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Transtornos do desenvolvimento neurológico infantil

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1 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
INTRODUÇÃO 
É um grupo fenotipicamente heterogêneo de síndromes 
neuroevolutivas, com hereditariedade poligênica, que se 
caracteriza por uma ampla gama de problemas na 
comunicação social e por comportamentos restritos 
e repetit ivos . 
Um consenso clínico recente mudou o conceito de transtorno 
do espectro autista para um modelo de transição gradual, em 
que a heterogeneidade dos sintomas é reconhecida como 
inerente ao transtorno, e os problemas diagnósticos básicos 
caíram em dois domínios: deficiências na comunicação social 
e comportamentos restritos e repetitivos. 
O desenvolvimento e uso da linguagem aberrante 
deixaram de ser considerados uma característica básica do 
transtorno do espectro autista. O desenvolvimento e uso da 
linguagem aberrante não é uma característica definidora, 
porém uma particularidade associada em alguns indivíduos 
com esse transtorno. 
Via de regra, o transtorno do espectro autista se torna 
evidente no decorrer do segundo ano de vida , e, em 
alguns casos, se observa uma ausência de interesse 
evolutivo apropriado nas interações sociais , mesmo no 
primeiro ano de vida. Alguns estudos sugerem a possibilidade 
de que ocorra um declínio na interação social entre o primeiro 
e o segundo ano de vida. Entretanto, em casos mais brandos, 
deficiências básicas no transtorno do espectro autista talvez 
não sejam identificadas por muitos anos. Embora os 
problemas linguísticos não sejam critérios diagnósticos 
primordiais nesse transtorno, os médicos e os pais 
compartilham preocupações sobre crianças que ainda não 
tenham desenvolvido l inguagem alguma no período 
de 12 a 18 meses de idade; além disso, retardo 
linguístico acompanhado de uma retração no 
comportamento social é um sintoma preditor do 
transtorno de espectro autista. 
É frequente que as crianças com transtorno do espectro 
autista mostrem algum interesse idiossincrático intenso 
em uma pequena faixa de atividades, resistam a 
mudanças e, de forma típica, não reajam ao ambiente 
social conforme seus pares . 
Antes do desenvolvimento do DSM-5, o conceito de 
transtorno do espectro autista envolvia cinco transtornos 
distintos, incluindo transtornos do autismo, de Asperger, 
desintegrativo da infância, síndrome de Rett e transtorno 
global do desenvolvimento sem outra especificação. 
Cabe ressaltar que, de acordo com o DSM-IV-TR, a síndrome 
ou transtorno Rett parece ocorrer exclusivamente em 
mulheres e se caracteriza pelo desenvolvimento normal 
durante pelo menos 6 meses, seguido por movimentos 
estereotipados das mãos, perda de movimentos 
intencionais, redução no compromisso social, 
descoordenação e redução no uso da linguagem. 
Nos termos do DSM-5, os critérios diagnósticos para o 
transtorno do espectro autista incluem deficiências na 
comunicação social e interesses restritos, que se apresentam 
na fase inicial do período evolutivo; entretanto, quando sutis, 
esses sinais talvez não sejam identificados até alguns anos 
mais tarde. Aproximadamente um terço das crianças que 
atendem aos critérios diagnósticos do DSM-5 para o 
transtorno do espectro autista apresenta incapacidade 
intelectual. 
Na antiga denominação de transtorno desintegrativo da 
infância, há um progresso normal no desenvolvimento 
durante cerca de 2 anos e, a partir de então, a criança começa 
a perder as habilidades previamente adquiridas em duas ou 
mais entre as seguintes áreas: uso da linguagem, 
responsividade social, brincadeiras, habilidades motoras e 
controle da bexiga ou dos intestinos. 
O antigo transtorno de Asperger caracteriza-se por 
problemas no relacionamento social e por um padrão 
repetitivo e estereotipado de comportamento sem retardo 
ou aberração marcante no uso e no desenvolvimento da 
linguagem. No transtorno de Asperger, as capacidades 
cognitivas e as habilidades adaptativas mais importantes são 
compatíveis com a idade, embora existam problemas na 
comunicação social. 
Uma pesquisa envolvendo crianças com os antigos transtornos 
do espectro autista revelou que a idade média do diagnóstico 
foi de 3,1 anos para aquelas com o transtorno autista, 3,9 anos 
para aquelas diagnosticadas com transtorno pervasivo do 
desenvolvimento sem outra especificação e 7,2 anos para 
jovens com o transtorno de Asperger. As crianças com 
transtorno do espectro autista que apresentavam deficiências 
linguísticas graves receberam o diagnóstico de transtorno do 
espectro autista em média um ano antes daquelas sem 
problemas de linguagem. As crianças com esse transtorno que 
apresentavam comportamentos repetitivos, como bater 
palmas, caminhar na ponta dos dedos e brincadeiras 
estranhas, também foram identificadas com transtornos do 
espectro autista em uma idade mais jovem em relação àquelas 
que não tinham esses comportamentos. 
O transtorno do espectro autista é diagnosticado com uma 
frequência quatro vezes maior em meninos do que em 
meninas. 
 
2 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
FATORES GENÉTICOS 
Embora até 15% dos casos de transtorno do espectro autista 
pareçam estar associados a mutações genéticas conhecidas, 
na maior parte das situações sua expressão depende de 
múltiplos genes. 
Os irmãos de uma criança com esse transtorno também 
correm um grande risco de apresentar uma multiplicidade de 
problemas de desenvolvimento nas habilidades comunicativas 
e sociais, mesmo nas situações em que não atendam aos 
critérios para o transtorno do espectro autista. 
Alguns estudos genéticos identificaram dois sistemas 
biológicos que são influenciados no autismo: a descoberta 
consistente de níveis elevados de serotonina 
plaquetária (5-ht) e do alvo mtor (do inglês 
mammalian target of rapamycin), ou seja, 
mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao alvo 
da rapamicina em mamíferos, que aparentemente se 
rompe no transtorno do espectro autista. 
Inúmeras síndromes com causas genéticas incluem o 
transtorno do espectro autista como parte de um fenótipo 
mais amplo. O mais comum desses transtornos hereditários é 
a s índrome do X frágil , um transtorno recessivo ligado ao 
X. Crianças com essa síndrome possuem incapacidade 
intelectual, problemas motores graves e finos, expressão 
facial atípica, macro-orquidismo e habilidade linguística 
expressiva significativamente reduzida. Esclerose 
tuberosa, outro distúrbio genético caracterizado pela 
presença de vários tumores benignos, herdada por 
transmissão autossômica dominante, é encontrada com maior 
frequência entre crianças com transtorno do espectro autista. 
BIOMARCADORES NO TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA 
O transtorno do espectro autista está associado a diversos 
biomarcadores, potencialmente resultantes da interação de 
genes e de fatores ambientais, que influenciam a função 
neuronal e o desenvolvimento de dentritos, além de 
contribuírem para alterações no processamento das 
informações neuronais. 
Há vários biomarcadores de sinalização anormal no sistema 5-
HT, nos mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao mTOR 
e nas alterações do sistema inibitório do ácido gama-
aminobutírico (GABA, do inglês gamma-aminobutyric acid). 
O primeiro biomarcador identificado no transtorno do 
espectro autista foi um nível elevado de serotonina no sangue 
total, quase apenas nas plaquetas. 
Considerando-se que o 5-HT está envolvido no 
desenvolvimento encefálico, é possível que as alterações em 
sua regulação resultem em alterações na migração neuronal 
e no crescimento do cérebro. 
O foco principal dos estudos de imagens por ressonância 
magnética funcionais (IRMf) é a identificação de 
biomarcadores, isto é, correlatos cerebrais funcionais de 
vários sintomas encontrados no transtorno do espectro 
autista. Os estudos de IRMf encontraram diferenças na 
ativação de regiões do cérebro, tais como o lobo 
temporal direito, e de outras áreas que reconhecidamente são 
ativadas em controles durante a execução de tarefas 
envolvendo a teoriada mente. Alguns pesquisadores 
levantaram a hipótese de que essa diferença represente uma 
disfunção no sistema de neurônios -espelho (MNS, do 
inglês mirror neuron system). Padrões atípicos de ativação do 
lobo central foram encontrados em diversos estudos do 
transtorno do espectro autista durante as tarefas de 
processamento da face, indicando que essa área do cérebro é 
de extrema importância na percepção social e no raciocínio 
emocional. 
FATORES IMUNOLÓGICOS 
Há diversos relatos sugerindo que a incompatibilidade 
imunológica (i.e., anticorpos maternos direcionados ao feto) 
pode contribuir para o transtorno do espectro autista. Os 
linfócitos de algumas crianças autistas com anticorpos 
maternos permitem pensar que os tecidos neurais 
embrionários tenham sido lesionados durante a gestação. 
FATORES PRÉ-NATAIS E PERINATAIS 
Aparentemente, ocorre uma incidência acima das expectativas 
de complicações pré-natais e perinatais em lactentes que, 
mais tarde, são diagnosticados com o transtorno do espectro 
autista. Os fatores pré-natais mais significativos associados 
a esse transtorno em descendentes são idade materna e 
paterna avançada no momento do nascimento do bebê, 
hemorragia gestacional materna, diabetes gestacional e 
bebê primogênito. Os fatores de risco perinatais incluem 
complicações no cordão umbilical, trauma no nascimento, 
desconforto fetal, feto pequeno para a idade gestacional, 
peso baixo ao nascer, baixo índice de Apgar no quinto 
minuto, malformação congênita, incompatibilidade do grupo 
sanguíneo ABO ou do fator Rh e hiperbilirrubinemia. Não há 
evidências suficientes para implicar isoladamente qualquer 
dos fatores de risco pré-natais e perinatais na etiologia do 
transtorno do espectro autista, e alguma predisposição 
genética para o transtorno pode estar interagindo com fatores 
perinatais. 
TRANSTORNOS NEUROLÓGICOS COMÓRBIDOS 
Anormalidades eletrencefalográficas (EEG) e distúrbios 
convulsivos ocorrem com uma frequência acima da 
expectativa em indivíduos com transtorno do espectro autista. 
Em torno de 4 a 32% dos indivíduos afetados têm convulsões 
de grand mal em algum momento, e 20 a 25% apresentam 
aumento no volume ventricular nas varreduras por tomografia 
computadorizada (TC). 
DIAGNÓSTICO DE ACORDO COM O DSM-5 
- Déficits persistentes na comunicação social e na 
interação social em múltiplos contextos, conforme 
manifestado pelo que segue, atualmente ou por 
 
3 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
história prévia (os exemplos são apenas 
ilustrativos, e não exaustivos): 
1. Déficits na reciprocidade socioemocional , 
variando, por exemplo, de abordagem social 
anormal e dificuldade para estabelecer uma 
conversa normal a compartilhamento reduzido de 
interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para 
iniciar ou responder a interações sociais. 
2. Déficits nos comportamentos comunicativos 
não verbais usados para interação social , 
variando, por exemplo, de comunicação verbal e não 
verbal pouco integrada a anormalidade no contato 
visual e linguagem corporal ou déficits na 
compreensão e uso gestos, a ausência total de 
expressões faciais e comunicação não verbal. 
3. Déficits para desenvolver, manter e 
compreender relacionamentos, variando, por 
exemplo, de dificuldade em ajustar o 
comportamento para se adequar a contextos sociais 
diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras 
imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de 
interesse por pares. 
Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em 
prejuízos na comunicação social e em padrões de 
comportamento restritos e repetitivos. 
- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
interesses ou atividades, conforme manifestado por 
pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por 
história prévia (os exemplos são apenas 
ilustrativos, e não exaustivos): 
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala 
estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias 
motoras simples, alinhar brinquedos ou girar 
objetos, ecolalia, frases idiossincráticas). 
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a 
rotinas ou padrões ritualizados de comportamento 
verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em 
relação a pequenas mudanças, dificuldades com 
transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de 
saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho 
ou ingerir os mesmos alimentos diariamente) 
3. Interesses fixos e altamente restritos que são 
anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego 
ou preocupação com objetos incomuns, interesses 
excessivamente circunscritos ou perseverativos) 
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou 
interesse incomum por aspectos sensoriais do 
ambiente (p. ex., indiferença aparente a 
dor/temperatura, reação contrária a sons ou 
texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de 
forma excessiva, fascinação visual por luzes ou 
movimento) 
Especificar a gravidade atual: A gravidade baseia-se em 
prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou 
repetitivos de comportamento. 
- Os sintomas devem estar presentes precocemente 
no período do desenvolvimento (mas podem não se 
tornar plenamente manifestos até que as deman das 
sociais excedam as capacidades limitadas ou podem 
ser mascarados por estratégias aprendidas mais 
tarde na vida). 
- Os sintomas causam prejuízo clinicamente 
significativo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo no presente. 
- Essas perturbações não são mais bem explicadas 
por deficiência intelectual (transtorno do 
desenvolvimento intelectual) ou por atraso global 
do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou 
transtorno do espectro autista costumam ser 
comórbidos; para fazer o diagnóstico da 
comorbidade de transtorno do espectro autista e 
deficiência intelectual, a comunicação social deve 
estar abaixo do esperado para o nível geral do 
desenvolvimento. 
Nota: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem 
estabelecido de transtorno autista, transtorno de Asperger ou 
transtorno global do desenvolvimento sem outra 
especificação devem receber o diagnóstico de transtorno do 
espectro autista. Indivíduos com déficits acentuados na 
comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de 
outra forma, critérios de transtorno do espectro autista, 
devem ser avaliados em relação a transtorno da comunicação 
social (pragmática). 
ESPECIFICAR SE: 
• Com ou sem comprometimento intelectual 
concomitante 
• Com ou sem comprometimento da linguagem 
concomitante 
• Associado a alguma condição médica ou genética 
conhecida ou a fator ambiental 
• Associado a outro transtorno do 
neurodesenvolvimento, mental ou comportamental 
• Com catatonia (consultar os critérios para definição 
de catatonia associados a outro transtorno mental) 
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS QUE 
PODEM OCORRER NO TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA 
PERTURBAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO E USO DA 
LINGUAGEM 
As deficiências no desenvolvimento da linguagem e as 
dificuldades no uso da linguagem para comunicar ideias não 
fazem parte dos critérios básicos para diagnosticar o 
transtorno do espectro autista; entretanto, esses problemas 
ocorrem em um subgrupo de indivíduos com esse tipo de 
condição. 
Algumas crianças com esse transtorno não se recusam apenas 
a falar, e suas anormalidades na fala não resultam da ausência 
de motivação. O desvio linguístico, assim como o retardo no 
desenvolvimento da linguagem, é uma característica de 
subtipos mais graves desse transtorno. 
 
4 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
Algumas crianças com o transtorno do espectro autista 
vocalizam ruídos – cliques, guinchos ou sílabas sem sentido – 
de uma forma estereotipada, sem intenção aparente de se 
comunicar. 
É bastante comum o fato de algumas usarem uma palavra 
uma vez e não a usar novamente durante uma semana, um 
mês ou vários anos. 
Uma criança com o transtorno pode dizer, por exemplo, “Você 
quer obrinquedo”, quando, na realidade, ela é quem deseja o 
brinquedo. 
Algumas das mais brilhantes têm uma fascinação especial por 
letras e números. Às vezes, são excelentes na execução de 
determinadas tarefas ou têm habilidades especiais; por 
exemplo, uma criança pode aprender a ler fluentemente na 
idade pré-escolar (hiperlexia). Embora consigam ler muitas 
palavras, crianças muito jovens com transtorno do espectro 
autista compreendem muito pouco o sentido daquilo que foi 
lido. 
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
Em torno de 30% das crianças com transtorno do espectro 
autista apresentam um nível intelectualmente incapaz no 
desempenho intelectual. 
As pontuações do quociente de inteligência (QI) desse 
transtorno em crianças com deficiências intelectuais tendem a 
refletir os problemas mais graves nas habilidades de 
sequenciamento e abstração, com forças relativas nas 
habilidades visuais e espaciais ou na aprendizagem de 
memória. 
IRRITABILIDADE 
No sentido amplo, a definição de irritabilidade inclui agressão, 
comportamentos autolesivos e ataques graves de birra. Esses 
fenômenos são bastante observados em crianças e 
adolescentes com transtorno do espectro autista. 
Esses sintomas costumam ser produzidos por situações do dia 
a dia em que esses jovens mudam de uma atividade para 
outra, permanecem sentados na sala de aula ou ficam quietos 
quando sentem vontade de sair correndo. Nos casos de 
crianças afetadas pelo transtorno com desempenho mais 
baixo e com deficiências intelectuais, o instintivo agressivo 
pode surgir de forma inesperada, sem um desencadeador ou 
propósito óbvio, sendo observados também 
comportamentos autolesivos, como bater a cabeça, beliscar 
a pele e se morder. 
INSTABILIDADE NO HUMOR E NO AFETO 
Algumas crianças com transtorno do espectro autista 
apresentam mudanças repentinas de humor, com explosões 
de riso ou de choro, sem nenhuma razão óbvia. A melhor 
compreensão desses episódios se torna ainda mais difícil nas 
situações em que elas não conseguem expressar pensamentos 
associados ao afeto. 
RESPOSTA A ESTÍMULOS SENSORIAIS 
Observa-se que crianças com transtorno do espectro autista 
respondem de forma intensa a alguns estímulos e fraca a 
outros estímulos sensoriais (p. ex., ao som e à dor). É uma 
ocorrência comum que elas aparentem ser surdas; em geral, 
respondem muito pouco ao som da voz de uma conversa 
normal; no entanto, a mesma criança poderá demonstrar um 
interesse intenso pelo som de um relógio de pulso. Algumas 
crianças apresentam um limiar alto para dor ou respostas 
alteradas para ela. Na realidade, algumas não respondem a 
uma lesão com choro ou busca de conforto. Alguns jovens 
autistas persistem em alguma experiência sensorial; por 
exemplo, com frequência cantarolam uma música ou cantam 
a canção de algum anúncio comercial, antes de expressar 
palavras ou de usar a fala. Outros gostam particularmente da 
estimulação vestibular – rotação, oscilação e movimentos para 
cima e para baixo. 
HIPERATIVIDADE E DESATENÇÃO 
Hiperatividade e desatenção são comportamentos comuns em 
crianças com o transtorno do espectro autista. Níveis de 
atividade abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, 
há alternância com excesso de atividade. Comportamentos 
como déficit de atenção e incapacidade para se concentrar em 
uma tarefa específica também interferem no desempenho 
diário. 
HABILIDADES PRECOCES 
Alguns indivíduos com o transtorno do espectro autista têm 
habilidades precoces ou dissidentes de grande proficiência, 
tais como habilidade prodigiosa para cálculos e 
aprendizagem de memória, geralmente além das 
capacidades dos pares normais. Outras habilidades precoces 
potenciais em algumas crianças autistas incluem hiperlexia, 
uma capacidade precoce para leitura (mesmo que não 
entendam aquilo que estão lendo), memorização e 
declamação e habilidades musicais (cantar ou tocar; ou 
reconhecer peças musicais). 
INSÔNIA 
Insônia é um problema frequente do sono entre crianças e 
adolescentes com o transtorno do espectro autista, e as 
estimativas indicam que ocorre em 44 a 83% das crianças em 
idade escolar. Terapias comportamentais e farmacológicas 
foram aplicadas como intervenções. As intervenções 
comportamentais incluem mudança no comportamento 
parental, antes e no momento de ir para a cama, bem como 
criação de rotinas que eliminem os estímulos para permanecer 
acordado. As farmacológicas referem-se ao uso de 
medicamentos como a melatonina, que aparentemente é um 
agente promissor em doses variando de 1 mg com liberação 
rápida a 4 mg com liberação controlada, conforme 
demonstraram alguns estudos envolvendo jovens com esse 
transtorno. 
INFECÇÕES MENORES E SINTOMAS 
GASTRINTESTINAIS 
Há relatos de crianças mais jovens com transtorno do espectro 
autista que apresentam incidência acima das expectativas de 
infecções no trato respiratório superior e outras de menor 
 
5 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
importância. Os sintomas gastrintestinais observados em 
crianças com o transtorno do espectro autista em geral 
incluem arrotos excessivos, constipação e movimentos 
intestinais soltos. Observa-se também um aumento na 
incidência de convulsões febris. 
FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO 
O Autism diagnostic observation schedule -generic 
(ADOS-G) é um instrumento padronizado bastante útil para 
a obtenção de informações sobre o transtorno do espectro 
autista. 
TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO 
As intervenções nos tratamentos psicossociais têm 
como foco principal ajudá-las a desenvolver habilidades nas 
convenções sociais, estimular comportamentos socialmente 
aceitáveis e prossociais com os pares e diminuir os sintomas 
de comportamentos estranhos. 
Além disso, as metas dos tratamentos costumam incluir a 
redução de comportamentos irritáveis e disruptivos que 
possam surgir na escola ou em casa e ser exacerbados nos 
períodos de transição. 
É frequente também que os pais de crianças com o transtorno 
se beneficiem da educação psicológica , do suporte e da 
orientação para otimizar o relacionamento e a eficiência com 
suas crianças. 
INTERVENÇÕES EVOLUTIVAS E COMPORTAMENTAIS 
INTENSIVAS PRECOCES 
1. MODELO COM BASE NA UCLA/LOVAAS 
A base da intervenção manualizada e intensiva são técnicas 
derivadas da análise comportamental aplicada, as quais são 
administradas separadamente durante várias horas por 
semana. O terapeuta e a criança trabalham na prática de 
habilidades sociais específicas, no uso da linguagem e em 
outras habilidades-alvo para brincadeiras, com reforço e 
prêmios para a realização e domínio de habilidades. 
2. MODELO COM BASE NO EARLY START 
DENVER MODEL (ESDM) 
As intervenções são administradas em ambientes naturais, 
como em creches, em casa e durante as brincadeiras com 
outras crianças. Via de regra, os pais aprendem a atuar como 
coterapeutas e fazem o treinamento em casa, enquanto as 
instituições educacionais se responsabilizam pelas 
intervenções. O foco principal dessas intervenções é o 
desenvolvimento de brincadeiras básicas e das habilidades 
de relacionamento, e as técnicas da análise comportamental 
aplicada são integradas às intervenções. 
Essa abordagem tem como objetivo o treinamento de crianças 
muito jovens, sendo aplicadas no contexto de suas rotinas 
diárias. 
3. ABORDAGENS DE TREINAMENTOS PARA OS 
PAIS 
Essas abordagens incluem o treinamento de respostas 
fundamentais , em que os pais aprendem a facilitar o 
desenvolvimento social e comunicativo no lar e durante 
atividades focando o domínio, pelas crianças, da via de acesso 
ou de comportamentos sociais fundamentais, na expectativa 
de que, após a obtenção desse domínio, ocorra uma 
generalização natural dos comportamentos sociais. Os pais e 
os membros da família são integrados nesse tipo de 
intervenção. Outras abordagens ao treinamento dos pais 
focalizam a aquisição da linguagem e, especificamente para 
eles, a frequência pode ser menor, como, por exemplo, uma 
vez por semana; entretanto,depois que os cuidadores forem 
treinados, as intervenções com a criança ocorrem durante 
todo o dia. 
ABORDAGENS ÀS HABILIDADES SOCIAIS 
1. TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS 
De maneira geral, esse tipo de treinamento é ministrado por 
líderes terapêuticos para crianças de várias idades no 
contexto de grupos com pares; elas são orientadas na prática 
de iniciar conversação social, cumprimentar as pessoas, 
iniciar jogos e prestar atenção. O objetivo principal é que a 
prática em grupo permita às crianças aplicarem essas técnicas 
em ambientes menos estruturados e internalizarem 
estratégias para que possam interagir de forma positiva com 
os pares. 
INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS E TERAPIA 
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA 
COMPORTAMENTOS REPETITIVOS E S INTOMAS 
ASSOCIADOS 
1. TERAPIA COMPORTAMENTAL 
A análise comportamental aplicada é bastante eficaz para 
reduzir alguns comportamentos repetitivos em crianças e 
adolescentes com transtorno do espectro autista. 
Recomenda-se a intervenção precoce para os casos de 
comportamentos repetitivos autolesivos; eventualmente, as 
intervenções comportamentais precisam ser combinadas 
com tratamentos farmacológicos para possibilitar o 
gerenciamento dos sintomas de forma adequada. 
2. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
(TCC) 
Há evidências significativas com base em testes randomizados, 
controlados, que confirmam a eficácia das TCCs no 
tratamento dos sintomas de ansiedade, depressão e 
transtornos obsessivo-compulsivos em crianças. Existem 
menos testes controlados desse tipo de tratamento em 
crianças com o transtorno do espectro autista, embora haja 
pelo menos dois estudos publicados em que a TCC foi usada 
no tratamento de comportamentos repetitivos em indivíduos 
com esse transtorno. 
INTERVENÇÕES PARA SINTOMAS COMÓRBIDOS NO 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
1. NEUROFEEDBACK 
 
6 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
A administração dessa modalidade de tratamento foi uma 
tentativa de influenciar os sintomas do transtorno de déficit 
de atenção/hiperatividade (TDAH), a ansiedade e o aumento 
na interação social por meio de jogos de computador ou 
outros em que o comportamento desejado seja reforçado, 
enquanto o uso de eletrodos permite monitorar a atividade 
elétrica no cérebro das crianças. O objetivo principal é 
influenciar a atividade das ondas cerebrais para prolongar ou 
produzir a atividade elétrica durante os comportamentos 
desejados. Essa modalidade ainda se encontra em fase de 
investigação no tratamento de sintomas do transtorno do 
espectro autista. 
2. GERENCIAMENTO DA INSÔNIA NO 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTIST A 
A insônia é uma preocupação predominante entre crianças e 
adolescentes com esse transtorno, sendo possível melhorar 
essa condição por intermédio da administração de 
intervenções comportamentais e farmacológicas. A 
intervenção comportamental mais comum para insônia no 
transtorno do espectro autista se baseia na mudança do 
comportamento dos pais, primeiro em relação à criança no 
horário de dormir e durante toda a noite, de modo a remover 
o reforço e a atenção por estar acordada, e, em seguida, 
extinguindo gradualmente o comportamento de 
“permanecer acordada”. Vários estudos que utilizaram 
massagem terapêutica antes de dormir nessas crianças entre 
as idades de 2 e 13 anos melhoraram o adormecimento e a 
sensação de relaxamento. 
INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS EM CRIANÇAS COM 
O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
1. TRATAMENTO E EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS 
AUTISTAS E COM DEFICIÊNCIAS 
RELACIONADAS A COMUNICAÇÃO (TEACCH) 
Envolve a aprendizagem estruturada que se fundamenta na 
noção de que as crianças com transtorno do espectro autista 
têm dificuldade com a percepção; sendo assim, esse método 
de ensino incorpora diversos suportes visuais e um programa 
de apresentação de quadros para facilitar a aprendizagem de 
assuntos acadêmicos e de respostas apropriadas sob a ótica 
social. A organização do ambiente físico serve de suporte para 
a aprendizagem visual, e as atividades diárias são estruturadas 
para promover autonomia e relacionamento social. 
2. ABORDAGENS DE BASES AMPLAS 
Esses planos educacionais incluem uma mistura de estratégias 
de aprendizagem que utilizam análises comportamentais e 
focam também a reabilitação da linguagem. O reforço 
comportamental é aplicado aos comportamentos 
socialmente aceitáveis, durante o processo de aprendizagem 
de assuntos acadêmicos. 
3. ABORDAGENS COMPUTADORIZADAS E 
REALIDADE VIRTUAL 
A aprendizagem com base em abordagens computadorizadas 
e na realidade virtual é centralizada no uso de programas de 
computador, jogos e programas interativos com a finalidade 
de ensinar a aquisição da linguagem e as habilidades de 
leitura. O programa Let’s Face it! é um jogo computadorizado 
que ajuda a ensinar às crianças com transtorno do espectro 
autista o reconhecimento de rostos. Esse programa consiste 
em sete jogos computadorizados interativos com foco em 
mudanças na expressão facial, atenção na região facial dos 
olhos, reconhecimento facial holístico e identificação da 
expressão emocional. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
IRRITABILIDADE 
Antipsicóticos de segunda geração → risperidona e 
aripiprazol 
A RISPERIDONA , um antipsicótico com alta potência, em 
combinação com as propriedades da dopamina (D2) e do 
antagonista do receptor de serotonina (5-HT2), controla os 
comportamentos agressivos e autolesivos em crianças com e 
sem esse transtorno. Variar a dose entre 0,5-1,5mg. 
Apesar de sua eficácia, seu uso foi limitado em alguns 
indivíduos pelos efeitos colaterais principais de ganho de peso 
e aumento no apetite; efeitos colaterais metabólicos, como 
hiperglicemia, elevação no nível de prolactina e dislipidemia; 
em combinação com outros efeitos adversos comuns, como 
fadiga, sonolência, tontura e sialorreia. 
A risperidona deve ser usada com muita cautela em 
indivíduos com anormalidades cardíacas ou hipotensão 
subjacente, considerando-se que esse medicamento pode 
contribuir para a incidência de hipotensão ortostática. 
Outros medicamentos estudados para o tratamento de 
irritabilidade no transtorno do espectro autista incluem o 
aripiprazol e a olanzapina. 
ARIPIPRAZOL : As doses aplicadas variaram de 5 a 15 mg por 
dia. Os efeitos colaterais principais incluem sedação, tontura, 
insônia, acatisia, náusea e vômito. 
HIPERATIVIDADE, IMPULSIVIDADE E DESATENÇÃO 
O órgão Research Units on Pediatric Psychopharmacology 
descobriu que o METILFENIDATO é pelo menos 
moderadamente eficaz em doses de 0,25 a 0,5 mg/kg em 
jovens autistas e com sintomas de TDAH. 
TOMOXETINA : efeitos colaterais incluíram sedação, 
irritabilidade, constipação e náusea. 
Outros: CLONIDINA E GUANFACINA 
COMPORTAMENTO REPETITIVO E ESTEREOTIPADO 
Antidepressivos à base de inibidores seletivos da recaptação 
de serotonina (ISRSs), antipsicóticos de segunda geração 
(ASGs) e agentes estabilizadores do humor, como o 
valproato. 
A RISPERIDONA foi considerada eficaz nos tratamentos com 
foco na irritabilidade, além de ter melhorado os 
comportamentos restritivos e repetitivos. 
 
7 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
Um estudo recente, com 12 semanas de duração, que utilizou 
o VALPROATO em 55 crianças autistas com idade média de 
9 anos e meio, descobriu que as crianças que reagiram em 
relação à irritabilidade também foram as que consumiram 
menos tempo em comportamentos repetitivos 
AGENTES ADMINISTRADOS EM TESTES ABERTOS 
PARA TRATAMENTO DE DEFICIÊNCIAS 
COMPORTAMENTAIS NO TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA 
A QUETIAPINA é um antipsicótico com propriedades mais 
potentes para o bloqueio do receptor do 5-H2 do que do 
receptor de D2. Embora tenham sido feitos apenas testes 
abertos com esse agente, às vezes ele é usado quando a 
risperidona e a olanzapina não são eficazes ou bem toleradas. 
A quetiapina vem sendo utilizada na prática clínica em doses 
de 50 a 200 mg por dia. Os efeitos adversos incluem 
sonolência, taquicardia,agitação e ganho de peso. 
A administração de LÍTIO foi comprovadamente eficaz em 
crianças agressivas sem transtorno do espectro autista; além 
disso, o lítio tem utilidade clínica no tratamento de 
comportamentos agressivos e autolesivos nas situações em 
que o uso de agentes antipsicóticos não é bem-sucedido. 
AGENTES USADOS EM DEFICIÊNCIAS 
COMPORTAMENTAIS NO TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA SEM EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA 
Um estudo duplo-cego investigou a eficácia da 
AMANTADINA, que bloqueia os receptores do N-metil-d-
aspartato (NMDA), no tratamento de perturbações 
comportamentais, como irritabilidade, agressividade e 
hiperatividade em crianças com autismo. 
A TETRA-HIDROBIOPTERINA , uma coenzima que 
intensifica a ação enzimática, foi utilizada em um estudo 
duplo-cego, cruzado, controlado por placebo, envolvendo 12 
crianças com transtorno autista e baixas concentrações de 
tetra-hidrobiopterina espinal. Doses diárias de 3 mg desse 
agente por quilograma de peso corporal durante um período 
de 6 meses. A análise post hoc dos três sintomas básicos de 
autismo – interação social, comunicação e comportamentos 
estereotipados – revelaram que ocorreu uma melhora 
relevante na pontuação de interação social após 6 meses de 
tratamento ativo. 
O relato de um caso recente apontou que a administração de 
baixas doses de VENLAFAXINA foi eficaz em três 
adolescentes e adultos jovens com o transtorno autista e 
comportamento autolesivo e hiperatividade. A dose utilizada 
foi de 18,75 mg por dia, sendo mantida a eficácia por um 
período de 6 meses. 
INTRODUÇÃO 
Condição neuropsiquiátrica que afeta pré-escolares, crianças, 
adolescentes e adultos em todo o mundo, tendo como 
característica um padrão de redução sustentada no 
nível de atenção e uma intensificação na 
impulsividade ou hiperatividade. 
Embora diversas regiões do cérebro e vários 
neurotransmissores tenham sido implicados no surgimento 
dos sintomas, a dopamina continua sendo o foco das 
investigações. O envolvimento do córtex pré-frontal deve-se 
à alta utilização de dopamina e às conexões recíprocas com 
outras regiões cerebrais que participam da atenção, da 
inibição, das tomadas de decisão, da inibição a respostas, do 
trabalho de memória e da vigilância. 
Adolescentes e adultos com TDAH apresentam deficiências 
s ignificativas na função acadêmica e em situaçõ es 
sociais e interpessoais . Esse transtorno costuma estar 
associado a transtornos comórbidos, tais como os da 
aprendizagem, de ansiedade, do humor e o do 
comportamento disruptivo. 
Enquanto no passado era necessária a presença dos sintomas 
de TDAH na idade de 7 anos, atualmente, nos termos do DSM-
5, é imprescindível a presença de “diversos sintomas de 
déficit de atenção e de hiperatividade e impulsividade” aos 
12 anos. 
Antes, havia dois subtipos: tipo envolvendo déficit de atenção 
e tipo hiperativo/impulsivo. Entretanto, no DSM-5, esses 
subtipos foram substituídos por três especificadores que, em 
essência, denotam os mesmos grupos: (1) apresentação 
combinada; (2) apresentação predominantemente 
desatenta; (3) apresentação predominantemente 
hiperativa/impulsiva . 
No manual, para adolescentes com idade igual ou superior a 
17 anos e para adultos são necessários apenas cinco, e não 
seis, sintomas de desatenção ou hiperatividade e 
impulsividade. 
ETIOLOGIA 
FATORES GENÉTICOS 
Até 70% das crianças com TDAH preenchem os critérios de 
algum transtorno psiquiátrico comórbido, incluindo 
transtornos da aprendizagem, de ansiedade, do humor, da 
conduta e por uso de substância. 
Foram propostas diversas hipóteses a respeito do modo de 
transmissão de TDAH, incluindo uma relacionada ao sexo, que 
possivelmente explique o aumento significativo nas taxas de 
incidência do transtorno em indivíduos do sexo masculino. 
Outras teorias focaram em um tipo de modelo de interação de 
vários genes que produzem os diversos sintomas de TDAH. 
A maioria das pesquisas moleculares sobre TDAH tiveram 
como foco principal os genes que influenciam o metabolismo 
ou a ação da dopamina. 
FATORES NEUROQUÍMICOS 
Estudos com animais mostraram que outras regiões do 
cérebro, como o locus ceruleus , que consiste 
 
8 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
predominantemente em neurônios noradrenérgicos, também 
têm uma função importante na atenção. O sistema 
noradrenérgico inclui o sistema central (com origem no 
locus ceruleus) e o sistema simpático periférico. Qualquer 
disfunção na epinefrina periférica, que provoca o acúmulo 
periférico do hormônio, tem um grande potencial para 
realimentar o sistema central e “reajustar” o locus ceruleus 
para um nível mais baixo. 
Os estimulantes, que reconhecidamente são os agentes mais 
eficazes no tratamento de TDAH, afetam a dopamina e a 
norepinefrina, levando à hipótese de que os 
neurotransmissores podem adicionar disfunções aos sistemas 
adrenérgico e dopaminérgico. Os estimulantes aumentam as 
concentrações das catecolaminas, promovendo sua liberação 
e bloqueando sua reabsorção. 
FATORES NEUROFISIOLÓGICOS 
Alguns estudos eletrencefalográficos feitos nas últimas 
décadas em crianças e adolescentes com TDAH encontraram 
evidências de aumentos de atividade na faixa de 
frequência teta, principalmente nas regiões frontais . 
Estudos posteriores em jovens com o transtorno produziram 
dados mostrando atividade beta elevada nos achados 
eletrencefalográficos. Ao estudarem as descobertas 
eletrencefalográficas em crianças e adolescentes nas duas 
últimas décadas, Clarke e colaboradores chegaram à 
conclusão de que as crianças afetadas por TDAH, com 
tipos combinados do transtorno, foram as que 
apresentaram atividade beta significativamente mais 
elevada nesses estudos, tendo estudos posteriores indicado 
que esses jovens também tendem a apresentar aumento na 
labilidade do humor e ataques de mau humor. 
FATORES RRELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO 
As taxas de incidência de TDAH são mais elevadas em 
crianças com nascimento prematuro e cujas mães 
tiveram infecções durante o período de gestação . 
Em alguns casos, condições como insulto perinatal ao 
cérebro na fase inicial da infância causado por alguma 
infecção, inflamação ou trauma podem ser fatores que 
contribuem para o surgimento de sintomas de TDAH. 
FATORES PSICOSSOCIAIS 
Fatores como abuso crônico grave, maus -tratos e 
negligência estão associados a determinados sintomas 
comportamentais que se sobrepõem ao TDAH, incluindo falta 
de atenção e controle precário dos impulsos. Os fatores 
predisponentes incluem o temperamento das crianças e 
fatores genéticos familiares. 
DIAGNÓSTICO 
- UM PADRÃO PERSISTENTE DE DESATENÇÃO E/OU 
HIPERATIVIDADE-IMPULSIVIDADE QUE INTERFERE 
NO FUNCIONAMENTO E NO DESENVOLVIMENTO, 
CONFORME CARACTERIZADO POR (1) E/OU (2): 
1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas 
persistem por pelo menos seis meses em um grau 
que é inconsistente com o nível do desenvolvimento 
e têm impacto negativo diretamente nas atividades 
sociais e acadêmicas/profissionais: 
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade 
para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes 
mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco 
sintomas são necessários. 
a) Frequentemente não presta atenção em detalhes ou 
comete erros por descuido em tarefas escolares, no 
trabalho ou durante outras atividades (p. ex., 
negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é 
impreciso). 
b) Frequentemente tem dificuldade de manter a 
atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., 
dificuldade de manter o foco durante aulas, 
conversas ou leituras prolongadas). 
c) Frequentemente parece não escutar quando alguém 
lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar 
com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer 
distração óbvia). 
d) Frequentemente não segue instruções até o fim e 
não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas 
ou deveres no localde trabalho (p. ex., começa as 
tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente 
perde o rumo). 
e) Frequentemente tem dificuldade para organizar 
tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar 
tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais 
e objetos pessoais em ordem; trabalho 
desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do 
tempo; dificuldade em cumprir prazos). 
f) Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se 
envolver em tarefas que exijam esforço mental 
prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de 
casa; para adolescentes mais velhos e adultos, 
preparo de relatórios, preenchimento de formulários, 
revisão de trabalhos longos). 
g) Frequentemente perde coisas necessárias para 
tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, 
lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, 
documentos, óculos, celular). 
h) Com frequência é facilmente distraído por estímulos 
externos (para adolescentes mais velhos e adultos, 
pode incluir pensamentos não relacionados). 
i) Com frequência é esquecido em relação a atividades 
cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para 
adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, 
pagar contas, manter horários agendados). 
2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) 
dos seguintes sintomas persistem por pelo menos 
seis meses em um grau que é inconsistente com o 
nível do desenvolvimento e têm impacto negativo 
diretamente nas atividades sociais e 
acadêmicas/profissionais: 
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade 
 
9 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes 
mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco 
sintomas são necessários. 
a) Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os 
pés ou se contorce na cadeira. 
b) Frequentemente levanta da cadeira em situações 
em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai 
do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em 
outro local de trabalho ou em outras situações que 
exijam que se permaneça em um mesmo lugar). 
c) Frequentemente corre ou sobe nas coisas em 
situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em 
adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações 
de inquietude.) 
d) Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver 
em atividades de lazer calmamente. 
e) Com frequência “não para”, agindo como se 
estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue 
ou se sente desconfortável em ficar parado por muito 
tempo, como em restaurantes, reuniões; outros 
podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de 
acompanhar). 
f) Frequentemente fala demais. 
g) Frequentemente deixa escapar uma resposta antes 
que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina 
frases dos outros, não consegue aguardar a vez de 
falar). 
h) Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua 
vez (p. ex., aguardar em uma fila). 
i) Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., 
mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode 
começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir 
ou receber permissão; para adolescentes e adultos, 
pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o 
que outros estão fazendo). 
- VÁRIOS SINTOMAS DE DESATENÇÃO OU 
HIPERATIVIDADE-IMPULSIVIDADE ESTAVAM 
PRESENTES ANTES DOS 12 ANOS DE IDADE. 
- VÁRIOS SINTOMAS DE DESATENÇÃO OU 
HIPERATIVIDADE-IMPULSIVIDADE ESTÃO PRESENTES 
EM DOIS OU MAIS AMBIENTES (P. EX., EM CASA, NA 
ESCOLA, NO TRABALHO; COM AMIGOS OU 
PARENTES; EM OUTRAS ATIVIDADES). 
- HÁ EVIDÊNCIAS CLARAS DE QUE OS SINTOMAS 
INTERFEREM NO FUNCIONAMENTO SOCIAL, 
ACADÊMICO OU PROFISSIONAL OU DE QUE 
REDUZEM SUA QUALIDADE. 
- OS SINTOMAS NÃO OCORREM EXCLUSIVAMENTE 
DURANTE O CURSO DE ESQUIZOFRENIA OU OUTRO 
TRANSTORNO PSICÓTICO E NÃO SÃO MAIS BEM 
EXPLICADOS POR OUTRO TRANSTORNO MENTAL (P. 
EX., TRANSTORNO DO HUMOR, TRANSTORNO DE 
ANSIEDADE, TRANSTORNO DISSOCIATIVO, 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE, INTOXICAÇÃO 
OU ABSTINÊNCIA DE SUBSTÂNCIA). 
 
DETERMINAR O SUBTIPO 
314.01 (F90.2) APRESENTAÇÃO COMBINADA : Se tanto o 
Critério A1 (desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-
impulsividade) são preenchidos nos últimos 6 meses. 
314.00 (F90.0) APRESENTAÇÃO 
PREDOMINANTEMENTE DESATENTA : Se o Critério A1 
(desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-
impulsividade) não é preenchido nos últimos 6 meses. 
314.01 (F90.1) APRESENTAÇÃO 
PREDOMINANTEMENTE HIPERATIVA/IMPULSIVA : Se 
o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o 
Critério A1 (desatenção) não é preenchido nos últimos 6 
meses. 
Especificar se: 
Em remissão parcial: Quando todos os critérios foram 
preenchidos no passado, nem todos os critérios 
foram preenchidos nos últimos 6 meses, e os 
sintomas ainda resultam em prejuízo no 
funcionamento social, acadêmico ou profissional. 
Especificar a gravidade atual: 
LEVE: Poucos sintomas, se algum, estão presentes além 
daqueles necessários para fazer o diagnóstico, e os sintomas 
resultam em não mais do que pequenos prejuízos no 
funcionamento social ou profissional. 
MODERADA: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e 
“grave” estão presentes. 
GRAVE: Muitos sintomas além daqueles necessários para 
fazer o diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas 
particularmente graves estão presentes, ou os sintomas 
podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento 
social ou profissional. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
O TDAH pode iniciar na primeira infância, embora raras vezes 
seja reconhecido até a idade em que a criança começa a 
andar. Em geral, os lactentes com esse transtorno são ativos 
no berço, dormem pouco e choram bastante. 
Na escola, crianças com TDAH podem se engajar rapidamente 
em um teste, porém respondem apenas às duas primeiras 
perguntas. Elas costumam não ter paciência para esperar a 
chamada e respondem antes de qualquer outra pessoa. Em 
casa, não conseguem esperar nem sequer por um minuto. 
Impulsividade e incapacidade para esperar elogios são reações 
típicas. Com frequência, são suscetíveis a acidentes. 
As características mais citadas de crianças com TDAH em 
ordem de frequência são hiperatividade, déficit de 
atenção (memória curta), distração, perseverança, 
incapacidade para concluir tarefas, desatenção, má 
concentração, impulsividade (agir antes de pensar, 
mudanças súbitas de atividade, falta de organização, 
dar pulos na sala de aula), déficits de memória e de 
raciocínio, incapacidade de aprendizagens 
específicas e deficiências na fala e na audição . 
 
10 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
Os problemas médicos que podem produzir sintomas que se 
sobrepõem ao TDAH incluem epilepsia de petit mal, 
deficiências auditivas e visuais, anormalidades tireoidianas e 
hipoglicemia. 
Uma execução contínua de tarefas de desempenho, como as 
tarefas computadorizadas nas quais as crianças pressionam 
um botão toda vez que surgir na tela uma sequência 
determinada de letras ou números, não é especificamente útil 
como ferramenta diagnóstica para TDAH. Entretanto, pode ter 
alguma utilidade para fazer comparações no desempenho de 
uma criança antes e depois do tratamento com 
medicamentos, sobretudo em doses diferentes. Crianças com 
déficit de atenção tendem a cometer erros de omissão, isto é, 
não pressionam o botão no momento em que a sequência 
surge na tela. Com frequência, a impulsividade se manifesta 
por erros de omissão, nos quais uma criança impulsiva não 
resiste à tentação de pressionar o botão, mesmo que a 
sequência desejada. 
TRATAMENTO 
MEDICAMENTOS ESTIMULANTES 
Algumas crianças apresentam efeito de rebote em que se 
tornam levemente irritáveis e aparentam ser um pouco 
hiperativas por um breve período de tempo, até o 
medicamento perder o efeito. 
Outra preocupação muito comum em relação ao uso de 
preparações de meti l fenidato durante longos períodos de 
tempo é o potencial para supressão do crescimento.Os medicamentos estimulantes têm efeitos adrenérgicos e 
produzem elevações moderadas na pressão arterial e na 
frequência do pulso. Na linha de base, os parâmetros práticos 
mais recentes da American Academy of Child and Adolescent 
Psychiatry (AACAP) recomenda a realização dos seguintes 
exames completos antes de iniciar o uso desses 
medicamentos: exame físico, pressão arterial, pulso, peso e 
estatura. Recomenda-se verificar trimestralmente estatura, 
peso, pressão arterial e pulso e fazer um exame físico anual 
em crianças e adolescentes que estejam em tratamento com 
estimulantes. 
INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS 
As intervenções psicossociais em crianças com TDAH incluem 
modalidades como psicoeducação, habilidades de organização 
acadêmica, reabilitação, treinamento de pais, modificação 
comportamental na sala de aula e em casa, terapia cognitivo-
comportamental (TCC) e treinamento em habilidades sociais. 
Fatores como grupos de habilidades sociais, treinamento 
comportamental para pais de crianças com TDAH e 
intervenções comportamentais na escola e em casa foram 
estudados isoladamente e em combinação com o tratamento 
médico do TDAH. A avaliação e o tratamento de transtornos 
coexistentes da aprendizagem ou transtornos psiquiátricos 
adicionais são medidas de extrema importância. 
TDAH EM ADULTOS 
 
INTRODUÇÃO 
Tipo de transtorno neuroevolutivo produzido por interações 
de fatores evolutivos e ambientais que influenciam a 
capacidade cerebral de perceber ou processar de maneira 
eficiente informações verbais e não verbais. 
Ele é caracterizado pela dificuldade persistente nas 
habilidades acadêmicas de aprendizagem relacionadas a 
leitura, expressão escrita ou cálculos matemáticos , 
que começa logo no início da infância e é incompatível com a 
capacidade intelectual total de uma criança. 
As habilidades acadêmicas que podem ser comprometidas 
com esse transtorno incluem fluência na leitura de 
palavras e frases simples, expressão escrita e 
ortografia e cálculos e soluções de problemas 
matemáticos. 
O aumento no risco de déficits de leitura em parentes em 
primeiro grau varia de 4 a 5 vezes, e de cerca de 5 a 10 vezes 
para deficiências em matemática, em comparação à 
população em geral. A incidência do transtorno específico da 
aprendizagem é 2 a 3 vezes maior em homens do que em 
mulheres. 
De acordo com os termos do DSM-5, os déficits de 
aprendizagem na leitura, na expressão escrita e em 
matemática são designados por meio de especificadores. O 
manual observa que DISLEXIA é um termo equivalente que 
descreve um padrão de dificuldades de aprendizagem, 
incluindo uma deficiência no reconhecimento preciso e 
fluente de palavras, decodificação precária e habilidades 
ortográficas fracas. Observa-se que DISCALCULIA é um 
termo alternativo que se refere a um padrão de deficiências 
relacionadas à aprendizagem de fatos aritméticos, 
processamento de informações numéricas e execução de 
cálculos exatos. 
 
11 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
O transtorno específico da aprendizagem de todos os tipos 
afeta cerca de 10% da juventude. 
Para atender aos critérios de transtorno específico da 
aprendizagem, o desempenho de uma criança deve ser 
s ignificativamente inferior em relação ao esperado em 
uma ou mais entre as seguintes capacidades: habilidades 
de leitura, compreensão, ortografia, expressão 
escrita, cálculo, raciocínio matemático e/ou 
problemas da aprendizagem que interfiram nas 
realizações acadêmicas ou nas atividades cotidianas . 
TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM 
COM PREJUÍZO NA LEITURA 
Crianças com transtorno específico da aprendizagem na área 
da leitura podem ser identificadas por problemas no 
reconhecimento de palavras, na velocidade lenta de 
leitura e por problemas de compreensão, em 
comparação à maioria das crianças da mesma idade. 
O consenso atual é que as crianças com problemas de leitura 
têm dificuldade para reconhecer as palavras e para 
“reproduzir os respectivos sons” , tendo em vista que não 
conseguem processar e usar os fonemas com eficiência 
(pedaços menores de palavras que são associados a 
determinados tipos de sons). 
A deficiência de leitura caracteriza-se pela presença de fatores 
como dificuldade para reconhecer palavras, leitura 
lenta e inadequada, má compreensão do texto e 
dificuldades ortográficas. 
ADOÇÃO DO TERMO DISLEXIA 
Esse termo foi usado de forma extensa durante muitos anos 
para descrever uma síndrome de deficiência de leitura 
que costuma incluir deficiência de fala e linguagem, 
bem como confusão entre os lados direito e 
esquerdo. Em geral, a deficiência de leitura é 
acompanhada por deficiências em outras habilidades 
acadêmicas, e dislexia continua sendo um termo alternativo 
para um padrão de dificuldades de leitura e ortografia. 
ETIOLOGIA 
Uma vez que, via de regra, o prejuízo na leitura inclui uma 
deficiência de linguagem, teoricamente o lado esquerdo do 
cérebro tem sido considerado o sítio anatômico desse tipo de 
disfunção. 
Vários estudos sugeriram que a consciência fonológica (i.e., 
capacidade para decodificar sons e reproduzir os sons das 
palavras) está relacionada ao cromossomo 6, e a capacidade 
para identificar palavras simples foi associada ao 
cromossomo 15. Atualmente, a deficiência de leitura e 
ortografia foi vinculada aos locais de suscetibilidade em 
diversos cromossomos, incluindo os cromossomos 1, 2, 3, 6, 
15 e 18. 
Não há evidências indicando que as crianças com deficiência 
de leitura tenham problemas visuais ou dificuldades com o 
sistema visual e motor. 
Uma incidência crescente de deficiências de leitura ocorre em 
crianças com nível intelectual médio e paral isia 
cerebral e epilepsia. Crianças com lesões cerebrais pós-
natais no lobo occipital esquerdo, resultando em cegueira no 
campo visual direito, assim como jovens com lesões no 
esplênio do corpo caloso que bloqueiam a transmissão de 
informações visuais do hemisfério direito intacto para as 
áreas de linguagem do hemisfério esquerdo, apresentam 
deficiências de leitura. Crianças malnutridas por longos 
períodos de tempo na fase inicial da infância têm um grande 
risco de comprometimento do desempenho cognitivo, 
incluindo a leitura. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
Crianças com incapacidades para leitura costumam ser 
identificadas em torno da idade de 7 anos (2a série). A 
dificuldade de leitura pode ser aparente entre estudantes nas 
salas de aula em que as habilidades de leitura sejam esperadas 
ainda na 1a série. Eventualmente, as crianças compensam o 
transtorno da leitura nas séries elementares pelo uso da 
memória e de inferências, sobretudo aquelas com nível 
elevado de inteligência. Nessas circunstâncias, o transtorno 
pode não se tornar aparente até a idade de 9 anos (4a série) 
ou mais tarde. 
A maior parte dessas crianças não gosta de ler e escrever e 
evita essas atividades. A ansiedade agrava-se ainda mais 
quando se defrontam com demandas que envolvam a 
linguagem impressa. 
OBS.: diagnóstico em anexo 
TRATAMENTO 
As estratégias corretivas para crianças com problemas de 
leitura têm como foco a instrução direta que encaminha a 
atenção do jovem para as conexões entre sons da fala e 
ortografia. Os programas corretivos eficazes iniciam a partir 
do momento em que a criança aprende a associar 
letras e sons de uma forma precisa. Essa abordagem 
fundamenta-se na teoria de que as deficiências básicas em 
problemas de leitura estão relacionadas com dificuldade para 
reconhecer e lembrar as associações entre letras e sons. após 
o domínio dessas associações, a intervenção 
corretiva pode ser direcionada para componentes 
mais importantes da leitura, como sílabas e palavras . 
O foco exato de qualquer programa de leitura somente pode 
ser determinado após a avaliação precisa das deficiências e 
fraquezas específicas da criança. As estratégias positivas de 
exercícios de cópia incluem a formação de grupos de leitura 
pequenos e bem estruturados que ofereçam atençãoindividual e facilitem à criança pedir ajuda. 
TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM 
COM PREJUÍZO NA MATEMÁTICA 
Crianças com dificuldades em matemática têm também 
dificuldade para aprender e lembrar os números, não 
conseguem lembrar fatos números básicos e são 
lentas e imprecisas nos cálculos . Quatro grupos de 
habilidades com mau desempenho foram identificados no 
transtorno da matemática: habi lidades l inguísticas 
 
12 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
(relacionadas à compreensão de termos matemáticos e à 
conversão de problemas escritos em símbolos matemáticos), 
habilidades perceptivas (capacidade para reconhecer e 
entender símbolos e agrupamentos de ordens de números), 
habilidades matemáticas (conhecimentos básicos de 
adição, subtração, multiplicação, divisão e acompanhamento 
do sequenciamento das operações básicas) e habilidades de 
atenção (copiar figuras com exatidão e observar os símbolos 
operacionais de forma correta). 
As deficiências básicas na discalcul ia referem-se ao 
processamento dos números, e as capacidades linguísticas 
satisfatórias são habilidades necessárias para contagens, 
cálculos e compreensão exata dos princípios matemáticos. 
Entretanto, as deficiências em matemática ocorrem 
isoladamente ou em conjunto com prejuízos na 
linguagem e leitura . De acordo com os termos do DSM-5, o 
diagnóstico do transtorno específico da aprendizagem com 
prejuízo na matemática consiste em deficiências na 
contagem e nos cálculos aritméticos, dificuldade 
para lembrar os fatos matemáticos e contagem 
numérica com auxílio dos dedos . As deficiências 
adicionais incluem dificuldades com o raciocínio e com os 
conceitos matemáticos, criando dificuldades na aplicação de 
procedimentos para solucionar problemas quantitativos. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
As características mais comuns da deficiência em matemática 
incluem dificuldade para aprender a denominação dos 
números; para lembrar os sinais de adição e de subtração; 
aprender as tabelas de multiplicação; traduzir problemas com 
palavras em computações; e fazer cálculos na velocidade 
esperada. A maior parte das crianças com essa deficiência 
pode ser identificada na 2a e na 3a séries da escola primária. 
As deficiências em matemática geralmente coexistem com 
outros transtornos que afetam atividades como leitura, 
escrita expressiva e linguagem. É bastante comum a presença 
de problemas com ortografia, déficits de memória ou atenção 
e problemas emocionais ou comportamentais. 
O keymath diagnostic arithmetic test faz a medição 
de várias áreas da matemática, incluindo 
conhecimento do conteúdo matemático, função e 
cálculo. Esse teste é utilizado para avaliar a 
capacidade matemática de crianças da 1a à 6a séries. 
 
TRATAMENTO 
As melhores alternativas para corrigir as dificuldades em 
matemática são as intervenções precoces que levam a 
melhora das habilidades em cálculo básico. No início do jardim 
de infância, crianças com indicações do transtorno da 
matemática precisam de ajuda para entender qual dos dígitos 
em um par é o maior; para contar; para identificar os números; 
e para lembrar as sequências numéricas. O uso de fichas, 
cadernos de exercícios e jogos de computador podem ser 
uma das partes viáveis desse tratamento. O Projeto MATH, 
um programa multimídia de treinamento de instrução 
individual ou em grupo, tem obtido muito sucesso com 
algumas crianças portadoras do transtorno da matemática. 
TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM 
COM PREJUÍZO NA EXPRESSÃO ESCRITA 
As deficiências na expressão escrita caracterizam-se por 
habilidades para escrever que estão significativamente abaixo 
do nível esperado para a idade e a educação de uma criança. 
Os componentes do transtorno da escrita incluem erros de 
ortografia, de gramática e de pontuação e má 
caligrafia. Os erros de ortografia estão entre as dificuldades 
mais comuns em crianças com esse transtorno. Erros de 
ortografia são, com frequência, erros fonéticos, isto é, 
pronúncia errônea que se parece a pronúncia correta. Os 
exemplos mais comuns desses erros são: “fone” em vez de 
“phone” ou “beleeve” em vez de “believe”. 
Historicamente, a disgrafia (i.e., habilidades de escrita 
fracas) era considerada uma forma de transtorno da leitura, 
contudo, nos dias atuais, está claro o suficiente que os 
problemas na expressão escrita podem ocorrer de forma 
isolada. 
Ao contrário do DSM-5, que inclui o transtorno específico da 
aprendizagem com prejuízo na expressão escrita, a 
International Statistical Classification of Diseases and Related 
Health Problems (CID-10), em sua 10a edição, inclui um 
transtorno separado específico para ortografia. 
DIAGNÓSTICO 
Nos termos do DSM-5, o diagnóstico de transtorno específico 
da aprendizagem com prejuízo na expressão escrita baseia-se 
em fatores como a baixa capacidade de uma criança 
para usar com precisão a pontuação e a gramática 
nas frases, incapacidade para organizar parágrafos 
ou para articular ideias com clareza ao escrever . O 
mau desempenho para compor textos escritos inclui também 
má caligrafia, capacidade ortográfica fraca e dificuldades para 
colocar as palavras sequencialmente em frases coerentes, em 
comparação a outros indivíduos da mesma idade. 
Além dos erros de ortografia, os jovens com deficiência na 
expressão escrita cometem muitos erros gramaticais , 
como, por exemplo, usar mal os tempos verbais, omitir 
palavras nas frases e colocar as palavras na ordem incorreta. A 
pontuação pode ser errada e as crianças talvez tenham 
dificuldade para lembrar das palavras que iniciam 
com letras maiúsculas . Os sintomas adicionais de 
deficiências na expressão escrita incluem formação de letras 
ilegíveis, letras invertidas e mistura de letras maiúsculas e 
minúsculas. Outras características dos transtornos da escrita 
incluem má organização de histórias escritas, com 
omissão de elementos importantes, como “onde”, 
“quando” e “quem” ou ausência de expressão clara 
da trama. 
TRATAMENTO 
O tratamento corretivo para incapacidade de escrever inclui 
prática direta em ortografia e formação de frases e 
uma revisão das regras gramaticais . Aparentemente, a 
 
13 VALESSA VALENÇA | PSIQUIATRIA INFANTIL | 2021.2 | MARC 
administração individual de terapia intensiva e contínua de 
escrita criativa e expressiva produz resultados favoráveis. Os 
professores de algumas escolas especiais dedicam até 2 horas 
por dia a essas instruções de escrita. Os problemas emocionais 
ou comportamentais associados secundários devem receber 
atenção imediata, com tratamento psiquiátrico e 
aconselhamento parental apropriado. 
INTRODUÇÃO 
O DSM-5 define o TDO como “um padrão de humor 
raivoso/irritável, de comportamento 
questionador/desafiante ou índole vingativa com 
duração de pelo menos seis meses ”. 
Os comportamentos opositivos podem assumir diversas 
formas, podendo ser passivos, quando uma criança não 
responder a um dado estímulo, permanecendo inativa e 
acomodada, ou desafiadores, incluindo verbalizações 
negativas, comportamentos hostis e resistência física que 
incidiriam junto com a desobediência. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A apresentação dos sintomas, segundo o DSM-5, manifesta-se 
geralmente em casa, limitando-se a apenas um ambiente, 
sendo que, em casos mais graves, os sintomas podem se 
apresentar em ambientes diversos. 
Relacionado ao fato de a criança com o transtorno discutir 
excessivamente com adultos, incomodando as 
pessoas, sendo resistente à aceitação de regras, 
além de perder o controle facilmente em caso de ser 
frustrada em suas intenções. 
Relação do transtorno com o uso abusivo de álcool e de 
outras drogas. 
Antes da puberdade o transtorno é mais frequente em 
homens do que em mulheres, assumindo, no entanto, em 
proporções mais semelhantes depois da puberdade. Contudo, 
os comportamentos externalizantes entre os indivíduos do 
sexo masculino tendem a ser mais persistentes e 
conflituosos. 
O DSM-5 aponta que os primeirossintomas do transtorno, 
geralmente, surgem durante os anos de pré-escola, sendo 
que sua ocorrência após o início da adolescência é muito rara. 
Há um alto índice de crianças com TDO que apresentam um 
diagnóstico comórbido de TDAH. Também é comum 
identificar concomitantemente transtornos de comunicação e 
de aprendizagem. 
DIAGNÓSTICO 
Um padrão de humor raivoso/irritável, de 
comportamento questionador/desafiante ou de 
índole vingativa, com duração de pelo menos seis 
meses, como evidenciado por pelo menos quatro 
sintomas de qualquer das categorias seguintes e 
exibido na interação com pelo menos um indivíduo 
que não seja um irmão. 
• HUMOR RAIVOSO/ IRRITÁVEL 
1. Com frequência perde a calma. 
2. Com frequência é sensível ou facilmente incomodado. 
3. Com frequência é raivoso e ressentido. 
• COMPORTAMENTO 
QUESTIONADOR/DESAFIANTE 
4. Frequentemente questiona figuras de autoridade ou, no 
caso de crianças e adolescentes, adultos. 
5. Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a 
obedecer a regras ou a pedidos de figura de autoridade. 
6. Frequentemente incomoda deliberadamente outras 
pessoas. 
7. Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau 
comportamento. 
• ÍNDOLE VINGATIVA 
8. Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes nos 
últimos seis meses. 
B. A perturbação no comportamento está associada 
a sofrimento para o indivíduo ou para os outros em 
seu contexto social imediato, ou causa impactos 
negativos no funcionamento social, educacional e 
profissional ou em outras áreas importantes da vida 
do indivíduo. 
C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente 
durante o curso de um transtorno psicótico ou de 
transtorno de humor. 
D. Não são satisfeitos os critérios para transtorno 
da conduta e, se o indivíduo tem 18 anos ou mais, 
não são satisfeitos os critérios para transtorno da 
personalidade antissocial. 
O DSM-5 situa a gravidade na condição leve quando os 
sintomas limitam-se a apenas um ambiente (na casa, na 
escola, no trabalho, com os colegas). A gravidade 
moderada ocorre quando alguns sintomas estão presentes 
em pelos menos dois ambientes e a grave, quando alguns 
sintomas estão presentes em três ou mais ambientes. 
 
 
TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO 
Modelos comportamentais como modificação do 
comportamento, terapia comportamental e análise aplicada 
do comportamento. Os autores enfatizam a eficácia no 
tratamento do TDO das estratégias cognitivo-
comportamentais, mencionando os seguintes procedimentos: 
terapia familiar, psicoeducação familiar, 
 
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treinamento de pais, psicoeducação escolar e 
intervenções escolares. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
A) ANTIPSICÓTICOS OU NEUROLÉPTICOS: empregados 
no tratamento de quadros de agressividade, impulsividade e 
explosões de raiva, que se apresentam reiterados no 
transtorno. Os antipsicóticos atípicos são os mais utilizados 
atualmente, sendo eles a risperidona, a quetiapina e o 
ariprazol. 
B) ESTABILIZADORES DO HUMOR: empregados no 
controle de comportamentos agressivos, violentos, 
proporcionam a diminuição da agressividade. São também 
usados nos casos associados ao transtorno bipolar do humor. 
Os mais empregados são: carbonato de lítio, divalproato de 
sódio, carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina e o 
topiramato. 
C) PSICOESTIMULANTES: utilizados para o tratamento do 
TDAH, devido à associação frequente com TDO, sendo eles o 
metilfenidato e a lisdexanfetamina. 
D) ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES SELETIVOS DA 
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA: utilizados para o 
tratamento de episódios depressivos ou de quadros ansiosos 
associados ao TDO. Os principais fármacos são: fluoxetina, 
sertralina, paroxetina, citalopram, escitalopram e venlafaxina. 
DESENVOLVIMENTO DO PRÉ-ESCOLAR 
Pré-escolar → 2-5 anos 
APÓS 2 ANOS 
• Crescimento somático e do cérebro fica lento 
• Diminuição do apetite → avaliar nas curvas de 
crescimento e desenvolvimento se a criança está em 
desnutrição ou se está normal 
• Aumento de 2kg/ano e 6-7cm/ano 
• Acuidade visual: 20/20 aos 4 anos 
• Todos os 20 dentes decíduos (de leite) nascerão até 
os 3 anos (os primeiros dentes crescem em torno dos 
6-8 meses) 
• Controle esfincteriano durante o dia (2,5 anos) 
• Urinar na cama é normal até 4 anos nas meninas e 5 
anos nos meninos 
AOS 3 ANOS 
• Geralmente corre bem 
• Preferência pelo uso de uma das mãos ao 
escrever/desenhar (pode ser aos 4 anos também) 
QUAL O MELHOR PARÂMETRO PARA AVALIAR O 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO? 
• A linguagem 
• Gagueira → 5% das crianças desenvolvem e 1% 
permanece 
- Quando tratar a gagueira? Quando ela persiste além 
de 6 meses 
• Cognição vence a lógica (experimento de Piaget com 
vasos e líquidos) 
• Explicação verbal não funciona tanto quanto a ação 
(por exemplo, mostrar a agulha furando uma boneca 
no hospital é mais eficiente que dizer para a criança 
que tirar sangue não dói) 
• Fase do pensamento mágico 
- Dá vida para objetos inanimados 
- Acredita na força dos desejos 
• Egocentrismo 
- Só consegue entender a realidade sob o ponto de 
vista dele (não consegue fazer acordos) 
- Consola adulto chateado com algum de seus 
brinquedos 
• Brincadeiras/social 
- 1 a 2 anos: brinca sozinho ou em paralelo 
- 3 a 4 anos: também brinca junto 
• Fase dos medos 
- Monstro dentro do armário (falar que os pais têm 
um “spray” para o monstro resolve) 
• Mau humor (pirraça) 
- Início fim do primeiro ano 
- Pico 2 aos 4 anos 
• Educação 
- Não é aconselhável bater 
- Time-out (1min/ano de idade) fora da brincadeira 
ou do lazer 
SÍNDROME DE ASPERGER 
• Desenvolvimento normal da linguagem 
• Deficiência na comunicação não verbal (expressão 
facial, gestos) 
• Diferença do autismo 
• Faz parte do espectro autista 
• Risco maior de doenças psiquiátricas associadas 
• Autismo: 
- Ecolalia 
- Rimas sem sentido 
- Entonação diferente (prosódia) 
- Habilidade para brincar bastante alterada 
- Movimentos corporais estereotipados e repetidos 
- Dificuldade de fixar 
- Associação com outras doenças: síndrome do X 
frágil, convulsões e esclerose tuberosa 
- Não tem relação com mães distantes 
emocionalmente (“mãe geladeira”) e com a vacina 
tríplice viral 
- Contato visual anormal 
- Falha em apontar, mostrar 
- Falta do brincar interativo 
- Falha em rir 
- Falha em dividir 
- Combinação de atraso de linguagem e atraso social 
→ sinal vermelho para autismo 
 
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- Exame físico: perímetro cefálico, exame da pele com 
lâmpada de wood (manchas hipocrômicas devido a 
esclerose tuberosa) 
- O tratamento inicial deve ser com a terapia 
comportamental intensiva 
DESENVOLVIMENTO DO ESCOLAR 
• 6 a 12 anos 
COGNIÇÃO 
• Capaz de fazer uma avaliação própria e considerar a 
avaliação do outro 
• Operações lógicas (bom desenvolvimento na escola 
e nas matérias, bem como relações sociais) 
DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
• 3-3,5kg/ano e 6cm/ano 
DISLEXIA E TDAH 
• Dislexia 
- Grande dificuldade na aprendizagem da leitura e 
consequentemente da escrita 
- Dificuldade nos fonemas (fonoaudióloga) 
 
 
 
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