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TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO (TEA+TDAH)

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Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
CASO 6 - TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO ​(TEA+TDAH) 
 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 
Critérios Diagnósticos DSM-5 299.00 (F84.0) 
 
A. ​Déficits persistentes na comunicação social e na interação social 
em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, 
atualmente ou por história prévia: 
1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por 
exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para 
estabelecer uma conversa normal a compartilhamento 
reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade 
para iniciar ou responder a interações sociais. 
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais 
usados para interação social, variando, por exemplo, de 
comunicação verbal e não verbal pouco integrada a 
anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou 
déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de 
expressões faciais e comunicação não verbal. 
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender 
relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em 
ajustar o comportamento para se adequar a contextos 
sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras 
imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse 
por pares. 
Especificar a gravidade atual: ​O nível ​pode variar de acordo com 
o contexto ou oscilar com o tempo. 
B. ​Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou 
atividades, conforme manifestado por pelo menos 2 dos seguintes, 
atualmente ou por história prévia: 
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala 
estereotipados ou repetitivos (ex: estereotipias motoras 
simples como abanar as mãos ou estalar os dedos, alinhar 
ou girar objetos, ecolalia, repetição atrasada ou imediata 
de palavras ouvidas, uso de “tu/você” ao referir-se a si 
mesmo, uso estereotipado de palavras, frases ou padrões 
de prosódia, frases idiossincráticas). 
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas 
ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não 
verbal (ex: sofrimento extremo em relação a pequenas 
mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de 
pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o 
mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos 
diariamente). 
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em 
intensidade ou foco (ex: forte apego ou preocupação com 
objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos 
ou perseverativos). 
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou 
interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente 
(ex: indiferença aparente a dor/temperatura, reação 
contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar 
objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou 
movimento). 
Especificar a gravidade atual: ​Igual ao anterior. 
C. ​Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do 
desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos 
até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou 
podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde). 
D. ​Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no 
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes 
da vida do indivíduo no presente. 
E. ​Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência 
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso 
global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do 
espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico 
da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência 
intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado 
para o nível geral do desenvolvimento. 
 
Nota: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido 
de transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do 
desenvolvimento sem outra especificação devem receber o 
diagnóstico de TEA. Indivíduos com déficits acentuados na 
comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra 
forma, critérios de TEA, devem ser avaliados em relação a 
transtorno da comunicação social (pragmática). 
 
Especificar se: 
Com ou sem comprometimento intelectual concomitante 
Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante 
Associado a alguma condição médica ou genética conhecida 
ou a fator ambiental 
Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, 
mental ou comportamental 
Com catatonia 
 
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico 
Muitos indivíduos com TEA também apresentam comprometimento 
intelectual e/ou da linguagem (atraso na fala, compreensão da 
linguagem aquém da produção). Mesmo aqueles com inteligência 
média ou alta apresentam um perfil irregular de capacidades. 
Déficits motores estão frequentemente presentes, incluindo marcha 
atípica, falta de coordenação e outros sinais anormais (ex: caminhar 
na ponta dos pés). Agressão, comportamentos autolesivos e 
ataques graves de birra são bastante observados. Em geral, é muito 
difícil superar os ataques graves de birra e, com frequência, o 
controle dos comportamentos autolesivos (ex: bater a cabeça, 
beliscar a pele e se morder) é extremamente problemático. Esses 
sintomas costumam ser produzidos por situações do dia a dia em 
que esses jovens mudam de uma atividade para outra. Nos casos 
de crianças com desempenho mais baixo e com deficiências 
intelectuais, o instintivo agressivo pode surgir de forma inesperada. 
Algumas crianças apresentam mudanças repentinas de humor, com 
explosões de riso ou de choro, sem nenhuma razão óbvia. 
Crianças com TEA respondem de forma intensa a alguns estímulos 
e fraca a outros estímulos sensoriais (ex: ao som e à dor). Algumas 
apresentam um limiar alto para dor ou respostas alteradas para ela 
(ex: não respondem com choro ou busca de conforto). 
Hiperatividade e desatenção são comuns. Níveis de atividade 
abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, há alternância. 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
Alguns têm habilidades precoces ou dissidentes de grande 
proficiência, tais como habilidade prodigiosa para cálculos e 
aprendizagem de memória. Outras habilidades precoces potenciais 
incluem hiperlexia, capacidade precoce para leitura (mesmo que 
não entendam aquilo que estão lendo), memorização e declamação 
e habilidades musicais. 
Insônia é um problema frequente entre crianças e adolescentes com 
o transtorno do espectro autista, e as estimativas indicam que 
ocorre em 44 a 83% das crianças em idade escolar. 
Adolescentes e adultos com TEA são propensos a ansiedade e 
depressão. Alguns desenvolvem comportamento motor semelhante 
à catatonia, embora isso tipicamente não costume alcançar a 
magnitude de um episódio catatônico. É possível, porém, que 
apresentem deterioração acentuada em sintomas motores e um 
episódio catatônico completo com sintomas como mutismo, 
posturas atípicas, trejeitos faciais e flexibilidade cérea. O período de 
risco de catatonia comórbida parece ser maior na adolescência. 
 
Caraterísticas físicas associadas 
À primeira vista, crianças com TEA não apresentam sinais físicos 
que indiquem a presença do transtorno. De maneira geral, 
apresentam taxas mais elevadas de anomalias físicas de menor 
importância,como: malformações nas orelhas, e outras que podem 
ser reflexo de anomalias que ocorreram no desenvolvimento fetal. 
Um número maior do que a expectativa não apresenta destreza 
manual e lateralidade e permanecem ambidestras na idade em que 
o domínio cerebral costuma ser estabelecido. Aquelas afetadas o 
transtorno apresentam incidência mais elevada de dermatoglifia 
anormal (ex: impressões digitais), o que indica possivelmente 
alguma perturbação no desenvolvimento neuroectodérmico. 
 
Epidemiologia 
Os transtornos do espectro autista foram diagnosticados de uma 
forma crescente nas últimas duas décadas. 
O TEA é diagnosticado 4 vezes mais em meninos. 
 
Etiologia e patogênese 
A heterogeneidade na expressão dos sintomas em famílias com o 
TEA revela diversos padrões de transmissão genética. Estimativas 
de herdabilidade variam de 37% até mais de 90%, com base em 
taxas de concordância entre gêmeos. Atualmente, até 15% dos 
casos parecem estar associados a mutação genética conhecida. 
Mesmo nesses casos, não parece haver penetrância completa. 
O transtorno do espectro autista está associado a diversos 
biomarcadores, potencialmente resultantes da interação de genes e 
de fatores ambientais, que influenciam a função neuronal e o 
desenvolvimento de dendritos, além de contribuírem para alterações 
no processamento das informações neuronais. Há vários 
biomarcadores de sinalização anormal no sistema 5-HT, nos 
mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao mTOR e nas 
alterações do sistema inibitório do ácido-aminobutírico (GABA). 
Há diversos relatos sugerindo que a incompatibilidade imunológica 
(anticorpos maternos direcionados ao feto) pode contribuir para o 
transtorno do espectro autista. Os linfócitos de algumas crianças 
autistas com anticorpos maternos permitem pensar que os tecidos 
neurais embrionários tenham sido lesionados durante a gestação, 
mas essa hipótese ainda se encontra em investigação. 
Aparentemente, ocorre uma incidência acima das expectativas de 
complicações pré-natais e perinatais em lactentes que, mais tarde, 
são diagnosticados com TEA. Os fatores pré-natais mais 
significativos são idade materna e paterna avançada, hemorragia 
gestacional materna, diabetes gestacional e bebê primogênito. Os 
fatores perinatais incluem complicações no cordão umbilical, trauma 
no nascimento, desconforto fetal, feto PIG, peso baixo ao nascer, 
baixo Apgar no 5’, malformação congênita, incompatibilidade do 
grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh e hiperbilirrubinemia. 
Muitas das complicações obstétricas relacionadas ao risco do 
transtorno também são fatores de risco para hipoxia que, por si só, 
pode ser um fator de risco subjacente. Não há evidências 
suficientes para implicar isoladamente qualquer dos fatores de risco 
pré-natais e perinatais na etiologia do TEA, e alguma predisposição 
genética pode estar interagindo com fatores perinatais. 
Anormalidades eletrencefalográficas (EEG) e distúrbios convulsivos 
ocorrem com uma frequência acima da expectativa em indivíduos 
com transtorno do espectro autista. Em torno de 4 a 32% dos 
afetados têm convulsões de grande mal em algum momento, e 20 a 
25% apresentam aumento no volume ventricular na TC. Diversas 
anormalidades eletrencefalográficas são encontradas em 10 a 83% 
das crianças com definição prévia de TEA e, embora nenhuma seja 
específica do transtorno, há indicações de lateralização cerebral. 
Existe um consenso atual considerando o transtorno do espectro 
autista um conjunto de síndromes comportamentais causadas por 
uma multiplicidade de fatores que agem no SNC. 
Alguns estudos que fizeram a comparação entre pais de crianças 
com transtorno do espectro autista e pais de crianças normais não 
apresentaram diferenças significativas na capacidade para criação 
dos filhos. As especulações iniciais de Kanner de que os fatores 
emocionais dos pais poderiam contribuir para o desenvolvimento do 
transtorno foram claramente refutadas. 
 
Desenvolvimento e Curso 
Os sintomas costumam ser reconhecidos no segundo ano de vida 
(12 a 24 meses), embora possam ser vistos antes dos 12 meses, se 
os atrasos do desenvolvimento forem graves, ou percebidos após 
os 24 meses, se os sintomas forem mais sutis. 
Nos casos em que houve perda de habilidades, pais ou cuidadores 
podem relatar história de deterioração gradual ou relativamente 
rápida em comportamentos sociais ou nas habilidades linguísticas. 
Em geral, isso ocorre entre 12 e 24 meses, sendo distinguível dos 
raros casos de regressão do desenvolvimento que ocorrem após 
pelo menos 2 anos de desenvolvimento normal (anteriormente 
descrito como transtorno desintegrativo da infância). 
As características comportamentais do TEA tornam-se inicialmente 
evidentes na primeira infância, com alguns casos apresentando falta 
de interesse em interações sociais no primeiro ano de vida. 
Algumas crianças com transtorno do espectro autista apresentam 
platôs ou regressão no desenvolvimento, com deterioração gradual 
ou relativamente rápida em comportamentos sociais ou uso da 
linguagem, frequentemente nos 2 primeiros anos de vida. Tais 
perdas são raras em outros transtornos, podendo ser um sinal de 
alerta útil para o transtorno do espectro autista. 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
Muito mais incomuns e merecedoras de investigação médica ampla 
são perdas de habilidades além da comunicação social (ex: perda 
do autocuidado, do controle de esfíncteres, de habilidades motoras) 
ou as que ocorrem após o segundo aniversário. 
Os primeiros sintomas do TEA frequentemente envolvem atraso no 
desenvolvimento da linguagem, em geral acompanhado por 
ausência de interesse social ou interações incomuns (ex: puxar as 
pessoas pela mão sem nenhuma tentativa de olhar para elas) 
padrões estranhos de brincadeiras (ex: carregar brinquedos, mas 
nunca brincar com eles), e padrões incomuns de comunicação (ex: 
conhecer o alfabeto, mas não responder ao próprio nome). 
Durante o segundo ano, comportamentos estranhos e repetitivos e 
ausência de brincadeiras típicas tornam-se mais evidentes. 
Como muitas crianças pequenas com desenvolvimento normal têm 
fortes preferências e gostam de repetição (ex: ingerir os mesmos 
alimentos, assistir muitas vezes ao mesmo filme), em pré-escolares 
pode ser difícil distinguir, mas devemos nos basear no tipo, na 
frequência e na intensidade do comportamento. 
O TEA não é um transtorno degenerativo, sendo comum que 
aprendizagem e compensação continuem ao longo da vida. 
Os sintomas são frequentemente mais acentuados na primeira 
infância e nos primeiros anos da vida escolar, com ganhos no 
desenvolvimento sendo frequentes no fim da infância pelo menos 
em certas áreas (ex: aumento no interesse por interações sociais). 
Uma pequena proporção apresenta deterioração comportamental 
na adolescência, enquanto a maioria melhora. 
Apenas uma minoria vive e trabalha de forma independente na fase 
adulta; aqueles que o fazem tendem a ter linguagem e capacidades 
intelectuais superiores, conseguindo encontrar um nicho que 
combine com seus interesses e habilidades especiais. 
Em geral, indivíduos com níveis de prejuízo menores podem ser 
mais capazes de funcionar com independência. Mesmo esses, noentanto, podem continuar socialmente ingênuos e vulneráveis, com 
dificuldades para organizar as demandas práticas sem ajuda, mais 
propensos a ansiedade e depressão. 
Muitos adultos informam usar estratégias compensatórias e 
mecanismos de enfrentamento para mascarar suas dificuldades em 
público, mas sofrem com o estresse e os esforços para manter uma 
fachada socialmente aceitável. 
Quase nada se sabe sobre a fase da velhice no TEA. 
Alguns indivíduos aparecem pela primeira vez para o diagnóstico na 
idade adulta, talvez levados pelo diagnóstico de autismo em alguma 
criança da família ou pelo rompimento de relações profissionais ou 
familiares. Pode ser difícil, nesses casos, obter uma história 
detalhada do desenvolvimento, sendo importante levar em conta as 
dificuldades autorrelatadas. Quando a observação clínica sugerir 
que os critérios são preenchidos no presente, pode ser 
diagnosticado o transtorno do espectro autista, desde que não haja 
evidências de boas habilidades sociais e de comunicação na 
infância (ex: relato dos pais que a pessoa teve amizades recíprocas 
normais e permanentes e boas habilidades não verbais na infância). 
 
Prognóstico 
Os melhores fatores prognósticos estabelecidos são a ausência de 
deficiência intelectual e comprometimento da linguagem associados 
(ex: linguagem funcional por volta dos 5 anos; QI > 70) e outros 
problemas de saúde mental. Epilepsia comorbida está associada a 
maior deficiência intelectual e menor capacidade verbal. 
O prognóstico em geral melhora quando há apoio familiar. 
 
Consequências Funcionais do Transtorno do Espectro Autista 
Em crianças pequenas, a ausência de capacidades sociais e 
comunicacionais pode ser um impedimento à aprendizagem, 
especialmente à aprendizagem por meio da interação social ou em 
contextos com seus colegas. Em casa, a insistência em rotinas e a 
aversão à mudança, bem como sensibilidades sensoriais, podem 
interferir na alimentação e no sono e tornar os cuidados de rotina 
extremamente difíceis (ex: cortes de cabelo, cuidados dentários). 
As capacidades adaptativas costumam estar abaixo do QI medido. 
Dificuldades extremas para planejar, organizar e enfrentar a 
mudança causam impacto negativo no sucesso acadêmico, mesmo 
para alunos com inteligência acima da média. 
Na vida adulta, pode haver dificuldades na independência devido à 
rigidez e à dificuldade contínuas com o novo. Muitos, mesmo sem 
deficiência intelectual, têm funcionamento psicossocial insatisfatório, 
avaliado por indicadores como vida independente e emprego 
remunerado. Consequências funcionais no envelhecimento são 
desconhecidas; isolamento social e problemas de comunicação (ex: 
redução da busca por ajuda) têm consequências para a saúde. 
 
Diagnóstico Diferencial 
Síndrome de Rett: ​Uma ruptura da interação social pode ser 
observada durante a fase regressiva da síndrome de Rett (em geral, 
entre 1 e 4 anos); assim, uma proporção substancial das meninas 
afetadas pode preencher critérios diagnósticos para TEA. Depois 
desse período, no entanto, a maioria melhora as habilidades de 
comunicação social, e as características autistas não são mais 
grande foco de preocupação. 
Mutismo seletivo: ​A criança exibe habilidades comunicacionais 
apropriadas em alguns contextos e locais. Mesmo nos contextos em 
que é muda, a reciprocidade social não se mostra prejudicada, nem 
há padrões de comportamento restritivos ou repetitivos. 
Transtornos da linguagem e transtorno da comunicação social 
(pragmática): ​Em alguns transtorno da linguagem, pode haver 
problemas de comunicação e dificuldades sociais secundárias. 
O transtorno específico da linguagem, porém, não costuma estar 
associado a comunicação não verbal anormal nem à presença de 
padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou 
atividades. Quando um indivíduo apresenta prejuízo na 
comunicação social e nas interações sociais, mas não exibe 
comportamentos ou interesses restritos ou repetitivos, podem ser 
preenchidos critérios para transtorno da comunicação social 
(pragmática). O diagnóstico de TEA se sobrepõe sempre que 
preenchidos os critérios, devendo-se indagar cuidadosamente sobre 
comportamento restrito/repetitivo anterior ou atual. 
Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento 
intelectual) sem transtorno do espectro autista: ​Pode ser difícil 
de diferenciar em crianças muito jovens. Indivíduos com deficiência 
intelectual que não desenvolveram habilidades linguísticas ou 
simbólicas também são um desafio para o diagnóstico diferencial, 
uma vez que comportamentos repetitivos frequentemente também 
ocorrem em tais indivíduos. Um diagnóstico de TEA em uma pessoa 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
com deficiência intelectual é adequado quando a comunicação e a 
interação sociais estão significativamente prejudicadas em relação 
ao nível de desenvolvimento de suas habilidades não verbais. 
Diferentemente, a deficiência intelectual é o diagnóstico apropriado 
quando não há discrepância aparente entre o nível das habilidades 
de comunicação social e outras habilidades intelectuais. 
Transtorno do movimento estereotipado: ​Estereotipias motoras 
estão entre as características diagnósticas do TEA, de modo que 
um diagnóstico adicional de transtorno do movimento estereotipado 
não é feito quando tais comportamentos repetitivos são mais bem 
explicados pela presença do transtorno do espectro autista. Quando 
as estereotipias causam autolesão e se tornam um foco do 
tratamento, os dois diagnósticos podem ser apropriados. 
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: ​Anormalidades 
de atenção (foco exagerado ou distração fácil) são comuns no TEA. 
Um diagnóstico de TDAH deve ser considerado quando dificuldades 
atencionais ou hiperatividade excedem o tipicamente encontrado 
em indivíduos de idade mental comparável. 
Esquizofrenia: ​Esquizofrenia com início na infância costuma 
desenvolver-se após um período de desenvolvimento normal ou 
quase normal. Há descrição de um estado prodrômico no qual 
ocorrem prejuízo social, interesses e crenças atípicos que podem 
ser confundidos com os déficits encontrados no TEA. Além disso, 
alucinações e delírios, características definidoras da esquizofrenia, 
não são elementos do transtorno de espectro autista. 
 
Comorbidade 
Cerca de 70% dos indivíduos com transtorno do espectro autista 
podem ter um transtorno mental comórbido, 40% podem ter 2 ou 
mais. Quando critérios para TDAH e para TEA são preenchidos, 
ambos os diagnósticos devem ser dados. O mesmo aplica-se a 
diagnósticos concomitantes de transtorno do desenvolvimento da 
coordenação, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e 
outros diagnósticos de comorbidade. Entre indivíduos que não falam 
ou têm déficits de linguagem, mudanças no sono ou na alimentação 
e aumento no comportamento desafiante, devem desencadear 
avaliação para ansiedade ou depressão. 
As condições médicas normalmente associadas ao transtorno do 
espectro autista devem ser registradas no especificador “condição 
médica ou genética conhecida ou a fator ambiental”. Tais condições 
incluem epilepsia, distúrbios do sono e constipação. 
Transtorno alimentar restritivo/evitativo se apresenta com frequênciae preferências alimentares extremas e reduzidas podem persistir. 
Há relatos de crianças mais jovens com TEA que apresentam 
incidência acima das expectativas de IVAS e outras infecções de 
menor importância. Os sintomas gastrintestinais observados em 
geral incluem arrotos excessivos, constipação e movimentos 
intestinais soltos. Observa-se também um aumento na incidência de 
convulsões febris. Algumas crianças não apresentam elevações na 
temperatura na presença de enfermidades infecciosas de menor 
importância e podem não sentir a indisposição típica de quem está 
doente. Em outras, os problemas comportamentais e as condições 
relacionadas aparentam melhorar significativamente nos casos de 
enfermidades menos graves, e essas mudanças podem ser 
indicações da presença de alguma enfermidade física. 
 
Intervenções psicossociais 
As metas são focar comportamentos básicos para melhorar as 
interações sociais e a comunicação; ampliar as estratégias de 
integração escolar; desenvolver relacionamentos significativos com 
os pares; e aumentar as habilidades para viver uma vida 
independente no longo prazo. Há diversas opções: Intervenções 
evolutivas e comportamentais intensivas precoces; treinamento de 
habilidades sociais; terapia comportamental; TCC; neurofeedback; 
gerenciamento da insônia; método TEACCH; abordagens de bases 
amplas; abordagens computadorizadas; realidade virtual, etc. 
 
Intervenções psicofarmacológicas 
Os sintomas-alvo da terapia farmacológica incluem irritabilidade, 
agressão, ataques de mau humor, comportamentos autolesivos, 
hiperatividade, impulsividade e desatenção. 
A risperidona é considerada o tratamento medicamentoso de 
primeira linha para irritabilidade grave. Apesar da eficácia, seu uso 
foi limitado em alguns indivíduos pelos efeitos colaterais principais 
de ganho de peso e aumento no apetite; efeitos colaterais 
metabólicos, como hiperglicemia, elevação no nível de prolactina e 
dislipidemia; em combinação com outros efeitos adversos comuns, 
como fadiga, sonolência, tontura e sialorreia. 
A risperidona deve ser usada com muita cautela em indivíduos com 
anormalidades cardíacas ou hipotensão subjacente, considerando 
que pode contribuir para a incidência de hipotensão ortostática. 
Outros medicamentos estudados para o tratamento de irritabilidade 
no TEA incluem o aripiprazol e a olanzapina. 
Vários testes foram realizados com o metilfenidato para tratamento 
de hiperatividade, impulsividade e desatenção em crianças e 
adolescentes com transtorno do espectro autista. O medicamento 
foi considerado seguro e relativamente eficaz. 
Para comportamento repetitivo e estereotipado, pode-se fazer o uso 
de ISRS, antipsicótico atípico e estabilizadores de humor. 
 
OBS: ​As práticas de medicina complementar e alternativa seguras 
no TEA, incluem terapia musical e ioga. O tratamento com 
melatonina é seguro e eficaz. Outras práticas incluem vitamina C, 
multivitaminas, ácidos graxos essenciais, carnosina e carnitina. 
 
 
TRANSTORNOS INCLUÍDOS NO TEA (CID-10) 
A Classificação Internacional de Doenças não é compatível com o DSM-5 e 
ainda inclui designações separadas para a síndrome de Rett e transtornos 
desintegrativo da infância, Asperger e pervasivo do desenvolvimento sem 
outra especificação. Na prática não se distingue mais, tudo está no espectro. 
 
Autismo infantil 
A. ​Desenvolvimento anormal ou prejudicado é evidente antes dos 3 anos de 
idade em pelo menos uma das seguintes áreas: 
(1) linguagem receptiva ou expressiva conforme utilizada na 
comunicação social; 
(2) o desenvolvimento de vínculos sociais seletivos ou de interação 
social recíproca; 
(3) jogo funcional ou simbólico. 
B. Um total de pelo menos 6 sintomas de (1), (2) e (3) devem estar 
presentes, com pelo menos 2 de (1) e pelo menos 1 de (2) e (3): 
(1) Anormalidades qualitativas na interação social recíproca são 
manifestadas em pelo menos 2 das seguintes áreas: 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
(a) fracasso em usar adequadamente contato visual, expressão 
facial, postura corporal e gestos para regular interação social; 
(b) fracasso em desenvolver (de maneira adequada à idade 
mental, e apesar de amplas oportunidades) relacionamentos com 
iguais que envolvem uma troca mútua de interesses, atividades e 
emoções; 
(c) falta de reciprocidade socioemocional conforme demonstrado 
por uma resposta prejudicada ou desviante às emoções de outras 
pessoas; ou falta de modulação de comportamento de acordo com 
o contexto social; ou uma integração fraca de comportamentos 
sociais, emocionais e comunicativos; 
(d) falta de desejo espontâneo de compartilhar alegria, interesses 
ou realizações com outras pessoas (ex: uma falta de objetos de 
interesse para o indivíduo). 
(2) Anormalidades qualitativas na comunicação são manifestadas em 
pelo menos uma das seguintes áreas: 
(a) um atraso no, ou falta total de, desenvolvimento de linguagem 
falada que não seja acompanhada por uma tentativa de 
compensar-se através do uso de gesto ou mímica como uma 
forma alternativa de comunicação (frequentemente precedido por 
uma ausência de balbucio comunicativo); 
(b) fracasso relativo para iniciar ou manter intercâmbio coloquial 
(em qualquer nível de habilidades de linguagem que esteja 
presente), no qual haja responsividade recíproca às comunicações 
da outra pessoa; 
(c) uso estereotipado e repetitivo de linguagem ou uso 
idiossincrático de palavras ou frases; 
(d) ausência de jogo de faz-de-conta espontâneo variado ou 
(quando pequeno) de jogo imitativo social. 
(3) Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades são manifestados em pelo menos uma das 
seguintes áreas: 
(a) uma preocupação abrangente com um ou mais padrões de 
interesse estereotipados e restritos que são de conteúdo e foco 
anormais; ou um ou mais interesses que são anormais em sua 
intensidade e de natureza circunscrita embora não em seu 
conteúdo ou foco; 
(b) adesão aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais 
específicas, não funcionais; 
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos que 
envolvem agitação ou torção das mãos ou dedos, ou movimentos 
do corpo inteiro complexos; 
(d) preocupação com parte de objetos ou com elementos não 
funcionais de materiais de jogo (ex: cheiro, sensação de sua 
superfície ou ruído ou vibração que eles geram). 
C. ​O quadro clínico não é atribuível às outras variedades de transtorno 
global do desenvolvimento; transtorno específico do desenvolvimento da 
linguagem receptiva com problemas socioemocionais secundários; 
transtorno de apego reativo ou transtorno de apego desinibido; retardo 
mental com algum transtorno emocional ou comportamental associado; 
esquizofrenia de início geralmente precoce; e síndrome de Rett. 
 
Autismo atípico 
A. Desenvolvimento anormal ou prejudicado é evidente aos 3 anos ou após 
(critérios para autismo exceto por idade de manifestação). 
B. Há anormalidades qualitativas na interação social recíproca ou na 
comunicação, ou padrões restritos, repetitivos e estereotipados de 
comportamento, interesses e atividades. 
C. O transtorno não satisfaz os critérios diagnósticos para autismo. Autismo 
pode ser atípico em idade de início ou sintomatologia; os dois tipos são 
diferenciadoscom um quinto caractere para fins de pesquisa. Síndromes 
que são atípicas em ambos os sentidos deveriam ser codificadas. 
 
Síndrome de Rett 
A. ​Há um período pré-natal e perinatal aparentemente normal e 
desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os primeiros 5 
meses e circunferência craniana normal no nascimento. 
B. ​Há desaceleração de crescimento da cabeça entre 5 meses e 4 anos e 
perda de habilidades de mão intencionais adquiridas entre 5 e 30 meses que 
estão associadas com disfunção de comunicação concomitante e interações 
sociais prejudicadas e o aparecimento de marcha e/ou movimentos de 
tronco mal coordenados/instáveis. 
C. Há grave prejuízo da linguagem expressiva e receptiva, juntamente com 
grande retardo psicomotor. 
D. Há movimentos de mão de linha média estereotipados (tais como 
torcedura da mão ou “lavagem das mãos”) com início no ou após o período 
em que movimentos de mão intencionais são perdidos. 
 
Outro transtorno desintegrativo da infância 
A. ​O desenvolvimento é aparentemente normal até a idade de pelo menos 2 
anos. Habilidades adequadas à idade em comunicação, relacionamentos 
sociais, jogo e comportamento adaptativo aos 2 anos ou após é necessária. 
B. ​Há uma perda definida de habilidades adquiridas anteriormente ao tempo 
de início do transtorno. O diagnóstico requer uma perda de habilidades 
clinicamente significativa (não apenas um fracasso em utilizá-las em certas 
situações) em pelo menos 2 das seguintes: 
(1) linguagem expressiva ou receptiva; 
(2) jogo; 
(3) habilidades sociais ou comportamento adaptativo; 
(4) controle de intestino ou bexiga; 
(5) habilidades motoras. 
C. ​Funcionamento social qualitativamente anormal é manifestado em pelo 
menos duas das seguintes áreas: 
(1) anormalidades qualitativas na interação social recíproca; 
(2) anormalidades qualitativas na comunicação; 
(3) padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e 
maneirismos; 
(4) uma perda geral de interesse em objetos e no ambiente. 
D. ​O transtorno não é atribuível às outras variedades de transtorno global do 
desenvolvimento; afasia adquirida com epilepsia; mutismo eletivo; síndrome 
de Rett; ou esquizofrenia. 
 
Síndrome de Asperger 
A. ​Não há atraso geral clinicamente significativo na linguagem falada ou 
receptiva ou no desenvolvimento cognitivo. O diagnóstico requer que 
palavras isoladas tenham se desenvolvido aos 2 anos ou mais cedo e que 
frases comunicativas sejam usadas aos 3 anos ou mais cedo. Habilidades 
de autoajuda, comportamento adaptativo e curiosidade sobre o ambiente 
durante os primeiros 3 anos deveriam estar em um nível consistente com o 
desenvolvimento intelectual normal. Entretanto, os marcos motores podem 
ser um pouco atrasados e movimentos desajeitados são usuais (embora não 
seja um aspecto diagnóstico necessário). Habilidades especiais isoladas, 
frequentemente relacionadas a preocupações anormais, são comuns, mas 
não são necessárias para o diagnóstico. 
B.​ Há anormalidades qualitativas na interação social recíproca. 
C. O indivíduo exibe um interesse incomumente intenso, circunscrito ou 
padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses 
e atividades (igual autismo, mas menos usual incluir maneirismos motores 
ou preocupações com partes de objetos ou elementos não funcionais de 
materiais de jogo). 
D. ​O transtorno não é atribuível às outras variedades de transtorno global do 
desenvolvimento; esquizofrenia simples; transtorno esquizotípico; transtorno 
obsessivo-compulsivo; transtorno da personalidade anancástica; transtornos 
de apego reativo ou desinibido da infância. 
 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
 
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE 
Critérios Diagnósticos DSM-5 
 
A. ​Um padrão persistente de desatenção e/ou 
hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no 
desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2): 
1. Desatenção: ​6 (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por 
pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível 
do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas 
atividades sociais e acadêmicas/profissionais: 
Nota: ​Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para 
compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos 
e adultos ( 17 anos), pelo menos 5 sintomas são necessários.≥ 
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou 
comete erros por descuido em tarefas escolares, no 
trabalho ou durante outras atividades (ex: negligência, 
deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso). 
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em 
tarefas ou atividades lúdicas (ex: dificuldade de manter o 
foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas). 
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe 
dirige a palavra diretamente (ex: parece estar com a 
cabeça longe, mesmo na ausência de distração óbvia). 
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não 
consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres 
no local de trabalho (ex: começa as tarefas, mas 
rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo). 
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e 
atividades (ex: dificuldade em gerenciar tarefas 
sequenciais; manter materiais e objetos pessoais em 
ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau 
gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos). 
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver 
em tarefas que exijam esforço mental prolongado (ex: 
trabalhos ou lições de casa; para adolescentes mais velhos 
e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de 
formulários, revisão de trabalhos longos). 
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou 
atividades (materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, 
carteiras, chaves, documentos, óculos, celular). 
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos 
externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode 
incluir pensamentos não relacionados). 
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades 
cotidianas (ex: realizar tarefas, obrigações; para 
adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, 
pagar contas, manter horários agendados). 
 
2. Hiperatividade e impulsividade: ​6 (ou mais) dos seguintes 
sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é 
inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto 
negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas ou 
profissionais: 
Nota: ​Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para 
compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos 
e adultos ( 17 anos), pelo menos 5 sintomas são necessários.≥ 
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou 
se contorce na cadeira. 
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que 
se espera que permaneça sentado (ex: sai do seu lugar em 
sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou 
em outras situações que exijam que se permaneça em um 
mesmo lugar). 
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações 
em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentesou 
adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.) 
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em 
atividades de lazer calmamente. 
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse 
“com o motor ligado” (ex: não consegue ou se sente 
desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em 
restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como 
inquieto ou difícil de acompanhar). 
f. Frequentemente fala demais. 
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a 
pergunta tenha sido concluída (ex: termina frases dos 
outros, não consegue aguardar a vez de falar). 
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez 
(ex: aguardar em uma fila). 
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (ex: mete-se 
nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar 
as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber 
permissão; para adolescentes e adultos, pode 
intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros 
estão fazendo). 
B. ​Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade 
estavam presentes antes dos 12 anos de idade. 
C. ​Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade 
estão presentes em dois ou mais ambientes (ex: em casa, na 
escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades). 
D. ​Há evidências claras de que os sintomas interferem no 
funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem 
sua qualidade. 
E. ​Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de 
esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem 
explicados por outro transtorno mental (ex: transtorno do humor, 
transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da 
personalidade, intoxicação ou abstinência de substância). 
 
Determinar o subtipo: 
314.01 (F90.2) Apresentação combinada: ​Se tanto o Critério A1 
(desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) 
são preenchidos nos últimos 6 meses. 
314.00 (F90.0) Predominantemente desatenta: A1 é preenchido, 
mas A2 não é preenchido nos últimos 6 meses. 
314.01 (F90.1) Predominantemente hiperativa/impulsiva: ​A2 é 
preenchido, mas A1 não é preenchido nos últimos 6 meses. 
 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
Especificar se: 
Em remissão parcial: ​Quando todos os critérios foram preenchidos 
no passado, nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 6 
meses, e os sintomas ainda resultam em prejuízo no funcionamento 
social, acadêmico ou profissional. 
 
Especificar a gravidade atual: 
Leve: ​Poucos sintomas, se algum, estão presentes além daqueles 
necessários para fazer o diagnóstico, e resultam em não mais do 
que pequenos prejuízos no funcionamento social ou profissional. 
Moderada:​ Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave”. 
Grave: ​Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o 
diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente 
graves estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo 
acentuado no funcionamento social ou profissional. 
 
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico 
Atrasos leves no desenvolvimento linguístico, motor ou social não 
são específicos do TDAH, embora costumem ser comórbidos. 
As características associadas podem incluir baixa tolerância à 
frustração, irritabilidade ou labilidade do humor. Comportamento 
desatento está associado a processos cognitivos subjacentes, e 
indivíduos com TDAH podem exibir problemas cognitivos em testes 
de atenção, função executiva ou memória, embora esses testes não 
sejam suficientemente sensíveis ou específicos para o diagnóstico. 
No início da vida adulta, o TDAH está associado a risco aumentado 
de tentativa de suicídio, principalmente quando em comorbidade 
com transtornos do humor, da conduta ou por uso de substância. 
Não há marcador biológico que seja diagnóstico de TDAH. 
Na comparação com pares, crianças com TDAH apresentam EEG 
com aumento de ondas lentas, volume encefálico total reduzido na 
ressonância magnética e, possivelmente, atraso na maturação 
cortical no sentido póstero-anterior, embora esses achados não 
sejam diagnósticos. Nos raros casos em que há causa genética 
conhecida (síndrome do X-frágil, síndrome da deleção 22q11), a 
apresentação do TDAH ainda deve ser diagnosticada. 
 
Epidemiologia 
O TDAH afeta entre 5 a 8% das crianças em idade escolar; 60 a 
85% dos diagnosticados quando crianças continuam a atender aos 
critérios na adolescência, e até 60% permanecem na vida adulta. 
É mais frequente no sexo masculino com proporção de 2:1 nas 
crianças e de 1,6:1 nos adultos. Há maior probabilidade do sexo 
feminino apresentar primariamente características de desatenção. 
 
Etiologia 
Os dados existentes indicam que o TDAH é basicamente genético, 
com uma hereditariedade de cerca de 75%. 
Postulou-se a associação entre diversos neurotransmissores e 
sintomas de TDAH. Entretanto, a dopamina é o foco principal das 
investigações clínicas, e o córtex pré-frontal foi envolvido com base 
no papel que desempenha na atenção e na regulação do controle 
de impulsos. Os agentes estimulantes, reconhecidamente eficazes 
no tratamento de TDAH, afetam a dopamina e a norepinefrina, 
levando à hipótese de que os neurotransmissores podem adicionar 
disfunções aos sistemas adrenérgico e dopaminérgico. 
Alguns estudos eletrencefalográficos encontraram evidências de 
aumentos de atividade na faixa de frequência teta, principalmente 
nas regiões frontais. Estudos posteriores produziram dados 
mostrando atividade beta elevada. 
Alguns pesquisadores levantaram a hipótese da existência de redes 
cerebrais que promovem componentes da atenção, incluindo foco, 
atenção sustentada e mudança de atenção. Eles descrevem a 
presença de correlações neuroanatômicas entre os córtices superior 
e temporal, focalizando a atenção; nas regiões parietal e estriatal 
externas com funções motoras executivas; no hipocampo com 
codificação de traços de memória; e no córtex pré-frontal, 
deslocando-se de um estímulo para outro. Outras hipóteses 
sugerem o envolvimento do tronco cefálico, que contém a função do 
núcleo talâmico reticular na atenção sustentada. 
Uma revisão das imagens por RM, PET E SPECT indica que 
crianças com TDAH apresentam reduções volumétrica e de 
atividade nas regiões pré-frontais, do cingulado anterior, do globo 
pálido, do caudado, do tálamo e cerebelo. Varreduras por PET 
mostraram também que adolescentes do sexo feminino com TDAH 
apresentam metabolismo mais baixo da glicose total. 
Uma das teorias postula que os lobos frontais de crianças com 
TDAH não inibem de forma adequada as estruturas cerebrais 
inferiores, efeito que leva a desinibição. 
As taxas de incidência de TDAH são mais elevadas em crianças 
com nascimento prematuro e cujas mães tiveram infecções na 
gestação. Em alguns casos, insulto perinatal ao cérebro na fase 
inicial da infância causado por infecção, inflamação ou trauma 
podem ser fatores que contribuem para o surgimento de sintomas. 
Acredita-se que a exposição pré-natal às infecções típicas de 
inverno no primeiro trimestre de gestação possa contribuir para o 
surgimento de sintomas de TDAH em crianças mais suscetíveis. 
Fatores como abuso crônico grave, maus-tratos e negligência estão 
associados a determinados sintomascomportamentais que se 
sobrepõem ao TDAH, incluindo falta de atenção e controle precário 
dos impulsos. Os fatores predisponentes incluem o temperamento 
das crianças e fatores genéticos familiares. 
 
Desenvolvimento e Curso 
Muitos pais observam pela primeira vez uma atividade motora 
excessiva quando a criança começa a andar, mas é difícil distinguir 
os sintomas do comportamento normal, que é altamente variável, 
antes dos 4 anos. Na pré-escola, a principal manifestação é a 
hiperatividade. O TDAH costuma ser identificado com mais 
frequência no ensino fundamental, com a desatenção ficando mais 
saliente e prejudicial. O transtorno fica relativamente estável nos 
anos iniciais da adolescência, mas alguns indivíduos têm piora, com 
o desenvolvimento de comportamentos antissociais. 
Na maioria, sintomas de hiperatividade motora ficam menos claros 
na adolescência e na vida adulta, embora persistam dificuldades 
com planejamento, inquietude, desatenção e impulsividade. 
Na adolescência, sinais de hiperatividade são menos comuns, 
podendo limitar-se a comportamento mais irrequieto ou sensação 
interna de nervosismo, inquietude ou impaciência. Na vida adulta, 
além da desatenção e da inquietude, a impulsividade pode 
permanecer problemática, mesmo quando ocorreu redução da 
hiperatividade. 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
Fatores de Risco e Prognóstico 
Temperamentais: O TDAH está associado a níveis menores de 
inibição comportamental, de controle à base de esforço ou de 
contenção, a afetividade negativa e/ou maior busca por novidades. 
Ambientais: ​Muito baixo peso ao nascer (< 1.500g) confere um 
risco 2 a 3 vezes maior para TDAH, embora a maioria das crianças 
com baixo peso ao nascer não desenvolva transtorno. Embora o 
TDAH esteja correlacionado com tabagismo na gestação, parte 
dessa associação reflete um risco genético comum. Uma minoria de 
casos pode estar relacionada a aspectos da dieta. Pode haver 
história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, 
exposição ao chumbo, infecções (ex: encefalite) ou exposição ao 
álcool no útero. Exposição a toxinas ambientais foi correlacionada 
com TDAH subsequente, embora não se saiba se são causais. 
Genéticos e fisiológicos: ​TDAH é frequente em parentes 
biológicos de 1º grau com o transtorno. A herdabilidade é 
substancial. Genes específicos foram correlacionados, mas não 
constituem fatores causais necessários ou suficientes. Deficiências 
visuais e auditivas, anormalidades metabólicas, transtornos do 
sono, deficiências nutricionais e epilepsia devem ser considerados 
influências possíveis. TDAH não está associado a características 
físicas específicas, ainda que taxas de anomalias físicas menores 
(ex: hipertelorismo, palato bastante arqueado, baixa implantação de 
orelhas) possam ser relativamente aumentadas. 
Modificadores do curso: ​Padrões de interação familiar no começo 
da infância provavelmente não causam TDAH, embora possam 
influenciar seu curso ou contribuir para o desenvolvimento 
secundário de problemas de conduta. 
 
Consequências Funcionais do TDAH 
TDAH está associado a desempenho escolar e sucesso acadêmico 
reduzidos, rejeição social e, nos adultos, piores desempenho, 
sucesso e assiduidade no campo profissional e maior probabilidade 
de desemprego, além de altos níveis de conflito interpessoal. 
Crianças com TDAH apresentam probabilidade significativamente 
maior de desenvolver transtorno da conduta e transtorno da 
personalidade antissocial, aumentando, assim, casos de transtornos 
por uso de substâncias e prisão. O risco subsequente para 
transtornos por uso de substâncias é alto, especialmente quando se 
desenvolve transtorno da conduta ou da personalidade antissocial. 
Indivíduos com TDAH são mais propensos a sofrer lesões. 
Acidentes e violações de trânsito são mais frequentes em 
condutores com o transtorno. 
Pode haver probabilidade aumentada de obesidade. 
Autodeterminação variável ou inadequada a tarefas que exijam 
esforço prolongado frequentemente é interpretada pelos outros 
como preguiça, irresponsabilidade ou falta de cooperação. 
As relações familiares podem se caracterizar por discórdia e 
interações negativas. Relações com os pares costumam ser 
conturbadas devido à rejeição por parte daqueles, negligência ou 
provocações em relação ao indivíduo com TDAH. 
Em média, pessoas com o transtorno alcançam escolaridade 
menor, menos sucesso profissional e escores intelectuais reduzidos 
na comparação com seus pares, embora exista grande 
variabilidade. 
 
Diagnóstico Diferencial 
Transtorno de oposição desafiante: ​Indivíduos com transtorno de 
oposição desafiante podem resistir a tarefas profissionais ou 
escolares que exijam autodeterminação pois resistem às exigências 
dos outros. Seu comportamento caracteriza-se por negatividade, 
hostilidade e desafio. Tais sintomas devem ser diferenciados de 
aversão à escola ou a tarefas de alta exigência mental causadas 
por dificuldade em manter esforço mental prolongado, 
esquecimento de orientações e impulsividade. Alguns indivíduos 
com TDAH podem desenvolver atitudes de oposição secundárias. 
Transtorno explosivo intermitente: Aqui, há agressividade 
importante dirigida aos outros e não há problemas em manter a 
atenção como se vê no TDAH. Além disso, ele é raro na infância. 
Outros transtornos do neurodesenvolvimento: ​No transtorno do 
movimento estereotipado, o comportamento motor costuma ser fixo 
e repetitivo, enquanto a inquietude e a agitação no TDAH costumam 
ser generalizadas. No transtorno de Tourette, tiques múltiplos e 
frequentes podem ser confundidos com a inquietude generalizada. 
Transtorno específico da aprendizagem: ​Crianças com um 
transtorno específico da aprendizagem podem parecer desatentas 
devido a frustração, falta de interesse ou capacidade limitada, mas 
não acarreta prejuízos fora dos trabalhos acadêmicos. 
Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento 
intelectual)​: Sintomas de TDAH são comuns entre crianças 
colocadas em ambientes acadêmicos inadequados à sua 
capacidade intelectual. Nesses casos, os sintomas não são 
evidentes durante tarefas não acadêmicas. Um diagnóstico de 
TDAH na deficiência intelectual exige que desatenção ou 
hiperatividade sejam excessivas para a idade mental. 
Transtorno do espectro autista: ​Crianças com TEA podem ter 
ataques de raiva devido a incapacidade de tolerar mudanças no 
curso dos eventos. Em contraste, crianças com TDAH podem se 
comportar mal ou ter um ataque de raiva durante alguma transição 
importante devido a impulsividade ou autocontrole insatisfatório. 
Transtorno de apego reativo: Essas crianças podem apresentar 
desinibição social, mas não o conjunto completo de sintomas de 
TDAH, exibindo, ainda, outras características, tais como ausência 
de relações duradouras, que não são características do TDAH. 
Transtornos de ansiedade: ​Indivíduos com TDAH são desatentos 
pela atração por estímulos externos, atividades novas ou predileção 
por atividades agradáveis. Isso é diferente da desatenção por 
preocupação e ruminação dos transtornos de ansiedade. 
Transtornos depressivos: ​Indivíduos com transtornos depressivos 
podem apresentar incapacidade de se concentrar. Entretanto, a 
dificuldade ficaproeminente apenas durante o episódio depressivo. 
Transtorno bipolar: ​Indivíduos com transtorno bipolar podem ter 
aumento da atividade, dificuldade de concentração e aumento na 
impulsividade. Essas características, entretanto, são episódicas. No 
transtorno bipolar, aumento na impulsividade ou desatenção é 
acompanhado por humor elevado, grandiosidade e outras 
características bipolares específicas. Crianças com TDAH podem 
apresentar mudanças importantes de humor em um mesmo dia; 
essa labilidade é diferente de um episódio maníaco, que deve durar 
4 dias ou mais. O transtorno bipolar é raro em pré-adolescentes, 
mesmo quando irritabilidade grave e raiva são proeminentes, ao 
passo que o TDAH é comum entre crianças e adolescentes. 
Distúrbios Psiquiátricos e Comportamentais 
Maysa Araújo Gomes Ferraz FPS MED14 
 
Transtorno disruptivo da desregulação do humor: ​O transtorno 
caracteriza-se por irritabilidade pervasiva e por intolerância a 
frustração, mas impulsividade e atenção desorganizada não são 
aspectos essenciais. A maioria, no entanto, preenchem critérios 
para TDAH, que deve ser diagnosticado em separado. 
Transtorno por uso de substância: ​Diferenciar esses transtornos 
pode ser um problema se a primeira apresentação dos sintomas do 
TDAH ocorrer após o início do abuso ou uso frequente. Evidências 
claras de TDAH antes do uso problemático de substâncias, obtidas 
por meio de informantes ou registros prévios, podem ser essenciais 
para o diagnóstico diferencial. 
Transtornos da personalidade: ​Em adolescentes e adultos, pode 
ser difícil diferenciar TDAH dos transtornos da personalidade 
borderline, narcisista e outros transtornos da personalidade. Todos 
tendem a compartilhar características de desorganização, intrusão 
social, desregulação emocional e desregulação cognitiva. O TDAH, 
porém, não é caracterizado por medo do abandono, autolesão, 
ambivalência extrema ou outras características de transtornos da 
personalidade. Pode haver necessidade de observação prolongada 
para que seja feito esse diagnóstico diferencial. 
Transtornos psicóticos: ​O TDAH não é diagnosticado se os 
sintomas de desatenção e hiperatividade ocorrem exclusivamente 
durante o curso de um transtorno psicótico. 
Sintomas de TDAH induzidos por medicamentos: Desatenção, 
hiperatividade ou impulsividade atribuíveis ao uso de medicamentos 
(broncodilatadores, isoniazida, neurolépticos, terapia de reposição 
para a tireoide) são diagnosticados como transtorno por uso de 
outra substância ou transtorno relacionado a outra substância (ou 
substância desconhecida não especificada). 
Transtornos neurocognitivos: Essas condições são diferenciadas 
do TDAH por seu início tardio. Não se sabe se transtorno 
neurocognitivo maior precoce (demência) e/ou transtorno 
neurocognitivo leve estão associados ao TDAH, embora possam se 
apresentar com características clínicas semelhantes. 
 
Comorbidade 
Transtorno de oposição desafiante, transtorno da conduta, 
transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno 
específico da aprendizagem são comumente comórbidos. 
Transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e transtorno 
explosivo intermitente ocorrem em uma minoria de indivíduos, 
embora com maior frequência do que na população em geral. 
Ainda que transtornos por abuso de substância sejam relativamente 
mais frequentes entre adultos com TDAH na população em geral, 
estão presentes em apenas uma minoria deles. Nos adultos, 
transtorno da personalidade antissocial e outros transtornos da 
personalidade podem ser comórbidos. Outros transtornos incluem o 
TOC, os transtornos de tique e o transtorno do espectro autista. 
 
Farmacoterapia 
A terapia farmacológica é o tratamento de primeira linha para 
TDAH. Os estimulantes do SNC são a primeira escolha de agentes 
levando-se em conta que têm maior eficácia, e os efeitos colaterais 
geralmente são toleráveis. Esses agentes são contraindicados em 
indivíduos com anormalidades e riscos cardíacos conhecidos. 
 
Disponíveis no Brasil: 
- Preparações de metilfenidato: ​Ritalina, Concerta. 
- Preparações de dextroanfetamina:​ Dexedrine. 
- Lisdexanfetamina: ​Venvanse. 
Dexedrine pode ser usado a partir dos 3 anos. Os outros, aos 6. 
 
As preparações de metilfenidato são altamente eficazes em até 
75% das crianças com TDAH, com poucos efeitos adversos. 
Venvanse (dimesilato de lisdexanfetamina) é um pró-medicamento 
da dextroanfetamina que depende do metabolismo intestinal para 
atingir a forma ativa. Ele ermanece inativo até a metabolização, é 
um agente com menor probabilidade de risco de abuso ou de 
overdose. Efeitos colaterais e eficácia assemelham-se aos outros. 
Os medicamentos não estimulantes aprovados pela FDA incluem a 
atomoxetina, um inibidor da recaptação de norepinefrina (alerta: 
aumento potencial em pensamentos ou comportamentos suicidas). 
Descobriu-se que alfa-agonistas, incluindo clonidina e guanfacina, 
também são medicamentos eficazes no tratamento de TDAH. 
Bupropiona tem sido usada com vários graus de sucesso. 
 
OBS: ​Recomenda-se verificar trimestralmente estatura, peso, PA e 
pulso e fazer um exame físico anual em crianças e adolescentes 
que estejam em tratamento com estimulantes. 
 
Intervenções psicossociais 
Psicoeducação, habilidades de organização acadêmica, 
reabilitação, treinamento de pais, modificação comportamental na 
sala de aula e em casa, TCC e treinamento em habilidades sociais. 
O nível de ansiedade diminui quando as crianças recebem ajuda 
para estruturar seus ambientes. Uma das metas terapêuticas mais 
comuns é ajudar os pais de crianças com TDAH a reconhecer e 
promover a noção de que, mesmo que não consigam apresentar 
“voluntariamente” os sintomas do transtorno, as crianças ainda 
podem ser capazes de atingir expectativas razoáveis.

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