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@veterinariando_ Introdução • São vermes que parasitam o intestino delgados dos animais, que chegam ao organismo por meio do contato com as fezes • Tem como principais espécies: Toxocara canis, Toxocara cati, Toxascaris leonina Hospedeiros Toxocara canis – canídeos Toxocara cati – felídeos Toxascaris leonina – canídeos e felídeos Morfologia • São vermes considerados grandes, podendo chegar a 10cm de comprimento • Os adultos possuem na extremidade anterior uma abertura bucal rodeada por 3 lábios • Os machos apresentam cauda afilada com 1 espiculo e podem apresentar asa caudal • Os ovos são arredondados (subglobulares), embrionados, possuem casca grossa e geralmente irregular que garante maior resistência ambiental Ciclo biológico É um ciclo monoxênico Pode ser ou não migratório I. Transmissão horizontal – ocorre quando os ovos eliminados por meio das fezes contaminam o solo, podendo infectar novos animais II. Transmissão vertical – ocorre quando as larvas são transmitidas das mães para os filhotes por via transplacentária ou por meio do leite durante a amamentação III. Transmissão por hospedeiros paratênicos – roedores, repteis e pássaros podem transportar o parasito e quando ocorre a ingestão desses hospedeiros a larva é liberada 1. Cães infectados eliminam por meio das fezes os ovos de casca dura embrionado de Toxocara 2. No ambiente ocorre a maturação do ovo em condições adequadas de umidade e temperatura, a larva se desenvolve de L1 para L2 (fase infectante) 3. Após a ingestão do ovo, ocorre a liberação da larva L2 no intestino delgado 4. Essas larvas penetram a parede intestinal e suas microvilosidades e alcança a circulação periférica de retorno, logo alcançado a grande circulação 5. No momento que a larva está passando pela região da porta hepática ocorre a mudança para L3 6. Quando a L3 chega ao parênquima pulmonar, ela abandona a grande circulação e volta para a pequena circulação no parênquima pulmonar, as migrações da larva no parênquima ocorre com o objetivo de ela chegar até o lúmen traqueal (nesse período ela se torna L4) 7. No momento que a larva está no lúmen traqueal, por reação de hipersensibilidade o animal tosse e expulsa a L4 para a região da glote, onde ocorre a sua ingestão 8. Da região da luz traqueal até o intestino delgado há mudança de L4 para L5 9. A rota de migração das larvas depende da idade, condição imune do hospedeiro e da dose infectante 10. Em condições normais as larvas são deglutidas, retornando pela traqueia ao lúmen do intestino delgado onde ocorrem novas mudas, até atingirem a forma adulta 11. No adulto pode ocorrer período de latência, onde a larva fica retida em alguma musculatura ou em outra região como glândulas mamárias das fêmeas 1. Vertebrados como roedores, pássaros entre outros podem servir como hospedeiros paratênicos 2. Ao ingerir os ovos larvados, esses ovos eclodem liberando as larvas que migram pelos tecidos realizando a rota hepatotraqueal 3. As larvas permanecem encapsuladas em latência, por extenso períodos 4. Quando os hospedeiros paratênicos são ingeridos pelos hospedeiros definitivos, as larvas são reativadas, passam pelas mudas na parede do estômago e intestino delgado, até se tornarem adultas e continuarem seu ciclo 1. Os filhotes de cães são infectados no útero, pela reativação de larvas somáticas da mãe a partir da 42º dia da gestação 2. Essa rota eficiente de transmissão resulta em excreção de ovos cerca de 16 dias após o parto 3. A transmissão lactogênica continua a ocorrer por 5 semanas 4. As infecções pré-natais as larvas mobilizam 3 semanas antes do parto e migram para os pulmões, local onde ocorre muda de L3 para L4 5. No cão recém-nascido o ciclo de completa quando as larvas retornam ao intestino, via traqueia onde se tornam adultas 6. A cadela infectada abriga larvas suficientes para infectar todas as ninhadas subsequentes 7. Na infecção pela via lactogênica não há migração larval no filhote, sendo o ciclo direto e no intestino • As formas de transmissão são: ingestão de ovo contendo L2 infectante e ingestão transmamária • Não ocorre transmissão transplacentária • Só realiza ciclo direto, não há migração hepatotraqueal • A transmissão é via oral por meio da ingestão de ovo contendo L2 infectante ou por meio da ingestão de hospedeiros paratênicos Patogenia A patogenia está intimamente ligada ao ciclo biológico do parasita no hospedeiro Pneumonia em filhotes, devido ao ciclo migratório do parasito que causam lesões ao migrarem no parênquima pulmonar O filhote pode apresentar febre aguda, pois a pneumonia pode apresentar infecção bacteriana secundária Edema pulmonar e petéquias hemorrágicas LESÃO MECÂNICA A obstrução do lúmen intestinal pode ocasionar a retenção de gases e líquidos, levando a um quadro de distensão abdominal. A obstrução total gera o risco de rompimento da alça intestinal, podendo vazar fezes para o peritônio levando o animal a um quadro de peritonite podendo acarretar sepse. Pode haver alterações de peristaltismo levando a dor difusa Há lesão de epitélio intestinal devido as migrações do parasito, reduzindo a absorção de nutrientes e água. Pode haver perda de peso e pelame alterado devido as disfunções nutricionais As lesões e toxinas liberadas pelo parasito pode levar o hospedeiro a ter quadros convulsivos Destruição do epitélio intestinal – leva a um quadro de diarreia de origem osmótica e inflamatória Obstrução do lúmen do intestino delgado – leva a retenção de gases e líquidos, ocasionado distensão do abdômen O parasito pode perfurar a parede intestinal A obstrução do ducto colédoco – leva a quadros de icterícia obstrutiva Disfunção da motilidade intestinal – leva a intussuscepção de segmento de alça intestinal Estágios larvais em infecções maciças – podem levar a quadros de pneumonia em filhotes, com presença de edema pulmonar e pequenas hemorragias imperceptíveis Os filhotes – podem nascer com disfunção pulmonar, morrendo de 1 a 3 dias após o parto Vermes adultos – causam espoliação do quimo, absorvendo vitaminas e sais minerais necessários para os animais, logo esse processo pode colaborar para o surgimento de avitaminoses e desequilíbrios de cálcio e fósforo Os vermes adultos podem ocasionar enterites mucoides e catarral, podendo haver oclusão total ou parcial do intestino e perfuração com peritonite e bloqueia do ducto biliar Sinais clínicos Aumento de volume abdominal Redução do crescimento, devido a má absorção de nutrientes Diarreia Em caso de migração larval – em filhotes pode haver pneumonia, em altas cargas parasitárias pode durante a tosse (L4 na traqueia) ocorrer vômitos onde pode-se encontrar larva Pelos ásperos e sem brilho Anemia (raramente) e emaciação Lesão pulmonar, com presença de tosse, taquipneia e corrimento nasal seromucoso Pode ocorre óbito de filhotes, poucos dias após o nascimento devido a infecção transplacentária Sinais neurológicos, como convulsão que pode estar relacionado com o alcance das larvas no SNC ou devido as substâncias tóxicas liberadas por elas durante a migração Sinais de desidratação – os gatos apresentam a 3ª pálpebra Epidemiologia A infecção é mais prevalente em cães e gatos menores de 6 meses de idade (grupo de maior risco) Extensa distribuição da infecção e alta prevalência As fêmeas de Toxocara são altamente fecundadas Os ovos são altamente resistentes às condições ambientais Reservatório constante de infecção nos tecidos somáticos da cadela e as larvas nestes locais são insensíveis à grande parte dos anti-helmínticos Diagnóstico Sintomasrespiratórios (observar ninhada) Sintomatologia digestiva Idade dos animais Histórico de amamentação Exame coproparasitológico (Willis/Sheater) Necroscópico: lesões pulmonares em recém-nascidos e lesões em alça intestinal Tratamento e controle Os vermes adultos são facilmente removidos com o uso de anti- helmínticos, como: piperazina, mebendazol, fembendazol, nitroscanato Cães jovens devem ser tratados com 2 semanas de idade e o tratamento deve se repetir 2 semanas após, dessa forma se elimina a infecção adquirida no período pré-natal (necessário tratar a cadela) Outro tratamento deve ser realizado aos 2 meses de idade, para eliminar qualquer infecção adquirida por meio do leite materno Os cães adultos devem ser tratados a cada 6 meses Fembendazol em doses alta diárias por 3 semanas antes do parto e 3 semanas após o parto elimina em grande parte a infecção pré-natal e transmamária em filhotes Para controlar é necessário fazer o manejo sanitário ambiental adequado Zoonose • Larva migrans visceral – ocorre no humano • É ocasionada pela T. canis • É mais comum em crianças que tiveram contato com cães domésticos ou locais onde há risco de contaminação de solo por fezes de cães • Embora o alto risco de exposição à infecção, a incidência de casos clínicos é baixa • No geral a invasão das larvas se restringe ao fígado, porém pode afetar outros órgãos e tecidos, como os olhos causando vários tipos de alteração (retinite granulomatosa, cegueira, confundindo com tumores e até enucleação) • O diagnóstico pode ser serológico por ELISA e outros achados (eosinofilia acentuada e hepatomegalia) – não há tratamento • Controle: tratamento com anti- helmíntico dos cães, remoção higiênica das fezes e restrição ao acesso dos cães a locais frequentado por crianças
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