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DIREITO DAS COISAS I

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by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Direito das Coisas I
Prof. Tula Wesendonck
Aula 1 (20/01/2022)
Direito das Coisas X Direitos Reais
Em relação a disciplina, há uma polêmica doutrinária a cerca da nomenclatura
dada a ela. Alguns doutrinadores chamam a disciplina de direitos reais e outros
de direito das coisas, a prof. Tula prefere a utilização do nome de direito das
coisas. Basicamente, a disciplina direito das coisas inclui propriedade, posse e
direitos reais sobre coisas alheias, enquanto a disciplina de direito real exclui a
posse do seu núcleo.
Conceito
Arnaldo Rizzardo define a disciplina como “conjunto de normas, leis,
regulamentações, estudos, usos e concepções positivadas, em torno dos bens ou
coisas materiais que, abrangentemente se apresenta na ciência e nas codificações
como o Direito das Coisas… trata da regulação do poder do homem sobre os bens
e das formas de disciplinar a sia utilização econômica”.
Já Luís Manoel Telles Leitão diz que o Direito das Coisas regula a atribuição de
coisas corpóreas com eficácia real, eficácia absoluta perante terceiros. Tem
natureza patrimonial. “sempre que surgir a atribuição de coisas corpóreas a
determinadas pessoas, essa situação é regulada pelo Direito das Coisas”.
Importância e evolução do Direito das Coisas
A disciplina de Direito das Coisas acaba trazendo uma série de disputas em
controvérsias em razão do objeto direcionado a ela, objeto esse que regula o poder
dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica. O Direito das
Coisas é a parte de Direito Civil que rege a posse, a propriedade e demais direitos
reais.
Clóvis Beviláqua diz que a posse é anterior à propriedade, e não é um poder
menor, como muitos imaginam. Pode haver situações que a pessoa pode alcançar
a propriedade por meio da posse e também pode acontecer o contrário.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
No Direito Romano existia um grande apego a propriedade, daquela época surgiu
a expressão “ter onde cair morto”, onde a relevância da propriedade era muito
além do poder econômico, mas sim na necessidade de culto aos mortos, ou seja,
um local para realizar o ritual e sepultamento do corpo, trata-se de um aspecto
mais religioso.
No direito brasileiro temos uma evolução da posse e da propriedade, mais
marcada com a Constituição de 1988 e com o Código Civil de 2003. A ideia inicial
de propriedade como propriedade privada sem limitação, foi revisitada pela
Constituição de 88 e pelo Código Cívil de 2003 que começaram a falar mais
frenquentemente sobre a função social da propriedade e da posse, trazendo uma
maior limitação à propriedade.
Direitos reais vs direitos processuais
Existem duas teorias que fazem a diferenciação entre os direitos reais e os
direitos pessoais, são elas: (I) teoria realista; e (II) teoria personalista.
Teoria realista
 DIREITO REAL
Poder imediato e direto sem intermediação de outro sujeito. Jus in re. O direito
real cria entre a pessoa e a coisa uma relação direta e imediata, encontrando-se
dois elementos: a pessoa (SA) e a coisa que é o objeto.
“Direito real é um direito de propriedade entre uma pessoa e uma coisa, sem
relação necessária com a outra pessoa” – Hugo Grotius
 DIREITO PESSOAL
Opõe-se unicamente ao devedor pessoa que não é o títular do direito. Jus ad rem.
O direito pessoal traz uma relação entre a pessoa que está obrigada em relação
àquela, em razão de uma coisa ou de um fato qualquer apresentando-se três
elementos, o SA, o SP e a coisa ou fato que é objeto.
Teoria personalista
Alguns doutrinadores consideram essa teoria como uma teoria mais moderna,
essa teoria dá um outro critério para a diferenciação do direito real e do direito
pessoal, que é a caracterização do sujeito passivo. A relação jurídica para a teoria
personalista será composta sempre por três elementos: SA, SP e o objeto.
Windscheid, sobre o assunto disse que “relações jurídicas não se estabelecem
entre pessoa e coisa”, Kant disse que “nos direitos reais, embora possa parecer
existir uma relação entre pessoa e coisa, efetivamente existe uma vinculação dos
outros para com o proprietário da coisa. Por isso é um direito oponível erga
omnes”.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
 DIREITO REAL
Aqui tem-se obrigação passiva universal.
 DIREITO PESSOAL
Aqui o sujeito passivo é a pessoa certa e determinada.
Na maioria dos manuais de direito civil encontra-se esse mesmo esquema de
diferenciação entre direito real e direito pessoal. Pode haver algumas alterações,
mas basicamente encontra-se:
DIREITO REAL DIREITO PESSOAL
 O direito recai sobre a coisa (ex.:
hipoteca);
 Direito absoluto, exclusivo,
oponível perante todos (erga
omnes);
 Concede gozo e fruição de bens;
 Perpetuidade;
 Direito de sequela;
 Numeros clausus
 Recai sobre a relação (sujeita o
patrimônio do devedor);
 Direito relativo (prestação só pode
ser exigida do devedor);
 Concede o direito a uma ou mais
prestações;
 Transitoriedade
 Execução da obrigação
 Autonomia privada
Direitos reais
 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS
• Perpetuidade → em regra, mas isso não significa que não se pode colocar
um termo final nem eternidade.
• Taxatividade (numeros clausus) e tipicidade estrita → a doutrina
tipifica os tipos de direitos reais que podem ser constituídos. Pode haver
combinação de contrato, cláusulas, etc.
• Sequela: inerência e ambulatoriedade → viabilidade de perseguir a coisa,
onde quer que ela esteja, mesmo que o proprietário antigo já tenha
transferido a coisa para outrem (art. 1228 CC).
• Preferência: relevância para os direitos reais em garantia → quem
executa primeiro é quem tem seu direito constituído anteriormente.
• Funcionalidade (art. 1228, §1º CCB) → trata sobre a função social da
propriedade.
• Caráter absoluto
• Oponibilidade a terceiros (eficácia erga omnes) → todos devem respeitar
a propriedade de outrem.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS
A classificação dos direitos reais são duas: (I) jus in re propria; e (II) jus in aliena.
• Jus in re propria
◦ Propriedade.
• Jus in aliena
◦ Direitos reais de gozo e fruição
◦ Direitos reais em garantia
◦ Direito real de aquisição
 OBRIGAÇÕES MISTAS NOS DIREITOS REAIS
Obrigações que nascem com a constituição dos direitos reais, atribuindo-se o
cumprimento a seus titulares. Ex.: despesas de construção e observação dos
tapumes divisórios.
 OBJETO DO DIREITO DAS COISAS
A doutrina sempre chama atenção para a existência de elasticidade, o que é hoje
objeto do direito das coisas pode passar a não ser mais, assim como o contrário
também pode acontecer.
• Bens móveis ou imóveis, desde que corpóreos. Excepcionalmente podem
ser considerados como objeto os bens incorpóreos de penhor e usufruto
sobre créditos.
◦ Lei da Liberdade Econômica (13.874/2019), que incluiu os arts. 1.368-C
e 1.368-F ao CC dando novo tratamento aos Fundos de Investimento
que passam a ser objeto do Direito das Coisas. Há uma discussão
doutrinária pois são bens incorpóreos.
• No CC de 2002 não há previsão para a propriedade literária, cultural e
artística. A matéria dos direitos patrimoniais e morias do autor está
prevista na Lei nº 9.610/1998.
• Direitos autoriais não admitem tutela possessória (Súm. 228 STJ)
• DIREITO DOS ANIMAIS (?): há uma discussão se os animais poderiam ser,
ou não, objeto do direito das coisas.
◦ Direito Alemão (1990) → primeira legislação a considerar que os animais
não são coisas e limitar os poderes do proprietário;
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
◦ Direito Português (2017) → passou a considerar os animais como
tertium genus, entre pessoas e coisas mas aplica-se, de forma
subsidiária, o Direito das Coisas;
◦ Direito Brasileiro → Projeto de Lei 27/2018, aprovado pelo senado em
07/08/2019, considerou os animais como sujeito de direitos, com
direitose proteção legal em casos de violação.
 🔗 Animal não é "coisa", estabelece PL aprovado pelo Senado 
 FORMA DE CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS REAIS
No ordenamento brasileiro faz-se a distinção entre bens móveis e imóveis, onde se
tem a regra, que não quer dizer que é a única maneira.
• Bens móveis → tradição, ou seja, entrega da coisa (art. 1.226 CC)
• Bens imóveis → registro de imóveis (art. 1.227 CC). O art. 108 trata que,
não dizendo a lei em contrário, a escritura pública de bem imóvel com valor
superior a 30 salários mínimos.
• Características dos direitos pessoais
• Transitoriedade → 
• Autonomia prova (numeros apertus) → possibilidade de se criar modelos
de direitos para serem constituídos.
Aula 2 (27/01/2022) 
Posse
Pontes de Miranda conceitua a posse como “relação fática entre pessoa que
possui e o alter, a comunidade (…) Posse é estado de fato, situação real, o poder
fático sobre a coisa”.
Caio Mário conceitua a posse como “situação de fato em que uma pessoa,
independentemente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes
ostensivos, conservando-a e defendendo-a.
Rizzardo conceitua a posse como “exercer, praticar ou usufruir de fato, ou
efetivamente de algum dos poderes inerentes ao domínio ou à propriedade. A
posse é o exercício de fato de um dos poderes inerentes ao domínio ou à
propriedade”.
https://www.migalhas.com.br/quentes/308293/animal-nao-e-coisa-estabelece-pl-aprovado-pelo-senado
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As noções que aparecem na conceituação de Caio Mario e de Rizzardo conseguem
ser visualizadas no Código Civil, arts. 1196 e 1228.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
POSSE ≠ PROPRIEDADE
Poderes inerentes à propriedade (art. 1128 CC)
Os poderes inerentes à propriedade são aqueles elencados no art. 1128 do Código
Civil, quais sejam usar, gozar, dispor e reaver a coisa.
• Usar → a doutrina conceitua que “usar” é retirar as utilidades próprias do
bem, diferente de frutificar;
• Gozar → é fazer com que a coisa renda frutos;
• Dispor → o poder de disposição é definir o que vai ser feito com o bem, ex.:
será vendido ou locado?
• Reaver a coisa → também chamado de direito de sequela, é o poder de
perseguir a coisa onde quer que ela esteja.
A condição de possuidor é caracterizada com o exercício de, pelo menos, um
desses poderes inerentes à propriedade. Importante ressaltar que no nosso
ordenamento jurídico existe a autonomia entre o instituto da posse o instituto da
propriedade, que significa que pode ser proprietário e não ser possuidor e vice-
versa. 
Jus possessionis X jus possiendi
• Jus possessionis → é a posse formal, independente de qualquer título, ou
seja, a partir do momento em que o cidadão exerce a posse ele será
considerado como um possuidor;
• Jus possiendi → também chamada de posse casual, é o direito à posse.
Ex.: contrato de compra e venda.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Teorias da posse
Existem duas teorias da posse, a teoria subjetiva, de Svigny e a teoria objetiva de
Ihering, que é a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro.
 TEORIA SUBJETIVA – SAVIGNY, 1803
A teoria de Savigny foi montada pelos a partir dos elementos encontrados no
Direito Romano (posse como toda a relação material intencional da pessoa com a
coisa).
Posse = corpus + animus domini (corpus, affectio tenendi, animus domini). Ou
seja, para ser caracterizado a posse era necessário a coisa, exercer o poder sobre
a coisa e ter vontade de ser proprietário. Quando há um poder físico sobre à coisa
trata-se de detenção.
O problema dessa teoria era que o aninus domini é um elemento de difícil
constatação, além disso, há, nessa teoria, a necessidade do contato físico com a
coisa, mas nem sempre o proprietário está com a coisa, às vezes ele pode alugar,
emprestar, etc.
Com a crítica à necessidade de contato físico, ocorreu um avanço da teoria, onde
Savigny disse que em algumas hipóteses poderia ocorrer exercício da posse sem
contato físico com a coisa em casos de posse derivada.
 TEORIA OBJETIVA – RUDOLF VON IHERING, 1880
Ihering era aluno de Savigny, ele estudou a teoria do professor, analisou às
críticas a esta teoria e elaborou a teoria objetiva. Essa teoria é representada pelo
único elemento, que é o elemento corpus. Mas diferente da teoria subjetiva, aqui
corpus se caracteriza por exercer um poder sobre a coisa, independentemente de
vontade.
A teoria adotada pelo direito brasileiro foi a teoria objetiva, do início ao fim do
ordenamento jurídico. Alguns doutrinadores informam que, na modalidade de
usucapião existe a teoria subjetiva, mas não é verdade, como explica a Prof. Tula,
quando o Cód. Civil fala do usucapião o legislador sempre se refere como “aquele
que possuir como seu” que não significa vontade de ser proprietário.
Essa teoria permite o desdobramento da posse, onde uma pessoa é o possuidor
direto e o outro é o possuidor indireto, ex.: locação, onde o locador é o possuidor
indireto e o locatário é o possuidor direto (aquele que tem o contato mais próximo
com a coisa). Ou seja, não exige contato físico com a coisa para ser possuidor da
coisa, daí permite-se o desdobramento da posse.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Natureza jurídica da posse
Embora o ordenamento jurídico tenha adotado a teoria objetiva, quando se trata
da natureza jurídica da posse, fica-se com a definição de Savigny que disse que a
“posse é um fato que produz direito”. A posse é um estado de fato, não um
direito. Pontes de Miranda, dizia que a posse é um fato jurídico e no caso da
saisine1 não depende da ação humana, nas outras hipóteses é um ato-fato
jurídico2.
Objeto da posse
Rizzardo diz que qualquer coisa corpórea é objeto da posse, deve ser comerciável
ou ter algum valor econômico e que apresente alguma utilidade. Importante
destacar a súmula 228 do STJ, que diz que “é inadmissível o interdito proibitório
para a proteção do direito autoral.”
Detenção
O detentor é aquele que exerce poder sobre a coisa mas sob interesse alheio, e
está prevista no art. 1198 do CC. Alguns autores conceituam a detenção como
posse degradada, ou seja, o detentor é um servidor ou fâmulo da posse.
Aula 3 (03/02/2022) 
Classificação da posse
O código civil trata sobre a classificação da posse nos arts. 1.200 a 1.203.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou
precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o
obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o
momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor
não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o
mesmo caráter com que foi adquirida.
1 Saisine → transferência da posse/propriedade pela abertura da sucessão com a morte de
alguém.
2 Ato-fato jurídico → depende da ação humana, mas não depende de vontade.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Posse justa ou injusta
A posse justa está elencada no art. 1.200 do CC, que diz que a posse justa não
pode ser violenta, clandestina ou precária. Enquanto houver o vício da violência
não existe posse, quando cessar a violência nasce a posse, mas trata-se de uma
posse injusta (art. 1.208 do CC). O vícioda clandestinidade é quando o
indivíduo possui a coisa “escondido”, a posse sempre exige a publicidade, caso
contrário não se tem a caracterização da posse, a partir do momento que cessa a
clandestinidade, nasce a posse, entretanto também trata-se de posse injusta. Por
fim, o vício da precariedade, esse vício é considerado pela doutrina como o
abuso de confiança, ou seja, alguém recebeu um bem por determinado período,
mas não restitui o bem no prazo determinado, pode acontecer tanto nos casos de
posse como nos de detenção, enquanto perdurar a precaridade estamos diante de
situação de posse injusta.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.
É importante ressaltar que não se pode falar em violência nem esbulho de bem
abandonado, sendo assim não há o que se falar na existência de vício. Outra
observação importante é que a posse injusta pode conferir efeitos jurídicos,
inclusive para fins de usucapião. Os vícios da posse são vícios relativos, ou seja,
só podem ser alegados pelo possuidor agredido em face do agressor.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com
as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem.
§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de
desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse
social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e
estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa
indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Conversão da posse
Há a possibilidade da conversão da posse injusta em posse justa e para que
ocorra é necessário que ocorra uma interferência de uma causa diversa, não
depende da mudança de intenção do possuidor mas de inversão do título. A
transferência da coisa para terceiro não importa na conversão (art. 1.203 CC).
Posse de boa-fé ou má-fé
A posse de boa-fé está disposta no art. 1.201 do CC, esse dispositivo trata-se de
uma boa-fé subjetiva, ou seja, leva-se em consideração o critério individual. O
possuidor, se desconhecer o vício trata-se de uma posse de boa-fé. Entretanto, a
partir do momento em que se conhece o vício da coisa, a posse passa a ser uma
posse de má-fé.
A boa-fé real é aquela que ignora o vício. A boa-fé presumida, disposta no p.
único, é quem tem justo título, que é o título hábil em tese, que tem condições
jurídicas de transferir a posse e propriedade.
POSSE JUSTA ≠ POSSE DE BOA-FÉ
Pontes de Miranda diferencia a posse justa da posse de boa-fé da seguinte forma:
a posse justa é aquela que se dá pela justa causa, enquanto a posse de boa-fé é
aquela que se dá pela crença na justa causa, ainda que não seja. A posse injusta
pode ser uma posse de boa-fé (ex.: aquisição a non domino3).
Desdobramento da posse
O desdobramento da posse se dá em posse direta e em posse indireta, também se
encontra na doutrina as posses parelelas, onde existe o exercício da posse por
mais de uma pessoa, onde uma exerce a posição de possuidor direto e o outro de
posse indireta (ex.: aluguel).
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.
3 Aquisição a non domino = comprar coisa de quem não é proprietário.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
O enunciado 492 do CJF diz que “A posse constitui direito autônomo em relação
à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de
interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela”. 
Posse-trabalho (função social da posse)
Essa classificação veio após a introdução do conceito de função social, tendo
mais força no Código Civil de 2002, dando um tratamento mais benéfico para
aquele que cumpre com a função social da posse. Há previsão dessa classificação
de posse nos arts. 1228, §§ 4º e 5º (desapropriação por ato do poder judiciário),
1238 (usucapião com prazo menor), art. 1239, p. único (usucapião constitucional
rural), art. 1242 (usucapião com prazo menor) e art. 1255, p. único (nova regra
de aquisição de propriedade por acessões) do CC.
Posse nova e posse velha
Anteriormente, era posse nova aquela com menos de X dias e posse velha aquela
com mais de X dias. No Código Civil atual não se fala mais em posse nova e posse
velha.
Posse ad interdicta ou ad usucapionem
A posse ad interdicta é aquela que posse que se dá para o possuidor, direto ou
indireto, justo ou injusto, de boa-fé ou de má-fé. Enunciado 493: O detentor (art.
1.198) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu
poder. A posse ad usucapionem refere-se aquele que possui a coisa como sua, ou
seja, exerce um poder sobre a coisa sem reconhecer ou se submeter ao domínio
ou propriedade alheia.
Aula 4 (10/02/2022) 
Aquisição da posse
A posse é um ato-fato jurídico, ou seja, não precisa cumprir com os requisitos de
validade do negócio jurídico. Não se aplica a posse o art. 104 do CC, pois a posse
não é um negócio jurídico. O Código Civil não fala sobre as formas de aquisição
da posse, limita-se a tratar do assunto no art. 1204 que diz que “adquire-se a
posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio,
de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”. A posse se dá com a
exteriorização da propriedade.
Pode-se dividir a aquisição da posse em posse originária e posse derivada. Na
posse originária o indivíduo recebe o bem como o primeiro possuidor, as formas
de aquisição da posse originária nas situações de res nullius (quando não é de
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
ninguém) ou res derelictae (quando a coisa é abandonada). Na posse derivada
ocorre uma transmissão da posse e adquire a posse com as mesmas condições da
anterior, a aquisição da posse derivada ocorre a intermediação pessoal, com a
tradição.
Tradição
A tradição subdivide-se em real, simbólica e ficta. A tradição real ocorre com a
entrega efetiva da coisa. A tradição simbólica ocorre quando se tem um ato
representativo (longa manu), por exemplo: entrega das chaves de um
apartamento. A tradição ficta é a presunção, ex.: compra e venda de imóvel na
qual vendedor passa a ser locatário.
Legitimidade para adquirir a posse
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Pontes de Miranda informa que a posse pela própria pessoa não depende de
requisitos de validade, basta a condição humana (não exige qualificação
subjetiva).
Dentro do nosso ordenamento jurídico admite-se a aquisição daposse pelos entes
despersonalizados e não somente a pessoas físicas e jurídicas. O enunciado 236
fala que considera-se possuidor também a coletividade desprovida de
personalidade jurídica e o enunciado 596 fala que o condomínio edilício pode
adquirir imóvel por usucapião.
Transmissão da posse
A transmissão da posse está prevista nos artigos 1203, 1206 e 1207 do Código
Civil. Em regra, com a transmissão da posse mantém-se o mesmo caráter com
que foi adquirida (art. 1206 CC). Os arts. 1206 e 1207 referem-se a continuidade
da posse. As regras de continuidade da posse para sucessor universal (herança
legítima), aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários. As regras para união da posse (acessão) faz-se
necessário a diferenciação do sucessor universal e do sucessor singular (compra e
venda, doação e legado).
Orlando Gomes questiona as regras apresentadas pela legislação, ele diz que “o
que distingue a sucessão da união é o modo de transmissão da posse, sendo a
título universal, há sucessão; sendo a título singular, há união. Não importa que
a sucessão seja inter vivos ou mortis causa. Na sucessão mortis causa a título
singular, a acessão se objetiva pela forma da união. A sucessão de posses é
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imperativa; a união facultativa; enquanto na singular é facultado unir sua posse
à precedente. Sendo, nesta última hipótese uma faculdade, o possuidor atual só
usará se lhe convier, limitando-se à sua posse quando do seu interesse”.
Perda da posse
A perda da posse está prevista no art. 1223 e 1224 do Código Civil que diz que a
perda da posse se dá quando cessa o poder sobre o bom, mesmo que contra a
vontade do possuidor, sendo que só se considera perdida a posse para quem não
presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém a retornar a coisa,
ou tentando recuperá-la é violentamente repelido. Ou seja, a perda da posse
quando não se tem mais condições de exercer o poder sobre a coisa em interesse
próprio.
Hipóteses de perda
As hipóteses de perda da posse são: abandono da coisa, tradição, perda ou
destruição da coisa possuída, perda da própria coisa, coisa fora do comércio,
posse de outrem (esbulho de outrem) e constituto possessório.
Efeitos da posse (art. 1210 a 1222)
Os efeitos da posse são as consequências jurídicas por ela produzidas, ou seja,
todas as consequências que a lei atribuir. Alguns autores entendem que existe
apenas um efeito, que é a possibilidade de invocar interditos, mas para outros os
efeitos são variados, sendo eles: em relação a defesa da posse pelas ações
possessórias, em relação aos frutos, em relação a perda ou deteriorização da
coisa possuída, em relação as benfeitorias e direito de retenção, em relação a
usucapião, em relação ao ônus da prova compete ao adversário do possuidor e
em relação ao uso e gozo enquanto durar.
Efeitos em relação as ações possessórias
O meio de defesa da posse são as ações possessórias (manutenção e reintegração
da posse), interditos possessórios e autodefesa. “O possuidor tem direito a ser
mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado” (art. 1.210, CC).
O possuidor tem como defender a sua posse, através da legítima defesa, mas
“contanto que faça logo”, conforme o art. 121o, §1º do CC. Este dispositivo prevê o
chamado desforço imediato, que consiste no imediato emprego moderado de
meios necessários a manutenção ou a retomada da posse turbada ou esbulhada
de outrem, cuidando dos excessos. A legítima defesa da pose é contra a turbação
e o desforço imediato é contra o esbulho.
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Efeitos em relação aos frutos
O art. 1214 do CC dispõe que “o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela
durar, aos frutos percebidos”. O conceito de boa-fé é a alma das relações sociais,
devendo observar se o possuidor estiver com boa-fé estará equiparado como
dono. O Parágrafo único dispõe que “os frutos pendentes ao tempo em que cessar
a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e
custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação”.
A lei mantém em relação ao possuidor uma proteção, já em relação ao de má-fé,
deve reestabelecer o equilíbrio violado por aquela posse ilegítima, devendo
devolver não só os frutos colhidos e percebidos, como responde, igualmente pelos
frutos por sua culpa deixou de perceber. Concede a lei o direito de ter reembolso
das despesas de produção e custeio (art. 1216, CC). Assim, de forma resumida
pode-se afirmar que o possuidor de boa fé tem direito aos frutos percebidos, às
despesas da produção e custeio dos frutos pendentes e dos colhidos
antecipadamente, que deverão ser restituídos. Os possuidores de má-fé tem
direito aos frutos e responde por todos os prejuízos que causou pelos frutos
colhidos e percebidos e pelos que por culpa sua deixou de perceber.
Efeitos em relação a perda ou deteriorização da coisa possuída
O art. 1217 diz que o possuidor de boa-fé não responde pela perda ou
deteriorização da coisa, a que não der causa, enquanto o art. 1218 diz que o
possuidor de má-fé responde pela perda, ou deteriorização da coisa mesmo que
não tenha dado causa.
Efeitos em relação as benfeitorias
Os arts. 1219 a 1222 do CC tratam dos efeitos em relação a benfeitoria, em
resumo referem-se que o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado pelas
benfeitorias necessárias e úteis, de levantar as voluptuárias e de retenção, pelo
valor das benfeitorias úteis e necessárias. Já o possuidor de má-fé tem direito a
ser indenizado pelas benfeitorias necessárias.
Esses efeitos não se aplicam ao inquilinato, se o proprietário não autorizar a
benfeitoria útil, não será indenizado.
BENFEITORIAS (ART. 96, CC)
BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS → são voluptuárias as benfeitorias de mero deleite ou recreio
BENFEITORIAS ÚTEIS → aumentam ou facilitam o uso do bem
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS → que tem finalidade de conservar o bem ou evitar que ele se 
deteriore
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Efeitos em relação ao usucapião
Para caracterizar usucapião é necessário ter a posse com animus domini.
Ações possessórias
As ações possessórias, também chamadas de interditos possessórios, são as que
tem por objetivo a defesa da posse, com fundamento na posse, em face da prática
de três diferentes graus de gravidade de ofensa a ela cometida: esbulho, turbação
ou ameaça. As ações possessórias têm natureza dúplice (art. 556 CC). Para
tutelar a proteção da posse, as ações possessórias exigem a prova da posse
devido a diferenciação entre posse e propriedade.
A legitimidade ativa da ação possessória está prevista no art. 1196 do CC que diz
que tem legitimidade todo aquele que exerce posse sobre o bem, devendo essa
existir antes da ofensa e possuidores diretos e indiretos, compossuidores. A
legitimidade passiva se dá por todos que participaram da ofensa, a não
identificação dos réus invasores não prejudica o ajuizamento da ação, nesse caso
identifica-se o bem e os invasores com dados disponíveis (arts. 554 e 565 do
CPC).
Modalidades de turbação
A turbação pode ser positiva, negativa, direta ou indireta. Os atos de turbação
positivos são aqueles que envolvem uma ação molestadora da posse (ex.: corte
de árvores, derrubada de cercas, implantação de estacas, etc), já os atos de
turbação negativos são os que impedem ou dificultam o caminho possuidor de
praticar certos atos (ex.: colocar obstáculos no caminho utilizado pelo possuidor).
A turbação direta é praticada na própria coisa, enquanto a turbação indireta é
desenvolvida externamente à coisa, mas trazendo efeitos prejudiciais no exercício
da posse.
Espécies de interditos possessórios
São três as espécies de interditos possessórios: a manutenção de posse (no casode turbação), a reintegração (no caso de esbulho ou perda da posse) e interdito
proibitório (no caso de ameaça, sem perda ou limitação parcial do direito).
Ação de manutenção da posse
Está previsto no art. 1210 do CC e no art. 560 do CPC, não ocorre com a
turbação, a perda da posse, há somente um prejuízo no exercício dos direitos
possessórios, um embaraço no desenvolver da posse, o possuidor sofre
perturbação na posse em consequência de atos de alguém. A turbação é todo ato
que embaraça o livre exercício da posse.
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Além da manutenção da posse o autor pode buscar indenização e cominação de
pena para o caso de reincidência e também o pedido de desfazimento de
construção ou plantação.
Ação de reintegração de posse
Está previsto no art. 1210 do CC e no 560 do CPC. Ocorre através de esbulho, ou
seja, a perda da posse. Pratica esbulho aquele que prova outrem da posse, de
modo violento, clandestino ou com abuso de confiança. A reintegração se dá para
o reestabelecimento da posse de um bem que foi injustamente afastado ou
retirado.
Além da proteção possessória o possuidor tem direito a ser indenizado pelos
prejuízos que sofreu com o esbulho, cominação de pena para o caso de
reincidência e também o pedido de desfazimento de construção ou plantação. Se
a coisa esbulhada não existir mais cabe ao possuidor esbulhado a indenização
equivalente.
Ação de interdito proibitório
Está prevista no art. 1210 do CC e no art. 567 do CPC, tem caráter preventivo. É
uma situação de ameaça de violência ou perturbação à posse. Há um estado de
fato de iminência de turbação ou de esbulho, antecipando-se o titular da posse ao
momento desencadeador de tais atos. O temor deve ser justificado, no sentido de
estar embasado em fatos exteriores, em dados objetivos. Importa a seriedade da
ameaça, sua credibilidade, sua aptidão, para infundir no espirito normal o estado
de receio.
A proibição de atos atentatórios à posse vem acompanhada de cominação de
pena, em caso de transgressão à ordem. Caso no curso da ação vier a se verificar
o esbulho ou a turbação, não é necessário que o autor ajuíze ação de reintegração
ou de manutenção, pois aí há o desrespeito a uma ordem judicial, sanável
mediante a determinação de restituir a posse, ou cessar a turbação, que se
cumprirá por meio de mandado de reintegração ou manutenção, além de incidira
multa arbitrada.
Novidades do CPC de 2015
De maneira geral, o CPC de 2015 retornou ou detalhou o que o tratamento do
CPC/73 em matéria de ações possessórias. Não trouxe, muitas mudanças, mas
há duas novidades (arts. 554, §1º e 556 do CPC) que merecem destaques: (I) a
regulamentação de processos com partes coletivas; (II) a possibilidade de
mediação do conflito.
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Ações petitórias e outras ações
As ações petitórias não se confundem com as ações possessórias. Nas ações
petitórias o autor quer a posse do bem, e ele assim deseja pelo fato de ser
proprietário. São dois os tipos de ação petitória: reinvidicatória e imissão na
posse.
Além das ações petitórias, tem-se também outras ações com o objetivo de
proteger a posse e a propriedade, não são ações com fundamento na condição de
possuidor, são elas: (I) ação de nunciação de obra nova (utilizada como meio de
penalidade ou coerção em face do dono da obra nova); (II) ação de dano infecto
(dano ainda não ocorreu, mas abre-se ação para cessar obra que está sendo
feita); e (III) ação demolitória.
Aula 5 (17/02/2022) 
Propriedade
No Código Civil de 1916 tinha-se uma noção conceitual do direito de propriedade
vinculado ao Direito Romano, onde a propriedade era vista como um conjunto de
direitos. Na Constituição Federal de 1988 temos no art. 5º, XXII o direito de
propriedade aparecendo como um direito fundamental e logo no inciso XXIII tem-
se a limitação desse direito, que fala sobre a função social. Já no Código Civil de
2002, no art. 1228 está muito presente o princípio da socialidade, ou seja, o
interesse social se sobrepõe sobre o interesse individual e é necessário
estabelecer limitações ao direito de propriedade e quem não cumprir com a
função social pode sim perder a propriedade. Ideia de que propriedade rima com
responsabilidade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com
as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer
comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem.
§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de
desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse
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social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de
boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e
estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa
indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
O proprietário tem o direito de ajuizar ação reivindicatória, onde o proprietário
busca a proteção em relação à propriedade contra o terceiro que a possui
injustamente. A legislação não diz um prazo para ajuizar essa ação, mas é
necessário se atentar a alguns detalhes, como por exemplo a defesa usar a ação
de usucapião, a desapropriação por ato do Poder Judiciário e o parecimento do
domínio (ex.: caso da favela Pullman).
Limitações no direito de propriedade
Função social da propriedade
Previsto no art. 1228, § 1º do CC, é uma norma aberta e possui alguns critérios
para que se declare esse direito. Essa orientação da função social da propriedade
é tributada ao doutrinador francês Leon Duguit que dizia que os “direitos só se
justificam pela missão social – proprietário deve ser considerado como um
funcionário quanto à gestão de seus bens”. Ele diz que a propriedade tende a se
tornar a função social do detentor de uma riqueza imobiliária e mobiliária, e dá
ao detentor dessa riqueza a obrigação de empregá-la para o crescimento da
riqueza social e para a interdependência social. O direito da propriedade não é
um direito intangível e sagrado, mas um direito em contínua mudança que se
deve modelar sobre as necessidades sócias às quais devem responder.
Perlingeri diz que a propriedade tem uma função social, que “permanece como
uma situação subjetiva no interesse do titular, e que só ocasionalmente é
investido na função social”, Orlando Gomes, no entanto diz que a propriedade é
uma função social quando exercida para certos fins.
Bens imóveis urbanos
Na constituição federal tem-se a determinação da função social de bens imóveis
urbanos e imóveis rurais. o art. 182 da CF refere-se a função social dos imóveis
urbanos que diz que para que se cumpra com as funções sociais é necessário
cumprir o plano diretor, se não atende essas exigências pode-se perder a
propriedade.
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Bens imóveis rurais
O art. 186da CF refere-se a função social dos imóveis rurais, que é cumprida
quando atende simultaneamente aos requisitos elencados, são eles:
aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente, observância das disposições que
regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores.
O art. 185 faz referência a insuscetibilidade de desapropriação para fins de
reforma agrária a pequena e média propriedade rural, desde que seu proprietário
não possua outra e a propriedade produtiva.
Abuso do Direito de propriedade
Previsto no art. 1228 §2º do CC. Beviláqua diz que ocorre abuso de direito
quando “o titular de um determinado direito subjetivo o exerce sem respeitar os
interesses dos demais indivíduos e da sociedade”, portanto, o direito é exercido
com abuso quando desrespeita sua função social. Percebe-se que o titular do
direito de propriedade em princípio, tem o direito e pode livremente exercê-lo,
mas esse exercício deve observar toda a coletividade como igual detentora de
direitos, ou será abusivo.
Em resumo, a teoria do abuso de direito impõe limites éticos ao exercício de
direitos subjetivos e o abuso do direito reflete uma responsabilidade objetiva, ou
seja, que não admite discussão de culpa para existir o dever de indenizar.
Desapropriação por ato do Poder Executivo
Previsto no art. 1228 §3º do CC e diz que há a possibilidade do proprietário ser
privado da coisa nos casos de despropriação por necessidade ou utilidade pública
ou interesse social, bem como no de requisição em casa de perigo público
iminente. Essa desapropriação se dá por meio de decreto do meio estatal e será
indenizada.
Desapropriação por ato do Poder Judiciário
Previsto no art. 1228 §4º do CC. Diferente do que acontece com a desapropriação
por ato do Poder Executivo, a desapropriação por ato do Poder Judiciário não
passa pelo poder executivo, a desapropriação se dá por uma peça processual.
Extensão da propriedade
O art. 1229 do CC trata da extensão da propriedade, que diz que a propriedade
do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo em altura e profundidade úteis ao
seu exercício. Em resumo, o espaço aéreo e o subsolo são extensões da
propriedade, podendo ser utilizados considerando as limitações e podendo ser
esse espaço utilizado por outrem, se o proprietário do imóvel não estiver
utilizando, ex.: encanamentos que passem por baixo do meu imóvel.
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Descoberta
Arts. 1233 a 1237 do CC, que falam sobre a descoberta, ou a “invenção de coisas
perdidas”, é uma regra geral da propriedade e não é mais um modo de aquisição
da propriedade, como era anteriormente. Um objeto perdido não pode
simplesmente ser apropriado por outrem, uma vez achado o objeto, o mesmo
deverá ser restituído ao proprietário, somente em situações muito excepcionais
haverá a aquisição da propriedade.
!! Res perdita ≠ res derelicta! Ou seja, coisa perdida não se confunde com coisa
abandonada.
Formas de aquisição da propriedade
Existem aquisições originárias e derivadas. Quando se trata de aquisição
originária, adquire-se o bem como se primeiro proprietário fosse, logo todas
limitações que existiam anterior a aquisição decaem. Já na aquisição derivada,
adquire-se a propriedade como está, com todos os onus e características que
acompanhavam a propriedade do antecessor.
As formas de aquisição de propriedade móvel seguem a mesma regra, mas
mudam as modalidades. Nos bens móveis tem-se como forma de aquisição
originária da propriedade: ocupação, achado de tesouro, usucapião,
especificação, confusão, comistão e adjunção. Já como forma de aquisição
derivada possui tradição e sucessão.
Aquisição da propriedade imóvel
Existem três sistemas de aquisição da propriedade: sistema francês, sistema
romano e sistema germânico. Nosso ordenamento jurídico adota o sistema
romano que diz que para a aquisição da propriedade é necessário cumprir a
formalidade (registro imobiliário), nesse sistema há uma vinculação entre o título
e o modo. Há presunção juris tantum, ou seja, admite prova em contrário. Uma
invalidade quanto ao título, invalida o modo. O art. 1247 diz que, se houver
irregularidade no título o registro poderá ser cancelado, podendo o proprietário
reivindicar o imóvel, independente de boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
Há algumas ressalvas quanto ao art. 1247, §1º do CC. A Súmula 375 do STJ diz
que o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. A Lei 13.097/2015,
concentrou ou dados nas matrículas imobiliárias, ficando o terceiro de boa-fé
imunizado da privação de seu direito. A Lei 13.465/2017 criou o Código Nacional
de Matriculas (art. 235 da Lei de Registros Públicos).
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Retificação do registro imobiliário
Os arts. 212 e 216 da LRP trata do que pode ser objeto de retificação, podendo o
objeto de jurisdição ser voluntário (se não houver conflito) ou contensiosa. Essa
retificação pode ser extrajudicial quando ela não traz potencialidade de dano a
terceiros (art. 212 e 213 da LRP) e pode ser também uma retificação judicial, que
pode ser voluntária ou contenciosa, como já visto.
Etapas dos registros e averbações
• Protocolização – Lei 6015/73, art. 182 e 186
• Prenotação
• Registro
Princípios do registro imobiliário
• Prioridade – quem leva primeiro tem prioridade no registro;
• Especialidade – descrição individualizada;
• Publicidade;
• Continuidade
Processo do registro 
O interessado pode apresentar o título, para exame e cálculo dos emolumentos,
independentemente de protocolo (prenotação). Se o título é apresentado para
registro, o Oficial do RI irá fazer a verificação formal e legal do documento e caso
entenda que o título não é passível de registro a LRP determina que deve
manifestar por escrito a dúvida e dirigir ao Juiz competente.
Quando o oficial entende que não é possível o registro e a parte entende que
deveria ocorrer o registro, o oficial faz o encaminhamento para que o juiz
competente decida sobre a legitimidade à exigência feita, como condição de
registro, esse processo se chama “dúvida registral” e é cabível para hipóteses de
registro. No caso de dúvida da averbação cabe pedido de providencias.
Para que seja submetido essa dúvida registral é necessário que ela seja legítima,
razoável (o oficial deve buscar soluções para viabilizar o registro), clara
(linguagem acessível), exaustiva (apresentando exigência a todas as deficiências
de uma só vez) e passiva (oficial não deve notificar o interessado, este deve
comparecer ao Cartório).
by: @justo_estudos – UFRGS – 7º semestre
Dúvida inversa (às inversas)
Essa situação não está prevista na LRP, pois é dever do Oficial do RI que suscite
essas dúvidas, mas no caso de ele não o fizer (como corriqueiramente não o faz) a
dúvida será levantada pela parte para suprimir a inércia do oficial.
Próxima aula: usucapião
	Direito das Coisas X Direitos Reais
	Teoria realista
	Teoria personalista
	Direitos reais
	Características dos direitos pessoais
	Posse
	Poderes inerentes à propriedade (art. 1128 CC)
	Jus possessionis X jus possiendi
	Teorias da posse
	Natureza jurídica da posse
	Objeto da posse
	Detenção
	Posse justa ou injusta
	Conversão da posse
	Posse de boa-fé ou má-fé
	Desdobramento da posse
	Posse-trabalho (função social da posse)
	Posse nova e posse velha
	Posse ad interdicta ou ad usucapionem
	Tradição
	Legitimidade para adquirir a posse
	Transmissão da posse
	Hipóteses de perda
	Efeitos em relação as ações possessórias
	Efeitos em relação aos frutos
	Efeitos em relação a perda ou deteriorização da coisa possuída
	Efeitos em relação as benfeitorias
	Efeitos em relação aousucapião
	Modalidades de turbação
	Espécies de interditos possessórios
	Ação de manutenção da posse
	Ação de reintegração de posse
	Ação de interdito proibitório
	Novidades do CPC de 2015
	Propriedade
	Função social da propriedade
	Bens imóveis urbanos
	Bens imóveis rurais
	Abuso do Direito de propriedade
	Desapropriação por ato do Poder Executivo
	Desapropriação por ato do Poder Judiciário
	Extensão da propriedade
	Descoberta
	Aquisição da propriedade imóvel
	Retificação do registro imobiliário
	Etapas dos registros e averbações
	Princípios do registro imobiliário
	Processo do registro
	Dúvida inversa (às inversas)

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