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Mayara Freitas RAIVA HUMANA Introdução Vírus RNA envelopado. o Ordem: Mononegavirales o Familia: Rhabdoviridae o Gênero: Lyssavirus Ampla variação de hospedeiros, entretanto, as medidas de controle devem focar nos animais domésticos. Uma vez que a infecção é estabelecida no SNC, o desfecho é geralmente fatal. Epidemiologia Zoonose: 60 mil mortes/ano (> 30mil ásia, > 20mil áfrica) A incidência diminuiu graças a obrigatoriedade da vacina. Doença de notificação compulsória JÁ NA SUSPEITA o O material coletado é enviado para laboratórios de referência (LACEN). Doença é endêmica em animais silvestres em grande parte do mundo o Índia e Filipinas o Austrália, Ilhas Britânicas, Japão, Nova Zelândia: Países livres de raiva. Animais reservatórios: o Raposa, Gambá, quati, Cão silvestre, coiote, lobo, morcego. Os outros animais equinos, caprinos etc não transmitem mas há um risco grande. Transmissão Via saliva pela mordida de um animal infectado. Inalação de aerossóis em cavernas habitadas por morcegos. Transmissão por morcego Poucas pessoas reportam terem sido mordidas. Todos reportam algum tipo de exposição a morcegos. Mordidas pequenas, muitas vezes durante o sono, passam desapercebidas em crianças. Morcego hematófago - Desmodus rotundus. Mayara Freitas Características do vírus RNA de fita simples, envelopado, algumas espículas curtas (essas espículas que facilitam a ligação para a troca de material genético dentro da célula do hospedeiro). Tem 5 proteínas importantes para morfologia do vírus: L, G, M,N e P. Tem o formato de um projétil. Glicoproteína (é o principal fator de virulência), são de superfície promovendo não só a inoculação do patógeno como também induzindo a formação de anticorpos neutralizantes (imunidade celular). AH! Vacinas de engenharia genética (RABORAL VRG) O gente do vírus da raiva responsável pela produção dessas glicoproteínas foi retirado e inserido num vetor (vírus atenuado), que, ao se multiplicar no hospedeiro, expressa as grlicoproteínas, induzindo a formação de anticorpos específicos para a raiva. Vacina utilizada por via oral, com muito sucesso, no controle da raiva de animais silvestres, tanto na Europa quanto nos EUA. Patogênese: Período de incubação de 30 a 90 dias, dependente de: o Número de terminações nervosas no local da mordida. o Dose de vírus inoculada. o Distância entre o local da mordida e o SNC. Fisiopatologia Replicação viral iniciada nas células musculares Captação do vírus pelas terminações nervosas Disseminação dentro dos axônios para medula espinhal Disseminação no SNC (destruição de células cerebrais). Manifestações clínicas: Suspeitar de raiva humana diante das primeiras manifestações: Alteração comportamental (agressividade aumentada, emissão de sons estranhos, mudanças de hábito); dificuldade locomotora (paralisia parcial ou total); dificuldade na ingestão de alimentos ou água e hipersalivação. Outros sintomas e evolução do quadro: Mal estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Podem ocorrer linfadenopatia. Manifestações de ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, generalizados, e ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando paciente vê ou tenta ingerir líquido apresentando sialorreia intensa. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Mayara Freitas Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia, fotofobia. O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução par ao óbito. Diagnóstico Avaliação da mordida o Localização geográfica, local da mordida, severidade, tipo de animal. Animal suspeito: o Vivo: observar por 10 dias. Se sobreviver, não é raiva. o Morto: ▪ Necrópsia - coleta de cérebro; ▪ Detecção de corpúsculos de Negri em neurônios; ▪ Imunofluorescência: mais utilizado, atualmente confiável; ▪ Isolamento viral da saliva ou de tecidos nervosos; ▪ Inoculação intracerebral de camundongos jovens com suspensão cerebral de animal suspeito. Morte em 17 dias. Corpúsculos de Negri em neurônio: Corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos acidofílicos (Lesão patognomônica no diagnóstico de raiva), sua ausência não exclui raiva. Imunofluorescência direta em tecido: Vírus presente no tecido nervoso. Anticorpos anti-vírus rábico marcado com fluoresceína. Visualização em microscópio de fluorescência. Histórico 1885 Vacina Anti-rábica o Dr Louis Pasteur o Cresceu o vírus em laboratório o Passagem seriada em coelhos Cepa perdeu capacidade de causar doença. o Vírus vivo atenuado o Utilizado para inocular primeiro o ser humano, Joseph Meister em 1885 o 14 doses / profilaxia pós exposição. Mayara Freitas Controle Eliminação de reservatórios. Vacinação de animais suscetíveis. o Vacina inativada (Pasteur: utilizada até a década de 50) o Vacina viva atenuada (animais domésticos e rebanhos.) o Vacina recombinante (utilizada em raposas na Europa) Tratamento Profilaxia pós exposição ESQUEMA: Via Intradérmica (ID) Esquema vacinal: 4 (quatro) doses, nos dias 0, 3, 7 e 14 Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos, independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor). Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo deltoide. Via Intramuscular (IM) Esquema vacinal: 4 (quatro) doses, nos dias 0, 3, 7 e 14 Dose total: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do frasco. Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 (dois) anos. Não aplicar no glúteo. AH! O soro heterólogo (SAR) ou a imunoglobulina (IGHAR) deve ser administrado até o 7º dia após a 1ª dose da vacina do esquema indicado. O SARA leva a mais reações de sensibilidade. O SAR ou IGHAR devem ser usados em todos os acidentes GRAVES e em pacientes que nunca fizeram tratamento anterior. AH! Não utilizar a mesma seringa para aplicação do soro imunoglobulina e da vacina e administrar primeiro a vacina e depois o soro). Tratamento: Não existe tratamento específico. Existem 2 que deram certo. Em 2004 EUA, protocolo de Milwaukee. No Brasil, em 2008, Protocolo de Recife. De acordo com o protocolo de Recife, após a confirmação laboratorial do diagnóstico, a conduta clínica deve contar com: Amantadina 100mg via enteral, 12/12h (antiviral); Biopterina 20 mg/kg via enteral, 8/8h (cofator para produção de neurotransmissores); Medicamentos indutores de sedação profunda (midazolam 1-2 mg/kg/h e ketamina 2 mg/kg/h). Conduta clínica inicial Conduta antes de ter o diagnóstico confirmado laboratorialmente: Mayara Freitas 1. Conduzir todo paciente com suspeita clinicoepidemiológica de raiva humana no serviço de referência do Estado para tratamento de raiva e em ambiente de unidade de terapia intensiva (UTI). 2. Colocar o paciente em isolamento de contato, usando equipamento de proteção individual adequado (avental de manga longa, máscara, luvas, óculos). 3. Providenciar precocemente acesso venoso central, sondagem vesical de demora e sondagem nasoenteral. 4. Dieta hipercalórica e hiperprotéica: iniciar o mais precocemente, por via enteral quando possível; em adultos preferir a posição gástrica da sonda; deixar em posição pós-pilórica na presença de distensão e hipersecreçãogástricas; em crianças usar posição pós-pilórica da sonda; fazer acompanhamento nutricional para monitoração de provável perda ponderal significativa. 5. Manter paciente normovolêmico, usando soluções isotônicas. 6. Intubação traqueal: seguir as indicações clássicas; ressaltar a necessidade de vigilância quanto à possível hipersalivação. 7. Suporte ventilatório: seguir a rotina do serviço, garantindo boa oxigenação, normoventilação e proteção pulmonar. 8. Sedação para adaptação à ventilação mecânica: seguir a rotina do serviço; sugere-se uso de Midazolan (0,03 a 0,6mg/kg/h) associado a Fentanil (1 a 2mcg/kg/h); se disponível, trocar Fentanil por Ketamina (0,5 a 1,0mg/kg/ h) – caso não tenha Ketamina, providenciar para uso obrigatório quando confirmado raiva; evitar barbitúricos e propofol e monitorar com escala de sedação (Ramsey IV), índice biespectral (BIS) ou eletroencefalograma (EEG). - Nimodipina – 60mg via enteral de 4/4h. - Vitamina C – 1g IV ao dia. 9. Profilaxia para trombose venosa profunda (TVP): usar dose recomendada para pacientes de alto risco e preferir heparina de baixo peso molecular. 10. Profilaxia de hemorragia digestiva alta: utilizar Ranitidina (50mg IV de 8/8h) ou inibidor de bomba de prótons. 11. Profilaxia de úlcera de pressão. 12. Objetivos terapêuticos a serem seguidos para reduzir o risco de lesão neurológica secundária: cabeceira elevada a 30° com cabeça centralizada em relação ao tronco; REALIZAR mudança de decúbito a cada 3 horas; pressão arterial média (PAM) ≥80mmHg; PVC = 8-12mmHg (10-14mmHg quando em ventilação mecânica); Saturação periférica de oxigênio (oximetria/SpO2 ) ≥94%; PaCO2 = 35-40mmHg; NÃO fazer hiperventilação; Pressão de platô das vias aéreas 180mg%, conforme protocolo próprio; manter diurese >0,5ml/kg/h com adequada hidratação; evitar uso de diuréticos e aferir temperatura central (esofágica, retal ou timpânica) e manter entre 35 e 37°C com: controle da temperatura ambiental, drogas e resfriamento superficial. Conduta após confirmação laboratorial da Raiva Mayara Freitas
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