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Índice
Evolucionismo	2
Difusionismo	3
Funcionalismo	4
Estruturalismo	5
Pós-modernismo	5
Antropologia cultural	6
Parentesco	7
Atividade formativa 1	9
1.	Leia a frase 1 e indique de que forma se articula alteridade e relativismo cultural, justificando com elementos da frase [150 palavras].	10
2.	Leia a frase 1 e 2 e indique como o interesse antropológico sobre a alteridade se manifesta no trabalho de campo dos/as antropólogos/as. [200 palavras].	10
Questões E-fólio	11
1.	Será a diferença cultural forçosamente divisiva? Não há algo em comum na humanidade? Explique e dê exemplos comentando a Frase 1. [200-250 palavras]	11
3.	Releia. Explique de que forma procurou a antropologia superar os "vínculos" que a prendiam às sociedades onde se desenvolveu como disciplina, através dos seus métodos de investigação? [400 - 500 palavras]	14
4.	Identifique, entre as denominadas teorias clássicas, uma cujo contributo foi decisivo para a afirmação social e institucional da antropologia. Justifique a sua opção. [200-250 palavras].	15
6.	Releia a frase de Marcel Proust. Demonstre de que forma a luta pela "continuidade da vida" se pode observar na emergência de teorias e escolas antropológicas ao longo do século XX. [500 - 600 palavras]	17
8.	Em que consiste a Antropologia Aplicada? Dê exemplos.	19
9.	As origens teóricas e os debates sobre o conceito de família são recorrentes desde a fundação da antropologia como ciência no século XIX. Qual a relevância dos estudos sobre a “família” em antropologia?	20
10.	No contexto da antropologia política, identifique a analise as diferentes formas em que se consubstancia o “poder”.	20
11.	Analise que relações se podem estabelecer entre o conceito de etnocentrismo e a prática de investigação antropológica.	20
12.	Analise a frase e compare, descrevendo, as preocupações éticas do antropólogo nos anos sessenta e na atualidade?	22
13.	Segundo Tim Ingold: “(…) a antropologia não é o mero estudo das pessoas, mas o estudo com as pessoas.” (in Barnard, 2006, ix-xii). Considerando a prática da antropologia, comente o significado da afirmação de Tim Ingold.	22
14.	Enquanto o estrutural-funcionalismo de Radcliffe-Brown se preocupava acima de tudo com o funcionamento do sistema social, o estruturalismo de Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse mesmo sistema, assim como provar a universalidade dessa origem. Identifique e explique os diferentes pressupostos de Radcliffe-Brown e de Lévi-Strauss na abordagem do sistema social.	24
15.	Que relação pode estabelecer entre o papel da antropologia na Segunda Grande Guerra e o seu uso atual na esfera militar.	25
16.	Explique, na perspetiva antropologia política, o tipo de sociedade em causa e as suas características.	26
17.	Efetue uma reflexão sobre a antropologia e o modo como esta se confronta com a alteridade. (50-70linhas)	27
18.	Para Hoebel e Frost (2001,172) a morte é universalmente considerada como um acontecimento socialmente significativo. Explique a relevância social da morte descrevendo as suas manifestações e práticas associadas no quadro das relações de parentesco. (50-70 linhas)	27
19.	Como se desenvolveu e em que consiste a observação participante? (30-40 linhas)	28
20.	O evolucionismo, enquanto teoria clássica antropológica, influenciou fortemente as perspetivas sobre o ser humano durante o século XIX, influenciando o surgimento posterior de novas teorias, inclusive contrárias às suas premissas iniciais. Explique esta afirmação. (30-40 linhas)	29
21.	Em que consiste a Antropologia Aplicada? Dê exemplos.	30
22.	A Antropologia política aborda as diferentes relações entre poder e organização social. Explique uma das definições de poder, e exemplifique. (30- 40 linhas)	31
23.	Explicite as similaridades e as diferenças entre o trabalho etnográfico desenvolvido por Franz Boas e o de Bronislaw Malinowski.	32
24.	Comente a frase considerando a crítica subjacente a determinada perspetiva teórica, assim como a postura da antropologia face às similaridades e diferenças com que convive na sua prática. (550-600 palavras)	33
Evolucionismo
Das quatro grandes perspetivas teóricas clássicas o evolucionismo é a que mais destaca dado o seu contributo para a afirmação social e institucional da antropologia como Ciência Social. A antropologia afirma-se através do colonialismo, altura em que o evolucionismo surge como uma linha de pensamento que tentava explicar a diversidade cultural. Para Lewis Morgan e Edward Tylor as culturas estavam constantemente a mutar-se. Estes dois autores trabalhavam os dados recolhidos por outros no campo e trabalhavam-nos, sem ir diretamente recolhê-los in loco. Morgan estabeleceu três estágios da sociedade: “Selvajaria”, “Barbárie” e “Civilização”, afirmando que o povo egípcio se encontrava neste último estágio. Segundo Morgan, podíamos afirmar que os povos egípcios poderiam ser considerados os mais civilizados, pois estabeleciam hierarquias na sua sociedade. Portanto, para o autor as sociedades passavam por um desenvolvimento sociocultural, onde algumas culturas se afirmavam mais desenvolvidas que outras em diferentes locais, afirmando ainda que era através da sua história cultural e outros fatores como a industrialização e a ciência que podíamos compreender a evolução. Contudo, acreditava também que era através do estudo de instituições (ex.: família, religião) que podíamos observar a passagem do estágio de “barbárie” até a “civilização”. Esta evolução é feita através da propriedade privada, onde é conferido ao Estado o papel de organizar a cultura em questão, por exemplo, o grau de complexidade que atribuem ao parentesco (que existem em todas sociedades, no entanto diferem de significado). Esta corrente teórica apresenta, no entanto, alguns pontos fracos, pois os processos históricos são simplificados no estabelecimento de estágios de desenvolvimento e os antropólogos de escritório não fizeram a investigação de campo.
Difusionismo
O difusionismo surgiu no fim do século XIX, como objetivo de conferir as diferenças e semelhanças culturais. Esta perspetiva surge para se opor ao evolucionismo, pois os difusionistas acreditavam que o processo de partilha e difusão cultural eram os responsáveis pela evolução de uma cultura social. Apesar disso, não rejeita totalmente as ideias do evolucionismo. Associado a esta perspetiva surgiu o particularismo histórico definido pela individualidade do seu principal autor, Franz Boas. Assim, o particularismo histórico tratou-se de uma reação ao evolucionismo, defendendo que a história cultural de uma sociedade devia ser construída em factos palpáveis obtidos através do trabalho de campo, compreendo que cada cultura é única e que por isso deve ser entendida na perspetiva do observador que deve apoiar-se em base como: valores, normas emoções, entre outras. Todavia, muitos discípulos de Boas encontravam-se insatisfeitos com esta definição, fazendo emergir o configuracionismo que defendia a ideia de que a integração e a singularidade do todo. Acreditava, portanto, que a relação psicológica entre a cultura e a personalidade dos membros era o que definia a sociedade. Todavia esta perspetiva mostra dificuldades em mostrar inovações que partam de um único ponto de partida. Também muitas das suas invenções e ideias culturais evoluem de modo independente e ainda, considera a cultura muito unitária.
(Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019, p. 72)
Funcionalismo
O funcionalismo apareceu no início do século XX contrariando as correntes evolucionistas e difusionistas. Malinowski e Radcliffe Brown são os antropólogos que mais contribuíram e mais importantes desta corrente. Estes autores acreditavam a sociedade deveria ser isolada das perspetivas históricas tanto na evolução como na difusão com outras sociedades e deveria fazer-se uma análise mais profunda que considerasse a integração funcional dos elementos pertencentes às sociedades. Para Malinowski, os elementos culturais apenas satisfaziam as necessidades dos indivíduos sociais e não as outras necessidades definidas pela nossabiologia, por exemplo: reprodução, conforto corporal, segurança, relaxamento. Radcliffe Brown, no entanto, acreditava que a questão não definir se a cultura se colocava ao serviço das necessidades individuais, mas sim entender a forma como a cultura contribuía para a manutenção da estrutura social e que esta estrutura era composta por todas as relações sociais que existem nesta sociedade. Nesta teoria, analisa-se, por exemplo, as diferentes reações às tensões sociais, como por exemplo: relações matrimoniais. Este autor ainda defendia que parentes de gerações distintas evitavam contactos frequentes. Foi então que a sua escola obteve a denominação de estruturo-funcionalismo, aliando-se também a necessidade de competição académica com Malinowski. Esta teoria defendia a ideia de que o investigador deve estudar cada todos os detalhes (até o mais simples) de cada cultura, todavia esta crença apresentava algumas falhas: sincronia, erros de informação e o instrumento de pesquisa ser o próprio antropólogo.
Estruturalismo
O estruturalismo tem como finalidade identificar as estruturas gerais de um todo (humanidade), através da análise das suas partes (culturas distintas). Segundo Levi-Strauss era necessário que a antropologia compreendesse a estrutura social por meio da análise dessa estrutura de forma profunda em culturas distintas principalmente através do trabalho do campo. Desta forma, a análise das diferentes culturas acabaria por nos levar ao entendimento das similaridades, levando a que cada cultura contribuísse com dados que nos permitissem a compreensão da humanidade. O autor defendia a ideia as culturas apresentavam sempre estruturas sociais semelhantes, apesar da sua distância. Outro assunto que Strauss abordou foi a similaridade do parentesco. Isto é, afirmava que o casamento devia ser apenas celebrado entre membros de famílias diferentes, proporcionando desta maneira a formação da sociedade. Nesta perspetiva encontramos, contudo, uma falha de credibilidade entre os resultados causada pelos métodos de estudos das estruturas subjetivas. da mente e da introspeção. Alguns críticos consideravam que esta corrente teórica mostrava demasiada preocupação com os comportamentos internos e que estes não são diretamente observáveis e que por isso não podem ser medidos.
Pós-modernismo
Todas as escolas anteriores surgiram para desenvolver e estruturar a antropologia, no entanto, esta perspetiva afirmava-se neo-evolucionista. Com uma espécie de ressurgimento, utilizava como princípio de pesquisa o método comparativo. Esta perspetiva reaparece nos Estados Unidos da América com Julian Steward, Leslie White e George Peter Murdock. Stewrad fez uma abordagem ecológica onde demostrava que cada cultura se adaptava às circunstâncias ambientais (evolucionismo multilinear). Por sua vez, White criou a teoria geral da evolução baseada no controlo da energia (unilinear), apresentando uma preocupação com a cultura material. Por fim, Murdock privilegiava a estrutura social e o parentesco como objeto de estudo através do método comparativo alargado. Ainda surgiu outra abordagem nesta escola, a neofuncionalista. Esta perspetiva abordava a cultura materialista, isto é, consideravam que a cultura e as organizações sociais adaptam-se de forma funcional e que permitem às sociedades uma exploração bem-sucedida do ambiente sem esgotar os seus recursos ecológicos. O defensor desta teoria foi Roy Rappaport que pretendia demonstrar que a biologia é aplicável ao estudo das sociedades através de perspetivas mais ecológicas. Ainda outra corrente surge, desvalorizando a perspetiva americana, o neomarxismo. Esta perspetiva teórica contraria a ideia dos mecanismos de retorno e das adaptações bem-sucedidas ao ambiente, enaltecendo como ideia principal a dinâmica das sociedades. O autor Godelier dava preferência as relações socias sobre a tecnologia e as atividades funcionais, defendendo a ideia de que a superestrutura era essencial. Este mostrou ainda que as relações de parentesco eram fundamentais para as estruturas das sociedades. As ideias sobre a sociobiologia de Darwin são retomadas nos anos 60, surgindo a perspetiva neodarwinista. Nesta altura tentava-se explicar o comportamento humano com a teoria evolucionista de Darwin, demonstrando que os seres humanos são organismos biológicos e por isso estão sujeitos às leis de evolução.
Antropologia cultural
Nesta disciplina é importante o estudo antropológico do parentesco. Este torna-se necessário para o entendimento da funcionalidade das estruturas da sociedade, quer seja na sua organização política, económica e/ou social. Ou seja, esta teoria explica que para a sua sobrevivência, os indivíduos têm obrigatoriamente se se organizar em grupos que cooperem entre eles, baseando-se no parentesco. Portanto, o parentesco acabava por criar uma entreajuda de caráter vital nas atividades como como: a agricultura, a economia, a caça, a política, a guerra, entre outros, isto é, todos os fatores necessários e fundamentais para a existência e vida humana. Há que referir que o conceito de parentesco não se limitava apenas as relações de consanguinidade, pois as relações de parentesco em grupos sociais também se definiam através da afinidade (parentesco fictício). Temos ainda que ressaltar que esta estrutura baseada no parentesco era fundamental desde as sociedades primitivas e que em tempos contemporâneos continua a ser crucial no que toca a sociedades mais tradicionais, pois apoiam bases para a economia, política, trabalho e até o próprio Estado. Contudo, não só nas sociedades tradicionais é de grande importância, pois nas sociedades ocidentais grande parte das leis e legislações relacionam-se diretamente com a família e com os direitos de sucessão e herança.
Parentesco
Com os evolucionistas surgiu o estudo antropológico do parentesco e das relações sociais. Segundo o evolucionismo as relações sociais são o resultado da interação interpessoal e das diferentes ideias universais de cultura numa sociedade, tornando-se este o objeto de análise desde o início da Antropologia como Ciência Social. Portanto, o parentesco é um fator fundamental para a compreensão das estruturas das sociedades, nas suas organizações: económicas, políticas e sociais. Na atualidade, o ciclo da vida e as relações de parentesco divergem das perspetivas iniciais de estudo dos antropólogos. Desta forma, para melhor compreensão das especificidades do parentesco e consequentemente do ciclo da vida, temos que considerar sete princípios aliados a classificação de parentesco: geração, linear versus colateral, género, idade relativa, consanguinidade versus afinidade, sexo e bifurcação. Todas com a suas próprias características. Associado diretamente ao ciclo da vida surge-nos a reprodução, pois esta garante a renovação do ciclo no tempo. Nesta linha podemos definir a nossa vida em quatro momentos distintos, nascimento, infância e puberdade, maturidade e a morte.
O nascimento começa com a conceção, o início do ciclo da vida. Bronislaw Malinowski acreditava que a conceção é milagrosa e por outro lado, o povo de Baruya, afirmava que o contacto sexual entre a mulher e o homem durante a gestação era essencial para que o bebé nasça com saúde. Portanto, é nos possível observar as diferentes perspetivas concebidas sobre o momento da conceção, havendo ainda teorias diferentes sobre a preparação e o parto que depende da sociedade onde estamos inseridos. Relativamente ao pós-parto também existem diversas visões como por exemplo: “em alguns casos após o parto a mulher retoma as suas atividades sendo o homem quem vai para a cama para recuperar do parto.”
 (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019, p. 142).
Na segunda fase do nosso ciclo da vida, temos a infância e a puberdade. É nesta altura que se faz a transição até a fase da maturidade, principalmente na capacidade sexual e no estatuto social, onde, por exemplo, as mulheres passam pela menstruação. Na terceira fase encontramos a maturidade. Muitas vezes esta fase é assinalada com o casamento,onde se definem o início de novas funções. Todavia, ainda se considera que esta fase só se inicia na constituição de família, isto é, com o nascimento de um filho. Por fim, temos o último estágio do nosso ciclo, a morte. Nesta fase importa questionarmos se será mesmo o fim do ciclo ou a continuidade deste. Portanto, para os que partem, acaba por se fechar o ciclo, no entanto, para os que continuam vivos trata-se de uma continuidade. Quer dizer existe esta continuidade após os rituais associados à morte, por isso, consideramos que estes são a preparação (rutura emocional) para os que cá continuam a viver, adaptando-se à ausência deste membro.
A partir, destas perspetivas podemos dizer que o parentesco pode ser considerado real ou fictício. Consideramos real quando existe consanguinidade, isto é, uma relação biológica entre os indivíduos e é considerado fictício quando efetivamente existe uma relação que não inclui qualquer ligação biológica ou consanguinidade (por ex.: cunhados). Aqui fazemos também a distinção entre descendência e filiação. Portanto, a descendência diz respeito a origem do individuo e a filiação traz-nos uma definição menos especifica e mais social, ou seja, associa-se o termo filiação ao momento em que um determinado individuo inicia a sua pertença a uma sociedade em específico. Esta inicia-se vincula-se com a estipulação de regras e normas que se associam a direitos e deveres que irão consequentemente garantir a transmissão de cultura entre gerações, levando-nos a concluir que sem a filiação determina a nossa posição concreta na sociedade e define no nosso núcleo social com quem podemos efetivamente casar ou não sem cometer incesto. Quer dizer, sem esta estrutura filial não haveria regras e afetaria em consequência o desenvolvimento das sociedades. Apesar desta conceção ideológica, se olharmos para o incesto numa visão de parentesco real sabemos que é rejeitado automaticamente pelas sociedades contemporâneas e se analisarmos através de uma perspetiva fictícia (dois irmãos não de sangue, um biológico, outro adotado), temos perante o estatuto social uma relação de irmãos, todavia o matrimonio entre estes não é incesto pois ambos não partilham uma relação de consanguinidade. Por isso, a filiação acaba por ser mais importante pois impõe limites sobre direitos e obrigações sobre heranças e sucessões, como também define os papéis e os estatutos sociais numa sociedade.
O conceito de família é um dos mais importantes na antropologia, principalmente no estudo do parentesco, apesar das suas ligações à alteridade pela diversidade cultural associada. Portanto, podemos encontrar diferentes conceções de família em diferentes culturas, como por exemplo, a monogamia, as cargas emocionais e ideológicas, as crenças religiosas, os defensores dos direitos humanos, entre outros. Schneider defendia que “a família é uma unidade cultural particular que compreende diversos parentes (…) não exclusivamente consanguíneas”. (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019, p. 157) Ainda assim, Murdock advoga quatro funções da família: sexual, reprodutiva, educativa e económica. 
Atividade formativa 1
Frase 1: (...) a especificidade da abordagem antropológica reside neste interesse central pelo estudo da relação com o outro, tendo em conta a forma como este último se insere no contexto social. (Augé e Colleyn, 2008, 16).
Frase 2: "A qualidade da observação participante é o mimetismo: fazer como os outros, para os levar a esquecer o mais possível a sua diferença, ao mesmo tempo comunicar, graças à aquisição de elementos da língua da terra e à expressão de calor humano." (Rivière, 2014: 25).
1. Leia a frase 1 e indique de que forma se articula alteridade e relativismo cultural, justificando com elementos da frase [150 palavras].
Sendo uma das Ciências Sociais, a antropologia, estuda a cultura como a totalidade de padrões que o ser humano aprende e desenvolve. A alteridade diz respeito ao reconhecimento de outras culturas, isto é, trata-se de reconhecer que existem culturas e pessoas singulares que pensam e agem de forma diferente consoantes as suas crenças do Mundo. Portanto, sabemos a partida que existe uma dificuldade para o antropólogo para colocar de parte a sua cultura, valores e princípios para emergir noutra cultura e aprendizagem dos hábitos de outro individuo, pois, as relações com outros são o que nos permitem ter consciência própria. Portanto, o relativismo cultural traduz esta capacidade de nos colocarmos neste lugar sem julgar ou desvalorizar as ideologias e crenças. Esta ideologia tem o objetivo de nos livrar do etnocentrismo, levando-nos a respeitar os valores e crenças associados às culturas alheias.
2. Leia a frase 1 e 2 e indique como o interesse antropológico sobre a alteridade se manifesta no trabalho de campo dos/as antropólogos/as. [200 palavras].
Tendo em conta a construção da sociedade como uma cultura altamente diversificada em especial em contexto de globalização, antropologia tem de se centrar na alteridade para conseguir entender de forma mais clara a cultura no seu todo e em qualquer parte. Nesta ordem de ideias e com a pretensão de aprofundar o entendimento sobre outras culturas criou-se um conjunto de métodos de investigação e recolha de dados dos objetos em estudo. A observação participante e etnografia destacam-se então pelos grupos focais, técnicas de entrevista de grupo, indicadores sociais e questionários, que levam em conta o outro e cultura como diferentes. Para se iniciar este trabalho de campo requerem-se cuidados e que caso necessário reajustamentos comportamentais nesta nova forma de vida, por exemplo, podem ser necessárias adaptações linguísticas ou físicas. O objetivo é tentar ganhar a confiança dos pertencentes a esta comunidade sem se tornar alguém indesejado (invasor), como também familiarizar-se com a localidade. Se este objetivo for cumprido torna-se mais fácil a inserção do antropólogo, evitando situações aflitivas. Se for cumprida com sucesso a receção comunitária antropólogo mais facilmente obtém os dados necessários para a investigação, sem ferir suscetibilidades. Contudo, para se conseguir ter esta capacidade é necessário libertar-se de todas as ideias preconcebidas e preconceitos e até da sua cultura, isto é, só através deste desprendimento, o antropólogo poderá experienciar e entender uma outra cultura alheia. Concluindo, para entendermos outros contextos sociais é necessário a nossa interação dentro do mesmo. Precisamos de vivenciar o quotidiano, a cultura e o modo de vida para conseguirmos analisar esta cultura do ponto de vista de um membro da sociedade em questão. Pretendemos então não retirar ilações erradas e mal concebidas, aproveitando o processo para refletirmos sobre o nosso próprio eu e como antropólogos entendermos que o outro é diferente de nós. Portanto os antropólogos devem com isto, deixas os seus próprios valores e princípios sociais para serem capazes de se enquadrarem em outro tanto no tempo como no espaço, ainda tentando ver-se a si próprio com o olhar do outro, como se de facto de outro se tratasse.
Questões E-fólio
"As diferenças e as similaridades são as duas faces da mesma moeda." (Barnard, 2006: 5)
1. Será a diferença cultural forçosamente divisiva? Não há algo em comum na humanidade? Explique e dê exemplos comentando a Frase 1. [200-250 palavras]
Lúcio Sousa afirma que a antropologia ao contrário das outras Ciências Sociais define como objeto de estudo algo intangível, pois a cultura e a sociedades são dinâmicas e as suas “fronteiras porosas”. A antropologia estuda ainda o Homem como ser da natureza e ser da cultura relacionando-se com outras Ciências Sociais, onde podemos frisar as vertentes social e cultural. Na sua interdisciplinaridade com a psicologia mostra interesse pelo estudo das relações entre a personalidade e a cultura. Na sociologia partilham o estudo das sociedades e na educação estudam-se as abordagens multiculturais. Ainda na arte a antropologia é importante nos seus aspetos culturais, surgindo ainda na economia,na história e até na política. Para Tim Ingold é pertinente realçar que: “a antropologia não é o mero estudo das pessoas, mas o estudo com as pessoas” (Barnard, 2006). Portanto, o nós e o outro crescem numa dicotomia: as semelhanças e as diferenças. A antropologia nasce então na necessidade de dominarmos o conhecimento e a necessidade de analisarmos as semelhanças de outras culturas e sociedades. Sabemos que existe diversidade cultural e culturas distintas e por isso, a enculturação (diz-se do processo de aprendizagem de uma língua e cultura) aparece como um processo comum a todas as culturas servindo para estabelecer relações, por exemplo através da saudação. Sousa afirma que as formas comuns de práticas culturais são denominadas de “universais de cultura” (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019). Apesar do termo cultura é difícil de definir pois confunde-se múltiplas vezes com o conceito de sociedade, contudo não é exclusivo de apenas uma disciplina pois associa-se ao senso comum. Todavia é necessário compreendê-lo mesmo que apenas por metáforas, isto é, ver a cultura como um iceberg, onde é apenas possível ver a ponta (etnocentrismo) e que para se ver o restante é necessário um envolvimento considerando que as suas vivências, os seus modelos, os seus valores são os corretos e que os outros de devem regrar por eles. O relativismo cultural fundamenta-se na ideia de que todos os valores, costumes e hábitos são válidos pois obedecem a conformidade da realidade cultural em que estão inseridos. Neste sentido podemos afirmar que a cultura e a sociedade interligam-se pois uma não existe sem a outra, isto é, são inseparáveis na sua condição e complementam-se por meio dos distintos tipos de interação interpessoal e a sua observação enquanto membro de uma sociedade dentro de uma cultura especifica. Portanto, é através desta que aprendemos os aspetos importantes da nossa cultura.
"Os(as) antropólogos(as) são pessoas vinculadas à sociedade onde foram socializados(as) e correm o risco de sobrepor os seus próprios valores aos das sociedades que estudam." (Batalha, 2005: 24)
2. Analise a frase e indique que "valores" podem vincular as sociedades, e em particular os antropólogos, na sua perceção e relação com as outras sociedades. [200-250 palavras]
Os antropólogos têm os seus próprios valores em conformidade com a sociedade em que estão inseridos e devido a esse vínculo usualmente correm o risco de sobrepor os seus valores (considerando-os como referências) aos valores das sociedades que estudam. É inevitável que todas as observações recaiam sobre a verdade pois estão condicionadas pelas condições sociais e pelos valores do observador, portanto muitos antropólogos consideram que não é possível chegar-se a uma verdade absoluta (Batalha, Antropologia – Uma perspectiva holística, 2005). Através desta visão entramos no etnocentrismo onde se faz o estudo de uma cultura baseada nas aprendizagens, valores e costumes da nossa cultura. Esta perspetiva é muitas vezes apelidada de racistas vistas as suas ideologias de intolerância cultural face à diversidade cultural. O etnocentrismo pode ser definido então como um sistema cultural superior aos outros, onde há a crença que se é superior a sociedade que estamos inseridos. No início do seu estudo, a Antropologia usou como referência as sociedades que originaram a sua criação, a Europa e a América. Em oposição a esta perspetiva, surge o relativismo cultural. Franz Boas, pai desta visão defendia o conceito de alteridade, que é traduzido que reconhece as pessoas e as culturas como singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o Mundo à sua própria maneira. A alteridade consequentemente equilibra democraticamente as sociedades, tornando-as mais juntas e mais tolerantes, principalmente nesta era global em que o contato entre culturas é mais frequente. Por isso, as culturas devem ser analisadas de forma neutra, onde os antropólogos devem despir-se do senso comum para conseguir olhar de modo imparcial par outras culturas. Todavia, o relativismo acarreta consigo uma vertente que requer alguma atenção, pois no olhar da antropologia onde todas as culturas são singulares, podemos aceitar práticas condenáveis como o genocídio, mutilação genital feminina, o incesto. Levando-nos a questionar se é de facto correto aceitar estes valores morais de outras culturas e se realmente os antropólogos serão capazes de abandonar os juízos de valor e se libertarem da sua própria cultura.
"Os(as) antropólogos(as) são pessoas vinculadas à sociedade onde foram socializados(as) e correm o risco de sobrepor os seus próprios valores aos das sociedades que estudam." (Batalha, 2005: 24) 
"Em suma, para utilizar uma metáfora algo superficial, é preciso participar no teatro social, representar eventualmente um papel e tentar compreender a peça." (Colleyn, 2005:49)
3. Releia. Explique de que forma procurou a antropologia superar os "vínculos" que a prendiam às sociedades onde se desenvolveu como disciplina, através dos seus métodos de investigação? [400 - 500 palavras]
A antropologia estuda o Homem como ser social e cultural. Esta foi estabelecida como ciência a meados do século XIX através de com Charles Darwin e a sua perspetiva evolucionista. No início da sua criação estudo as culturas primitivas e distantes, o conhecimento destas culturas era realizado através da etnografia, que segundo Lévi-Strauss diz respeito a investigação de campo. Após a 2ª Guerra Mundial e a implantação de muitas colónias a antropologia passa a estudar sobre as sociedades que originaram o seu surgimento, tentando conciliar a sua pertinência e as suas relações entre sociedades. A Antropologia é uma disciplina vasta e por isso, organizaram-na em quatro subdisciplinas ou especialidades: biológica, social cultural e linguística, arqueologia, etnografia e etnologia. (Batalha, Antropologia – Uma perspectiva holística, 2005). Os primeiros antropólogos dedicavam-se a temas muito limitados através do evolucionismo onde se utilizava maioritariamente a perspetiva etnocentrista que jugava os valores culturais dos indivíduos em estudo, mas com o surgimento da antropologia académica dá-se mais importância as sociedades contemporâneas ao invés do entendimento da evolução das sociedades. A antropologia sentiu a necessidade de superar este vínculo surgindo uma nova metodologia que permitia ao antropólogo distanciar-se da sua cultura, para ser capaz de interiorizar, vivenciar e absorver outras culturas. Nesta nova perspetiva esta ciência pretendia mostrar ser imparcial, coerente e distanciada através do relativismo cultural que tem como objetivo primordial o estudo e compreensão de uma cultura sem ideias ou valores pré-concebidos. Segundo Lúcio Sousa os métodos da Antropologia, dividem-se em qualitativos e quantitativos. Os métodos qualitativos consistem na etnografia e observação participante como mais recentes, os grupos nominais, os grupos focais e os grupos Delphi. Nos métodos qualitativos analisam-se grandes números, os indicadores sociais, questionários estatísticos recorrendo a técnicas de amostragem (ex.: a taxa de mortalidade, taxa de mortalidade infantil, o nível de saúde, etc.). O método etnográfico estabelece contato entre o antropólogo e o seu objeto de estudo, tendo como base o trabalho de campo árduo e prolongado e a recolha de dados que por norma tem uma duração superior a um ano. Este método desliga-se daquilo que são os seus valores e interesses pessoais, dando ao antropólogo a possibilidade de fazer uma análise descritiva da sociedade humana, ajudando-o a interpretar fenómenos sociais. Segundo Marcio Goldman a relação criada entre o antropólogo e o sujeito da pesquisa é o que define o saber da antropologia sempre na crença que a nossa verdade não é superior a verdade do outro. Portanto, a etnografia permite-nos refletir co, uma visão objetiva sobre outras formas culturais e diferentes sociedades, apesar de estarmos envolvidos e inseridos na mesma. Contudo, Bronislaw Malinowski acreditava que era necessário aprofundaros estudos dos nativos através da investigação no terreno entrando nessa cultura e procurar participantes que nos deem informações importantes sobre a mesma.
A observação participante por sua vez tem interações variadas como por exemplo, o conhecimento linguístico, sendo o método de excelência do antropólogo. Nesta interação o observador deve distanciar-se da sua própria cultura, inserindo-se na cultura alheia sem nunca a considerar inferior à sua, mas apenas distinta. Segundo Beaud e Weber, na abordagem participante, o antropólogo corre sempre o risco de sofrer influências e ser subjetivo nas suas ilações provocada pela sua envolvência com a cultura estudada. E segundo Colleyn, há a necessidade se integrar como membro da sociedade em estudo e desempenhar um papel de membro para a compreender de melhor forma. Por fim, estas informações recolhidas devem ser retratadas em tabelas ou gráficos evolutivos.
4. Identifique, entre as denominadas teorias clássicas, uma cujo contributo foi decisivo para a afirmação social e institucional da antropologia. Justifique a sua opção. [200-250 palavras].
Consultar Evolucionismo.
5. Identifique dois antropólogos que, nas duas primeiras décadas do século XX, têm um papel decisivo na implementação do trabalho etnográfico e a observação participante. Justifique sua a importância para a antropologia. [200-250 palavras]
Bronislaw Malinowski e Alfred R. Radcliffe-Brown destacaram-se nas duas primeiras décadas do século XX com a implementação dos seguintes métodos: a etnografia e a observação participante. Bronislaw Malinowski foi um dos fundadores da antropologia social e do funcionalismo. Este autor contribuiu para o desenvolvimento da antropologia afirmando que o passado de uma cultura não devia influenciar a pesquisa. Malinowski ainda defendeu a ideia de que o antropólogo deveria permanecer no campo de forma a executar a observação participante, pois creia que o trabalho exaustivo de campo faria com que o antropólogo despisse os preconceitos e o senso comum, conseguindo consequentemente observar a essência cultural. Por sua vez, Radcliffe-Brown, influenciado por Dürkheim, foi associado ao estruturo funcionalismo. Este autor contribuiu com o estudo e comparação dos povos primitivos que se debruçavam
na compreensão da organização familiar e na estrutura do parentesco. Com isto, pretendia entender como era mantido o equilíbrio das instituições sociais e a forma como estas mantinham a ordem social sem afastar a sua história.
Racliffe-Brown fez o seu principal contributo no campo teórico, onde mostrava a importância do processo social e da estrutura social principalmente ligados no conceito de função, criando as obras “Structure and Function in Primitive Society” (1952) e “Method in Social Anthopology: Selected Essays” (1958).
“As teorias e as escolas, tal como os micróbios e os glóbulos, devoram-se mutuamente e asseguram, pela sua luta, a continuidade da vida. Marcel Proust, Sodome et Gomorrhe (in Colleyn, 2005: 53)”
6. Releia a frase de Marcel Proust. Demonstre de que forma a luta pela "continuidade da vida" se pode observar na emergência de teorias e escolas antropológicas ao longo do século XX. [500 - 600 palavras]
O estudo da Antropologia, segundo Barnard (2006, 3-4) permite-nos: compreender a sociedade; limar competências de raciocínio e de debate; conhecer outras sociedades, como por exemplo, as de terceiro mundo, pondo em relevância estudos relativos, o desenvolvimento social e cultural. Estudar Antropologia dá-nos a liberdade de poder analisar a diversidade, centrando-nos sempre na sua missão de compreender o Outro e aquilo que podemos aprender não só sobre outros indivíduos, mas também sobre nós próprios, tentando resolver sempre a dicotomia diferença/semelhanças existente na sociedade intercultural, tais como a língua e a cultura. Para chegar a esta compreensão, a antropologia passou por várias fases que foram determinadas por diferentes correntes teóricas que implementaram as suas perspetivas em relação ao estudo das diferentes culturas. Para melhor entendimento, podemos afirmar que cada teoria assegurou de certa forma a continuidade das espécies. O evolucionismo surgiu no século XIX com uma abordagem comparativa cultural. Esta perspetiva baseava-se em três estágios: a selvajaria, a barbárie e a civilização, sendo o último estágio o exponente máximo da humanidade.
Mais tarde, e fazendo oposição à perspetiva anterior surgiu o particularismo histórico de Franz Boas que questionou o método comparativo. Esta perspetiva considerava essencial o passado dos povos para a compreensão da cultura, sempre aliado ao trabalho de campo. Posteriormente aparece o funcionalismo que se opôs ao evolucionismo e ao particularismo histórico, contudo, valorizando o trabalho de campo desenvolvido por Bronislaw Malinowski. Esta persperiva considerava que para compreender a estrutura social de uma cultura e seu o todo era necessário estudar a sua função básica, dando relevância ao trabalho em campo, e a utilização de informantes no terreno. Contudo, pode o informante pode fornecer informações que num determinado momento são verdadeiras e posteriormente já não se aplicam, pois, a realidade social mudou. Neste sentido acabam por existir dois pesos e duas medidas, onde não podemos considerar a primeira informação fiável. Mais tarde, surge o estruturalismo. Este conceito afasta o conceito de estrutura implementado pelo funcionalismo de Radcliffe-Brown e assentando a ideia de que a linguística, tal como a cultura humana é fundamental no seu conjunto e não na individualidade. O neo-evolucionismo surgiu para complementar teorias anteriores apesar de recusar as suas bases. Esta nova perspetiva altera a visão de comparação de culturas baseando-se como em fatores tecnológicos e elementos materiais (Batalha, Antropologia – Uma perspectiva holística, 2005). Resumindo, as teorias estão em constante transformação e apesar de algumas terem mais importância que outras é essa transformação que nos permite compreender uma cultura. Esta vertente de mudança continua, dá continuidade
seus costumes, os seus valores e os seus povos, garantindo a continuidade do estudo da humanidade. 
7. Como se desenvolveu e em que consiste a observação participante?
A observação participante pode ser descrita como a estadia prolongada no terreno que tem como finalidade estudar e analisar determinada cultura, onde se acredita que apenas assim o antropólogo consegue analisar os dados resultantes da sua observação. A observação participante acaba por ser uma estratégia de campo para observar os ambientes no seu estado natural por meio entrevistas abertas informais e análise documental. Esta técnica é uma ferramenta exploratória que acaba privilegiando alguns aspetos da investigação em detrimento de outros, pois as observações dependem da influência pessoal do entrevistador. Esta técnica de recolha de dados é um instrumento auxiliar de pesquisa quantitativa, que uma preparação rigorosa do observador, onde este deverá delimitar o que e como observar onde também deverá definir de forma clara o objeto da investigação e o seu grau de envolvimento, pois esta decisão influenciará o papel social que irá desempenhar e intensidade de envolvimento no grupo, podendo se encaixar nas seguintes definições: participante despercebido pelos observados, participante completo e ainda não participante. Nem sempre, a entrada numa cultura diferente é fácil, por isso é necessário que o antropólogo se dispa de todos os seus valores e da sua própria cultura. Só desta forma o investigador poderá integrar a cultura do outro de forma a analisar os costumes, crenças, tradições, língua, entre outros. Todavia, visto ser o antropólogo participante nesta interação observacional tem de procurar não afetar a rotina diária dos mesmos e tentar acompanhar as rotinas dos membros para uma observação mais objetiva e precisa. Neste contexto, apesar de haver o risco de alterar observações já analisadas, o antropólogo deve traçar uma estratégia de observação.Por este motivo, a observação participante exige uma grande capacidade de visão, audição e autorreflexão, como também de compreensão de que apenas deve intervir no momento certo e que por vezes, deve encontrar intermediários. Estes devem ser o elo de ligação entre o pesquisador e o pesquisado e devem esclarecer as suas dúvidas, mantendo uma observação discreta. Malinowski (1884-1942), foi um dos fundadores da antropologia social e da corrente funcionalista, onde fez definições na disciplina de objeto, teoria e métodos. Este autor era convicto de que a história não deve influenciar a pesquisa de uma cultura, defendendo a permanência do antropólogo no trabalho de campo, criando a denominada observação participante. O autor afirmava que apenas o trabalho de campo exaustivo como membro de uma sociedade permite ao antropólogo observar a essência daquela cultura desde que este se dispa do seu senso comum. Contudo, um dos grandes impasses da teoria de Malinowski mostra que a mesma não é capaz de argumentar o facto de necessidades iguais terem resoluções diferentes que mudam mediante cultura ou sociedade em que se inserem.
8. Em que consiste a Antropologia Aplicada? Dê exemplos.
A base de estudo da antropologia consiste na utilização dos dados recolhidos. Isto é, são colocados em prática através de instituições ou sociedades (externas à academia), de perspetivas, teorias e métodos que tem como objetivo de compreender, avaliar e resolver os problemas sociais através da promoção da estabilidade das organizações e intervindo em várias áreas como: a educação, a política, a ação social, entre outras. Esta base pretende demonstrar que a antropologia teórica e antropologia prática devem manter uma relação de problema-ação, onde o problema é detetado na teoria e a ação resolvida na prática. A aplicação do saber antropológico no conhecimento e na resolução de problemas, principalmente nas sociedades contemporâneas e nomeadamente através da observação dá-nos a possibilidade de compreender os problemas sociais e estruturais de uma determinada cultura (ou grupo social). Portanto, a partir desta observação podemos por exemplo, criar políticas e iniciativas que incentivem e salvaguardem a educação das crianças em bairros sociais que sofram de deficiências económicas, bem como a sua proteção sanitária e social. A antropologia é vista nos seus estudos antropológicos como os cenários de guerra com o objetivo de criar estratégias de combate ao inimigo e ainda em estudos efetuados aos trabalhadores sobre motivação e produtividade. 
9. As origens teóricas e os debates sobre o conceito de família são recorrentes desde a fundação da antropologia como ciência no século XIX. Qual a relevância dos estudos sobre a “família” em antropologia?
Consultar parentesco
10. No contexto da antropologia política, identifique a analise as diferentes formas em que se consubstancia o “poder”.
Analisar como o poder se define enquanto capacidade de exercer a vontade própria e se efetiva através da legitimação, e as formas de sancionar essa legitimidade (explicar: poder legal, tradicional e carismático). (sousa,2018: 178-180)
“O etnocentrismo é a atitude pela qual um individuo ou um grupo social, que se considera o sistema de referência, julga outros indivíduos ou grupos à luz dos seus próprios valores. Pressupões que o individuo, ou o grupo de referência, se considere superior àqueles que ele julga, e também que o individuo, ou grupo etnocêntrico, tenha um conhecimento muito limitado dos outros, meso que viva na sua proximidade.”
11. Analise que relações se podem estabelecer entre o conceito de etnocentrismo e a prática de investigação antropológica.
O etnocentrismo pode ser definido então como um sistema cultural superior aos outros, onde há a crença que se é superior a sociedade que estamos inseridos. No início do seu estudo, a Antropologia usou como referência as sociedades que originaram a sua criação, a Europa e a América. Esta perspetiva é muitas vezes apelidada de racistas vistas as suas ideologias de intolerância cultural face à diversidade cultural. Os primeiros antropólogos dedicavam-se a temas muito limitados através do evolucionismo onde se utilizava maioritariamente a perspetiva etnocentrista que jugava os valores culturais dos indivíduos em estudo, mas com o surgimento da antropologia académica dá-se mais importância as sociedades contemporâneas ao invés do entendimento da evolução das sociedades. Sendo a antropologia a ciência social que estuda a cultura como a totalidade de padrões que o ser humano aprende e desenvolve. A alteridade é necessária para o reconhecimento de outras culturas, isto é, é necessária para reconhecer que existem culturas e pessoas singulares que pensam e agem de forma diferente consoantes as suas crenças do Mundo. Portanto, sabemos a partida que existe uma dificuldade para o antropólogo para colocar de parte a sua cultura, valores e princípios para emergir noutra cultura e aprendizagem dos hábitos de outro individuo, pois, as relações com outros são o que nos permitem ter consciência própria. Portanto, o relativismo cultural traduz esta capacidade de nos colocarmos neste lugar sem julgar ou desvalorizar as ideologias e crenças. Esta ideologia tem o objetivo de nos livrar do etnocentrismo, levando-nos a respeitar os valores e crenças associados às culturas alheias.
“Naquela época, eu fazia parte de uma facção da antropologia que estava mais preocupada com o estudo das sociedades ditas tribais e relativamente bem isoladas da sociedade nacional. Trabalhávamos, então, com sociedades ágrafas que tinham pouco conhecimento da sociedade envolvente e muito menos da natureza do nosso trabalho. viviam em um mundo tão distante que não considerámos antiético publicar os seus nomes em nossos trabalhos. não tínhamos receios de invadir a privacidade de nossos informantes, mesmo porque, na maioria dos casos, esse era um conceito inexistente em suas culturas. raramente no inquietávamos com o que poderia significar o impacto de nossa presença junto àquelas pequenas comunidades.”
12. Analise a frase e compare, descrevendo, as preocupações éticas do antropólogo nos anos sessenta e na atualidade?
A resposta identifica (nomeadamente em articulação com a frase), compara e descreve de forma correta, organizada a forma como as preocupações éticas do antropólogo nos anos sessenta não se manifestavam enquanto preocupação central na investigação com a postura atual no plano ético da antropologia: direito à privacidade de sua personalidade; ao consentimento e à confidencialidade. (explicar em que consistem. (sousa, 2017: 166-168)
Nos anos de 1960, vários antropólogos ligaram diversos temas sociais por meio do polo axiológico, inicialmente no seio académico e posteriormente fora da mesma, desenvolvendo centros de pesquisa que centrariam o seu foco em problemas sociais. 
Analisando o início da fundação da antropologia como disciplina existia já a dimensão aplicada em questões sociais. Nesta altura havia uma preocupação de “desamarrar” a sociedade de preconceitos, ligadas principalmente a questões raciais e económicas. Na sua vertente mais académica em Inglaterra (1883), a antropologia era vista como uma disciplina essencial na educação dos funcionários coloniais sobre os costumes da sociedade nativa. Já nos Estados Unidos da América havia mais interesse na aplicação da antropologia e dos seus conhecimentos para a resolução de problemas relacionados com a introdução dos “índios” em agendas políticas.
Portanto, houve sempre um conflito entre políticos e antropólogos ligado as visões e objetivos de estudo e é nos EUA, com Franz Boas, pai da antropologia que surge a antropologia aplicada, tentando salvar a riqueza histórico cultural das sociedades nativas americanas.
13. Segundo Tim Ingold: “(…) a antropologia não é o mero estudo das pessoas, mas o estudo com as pessoas.” (in Barnard, 2006, ix-xii). Considerando a prática da antropologia, comente o significado da afirmação de Tim Ingold.
Seguindo a linha de pensamento de Ingold,quem trabalha na antropologia, exerce um “trabalho de campo” (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019), comparando e estudando culturas e sociedades tentando entender os seus costumes revolucionários, distintos do século XIX, testando teorias e confirmando factos. Para Tim Ingold é pertinente realçar que: “a antropologia não é o mero estudo das pessoas, mas o estudo com as pessoas” (Barnard, 2006) explicando que é através da participação nas vivências pessoais dos indivíduos que conseguimos obter mais conhecimento sobre o outro, aprendendo também a viver culturas distintas. Com isto, concluímos que é necessário mais do que um manual para conhecer tudo o que envolve a antropologia, pois a antropologia não é só uma transmissão de conhecimentos, mas sim uma experiência direta do processo. Portanto, o nós e o outro crescem numa dicotomia: as semelhanças e as diferenças. A antropologia nasce então na necessidade de dominarmos o conhecimento e a necessidade de analisarmos as semelhanças de outras culturas e sociedades. Sabemos que existe diversidade cultural e culturas distintas e por isso, a enculturação (diz-se do processo de aprendizagem de uma língua e cultura) aparece como um processo comum a todas as culturas servindo para estabelecer relações, por exemplo através da saudação. Sousa afirma que as formas comuns de práticas culturais são denominadas de “universais de cultura” (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019). Apesar do termo cultura é difícil de definir pois confunde-se múltiplas vezes com o conceito de sociedade, contudo não é exclusivo de apenas uma disciplina pois associa-se ao senso comum. Todavia é necessário compreendê-lo mesmo que apenas por metáforas, isto é, ver a cultura como um iceberg, onde é apenas possível ver a ponta (etnocentrismo) e que para se ver o restante é necessário um envolvimento considerando que as suas vivências, os seus modelos, os seus valores são os corretos e que os outros de devem regrar por eles. O relativismo cultural fundamenta-se na ideia de que todos os valores, costumes e hábitos são válidos pois obedecem a conformidade da realidade cultural em que estão inseridos. Neste sentido podemos afirmar que a cultura e a sociedade interligam-se pois uma não existe sem a outra, isto é, são inseparáveis na sua condição e complementam-se por meio dos distintos tipos de interação interpessoal e a sua observação enquanto membro de uma sociedade dentro de uma cultura especifica. Portanto, é através desta que aprendemos os aspetos importantes da nossa cultura. 
14. Enquanto o estrutural-funcionalismo de Radcliffe-Brown se preocupava acima de tudo com o funcionamento do sistema social, o estruturalismo de Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse mesmo sistema, assim como provar a universalidade dessa origem. Identifique e explique os diferentes pressupostos de Radcliffe-Brown e de Lévi-Strauss na abordagem do sistema social.
Identificar Émile Durkheim e Marcel Mauss. Explicar o contributo de cada um. Durkheim: percussor o funcionalismo, análise das instituições sociais e crenças na coesão social. Os factos sociais. Mauss: a ideia da troca e da dádiva e papel na etnografia (ex. manual de etnografia) (Sousa: 2017: 78-79)
Dürkheim e Mauss sedimentaram o pensamento de caráter filosófico acerca das questões sociais baseando-se na sociologia permitindo criar os primeiros princípios conceitos e modelos que irão facilitar a explicação da disciplina. Dürkheim tinha como objetivo mostrar a autonomia do social em relação a todas as coisas que não pertenciam ao seu meio. Na sua visão, esta autonomia caraterizava-se pela explicação do social pelo social sem depender das explicações histórica (perspetiva evolucionista), psicológica, geográfica (perspetiva difusionista) e biológica (perspetiva Malinowski). Para ao uror, os factos sociais são fatores suscetíveis de explicação e estão relacionados com factos da sua própria natureza. Marcel Mauss e Émile Dürkheim tiveram então uma grande influencia no estudo das realidades concretas onde evidenciaram as maiores qualidades científicas enquanto analistas destas realidades. Mauss acabou por assinalar a independência da antropologia francesa em relação à sociologia. Mauss pretendia, como o seu tio Dürkheim, afirmar a autonomia do social, contudo, considerava todos os fenómenos sociais em todas as suas dimensões humanas. Quer dizer, para Mauss, os fenómenos sociais primeiramente são sociais sem deixar de serem fisiológicos e psicológicos e que devem ser compreendidos na sua dimensão humana. Mauss teve o seu mais importante contributo na criação do conceito de fenómeno social total. Deste conceito, surge a preocupação de estudar os fenómenos que estão ligados diretamente à vida dos sujeitos sociais, como por exemplo, o suicídio. Ao falarmos deste fenómeno social (suicídio) estamos a referir-nos ao estudo da situação em geral contida numa sociedade, não numa situação especifica referente a um individuo em particular, por isso podemos afirmar que existe uma pluridimensionalidade de aspetos associadas ao mesmo e que estes aspetos se relacionam entre si.
15. Que relação pode estabelecer entre o papel da antropologia na Segunda Grande Guerra e o seu uso atual na esfera militar.
Identificar: o consentimento informado; o modelo “clinico” de consentimento na informação; a confidencialidade e direitos pessoais à privacidade e a disseminação do conhecimento. Explicar sucintamente em que consistem (sousa, 2017: 139-141) 
Após a guerra há um novo surgimento da antropologia académica, retraindo a antropologia aplicada. Esta expansão do ensino universitário fez com que mais antropólogos fossem colocados em academias, causando receio que o conhecimento antropológico fosse utilizado para produzir bombas atómicas. Contudo esta retração não fez com que a antropologia aplicada desaparecesse, passando a ser desenvolvida em contexto académico. Sol Tax, criou a corrente de antropologia de ação ou intervenção a partir do estudo da questão dos índios americanos. Na sua corrente a investigação não se centrava na questão académica, mas nas necessidades sociológicas daqueles que estudava. Neste período surgem muitos programas de estudos internacionais, apoiados pelos antropólogos universitários entre os quais, George Foster e Ward Goodenough.
Nesta altura a antropologia passa a ser usada na política e na prática, esclarecendo que os antropólogos não poderiam estudar as sociedades isoladas dos seus contextos político e social, havendo a necessidade de estudar a situação atual do meio em que estavam inseridas. Tanto que vários antropólogos acabaram por ser contratados por organizações governamentais e não-governamentais internacionais, coincidindo com o aumento de formandos que não encontravam saídas profissionais. A antropologia associou-se a advocacia de forma a defender posições de comunidades, onde a pobreza e o racismo eram urgentes, tentando ajudar populações que pretendiam obter direitos territoriais, bens ou controlo das atividades económicas. Desta forma, a antropologia passou a integrar outras disciplinas que utilizavam a sua abordagem, completando o que ainda fazia falta para a resolução de problemas sociais. Esta prática veio a realçar a importância do conhecimento antropológico através do desenvolvimento da antropologia aplicada na área académica, ligando estudos efetuados no campo a estudos teóricos ampliando a empregabilidade dos antropólogos fora do seio académico. 
Chambers explica os quatro modelos de trabalho no contexto antropológico: pesquisa básica; pesquisa aplicada; transferência de conhecimento e tomada de decisão. 
“sociedades como os! kung não possuem verdadeiros chefes, apenas líderes conjunturais” (Batalha,2005: 224). 
16. Explique, na perspetiva antropologia política, o tipo de sociedade em causa e as suas características.
Explicitar em que consistem as chefaturas enunciando algumas das suas principais características e indicar o papel do chefe no contexto deste sistema político. (Sousa, 2017: 186.189-191) e (Batalha, 2005:232-235)
A antropologia política gere todos os meios que operam neste campo. Todos nós estamos sujeitos a um sistema político regulamentar e embora nem todos participem de maneira ativa, acabamos todos por ser responsáveis por este órgão de poder. A antropologia política tenta estabelecer tipologias dos diferentes sistemas políticos existentes para estudá-los e compará-los entre si. Podemos então afirmar que a antropologia política se apoia em estudos etnográficos como os modos de organização política para analisar o seu objeto de estudo.
“O homem das neves pegou no objeto (espelho) e durante um largo tempo mirou-se de todos os ângulos. Esboçou um sorriso nos lábios e foi-se embora. Não era de todo abominável quanto o quiseram fazer crer. Luís Cardoso, 2011, eu um Caçador de mim.”
17. Efetue uma reflexão sobre a antropologia e o modo como esta se confronta com a alteridade. (50-70linhas)
Analisar a ideia proposta por Malinowski, a forma como a antropologia foi apropriada e utilizada em contexto colonial, assim como as críticas que esse facto suscitou. (Sousa, 2017:111-112)
Bronislaw Malinowski e Alfred R. Radcliffe-Brown destacaram-se nas duas primeiras décadas do século XX com a implementação dos seguintes métodos: a etnografia e a observação participante. Bronislaw Malinowski foi um dos fundadores da antropologia social e do funcionalismo. Este autor contribuiu para o desenvolvimento da antropologia afirmando que o passado de uma cultura não devia influenciar a pesquisa. Malinowski ainda defendeu a ideia de que o antropólogo deveria permanecer no campo de forma a executar a observação participante, pois creia que o trabalho exaustivo de campo faria com que o antropólogo despisse os preconceitos e o senso comum, conseguindo consequentemente observar a essência cultural. Alguns antropólogos dinamistas e da corrente marxistas criticaram pois afirmavam que o princípio do funcionalismo atribui um peso muito grande no que toca as determinações do quadro social, considerando que esta postura é anti-histórica. Lévi-Strauss por exemplo, acreditava que não podíamos afirmar que tudo na sociedade funciona.
18. Para Hoebel e Frost (2001,172) a morte é universalmente considerada como um acontecimento socialmente significativo. Explique a relevância social da morte descrevendo as suas manifestações e práticas associadas no quadro das relações de parentesco. (50-70 linhas)
Identificar a perspetiva teórica e o contributo de Ruth Benedict (configuração cultural – Configuracionismo ou culturalismo americano) e Margaret Mead na implementação da antropologia nos EUA. (Sousa, 2017: 73-76) e (batalha, 2005: 40-41)
19. Como se desenvolveu e em que consiste a observação participante? (30-40 linhas)
A observação participante é indispensável e em boa parte legitimadora dos estudos das Ciências Sociais. Esta técnica tem como finalidade obter informações sobre uma determinada realidade ao mesmo tempo que identifica problemas, analisa associações e clarifica conceitos. Neste conjunto a observação participante aplica sistemas de distinção entre estas. A partir dos dados recolhidos será possível compreender os problemas da sociedade e eventualmente descobrir novos problemas. O método da observação participante permite-nos então documentar eventos sociais comuns que por outras vias não seria possível. Por se realizar no meio social enquadrando-se culturalmente de forma direta, prolongada e recorrente torna-se um método em que etnógrafo necessita de mostrar uma grande capacidade se adaptar ao meio que se irá inserir. Este deve ultrapassar os obstáculos epistemológicos como o etnocentrismo, onde as sociedades acham que são superiores e que todas as outras a usam como referência, acabando por julgar as outras culturas como inadequadas. Para que se ultrapasse este obstáculo, o observador deve deixar de lado preconceitos e o senso comum, entranhando-se na cultura que tem como objeto de estudo, de maneira a entendê-la de forma plena. Neste constructo encontramos a alteridade. Este conceito designa a capacidade e aptidões inerentes ao sujeito de colocar-se no lugar do outro sem fazer juízos de valor, abrindo a sua menta a novas realidades sociais. Seguindo a perspetiva da singularidade cultural, podemos afirmar que apenas conseguimos estudar corretamente as comunidades do contexto cultural onde ocorrem, guiando-nos até ao relativismo cultural. Este conceito traduz-se pela ideia de que os costumes, ideias e valores não podem ser medidos com base noutras culturas, pois são próprios das culturas e têm valor e caraterísticas próprias. Portanto, o relativismo cultural defende que não existe uma cultura superior a outra. Neste contexto, deve o investigador treinar e desenvolver as suas habilidades no que toca a utilização destas técnicas, pois torna-se essencial a reflexão do antropólogo para o diálogo intercultural. Numa perspetiva pós-moderna, alguns autores criticam a escrita antropológica pois acreditam que a recolha de dados é subjetiva e como tal não podemos conferir a sua objetividade e validade de análise. Referem ainda que o próprio antropólogo é o narrador o que leva a enviesamentos na observação causados pela sua própria cultura, pondo em causa relações de poder existentes e nas quais o antropólogo está envolvido como por exemplo, enaltecer os mais poderosos e mais importantes da comunidade estudada em detrimento das minorias sociais, nas suas várias dimensões.
20. O evolucionismo, enquanto teoria clássica antropológica, influenciou fortemente as perspetivas sobre o ser humano durante o século XIX, influenciando o surgimento posterior de novas teorias, inclusive contrárias às suas premissas iniciais. Explique esta afirmação. (30-40 linhas)
O conceito de evolucionismo surge antes da ciência antropológica composto pelo monogenismo, que defende uma origem única para a Humanidade, e poligenismo, que alega que existem várias origens e defende que as raças representam espécies distintas. Esta corrente é composta por quatro linhas de pensamento: evolucionismo multilinear, unilinear, universal e Darwinismo. Até ao início do século XX dominava maioritariamente a teoria de que se deveria observar traços comuns com o pressuposto da existência de uma história global comum. O evolucionismo defendia os três estágios de desenvolvimento humano: a selvajaria, a barbárie e a civilização, e partindo do pressuposto teórico da existência de apenas uma única linha de desenvolvimento humano através de abordagens dedutivas e métodos comparativos (que consistiam na ideia de igualdade geral da natureza humana). Esta teoria defendia ainda que os povos não ocidentais pertenciam a uma raça inferior e primitiva, apelidando-os de bárbaros, considerando que as sociedades ocidentais eram o exemplo do processo evolutivo, a dita civilização. O evolucionismo analisava ainda as mais diversas sociedades com pressupostos científicos universais que em maioria estavam relacionados com modelos lineares e hierarquizados inspirados nas sociedades ocidentais. A partir deste princípio, desconstruíam-se as contradições entre sociedades e as diferenças passavam a ser vistas como indicadores de inferioridade. Os evolucionistas acreditavam também que era possível verificar o desenvolvimento até o último estágio, a civilização, através da posse de armas ou instrumentos mais avançados, economias melhores e instituições mais sólidas. Portanto, as transições entre estágios eram explicadas pelo progresso moral, tecnológico, económico, etc. Foi a partir destes ideias que nasce o conceito de etnocentrismo, que tem como definição visionar-se a si e ao seu grupo como o centro do Universo e acreditar que todos os outros nos utilizam como referência. Neste entendimento, todos os grupos acham-se superiores em todos os níveis (por ex.: culturais, intelectuais, etc.), criando um preconceito, onde todas se colocam num nível acima e que todas as demais são inadequadas. 
21. Em que consiste a Antropologia Aplicada? Dê exemplos.
A antropologia aplicada comtempla a aplicação do saber dadisciplina em problemas sociais contemporâneos que tem como finalidade identificar, avaliar e resolver problemas de determinada sociedade. Esta dimensão surgiu da necessidade de sair da condição estritamente académica da antropologia. Com esta passagem passava então esta disciplina a ter uma condição prática com um teor predominantemente profissional. Assim, esta utilizava metodologias instrumentais e pesquisas de origem antropológica que facultassem dados que conseguissem mudar e estabilizar sistemas ou organizações culturais através da formação de políticas que beneficiassem as comunidades. Devido a sua perspetiva utilitária tornou-se necessário a designação de antropologia prática, pois é através dos seus empreendimentos junto a comunidades, sociedades e instituições (que por norma encomendam estes estudos). As sociedades acabam então por auxiliar na recolha de dados e na correlação para se atingirem os objetivos de estudo e se desenvolverem políticas que tendam a solucionar os problemas sociais como: físicos, educacionais, ambientais ou até linguísticos. Podemos referir como exemplo o estudo de uma determinada sociedade que necessite de elaborar estratégias para vencer conflitos ou guerras, ou estudos de povos indígenas que pretendam a posteriori implementar políticas que preservem estas comunidades. Segundo Ervin são necessários quatro princípios para se conseguir desempenhar o trabalho de campo, isto é: a partilha do conhecimento, o consentimento informado, o modelo clínico do consentimento de informação, a confidencialidade e direito à privacidade. (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019). E por vezes, as utilizações destes estudos antropológicos para fins de controlo da comunidade podem acarretar conflitos de valores para o antropólogo, como por exemplo, o estudo das populações indígenas nos Estados Unidos da América que serviu para se criarem políticas de controlo sob aquela população, priorizando os interesses dos colonizadores.
22. A Antropologia política aborda as diferentes relações entre poder e organização social. Explique uma das definições de poder, e exemplifique. (30- 40 linhas)
O poder pode ser definido como um conjunto de meios que exercem força ou constrangimentos sobre outros num território específico delimitado geograficamente, ainda que dispersado (por ex.: Regiões Autónomas). Este território é por norma institucionalizado e assenta os seus princípios numa constituição que pode estar sob a forma escrita ou não, constituindo-se em fonte de legitimidade. Existem vários tipos de poder, onde podemos começar por distinguir o poder social. Este retrata-se pela constituição de hierarquia e organização, geralmente característico de força e capacidade de coação. Quer dizer que este poder organizado é capaz de influenciar a sociedade de forma a cumprirem-se objetivos ou ideais comuns. O poder político, por sua vez, apesar de na sua essência ser idêntico ao poder social, tem na sua posse a exclusividade de ser o único que ordena internamente o Estado. Estes atuam através de um conjunto de meios coercivos que variam mediante o que lhes confere fundamento. Nesta perspetiva é certo pensar que existe uma multiplicidade de possibilidades, fundamentos e meios de coação. Por norma, a coação é retrata-se pela sua recorrência ao uso da força, ameaça, influência, manipulação e autoridade. Apesar disso, esta noção é considerada ambígua, pois alguns entendem que a mesma garante a ordem e a segurança e outros consideram que esta avaliza desigualdades, quer seja em meios familiares, políticos, económicos ou religiosos. Por isso, para ser efetivo o poder necessita de legitimação onde se estabelece uma relação de concordância entre a origem, a conduta e as regras religiosas e morais. Contudo, estas regras podem não estar sob a forma escrita, podendo traduzir apenas por crenças e costumes (com obediência subjetiva). Todavia ainda pode ser legitimado em virtude do estatuto e dos poderes superiores (por exemplo: chefias religiosas) que são reconhecidos pela sociedade de forma afetiva. Neste sentido, podemos, por exemplo, falar da família, onde normalmente temos os progenitores a exercerem poder sobre os seus filhos, ou nas empresas, onde há um exercício de poder por um presidente reconhecido pela comunidade laboral. Este tem o dever de impor regras e estratégias aos seus funcionários. No clero, onde se defende em nome da entidade divina (por ex.: Deus), a imposição de dogmas aos fiéis e ainda na política, a existência de um líder, geralmente reconhecido pelo povo, que influencia os seus seguidores.
23. Explicite as similaridades e as diferenças entre o trabalho etnográfico desenvolvido por Franz Boas e o de Bronislaw Malinowski.
Estes dois autores foram grandes nomes que influenciaram a história e o desenvolvimento da antropologia. Tanto Boas como Malinowski foram pioneiros na criação de métodos etnográficos como por exemplo, a observação participante. De destacar que ambos se opuseram aos princípios impostos pelo evolucionismo, optando por defender um conhecimento contextualizado. Estes dois autores ainda partilhavam a ideia de que a aprendizagem linguística (nativa) era essencial no trabalho e investigação de campo. Ambos mostraram uma preocupação com a correlação das necessidades biológicas a as suas condicionantes sociais. Boas, contribui através do particularismo histórico, ligado diretamente à teoria difusionista, a ideia de que cada cultura é única e singular. Este autor acreditava que a análise feita a sociedade deveria passar por uma adaptação às suas realidades históricas pois a mesma traduz as suas transformações. Como referido acima, refutou o modelo evolucionista e a conceção da evolução linear e progressiva, mantendo até aos dias de hoje a teoria de relativização cultural, isto é, acreditava que os antropólogos deviam suprimir os seus pensamentos etnocêntricos. Defendendo sempre a teoria difusionista que acreditava que a analise das culturas deveria ser feita com base na sua especificidade, este autor tentou sempre incutir a ideia de que cada cultura deveria ser estudada como um todo que incluíssem os seus costumes, a sua língua, as suas crenças, etc, impulsionando consequentemente áreas de estudo como: a biologia, a arqueologia, a linguística, entre outras. Neste sentido, Malinowski contraria Boas, defendendo que o estudo deveria focar-se no individuo. Este autor acreditava que deveríamos optar por uma teoria mais funcionalista e que a investigação deve concentrar-se nas funções sociais e no seu desenvolvimento, enfatizando as necessidades biológicas dos indivíduos, pois estas espelham questões sociais. Malinowski foi um grande defensor da observação participante, justificando que este método ajudava na compreensão das funções do ser humano e a busca do mesmo nas satisfações das suas próprias necessidades biológicas. O autor acredita ainda que para a satisfação dessas necessidades os sujeitos têm tendência a aglomerar-se e por isso requer-se uma análise específica. Apesar de Malinowski acreditar como Boas na singularidade e unicidade, referia que as instituições culturais tinham como finalidade prever e satisfazer as necessidades biológicas e mentais dos sujeitos da sociedade em estudo. Por fim, Malinowski distinguiu-se de Boas pela prolongação do trabalho de campo como observador participante, defendendo a ideia que a extensa busca empírica por leis antropológicas, ideia que Boas sempre contrariou.
“Nenhum antropólogo contemporâneo, social ou não, quereria afirmar
que povos de culturas diferentes devem, por isso, ser automaticamente
inseridos numa hierarquia superior / inferior.” (Leach, 2002: 54).
24. Comente a frase considerando a crítica subjacente a determinada perspetiva teórica, assim como a postura da antropologia face às similaridades e diferenças com que convive na sua prática. (550-600 palavras)
A crítica subjacente da autora dirige-se ao evolucionismo, pois esta corrente teórica tinha ideias etnocêntricas. Durante o período evolucionista, a antropologia estava distanciadadas perspetivas etnográficas. O evolucionismo surge no século XX inspirado nas teorias de evolução de Darwin. Nomes como Edward Burnett Tylor e Lewis Henry Morgan defendiam a teoria de que a cultura e as sociedades evoluem biologicamente como as espécies e os organismos, até atingirem formas mais complexas. Portanto, segundo esta linha de pensamento as sociedades passavam por estágios de evolução. O evolucionismo dividiu-se ainda em duas perspetivas: o poligenismo que afirmava que a humanidade era diversa nas suas origens e o monogenismo que defendia a exclusividade da humanidade. Morgan ainda criou os três estágios da evolução: a selvajaria (mais básico), a barbárie (estágio médio) e por fim a civilização (estado mais evoluído na sociedade). Neste contexto Morgan considerava que os povos ocidentais eram os mais evoluídos. Esta perspetiva etnocêntrica felizmente acabou por desaparecer com o passar do tempo até porque não fazia jus a diversidade cultural. O etnocentrismo trazia então uma visão preconceituosa e unilateral sobre “o outro”.
O evolucionismo defendia que a sociedade e o seu processo evolutivo estavam diretamente interligados ao processo biológico e que este seguia um modo progressivo e linear. Entretanto provou-se que está teoria estava cheia de lacunas e falhas, donde destacamos o etnocentrismo, não correspondendo por isso à verdade. Quer dizer, este conceito traduz a necessidade egoísta do ser humano se colocar e a respetiva cultura (com todas as suas normas e valores) no centro de tudo, comparando-se com outros usando a sua verdade como referência métrica. Esta teoria impede, pois, o investigador de ter uma visão clara que abranja a totalidade da dimensão do objeto em estudo. Com isso, podemos concluir que autora refere que os antropólogos devem dar primazia ao relativismo cultural e alteridade nas investigações de campo, pois o principal objetivo da antropologia é conhecer o Homem como um todo, defendendo a ideia de que todos os indivíduos obtêm características num contexto sociocultural e que apesar das suas diferenças, os processos de transmissão de cultura e de valores são semelhantes.
Portanto, para combatermos este problema necessitamos do auxílio da alteridade e do relativismo, pois são fundamentais na compreensão do outro. Isto é, a alteridade guia-nos de modo a colocarmo-nos no lugar do outro e do seu ponto de vista entendendo que o outro pode comportar-se de modo diferente e reger-se por outras leis e que essa diferença não pode ser classificada como inadequada do ponto de vista do observador. Por outro lado, o relativismo cultural orienta-nos de modo a evitarmos formar juízos de valor e preconceitos, procurando ter uma visão mais abrangente do outro que deve ser observado sem julgamento e analisado com imparcialidade, onde o observador deve utilizar em pleno as ferramentas e ideias mais básicas que definem a antropologia. O que nos leva a acreditar que para se compreender uma sociedade e as suas culturas em plenitude, é fundamental ter empatia com o lugar do outro assim como compreendê-lo e aceitá-lo. 
Com isto, conseguiremos sem dúvida a nossa posição buscando uma realidade mais neutra e mais justa da realidade. Para concluir podemos ainda referir as influências de Franz Boas e Bronislaw Malinowski no relativismo cultural e na alteridade, principalmente através do método da observação participante. Ambos foram e continuam a ser nos dias de hoje referencias da antropologia. Portanto reconhecer a alteridade e o relativismo cultural é o primeiro passo para formar sociedades mais justas, mais equilibradas e mais tolerantes. Resumindo, o antropólogo deve assumir no novo meio social um processo válido perante as suas resistências emocionais. (Sousa, Textos de Antropologia Geral, 2019)
Bibliografia
Batalha, L. (2005). Antropologia – Uma perspectiva holística. Lisboa: ISCSP – UTL.
Rocha, G., & Tosta, S. P. (2017). O campo, o museu e a escola: antropologia e pedagogia em Franz Boas. Obtido de https://journals.openedition.org/horizontes/1722
Santos, A. (2002). Antropologia Geral - Etnografia, Etnologia, Antropologia Social. Lisboa: Universidade Aberta.
Sousa, L. (2019). Textos de Antropologia Geral. Lisboa: Universidade Aberta.

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