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Infecções Sexualmente Transmissíveis - Sífilis, Gonorreia e Clamídia (RESUMO)

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1 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
Y Sífilis Z 
Agente: Treponema pallidum, bactéria Gram-negativa, do grupo das espiroquetas. O gênero possui quatro espécies patogênicas e 
pelo menos seis não patogênicas. As patogênicas são o Treponema pallidum subsp pallidum, causador da sífilis, o Treponema 
carateum, responsável pela pinta, e o Treponema pertenue, agente da bouba ou framboesia. 
Transmissão: A transmissão se dá, quase que exclusivamente, por contato, principalmente sexual, com pacientes com lesões genitais 
ativas. Na sífilis congênita, ocorre por meio da via hematogênica. O tratamento não confere imunidade, podendo-se contrair a 
infecção toda vez que houver exposição. 
Existe uma relação forte entre a sífilis e o HIV, por que suas lesões facilitam a entrada do vírus. Então é muito comum as duas 
coexistirem. Além disso, pessoas com sífilis que contraem do HIV, tendem a ter um desenvolvimento mais rápido da doença (HIV). E 
pessoas que tem HIV e contraem a sífilis, tendem a desenvolver a terciária. 
Epidemiologia: O Brasil vive um período de aumento de casos de sífilis. Esse aumento pode ser decorrente do aumento da notificação 
de casos de sífilis, que em 2010 passou a ter notificação compulsória. Em 2016, haviam 42,5 casos por 100 mil habitantes. 
Classificação 
Sífilis primária: Conhecida por cancro duro. Possui incubação de 10- 90 dias, em média de 3 semanas. Inicialmente ocorre o 
aparecimento de lesão genital ulcerada, quase sempre única, indolor, de bordos endurecidos, de fundo limpo e rica em treponemas. 
Além disso, ocorre adenopatia satélite inguinal bilateral, indolor. A lesão dura cerca de 2 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. 
A lesão da sífilis primária é caracterizada por ser única, indolor, com bordas bem delimitadas, base endurecida, fundo limpo e de 
coloração rosa avermelhada. Ela pode se localizar na vulva (nos grandes lábios, pequenos lábios, fúrcula vaginal), mucosa vaginal e 
anal, no colo do útero e também na mucosa oral. A linfadenopatia geralmente é regional, unilateral, múltipla, indolor, não supurativa, 
sem flogismo, aparecendo uma semana após a lesão primária. 
 
Sífilis secundária: surge entre 6 semanas a 6 meses após cancro duro, manifestando 
lesões cutâneo-mucosas, como roséola sifilítica (exantema morbiliforme não 
pruriginoso), sífilis papulosa palmo-plantar, alopecia areata e lesões pápulo-hipertróficas 
nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condiloma lata). 
Pode vir acompanhada de febre, mal-estar, cefaleia, adinamia, aumento dos linfonodos 
palpáveis presentes em região cervical posterior, axilar, inguinal e femoral. Mais 
raramente observa-se acometimento hepático, quadros meníngeos e comprometimento 
ocular (uveíte). 
As lesões desaparecem entre 4-12 semanas, sem cicatrizes. Nesse estágio da doença, há 
resposta imune significativa, com aumento da produção de anticorpos contra o 
treponema. Esses anticorpos circulantes resultam em maiores títulos nos testes 
treponêmicos e implicam em resultados reagentes nos testes treponêmicos. 
 
2 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
 
Sífilis latente: Evolui sem sintomatologia clínica, apenas com sorologia positiva. Pode ser recente (até 1 anos de evolução), tardia 
(mais de 1 ano) ou indeterminada, quando não se sabe o tempo de evolução. 
Diferenciar por infecção primária através do VDLR no líquor. 
Sífilis terciaria: Tardia, surge após 2 - 40 anos da infecção. Apresenta 
manifestações cutâneas (lesões gomosas e nodulares), neurológicas (tabes 
dorsalis, parestesia generalizada, meningite), ósseas (osteíte gomosa, periostite, 
osteíte esclerosante) e cardiovascular (aortite sifílica). 
Sífilis Cardiovascular: Geralmete assintomática. Com granulomas que vão se 
formar principalmente na aorta. Em geral tende a desenvolver uma Insuficiência 
de válvula aórtica, aneurisma ou estenose de óstio coronário. 
Seu diagnóstico é feito através do RX de tórax onde podem ser achadas 
calcificações, um alargamento do mediastino, dilatação aórtica. 
Neurossífilis: geralmente é uma invasão precoce que ficou assintomática até evidenciar a doença, até formar o granuloma. Muitos 
casos desaparecem sozinhos. A sintomatologia vai variar a depender do local em que o granuloma de instala. 
Assintomática  alterações no LCR sem sintomas 
Sintomática  manifestações de meningoencefalite (precoce), ou paralisia progressiva( geral), ou gromos simulando tumoração 
(focal). 
Sífilis Congênita: vem da disseminação hematogenica da gestante com sífilis para a placenta. As fases iniciais da sífilis aumentam a 
probabilidade da transmissão, assim como o tempo de exposição do feto à doença. Pode levar a abortamentos ou óbito fetal. Crianças 
que nascem assintomáticas podem manifestar mais tardiamente, apresentando malformações ou retardo mental. 
 
Diagnóstico: Deve-se considerar a fase da doença! 
Testes não treponêmicos (elementos não específicos do treponema, mas que podem dar 
positivo): O teste sorológico não treponêmico, VDRL, é bastante sensível e utilizado como 
screening populacional (falsos-positivos em portadores de doenças autoimunes, 
tuberculose, gravidez, idosos e usuários de drogas injetáveis). Seu resultado é apresentado 
em diluições. Ficam positivos de 2 a 3 semanas após a infecção após o aparecimento do 
cancro duro. Se o teste for positivo, realiza-se o teste treponêmico (FTA- -ABS), altamente 
específico, sendo capaz de fechar diagnóstico de sífilis. 
É um teste para seguimento clínico e incremento ≥ 4 vezes o valor do VDRL correlaciona-
se com doença em atividade. 
Testes treponêmicos (evidências diretas do diagnóstico): detectam anticorpos contra o 
Treponema e demonstram que a paciente já teve algum contato com a bactéria. O teste 
 
3 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
rápido de sífilis é utilizado como exame de triagem. É um teste imunocromatográfico, treponêmico, prático e de fácil execução, para 
detecção de anticorpos treponêmicos específicos. Caso positivo, deve ser confirmado com testes laboratoriais, porém em gestantes, 
inicia-se o tratamento imediatamente. O FTA-Abs é utilizado para confirmação diagnóstica, tendo alta especificidade e sensibilidade. 
Uma vez positivo, sempre positivo, sendo assim, não diferencia nova infecção de um paciente que já teve história de sífilis. 
Os diagnósticos diferenciais incluem fissuras, úlceras traumáticas, herpes simples, cancro mole, cancro misto de Rollet (cancro duro 
+ cancro mole), donovanose, farmacodermias e viroses exantemáticas. 
Tratamento: objetiva a negativação dos testes não-treponêmicos! 
• Sífilis primária, secundária ou latente recente: Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI, intramuscular (1,2 milhões em cada nádega), 
em dose única. Alternativas: 100 mg, VO, 12/12h, por 15 dias, ou Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1xdia, por 8 a 10 dias ou Azitromicina 2g, 
via oral, em dose única. 
• Sífilis terciária ou latente tardia/ indeterminada: Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI, intramuscular (1,2 milhões em cada nádega), 
semanal, por 3 semanas. Alternativa: Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12h, por 30 dias; ou Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 1xdia, por 8 a 10 dias. 
• Neurossífilis: Penicilina G Penicilina cristalina, 18-24 milhões UI/dia, IV, administrada em doses de 3-4 milhões UI, a cada 4 horas ou 
por infusão contínua, por 14 dias. Alternativa: Ceftriaxona 1-2g/dia, via EV ou IM, por 10- 14 dias. O tratamento do parceiro sexual 
segue a recomendação da sífilis primária. 
*Os pacientes devem ser acompanhados de 2-3 meses no primeiro ano, 6 meses no segundo ano e as gestantes mensalmente, para 
avaliação de falha terapêutica e necessidade de retratamento. Em geral, esses testes negativam, porém, podem apresentar dosagem 
baixa persistente, descrita como cicatriz sorológica. Após o tratamento espera-se, pelo menos, redução de 4x no título do VDRLao 
longo de 6 meses. 
 
 
Y Clamídia Z 
Agente: Chlamydia tracomatis, gram negativa intracelular obrigatória. Ela se instala dentro das células epiteliais humanas. 
Epidemiologia: A transmissão pode ocorrer através do sexo, parto e contato direto (coçar um órgão infectado e imediatamente tocar 
em outra região). Acomete preferencialmente homens e mulheres jovens com menos de 25 anos. É a infecção bacteriana 
sexualmente transmissível crônica mais frequente. Os fatores de risco relacionados são idade menor que 25 anos, multiplicidade de 
parceiros ou parceiro novo nos últimos 90 dias, solteiros, uso inconsistente de métodos de barreira, ectopia de colo uterino (por 
maior exposição do epitélio), menor nível de escolaridade e socioeconômico, história de IST prévia. 
O rastreamento mostrou-se custo-efetivo em vários países que adotaram, reduzindo o tempo de duração da doença, a 
transmissibilidade e as sequelas. 
Foram indicados para: 
1. Gestantes 
2. Mulheres sexualmente ativas com menos de 25 anos 
3. Novo parceiro em 90 dias/ uso inadequado de preservativo/ IST prévia ou atual 
 
4 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
4. Ectopia hipertrófica friável/ muco endocervical turvo em primeira fase do ciclo 
5. História/ investigação de infertilidade 
6. Parceiro com secreção uretral ou história de uretrite/epididimite. 
Manifestações clínicas: O período de incubação dura de 6 a 14 dias. É comum apresentarem queixa de dispareunia e dor à 
mobilização de colo uterino ao exame especular. Cerca de 70% dos pacientes são assintomáticos, proporcionando assim um 
reservatório permanente da infecção. 
Quando sintomáticos, podem apresentar: 
• Cervicite em 50% das portadoras, com colo uterino friável e sangrante em coleta endocervical e com secreção mucopurulenta. 
• Uretrite, com sintomas semelhantes à infecção urinária, evidenciando-se piúria na análise da urina, com cultura negativa. 
• Doença inflamatória pélvica (DIP) e hidrossalpinge, quando a infecção ascendo o trato genital superior em cerca de 15-30% das 
mulheres, quando não tratada 
• Salpingite, em 7%, sendo que 10 a 40% das infertilidades por obstrução tubária são por clamídia. 
As sequelas mais importantes da clamídia nas mulheres são: esterilidade, gravidez ectópica, dor pélvica crônica. 
 
Diagnóstico: Clínico, através das manifestações, e laboratorial, através da pesquisa de DNA (PCR), captura híbrida ou teste rápido por 
PCR real time; Secreção uretral ou endocervical ou no exame de urina de (primeiro jato). 
Tratamento: O controle de cura é indicado apenas para gestantes, sendo realizado após 3 semanas do fim do tratamento e em 
pacientes com permanência dos sintomas. 
 
 
5 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
Y Gonorreia Z 
Agente: Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram negativo. 
Epidemiologia: Acomete mais mulheres do que homens, já que nelas geralmente ocorre de forma assintomática, enquanto neles, por 
serem sintomáticos, procuram assistência médica de forma imediata. O rastreamento anual de rotina está indicado para mulheres 
com vida sexual ativa com menos de 25 anos ou pacientes com alto risco para infecção (parceiro recente, múltiplos parceiros ou 
parceiro com uretrite) e casos de diagnóstico de IST prévia ou recente. 
Ocorre frequentemente em conjunto com a Clamídia por terem fatores de riscos parecidos, como múltiplos parceiros, sexo sem 
proteção e a infecção causada por uma bactéria deixa o corpo suscetível a outas infecções já que ela enfraquece o imunológico. 
Transmissão ocorre através do sexo e do parto. 
Manifestações clínicas: Período de incubação de 2 a 5 dias. Cerca de 50% das 
pacientes são assintomáticas. 
Quando sintomáticas podem apresentar: Cervicite mucopurulenta, já que o colo 
uterino é o local mais comum de infecção pelo N. gonorrhoeae. Assim, a mucosa 
endocervical apresenta-se edemaciada, hiperemiada e sangrativa ao toque da 
espátula, além de leucorreia purulenta saindo pelo orifício externo do colo 
uterino. DIP, disúria e dispareunia podem estar presentes. Uretrite gonocócica, 
ocorre na ausência de DIP e é responsável por 10% dos casos de disúria nas 
mulheres. Faringite gonocócica, presente em 5 a 20% das pacientes infectadas 
DIP, em 10 a 40% das pacientes infectadas, sendo que os sintomas incluem dor 
pélvica/abdominal, sangramento vaginal anormal e dispareunia. 
*Em bebês a gonorreia pode causar a oftalmia gonocócica, meningite ou até mesmo pneumonia. 
Diagnóstico Clínico e laboratorial: A bacterioscopia-gram com presença de diplococos gram negativos intracelulares é diagnostico de 
gonorreia. Caso negativa, não exclui a infecção, já que a sensibilidade é de 30%. A cultura de secreção endocervical em meio de 
Thayner-Martin é uma alternativa ou por biologia molecular (PCR). 
Tratamento: Algumas regiões do Brasil, como RJ, MG e SP, já notificaram bactérias resistentes a ciprofloxacino, devendo- -se, 
portanto, evitar seu uso nessas regiões. Na terapia dual, a azitromicina deve sempre ser associada a um dos 3 esquemas anteriores, 
mesmo em casos de teste para clamídia negativo, para evitar uma possível resistência bacteriana a quinolonas e para evitar prevenção 
futura de resistência às cefalosporinas. 
 
 
6 Infecções Sexualmente Transmissíveis – Nicole Malheiros – MED. 2022.1 
 
- Referências – 
1. FEBRASGO. Tratado de Ginecologia, 2019. 
2. FEBRASGO - Manual de Orientação em Trato Genital Inferior e Colposcopia, 2010 
3. Sífilis | Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids.gov.br, disponível em: 
<http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/infeccoes-sexualmente-
transmissiveis/sifilis#:~:text=%C3%89%20uma%20Infec%C3%A7%C3%A3o%20Sexualmente%20Transmiss%C3%ADvel,secund%C3%A1ria%2C
%20latente%20e%20terci%C3%A1ria). 
4. MORRIS, Sheldon R, Sífilis, Manuais MSD edição para profissionais, disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis/s%C3%ADfilis> 
5. MORRIS, Sheldon R, Gonorreia, Manuais MSD edição para profissionais, disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis/gonorreia>. 
6. Resumo de gonorreia | Ligas - Sanar Medicina, Sanar | Medicina, disponível em: <https://www.sanarmed.com/resumo-de-gonorreia-ligas-3> 
7. PENNA, Gerson Oliveira; HAJJAR, Ludhmila Abrahão ; BRAZ, Tatiana Magalhães, Gonorréia, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina 
Tropical, v. 33, n. 5, p. 451–464, 2000. 
8. HAMMERSCHLAG, Margaret R, Chlamydia, Manuais MSD edição para profissionais, disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/clam%C3%ADdias-e-micoplasmas/chlamydia>. 
9. Clamídia, Ministério da Saúde, disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/clamidia>

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