Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APOSTILA DE DIREITO DAS COISAS PROF. ME. BRUNO FONSECA GURÃO DO DIREITO DAS COISAS CONCEITO, DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E PESSOAIS E CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS; POSSE • Denominação: • Direitos Reais / Direito das Coisas Coisas Res Reais • Ambas corretas Código Civil optou por Direito das Coisas (Livro III, art. 1.196 a 1.510 - E); • Direito das Coisas: • Ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis; • Direitos Reais são as relações jurídicas em si. Coisas Tudo que não é humano Direito Real: Direitos pessoais: Relação pessoa (credor) – pessoa (devedor) Poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa obrigações pessoais contratos Direitos p is atrimonia empresas reais Direito das Coisas • Assim: • Conceito de “obrigação” (Stolze e Pamplona): relação jurídica pessoal que vincula duas pessoas, credor e devedor, em razão da qual uma fica “obrigada” a cumprir prestação patrimonial de interesse da outra. • Conceito de contrato (Stolze e Pamplona): negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelo princípio da função social e da boa- fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades. Direitos Reais Direitos pessoais patrimoniais Relação jurídica entre pessoa e coisa. Sujeito ativo: pessoa / sujeito passivo: indeterminado; coletividade Relações jurídicas entre pessoa e pessoa. Sujeito ativo: credor / sujeito passivo: devedor Princípio da publicidade (tradição e registro) Princípio da autonomia privada Efeitos contra todos (erga omnes) Efeitos inter partes Rol taxativo (numerus clausus) Rol exemplificativo (numerus apertus) Direito de sequela: a coisa responde Responsabilidade patrimonial: bens respondem Caráter permanente: propriedade Caráter transitório: contrato ROL TAXATIVO • Art. 1.225. São direitos reais: • I - a propriedade; • II - a superfície; • III - as servidões; • IV - o usufruto; • V - o uso; • VI - a habitação; • VII - o direito do promitente comprador do imóvel; • VIII - o penhor; • IX - a hipoteca; • X - a anticrese. • XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) • XII - a concessão de direito real de uso. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) • XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) POSSE Conceito: A posse é o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa. É um conceito intermediário entre os direitos pessoais e os direitos reais. Caráter híbrido • 1ª questão: a posse é um fato ou um direito? • Resposta majoritária: a posse é um direito autônomo > Para Maria Helena Diniz, a posse é um direito real como desdobramento do direito de propriedade. TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE Posse = Corpus + animus domini • Teoria subjetivista ou subjetiva (Savigny) • Poder imediato sobre um bem + a intenção de tê-lo para si ou defendê-lo de agressão contra quem quer que seja. • Para essa teoria, o locatário, o comodatário, o depositário, etc, não seriam possuidores não haveria intenção de tornarem- se proprietários (detenção); TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE Posse = Corpus Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. • Teoria objetivista ou objetiva (von Lhering) • Para essa teoria, basta que a pessoa disponha fisicamente da coisa. Dispensa a intenção de ser o dono. • O Código Civil de 2002 adotou, parcialmente, a teoria objetivista. TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE Quais são os poderes inerentes à propriedade? Art. 1.228 • Teoria objetivista ou objetiva (von Lhering) • Adiantando para compreensão: Gozar Reivindicar Usar Dispor Possuidor: não tem o poder de dispor da coisa, mas pode defendê-la; Proprietário: tem todos os poderes + título ou registro; Todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário Art. 1.228, §1º - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas . Art. 5, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social. TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE • Teoria da função social da posse (Raymond Saleilles) • Não basta saber do corpus mas do uso que se faz do corpus e seu impacto sobre a coletividade. A função social da posse advém da função social da propriedade. • Fundamentação legal:Art. 1.228, §1º do Código Civil;Art. 5º, XXIII CF • Ex: usucapião com redução de tempo em função da posse/trabalho e desapropriação jurídica privada por posse/trabalho. Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância Permissão: prévia e expressa Tolerância: posterior e tácita ATENÇÃO! POSSE NÃO É DETENÇÃO! • Detentor (fâmulo da posse; gestor da posse; detentor dependente ou servidor da posse): • Dependência econômica ou subordinação (ato de mera custódia) posse em nome de outrem. > A conversão de detenção em posse é possível desde que rompida a subordinação. O detentor não pode invocar as ações possessórias mas pode defender a posse alheia por meio da autotutela prevista pelo art. 1.210, §1º do CC CLASSIFICAÇÕES DA POSSE Direta Locatário Comodatário Usufrutuário depositário Indireta Locador Comodante Nu proprietário depositante • Direta ou imediata exercida por quem tem a coisa materialmente. Ex: locatário na locação. • Indireta ou mediata exercida por meio de outra pessoa havendo mero exercício de direito. Ex: locador proprietário do bem. CLASSIFICAÇÕES DA POSSE • Posse justa não apresenta os vícios da violência, da clandestinidade, ou da precariedade. • Posse injusta apresenta qualquer dos vícios (violência, clandestinidade, ou precariedade). • Posse violenta: violência ou grave ameaça (parece crime de roubo); • Posse clandestina: obtida sorrateiramente (parece crime de furto); • Posse precária: quando tem que devolver o bem e não devolve (parece crime de apropriação indébita). • OBS 1: mesmo a posse injusta pode ser defendida por ações possessórias contra terceiros; • OBS 2: quem tem a posse injusta não pode pleitear a usucapião. CLASSIFICAÇÕES DA POSSE QUANTO À BOA-FÉ (princípios do CC 2002 eticidade, socialidade e operabilidade): • Boa-fé subjetiva: estado psíquico que envolve crenças e/ou ignorância sobre tal ou qual estado jurídico. Ex: casamento putativo. • Boa-fé objetiva: é a exigência de conduta leal dos contratantes e está relacionada com os deveres anexos inerentes a qualquer negócio jurídico. • Na posse está presente a boa-fé subjetiva. Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Portanto: posse de má-fé é quando alguém sabe do vício mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre a coisa nunca possui um justo título. CLASSIFICAÇÕES DA POSSE QUANTO AO TEMPO (efeitos processuais) QUANTO AOS EFEITOS • Posse com título há uma causa representativa da transmissãoda posse, via de regra um documento escrito. Ex: locação e comodato. • Posse sem título não há uma causa representativa da transmissão do domínio sobre a coisa. Ex: alguém acha um tesouro. • Posse nova menos de 1 ano e 1 dia. • Posse velha pelo menos 1 ano e 1 dia. • Posse ad interdicta é a que pode ser defendida pelas ações possessórias diretas ou interditos possessórios. • Posse ad usucapionem se prolonga por determinado lapso temporal previsto em lei. É a posse com vistas à usucapião – mansa pacífica e duradoura. EFEITOS MATERIAIS DA POSSE (ART. 1.210 A 1.222) • Percepção dos frutos; • Indenização e retenção das benfeitorias; • Responsabilidades pela perda ou deterioração da coisa; • Direito à usucapião. QUANTO À ORIGEM PERCEPÇÃO DOS FRUTOS • O que são frutos? • São bens que saem do principal sem diminuir sua quantidade. • Classificação dos frutos: • Frutos naturais: são os que decorrem da essência da coisa. Ex: maçã produzida pela macieira. • Frutos industriais: são os que se originam de uma atividade humana. Ex: peça produzida em uma fábrica. • Frutos civis: são originados em uma relação jurídica ou econômica (também chamados rendimentos). Ex: aluguel, juros remuneratórios. PERCEPÇÃO DOS FRUTOS Produtos geram diminuição do bem principal • Frutos pendentes: estão ligados à coisa principal. Ex: maçã presa ao pé. • Frutos percebidos: são os já colhidos e separados. Ex: maçã colhida da macieira. • Frutos estantes: são os que foram colhidos e estão armazenados. Ex: maçãs já na caixa para venda. • Frutos percipiendos: são os que deveriam ter sido colhidos e que não foram. Ex: maçã que está apodrecendo no pé. • Frutos consumidos: são os que foram colhidos e não existem mais. Ex: maçã vendida a terceiros. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. FRUTOS PRODUTOS QUANTO AO ESTADO EM QUE SE ENCONTRAM PERCEPÇÃO DOS FRUTOS Pergunta-chave: O possuidor está de boa-fé ou má-fé? • Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. • Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. A quem de má-fé nada, exceto despesas de produção A quem de boa-fé tudo DIREITO AOS FRUTOS INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO DAS BENFEITORIAS • O que são benfeitorias? • São bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando sua conservação ou melhora da utilização. • Art. 96.As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. • § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. • § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. • § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. DIREITO À INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO DAS BENFEITORIAS Boa-fé • Indenização ou retenção: necessárias e úteis • Levantar as voluptuárias Má-fé • Ressarcimento: necessárias • Sem direito de retenção (princípio da eticidade) OBS 2: Súmula 619 STJ - A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO DAS BENFEITORIAS OBS: para locação de imóveis urbanos existem regras específicas previstas na lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato). O art. 35 prevê que o locador deve indenizar o locatário pelas benfeitorias necessárias mesmo sem sua autorização. Art. 1.220 Art. 1.219 Boa-fé • Possuidor não responde pela perda ou deterioração da coisa se não der causa depende da comprovação de culpa (em sentido amplo) Má-fé • Possuidor responde pela perda ou deterioração da coisa mesmo que acidentais, salvo se provar que de igual modo, teria se dado na posse do reivindicante. Art. 1.217 Art. 1.218 RESPONSABILIDADES PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE • Ação de reintegração de posse esbulho • Ação de manutenção de posse turbação • Ação de interdito proibitório ameaça à posse Art. 1.210 NOVO CPC: Art. 554 e ss Poucas modificações no novo CPC a possibilidade de uma ação ser convertida em outra (fungibilidade) foi mantida princípio da instrumentalidade das formas EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE • • Prazos mantidos no novo CPC Condenação em perdas e danos Indenização dos frutos Evitar nova turbação ou esbulho (multa) Não se discute propriedade em sede de ações possessórias. Via adequada é a ação petitória. Ação de força nova: se a ameaça, turbação ou esbulho tiverem ocorrido há menos de um ano e um dia, ação segue o procedimento especial e cabe liminar; Ação de força velha: se a ameaça, turbação ou esbulho forem velhos, ou seja, tiverem ocorrido há um ano e um dia ou mais, a ação segue o procedimento comum e não cabe liminar. O autor pode pedir: EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE Art. 554 novo CPC Art. 565 novo CPC: • Quando o litígio for coletivo, mesmo passado um ano e um dia do esbulho ou turbação, cabe liminar mas antes o juiz deverá designar audiência de mediação; • Também se intima o MP e a DP; • Juiz pode fazer inspeção judicial; • Órgãos públicos interessados podem ser intimados para audiência se houver interesse na solução do conflito prestígio ao princípio da função social da posse • Principais inovações: quando o polo passivo conter grande número de pessoas, a citação será feita pessoalmente na pessoa dos que forem encontrados no local e citação por edital dos demais; intimação do MP e defensoria em casos de pessoas em hipossuficiência econômica EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE • Legítima defesa da posse e desforço imediato (autotutela): Art. 1.210, §1º • Ameaça à turbação (atentado à posse): legítima defesa • Esbulho (privação da posse consumada): desforço imediato • Requisitos: • Defesa imediata; • Não ir além do indispensável para recuperação da posse (proporcionalidade); • OBS 1: quem não cumpre o fim social da posse ou da propriedade não pode exercer autotutela. • OBS 2: o detentor está autorizado a exercer a autotutela os abusos praticados pelo detentor são de responsabilidade do possuidor (Art. 932 e 933 CC) AQUISIÇÃO,TRANSMISSÃO E PERDA DA POSSE • Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. • A posse pode ser adquirida Própria pessoa ou seu representante Terceiro sem mandato + ratificação Constituto possessório • Transmissão da posse (Art. 1.206): a posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres; • Perda da posse (Art. 1.223): cessando os atributos da propriedade, cessa a posse. Art. 1.205 COMPOSSE OU COMPOSSESSÃO • Definição: • Situação em que duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa condomínio de posses. Ex: contrato de doação de um imóvel a duas pessoas; composse do espólio (antes da partilha). • Qualquer um dos possuidores poderá usar de ações possessórias contra terceiras ou contra outro compossuidor; • Composse pro indiviso ou indivisível compossuidores possuem fração ideal da coisa; • Composse pro diviso ou divisível cada compossuidor sabe qual sua parte (fração real). O que é propriedade? “A propriedade não consistirá jamais em uma regrinha técnica mas em uma resposta ao eterno problema da relação entre homens e coisas, da fricção entre o mundo dos sujeitos e mundo dos fenômenos, e aquele que se propõe a reconstruir sua história, longe de ceder a tentações isolacionistas, deverá, ao contrário, tentar colocá-la sempre no interior de uma mentalidade e de um sistema fundiário com função eminentemente interpretativa.” (Paolo Grossi, citado por Nelson Rosenvald) Situação natural ou artificial? Simples fato ou construção social? “Enquanto as relações humanas estiverem presas na localização geográfica, deverá existir uma forma de regime de propriedade. O conceito de propriedade é muito evasivo.” (Nelson Rosenvald) Direito fundamental previsto no art. 5, XXII, CF XXII: é garantido o direito de propriedade Código Civil art. 1.228 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. FUNÇÃO SOCIAL A propriedade no Código Civil Gozar Reivindicar Usar Dispor Interesses da coletividade Gozar: possibilidade de tirar frutos da coisa; Reivindicar: proteção da propriedade por meios processuais; Usar: o uso é a utilização do bem para o fim a que se destina, observados os limites da lei; Dispor: pode ser inter vivos ou mortis causa Classificação tradicional Propriedade plena ou alodial: o proprietário tem todos os atributos do GRUD Propriedade limitada ou restrita: situação em que recai sobre a propriedade algum ônus. Ex: hipoteca, servidão ou usufruto. Características do direito de propriedade Direito absoluto: em função do seu caráter erga omnes diz-se que a propriedade é um direito absoluto. No entanto, as limitações já expostas mostram que ele pode ser relativizado; Direito exclusivo: uma coisa não pode pertencer a mais de uma pessoa, salvo nos casos de condomínio e copropriedade ainda assim é exclusivo (a cada um); Direito perpétuo: direito independe do seu exercício, salvo no caso de usucapião; Direito elástico: propriedade plena ou parcial; Direito complexo: caráter individual e social; Direito fundamental: previsto na CF. Restrições da propriedade – função social Art. 1.228, §1º e art. 5º, XXIII da CF A finalidade da propriedade deve ser entendida com base em sua função social as duas se confundem em um mesmo conceito. Direitos transgeracionais Art. 3º, I, CF – sociedade livre, justa e solidária Art. 1.228, §2º - são proibidos atos ao proprietário que intentem prejudicar outrem (abuso de direito). Ex.: proprietário de apartamento que sempre faz festas e incomoda os vizinhos com barulho. Art. 1.228, §3º - desapropriação por necessidade ou utilidade pública art. 5º, XXIV da CF. Art. 1.229 CC – a propriedade abrange profundidade e altura úteis ao seu exercício. Espaço aéreo e subsolo são de interesse público. Art. 1.230 CC – a propriedade do solo não abrange jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos, etc. Art. 1.228, § 4º e 5º Desapropriação judicial privada por posse- trabalho Não se trata de usucapião! “Justa indenização” Uma das mais importantes (ao menos do ponto de vista teórico) restrições ao direito de propriedade Posse-trabalho : posse sem interrupção e de boa-fé, por mais de 5 anos, de número considerável de pessoas em extensa área Desapropriação judicial privada por posse- trabalho Art. 1.228, §4º e 5º Formas de aquisição da propriedade imóvel acessões usucapião ilhas aluvião avulsão álveo abandonado plantações e construções registro de título (arts. 1.227 e 1245) sucessão hereditária Formas originárias: contato direto da pessoa com a coisa Formas derivadas: há intermediação subjetiva – uma ou mais pessoas Reflexos importantes em relação às formas de aquisição da propriedade Se a aquisição é originária, a propriedade NÃO conserva as características. Se a aquisição é derivada, há um sentido de continuidade. Usucapião: não há responsabilidade por pagar os tributos anteriormente devidos Compra e venda: o adquirente é responsável pelos tributos Acessões naturais e artificiais Modo originário de aquisição da propriedade imóvel em virtude do qual passa a pertencer ao proprietário tudo aquilo que foi incorporado de forma natural ou artificial. ilhas aluvião avulsão álveo abandonado plantações e construções Da formação de ilhas Para o Direito, a ilha é um acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza ou de rebaixamento das águas, deixado a descoberto e a seco uma parte ou fundo do leito. OBS: somente se aplicam as regras do CC aos rios não navegáveis ou particulares. As demais ilhas pertencem aos estados, municípios ou União. Regras para definir quem é o proprietário de ilha nova Consideram-se acréscimos aos terrenos dos proprietários fronteiras na proporção em que surgirem Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas. Regras para definir quem é o proprietário de ilha nova Consideram-se os acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiras do mesmo lado Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas Regras para definir quemé o proprietário de ilha nova Se uma ilha se formar num novo curso d’água aberto, a ilha será daquele que tem a propriedade do termo no qual o novo braço do rio se constituiu Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas. Da aluvião A aluvião ocorre quando dos acréscimos formados sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes. Pertencem aos donos dos terrenos marginais exclusiva ou proporcionalmente. Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas. Da avulsão Ocorre quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro. O dono do acrescido adquirirá a propriedade por acréscimo se indenizar o dono do diminuído ou sem indenização se em um ano ninguém houver reclamado. Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas. Do álveo abandonado Segundo o art. 9º do Código de Águas, álveo é o rio ou a corrente de água que seca; é o rio que desaparece. Fonte: TARTUCE, F. Direito das Coisas. 1ª Das plantações e das construções São formas originárias e artificiais de aquisição da propriedade. Ex: uma ponte sobre um córrego em uma fazenda; o cultivo de uma lavoura qualquer. Art. 1.253: toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e a sua custa, até que se prove o contrário. Art. 1.254: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar- lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Tome-se por exemplo alguém que, por amizade, guarda cimento de um amigo em sua fazenda. O guardador do cimento, no entanto, constrói algo em sua fazenda com o cimento do amigo. O fazendeiro será proprietário do bem construído mas deve ressarcir o valor do cimento e pagar eventuais perdas e danos, pois agiu de má-fé. 2ª Tome-se como exemplo alguém que está ocupando a casa de um parente a qual está vigiando. Durante a ausência, constrói, com material próprio, uma piscina na casa. O ocupante não terá qualquer direito, pois agiu de má-fé. Se construiu algo que visava proteger a casa, agiu de boa-fé e deverá ser indenizado. 3ª Ex: o proprietário de um imóvel permite que alguém construa uma piscina com recursos próprios, no fundo de sua casa. O proprietário pensa que se beneficiará da construção sem pagar por isso, e aquele que constrói o faz pensando que adquirirá o bem principal. Nesse caso, o proprietário fica com a piscina e deve indenizar o que construiu pelos gastos com a construção. REGRAS ESPECÍFICA Ex: alguém constrói uma churrasqueira com cobertura e invade não mais que 5% (1/20 parte) do terreno alheio. A boa-fé, no caso, é não saber da invasão. 4ª 5ª Art. 1.258. Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Exemplo igual ao da churrasqueira, mas com má-fé. Deve-se pagar dez vezes o valor das perdas e danos mencionados no art. 1259 ao proprietário do imóvel invadido (inclui o valor que a invasão acresceu à construção, a área perdida e o valor correspondente à desvalorização do remanescente). 6ª Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro. Mesmo exemplo da churrasqueira, mas aplica-se regra nos casos em que exceder os 5%. Da usucapião de bens imóveis Situação de aquisição do domínio, ou mesmo de outro direito real (caso do usufruto e de servidão), pela posse prolongada, permitindo a lei que uma determinada situação de fato alongada por certo intervalo de tempo se transforme em uma situação jurídica: a aquisição originária da propriedade; A usucapião garante estabilidade da propriedade, fixando prazo para que não se possa mais levantar dúvidas a respeito da ausência ou vícios do título de posse; A usucapião atende à função social da propriedade; Atos de mera tolerância não induzem a usucapião. Características da posse usucapível Posse com intenção de dono (animus domini): exceção aplicação da teoria subjetivista de Savigny; Posse mansa e pacífica: não pode haver manifestação de oposição do proprietário do bem; Posse contínua e duradoura: posse sem interrupção; *exceção do art. 1.243 que admite a soma de posses sucessivas – herdeiro pode continuar a posse do falecido Posse justa: não pode apresentar os vícios de violência, clandestinidade ou precariedade; Posse de boa-fé e com justo título: requisitos da usucapião ordinária. OBS: art. 1.244 – aplica-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das coisas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 197 a 202 adaptados ao Direito das Coisas Não correrão os prazos de usucapião entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal. Exceção: usucapião urbana para os casos de abandono do lar conjugal. Não haverá usucapião entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar, até o menor completar 18 anos. Não correrão os prazos entre tutelados e curatelados, e seus tutores e curadores durante a tutela e a curatela. Os prazos de usucapião não correm contra os absolutamente incapazes. Os prazos não contam contra os ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios. Art. 197 a 202 adaptados ao Direito das Coisas Também não contam contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas em tempo de guerra. Pendendo condição suspensiva, não se adquire um bem por usucapião. Ex: se a propriedade estiver sendo discutida em ação reivindicatória. Não se adquire por usucapião antes de vencido o prazo para a aquisição do direito. lapso temporal definido Não se contam os prazos de usucapião quando a ação de usucapião se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal. Art. 197 a 202 adaptados ao Direito das Coisas Haverá interrupção do prazo de usucapião no caso de despacho do juiz que, mesmo incompetente, ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. O prazo prescricional para a usucapião se interrompe pelo protesto judicial. Interromperá o prazo prescricional para a usucapião a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores. Qualquer ato judicial que constitua em mora o possuidor interrompe o prazo para a usucapião. Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito alheio por parte do possuidor, tem o condão de interromper o prazo para usucapião. Em princípio, não há usucapião no condomínio Da usucapião de bens imóveis Usucapio – “tomar pelo uso”,“adquirir pelo uso” Situação de aquisição do domínio, ou mesmo de outro direito real (caso do usufruto e de servidão), pela posse prolongada, permitindo a lei que uma determinada situação de fato alongada por certo intervalo de tempo se transforme em uma situação jurídica: a aquisição originária da propriedade; A usucapião garante estabilidade da propriedade, fixando prazo para que não se possa mais levantar dúvidas a respeito da ausência ou vícios do título de posse; A usucapião atende à função social da propriedade; Atos de mera tolerância não induzem a usucapião. Características da posse usucapível Posse com intenção de dono (animus domini): aplicação da teoria subjetivista de Savigny; Posse mansa e pacífica: não pode haver manifestação de oposição do proprietário do bem; Posse contínua e duradoura: posse sem interrupção; *exceção do art. 1.243 que admite a soma de posses sucessivas – herdeiro pode continuar a posse do falecido Posse justa: não pode apresentar os vícios de violência, clandestinidade ou precariedade; Posse de boa-fé e com justo título: requisitos da usucapião ordinária. OBS: art. 1.244 – aplica-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das coisas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição. Modalidades de usucapião imobiliária Posse mansa, pacífica e ininterrupta + animus domini Usucapião extraordinária Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Nesse caso, a aquisição originária de propriedade pela usucapiãoextraordinária dispensa título e boa-fé; O prazo cai para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços produtivos cumprimento da função social por posse-trabalho. Usucapião ordinária Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Requisitos: a) Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 10 anos; b) Justo título (qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independente de registro); c) Boa-fé subjetiva: § único traz a usucapião ordinária por posse-trabalho; O prazo cai para 5 anos pois é uma posse qualificada, ou seja, cumpre sua função social Problema! Este comando legal traz a necessidade paralela à posse-trabalho de documento hábil cancelado posteriormente o elemento central é a posse- trabalho e não documento anulado posteriormente Usucapião constitucional agrária ou especial rural (pro labore) (art. 191, caput, CF; art. 1.239 CC; Lei 6969/81) Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Usucapião constitucional agrária ou especial rural (pro labore) Requisitos: a) Área não superior a 50 hectares localizada na zona rural art. 1º da Lei 6969/81 fala 25 hectares, mas esta norma não foi recepcionada pela CF 88. b) posse de 5 anos ininterruptos, sem oposição + animus domini c) utilização do imóvel para subsistência ou trabalho d) não poder ser proprietário de outro imóvel Não há necessidade de justo título e/ou boa-fé pois a destinação que cumpre a função social da posse é absoluta. FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE A) áreas indispensáveis à segurança nacional B) terras habitadas por silvícolas (indígenas) C) áreas de interesse ecológico, consideradas como tais as reservas biológicas ou florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais. Propriedade individual X Destinação social da terra/produção Áreas que não podem ser objeto de usucapião Modalidades de usucapião imobiliária Usucapião constitucional ou especial urbana (pro misero) Art. 183, caput, CF; art. 1.240 CC; art. 9º Lei 10.257/01 (Estatuto das Cidades). Inclusão da usucapião especial urbana por abandono do lar conjugal pela Lei 12.424/11 (art. 1240-A do CC). Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. os artigos 1.240 do CC e 9º da Lei 10.257/01 repetiram a literalidade do comando constitucional acima. Usucapião constitucional ou especial urbana (por abandono de lar conjugal) Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe- á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) Usucapião constitucional ou especial urbana (por abandono de lar conjugal e pro misero) Requisitos: a) Área urbana não superior a 250 m2 b) Posse mansa e pacífica (de 2 anos por abandono de lar conjugal e 5 anos pro misero) ininterruptos, sem oposição + animus domini c) O imóvel deve ser utilizado para sua moradia ou de sua família (pro misero) d) Não ser proprietário de outro imóvel, rural ou urbano; não pode ser deferida à mesma pessoa Características importantes: Será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, mesmo se viverem em união estável; O herdeiro legítimo continua a posse de seu antecessor se já residir no imóvel por ocasião da abertura da sucessão (na usucapião pro misero) Não há necessidade de justo título e boa-fé; accessio possessions (Regra do art. 1.243 CC) Redução do prazo para 2 anos tendência contemporânea de redução dos prazos legais; Abandono de lar pelo cônjuge + ter imóvel como moradia (posse direta); Possibilidade de incidência da norma também para uniões homoafetivas (Enunciado nº 500,V Jornada de Direito Civil); Havendo disputa judicial ou extrajudicial relativa aos imóvel, não se caracteriza a posse usucapível; Não pode haver violência por um dos cônjuges para expulsar o outro do lar Expulsão ≠ Abandono Não há necessidade de dissolução da união estável basta a separação de fato Usucapião especial urbana coletiva (art. 10 Lei 10.257/01) Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017) Requisitos: a) área urbana, havendo limitação de 250 m² no máximo para cada possuidor. b) Posse de 5 anos ininterruptos, sem oposição + animus domini (dispensa boa-fé). c) Existência no local de núcleo urbano informal ou núcleo urbano consolidado. d) Não pode ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano. Usucapião especial urbana coletiva Características importantes: É lícito ao sucessor somar a posse anterior; A sentença que reconhece a usucapião coletiva do imóvel urbano servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis e atingirá fração ideal de terreno a cada possuidor; Estabelece a sentença também condomínio necessário, indivisível e não passível de extinção, salvo deliberação de no mínimo 2/3 dos condôminos no caso de urbanização posterior. Usucapião especial indígena (art. 33 Lei 6.001/73 – Estatuto do índio) Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal. Requisitos: a) área de no máximo 50 hectares; b) Posse mansa e pacífica por 10 anos exercida por indígena. Usucapião imobiliária administrativa (art. 60 Lei 11.977/09 – Lei Minha Casa, Minha Vida – primeira previsão) Art. 60. Sem prejuízo dos direitos decorrentes da posse exercidaanteriormente, o detentor do título de legitimação de posse, após 5 (cinco) anos de seu registro, poderá requerer ao oficial de registro de imóveis a conversão desse título em registro de propriedade, tendo em vista sua aquisição por usucapião, nos termos do art. 183 da Constituição Federal. Modalidade administrativa ou extrajudicial; ATENÇÃO! A usucapião administrativa ou extrajudicial foi sensivelmente alterada recentemente: primeiro o art 1.071 do NCPC alterou a Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73) em seu art. 216-A, depois a Lei 13.465/2017 (Lei da Regularização Fundiária) alterou de novo a o mesmo art. 216-A, alterando algo importante: O art. 216-A da Lei de Registros Públicos (6.015/73) dispõe sobre o procedimento extrajudicial da usucapião administrativa, inclusive elencando quais documentos que deve instruir o pedido, além da obrigatória assistência de advogado. Principais alterações: Até junho de 2017, o até então proprietário (titular de direito real) e os confinantes deveriam ser notificados pelo correio ou pessoalmente para responder sobre o pedido junto ao Cartório de Registro de Imóveis e seu silêncio não significava anuência AGORA O SILÊNCIO SIGNIFICA CONCORDÂNCIA (art. 216-A, §2º). Em o imóvel estando em condomínio edilício, não há mais necessidade de notificação de todos os confinantes, apenas do síndico (art. 216-A, § 12). Caso o proprietário e os confinantes não sejam encontrados para notificação, deverão ser notificados por edital duas vezes em jornal de grande circulação ou por meio eletrônico onde houver a respectiva regulamentação do órgão jurisdicional (art. 216-A, § 13 e 14). SE HOUVER DISCORDÂNCIA DE ALGUM INTERESSADO: o oficial de registro deve remeter ao autos ao juízo competente! (art. 216-A, § 10). Direito a moradia Impossibilidade de usucapião de bens públicos – art. 102 CC (súmula 340 STF) O poder público pode legitimar documentalmente a posse de ocupantes de imóveis públicos ou particulares para fins de moradia pendente discussão sobre a possibilidade de usucapião de bens públicos ponderação de normas constitucionais Procedimento ooooooo sempre comum (não há mais procedimento sumário) ; Citação pessoal daquele em que o imóvel estiver registrado, e dos confinantes (vizinhos); demais interessados por edital; Intervenção do MP (art. 178 – novo CPC) necessidade mantida falta de intimação causa nulidade do processo (art. 279 novo CPC) . Alguns aspectos processuais da usucapião de bens imóveis Formas de aquisição da propriedade móvel ORIGINÁRIAS Ocupação e Achado de Tesouro Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. Ocupação – exemplos: caça e pesca; coisa abandonada por alguém, como um caderno. Coisa abandonada ≠ Coisa perdida Formas de aquisição da propriedade móvel Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. Achado de Tesouro – Regras: 1) divisão por igual entre o proprietário do prédio e quem o encontrar de boa-fé; 2) pertence por inteiro ao proprietário do prédio se for achado por ele, em pesquisa que ordenou ou terceiro não autorizado ou de má-fé; Achado de Tesouro OBS 1: se for encontrado tesouro em terreno público, o tesouro será do Estado; OBS 2: descoberta (antiga invenção - art. 1.233 a 1.237 CC) é o achado de coisa alheia perdida. Obrigação de restituir ao dono procedimento para coisas vagas está no art. 746 do novo CPC Em não encontrado o legítimo possuidor, quem encontrar deve entregar a coisa à autoridade competente. Divulga-se a notícia pela imprensa e internet. Se em 60 dias ninguém comprovar a propriedade, será vendida em hasta pública. Deduzem-se as despesas mais a recompensa de 5% do descobridor. O restante cabe ao município. Art. 1.260 Art. 1.261 Usucapião de bens móveis Formas derivadas de aquisição da propriedade móvel Especificação (arts. 1.269 a 1.271 CC): Forma derivada de aquisição da propriedade móvel que consiste na transformação da coisa em uma espécie nova, diante do trabalho do especificador, não sendo possível o retorno à forma anterior. Exemplos: escultura na pedra, pintura na tela. Regras: 1) A espécie nova é de propriedade do especificador. Deve indenizar o valor da matéria-prima ao seu dono; 2) Se o especificador estiver de má-fé, a coisa nova será do dono da matéria-prima. 3) Se o valor da coisa nova exceder consideravelmente o da matéria- prima, será de propriedade do especificador, mesmo estando de má-fé, restando o dever de indenizar o dono da matéria-prima. Confusão, Comistão e Adjunção (arts. 1.272 a 1.274 CC): Formas derivadas de aquisição da propriedade móvel e ocorrem quando coisas pertencentes a várias pessoas se misturam tornando-se impossível separá-las. Confusão: mistura entre coisas líquidos ou gasosas. Ex: álcool e gasolina; Comistão: mistura de coisas sólidas ou secas. Ex: cereais de safras diferentes; Adjunção: sobreposição de uma coisa sobre outra. Ex: selo valioso em álbum; Formas derivadas de aquisição da propriedade móvel Confusão, Comistão e Adjunção (arts. 1.272 a 1.274 CC): Regras: 1) Se for possível separação sem perda do valor, deve ser feita; 2) Se não for possível separar, cada um fica com o quinhão respectivo. Tendo um dono principal, fica com o todo e indeniza os outros. 3) Se houve má-fé, aquele que estiver de boa-fé pode escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, menos indenização que lhe é devida ou renunciar ao que lhe pertencer e ser indenizado de forma integral. Tradição (arts. 1.267 e 1.268 CC): Consiste na entrega da coisa ao adquirente com intenção de lhe transferir sua propriedade. Os contratos de compra e venda e doação não geram aquisição de propriedade, que só ocorre com a entrega da coisa. Tipos: Tradição real: entrega material da coisa; Tradição simbólica : há um ato representativo da transferência da coisa (Traditio longa manu); Tradição ficta: que se dá por presunção. Ex: constituto possessório (Traditio brevi manu); Alienação a non domino realizada por quem não é o dono da coisa móvel. Nesses casos, Tradição não transmite a propriedade, exceto se ao adquirente de boa-fé o alienante se afigurar como dono boa-fé deve prevalecer sobre a ineficácia: Teoria da Aparência e Eticidade Perda da propriedade imóvel e móvel Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II - pela renúncia; III - por abandono; IV - por perecimento da coisa; V - por desapropriação. Alienação: compra e venda, troca (permuta) e doação; Renúncia: ato unilateral pelo qual o proprietário declara expressamente sua vontade de abrir mão de seu direito sobre a coisa; Abandono: deixar a coisa com a intenção de não tê-la mais consigo res derelicta derrelição. Qualquer pessoa pode adquirir a coisa abandonada por ocupação ou usucapião; Perecimento: perda do objeto; Desapropriação: ocorre tanto por interesse público quanto por interesse privado no caso da posse-trabalho; Perda de propriedade do bem imóvel por abandono (art. 1.276) Se for abandonado e não se encontrar na posse de outrem, pode ser arrecadado como bem vago e depois de 3 anos passar à propriedade do município ou do DF. Se for imóvel rural, pode ser arrecadado e depois do mesmo prazo ser propriedade da União. Presume-se a intenção de abandonar o imóvel quando deixou de recolher pelo menos 3 anos os tributos (caso do IPTU). Doutrina critica a presunção Direito de Vizinhança Arts. 1.277 a 1.313 Os direitos de vizinhança constituem limitações impostas pela boa convivência social, que se inspira na lealdade e na boa-fé. A propriedade deve ser usada de tal maneira que torne possível a coexistência social. Se assim não se procedesse, se os proprietários pudessem invocar uns contra os outros seu direito absoluto e ilimitado, não poderiam praticar qualquer direito, pois as propriedades se aniquilariam no entrechoque de suas várias faculdades. Washington de Barros Monteiro Vizinhança = Repercussão jurídica Contiguidade = Lado a lado • A coexistência harmônica entre vizinhos é de interesse público norma geral que PROTEGE o interesse privado; • Limitação ao direito de propriedade; • Obrigações que surgem no direito de vizinhança são propter rem, ou seja, acompanham a coisa (característica dos direitos reais). Vizinhança não se confunde com contiguidade Proteção da saúde, do sossego e da segurança. • Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. • Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. • Protegem proprietário e possuidor; • Regra dos 3 “S”: Arts. 1.277 a 1.281 • Regra dos 3 “S”: Exemplo 1: o excesso de barulho em prédio vizinho pode ensejar uma demanda como medida para fazer cessar a perturbação. Exemplo 2: grande número de cães em quintal e gatos em apartamento. • Proteção ao meio ambiente (art. 225 CF). Ex.: curtume em Uberlândia; • Vida privada e intimidade também devem ser preservados na medida da possibilidade; • Pode ser pleiteada obrigação de não fazer e danos morais. Proteção da saúde, do sossego e da segurança. A edificação por zonas é prevista no Estatuto da Cidade quando trata do plano diretor (que é lei municipal) o plano diretor cuida do desenvolvimento e expansão das cidades na tentativa de ordená-lo. Deve ser revisto a cada 10 anos, conta com participação popular e é obrigatório nas cidades com mais de 20 mil habitantes. • § único do 1.277 relativização do uso anormal da propriedade: natureza da utilização e localização do prédio. Ex: bar em localidade praiana. • Art. 1.278 exceção ao direito de fazer cessar as interferências externas quando se tratar de interesse público, cabendo eventual indenização. • Art. 1.279: Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis. • Art. 1.280: O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. • Art. 1.281: O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. Cabimento das mesmas medidas judiciais do direito de vizinhança (cumprimento de obrigação de fazer, não fazer, multa e perdas e danos). • A árvore limítrofe é aquela cujo tronco está na linha divisória de dois prédios, presumindo-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes. • Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Direito de corte • Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. exceção à regra segundo a qual o acessório segue o principal. O direito de corte não pode comprometer a vida da árvore limítrofe (função socioambiental da propriedade) e também não pode ser usado contra árvore pertencente a bem público (crime de dano). • Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. • Função social da propriedade fundamenta o instituto. • O constrangimento da passagem deve se dar em relação ao vizinho cujo imóvel mais facilmente se prestar à passagem. • A obrigação de tolerar a passagem é propter rem, ou seja, acompanha a coisa a alienação do bem não muda ou extingue a passagem forçada. • Não se confunde com a servidão: Passagem forçada Servidão Instituto de direito de vizinhança Direito real Obrigatória Facultativa Indenização necessária Indenização negociada • Jurisprudência firmada no sentido de que não é necessário que o imóvel esteja absolutamente isolado de via pública, bastando que o acesso seja demasiado oneroso ou difícil. • Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. • Instituto também fundado na função social da propriedade; • Proprietário pode exigir que a instalação dos tubos se dê da maneira menos onerosa e gravosa; • Necessidade de indenização pela desvalorização de área remanescente; • O proprietário pode exigir a realização de obras de segurança. • Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior. • a obrigatoriedade do dono ou possuidor de prédio inferior de receber as águas que correm naturalmente de prédio superior não pode, no entanto, aniquilar a funcionalidade do prédio inferior se ele já estava ali antes. • Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer. Crítica: melhor, nessa caso, usar o art. 1.286 que trata de passagem obrigatória de tubulação concepção individualista de propriedade do 1.289. • Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores. Finalidade social da água (art. 90 Código de Águas) • Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas. Crítica da doutrina: existe água dispensável? Ler §1º, art.1.228 Não há faculdade de poluir. Parte da doutrina considera o artigo inconstitucional. • Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes,ououtras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido. O represamento de águas deve estar em conformidade com o direito ambiental. • Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos. • § 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras destinadas a canalizá-las. • § 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais. • § 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação. Princípio da função social da propriedade Princípio da menor onerosidade • Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287. Regime de passagem de cabos e tubulações é subsidiária. • Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida. • Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação. • Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. • § 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. • § 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários. • § 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas. Condomínio necessário entre os confinantes relativo a muros, cercas, tapumes, etc. A colocação de ofendículas (cacos de vidro, cerca elétrica, etc) é defesa preventiva legítima dever de informar • Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Exemplo de restrição em relação aos vizinhos: art. 1.228, §2º e 1.277. Exemplo de restrição administrativa: plano diretor (não construir grandes prédios no entorno de aeroportos). • Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho. • Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. • § 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros. • § 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de cada piso. • Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho. • Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade. Presunção de concordância com a obra. • Proteção a intimidade Fonte: Google Street View • Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade do valor da parede e do chão correspondentes. • Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce. • Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo risco a que expõe a construção anterior. Direito de travejamento ou madeiramento. Condomínio necessário da parede divisória. • Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada. Direito de alteamento. • Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências prejudiciais ao vizinho. • Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões de cozinha. Proibição de encostar chaminé, fogões, fornos etc. na parede divisória. • Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes. • Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais. Vedação de atos que prejudiquem o abastecimento de água do vizinho. • Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias. • Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos prejuízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias. Cabimento de ação demolitória • Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos. Reparação integral: danosemergentes + lucros cessantes + danos morais “Direito de penetração” • Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para: • I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; • II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente. • § 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva. • § 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel. • § 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento. Conceito Espécie de propriedade em que dois ou mais sujeitos são titulares, em comum, de uma coisa atribuindo-se a cada condômino uma parte ou fração ideal ou real dessa coisa. Natureza real Duas ou mais pessoas têm ao mesmo tempo o GRUD. O direito de cada condômino, em face de terceiros, abrange a totalidade dos poderes de propriedade. Entre os próprios condôminos, o direito de cada um é limitado pelo do outro na medida de suas quotas. Art. 1.314 CC Classificação Quanto à origem: Voluntário: nasce da vontade dos condôminos. Ex: 2 amigos compram um imóvel para investimento comum. Incidente ou eventual: nasce alheio às vontades dos condôminos. Ex: condomínio de sucessores até a partilha em função do falecimento de alguém. Usucapião especial urbana coletiva. Necessário ou forçado: nasce como consequência do estado de indivisã o da coisa. Ex: parede s, muros, cercas, etc. Classificação Quanto ao objeto ou conteúdo: Universal: inclui a totalidade do bem: frutos e benfeitorias. É a regra geral do condomínio. Particular (parcial ou restrito): abrange determinadas coisas ou efeitos, como a exclusão dos frutos. Quanto à forma de divisão: Pro diviso: é aquele em que é possível fixar a fração real pertencente a cada condômino. Ex: apartamentos num condomínio edilício. Pro indiviso: é aquele em que não é possível fixar a fração corpórea de cada condômino, de modo que cada um tem uma fração ideal. Ex: uma casa pertencente a 2 pessoas. Do condomínio voluntário Não inclui condomínios edilícios parte específica no código. Ex: amigos que se juntam e compram casa na praia. Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros. Ex: se a maioria dos condôminos decidiu pela destinação comercial de um imóvel, não pode um condômino dar a ele destinação residencial. NÃO Do condomínio voluntário Se o bem é utilizado por apenas um dos condôminos deve ele indenizar os outros pela utilização exclusiva (na prática, incorretamente essa indenização é chamada de aluguel). § único art. 1.314: só cabe locação do bem comum se isso for decidido pela maioria dos condôminos se isso ocorrer, cabe ação possessória sem necessidade de participação ou autorização dos demais condôminos. Dúvida: Um condômino pode locar o bem sem autorização dos demais? Do condomínio voluntário • Não cabe reintegração de posse por um dos condôminos contra os demais em condomínio pro indiviso, apenas se for pro diviso, ou seja, se for possível identificar a fração real de cada condomínio. cabe indenização pelo uso exclusivo. • Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita. • A obrigação de pagar as despesas condominiais é propter rem própria da coisa. • O condômino, no entanto, pode eximir-se das despesas e dívidas renunciando à parte ideal que possui (Art. 1.316) Do condomínio voluntário Dívida que foi contraída por todos os condôminos sem discriminação da parte correspondente a cada um é presumida como devida proporcionalmente ao quinhão de cada um. Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais. Ex: no caso dos amigos que adquirem uma casa na praia, em surgindo dívida trabalhista contra um deles, eventualmente terá de responder este condômino ficando com direito de regresso contra os demais. Do condomínio voluntário Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou. Ex.: se o imóvel for locado a terceiro, os aluguéis devem ser divididos na proporção de cada um. A responsabilização por dano no art. depende de dolo ou culpa. Da administração do condomínio voluntário Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá o administrador, que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se- á, em condições iguais, o condômino ao que não o é. Em se tratando de condomínio não edilício, fala- se em administrador, não síndico. O administrador pode ser profissional e remunerado. O mandato do administrador pode ser tácito se o condômino administrar o bem sem oposição dos outros (art. 1.324). Da administração do condomínio voluntário Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões. § 1o As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria absoluta. § 2o Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros. § 3o Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliado judicialmente. Da extinção do condomínio (voluntário) Regra geral: Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão. Podem os condôminos acordar que o bem fique indiviso pelo prazo de 5 anos suscetível de prorrogação (art. 1.320, § 1º). A requerimento de qualquer interessado e sendo grave as razões (cláusula aberta) pode o juiz determinar a divisão da coisa comum antes de findo o prazo convencionado (art. 1.320, § 3º). Divisão judicial do condomínio Art. 569, II, novo CPC (procedimento especial) Da extinção do condomínio (voluntário) Para bens indivisíveis: Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior. Sendo o bem indivisível ou divisível, cada condômino só pode vender sua parte se antes oferecer aos outros condôminos. Condomínio legal ou necessário (forçado) – Arts. 1.327 a 1.330 Art. 1.327. O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se pelo disposto neste Código (arts. 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307). Art. 1.328. O proprietário que tiver direitoa estremar um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado (art. 1.297). Ex: parede e meia; mata-burro; cerca-viva, etc. * Se surgir necessidade de obras decorrente de conduta irregular de um dos vizinhos deve ele arcar com as despesas da obra integralmente. Condomínio edilício Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. Propriedade exclusiva – fração real (propriedade pro diviso) § 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. (Redação dada pela Lei nº 12.607, de 2012). Condomínio edilício Mesmo quando autorizado pela convenção de condomínio, o direito de preferência a condôminos deve ser respeitado art. 1.338 (garagem). § 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. Propriedade comum (fração ideal) não podem ser alienados separadamente. A determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, no entanto, deve constar no registro do imóvel. A convenção do condomínio Atos necessários para a constituição e estruturação condominial: Instituição Constituição (convenção) Instituição (Art. 1.332): A) discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva; B) determinação da fração ideal atribuída a cada unidade; C) fim a que as unidades se destinam. A convenção do condomínio Constituição ou convenção (Art. 1.333): estatuto coletivo que regula os interesses dos condôminos deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, 2/3 das frações ideais tornando-se obrigatória para os condôminos. Para ser oponível a terceiros, deve ser registrada no Cartório junto à matrícula do imóvel. Pode ser relativizada. A convenção do condomínio Elementos obrigatórios da convenção condominial: Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; II - sua forma de administração; III - a competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações; IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V - o regimento interno. § 1o A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular. § 2o São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônoma A convenção deve determinar o regimento interno (regulamento de normas de convivência). Não é necessário o quorum de convenção para alterá-lo. A convenção d o condomíni o Questões sobre os limites da convenção condominial Animais no condomínio proibição omissão permissão Em maio de 2019 a terceira turma do STJ julgou recurso (reformando sentença do TJDFT) e reconheceu a abusividade de cláusula que proíbe totalmente a permanência de animais domésticos em unidade edilícia. Proibição de aquisição ou locação de unidade por pessoas determinadas (estudantes, artistas, etc.): jurisprudência vacilante. Se não fere a regra dos 3 “Ss”, jurisprudência entende que pode mesmo assim. Vedação de áreas comuns a condômino inadimplente: STJ entende que não é lícito. R: CC omisso (depende da Convenção) Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino antissocial Direitos: Art. 1.335. São direitos do condômino: I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades; II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores; III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite. Limites inerentes à função social da propriedade, boa-fé e bons costumes a regra dos 3 “Ss” (Segurança, Sossego, Saúde). Art. 1.277. Locatário vota nas assembleias? Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino antissocial Deveres: Art. 1.336. São deveres do condômino: I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção; II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino antissocial Penalidades: (Cont. Art. 1.336) § 1o O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito. § 2o O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa. Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino antissocial Cont. Penalidades: Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino antissocial Penalidades (dúvidas): É lícito o desconto por pontualidade? Disfarce de multa superior à estipulada em lei? Jurisprudência vacilante mas STJ tem entendido que é lícito. O condômino devedor contumaz pode ser multado nos termos do § único do art. 1.337? Doutrina dividida precedente do STJ autoriza necessidade de defesa prévia. É possível a expulsão de condômino antissocial? Enunciado 508 da V Jornada de Direito Civil diz que sim. * CC não prevê questão controvertida. É possível impedir a entrada e uso de áreas comuns do condomínio inadimplente? Como já dito, o STJ entende que não. Direitos e deveres dos condômino s. Penalidade s. Condômino
Compartilhar