • Restaurar a função normal. 2. Descreva sucintamente as principais alterações vasculares e celulares na inflamação aguda. As alterações vasculares decorrentes da inflamação visam facilitar o movimento de proteínas plasmáticas e células sanguíneas da circulação para o local da lesão ou infecção. As principais alterações são: vasodilatação de arteríolas, abertura de novas redes capilares, aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da circulação em pequenos vasos, aumento da permeabilidade vascular, aumento da viscosidade e estase - adesão Docente Paulo Cesar Goncalves de Azevedo Filho Discente Eduarda Lasmar Araújo Joseany Martins Ferreira Juliana Viana Barbosa Lanara Natalya Aguiar Vale Maria Vitoria Muchacho Soares Rebeca Kelen da Silva Bandeira Tammy Souza dos Santos Thulio Gonçalves Rocha e Silva Yuan Goes Ribeiro Campos Componente Curricular Patologia Geral Veterinária Curso Medicina Veterinária Turma 3o período Conteúdo Atividade de fixação leucocitária. Eventos celulares (diapedese) também ocorrem para que haja extravasamento de leucócitos e fagocitose do agente nocivo. 3. Quais as alterações teciduais que caracterizam a inflamação aguda? As alterações teciduais que caracterizam a inflamação aguda envolvem alterações morfológicas como a dilatação de pequenos vasos sanguíneos, lentificação do fluxo sanguíneo e acúmulo de leucócitos e de líquido no tecido extravascular rico em proteínas, que forma o exsudato. Inicialmente, ocorre uma fase exsudativa da resposta inflamatória aguda para diluir e isolar o agente ou substância incitante, limitando dessa forma a extensão do acometimento das células e tecidos normais adjacentes. Em seguida, ocorre a migração de leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos, para o exsudato no local de lesão a fim dessas células realizarem a internalização dos agentes e substâncias através de fagocitose e, se necessário, mata-los e/ou degradá-los. Nesse sentido, as alterações macroscópicas e microscópicas de diferentes tipos de reações inflamatórias agudas podem ser classificadas segundo os componentes vasculares e celulares da resposta. As lesões histopatológicas da inflamação aguda são geralmente agrupadas em cinco categorias: serosa, catarral, fibrinosa, supurativa ou purulenta e hemorrágica, ou ainda pode haver combinações dessas categorias, como fibrinossupurativa. 4. Quais células participam do processo? As células que participam desse processo são: neutrófilos, basófilos, eosinófilos, mastócitos, plasmócitos, linfócitos, monócitos e macrófagos. 5. O que são moléculas de adesão? São glicoproteínas expressas na superfície celular, sendo importantes na adesão e migração celular, sendo também essenciais na modulação das vias de sinalização intracelular e nos processos celulares envolvidos no desenvolvimento, diferenciação, morfogénese e resposta inflamatória. Entre elas estão as Caderinas, Selectinas, Superfamília das imunoglobulinas e Integrinas. 6. Qual a importância do processo de fagocitose na fisiopatologia da inflamação aguda? A fagocitose inicia-se pelo reconhecimento da partícula, o que só ocorre após a sua opsoninação, seguida da ingestão da partícula e sua posterior destruição intracelular. Com isso, a fagocitose de partículas e a liberação de enzimas lisossomais é a principal razão do acúmulo de neutrófilos e macrófagos no foco inflamatório. 7. Cite alguns mediadores químicos importantes e sua função no desenvolvimento da inflamação aguda. Histamina: Inicia as respostas vasculares e as mantém por 30 a 60 min, por isso é chamada de “mediador rápido” da inflamação. Serotonina: Seus efeitos são semelhantes aos da histamina, mas age apenas nas vênulas. Bradicinina: Mantém a reação inflamatória depois de passado o efeito da histamina, por isso é chamado de “mediador lento” da inflamação, produzindo vasodilatação, contração da musculatura lisa e dor. Prostaglandinas: são hormônios de produção e ação locais, derivados do ácido araquidônico. Têm muitas ações além de mediar a resposta inflamatória. Na resposta inflamatória, são responsáveis por vasodilatação, dor e febre. Óxido Nítrico: além de ser um potente vasodilatador, atua como modulador da reação inflamatória, reduzindo a agregação de plaquetas, diminuindo certos aspectos de reação inflamatória induzida por mastócitos e o recrutamento de leucócitos. Por outro lado, é microbicida e inibe a reprodução de bactérias, protozoários, helmintos e vírus. 8. Discuta as possíveis formas de evolução do processo de inflamação aguda. Pode evoluir para uma de cinco possibilidades: ● Resolução, que é o retorno à estrutura e à função normais. Ocorre quando não houve destruição tecidual séria, principalmente do estroma dos tecidos inflamados. A restauração da normalidade ocorre sem complicações e com pouca perda de tecido. ● Reparação por regeneração, a lesão ocorre apenas no parênquima e o estroma do tecido lesado foi preservado. Este constitui um esqueleto por onde as células parenquimatosas perdidas podem multiplicar-se e repor as células perdidas. ● Reparação por fibroplasia (cicatrização), ocorre após lesão tecidual mais extensa, com destruição do estroma, ou quando a lesão ocorre em tecidos cujas células não tem capacidade de regeneração. ● Abscedimento, ocorre particularmente em infecções por bactérias piogênicas. A presença de grande número de neutrófilos provoca liquefação dos tecidos inflamados, cujos restos passam a integrar o pus. ● Cronificação, a reação inflamatória pode tornar-se crônica quando a causa da agressão persiste, seja porque o estímulo danoso é repetido periodicamente ou porque o agente agressor é de difícil destruição. 9. Descreva os efeitos sistêmicos da inflamação. Inicialmente devemos ter conhecimento de que estímulos inflamatórios induzem a produção de citocinas. Estas darão origem a efeitos sistêmicos chamados respostas de fase aguda (ou síndrome da resposta inflamatória sistêmica). Essas respostas são sistêmicas pois, apesar de ocorrerem inicialmente em uma região, muitas delas podem alcançar regiões distantes do corpo por meio da corrente sanguínea. Alguns dos produtos dessas respostas são: A febre, que é uma elevação na temperatura corporal (1 a 4°C), produzida em resposta aos pirogênios. Os produtos bacterianos, como as LPS (chamados de pirogênios exógenos), estimulam os leucócitos a liberarem citocinas como IL-1 e TNF (pirogênios endógenos) que aumentam as enzimas (ciclo-oxigenases) que convertem o AA em prostaglandinas. Nas células vasculares e perivasculares do hipotálamo, as prostaglandinas, principalmente a PGE2, estimulam a produção de neurotransmissores tais como monofosfato cíclico de adenosina, que funciona para manter a temperatura em um nível mais alto. Como resposta aos estímulos inflamatórios de citocinas como IL -6, IL -1 ou TNF, as proteínas de fase aguda, presentes no plasma, podem aumentar várias centenas de vezes. As mais conhecidas são a proteína C-reativa, ou CRP, o fibrinogênio (ambos regulados pela IL -6) e, a proteína sérica amiloide A, ou SAA (regulada pela IL-1 ou TNF). Muitas proteínas de fase aguda, como CRP e SAA, se ligam às paredes da célula microbiana, podendo agir como opsoninas, e também, ligar-se a cromatina,possivelmente auxiliando na limpeza do núcleo da célula necrótica. Durante a resposta de fase aguda, a proteína SAA substitui a apolipoproteína A, um componente das partículas de lipoproteína de alta densidade, alterando o alvo das lipoproteínas de alta densidade dos hepatócitos para os macrófagos, que usam estas partículas como fonte de lipídios produtores de energia. O fibrinogênio se liga às hemácias e as levam a formar pilhas (rolos) que sedimentam mais rapidamente do que eritrócitos individuais, sendo isto usado como teste para resposta inflamatória sistêmica. A produção prolongada dessas proteínas (especialmente a SAA) nos estados de inflamação crônica causa a amiloidose secundária. Níveis séricos elevados de CRP podem aumentar o risco de infarto do miocárdio em pacientes com doença da artéria coronária. A leucocitose é característica comum das reações inflamatórias, especialmente das induzidas por bactérias. A contagem de leucócitos usualmente sobe, mas, se ocorrer de forma extraordinariamente alta, são chamadas de reações leucemoides e devem ser diferenciadas de leucemia. Citocinas, incluindo TNF e IL-1 causam a liberação acelerada de células a partir da reserva pós-mitótica da medula óssea, elevando o número de neutrófilos imaturos no sangue. A maioria das infecções bacterianas induz um aumento na contagem sanguínea de neutrófilos (neutrofilia). Muitas infecções virais causam um aumento absoluto no número de linfócitos (linfocitose). Na asma brônquica, alergia e infestações parasitárias, há um aumento no número absoluto de eosinófilos (eosinofilia). Algumas infecções (febre tifoide e infecções causadas por alguns vírus, riquétsias e certos protozoários) são associadas com um número reduzido de leucócitos circulantes (leucopenia). Outras expressões da resposta de fase aguda incluem pressão sanguínea aumentada; suor diminuído, principalmente pelo redirecionamento do fluxo de sangue do leito cutâneo para os leitos vasculares profundos, minimizando a perda de calor através da pele; rigor (tremores), calafrios, anorexia, sonolência e mal-estar, provavelmente por causa das citocinas nas células cerebrais. 10. Descreva a inflamação como uma resposta maléfica. Apesar de ser um processo natural, normalmente benéfico nos organismos e um componente central da imunidade inata, a inflamação também pode trazer prejuízos se ocorrer de forma anormal ou exagerada. Se a inflamação ocorrer de forma defeituosa, resulta usualmente em aumento na susceptibilidade a infecções e cura atrasada de ferimentos (pois é essencial para a limpeza e reparo de tecidos danificados e restos celulares). Inflamações excessivas são bases de muitos tipos de doenças. Em alergias, há uma resposta imune desregulada contra antígenos ambientais encontrados comumente. Em doenças autoimunes, a intolerância é gerada contra os próprios autoantígenos. A inflamação prolongada somada a fibrose que a acompanha são responsáveis por grande parte da patologia em muitas doenças infecciosas, metabólicas e outras doenças. Nas respostas de fase aguda, o peptídeo regulador de ferro, hepcidina, tem sua produção aumentada. Concentrações elevadas de forma crônica reduzem a disponibilidade de ferro, sendo responsáveis pela anemia associada a inflamação crônica. Em infecções bacterianas graves (sepse), há estímulo para uma enorme quantidade de citocinas. Altos níveis de citocinas causam várias manifestações clínicas, tais como coagulação intravascular disseminada, falência cardiovascular e distúrbios metabólicos, que são descritas como choque séptico. Deste modo, se, na tentativa de se livrar de um corpo supostamente estranho, a inflamação for prolongada, exagerada ou anormal, pode provocar problemas ao organismo e mesmo, morte. 11. Descreva a inflamação como resposta benéfica. Primeiramente, é importante entender que a inflamação geralmente consiste em um mecanismo protetor fisiológico do organismo, que tem como objetivo diluir, isolar e eliminar a causa da lesão (p. ex. microrganismos e toxinas) e reparar o dano tecidual dela resultante. Sem a inflamação, as infecções poderiam passar despercebidas, feridas poderiam nunca cicatrizar e os tecidos lesionados poderiam ficar com permanentes feridas infeccionadas. Dessa forma, se não fosse a inflamação, os animais não sobreviveram a suas interações diárias com micróbios ambientais, materiais estranhos, traumas e células degeneradas, senescentes e neoplásicas. De modo geral, as respostas inflamatórias são benéficas pelos seguintes motivos: diluir e/ou inativar toxinas biológicas e químicas; sequestrar e destruir microrganismos, material estranho, tecido necrótico e células neoplásicas; fornecer fatores importantes ao processo cicatricial de feridas em superfícies ulceradas e tecidos traumatizados; contribuir na restrição da movimentação de membros e articulações, dando tempo para a ocorrência da cicatrização e reparo tecidual; ocasionar aumento da temperatura corpórea ou do local para induzir a vasodilatação e subsequentemente a inibição de alguns agentes microbianos. Portanto, o processo inflamatório é essencial para a limitação e eliminação do patógeno, bem como para a sobrevivência, recuperação e reparo do tecido lesionado. 12. Cite os sinais cardinais da inflamação e cite como é formado cada um. Os sinais cardinais da inflamação são dor (dolor), rubor (vermelhidão), tumor (inchaço), calor (ardor, aquecimento), e perda de função (functio lesae), sendo mais proeminentes na inflamação aguda do que na inflamação crônica. Em uma inflamação aguda há aumento no fluxo sanguíneo para a área injuriada, resultando em dilatação arteriolar e abertura dos leitos capilares (por mediadores), essa permeabilidade resulta em acúmulo de líquido extravascular (edema) rico em proteína, formando exsudato e causando rubor, ardor e inchaço. Leucócitos circulantes migram para o local de injúria e podem liberar, de forma extracelular, metabólitos tóxicos e proteases, provocando dano tecidual. Com o dano e pela liberação de prostaglandinas, neuropeptídios e citocinas, ocorre, localmente, a dor. Danos ao DNA e às proteínas celulares, podem gerar disfunções, e quando irreversíveis levarão à morte celular. 13 - Classifique as inflamações quanto ao tempo de duração pelo quadro histológico. • Inflamação superaguda, tem a duração de horas a dias. • Inflamação aguda tem a duração de dias a semanas. • Inflamação subaguda tem a duração de semanas a meses. • Inflamação crônica tem duração de meses a anos. 14. Classifique as inflamações quanto ao exsudato. O exsudato inflamatório é composto de proteínas plasmáticas e leucócitos que extravasam dos vasos e se acumulam no local inflamado. Tem a função de destruir o agente agressor, degradar (liquefazer) e remover o tecido necrosado. A drenagem linfática fica aumentada, levando mais facilmente antígenos aos linfonodos regionais. Dependendo do local, da intensidade da reação e do agente injuriante, o exsudato pode ter diferentes características. Segundo o tipo de exsudato a inflamação será classificada em: SEROSA: O líquido extravasado tem alto teor aquoso, apresentando pouca quantidade de moléculas protéicas. Este líquido pobre em proteínas além da origem vascular, pode ser produzido também pelas células mesoteliais que recobrem a cavidade pleural, peritoneal e pericárdica. Devido ao seu baixo conteúdo protéico, o exsudato seroso não é detectado histologicamente deixando apenas espaços entre os elementos tissulares. O caso mais comum de inflamação serosa é a queimadura da pele com formação de “bolhas”. Ocorre nas doenças vesículo-bolhosas (pênfigo, herpes). FIBRINOSA: Quando a lesão vascular é mais intensa permitindo a saída de moléculas grandes, o líquido extravasado será rico em proteínas, especialmente fibrinogênio, formando uma rede de fibrina no territórioinflamado e é chamado de exsudato fibrinoso. Pode ocorrer na cavidade pericárdica em certas doenças reumáticas ficando o espaço pericárdico preenchido por uma massa de fibrina. Nos pulmões em casos de pneumonia pneumocóccica, os alvéolos podem estar ocupados por uma rede de fibrina com grande quantidade de leucócitos. O exsudato fibrinoso é mais comum nas membranas serosas do pericárdio, pulmão e peritônio. A rede de fibrina pode ser invadida por fibroblastos, substituindo o exsudato fibrinoso por tecido fibroso, que pode interferir nas funções do pulmão e coração. CATARRAL: Quando a inflamação ocorre nas superfícies mucosas, há a formação de grande quantidade de muco sendo então chamada de catarral. É encontrada, portanto, apenas quando o tecido inflamado é capaz de secretar muco como a nasofaringe, pulmões, trato intestinal, útero e glândulas secretoras de muco. Exemplos comuns de inflamação catarral são a gripe e o resfriado. HEMORRÁGICA: Quando há o rompimento da parede vascular, grandes quantidades de hemácias estão presentes no território inflamado. É uma classificação pouco usada. PSEUDOMEMBRANOSA: Se caracteriza pela formação de uma falsa membrana composta de fibrina, epitélio necrosado e leucócitos. Resulta da descamação do epitélio juntamente com um exsudato fibrinopurulento. Ocorre apenas nas superfícies mucosas, mais comumente na faringe, laringe, trato respiratório e intestinal. Na difteria ocorre este tipo de inflamação. PURULENTA: O exsudato purulento é formado pelo acúmulo de grande quantidade de neutrófilos, que interagem com o agente agressor, geralmente bactérias, provocando a destruição tecidual. A viscosidade do pus é devida em grande parte ao conteúdo de DNA, oriundo dos próprios neutrófilos. 15. Como é feito o processo de quimiotaxia no processo inflamatório agudo? O acúmulo de leucócitos no local da adesão decorre da liberação ou ativação de mediadores químicos com atividade quimiotáxica sobre essas células. Estas substâncias determinam a migração direcionada de leucócitos segundo um gradiente de concentração. As células tendem a se acumular na fonte do gradiente, uma vez que o movimento contra o gradiente é inibido, os fatores quimiotáxicos induzem a locomoção, secreção de enzimas lisossomais e aumento no consumo de oxigênio. A fixação do elemento reagente ao receptor é o primeiro passo e vários fenômenos bioquímicos são descritos na cadeia do processo em um período de tempo muito curto, como aumento de concentração do cálcio citosólico e de nucleotídeos cíclicos. O processamento do sinal quimiotáxico pode incluir a inativação da lipomodulina, a liberação do ácido aracdônico pela fosfolipase A2 e a subsequente formação de metabólitos bioativos, alguns dos quais induzem quimiotaxia, como o LTB4. Os produtos da via lipoxigenase são potentes indutores da quimiotaxia de PMN "in vitro". O turnover de fosfolipídeos, portanto, pode ter função relevante na quimioatração de PMN, monócitos e macrófagos. 16 - Quais são os indicadores morfológicos mais característicos da inflamação crônica? Macrófagos M1 (pró-inflamatório) e M2 (anti-inflamatório), Células Dendríticas, Linfócitos T, B, Natural Killer, Plasmócitos, Mastócitos, Eosinófilos, Destruição tissular, reparo com fibrose e angiogênese. Tipos: não granulomatosa e granulomatosa. 17. Liste as causas mais frequentes da inflamação crônica. A inflamação crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não consegue eliminar o estímulo incitante; depois de repetidos episódios de inflamação aguda em que há extensa lesão tecidual e necrose; ou em resposta a características bioquímicas únicas e/ou fatores de virulência presentes no estímulo incitante ou no microrganismo patogênico. Com isso, a inflamação crônica surge nas seguintes situações: • Infecções persistentes por microrganismos resistentes e bastante patogênicos que são difíceis de eliminar, tais como Micobacterium spp. e certas bactérias, vírus, fungos e parasitos; • Sequela da inflamação aguda em caso de falha na eliminação do agente ou substância que incita o processo; • Agressões mais graves com reação inflamatória de longa duração (crônica) e de maior intensidade; • Isolamento, onde algumas microrganismos como Streptococcus e Staphylococcus são capazes de se isolar das respostas imunológicas, “escondendo-se” no pus, mesmo não sendo naturalmente resistentes à fagocitose e/ou à destruição; • Não responsividade: onde certos materiais estranhos são praticamente indestrutíveis e, portanto, não são responsivos à fagocitose. Dentre eles incluem- se materiais vegetais, pólen de gramíneas, pó de sílica, fibras de amianto, alguns materiais de sutura e próteses cirúrgicas; • Autoimunidade e deifeitos leucocitários, uma vez que alterações na regulação das respostas imunológicas desencadeiam doenças autoimunes acompanhadas por respostas inflamatórias crônicas. Igualmente, os defeitos na função de leucócitos podem também provocar inflamações crônicas; • Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, exógenos ou endógenos; • Mecanismos não identificados, visto que em algumas doenças, como a meningoencefalite granulomatosa canina, a causa da inflamação crônica ainda é desconhecida. 18. Discuta as principais atividades do macrófago na inflamação crônica. Primeiramente, é importante entender que a inflamação crônica é microscopicamente caracterizada por uma infiltração de leucócitos mononucleares, que incluem macrófagos, linfócitos e plasmócitos; e, pela proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno; assim como angiogênese e neovascularização. E, caso a lesão se expanda, a resposta inflamatória crônica pode debilitar a função dos tecidos e células adjacentes e, por fim, o funcionamento de todo o órgão. Os monócitos/macrófagos são as células mais predominantes na inflamação crônica, sendo importantes tanto no desenvolvimento quanto na persistência da inflamação crônica. Geralmente estão situados em locais estratégicos e podem perceber rapidamente o início da atividade inflamatória aguda; migram na resposta a quimiotáticos; removem e matam agentes microbianos por meio da fagocitose; removem e podem degradar o material particulado por fagocitose; processam antígenos e apresentam os mesmos às células efetoras da resposta imunológica adaptativa; e, facilitam a angiogênese e remodelação da matriz extracelular. Ademais, após a sua ativação, eles produzem uma ampla gama de mediadores inflamatórias que servem à eliminação do agente incitante e para iniciar o processo de reparação tecidual, sendo responsáveis por grande parte da lesão tecidual da inflamação crônica. 19. Comente brevemente a interação entre macrófagos e linfócitos na inflamação crônica. Os linfócitos e macrófagos realizam interações em uma via bidirecional, Essas reações estabelecem papel relevante à inflamação crônica, onde os macrófagos apresentam antígenos a células T e produzem citocinas que estimulam as respostas imunológicas celulares, enquanto que os linfócitos T também produzem citocinas, as quais recrutam monócitos da circulação e o interferon gama (IFN-γ) para ativar potentemente os macrófagos. Sendo assim, em algumas doenças favoráveis, os macrófagos respondem ao IFN-γ, liberado por linfócitos, gerando uma maior quantidade de macrófagos ativados. Em outras doenças, os macrófagos respondem à IL-4 liberada por linfócitos e granulócitos formando macrófagos para reparação tissular. Sob a secreção de outras substâncias por linfócitos T, os macrófagos se diferenciam em macrófagos reguladores (células anti- inflamatórias), que secretam IL-10 para suprimir a inflamação. Ainda, os macrófagos envolvidos com a ativação clássica, o reparo tissular ou as vias reguladoras tendem a influenciar bastante a estrutura anatômica, a função da resposta inflamatória crônica e a formação de granulomas.20. Qual a importância do encontro de outros tipos celulares em caso de inflamação crônica? A persistência e desenvolvimento da inflamação crônica depende do agente ou da doença causadora, e o encontro de vários tipos celulares (monócitos, macrófagos, linfócitos T e B e Células NK) é importante devido à função que cada um exerce no mecanismo da inflamação. Os outros tipos celulares são os linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e mastócitos. Os macrófagos e os linfócitos atuam em conjunto. Os macrófagos apresentam antígenos aos linfóctos T e produzem moléculas de membrana e citocinas (IL -12) que estimulam os linfócitos T. Células T ativadas produzem citocinas que recrutam monócitos da circulação e ativam macrófagos. Assim, as reações inflamatórias tendem a ser crônicas e graves. Linfócitos B ativados geram plasmócitos, que produzem anticorpos contra antígenos estranhos persistentes ou teciduais alterados. Em certas reações inflamatórias crônicas o aglomerado de linfócitos, células apresentadoras de antígeno e plasmócitos, podem apresentar características morfológicas de órgãos linfoides, podendo conter centros germinativos bem formados. Eles são chamados de órgãos linfoides terciários. Eosinófilos dispõem de grânulos que contem a proteína básica principal. Esta proteína altamente catiônica (+) é tóxica para parasitos, porém, causa lise das células epiteliais dos mamíferos. Por esse motivo, apesar de benéficos, eles também contribuem para danos teciduais nas reações imunes como alergia. Os mastócitos contêm receptores que ligam ao anticorpo IgE, desse modo esses anticorpos reconhecem especialmente o antígeno, fazendo com que a célula desgranule- se e libere mediadores como histaminas e prostaglandinas. Esta resposta ocorre em reações alérgicas a alimentos, veneno de insetos ou fármacos. Mastócitos também secretam uma abundância de citocinas, podendo promover ou limitar as reações inflamatórias, Se estimulados por micróbios persistentes, mediadores de células linfoides ou estímulos irritantes crônicos como tabagismo, neutrófilos continuam persistindo por muitos meses em inflamações. Em inflamações crônicas macrófagos e células endoteliais secretam VEGF, que são fatores de crescimento de vasos sanguíneos e linfáticos. 21. Liste os principais grupos de macromoléculas que formam a matriz extracelular, comentando sua interação para compor sua matriz e a membrana basal. As macromoléculas da matriz auxiliam na conexão das células com a membrana basal e são constituídas por proteoglicanos, que são formados por proteínas extracelulares e glicosaminoglicanos. A matriz extracelular é composta por três grupos de macromoléculas: proteínas estruturais fibrosas, como os colágenos e as elastinas que promovem resistência à tensão e retração; as glicoproteínas adesivas, que conectam os elementos da matriz uns aos outros e às células; e proteoglicanos e ácido hialurônico que fornecem elasticidade e lubrificação. Existem os tipos de proteoglicanos que ficam na matriz extracelular. Esses proteoglicanos são compostos por carga negativa, acabam atraindo íons positivos de sódio (Na+), e também moléculas de água, dando a matriz extracelular hidratação. As glicoproteínas multiadesivas são formadas por moléculas unidas a cadeias de glicídios. Os glicosaminoglianos são polímeros lineares formados por unidades repetidas de dissacarídeos. Há o grupo de componentes fibrilares, que são as fibras de colágeno que possuem grande flexibilidade e boa resistência à tração. Além deles, existem as fibras reticulares, que são uma rede de vários órgãos e tecidos. Elas são formadas por colágeno tipo III e participam de uma fina rede ao redor de células de órgãos parenquimatosos. O outro grupo abrange as fibras elásticas, as quais ajudam no estiramento e na retração dos tecidos. Ainda as fibras elásticas são constituídas de um núcleo central de elastina e um anel de microfibrilas, sendo encontradas nas artérias e nos ligamentos. A matriz extracelular também influencia na saúde e função celular. Dessa forma, a regeneração e reparação tecidual dependem não somente da atividade de fatores solúveis, mas também das interações entre as células os componentes da matriz extracelular. A matriz extracelular regula o crescimento, a proliferação, o movimento e a diferenciação das células que vivem em seu interior. Ademais, ela engloba membranas basais e matrizes intersticiais contendo vários colágenos, proteoglicanos e glicoproteínas adesivas, e várias moléculas que interagem com as células através das diversas moléculas de integrina, sendo também responsável por secretar uma diversidade de proteínas e carboidratos, onde ela se molda e cria espaços entre as células. A comunicação da matriz com a membrana basal é fundamental, visto que a matriz tem papel de auxiliadora, onde ela une células em tecidos, e essa região é um local de reserva para vários hormônios, os quais controlam o crescimento e também a diferenciação celular. Se houver alguma falha nessa composição de matriz e membrana basal, pode desencadear câncer e também malformações no decorrer do desenvolvimento do animal. Ainda, na matriz existem moléculas estruturais como o colágeno e a elastina, assim como moléculas especializadas: a fibrilina, laminina e a fibronectina. 22. Comente o papel das moléculas de adesão na interação entre células e matriz. Durante o processo de recrutamento dos leucócitos na inflamação, ocorre a adesão de leucócitos ao endotélio vascular num processo denominado adesão estável. Essa adesão leucocitária às células endoteliais é mediada por moléculas de adesão complementares nos dois tipos celulares cuja expressão está aumentada pelas proteínas secretadas, chamadas citocinas. Logo, para que a adesão seja estável, os neutrófilos e as células endoteliais devem ser ativados por diversas citocinas, quimiocinas e outros mediadores inflamatórios. Dessa forma, as moléculas de adesão são responsáveis por manter as células unidas pela regulação entre as células do sistema imune e controle da movimentação dos leucócitos nos tecidos. Elas estão presentes tanto na superfície de leucócitos quanto na superfície de células endoteliais, onde elas medeiam a adesão entre as células e a ligação de células à matriz extracelular. Essas moléculas de adesão incluem as integrinas, selectinas e membros da superfamília das imunoglobulinas. Assim, após a adesão estável, vai ocorrer a migração dos leucócitos pelo endotélio. Subsequentemente, os leucóticos transmigram até o tecido perivascular, onde expressam novamente integrinas, que aderem às proteínas da matriz extracelular, como laminina, fibronectina, vitronectina e colágeno. 23. Liste os componentes fundamentais na formação da fibrose e da cicatrização. Quando a regeneração não é mais possível, o que é visível em lesões graves ou crônicas onde há lesão das células parenquimatosas e arcabouço do estroma (tecido conjuntivo), ocorre a deposição de colágeno e outros elementos e outros elementos da matriz extracelular (MEC) gerando uma cicatriz, que pode acontecer tanto na pele quanto em células parenquimatosas de qualquer órgão. Essa deposição excessiva de tecido conjuntivo e outros componentes da MEC é chamada de fibrose. Deste modo, esse processo, o reparo, tem por características: inflamação, angiogênese, migração e proliferação de fibroblastos, formação de cicatriz e remodelamento do tecido conjuntivo. Após a necrose, os macrófagos removem o tecido morto e o exsudato, além de promover a angiogênese e a cicatrização através da liberação de citocinas como TGF-β. O espaço é ocupado por tecido fibrovascular (tecido de granulação), depois substituído por tecido conjuntivo fibroso imaturo (de pouco colágeno) e, após, por tecido conjuntivo maduro (abundante em colágeno), assim ocorre a cicatrização, reestabelecendo a integridadeestrutural. 24. Apresente a sequência de eventos no desenvolvimento de novos capilares durante a angiogênese. A produção de novos vasos sanguíneos a partir de vasos preexistentes é acompanhada, na maioria das vezes, por aumento da permeabilidade vascular. Na angiogênese patológica, o aumento da permeabilidade vascular à água e às macromoléculas apresenta importante função no processo, sendo o responsável direto pela formação do edema. Esse aumento da permeabilidade capilar parece ter menor efeito durante a angiogênese fisiológica. Os novos vasos participam da formação do tecido de granulação provisório e suprem de nutrientes e de oxigênio o tecido em crescimento. De forma diferencial, a vasculogênese refere-se aos primeiros estágios do desenvolvimento vascular, durante o qual as células precursoras do endotélio vascular sofrem diferenciação, expansão e coalescência para formar a rede de túbulos primitivos do organismo. Em um organismo adulto, sob condições normais, a angiogênese só ocorre no ciclo reprodutivo das fêmeas (no útero, com a formação do endométrio, e nos ovários, na formação do corpo lúteo). Dessa forma, a rede vascular se mantém quiescente, porém apresentando a capacidade de iniciar a angiogênese, principalmente durante a cicatrização. 25. Discuta os principais aspectos da fibroplasia, incluindo a migração a proliferação dos fibroblastos e a deposição da matriz extracelular. As células endoteliais se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos. Esse conjunto forma o tecido de granulação, a migração e a proliferação de fibroblastos no local da lesão ocorrem devido à ação dos fatores de crescimento múltiplos, incluindo TGF-β, PDGF, EGF, FGF e as citocinas IL-1 e TNF. 26. Como é caracterizado um granuloma na macroscopia e na microscopia? Granuloma Nodular: Macroscopicamente, os granulomas nodulares apresentam coloração cinza a branca, são redondos ou ovais e firmes a endurecidos; já a inflamação granulomatosa difusa geralmente é cinza a branca, passível de expansão, mas mal demarcada em relação ao tecido adjacente, e firme. À microscopia, os granulomas nodulares podem ou não apresentar uma porção central de debris celulares necróticos (granulomas caseosos e não caseosos). Os granulomas de ambos os tipos geralmente são ovais a redondos e podem ser irregulares e multinodulares, com tamanhos variáveis, de microscópicos a muito extensos Os granulomas não caseosos geralmente são redondos a ovais e, à microscopia, são compostos por numerosos macrófagos e números variáveis de macrófagos epitelioides, ocasionalmente células gigantes multinucleadas, e uma zona periférica formada por fibroblastos, linfócitos e plasmócitos. Os granulomas caseosos apresentam as mesmas características morfológicas que os granulomas não caseosos; no entanto, seu centro é formado por uma pasta necrótica de debris com coloração acinzentada, esbranquiçada ou amarelada (espessa e desidratada) de aparência semelhante a queijo. Granuloma Eosinófilico: Macroscopicamente, os granulomas eosinofílicos apresentam como pápulas, nódulos, placas (ocasionalmente lineares) e úlceras na pele. Essas lesões também podem ser nodulares ou ulceradas e acometer a mucosa oral e os coxins dos membros. À microscopia, a resposta inflamatória é composta por eosinófilos, macrófagos e áreas de densa eosinofilia ao redor de fibras de colágeno. Por muitos anos, as áreas ricas em colágeno e densamente eosinofílicas foram consideradas regiões de degradação dessas moléculas; no entanto, o material eosinofílico é composto, em grande parte, pela proteína básica principal (MBP), uma proteína presente em abundância nos grânulos dos eosinófilos. Aparentemente, há desgranulação de eosinófilos nessas regiões. 28. Como é desencadeada a inflamação no caso da tuberculose? A infecção respiratória usualmente começa quando os bacilos inalados /alcançam os alvéolos e são fagocitados por macrófagos alveolares pulmonares. A partir desse foco inicial de infecção, os bacilos disseminam-se via aerógena dentro dos pulmões e, finalmente, através dos vasos linfáticos aos linfonodos traqueobrônquicos e mediastínicos. A lesão começa com poucos macrófagos e neutrófilos ingerindo o organismo invasor, mas, devido às micobactérias serem resistentes à fagocitose, os macrófagos infectados morrem posteriormente, liberando bactérias viáveis, lipídios e restos celulares. Restos celulares acumulam-se no centro da lesão, enquanto bactérias viáveis e lipídios bacterianos atraem mais macrófagos e alguns linfócitos na periferia da lesão. Alguns desses macrófagos recentemente recrutados são ativados por linfócitos locais e transformam-se em grandes células fagocitárias com citoplasma abundante, assemelhando-se a células epiteliais, daí o termo células epitelioides. Macrófagos multinucleados também são observados nas bordas da lesão, e, finalmente, todo o processo inflamatório focal torna-se cercado por fibroblastos e tecido conjuntivo. 29. Qual a diferença entre regeneração e cicatrização? REGENERAÇÃO: Substituição de células perdidas por células semelhantes, estrutural e funcionalmente completa. A regeneração depende da nobreza das células. A) células lábeis B) células estáveis C) células permanentes (perenes) Células lábeis: epitélios, pele, mucosas, ductos, tecido hematopoético; Células estáveis (de “prontidão”): - células parenquimatosas (fígado, rim, pâncreas) e tecido osteocartilaginoso; Células permanentes: sistema nervoso (neurônios), músculo estriado, cardíaco Com relação à regeneração tecidual: epitélios: facilmente regenerados fígado: regenera-se desde que mantido o arcabouço conjuntivo tecido adiposo: facilmente regenerado (fibroblastos – adipócitos) CICATRIZAÇÃO: Processo pelo qual o tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo vascularizado. Primeiramente, ocorre a instalação de reação inflamatória, as células do exsudato de células fagocitárias reabsorvem restos celulares e sangue extravasado. Em seguida, acontece a proliferação fibroblástica e endotelial formando o tecido conjuntivo cicatricial, denominado de tecido de granulação. Por fim, ocorre a remodelação com redução do volume da cicatriz. 30. Que fatores influenciam na reparação tecidual? Fatores extrínsecos como a idade, onde quanto mais idoso o animal mais lenta será sua reparação. O estado nutricional é outro fator que atrasa a cicatrização pela ausência de proteínas e vitaminas. A imunidade baixa também influência, uma vez que o prolongamento da inflamação predispõe o animal a novas infecções. O uso de medicamentos como os esteroides irão retardar a cicatrização. Além disso, outros fatores que influenciam são os fatores intrínsecos como o tipo de tecido que foi lesionado. Outro fator é o local da lesão, que pode desencadear reações imunológicas. Ademais, a infecção em uma certa região pode ser constante e então haver uma inflamação persistente. Caso não tenha uma oxigenação local, as células terão dificuldade de trafegar até a lesão e isso dificultará a síntese de colágeno e a proliferação dos fibroblastos. A hemorragia interfere também na reparação tecidual, pois ocorre agregação de sangue e com isso a formação de espaços mortos. 31. Descreva o mecanismo geral das reparações? O mecanismo de reparação tecidual inicia-se quando há a terminação de estímulo nocivo e em seguida a formação de coágulo, isso quando é uma ferida ocorrendo em horas. Dito isto, entre um a três dias, ocorre o desenvolvimento de uma restituição epitelial. Nesse estágio, irão trabalhar durante um a cinco dias os neutrófilos e macrófagos, atuando na reação inflamatória com a formação de coágulo na área necrosada. Nesse período, os exsudatos e restos celulares vão se dissolvendo e fluidificando, posteriormente sendo reabsorvidos pelas vias linfáticas ouentão fagocitados. O tecido começa a passar por granulação com neovascularização no período de três a sete dias e também por fibroplasia no período de três a trinta dias. Quando se tem uma cicatrização por primeira intenção, ocorrerá a união dos tecidos de granulação e também atividades de devascularização, o que permitirá o trabalho do colágeno para o comprimento dos vasos locais, em torno de quinze a vinte dias. Ainda assim, se tem a regressão do processo inflamatório com a ausência progressiva das atividades dos neutrófilos e então a finalização do processo de cicatrização colagenosa como também da proliferação parenquimatosa no estágio final da reparação tecidual. 32. Quais os principais mediadores das reparações? Quando ocorre a reparação tecidual existe a atividade de vários mediadores, onde os mastócitos, basófilos e plaquetas irão produzir histamina, que facilitará a vasodilatação, a ativação endotelial e a permeabilidade vascular. Já os mastócitos e leucócitos produzirão leucotrienos, ajudando na quimiotaxia, adesão e na permeabilidade vascular. Além disso, por meio das plaquetas, a serotonina auxiliará na vasodilatação e na permeabilidade vascular. Os mastócitos irão produzir as prostaglandinas, as quais induzirão a dor e febre. Os leucócitos irão exercer suas funções nas espécies reativas de oxigênio, como na morte de micróbios e em danos teciduais. Existe também o fator ativador de plaquetas produzido pelos mastócitos e leucócitos, que serve para incentivar as atividades de quimiotaxia, degranulação, a permeabilidade vascular e também a explosão oxidativa. Ademais, os macrófagos irão induzir o óxido nítrico, permitindo o relaxamento do músculo liso vascular e a destruição dos micróbios. Ainda, os leucócitos e macrófagos irão permitir as atividades das quimiocinas, gerando sinalizadores para então ativar os leucócitos. 33. Como é feita a cicatrização por primeira intensão? A cicatrização ocorre em torno de dois a três dias na pele, isso quando as bordas do corte se encontram bem posicionadas, tanto por suturas como por bandagens. Quando começa a cicatrização por primeira intenção, são fagocitadas proteínas plasmáticas e os debris celulares no interior da região lesionada para então serem removidos por macrófagos. No local da lesão, há o surgimento de vasos com o passar de dias e semanas, e essa região, que está conectada, passa então a ser substituída por fibras de colágeno estabelecendo uma forma mais tensora.. Nesse tempo, as células basais do epitélio sofrem hiperplasia e no período de três a cinco dias recobrem a lesão. Dito isto, ocorre uma pequena fibrose e perda de anexos, como perda de folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas na região lesionada. 34. Como é feita a cicatrização por segunda intenção? A cicatrização por segunda intenção ocorre quando as bordas dos tecidos afetados não são bem-associadas e não são suficientemente aproximadas para a cicatrização. Como as bordas das feridas não apresentam justaposição próxima e íntima, precisa ocorrer o preenchimento por tecido de granulação que, subsequentemente, vai se reepitelizar. Inicialmente, há uma inflamação aguda intensa e a formação de evidente coágulo de sangue. O tecido conjuntivo é sintetizado e disposto aleatoriamente, logo o processo de cicatrização apresenta pouca ou nenhuma organização. Na fase de proliferação seguinte, existe a formação de uma maior quantidade de tecido de granulação e de restos necróticos e exsudato inflamatório. No entanto, o tecido conjuntivo fibroso preenche o defeito na derme superficial e profunda, onde essa “desorganização” pode também retardar ou impedir a migração de células epiteliais que tentam recobrir a superfície da ferida, prejudicando assim a deposição de matriz extracelular na ferida. Dessa forma, ocorre uma produção de cicatriz mais extensa, na qual o tecido fibroso de granulação começa a se contrair, formando uma cicatriz pálida e deprimida com pregueamento adjacente, desprovida de anexos cutâneos. Assim, a cicatrização de segunda intenção envolve uma reação inflamatória mais intensa, formação de abundante tecido de granulação e extensa deposição de colágeno, levando à formação de cicatriz substancial que geralmente se contrai. 35. Quais as consequências da inflamação crônica e cicatrização anormal? Primeiramente, é importante entender que a inflamação crônica é aquela que apresenta duração prolongada, geralmente de semanas a meses ou até mesmo anos, onde a resposta é caracterizada principalmente por linfócitos, macrófagos e necrose tecidual, sendo acompanhada por reparo tissular, como cicatrização, fibrose e formação de tecido de granulação, que podem ocorrer simultaneamente. Sendo assim, uma vez que a resposta inflamatória aguda não consegue destruir o agente incitante, a inflamação crônica vai tentar fazer por meio de diversas células, como células NK, linfócitos macrófagos e as da resposta imune adaptativa. Se elas respostas forem ineficazes, o agente ou substância incitante é encapsulado por fibroblastos, retirando-o do organismo. De modo geral, essa resposta pode ser benéfica, levando à regeneração com a remoção do estímulo agressor e de mediadores inflamatórios; e, com o passar do tempo pode resultar no retorno da atividade normal. Por outro lado, a inflamação crônica também pode ser prejudicial, onde os leucócitos mononucleares que estão infiltrados nos sítios de inflamação podem substituir e às vezes obliterar o tecido original. Simultaneamente, ocorre a angiogênese, a proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno e, caso a lesão se expanda, essa resposta inflamatória crônica pode afetar a função dos tecidos e/ou células adjacentes e, por fim, o funcionamento de todo o órgão. Com relação às consequências da cicatrização anormal, elas podem abranger: a formação deficiente da cicatrizes, a formação excessiva de componentes de reparo tecidual e formação de contraturas. A formação inadequada do tecido de granulação ou a organização cicatricial pode levar a duas complicações, que são a deiscência ou ruptura da ferida e ulceração. A formação excessiva dos componentes de reparo tecidual podem gerar cicatrizes hipertróficas devido a concentrações excessivas de colágeno. Além disso, uma anormalidade no processo de contração da ferida pode resultar em deformidades da ferida e dos tecidos circulantes. 36. Descreva o processo de cicatrização óssea. A forma mais comum de cicatrização óssea é a consolidação indireta ou secundária, constituindo uma cicatrização óssea endocondral e intramembranosa. O processo de reparo ósseo consiste em quatro fases: a formação do hematoma, a formação do calo mole, a formação do calo ósseo e a remodelação óssea. Primeiramente, ocorre a formação de um hematoma junto com uma resposta inflamatória aguda, que estimula o recrutamento de células-tronco mesenquimais e subsequentemente a diferenciação em condrócitos que produzem cartilagens e osteoblastos, que formam o osso. Essas células mesenquimais se proliferam no hematoma a fim de formar um tecido conjuntivo frouxo, que combinado à neovascularização, forma um tecido de granulação rico em fibrina. Em seguida, surge tecido ósseo primário ou imaturo, tanto pela ossificação endocondral de pequenos pedaços de cartilagem que aí se formam, como também por ossificação intramembranosa. Então, é formado um calo primário, que pode ser externo (formado pelo periósteo) ou interno (formado pelo endósteo). Para que haja a progressão da regeneração óssea, esse calo mole precisa ser reabsorvido e substuído por um calo ósseo, que é um osso lamelar maduro e mais forte. O calo ósseo é constituído por tecido ósseo imatura que une provisoriamente as extremidades ósseas. Por fim, a formação osso primário é seguida pela remodelação óssea, onde o calo ósseo é substituído por tecidoósseo secundário ou lamelar pelos osteoblastos e reabsorvido pelos osteoclastos, para que existe a restauração da estrutura anatômica que suporta cargas mecânicas. Se as trações e pressões exercidas sobre o osso forem idênticas às exercidas antes da fratura, a estrutura do osso voltará a ser a mesma que existia anteriormente. 37. Descreva o processo de reparação do sistema nervoso central No sistema nervoso central (SNC), os processos de reparação que ocorrem após a lesão, como a inflamação e a necrose, são de responsabilidade principalmente dos astrócitos. Os astrócitos consistem nas células gliais mais numerosas do sistema nervoso, responsáveis por diversas funções: manutenção da homeostasia do SNC, nutrição celular, formam a barreira hematoencefálica, e, possuem importante papel nos processos de reparo celular após lesões traumáticas ou doenças inflamatórias. Durante o processo de reparação, os astrócitos são análogos aos fibroblastos do restante do corpo, onde os astrócitos também não sintetizam fibras de colágeno. Com isso, os astrócitos realizam o reparo pelo aumento de volume, divisão astrocítica e abundante proliferação de processos astrocíticos. Quando os neurônios morrem devido à necrose (como ocorre em algumas doenças virais do SNC), por exemplo, os espaços que são deixados pela perda dos corpos celulares neuronais são preenchidos pelos processos astrocíticos. Quando os espaços formados após a lesão são maiores, eles geralmente são muito grandes para sempre preenchidos e, portanto, tendem a persistir no SNC, sendo preenchidos por cistos e envoltos por uma cápsula de processos astrocíticos. Ainda, os astrócitos também tentam fazer o isolamento de abscessos, no entanto, não são tão eficazes quanto os fibroblastos e geralmente formam uma cápsula delicada e/ou incompleta.
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