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A EJA NA CONCEPÇÃO DE PAULO FREIRE

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A EJA NA CONCEPÇÃO DE PAULO FREIRE
Abordaremos aqui o analfabetismo. Não de maneira geral, seremos mais específicos focando no analfabetismo de adultos.
“O analfabetismo é a expressão da pobreza, consequência inevitável de uma estrutura social injusta.” (GADOTTI, 2011). Contudo, o principal analfabetismo se dá pela negativa ao direito de alfabetização na idade correta por conta dos opressores (burgueses, classes abastadas), que comandam o sistema de ensino básico, o mantendo precário, fazendo os sujeitos em questão fiquem longe de uma alfabetização apropriada.
Somado a isto, o sujeito em questão chega à fase adulta, sem conseguir alfabetizar-se da forma mais adequada, tendo então novas prioridades, mais utilitárias como se vendo obrigado a trabalhar para garantir o suprimento de suas necessidades e sustento. É papel da escola formar não somente sujeitos sociais alfabetizados, mas principalmente letrados. Os educadores, dando continuidade ao legado de Paulo Freire, devem ser libertadores, despertando o anseio de alfabetizar e letrar do sujeito. Mas quem disse que educando na fase adulta não é letrado ou alfabetizado? São muitas as maneiras de alfabetizar e letrar os adultos, entretanto o que tratamos neste momento é a precisão de uma alfabetização e letramento instruído, impossível de ser transmitido para o sujeito apenas através da escola.
Conforme FREIRE (1997) o verdadeiro interesse dos opressores em relação aos oprimidos é que os educandos tenham acesso a ensino regular e principalmente na Educação Popular. Formando indivíduos não críticos, passivos, domináveis, submissos, para que assim através de sua falsa erudição sejam capazes de controlar a tudo e a todos.
O profissional da alfabetização, não deve considerar apenas o sistema de linguagem e tornar o estudante, que é um ser de muita luz, autônomo dessa linguagem e da escrita. Este é, segundo Paulo Freire, o libertador deste aluno para a vida.
A transferência de conhecimentos requer respeito e conhecimento por parte deste profissional, e isso com certeza não estão nos livros ou é aprendido nas faculdades. Compete aos professores fazerem uso de sua inteligência para compreender a verdadeira necessidade de cada educando e de cada grupo para assim conseguir andar com seus alunos, em um caminho repleto de conhecimentos e boas experiências.
LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PUBLICAS DIRECIONADAS A EJA
Toda instituição de ensino é regida por leis educacionais, nacional e estaduais, que regulamentam seu funcionamento e amparam as ações desenvolvidas, visando à condição de ensino. O documento legal inicial que o diretor escolar deve conhecer sobre a EJA é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN n.º 9.394/96). Essa Lei, em seu art. 37, contempla a EJA como modalidade da Educação Básica, e enfatiza sua identidade própria, determinando que a EJA é designada “àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. O 1º parágrafo deste mesmo artigo destaca que a EJA deve proporcionar oportunidades educacionais adequadas, sempre considerando as particularidades do educando, os seus interesses e suas condições de vida e de trabalho.
O direito á educação é garantido á todos por meio da lei, e através de pareceres e resoluções a EJA adquiriu uma concepção para alem da suplência, ou seja, passou a uma modalidade de ensino vinculada a educação básica. A Constituição Federal de 1988 no artigo 208 assegura a educação de jovens e adultos sendo direito de todos. A lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB 9.394/96) trata da educação de jovens e adultos no Título V, capítulo II como modalidade da educação básica, superando sua dimensão de ensino supletivo, regulamentando sua oferta a todos aqueles que não tiveram acesso ou não concluíram o ensino fundamental. As diretrizes curriculares nacionais para educação de jovens e adultos (parecer cne/ceb 11/2000 e resolução cne/ceb 1/2000)nos diz que:
Devem ser observadas na oferta e estrutura dos componentes curriculares dessa modalidade de ensino, e estabelece que Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de eqüidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio.(BRASIL, 2000, p.1)
A resolução cne/ceb nº 01/2000 no artigo 6º, determina que cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes federativos.
O plano nacional de educação (lei 10.172/2001) diz que:
A Constituição Federal determina como um dos objetivos do Plano Nacional de Educação a integração de ações do poder público que conduzam à erradicação do analfabetismo (art. 214, I). Trata-se de tarefa que exige uma ampla mobilização de recursos humanos e financeiros por parte dos governos e da sociedade. Os déficits do atendimento no ensino fundamental resultaram, ao longo dos anos, num grande número de jovens e adultos que não tiveram acesso ou não lograram terminar o ensino fundamental obrigatório. (BRASIL, 2001, p.46)
Contudo, mais recentemente, com as discussões relativas à criação da BNCC – Base Nacional Comum Curricular, a Educação de Jovens e Adultos voltou a ser parte dos itens em discussão, já que inicialmente houve um foco especifico em EJA, enquanto que em sua versão final, suprimem o olhar mais detalhado e específico em relação á mesma, Segundo a educadora Guiomar Namo de Mello, uma das profissionais responsáveis pela elaboração da 3ª versão da BNCC, a EJA “está incluída na educação regular e, como tal, foi considerada no conjunto dos direitos de aprendizagem de todos”, já que, “a base não é currículo” e as especificidades de EJA devem ser discutidas relativamente aos pormenores de currículo.

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