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7° T – CMC II – Neurocirurgia – Dr. Rodrigo Ferrari – 07/03/2022 2° Caso Disparador TCE Definição: O traumatismo cranioencefálico (TCE) se refere a qualquer agressão de ordem traumática que acarreta em lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, do crânio, das meninges, do encéfalo propriamente dito ou de seus vasos. OBS: para ser caracterizado como TCE, o paciente não necessariamente precisa ser um politraumatizado grave. Epidemiologia: · O traumatismo é a principal causa de morte entre 1 e 44 anos (representa a população economicamente ativa do país); · O TCE se trata de um problema de saúde pública; · O TCE é o maior causador de morbimortalidade nos pacientes politraumatizados; · O TCE grave tem mortalidade 30% a 70% (alta mortalidade); · Média de 14 a 30 mortes/100.000 habitantes/ano; · Homens > mulheres (é de 2 a 3x mais comum em homens do que em mulheres, a depender do local estudado). Graduação do TCE <3: A graduação do TCE é feita de acordo com a Escala de Coma de Glasgow · TCE leve: de 14 a 15 pontos; · TCE moderado: de 13 a 9 pontos; · TCE grave: de 8 a 3 pontos. É importante lembrar que pacientes com escala de Glasgow menor ou igual a 8 precisam ser admitidos em UTI e intubados como forma de preservação da via aérea OBS: anteriormente, casos de TCE leve eram aqueles em que o paciente apresentava Glasgow entre 13 e 15. OBS. Se a reposta for diferente entre os lados, sempre levar em consideração a melhor resposta Pontos importantes: · Decorticação: flexão patológica dos membros superiores e extensão patológica dos membros inferiores, frente a um estímulo doloroso (3 pontos na resposta motora); · Descerebração: extensão patológica dos membros superiores e inferiores, frente a um estímulo doloroso (2 pontos na resposta motora). Classificação: O TCE pode ser classificado em lesões primárias e secundárias: Lesões primárias: As lesões primárias são aquelas geradas em consequência direta do trauma. As lesões primárias podem ainda ser classificadas em focais e difusas: 1.1.Lesões primárias focais: · As lesões focais são: · Lesões do couro cabeludo; · Dessas lesões, a mais complexa e mais grave consiste nos casos de escalpelamento. · Fraturas do crânio; · Contusão encefálica (comprometimentos vasculares dentro do cérebro); · Laceração do encéfalo; · Hematomas: · Extradural; · Subdural; · Intraparenquimatoso (na verdade é a mesma coisa que contusão encefálica). OBS: o hematoma intraparenquimatoso nada mais é do que a contusão encefálica; o que difere um quadro de outro é que o conteúdo hemático dos hematomas intraparenquimatosos é maior. 1.2. Lesões primárias difusas: · As lesões difusas são: · Concussão cerebral; · Lesão axonal difusa (LAD); · Tumefação cerebral (swelling). Lesões secundárias: As lesões secundárias são geradas em consequência às lesões primárias ou às condições clínicas do trauma. Ou seja, as lesões secundárias são aquelas que irão levar a uma piora da primeira lesão sofrida pelo encéfalo Ex.: paciente que bate a cabeça, desenvolve um hematoma e, a partir disso, desenvolve hipoxemia e lesões associadas; Ex.: paciente que interna com um hematoma subdural, é operado e, após, desenvolve uma pneumonia durante o período de internação Lesões primárias focais: Lesão do couro cabeludo (escalpelamento): · Geralmente são resolvidas com uma sutura; · Caso essas lesões sejam extensas, podem levar a consequências hemodinâmicas (choque hipovolêmico). OBS: podem ainda ocorrer casos de traumas fechados do couro cabelo (hematoma subgaleal); nesses casos, o sangramento se localiza entre a gálea (tecido conjuntivo frouxo entre o tecido celular subcutâneo e o periósteo)e o periósteo. · A ocorrência de um hematoma subgaleal exige com que o local da pancada tenha ocorrido no exato local onde o hematoma se localiza (o hematoma subgaleal demonstra onde ocorreu a pancada). · Na maioria das vezes esse sangue é reabsorvido espontaneamente · Cuidado com crianças menores de 1 ano e recém nascido, pois a pele é muito fina e pode ter uma extensão grande Fraturas do crânio: · As fraturas do crânio podem ser simples (lineares), onde há apenas um trincamento do osso, ou complexas (com afundamento), onde se pode observar a presença de desvios · Fatores que influenciam na conduta: · Desvios (afundamento do crânio): · O osso do crânio também é chamado de díploe, pois possui duas corticais (tábuas) ósseas, uma interna e outra externa, entremeadas por uma medular; · Fraturas da díploe requerem correção cirúrgica para que possa ser corrigido o desvio (embora necessitem de correção cirúrgica, não são consideradas como urgência). · Se o afundamento foi igual ou maior do que a espessura de uma tábua óssea, faz-se necessário o tratamento cirúrgico. Isso é feito pois, caso não tratados, esses quadros podem evoluir com complicações futuras, principalmente a epilepsia secundária ao trauma. OBS: se o desvio for menor do que a espessura de uma tábua óssea, não se faz necessário a realização de cirurgia (faz-se apenas o monitoramento do paciente). · Lesão aberta (exposta): · Caso haja lesão da pele juntamente com o crânio, deve-se instituir o tratamento cirúrgico o mais rápido possível (urgência médica). OBS: em fraturas lineares, desde que isoladas, deve-se apenas observar o paciente, não opera OBS: em quadros de suspeita de TCE, faz-se importante a realização de uma janela óssea no momento da execução da tomografia. Contusão cerebral/encefálica <3: É indicativo de que o trauma foi muito intenso (a energia cinética foi muito intensa), ao ponto de vencer a resistência do osso e causar lesão no parênquima cerebral · A lesão formada é necro-hemorrágica intraparenquimatosa · Na tomografia, evidencia-se a presença de imagens hiperdensas (sangue na fase aguda) no parênquima cerebral, entremeadas por imagens hipodensas (áreas de necrose com edema causadas pelo trauma). · Na maioria das vezes, lesões como essa são indicativas de tratamento cirúrgico; · Essas lesões podem provocar um efeito de massa (compressão de outras estruturas), levando a hipertensão intracraniana. OBS. se a lesão não estiver causando HIC, pode-se optar por um tratamento conservador. · Esses pacientes podem evoluir com piora do Glasgow nas primeiras 24 a 72h, frente ao aumento da quantidade de sangue ou do edema ao redor das lesões (aumenta-se a compressão das estruturas adjacentes, podendo levar ao rebaixamento do nível de consciência); · Devido a isso, paciente deve ser, pelo menos, monitorado em uma semi-intensiva. OBS: para os pacientes que estão sendo monitorados, dentro de 24h a 36h, costuma-se repetir a tomografia e, se o paciente estiver evoluindo bem do ponto de vista neurológico, deve- se então repetir o exame após 3 dias; se nesse percurso de tempo o Glasgow do paciente diminuir, deve-se levar o paciente imediatamente para a tomografia e introduzir o tratamento cirúrgico. Tratamento: Nesses casos, realiza-se uma craniotomia com esvaziamento do hematoma (aspiração). OBS: só se deve operar caso haja piora do quadro do paciente, visto que o procedimento cirúrgico em si já é capaz de causar danos ao paciente. Laceração: · Consiste em uma lesão da citoarquitetura meningoencefálica por penetração; · Ocorre invasão do sistema nervoso central, lesando couro cabeludo, ossos, meninges e o próprio parênquima cerebral (destrói todas as estruturas, por se tratarem de lesões penetrantes). · Essas lesões podem ocorrer por arma branca ou por arma de fogo (objetos capazes de penetrar o crânio); · A lesão possui componente necro- hemorrágico com perda de massa encefálica; · São mais comuns em regiões de grande conflito; · São lesões mais complexas e de péssimo prognóstico; · As lesões que transfixam a linha média (de um hemisfério para o outro) são mais graves; · Pioram o prognóstico do paciente. Indicação cirúrgica: · Arma branca e paciente em boa condição neurológica, faz uma craniotomia ao redor do corpo estranho, acompanha ele até a profundidade e tenta retirar com a maior segurança possível · Ferimento por arma de fogo, depende muitoo caso. Quando projétil entrou e saiu e o paciente está grave, na maioria das vezes só fecha a pele. · Ocorre indicação de cirurgia se o causador da lesão provocou, durante a sua entrada, um hematoma; · Deve-se fazer descompressão do hematoma para evitar com que gere efeito de massa. OBS: nem sempre o objeto, projétil ou o corpo estranho é retirado, pois o projétil, por exemplo, ao entrar no crânio, apresenta uma velocidade e temperatura muito alta, esterilizando o ferimento. · Também há indicação cirúrgica quando se faz necessária a realização de limpeza local (remoção do tecido necro-hemorrágico com posterior sutura da pele). Hematomas <3: Os hematomas podem ser de 3 tipos, sendo eles: · Extradural; · Subdural agudo; · Intraparenquimatoso. Hematoma extradural ou epidural: · O hematoma se forma entre o crânio e a dura-máter e, por isso, não mantém contato direto com a superfície do cérebro; · Por esse fator, esse tipo de hematoma apresenta melhor prognóstico <3. · A lesão formada será hiperdensa (sangue em fase aguda) e possuirá formato de lente biconvexa ou de limão na tomografia de crânio. · O sangue faz compressão do encéfalo com limites bem definidos devido a dura-máter. Causa: · Na maioria das vezes, ocorre por lesão da artéria meníngea média (devido a pancadas, associadas ou não a alguma fratura óssea); · Essa artéria sangra entre a dura-máter e a parede interna do osso; · É a principal causa. · Pode ocorrer por fratura da díploe; · Pode ocorrer por lesão do seio venoso (principalmente do seio sagital superior); OBS: nos casos de fratura da díploe e de lesões do seio venoso, o sangramento será de caráter venoso, sendo, por isso, menos grave por possuir evolução mais lenta. Quadro clínico: · Nesses casos, o paciente pode apresentar um intervalo lúcido: · Do momento da lesão até o momento em que o paciente entra em coma, pode haver um intervalo que dura de minutos a horas (intervalo lúcido) <3. · Ex.: um paciente acidentado, ao ser socorrido, apresenta-se lúcido, mas, quando chega ao hospital, evolui com perda da consciência. OBS: intervalos lúcidos ocorrem quase que exclusivamente nos casos de hemorragia extradural. OBS: no hematoma subdural agudo não há intervalo lúcido, pois já lesa a superfície cerebral no momento do trauma Tratamento: · A cirurgia deve ser feita e, na maioria das vezes, em caráter de emergência (tempo salva vida). OBS: na maioria das vezes, faz-se necessário a instituição do tratamento cirúrgico, contudo, caso o paciente se apresente estável devido a presença de um hematoma extradural pequeno (nesses casos, gerado na maioria das vezes por sangramentos venosos), pode-se optar pela monitorização do paciente. Hematoma subdural agudo: Imagem: · O hematoma se forma entre a dura-máter e o encéfalo, por lesão direta sobre do cérebro; · Esse hematoma é gerado, principalmente, devido a ruptura das veias corticais superficiais (sangue venoso); · Possui mau prognóstico, pois é capaz de fazer um efeito de massa entre o córtex cerebral e a dura-máter; · Na tomografia, a imagem tem formato de lente côncavo-convexa (banana/meia-lua), com coloração hiperdensa <3. Quadro clínico: · O paciente apresenta rebaixamento do nível de consciência desde o início do quadro (não há intervalo lúcido nesse tipo de lesão). Tratamento: · A cirurgia deve ser feita, na maioria das vezes, em caráter de emergência; · Nesses casos, realiza-se uma craniotomia com esvaziamento do hematoma. Hematoma Subdural X Hematoma Extradural Hematoma intraparenquimatoso: Quadro clínico (imagem): · Se assemelha aos quadros de contusão cerebral, contudo, nos hematomas intraparenquimatosos, o componente hemorrágico é muito maior que o componente necrótico. Tratamento: · Faz-se necessário a realização de drenagem caso o hematoma esteja causando hipertensão intracraniana ou efeito de massa. Mecanismos de lesão (hematoma e contusão) <3: · O hematoma subdural agudo e a contusão cerebral podem se formar por golpe ou por contragolpe; · Golpe: o hematoma se forma no local onde ocorreu a pancada; · Contragolpe: o hematoma se forma em local diametralmente oposto ao da pancada; · A liberação da energia cinética se dá do lado que bateu, o encéfalo é jogado para o outro lado e bate na parede craniana, formando a contusão ou hematoma. · Para diferenciar uma lesão gerada por golpe ou contragolpe, na tomografia, deve-se observar de qual lado está a lesão (escoriação ou hematoma subgaleal) e de qual lado está o hematoma/contusão Lesões primárias difusas: Concussão cerebral: · Consiste em um processo fisiopatológico complexo, resultante de um mecanismo traumático não penetrante no encéfalo, levando a alteração encefálica, mas sem alterações estruturais no exame de imagem; · É dado por um mecanismo traumático direto ou indireto, que leva a alteração de orientação, de equilíbrio, da capacidade de reação ou do declínio de compreensão verbal e memória, com ou sem perda da consciência e com Glasgow sempre > 13 pontos depois de acordado. · Ex.: o paciente bate a cabeça e desmaia e, ao acordar, pode estar com dificuldade de reconhecer pessoas próximas, de lembrar coisas simples; · Essa perda de memória é recobrada em questão de minutos, horas, dias ou até semanas (a recuperação da consciente pode ocorrer de forma gradual ou total, contudo, será recuperada em algum momento). · O exame de imagem desse paciente é absolutamente normal; · Se isolada, esse tipo de lesão não traz maiores consequências, contudo, caso ocorra de forma repetida, pode resultar em consequências futuras graves. · Ex.: lutadores de MMA que sofrem concussões repetitivas, acabam gerando uma encefalopatia traumática crônica, que pode levar a distúrbios degenerativos do sistema nervoso central, desde síndromes Parkinsonianas, até mesmo síndromes demenciais. Tratamento: · Não há nada que se possa fazer em relação ao tratamento, apenas deixar o paciente sob observação (observação de 12h); · Caso o exame de imagem venha alterado, deve-se investigar outra patologia. Lesão axonal difusa grave (LAD): · Consiste em uma lesão muito grave, com elevado índice de morbi-mortalidade; · Nesses casos, os grandes feixes de axônios descendentes e ascendentes sofrem lesão funcional decorrente de um processo de aceleração e desaceleração do crânio. · Ocorre lesão, principalmente, na substância reticular ativadora ascendente, um conjunto de fibras presentes no tronco encefálico, responsável por fazer o paciente acordar e dormir (caso lesadas, o paciente pode entrar em um estado de coma permanente). · Muitos feixes não rompem, mas pendem sua funcionabilidade OBS: em alguns graus, pode ocorrer lesão anatômica (ocorre estagnação dos impulsos nervosos nos feixes descendentes e ascendentes). Quadro clínico (imagem): · O paciente é admitido em coma e, paradoxalmente, o seu exame de imagem pode vir normal; · Às vezes, é possível de se observar pequenos pontos petequias e hiperdensos em estruturas da linha média (corpo caloso, tálamo, tronco encefálico). – pior prognóstico, pode ficar em estado vegetativo permanente · A depender da idade do paciente, esse tipo de lesão acaba tendo boa evolução Tratamento: · O paciente deve ser transferido para UTI e permanecer em respiração mecânica para que, a depender do comprometimento gerado, consiga se recuperar; · Não se faz tratamento cirúrgico para esse tipo de lesão OBS: quanto mais baixo no sentido crânio caudal for a lesão, ou seja, quanto mais profunda for a lesão (diencéfalo, tronco etc.), mais difícil será para o paciente acordar do coma. Tumefação cerebral (SWELLING): · Decorre de um processo violento de aceleração/desaceleração; · Nesses casos, ocorre um quadro vasoplegia capilar cerebral traumática. · Ocorre ao nível dos capilares, que se estagnam e, assim, deixam de realizar as trocas de oxigênio e nutrientes para o cérebro de modo eficiente (gera edema maligno generalizado do encéfalo). OBS: nesses casos, não há lesão axonal e sim lesões vasculares. Imagem: · Na tomografia, os sulcos, os giros e os ventrículos estarão completamente apagados –HIC severa · Não é possível visualizar as estruturas; · Pode ser bilateral ou unilateral, mas na maioria é difuso Tratamento: · Possui alto índice de morbimortalidade; · Se unilateral: pode-se proporcionar melhora clínica para o paciente por meio de uma craniectomia descompressiva no hemisfério onde estiver ocorrendo o inchaço; · Possibilita com que o inchaço ocorra para fora do encéfalo, evitando assim a compressão de outras estruturas cerebrais, principalmente o tronco encefálico. · Se bilateral: pode-se proporcionar melhora clínica para o paciente apenas por meio de medidas clínicas (a cirurgia nesse caso não é indicada). · Existe a possibilidade de se realizar uma craniectomia bifrontal, contudo, o prognóstico do paciente não é bom nesses casos (deve-se avaliar o risco benefício). · Monitorização da PIC (pressão intracraniana): indicado quando o paciente se encontra sedado e/ou sob risco de HIC. Outras lesões: Hematoma subdural crônico Quadro clínico: · Quadro clínico insidioso e tardio (de 15 a 90 dias pós TCE); · Mais frequente em idosos, etilistas e drogaditos: · Nesses pacientes, ocorre atrofia cerebral, principalmente cortical, o que aumenta o espaço entre o córtex e a caixa craniana, fazendo com que as veias pontes que drenam o sangue venoso para o seio sagital superior fiquem mais estiradas; · Quando esse paciente bate a cabeça (de maneira leve), algumas dessas veias estriadas podem sofrer cisalhamento, formando assim um pequeno hematoma no espaço subdural; · Forma-se um pequeno hematoma subclínico, que passa a ser envolvimento por uma pseudocápsula e que “cresce” em consequência do efeito osmótico e de sangramentos do próprio envoltório; · Como as células inflamatórias migram para o encéfalo de forma bastante lenta, o organismo tende a formar uma pseudocápsula ao redor do hematoma e assim seu conteúdo fica mais osmótico que a periferia, fazendo com que entre líquido nesse hematoma e o deixe cada vez maior; · Ainda, a neovascularização da pseucápsula joga sangue para dentro do “cisto”. OBS: tanto os pacientes etilistas e idosos apresentam atrofia cerebral e tendência a quedas frequentes. · A atrofia cerebral em idosos é fisiológica, enquanto que a atrofia cerebral em pacientes etilistas é gerada pelo álcool. Imagem: · A imagem se apresenta hipodensa, apesar de ser sangue de um hematoma (sangramento crônico); · Pode levar a um efeito de massa. · O paciente pode apresentar sinais de déficit motores (erroneamente confundidos com AVC). OBS: a diferença desses casos para um AVC é que a evolução dos sintomas do hematoma subdural crônico é progressiva, além de que o paciente geralmente relata ter batido a cabeça anteriormente. OBS: os sintomas ocorrem de forma progressiva, visto que o crescimento do hematoma é crônico, o que possibilita com que o encéfalo consiga se adaptar, mesmo que momentaneamente, ao aumento de volume gerado Tratamento: · Cirúrgico, por trepanação, seguido de drenagem. OBS: esse hematoma pode recidivar e, nesses casos, deve-se reoperar o paciente. OBS: o prognóstico desses casos, na maioria das vezes, costuma ser excelente, embora o paciente possa evoluir com complicações após o procedimento cirúrgico. Hemorragia subaracnóidea (HSA) traumática: · É a causa mais frequente de hemorragia meníngea espontanea é a rotura de aneurisma cerebral · Porém a causa mais comum de HSA é traumática · Não apresenta grandes riscos quando isolada, pois, na maior parte das vezes, o sangue é reabsorvido sem tratamento específico; · HSA é um sangramento no espaço subaracnoideo, entre a aracnoide a pia mater, onde há presença de liquor. · Por trauma pode ter a ruptura de pequenos vasos do córtex cerebral, faz um sangramento que espalha no líquor, gera muita cefaleia. OBS: essa lesão consiste em uma das mais vistas nos traumas de crânio, contudo, são pouco comentadas, visto que não geram complicações significativas nos pacientes. Quadro clínico: · O Esses pacientes podem evoluir tardiamente com cefaleia persistente, sonolência, dificuldade visual e desenvolvimento de hidrocefalia (obstrução das granulações aracnoídeas), além de vasoespasmo; · Causa muita cefaleia (costuma ser a queixa principal dos pacientes. Imagem: · Esse tipo de hemorragia na tomografia é algo sutil, imagens hiperdensas espalhada nos sulcos, fissuras e cisternas intracranianas · Faz-se importante descartar a possibilidade de ser a causa. · Existe a possibilita de um acidente ser causada a partir da ruptura espontânea de um aneurisma congênito apresentado pelo paciente. Nesses casos, embora o caso seja traumático, a HSA presente no caso é de origem espontânea. Ou seja, a HSA ser a causa do trauma. · Quando o aneurisma sacular congênito se rompe, libera uma quantidade maior de sangue nesses casos, faz-se importante a realização de uma arteriografia para identificação. OBS: as HSA espontâneas geralmente demonstram, na tomografia, um maior sangramento, OBS: é importante lembrar que a causa mais comum da HSA espontânea (aneurisma sacular congênito) é diferente da causa mais comum da HSA traumática (trauma de crânio) Tratamento: · Não se drena e não se opera, pois está espalhada, porém provoca reação inflamatória muito intensa dentro do crânio · Essa inflamação que pode obstruir as granulações aracnoídeas e gerar uma hidrocefalia adquirida comunicante. Lesões secundárias: As lesões secundárias são lesões cerebrais adicionais àquelas sofridas no momento do trauma em decorrência de diversos fatores (piora a situação do paciente). Causas das lesões secundárias: · Hipotensão arterial (gera isquemia); · Hipóxia/hipercarbia (altera o fluxo sanguíneo cerebral, estando relacionado a HIC); · HIC (é a pior situação); · Hipoglicemia; · Distúrbios hidroeletrolíticos (principalmente os de sódio e potássio); · Intercorrências infecciosas (invariavelmente, essas lesões ocorrem na medida em que o paciente fica internado); · TVP, com TEP. No pronto-socorro: · A primeira conduta a ser tomada pelo médico na emergência deve se basear nos preceitos do ATLS (A, B, C, D e E do trauma); · Faz-se importante seguir todas as etapas antes de ir para a TC. · A realização do manejo correto visa minimizar lesão secundárias; · A TC de crânio é o exame de eleição após a estabilização do paciente; · Após a TC e a depender da situação clínica do paciente (baseada na escala de coma de Glasgow), define-se a conduta: UTI x CC x Observação. Sinais importantes: Anisocoria: · As pupilas ficam de tamanhos alterados (o que interessa é a pupila midriática); · Indica que o III nervo craniano do lado da lesão está sendo comprimido e, provavelmente, essa compressão vem da porção mais medial do lobo temporal (úncus); · A midríase ocorre do lado da lesão · A midríase ocorre porque as primeiras fibras a serem comprimidas são as parassimpáticas, que são responsáveis pela miose. · A bloqueio da ação parassimpática e exacerbação da ação simpática. OBS: o tempo para esse paciente evoluir com uma hemiparesia contralateral e depois coma é curto. OBS: é muito difícil de se encontrar paciente vítimas de TCE que estejam apresentando apenas anisocoria. Sinal do guaxinim: · Consiste no hematoma periorbital; · É um sinal indireto de fratura de base de crânio. · Indica que houve um trauma com grande energia cinética e, por isso, esse paciente deve ser observado de 12 a 24h a nível intra-hospitala Sinal de Battle: · Hematoma retro auricular ou hematoma mastoideo; · É um sinal indireto de fratura de base de crânio. · Indica que houve um trauma com grande energia cinética e, por isso, esse paciente deve ser observado de 12 a 24h intra-hospitalar. OBS: lesões de base de crânio tem a capacidade de indicar que o paciente sofreu um impacto no crânio intenso e, por isso, necessitam ficar em observação por, pelo menos, 24h Dentro da UTI: Preservação da manutenção das condições hemodinâmicas e respiratórias, para manter a PPC. · PPC = PAM – PIC; · Pressão de perfusão cerebral (PPC) 45mmHg; · PAM de 60 a 150mmHg (2x PAD + PAS/3); · PIC de 15 a 20mmHg. OBS: a condição essencial para que o pacientecurse bem é que permaneça com uma PA adequada, mesmo que isso dependa do uso de drogas vasoativas. Para avaliar HIC em indivíduos sedados na UTI, deve-se observar se o paciente apresenta a Tríade de Síndrome de Cushing: · Hipertensão; · Bradicardia; · Irregularidade respiratória → muitas vezes não se altera, pois o paciente está intubado (a máquina respira no lugar dele/por ele). OBS: a análise desses dados consiste em uma alternativa para a análise de quadros de HIC nos casos em que o cateter que verificar a PIC não se encontra disponível. Monitorizaçao da PIC indicado quando paciente sedado e/ou sob risco de HIC Caso Disparador HSA Contusão, glasgow 15 -observação pelo menos 72 horas Porém chegou em coma – lesão axonal difusa
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