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MR1 Luiz Pedro Duarte Farias Lesão do Ligamento Cruzado Anterior Ortopedia e Traumatologia Introdução • É a lesão do jovem que pratica esporte; • Mecanismo mais frequente: trauma torcional → o corpo gira para o lado oposto ao pé de apoio, determinando uma rotação lateral do membro inferior, acompanhada de um discreto valgismo do joelho; Introdução • Outro mecanismo de trauma relativamente frequente: hiperextensão do joelho sem apoio → “chute no ar”; • Sintomas: • Trauma Agudo: • Estalido 85% • Dor no joelho • Derrame imediato → hemartrose • Causa uma frouxidão no joelho → atividade esportiva / atividade diária Introdução • Lesão Meniscal é muito comum na associação da lesão do LCA; • Lesão progressiva e pode se iniciar por uma pequena lesão do folheto interno do ligamento capsular; • No tratamento da lesão do LCA, devem ser considerados o tipo do paciente, sua atividade física e suas pretensões físicas: • Tratamento conservador → impossível para praticantes de esportes → obriga o paciente ABANDONAR a sua atividade física; • Feagin Jr et al. → somente 10 a 30% dos jovens podem viver sem o LCA; Introdução • Na história do acidente: • Mecanismo de lesão - se houve estalido; • Se o derrame foi imediato (hemartrose) ou tardio (sinovite reacional); • Se houve incapacidade funcional; • Estalido + Derrame Articular Imediato = 80% dos casos de LCA; Quadro Clínico • Descartar outras condições clínicas, como lesão do LCP ou luxação da patela; • Presença de FALSEIOS → frequência e situações em que ocorreram • Exame clínico • Inspeção estática: • Trofismo muscular • Aumento do volume do joelho • Presença de equimoses • Desvios angulares Quadro Clínico • Inspeção dinâmica: • Marcha → flambagem • Pontos dolorosos → palpação → locais da lesão • Obs.: a equimose em torno do joelho não deve ser confundida com eventuais locais em que incidiu um agente contundente → caracteriza lesões graves, decorrentes da ruptura capsular com extravasamento do hematoma Teste de Lachman O primeiro a ser feito • O mais sensível as lesões do LCA • Paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal (DDH) + joelho ligeiramente fletido (15 a 30 graus) • Examinador empunha com uma das mãos a região supracondilar do fêmur e, com a outra, a região anterior da tíbia → movimento antagônico com cada uma das mãos • Importante sentir o end point Teste de Lachman Teste função ligamentar Teste da Gaveta Anterior • Detecção de lesão em LCA + associação com um componente periférico • Paciente em DDH com joelho fletido a 90 graus; examinador sentado sobre o pé do paciente; • Traciona a região posterior do terço superior da perna do paciente para frente → deslizamento anterior da perna sobre a coxa; • O teste da gaveta anterior pode estar bloqueado pela presença de uma lesão meniscal em alça de balde, por interposição dessa, impedindo a translação da tíbia; Teste da Gaveta Anterior Jerk test • Produz-se uma subluxação anterior da extremidade superior da tíbia, que se reduz, imediatamente, pela força de tração das estruturas periféricas laterais que puxam a tíbia para trás; • Paciente deitado em DDH com seu membro inferior colocado a 45º de flexão do quadril e 90º de flexão do joelho; • Com uma das mãos, o examinador segura o pé ou a perna em rotação medial e, com outra, pressiona o terço superior da perna para frente, fazendo um discreto valgo de joelho → o joelho é estendido lenta e progressivamente → nota-se um ressalto articular repentino: subluxação anterolateral do joelho Jerk test Pivot shift • Baseia-se no mesmo princípio do jerk test, porém inicia-se com o joelho em extensão; • O examinador segura o pé do paciente, mantendo a tíbia em rotação medial, e aplica uma força em valgo na face lateral da tíbia proximal, fletindo gradativamente o joelho. • Nessa posição, o joelho encontra-se subluxado e, com cerca de 30º de flexão, nota-se um ressalto, que representa a redução da articulação. Pivot shift (Teste de McInstosh) Exames de Imagem • Radiografias devem ser feitas como em todos os casos de traumatizados; • Ressonância Magnética é um exame útil para avaliar lesão de LCA, mas NÃO substitui absolutamente a clínica; • RNM é útil para avaliar lesões associadas → lesões meniscais, condrais e periféricas Tratamento Conservador • Imobilização deve ser instituída e, se possível, do tipo removível para possibilitar o uso de gelo local em aplicações de meia hora, 3x ao dia ou mais; • Imobilização rígida deve ser evitada; • Imobilização deve ser retirada periodicamente para permitir exercícios de movimentação da articulação assim que a dor permitir; • Retirada da carga corpórea não é fundamental; • Exercícios fisioterápicos são instituídos; • Objetivos iniciais: recuperação da ADM e manutenção do tônus muscular; • Exercícios de fortalecimento e propriocepção, específicos para lesão → evitar instabilidade. Tratamento Cirúrgico “Ortopedia é a especialidade médica que visa a recuperação total do paciente” • Decidir se será feito o procedimento na fase aguda (com menos de 3 semanas) ou posteriormente; • A reconstrução na fase aguda pode estar associada a uma maior incidência de artrofibrose → derrame articular, sinovite pós-traumática e déficit de movimento pré operatórios podem ocasionar tal situação • Deve ser feita a reconstrução do ligamento; • Não é recomendada a reinserção, com exceção dos casos de avulsão óssea; Tratamento Cirúrgico • São utilizados enxertos: • Enxertos autólogos - retirado do próprio paciente → tendões semitendíneo e grácil ou o terço central do tendão patelar • Enxertos homólogos - doadores de bancos de tecidos → úteis nos casos de revisão; • Enxertos sintéticos → pouco utilizados devido relatos de resultados inferiores e complicações • Atualmente, a maioria absoluta das reconstruções é feita por via artroscópica. • Menor tempo de internação e facilidade do tratamento de lesões associadas. Pós-operatório • A utilização dos drenos de sucção é decisão do cirurgião; • Pode ser utilizado um brace, cuja função é puramente analgésica; • Fisioterapia deve ser iniciada imediatamente → marcha com apoio de duas muletas, seguindo em acompanhamento ambulatorial / só deve ser finalizada com a alta ambulatorial do paciente; • Alta hospitalar entre 24 a 48h; • Crioterapia é recomendada. Complicações • Artrite séptica → uma das complicações mais temidas; • Relativamente rara após reconstrução do LCA; • Diante de uma artrite séptica: realizar cultura e introdução de ATB específica EV + limpeza cirúrgica da articulação com lavagem exaustiva e retenção do enxerto; • Retirada do enxerto: somente em infecções resistentes ao tratamento inicial e quando existem evidências que o enxerto está infectado; • Procedimento de revisão deve ser programado em um prazo mínimo de 6 a 9 meses; Complicações • Limitação de movimentos do joelho é outro problema eventualmente encontrado, conhecido como artrofibrose; • Seu tratamento mais efetivo é a PREVENÇÃO → retardar a reconstrução do LCA até que o paciente possa andar normal com ADM total e inchaço mínimo em joelho; • Nas fases precoces da limitação, pode ser necessária manipulação cirúrgica e/ou derribamento artroscópio. Referências • CLÍNICA ORTOPÉDICA: Medicina USP/HC; Tarcísio E. P. B. F., Olavo P. C., Gilberto L. C. Editora Manole. Páginas 1104-1111 Obrigado
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