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05/04/2022 23:53 SU_DIR_MEAREC_19_E_2
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Meios adequados de resolução de
conflitos
Unidade 2 - Negociação e justiça
restaurativa
Iniciar
Autor: Guilherme Pavan Machado
Revisão Técnica: Ana Carolina Quintela
Introdução
Nesta Unidade, iremos desenvolver os temas de Negociação, Design de Sistemas de
Disputas e Justiça Restaurativa, que integram parte importante da disciplina de Meios
Adequados de Resolução de Con�itos.
Nossos objetivos serão: conhecer o meio Negociação e as metodologias aplicáveis a
ela; desenvolver habilidades negociais por meio de treino mediante a análise de caso
prático; reconhecer os interesses das partes; avaliar possibilidades juridicamente
viáveis de alcance dos interesses; de�nir estratégias jurídicas de minimização dos
riscos envolvidos; veri�car a metodologia de Design de Sistemas de Disputas; e
veri�car a metodologia das práticas restaurativas com ênfase na Justiça Restaurativa.
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1. A negociação como meio
adequado de resolução de
conflitos
A Negociação é um meio adequado de resolução de con�itos que pertence à
estrutura clássica da autocomposição. Relembrando o nosso estudo da Unidade
anterior, apontamos que existem três estruturas clássicas de resolução de con�itos,
que são a autotutela, a autocomposição e a heterocomposição.
A autotutela consiste em forma de resolução de con�itos sem a intervenção de
terceiros, pela qual se chega a uma solução a partir da sobreposição do mais forte,
ou seja, não há consenso.
A Heterocomposição, por sua vez, é a resolução de um con�ito por meio da
intervenção de um terceiro convocados pelas partes em con�ito, podendo ser um
árbitro, no caso da Arbitragem, ou o Juiz, se estivermos falando de processo judicial.
A Autocomposição é a estrutura clássica de resolução de con�itos, pela qual há a
faculdade de possuir ou não a intervenção de terceiros, sendo que as partes buscam
uma solução conjunta e consensual. Exemplos são a Conciliação, a Mediação e a
Negociação.
Nesse sentido, como primeiro aspecto diferencial da Negociação que podemos
apontar é que trata-se de um meio de resolução de con�itos onde as partes que
estão manejando um con�ito chegam a uma solução a partir das próprias vontades e
interesses, por meio de negociação.
A negociação é um procedimento dinâmico em que as partes procuram chegar a um acordo
que possa satisfazer a ambas, de modo que é necessária a contribuição de cada uma,
possivelmente com concessões ou o recebimento de elementos, até que seja encaminhada
uma composição. 
É salutar rea�rmar que, uma vez que não exista a mediação de um terceiro na relação, o
comprometimento das partes no entrave, com o objetivo de se �nalizar a contenda, é essencial
( GUILHERME, 2016, p. 18 ).
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Assim, podemos de�nir como conceito inicial da Negociação a noção de que se trata
de resolução de con�itos a partir da qual as partes que �guram na divergência
chegam a uma solução a partir da negociação entre os interesses particulares e
coletivos em jogo, sem a intervenção de terceiros.
2. Técnicas e prática em
negociação
Após a abordagem sobre o conceito de Negociação, iremos falar sobre algumas
técnicas e sobre a prática em negociação que você, enquanto pro�ssional, pode
encontrar no seu dia a dia.
Hidal e Sampaio (2016, p. 337) irão a�rmar que na Negociação:
“[...] as partes envolvidas em uma controvérsia tendem a criar um acordo que resolva o
con�ito estabelecido entre elas, de forma diferente de recorrer à força ou à decisão de um
terceiro”.
Ainda, os autores Hidal e Sampaio (2016, p. 337-338) destacam duas modalidades de
Negociação, sendo a Negociação Distributiva e a Negociação Integrativa.
A forma mais tradicional de negociação é chamada de negociação distributiva. Mais
comumente chamada de barganha, esta abordagem presume que os recursos a serem
negociados são �xos, tal que o ganho de um negociador resulta em uma perda para o outro. 
Para resolução de con�itos, no entanto, é necessário adotar outra abordagem chamada de
negociação integrativa, na qual os negociadores procuram resolver uma disputa de maneira
que maximize os seus interesses respectivos (ao contrário de ter um ganhador e um perdedor,
ou de dividir a diferença). A maximização de ganhos mútuos é possível na medida em que as
partes se concentrem em criar valor em vez de dividi-lo [...].
Exempli�cando em situações hipotéticas do nosso dia a dia, a negociação distributiva
poderá ser aquela relacionada à compra de um carro que dá origem a um impasse
em relação ao valor de pagamento. O objeto que está sendo discutido - dinheiro -
não pode ser compartilhado entre as partes, de modo que o ganho será do
vendedor.
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De outra ponta, a negociação integrativa pode ser demonstrada em uma negociação
empresarial na qual duas empresas negociam para unir forças para realizar um
empreendimento vultuoso. Aqui, há o compartilhamento do objeto e a soma dos
interesses, não podendo visualizar ganhador ou perdedor.
Existem outras classi�cações de Negociação que permitem visualizar, de maneira
didática, a dinâmica negocial. Uma delas é a classi�cação em relação à pessoa, pela
qual se distingue a negociação em Adversarial e Cooperativa.
Uma negociação Adversarial, como o nome sugere, está relacionada a um
tratamento entre as partes mais competitivo, possuindo interesses controversos e,
na maioria das vezes, colidentes. Nesse tipo, as partes almejam resultados diferentes
aos con�itos e travam uma luta durante a negociação.
A negociação Cooperativa, ou Colaborativa, é aquela na qual as pessoas que estão
negociando assumem uma postura facilitadora em relação à outra, empreendendo
meios que lhes tragam uma solução que maximize os ganhos de ambas.
O Manual de Negociação e Mediação para membros do Ministério Público (CNMP,
2015, p. 27) elucida as distinções acima expostas sobre os tipos de negociação,
relacionando-os.
O método competitivo se caracteriza quando um dos interlocutores objetiva maximizar vitórias
sobre o outro. É o chamado ganha-perde, no qual o resultado substantivo, objetivo, tem valor
preponderante, em detrimento do resultado subjetivo representado pela criação de um bom
relacionamento entre os envolvidos. Já a postura colaborativa tem como preocupação do
negociador atender aos interesses de ambos, de modo a que seja obtido um resultado
substantivo (objetivo), mas, na mesma medida, aprimorado o relacionamento. É o chamado
ganha-ganha, que tem na distinção entre posição e interesse a chave para a consecução do
consenso ( CNMP, 2015, p. 27 ).
Nesse sentido, nos apropriamos de um outro conceito na negociação que é a
sistemática “ganha-ganha” e “ganha-perde”, que diz respeito à questão da
possibilidade de compartilhamento do objeto em uma tratativa negocial.
Outras características que podemos citar das negociações distributiva e integrativa
está na postura adotada pelos negociadores. Veja: em uma negociação distributiva,
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percebemos posturas mais rígidas, menos �exíveis, ao passo que em uma
negociação integrativa e colaborativa, por exemplo, percebemos posturas mais
maleáveis entre as partes.
Outro aspecto que pode ser relevante é que as negociações distributivas e
adversariais, ou competitivas, tendem a demorar mais, em virtude doembate de
interesses e das posturas adotadas. Em outro passo, na negociação colaborativa, a
tendência é uma resolução mais rápida.
Ainda está com dúvidas e não consegue visualizar como pode ocorrer uma
negociação? Você conhece o Caso da Laranja? Leia abaixo:
“O exemplo clássico fornecido pela Escola de Negociação de Harvard é o caso da laranja e das
duas meninas que a disputavam. Ambas possuíam a mesma posição: ‘quero a laranja’. A mãe
das meninas, não suportando mais a disputa, pegou uma faca, cortou a fruta ao meio e deu
uma parte para cada �lha. A primeira, insatisfeita com a atitude, pergunta por que a mãe fez
aquilo, pois desejava a laranja inteira para fazer um orifício em uma das extremidades e
sorver o suco da fruta. Com apenas metade, isso não seria possível. Este era o seu interesse:
sorver o suco da fruta diretamente. A segunda �lha, da mesma forma, �cou insatisfeita, pois
queria somente a casca da laranja para fazer letrinhas, conforme havia aprendido em aula.
Com metade da laranja, não teria o material necessário para tanto. Esse era o seu interesse.
Em realidade, a mãe das meninas poderia ter feito apenas uma pergunta: “para que vocês
querem a laranja?” Após a resposta, não precisaria adotar a conduta inadequada que
efetivou. Bastaria descascar a laranja e entregar a fruta para a primeira e toda a casca para a
segunda �lha. Assim, teria a satisfação das duas partes envolvidas no con�ito, com o
estabelecimento de uma conclusão ganha-ganha” ( CNMP, 2015, p. 27-28 ).
Concluindo esse nosso primeiro aprendizado sobre a Negociação como Meio
Adequado de Resolução de Con�itos, compreendemos que trata-se de uma solução
Você quer ver?
Para saber mais sobre técnicas de Negociação, veja o vídeo A Arte da
Negociação , com Diego Faleck, para o TEDx Talks. Para acessar a
apresentação clique aqui . 
https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g
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ao con�ito a partir da própria desenvoltura e comunicação entre as partes com
controvérsia, sem a intervenção de terceiros.
Quando falamos em Meios Adequados de Resolução de Con�itos, em convergência
com o Acesso à Justiça, percebemos que a Negociação Integrativa e Colaborativa
consiste em melhor método para alçar a solução dos problemas entre as pessoas em
con�ito, tendo em vista que essa sistemática possibilita a maximização dos ganhos e
o atendimento do interesse de ambas as partes.
3. Design de sistemas de
disputas
Até o momento direcionamos nosso diálogo, na Unidade anterior e nesta Unidade 2,
para os Meios Adequados de Resolução de Con�itos, ou seja, abordamos questões
referentes à Mediação, Conciliação, Arbitragem e Negociação, que consistem em
meios para resolver o con�ito.
O Design de Sistemas de Disputas, tradução do nome original Dispute System Design
(DSD), consiste em um método aplicável aos meios adequados de resolução de
con�itos. O objetivo é “[...] a customização de sistemas para que estes abordem o
con�ito, de forma mais adequada, em toda sua complexidade” (SOUSA; CASTRO,
2018, p. 107).
[...] o Desenho de Sistema de Disputas é um método, e não um mecanismo de solução de
con�itos, não se confundindo, portanto, com a sua �nalidade, que é, efetivamente, a criação
do sistema capaz de solucionar adequadamente um con�ito. 
A metodologia DSD pressupõe a existência de um “designer” que, em cooperação com os
interessados do con�ito, desenvolverá um produto sob medida, analisando as peculiaridades
dos personagens, da relação e do objeto con�ituoso. 
Os sistemas devem ser desenhados em colaboração com os interessados, assim o designer
oferece seus recursos técnicos, e as partes interessadas colaborarão com informações sobre o
con�ito, seus interesses, contexto situacional, personagens do con�ito, dentre outras
perspectivas ( SOUSA; CASTRO, 2018, p. 107-108 ).
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Nesse sentido, o DSD consiste em método no qual o “ designer ”, que é quem analisa
as peculiaridades do caso, visualiza o con�ito, as partes afetadas, buscando criar um
modelo que permita atender as prioridades destacadas por ele a partir da análise
realizada.
Sousa e Castro (2018, p. 108-109) elencam, com maestria, as etapas que o “ designer ”
deve realizar para criação de um método que pode resultar na aplicação de um meio
adequado de resolução de con�ito que melhor contemple as especi�cidades do caso.
O processo de desenho de um sistema de disputa envolve a análise do con�ito e das partes
interessadas e afetadas; a de�nição dos objetivos e prioridades do sistema; a criação de
consenso e desenvolvimento do sistema; a implementação do sistema, disseminação e
treinamento; a avaliação constante do sistema, adaptando-o de forma a permitir o
aprendizado com a experiência. 
No primeiro momento, o designer vai se ocupar de identi�car a demanda, fazendo um
levantamento acerca das partes envolvidas, dos fatos ocorridos, dos interesses envolvidos,
bem como das formas que aquele tipo de demanda costumeiramente é resolvido, quais os
modelos de sistema existentes para seu tratamento. 
Nesse momento é possível que diversos mecanismos de resolução de con�itos apresentem-se
como viáveis, desde a via judicial, como a arbitragem, a mediação, a conciliação, sendo função
do designer, em cooperação com as partes, utilizar de cada mecanismo, aquelas ferramentas
que melhor se adequem ao caso concreto, não sendo necessário optar por uma, em
detrimento da outra. 
A grande vantagem do uso dessa metodologia é permitir a hibridez entre os mecanismos de
resolução de con�itos, possibilitando, assim, que, a depender do caso concreto, utilize-se de
uma racionalidade mais polarizada, ou mais cooperativa. 
É nessa primeira fase que se mapeiam os procedimentos disponíveis para resolução da
demanda, e contrasta-se com os procedimentos que estão em uso, com a �nalidade de
determinar inovações e alterações de estratégias. Feito o diagnóstico desse panorama geral da
demanda, parte-se para a de�nição dos objetivos e prioridades do sistema, com o �to de
melhor desenvolvê-lo.
Desse modo, o DSD proporciona que as partes tenham um modelo de aplicação dos
meios adequados de resolução de con�itos que adeque-se ao con�ito posto e a
vontade das partes. Uma característica importante do Desenho de Disputa de
Sistema é que ele só pode ser realizado pelo designer se houver consenso das partes
para sua aplicação.
O  processo  de design  de  sistemas  de  disputas  é  tanto  político quanto  técnico.  Para  que
 o  sistema  seja  bem-sucedido,  ele  deve  ser aprovado  por  todas  as  partes  interessadas  e
 afetadas.  A  aprovação está intimamente ligada com a participação. As partes interessadas e
afetadas que participarem, in�uenciarem, opinarem e que, na medida do possível, sejam
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trazidas para o processo de criação, poderão expor seus  pontos   sensíveis   e   sentir-se   co
criadores  do  projeto.  Tal   fato facilita em muito a aprovação do projeto e o aprimora por
meio de um processo  democrático  que  leva  em  consideração  a  perspectiva  de todas  as
  partes   envolvidas   e   aumenta   substancialmente   as   chances de   sucesso.   A   aceitação
 depende  de  um  processo  baseado  em valores como participação, dignidade, igualdade,
autonomia, e�ciência e  satisfação.  Se  o  processo  de  criação  é  justo,  o  resultado  deve
 ser justo ( FALECK, 2009, p. 19 ).
Diego Falek (2009, p. 9) cita, como exemplo internacional de aplicação do DSD, o caso
da “ September 11th Compensation Fund of 2001 ", que distribuiu aproximadamente 9
bilhões de dólares a mais de 7.000 vítimas  e  bene�ciáriosde  vítimas  do  evento
 terrorista”.
Nas palavras de Falek (2009, p. 20), avocando o doutrinador Ury, um dos criadores do
DSD nos Estados Unidos, três são os elementos básicos para o Desenho de um
Sistemas de Disputas: a) os interesses em jogo; b) as regras de direito que servem
como guia; e c) a relação de poder entre as partes.
Ainda, a criação do DSD pode direcionar seu objetivo em três situações distintas,
quais sejam: a) conciliar os interesses em jogo; b) determinar quem está certo; ou c)
determinar quem tem mais poder. Qual a mais apropriada?
O  enfoque  nos   interesses  é  capaz  de   resolver  os  problemas que  estão  por   trás  da
 disputa  e  pode  ajudar  as  partes  a   identi�car quais pontos são de maior preocupação
para uma parte e para outra. Ao trocar concessões em pontos de menor por de maior
preocupação, as  partes  podem  criar  ganhos  na  resolução  da  disputa. 
Focar  em direito ou poder, por seu turno, inevitavelmente faz com que uma das partes  saia
 da  disputa  percebida  como  vencida.  Em  muitos  casos  de litígio, normalmente a parte
vencida percebe a decisão como injusta, o juiz como alguém inábil para entender o seu caso e
assim por diante. Reconciliar interesses tende, em geral, a um maior nível de satisfação mútua
com os resultados do que determinar quem está certo ou quem tem mais poder. Se as partes
estão mais satisfeitas, o relacionamento é bene�ciado e a chance de que a disputa volte a
ocorrer é menor ( FALECK, 2009, p. 21 )..
Um exemplo prático da aplicação do DSD na realidade forense brasileira é o Plano
Estratégico de Gestão de Con�itos Trabalhistas, vencedor da VII Edição do Prêmio
Conciliar é Legal. Esse Plano consiste em um modelo de gestão de con�itos, a partir
de 35 projetos diferentes, voltado para o desenvolvimento e sucesso das práticas
conciliatórias.
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Outro exemplo da utilização do DSD no Brasil se deu com a Câmara de Indenização
3054, que possui o objetivo de viabilizar acordos com os familiares das vítimas do
acidente aéreo do vôo 3054 da TAM. A CI 3054, como foi chamada, desenhou um
procedimento que buscava analisar inúmeras variáveis para resultar na realização da
autocomposição indenizatória aos familiares das vítimas.
O procedimento da CI 3054 pode ser dividido em duas fases, (i)a  preparatória  ao   ingresso
  do   requerimento   e   (ii)   o   procedimento   em si,   consubstanciado   nas   reuniões
 propriamente  ditas  para   coleta  de informações   e  na  apresentação  da  proposta  de
 indenização. Na  fase pré-ingresso,   as   partes   tinham   à   sua   disposição   a   "Divisão   de
Assistência"    (DA),    em    que    os    bene�ciários    eram    atendidos pessoalmente para a
preparação prévia de seus requerimentos, antes mesmo  do  ingresso  formal  no  programa.
 Após  o  ingresso,  as  partes mantinham    reuniões    diretamente    com    as    empresas  
 área    e seguradora,  com  a  presença  de  observadoras, e tinham à disposição o Conselho
de Órgãos de Proteção de Consumidor para consultas ( FALECK, 2009, p. 27 ).
A operacionalidade do procedimento instaurado era simples e de fácil compreensão
e consistia no preenchimento de formulários, entrega de documentação para
comprovação de renda das vítimas, dependência econômica e vínculo afetivo
(FALECK, 2009, p. 27-28).
O resultado da CI 3054? Mais de 90% dos casos intermediados pela Câmara
terminaram em acordo, sendo que dos 59 casos recebidos, 55 foram solucionados
mediante autocomposição (CONJUR, 2009).
Você quer ler?
Para saber mais sobre o Plano Estratégico de Gestão de Con�itos, acesse
aqui . 
Você quer ler?
https://www.premioinnovare.com.br/praticas/3163
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Desse modo, o Design de Sistemas de Disputas permite a criação de um método ou
modelo para manejo de um con�ito a partir da utilização dos meios adequados de
con�itos. Conforme apontamos anteriormente, não se trata de um mecanismo de
resolução de con�itos, como a Negociação, mas sim de uma metodologia para a
aplicação desses mecanismos.
Para saber mais sobre a CI 3054, acesse aqui . 
4. Justiça restaurativa
A Justiça Restaurativa tem um espírito voltado para resolução amigável do con�ito
entre as partes, mas, mais que isso, assume um viés que busca recuperar ou
restaurar as relações sociais.
A Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto ordenado e sistêmico de princípios,
métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores
relacionais, institucionais e sociais motivadores de con�itos e violência, e por meio do qual os
con�itos que geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado ( CNJ
)..
O surgimento da Justiça Restaurativa se deu em 2005, com três programas pioneiros
nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal, com o apoio do Poder
Judiciário, “[...] Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça e o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)” (CNJ, 2019, p. 5).
O cerne da questão por trás do surgimento da Justiça Restaurativa está em
recomendações da Organização das Nações Unidas, que passou a se dedicar para a
análise e implantação de práticas restaurativas no âmbito das justiças criminais.
A Organização das Nações Unidas – ONU, a partir da Resolução n. 1999/26, de 28 de julho de
1999, passou a regulamentar, no âmbito do direito internacional, as práticas restaurativas na
Justiça Criminal. Além dessa primeira, outras duas Resoluções foram editadas por este
organismo internacional sobre esta forma alternativa de resolução de con�itos: a Resolução n.
https://www.conjur.com.br/2009-ago-12/camara-indenizacao-encerrada-92-acordos-acidente-tam
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2000/14 e a n. 2002/12. Ambas estabelecem princípios básicos para utilização de programas
restaurativos em matérias criminais ( CNJ, 2019, p. 5 ).
A Justiça Restaurativa tem como fundamento a Resolução 225/2016 do Conselho
Nacional de Justiça, que atende as recomendações da ONU para sua implantação,
bem como atenta para o direito ao Acesso à Justiça, destacando a complexidade dos
con�itos no mundo atual e na necessidade de rea�rmação das relações sociais.
A ideia de que os con�itos “solucionados de modo estruturado”, conforme conceito
endossado pelo CNJ, está melhor descrita no art. 1º, incisos I, II e III da Resolução
225/2016.
I - é necessária a participação do ofensor e, quando houver, da vítima, bem como da sua
família e de todos os envolvidos no fato danoso, com a presença dos representantes da
comunidade direta ou indiretamente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores
restaurativos; 
II - as práticas restaurativas serão coordenadas por facilitadores restaurativos capacitados em
técnicas autocompositivas e consensuais de solução de con�itos próprias da Justiça
Restaurativa, podendo ser servidor do tribunal, agente público, voluntário ou indicado por
entidades parceiras; 
III - as práticas restaurativas terão como foco a satisfação das necessidades de todos os
envolvidos, a responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta ou indireta para
ocorrência do fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a necessidade de
reparação do dano e da recomposição do tecido social rompido pelo con�ito e suas
implicações para o futuro ( CNJ, 2016 ).
Nesse sentido, é possível perceber que a Justiça Restaurativa tem como fundamento
precípuo a resolução de con�itos a partir de um contexto colaborativo, participativo,
que olhe para todos os atores envolvidos e para seus interesses, almejando, ao�m e
ao cabo, a restauração das relações sociais.
No caminho do que estamos falando, a Resolução 225/2016 fala em “Enfoque
Restaurativo”, especi�camente no artigo 1º, § 1º, inciso V, que signi�ca uma
abordagem diferenciada do con�ito, contemplando a participação dos envolvidos,
atenção às necessidades da vítimas e ofensor, reparação dos danos sofridos e o
compartilhamento das responsabilidades e obrigações entre os participantes (VNJ,
2016).
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Esses elementos consistem em princípios que devem ser observados pela Justiça
Restaurativa e pelos programas que forem criados e implantados que levantarem
essa bandeira, a citar os princípios da corresponsabilidade, reparação do dano, a
consensualidade e a con�dencialidade (CNJ, 2016).
Art. 2º São princípios que orientam a Justiça Restaurativa: a corresponsabilidade, a reparação
dos danos, o atendimento às necessidades de todos os envolvidos, a informalidade, a
voluntariedade, a imparcialidade, a participação, o empoderamento, a consensualidade, a
con�dencialidade, a celeridade e a urbanidade. 
§ 1º Para que o con�ito seja trabalhado no âmbito da Justiça Restaurativa, é necessário que as
partes reconheçam, ainda que em ambiente con�dencial incomunicável com a instrução
penal, como verdadeiros os fatos essenciais, sem que isso implique admissão de culpa em
eventual retorno do con�ito ao processo judicial. 
§ 2º É condição fundamental para que ocorra a prática restaurativa, o prévio consentimento,
livre e espontâneo, de todos os seus participantes, assegurada a retratação a qualquer tempo,
até a homologação do procedimento restaurativo. 
§ 3º Os participantes devem ser informados sobre o procedimento e sobre as possíveis
consequências de sua participação, bem como do seu direito de solicitar orientação jurídica
em qualquer estágio do procedimento. 
§ 4º Todos os participantes deverão ser tratados de forma justa e digna, sendo assegurado o
mútuo respeito entre as partes, as quais serão auxiliadas a construir, a partir da re�exão e da
assunção de responsabilidades, uma solução cabível e e�caz visando sempre o futuro. 
§ 5º O acordo decorrente do procedimento restaurativo deve ser formulado a partir da livre
atuação e expressão da vontade de todos os participantes, e os seus termos, aceitos
voluntariamente, conterão obrigações razoáveis e proporcionais, que respeitem a dignidade
de todos os envolvidos ( CNJ, 2016 ).
Nesse sentido, a Justiça Restaurativa atua a partir do consentimento e da vontade
das partes em resolverem o litígio de maneira colaborativa. Um dos benefícios mais
relevantes que podemos perceber a partir do desenvolvimento da temática é o
fortalecimento das relações pessoais antes fragilizadas pelo con�ito, bem como um
resultado útil ao processo que satisfaça ambas as partes.
Hoje, as práticas restaurativas já se espalharam por todo o Judiciário brasileiro,
estando presentes tanto na Justiça Comum (Estadual e Federal), como na
Especializada (Justiça do Trabalho).
O Conselho Nacional de Justiça, em pesquisa junto aos Tribunais da Justiça Comum
do país, descobriu resultados satisfatórios sobre a implantação de programas,
projetos ou ações sobre Justiça Restaurativa. Houve 31 devolutivas aos questionários
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enviados pelo CNJ (à exceção do TJAC que não respondeu), chegando à conclusão
que “25 Tribunais de Justiça, 96% do total de respondentes, e três Tribunais Regionais
Federais, 60% dos existentes, possuem algum tipo de iniciativa em Justiça
Restaurativa” (CNJ, 2019, p. 8).
Nessa pesquisa realizada pelo CNJ junto aos Tribunais, restou evidente o benefício
que os programas, projetos e ações restaurativas trazem para a promoção e
proteção dos direitos e garantias dos cidadãos, fortalecendo, principalmente, a
proteção dos direitos da criança e adolescente e violência contra mulher.
Figura 1 - Mapeamento dos programas de justiça restaurativa. Fonte: Conselho nacional de justiça (CNJ).
Ademais, os benefícios com as práticas restaurativas podem ser sentidos em
instituições da sociedade, efetivando o objetivo de recomposição do tecido social,
cumprindo um papel fundamental no atual contexto político-social brasileiro de
liquidez das relações interpessoais.
O documento produzido pelo CNJ, “Mapeamento dos programas de Justiça
Restaurativa” (2019, p. 17), apresenta o grá�co abaixo com as instituições que mais
se bene�ciaram com as práticas restaurativas, com destaque para o sistema de
educação.
Figura 2 - Mapeamento dos programas de justiça restaurativa. Fonte: Conselho nacional de justiça (CNJ).
Por conseguinte, o mesmo documento em destaque - Mapeamento dos programas
de Justiça Restaurativa - nos mostra outras duas informações relevantes para nosso
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estudo, que se baseiam nas metodologias utilizadas pelos facilitadores restaurativos
e os tipos de encontros promovidos.
Primeiramente, em relação às metodologias, podemos citar como as mais utilizadas
os Círculos de Construção de Paz, o Processo Circular, Círculos restaurativos, entre
outras.
Figura 3 - Mapeamento dos programas de justiça restaurativa. Fonte: Conselho nacional de justiça (CNJ).
Os Círculos de Construção de Paz baseados em Kay Pranis estão assentados na
concepção de viabilizar o encontro entre as pessoas, criando ou fortalecendo
vínculos, promovendo a compreensão recíproca entre os participantes, tanto vítima,
ofensor e terceiros atingidos (TJPR, p. 10).
O Manual de Justiça Restaurativa realizado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (p. 10)
aponta que os círculos poderão ser menos complexos, quando envolver.
“[...] celebração, diálogo, aprendizado, construção de senso comunitário, compreensão) e mais
complexos (reestabelecimento/apoio, con�ito, tomada de decisão, reintegração)”.
Nesta metodologia podem ser visualizados duas etapas: uma primeira chamada de
pré-círculos, e a segunda, que são os círculos propriamente ditos. Os pré-círculos são
encontros individuais realizados com os futuros participantes, nos quais será
explicado o procedimento e colhido consentimento expresso.
Posteriormente, realizam-se os círculos, que poderão contar com a participação da
vítima, ofensor, família, apoiadores e comunidade, que irão discorrer sobre a
situação que gerou o con�ito.
Os participantes se sentam em círculo sem mesas ou outras peças de mobiliário no meio. Um
objeto, chamado bastão-de-fala circula pela ordem entre os participantes, que falam somente
quando estão segurando o bastão-de-fala. A utilização desse bastão-de-fala reduz o papel do
facilitador e elimina as conversas paralelas ou interrupções, pois só ele de�ne quem fala
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enquanto os outros ouvem. O processo poderá acontecer em círculos diferentes, um para
vítima e outro para o ofensor antes que todos se reúnam para determinar um plano de ação
que trate das questões levantadas ao longo do processo. Por consenso, o Círculo poderá
estruturar a sentença do ofensor e também estipular as responsabilidades dos membros da
comunidade e dos operadores de justiça como parte do acordo ( PRANIS, 2010, p. 8 ).
Kay Pranis (2010, p. 10-11) destaca como elementos estruturais do Círculo as
orientações, o bastão de fala, a cerimônia, a partilha de histórias, o guardião ou
facilitador e a tomada de decisão consensual.
Ainda, Pranis (2010, p. 5) aponta que os encontros presenciais mais comuns são a
mediação vítima-ofensor, a conferência grupalrestaurativa e os círculos de
construção de paz. Esse último pode ser compreendido como:
“[...] processo facilitado que envolve a vítima, seus apoiadores, o ofensor e seus apoiadores,
membros da comunidade e membros relevantes do sistema judicial”.
O tipo de encontro mais realizado nas práticas restaurativas dos Tribunais que
responderam o questionário do CNJ são os círculos de construção de paz, onde
participam da dinâmica a vítima, o ofensor, comunidade, família e os apoiadores. Na
sequência, percebemos maior presença de encontros com ofensor e comunidade,
assim como grupos de ofensores.
Figura 4 - Mapeamento dos programas de justiça restaurativa. Fonte: Conselho nacional de justiça (CNJ).
Concluindo esse tópico sobre a Justiça Restaurativa, foi possível visualizar os
principais conceitos da temática, o que envolve questões práticas de aplicação das
práticas restaurativas, metodologias que são aplicáveis e dados estatísticos do CNJ
sobre os programas no âmbitos dos Tribunais da Justiça Comum.
No encontro do que pretendemos abordar em um contexto geral nessa disciplina, a
Justiça Restaurativa atua juntamente com os Meios Adequados de Resolução de
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Con�itos para buscar a solução de con�itos que surgem constantemente nas
relações humanas de maneira colaborativa.
O principal objetivo da Justiça Restaurativa, no desiderato do que aprendemos na
Unidade 1 e com o que desenvolvemos nessa Unidade, é promover a resolução do
con�ito de maneira amigável, cooperativa, autocompositiva, onde se privilegie o
fortalecimento daquela relação social abalada pelo con�ito.
Muito embora os dados estatísticos apresentem uma atuação massiva dos Tribunais
na implantação de práticas restaurativas, há um primeiro obstáculo que tem que ser
transposto, que é a consensualidade das partes em participar do procedimento.
No atual contexto político-social que vivenciamos, há que se incentivar o consenso
para práticas de resolução de con�itos amigáveis em detrimento do litígio adversarial
do processo judicial. Isso porque inúmeros são os benefícios para as partes
envolvidas, podendo citar a resolução mais célere do mérito e o aumento da
possibilidade de uma solução para o con�ito favorável para ambos.
Síntese
Estamos encerrando mais uma Unidade da nossa disciplina de Meios Adequados de
Resolução de Con�itos. Nesta Unidade aprofundamos nosso conhecimento sobre
Negociação, Design de Sistemas de Disputas e Justiça Restaurativa.
É importante compreendermos que tudo que estamos abordando está conectado no
grande grupo dos Meios Adequados de Resolução de Con�itos. A Negociação, por
exemplo, constitui em um mecanismo para solucionar con�itos a partir da
autocomposição.
Nesse sentido, compreendemos:
A Negociação como um Meio Adequado de Resolução de Con�itos que busca a
resolução do con�ito a partir da autocomposição, sem a intervenção de terceiros,
signi�cando que as próprias partes envolvidas no con�ito chegam a solução;
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Por sua vez, não podemos dizer que o Design de Sistemas de Disputas (DSD) é um
mecanismo, porque, na verdade, consiste em método para aplicação do meio de
resolução de con�itos que melhor se adequar ao con�ito em destaque. O DSD pode
ser compreendido, portanto, como uma customização de procedimento e
metodologia para resolução de um con�ito, sendo um grande exemplo que
abordamos a Câmara de Indenização 3054.
No último tópico, falamos sobre a Justiça Restaurativa, que podemos de�nir como
uma política pública para implantação de programas, projetos e ações de práticas
restaurativas no âmbito dos Tribunais. O grande objetivo da Justiça Restaurativa é
restaurar os laços sociais fragilizados pelo con�ito, assim como devolver para a
sociedade uma espécie de recomposição do tecido social.
O ponto em comum que encontramos de tudo que abordamos nessa Unidade é a
preocupação do Direito brasileiro com os mecanismos de resolução de con�itos que
priorizem soluções amigáveis, postas a partir da autocomposição. Isso em razão do
abarrotamento do Poder Judiciário, do ingresso massivo de demandas e da
fragilidade das relações sociais, sendo imprescindível incentivar procedimentos que
fortalecem os laços interpessoais.
Até a próxima!
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Bibliografia
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05/04/2022 23:53 SU_DIR_MEAREC_19_E_2
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=iS3fioofRDIJCs1JXxjgCg%3d%3d&l=wEaGLQu5w4%2bgvXE8tDH1Cg%3d%3d&cd=Jw%… 19/19
https://www.tjpr.jus.br/documents/14797/7836487/Manual+JR+-
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