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TOC e TEA

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Raíssa Mafra- P6
TOC e TEA
PROBLEMA 02
1) Compreender o TOC:
- Definição:
Representado por um grupo diverso de
sintomas que incluem pensamentos
intrusivos, rituais, preocupações e
compulsões. As obsessões ou
compulsões consomem o tempo e
causam prejuízo funcional.
Um indivíduo com TOC pode ter uma
obsessão, uma compulsão ou ambos.
- Obsessão: pensamento,
sentimento, uma ideia ou uma
sensação recorrentes e
indesejável -> evento mental.
- Compulsão:é um comportamento
repetitivo, padronizado e
recorrente que o indivíduo se
sente obrigado a realizar em
resposta a uma obsessão.
Tanto a obsessão quanto a compulsão
são egodistônicas (indesejadas).
Apesar de realizado em uma tentativa de
reduzir a ansiedade associada com a
obsessão, o ato compulsivo nem sempre
tem sucesso nisso e pode até aumentar a
intensidade.
- Epidemiologia:
A prevalência de TOC na população
(em geral) é estimada em 2-3% e são
consideradas consistentes.
O TOC é o 4º diagnóstico mais comum,
vindo apenas depois da fobia, de
transtornos relacionados a substâncias
e do transtorno depressivo maior.
Normalmente, homens e mulheres
adultos são afetados igualmente, em
adolescentes a prevalência é em
meninos.
A idade média de início é perto dos 20
anos e é mais comum que homens se
apresentam inicialmente por volta dos 19
anos, já as mulheres aos 22 anos
(aproximadamente).
A maioria dos afetados costumam ser
solteiros, o que pode refletir a
dificuldade de pessoas com TOC
manterem um relacionamento.
Ocorre com menor frequência em
negros, mas essa variação talvez seja
explicada pelo acesso à assistência
médica e não a diferenças de
prevalência.
Pessoas com TOC é comum serem
afetadas por outros transtornos clínicos. A
prevalência de transtorno depressivo
maior é de cerca 67% e de fobia social
25%.
- Etiologia e fisiopatologia:
A fisiopatologia do TOC ainda não é
muito elucidada, mas algumas teorias
tentam explicar a etiologia desse
transtorno com fatores biológicos,
comportamentais e psicossociais.
Fatores biológicos:
As causas genéticas são as mais
associadas ao TOC, contudo alguns
estudos apontam relação de traumas
físicos no período do desenvolvimento e
histórico de infecção estreptocócica como
possíveis etiologias. O que essas teorias
têm em comum é que todas estão ligadas
a disfunções no circuito
córtico-estriato-tálamo-cortical o que
explica fisiologicamente o surgimento do
transtorno.
● Genética:
Os dados genéticos disponíveis sobre o
TOC mostram que o transtorno tem um
componente genético significativo, mas
ainda não é possível distinguir os
fatores herdáveis da influência dos
efeitos culturais e comportamentais.
Familiares têm uma probabilidade 3-5x
maior. Em gêmeos a concordância é bem
mais alta para os monozigóticos.
● Sistema serotonérgico:
Dados mostram que fármacos
serotonérgicos são mais eficazes no
tratamento do TOC que fármacos
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destinados a outros neurotransmissores
e muitos ensaios clínicos apontam que
a desregulação da serotonina influencia
a formação dos sintomas obsessivos e
compulsivos, mas ainda não é
confirmado.
● Sistema noradrenérgico:
Não há muitas evidências sobre a
disfunção do sistema noradrenérgico no
TOC, mas há dados informais que
mostram melhoras em sintomas do
TOC com o uso de fármacos que
reduzem a quantidade de norepinefrina
liberada dos terminais nervosos
pré-sinápticos.
● Neuroimunologia:
A infecção estreptocócica do grupo α-β
hemolítico pode causar febre reumática
e com isso, 10-30% dos pacientes
desenvolvem coreia de Sydenham e
mostram sintomas
obsessivos-compulsivos.
Fatores comportamentais:
De acordo com os teóricos da
aprendizagem, as obsessões são
estímulos condicionados. Um estímulo
relativamente neutro se torna associado
ao medo ou ansiedade por meio de um
processo de condicionamento replicante
ao ser associado com eventos que sejam
nocivos ou produzam ansiedade. Quando
o paciente descobre que determinada
ação reduz a ansiedade associada a um
pensamento obsessivo, a pessoa
desenvolve estratégias ativas de evitação,
na forma de compulsões, para controlar a
ansiedade.
Fatores psicossociais:
● Fatores de personalidade:
A maioria das pessoas com TOC não
têm sintomas compulsivos pré-mórbidos
(que são encontrados no transtorno de
personalidade obsessivo-compulsiva) e
os mesmos não são necessários nem
suficientes para o desenvolvimento do
transtorno obsessivo-compulsivo. Apenas
15-30% dos pacientes com TOC
possuem esses traços obsessivos
pré-mórbidos.
● Fatores psicodinâmicos:
Os sintomas do TOC podem ser
biologicamente motivados, mas também
alguns sinais psicodinâmicos podem
estar associados. Pacientes podem se
sentir motivados a manter a
sintomatologia em razão dos ganhos
secundários (mais atenção e cuidado,
por exemplo). Com relação às
dimensões interpessoais, o pensamento
psicodinâmico reconhece precipitadores
que iniciam ou exacerbam os sintomas
– as dificuldades interpessoais e
estressores ambientais podem aumentar
a ansiedade do paciente e com isso,
sua sintomatologia.
- Quadro clínico:
O TOC tem 4 padrões principais de
sintomas:
● Contaminação, que faz com
que haja a necessidade de
limpeza, lavagem ou ação
compulsiva do objeto que está
contaminado (presumido). O
objeto em questão costuma
ser difícil de evitar (ex. fezes,
urina, pó ou germes). A
resposta emocional mais comum
é a ansiedade, mas vergonha e
nojo obsessivos (pelo objeto)
também são evidentes e os
indivíduos costumam acreditar que
a contaminação é espalhada
objeto/objeto ou pessoa/pessoa
com mínimo contato.
● Dúvida patológica,caracteriza-se
por uma obsessão de dúvida e é
acompanhada pela compulsão de
ficar verificando. Os indivíduos
sempre se sentem culpados –
acreditam que esqueceram ou
cometeram algo – e duvidam
obsessivamente de si mesmos.
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● Pensamentos intrusivos,existem
pensamentos intrusivos sem
uma compulsão acompanhada.
Essas obsessões tendem a ser
pensamentos repetitivos de atos
agressivos ou sexuais, que são
repreensíveis pelo indivíduo.
Ideias suicidas também podem
ser obsessivas e por isso uma
avaliação cuidadosa sobre os
riscos de suicídio deve sempre ser
feita.
● Simetria é a necessidade de
simetria ou precisão, o que pode
acarretar uma compulsão de
lentidão. Os indivíduos podem
demorar horas para realizarem
atos por conta dessa necessidade
(ex. fazer a barba)
- Diagnóstico:
- Tratamento:
Estudos bem controlados mostram que
a farmacoterapia, a terapia
comportamental, ou uma combinação de
ambas, possuem ação efetiva, resultando
numa redução significativa dos sintomas
de pacientes com TOC. A decisão
sobre qual terapia usar se baseia no
julgamento e na experiência médicos,
além de na aceitação do paciente das
várias modalidades.
Tratamento farmacológico:
Os efeitos iniciais costumam ser vistos
após 4-6 semanas de tratamento, apesar
de 8-6 semanas normalmente serem
necessárias para se obter o máximo de
benefício terapêutico.
O tratamento com drogas antidepressivas
ainda é controverso, e uma proporção
significativa de pacientes que respondem
a este tratamento parece ter recaída se a
farmacoterapia for descontinuada.
A abordagem-padrão é iniciar o
tratamento com um ISRS ou clomipramina
e depois passar a outras estratégias
farmacológicas se as drogas específicas
serotonérgicas não forem efetivas. As
drogas serotonérgicas aumentaram a
porcentagem de pacientes com TOC que
tendem a responder melhor ao tratamento
em um índice de 50 a 70%.
- ISRS: fluoxetina, fluvoxamina,
paroxetina,sertralina. (ISRS:
inibidores seletivos da recaptação
de serotonina).
- Clomipramina: é a mais seletiva.
Sua dosagem deve ser titulada
para cima por 2 ou 3 semanas
para evitar efeitos gastrointestinais
adversos e hipotensão ortostática
(rápida diminuição da pressão
arterial, o que leva ao
aparecimento de alguns sintomas,
como sensação de tontura,
desmaio e fraqueza).
- Outras drogas: a adição de
valproato, lítio ou carbamazepina.
Outras drogas que podem ser
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experimentadas são venlafaxina e
os inibidores de
monoaminoxidase.Outros agentes
farmacológicos incluem buspirona,
L-triptofano e clonazepam.
A adição de um antipsicótico
atípico, como a risperidona, ajudou
em alguns casos.
Terapia cognitivo
comportamental(TCC):
Os efeitos benéficos são mais duradouros
com a terapia comportamental. As
principais abordagens são a exposição e
a prevenção de resposta.
Dessensibilização, prevenção de
pensamentos, inundação, terapia
implosiva e condicionamento aversivo
também foram usados em pacientes com
TOC.
Outras terapias:
A terapia familiar costuma ser útil. A
terapia em grupo é útil como sistema de
apoio para alguns indivíduos. Para casos
extremos, que resistem a tratamento e
são cronicamente debilitantes, a
eletroconvulsoterapia (ECT) e a
psicocirurgia devem ser consideradas.
2) Compreender o transtorno do
espectro autista:
- Definição:
O transtorno do espectro autista, antes
conhecido por transtornos globais do
desenvolvimento, é um grupo
fenotipicamente heterogêneo de
síndromes neuroevolutivas, com herança
genética que se caracteriza por uma
ampla gama de problemas na
comunicação social e por
comportamentos restritos e repetitivos.
Antes do desenvolvimento do DSM-5, o
conceito de transtorno do espectro autista
envolvia cinco transtornos distintos,
incluindo transtornos do autismo, de
Asperger, desintegrativo da infância,
síndrome de Rett e transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação.
O transtorno do autismo era caracterizado
pela presença de problemas em três
domínios: comunicação social,
comportamentos restritos e repetitivos e
desenvolvimento e uso de linguagem
aberrante. Os problemas diagnósticos
básicos caíram em dois domínios:
deficiências na comunicação social e
comportamentos restritos e repetitivos. O
desenvolvimento e uso da linguagem
aberrante deixaram de ser considerados
uma característica básica do transtorno do
espectro autista.
Embora os problemas linguísticos não
sejam critérios diagnósticos primordiais
nesse transtorno, os médicos e os pais
compartilham preocupações sobre
crianças que ainda não tenham
desenvolvido linguagem alguma no
período de 12 a 18 meses de idade; além
disso, retardo linguístico acompanhado de
uma retração no comportamento social é,
com frequência, um sintoma preditor do
transtorno de espectro autista. Em até
25% dos casos ocorre o desenvolvimento
de alguma capacidade linguística que se
perde subsequentemente. Esse
transtorno em crianças com desempenho
intelectual normal e com problemas leves
no desempenho linguístico pode não ser
identificado até o período intermediário da
infância, ocasião em que aumentam as
demandas acadêmicas e sociais.
- Epidemiologia:
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
estima que há 70 milhões de pessoas
com autismo em todo o mundo, sendo 2
milhões somente no Brasil. Estima-se
que, em todo o mundo, uma em cada 160
crianças tem transtorno do espectro
autista.
Os transtornos do espectro autista foram
diagnosticados de uma forma crescente
nas últimas duas décadas. Há muitas
explicações possíveis para esse aumento
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aparente, incluindo aumento da
conscientização sobre o tema, a
expansão dos critérios diagnósticos,
melhores ferramentas de diagnóstico e o
aprimoramento das informações
reportadas.
Por definição, o início desse transtorno
ocorre na fase inicial do desenvolvimento,
ainda que alguns casos não sejam
identificados até que a criança esteja bem
mais velha. Em virtude desse hiato entre
o início do transtorno e o diagnóstico, as
taxas de prevalência aumentam com a
idade nos casos de crianças mais jovens.
O autismo é diagnosticado com uma
frequência quatro vezes maior em
meninos do que em meninas.
- Etiologia e fisiopatologia:
● Tem uma contribuição hereditária
significativa → Estudos de famílias
revelaram que houve
um aumento nas taxas de
incidência do transtorno do
espectro autista nos irmãos
de uma criança→indíce de até
50% em algumas famílias com
duas ou mais crianças com
transtorno do espectro autista.
● Há vários biomarcadores de
sinalização anormal no sistema
5-HT, nos mecanismos de
plasticidade sináptica ligados ao
mTOR e nas alterações do
sistema inibitório do GABA.
● Estudos adicionais encontraram
dados confirmatórios em
amostragens de lactentes mais
tarde diagnosticados com o
transtorno, os quais tinham
circunferências normais da
cabeça no nascimento; aos 4
anos, 90% tinham volumes
cerebrais maiores do que os
indivíduos controle, sendo que
37% do grupo com transtorno do
espectro autista atendeu
aos critérios para macrocefalia.
● Diversos relatos sugerindo que a
incompatibilidade imunológica (i.e.,
anticorpos maternos
direcionados ao feto) pode
contribuir para o transtorno do
espectro autista. Os linfócitos
de algumas crianças autistas com
anticorpos maternos permitem
pensar que os tecidos
neurais embrionários tenham sido
lesionados durante a gestação.
● A Incidência acima das
expectativas de complicações
pré-natais e perinatais em
lactentes que, mais
tarde, são diagnosticados com o
transtorno do espectro autista --->
idade materna e
paterna avançada no momento do
nascimento do bebê, hemorragia
gestacional materna, diabetes
gestacional e bebê primogênito.
● Os fatores de risco perinatais
incluem complicações no cordão
umbilical, trauma no
nascimento, desconforto fetal, feto
pequeno para a idade gestacional,
peso baixo ao
nascer, baixo índice de Apgar no
quinto minuto, malformação
congênita, incompatibilidade do
grupo sanguíneo ABO ou do fator
Rh e hiperbilirrubinemia.
Comorbidades-
Anormalidades eletrencefalográficas
(EEG) e distúrbios convulsivos
ocorrem com uma frequência acima da
expectativa em indivíduos com transtorno
do espectro autista. Em
torno de 4 a 32% dos indivíduos afetados
têm convulsões de grand
mal.
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- Quadro clínico:
O quadro clínico de pacientes com o
transtorno do espectro autista tem como
base sintomas centrais e sintomas
comportamentais associados. Já o
diagnóstico é clínico utilizando-se os
critérios definidos pelo DSM-5.
Sintomas centrais:
- Mais afetados nesse transtorno.
-Deficiências persistentes na
comunicação e interação social, e
padrões restritos e repetitivos de
comportamentos, interesses e atividades.
Deficiências persistentes na
comunicação e interação social. Via de
regra, crianças com TEA não se adaptam
ao nível esperado de habilidades sociais
recíprocas e de interações sociais não
verbais espontâneas.
Os lactentes com esse transtorno
possivelmente não desenvolvam
sorrisos sociais e, mais tarde, como
bebês mais velhos podem não ter a
postura antecipatória de serem colocados
no colo de uma cuidadora. Contato com
os olhos menos frequente e mais fraco
é comum durante a infância e a
adolescência, em comparação com
outras crianças.
É possível que essas crianças não
reconheçam ou diferenciem
explicitamente as pessoas mais
importantes em suas vidas – pais, irmãos
e professores –, e, no entanto, é provável
que não reajam de forma tão intensa
quando são deixadas com uma pessoa
estranha, se comparadas a outras
crianças da mesma idade.
É frequente as crianças com autismo
sentirem e demonstrarem uma
ansiedade extrema quando sua rotina
normal é interrompida.
Nas crianças mais velhas em idade
escolar, as deficiências sociais
manifestam-se como uma ausência de
conversas convencionais, menor
compartilhamento de interesses e uma
quantidade menor de gestos corporais
e faciais no contato com outras pessoas.
Uma das características observadas em
crianças com transtorno do espectro
autista é a deficiência na capacidade de
perceber os sentimentos ou o estado
emocional das pessoas ao seu redor.
(sentem dificuldades para desenvolver
empatia).
Padrões restritos e repetitivos de
comportamentos, interesses e
atividades. Desde os primeiros anos de
vida, nas crianças com TEA, as
brincadeiras exploratórias esperadas sob
a ótica evolucionária são restritas e
mudas. Essas crianças não usam
brinquedos ou objetos da maneira
habitual;
Em geral, as crianças autistas não
apresentam o nível de brincadeiras
imitativas ou de pantomima abstrata
exibido pelasoutras da mesma idade,
nas quais essas características são
espontâneas.
Na maior parte das vezes, as crianças
afetadas apreciam girar, martelar e ver
o fluir de um fluxo de água.
Comportamentos compulsivos
espontâneos, tais como alinhar objetos,
são comuns; e, às vezes, uma criança
com esse tipo de transtorno pode
demonstrar um forte apego por
determinados tipos de objetos
inanimados.
Sintomas Comportamentais
associados:
O principal sintoma comportamental
associado são perturbações no
desenvolvimento e uso da linguagem.
O desvio linguístico, assim como o
retardo no desenvolvimento da
linguagem, é uma característica de
subtipos mais graves desse transtorno.
As crianças que sofrem com a versão
grave do transtorno sentem uma grande
dificuldade para organizar as frases de
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TOC e TEA
uma forma inteligível, mesmo que tenham
um vocabulário amplo.
No primeiro ano de vida, o padrão
típico de balbucio pode ser mínimo ou
ausente. Algumas crianças com
autismo vocalizam ruídos – cliques,
guinchos ou sílabas sem sentido – de
uma forma estereotipada, sem
intenção aparente de se comunicar.
Ao contrário da maior parte das
crianças, que geralmente têm
melhores capacidades linguísticas
receptivas do que expressivas, na
realidade, as autistas podem
expressar mais do que compreendem.
Em torno de 30% das crianças com TEA
apresentam um nível de deficiência
intelectual. A irritabilidade é um
fenômeno bastante comum em crianças e
adolescentes autistas, manifestando-se
sobre a forma de agressão,
comportamentos autolesivos e ataques
graves de birra.
É uma ocorrência comum que elas
aparentam ser surdas; em geral,
respondem muito pouco ao som da voz
de uma conversa normal; no entanto, a
mesma criança poderá demonstrar um
interesse intenso pelo som de um relógio
de pulso.
Alguns indivíduos com autismo têm
habilidades precoces ou dissidentes de
grande proficiência, tais como habilidade
prodigiosa para cálculos e aprendizagem
de memória, geralmente além das
capacidades dos pares normais. Outras
habilidades precoces potenciais em
algumas crianças autistas incluem
hiperlexia, uma capacidade precoce para
leitura (mesmo que não entendam aquilo
que estão lendo), memorização e
declamação e habilidades musicais
(cantar ou tocar; ou reconhecer peças
musicais).
A Insônia é um problema frequente do
sono entre crianças e adolescentes com
TEA, e as estimativas indicam que ocorre
em 44 a 83% das crianças em idade
escolar. Há relatos de crianças mais
jovens com autismo que apresentam
incidência acima das expectativas de
infecções no trato respiratório
superior e outras de menor
importância. Os sintomas
gastrintestinais observados em crianças
com o TEA em geral incluem arrotos
excessivos, constipação e movimentos
intestinais soltos.
- Diagnóstico e diagnóstico
diferencial:
O diagnóstico do TEA deve ser o mais
precoce possível o que se relaciona a
melhores prognósticos, apesar de em
alguns casos já ser possível notar
alterações no comportamento
precocemente aos 6 meses, os sintomas
tornam-se mais perceptíveis entre os
12-18 meses de vida. Apesar disso,
grande parte das crianças só chegam a
receber o diagnóstico de TEA entre 4-5
anos de vida, o que é ruim, pois o
diagnóstico tardio e consequente
intervenção atrasada causam prejuízos no
desenvolvimento da criança.
Um instrumento importante neste
acompanhamento, além dos relatos
dados por pais e cuidadores ao longo da
consulta de puericultura, é o
acompanhamento desenvolvimento
neuropsicomotor (DNPM) através da
Caderneta de Saúde da Criança.
Raíssa Mafra- P6
TOC e TEA
Critérios diagnósticos para Transtorno do Espectro Autista (DSM-5)
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado por tudo o
que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):
1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para
estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou
responder a interações sociais.
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de
comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na
compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o
comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em
fazer amigos, a ausência de interesse por pares.
B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos
seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar
brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal
(p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento,
rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com
objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex.,
indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma
excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente
manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias
aprendidas mais tarde na vida).
D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo no presente.
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou
por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para
fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar
abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.
Nota: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno
global do desenvolvimento sem outra especificação devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Indivíduos
com déficits acentuados na comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra forma, critérios de transtorno
do espectro autista, devem ser avaliados em relação a transtorno da comunicação social (pragmática).
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos e repetitivos de comportamento (ver Tabela
2).
Especificar se:
Com ou sem comprometimento intelectual concomitante
Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante
Associado a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental
Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental
Com catatonia (consultar os critérios para definição de catatonia associada a outro transtorno mental) (Nota para codificação:
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usar o código adicional 293.89 [F06.1] de catatonia associada a transtorno do espectroautista para indicar a presença de
catatonia comórbida.)
Níveis de gravidade para transtorno do espectro autista (DSM-5)
Nível de gravidade Comunicação social Comportamentos restritivos
e repetitivos
Nível 3
“Exigindo apoio muito
substancial”
Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal
e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento,
grande limitação em dar início a interações sociais e resposta
mínima a aberturas sociais que partem de outros. Por
exemplo, uma pessoa com fala inteligível de poucas palavras
que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem
abordagens incomuns apenas para satisfazer as
necessidades e reage somente a abordagens sociais muito
diretas.
Inflexibilidade de
comportamento, extrema
dificuldade em lidar com a
mudança ou outros
comportamentos
restritos/repetitivos interferem
acentuadamente no
funcionamento em todas as
esferas. Grande
sofrimento/dificuldade para
mudar o foco ou as ações.
Nível 2
“Exigindo apoio substancial”
Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal
e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença
de apoio; limitação em dar início a interações sociais e
resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem
de outros. Por exemplo, uma pessoa que fala frases simples,
cuja interação se limita a interesses especiais reduzidos e que
apresenta comunicação não verbal acentuadamente estranha.
Inflexibilidade do
comportamento, dificuldade de
lidar com a mudança ou outros
comportamentos
restritos/repetitivos aparecem
com frequência suficiente para
serem óbvios ao observador
casual e interferem no
funcionamento em uma
variedade de contextos.
Sofrimento e/ou dificuldade de
mudar o foco ou as ações.
Nível 1
“Exigindo apoio”
Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam
prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e
exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a
aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar
interesse reduzido por interações sociais. Por exemplo, uma
pessoa que consegue falar frases completas e envolver-se na
comunicação, embora apresente falhas na conversação com
os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas
e comumente malsucedidas.
Inflexibilidade de
comportamento causa
interferência significativa no
funcionamento em um ou mais
contextos. Dificuldade em
trocar de atividade. Problemas
para organização e
planejamento são obstáculos à
independência.
Tratamento:
Intervenção psicológica:
● Intervenções evolutivas e
comportamentais intensivas
precoces: lembrar do papel dos
pais; Abordagens às habilidades
sociais (Treinamento de
habilidades sociais, prática de
iniciar conversação social,
cumprimentar as pessoas, iniciar
jogos e prestar atenção.)
● Intervenções comportamentais e
terapia cognitivo-comportamental
para comportamentos repetitivos
e sintomas associados (Terapia
comportamental {recomenda-se a
intervenção precoce para os
casos de comportamentos
repetitivos autolesivos}, Terapia
cognitivo-comportamental (TCC).
Intervenções psicofarmacológicas:
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TOC e TEA
O foco principal das intervenções
psicofarmacológicas no transtorno do
espectro autista é melhorar os sintomas
comportamentais associados.
Os sintomas-alvo são: irritabilidade,
agressão, ataques de mau humor e
comportamentos autolesivos,
hiperatividade, impulsividade e
desatenção.
irritabilidade risperidona
hiperatividade,
impulsividade e
desatenção
metilfenidato
comp. repetitivo e
estereotipado
ISRS; antipsicóticos de
2ºG; estabilizador de
humor
RISPERIDONA:
É considerada o tratamento medicamentoso
de primeira linha para crianças e
adolescentes afetados por esse transtorno
com irritabilidade grave.
Efeitos colaterais: ganho de peso, aumento
no apetite; efeitos colaterais metabólicos,
como hiperglicemia, elevação no nível de
prolactina e dislipidemia; em combinação
com outros efeitos adversos comuns, como
fadiga, sonolência, tontura e sialorréia.
METILFENIDATO :
O órgão Research Units on Pediatric
Psychopharmacology descobriu que o
metilfenidato é pelo menos moderadamente
eficaz em doses de 0,25 a 0,5 mg/kg em
jovens autistas e com sintomas de TDAH.
Efeitos colaterais: aumento nos estereótipos,
desconforto gastrointestinal, problemas de
sono e labilidade emocional.
Comportamento repetitivo e
estereotipado. Esses sintomas básicos do
TEA foram estudados com
antidepressivos à base de inibidores
seletivos da recaptação de serotonina
(ISRSs), antipsicóticos de segunda
geração (ASGs) e agentes
estabilizadores do humor, como o
valproato. Estudos recentes indicam a
diminuição dos sintomas repetitivos
devido ao uso de risperidona, em
crianças com irritabilidade.
A quetiapina vem sendo utilizada na
prática clínica em doses de 50 a 200 mg
por dia. Os efeitos adversos incluem
sonolência, taquicardia, agitação e ganho
de peso.
MEDICINA COMPLEMENTAR E
ALTERNATIVA
A Medicina complementar e alternativa
(MCA) é um grupo de tratamentos não
tradicionais geralmente utilizados em
combinação com tratamentos
convencionais.
As intervenções seguras aplicadas com
foco nas características comportamentais
básicas e associadas do TEA, com
eficácia desconhecida, incluem o
seguinte: terapia musical, para promover
a comunicação e a expressão; e ioga,
para promover a atenção e diminuir o
nível de atividade.
O tratamento com melatonina, uma
prática com base biológica, é considerado
seguro e eficaz, sendo muito eficiente
para diminuir a latência na fase inicial do
sono em crianças. Outras práticas
biológicas consideradas seguras, porém
com eficácia desconhecida, incluem
vitamina C, multivitaminas, ácidos
graxos essenciais e os aminoácidos
carnosina e carnitina. Em testes
randomizados, controlados, a
administração de secretina não foi eficaz
no tratamento desse transtorno.

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