RELAÇÃO DOSE-EFEITO E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Prévia do material em texto

Milla Araújo 
FARMACOLOGIA GERAL 
AULA - RELAÇÃO DOSE-EFEITO E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
 
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA 
É A ALTERAÇÃO DOS EFEITOS FARMACOLÓGICOS ENTRE DOIS OU MAIS MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS 
CONCOMITANTEMENTE, PODENDO RESULTAR EM UM AUMENTO OU DIMINUIÇÃO NA EFICÁCIA TERAPÊUTICA 
OU NOS EVENTOS ADVERSOS CAUSADOS POR ESTES, OU AINDA NO APARECIMENTO DE NOVOS EFEITOS. 
(ANVISA) 
 
- HÁ INTERAÇÕES QUE PODEM SER BENÉFICAS E MUITO ÚTEIS 
- HÁ INTERAÇÕES MALÉFICAS E SÃO CAUSAS COMUNS DE RAM 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
- INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS 
- INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
- INTERAÇÃO DE EFEITO 
- INTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS 
 
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS 
UM FÁRMACO ALTERA A VELOCIDADE OU A EXTENSÃO DE ALGUM DOS PROCESSOS ADME DO OUTRO 
FÁRMACO. 
 
ABSORÇÃO 
DISTRIBUIÇÃO 
METABOLIZAÇÃO 
EXCREÇÃO 
 
MECANISMOS DE INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS: 
 
EXEMPLO 1: ABSORÇÃO 
• QUANDO UM MEDICAMENTO ALTERA O PH DO ESTOMAGO E É ADMINISTRADO OUTRO QUE DEPENDE 
DO PH ÁCIDO DO ESTÔMAGO 
OMEPRAZOL – RETIRA A ACIDEZ DO ESTÔMAGO DEIXANDO ALCALINO 
INTRACONAZOL (ANTIFÚNGICO) – SÓ É BEM ABSORVIDO SE O PH DO ESTÔMAGO ESTIVER ÁCIDO 
 
EXEMPLO 2: DISTRIBUIÇÃO 
• MEDICAMENTOS QUE SE LIGAM A ALBUMINA NO SANGUE (FAZ PARTE DA FARMACOCINÉTICA DO 
MEDICAMENTO) NORMALMENTE SÃO LIBERADOS AOS POUCOS, PORÉM QUANDO EM CONJUNTO 
PODE OCORRER DE UM DELES FICAREM LIVRES DE UMA VEZ, LEVANDO A UM EFEITO RÁPIDO HAVENDO 
UMA CONCENTRAÇÃO ALTA NO ORGANISMO E OCORRER UMA INTOXICAÇÃO 
 
 
 
 
Milla Araújo 
EXEMPLO 3: BIOTRANSFORMAÇÃO 
• EXISTEM VÁRIOS FÁRMACOS QUE PODEM INDUZIR A ATIVIDADE ENZIMÁTICA DO FÍGADO, OU SEJA, 
ACELERAR O METABOLISMO DE OUTRO FÁRMACO. ASSIM COMO, EXISTEM A AÇÃO AO CONTRÁRIA, 
INIBEM ENZIMAS QUE FAZEM PARTE DA BIOTRANSFORMAÇÃO DE OUTROS FÁRMACOS. 
NICOTINA (TABACO) – ATIVA A VELOCIDADE DE BIOTRANSFORMAÇÃO DE VÁRIOS FÁRMACOS (EX: 
ANALGÉSICO) 
CIPROFLOXACINA – INIBE O METABOLISMO DE VÁRIOS FÁRMACOS, BLOQUEANDO A 
BIOTRANSFORMAÇÃO. 
 
EXEMPLO 4: EXCREÇÃO 
• EXISTEM MEDICAMENTOS QUE CHEGAM NA URINA ÁCIDA E SÃO ELIMINADOS DE FORMA MELHOR. 
• MUDANÇAS NO PH URINÁRIO PODEM ACELERAR A EXCREÇÃO DE FÁRMACOS. 
NOS CASOS DE INTOXICAÇÃO, QUANDO A URINA NÃO ESTÁ ÁCIDA, PODE-SE INDUZIR A SUA ACIDEZ 
POR MEIO DE FLUIDOTERAPIA (PH ÁCIDO + VITAMINA C) PARA QUE HAJA A ELIMINAÇÃO DO FÁRMACO. 
COMO TAMBÉM, PODE -SE INDUZIR A ALCALINIZAÇÃO DA URINA. 
 
INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
SÃO AQUELAS EM QUE OS EFEITOS DE UM FÁRMACO SÃO ALTERADOS PELA PRESENÇA DO OUTRO NO SEU SÍTIO 
DE AÇÃO. 
 
OCORRE DEVIDO A INTERAÇÃO FARMACODINÂMICA: 
- REVERSORES DE ANESTÉSICOS (NEM TODOS OS ANESTÉSICOS TÊM REVERSORES) 
• DEXDOMITOR (DEXMEDETOMIDINA) – SEDATIVO 
• ANTISEDAN (ATIPAMEZOLE) – REVERSOR DE ANESTÉSICO 
 
DEXMEDETOMIDINA 
- É UM AGENTE SEDATIVO E MIORELAXANTE DE AÇÃO CENTRAL (ATUA NO SNC) NOS RECEPTORES ALFA 2 
NORA/ADRENÉRGICOS 
- É UM AGONISTA (PRODUZ EFEITO FARMACOLÓGICO) DE RECEPTORES ALFA2 ADRENÉRGICOS 
- ESTIMULA OS RECEPTORES ALFA 2 (AUTO RECEPTOR INIBITÓRIO) QUE ESTÃO EM NEURÔNIOS (NEURÔNIOS 
NORADRENÉRGICOS QUE PRODUZEM NORADRENALINA) PRÉ-SINÁPTICOS NO SNC LEVANDO AO FEEDBACK 
NEGATIVO DA NORADRENALINA E ADRENALINA, DIMINUINDO A SUA LIBERAÇÃO CAUSANDO A SEDAÇÃO. 
- OUTROS EXEMPLOS DE ALFA 2 AGONISTAS ADRENÉRGICOS: DETOMIDINA E XITILAZINA 
 
ATIPAMEZOLE 
- A INTERAÇÃO FARMACODINÂMICA OCORRE QUANDO SE USA O ATIPAMEZOLE (ANTAGONISTA COMPETITIVO), 
QUE ATUA NO MESMO SÍTIO (ALFA 2 AGONISTA) E BLOQUEANDO A AÇÃO DOS AGONISTAS ALFA 2, AO OCUPAR 
O SEU LUGAR NO RECEPTOR. 
- AS CONCENTRAÇÕES DE NORADRENALINA VOLTAM AO NORMAL E O ANIMAL DESPERTA. 
 
MECANISMOS DE INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS 
 
 
 
 
Milla Araújo 
EXEMPLO: BENZODIAZEPÍNICOS CAUSAM SEDAÇÃO POIS ATUAM NO RECEPTOR GABA (NEUROTRANSMISSOR 
INIBITÓRIO - FISIOLÓGICO) 
• OS BENZODIAZEPÍNICOS SÃO AGONISTAS DE GABA – AUMENTAM A CONDUÇÃO, DEIXANDO O CÉREBRO 
DEPRIMIDO E SEDADO. 
• PARA REVERTER ESSE QUADRO BASTA ADMINISTRAR FLUMAZENIL (ANTAGONISTA), NO QUAL ATUA NO 
MESMO SÍTIO DO RECEPTOR GABA QUE OS BENZODIAZEPÍNICOS OCUPAM FAZENDO A SUA 
DESLOCAÇÃO. 
OBS: QUANDO EXISTEM DOIS FÁRMACOS QUE OCUPAM O MESMO RECEPTOR, A DOSE É MUITO IMPORTANTE, 
POIS SÓ VAI OCUPAR O RECEPTOR AQUELE QUE TIVER EM MAIOR DOSE. 
 
INTERAÇÕES SÓ DE EFEITO 
OCORRE QUANDO DOIS OU MAIS FÁRMACOS EM USO CONCOMITANTE TÊM EFEITOS FARMACOLÓGICOS: 
- SIMILARES (SINERGISMO): TRIMETOPRIMA E SULFAMETAXAZOL 
- OPOSTOS (ANTAGONISMO): ATROPINA E TROPICAMIDA 
 
OBS: MAS ESSA INTERAÇÃO NÃO OCORRE NO MESMO SÍTIO DE AÇÃO 
 
SINERGISMO 
- SINERGISMO POR ADIÇÃO = A SOMA DOS EFEITOS ISOLADOS DOS FÁRMACOS 
- SINERGISMO DE POTENCIAÇÃO = UM FÁRMACO POTENCIALIZA O EFEITO DO OUTRO 
 
 
- MISTURA: SULFAS + TRIMETOPRIMA = ANTIBIÓTICOS 
- ALGUMAS BACTÉRIAS SÃO SENSÍVEIS (MORTE) A ESSA MISTURA 
- BACTÉRIAS SENSÍVEIS A ESSES ANTIBIÓTICOS PRODUZEM O SEU PRÓPRIO ÁCIDO FÓLICO A PARTIR DE UMA 
SUBSTÂNCIA CHAMADA PABA (ANIMAIS/HUMANOS NÃO PRODUZEM É ADQUIRIDO NA DIETA) 
- PABA É CONVERTIDA PELA ENZIMA DHFs EM ÁCIDO DIHIDROFÓLICO 
- APÓS O ÁCIDO DIHIDROFÓLICO É CONVERTIDO PELA ENZIMA DHFr EM TETRAHIDROFÓLICO 
- O ÁCIDO FÓLICO SERVE PARA FORMAR AS BASES DE DNA DA BACTÉRIA PARA A SUA REPLICAÇÃO 
- AÇÃO EM SINERGISMO: A SULFAS E A TRIMETROPRIMA VÃO BLOQUEIA AS ENZIMAS QUE FAZEM A 
CONVERSÃO DO ÁCIDO FÓLICO NAS BACTÉRIAS, PORÉM EM SÍTIOS DIFERENTES DA REAÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Milla Araújo 
ANTAGONISMO NÃO COMPETITIVO 
- EFEITO CONTRÁRIO SEM COMPETIÇÃO PELO SÍTIO/MÚSCULO 
 
PILOCARPINA – COLÍRIO MIÓTICO ATIVA RECEPTORES MUSCARÍNICOS DO MÚSCULO CIRCULAR DA ÍRIS 
REALIZANDO A CONTRAÇÃO DA PUPILA (EFEITO MIOSE) 
TROPICAMIDA – FÁRMACO MIDRIÁTICO ATUA NOS RECEPTORES ADRENÉRGICOS DO MÚSCULO RADIAL DA ÍRIS 
REALIZANDO A DILATAÇÃO DA PUPILA (EFEITO MIDRÍASE) 
 
INTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS 
- INCOMPATIBILIDADE 
- PODE SER VISTO NA FORMA DE PRECIPITAÇÃO NA: SERINGA, EQUIPO, BOLSA DE FLUIDO, FRASCO AMPOLA 
 
OBS: A AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS NÃO GARANTE A INEXISTÊNCIA DA INTERAÇÃO 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES DE ACORDO COM A GRAVIDADE 
- MENOR 
- MODERADA 
- MAIOR/GRAVE 
- CONTRAINDICADA (NEM TENTE) 
O RISCO DESTA ASSOCIAÇÃO SUPERA O EVENTUAL BENEFÍCIO 
 
 
EXEMPLO 1 – MAIOR: INTERAÇÃO FARMACOCINÉTICA 
 
OUTROS TIPOS DE INTERAÇÕES COM MEDICAMENTOS 
- INTERAÇÃO DE FÁRMACOS COM EXAMES DE LABORATÓRIO 
- INTERAÇÕES MEDICAMENTO – ALIMENTO (SUCO TAMBÉM) 
- INTERAÇÕES ENTRE MEDICAMENTO – DOENÇA (EXEMPLO: DIABETES E CORTICOIDES SISTÊMICOS) 
 
 
 
Milla Araújo 
INDIFERENÇA FARMACOLÓGICA 
EXCEÇÃO: QUANDO DA ASSOCIAÇÃO DE DOIS MEDICAMENTOS, OS DOIS NÃO INTERAGEM SOB NENHUM 
ASPECTO DE SUA AÇÃO FARMACODINÂMICA OU FARMACOCINÉTICA, NEM DE EFEITO, NEM DE 
INCOMPATIBILIDADE. 
 
OBS: A MAIORIA DOS MEDICAMENTOS, QUANDO ASSOCIADOS, TEM A CAPACIDADE DE INTERAGIR ENTRE SI, 
COM OU SEM REPERCUSSÃO CLÍNICA. 
 
INDIVIDUALIDADE FARMACÊUTICA: PODE HAVER INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS, MAS NÃO SIGNIFICA QUE 
HAVERÁ SINAIS CLÍNICOS EVIDENTES 
 
PREVENÇÃO DE PROBLEMAS COM INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
- ATENÇÃO PARA FÁRMACOS COM BAIXO ÍNDICE TERAPÊUTICO: A DOSE QUE TRATA É PRÓXIMA A DOSE DE 
REAÇÃO ADVERSA, INTOXICA OU LETAL. 
- PACIENTES QUE FAZEM MEDICAÇÃO DE USO CONTÍNUO: VERIFICAR AS INTERAÇÕES (LEI) 
- IDENTIFICAR INDUTORES E INIBIDORES ENZIMÁTICOS: ATRAPALHAM O METABOLISMO DE OUTROS 
- TENHA EM MENTE QUE INTERAÇÕES PODEM ENVOLVER PRODUTOS DE VENDA LIVRE E FITOTERÁPICOS 
(ALERTAR O TUTOR) 
- CUIDADO COM CRENDICES E EFEITO MANADA 
- ACOMPANHAR A EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO: POIS PODE TER UMA REAÇÃO 
- CONSIDERAR QUE ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS ASSOCIADAS A FATORES COMO IDADE, ESPÉCIE, RAÇA, 
GESTAÇÃO: SÃO MAIS SENSÍVEIS ÀS INTERAÇÕES 
- MAIS ATENÇÃO AINDA COM ANIMAIS INTERNADOS, SÃO MAIS VULNERÁVEIS AS INTERAÇÕES (POLIFARMÁCIA 
– USO DE DOIS OU MAIS MEDICAMENTOS) 
- EVITAR MISTURAR MUITOS MEDICAMENTOS NA MESMA SOLUÇÃO (BOLSA DE FLUIDOTERAPIA) 
- EVITAR COLOCAR NOS MESMOS HORÁRIOS DE ADMINISTRAÇÃO VÁRIOS MEDICAMENTOS INTRAVENOSOS 
- DOMINAR A ARTE DE PRESCREVER E APLICAR OS MEDICAMENTOS QUE VOCÊ MAISUTILIZA EM SEUS 
PACIENTES. SAIBA TUDO SOBRE ESTES FÁRMACOS. 
 
NÃO É POSSÍVEL DISTINGUIR CLARAMENTE QUEM IRÁ OU NÃO SOFRER UMA INTERAÇÃO FARMACOLÓGICA 
ADVERSA POR ISSO, NÃO IGNORE A FARMACOLOGIA.