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No córtex cerebral as superfícies corticais não são uniformes, possuem saliências ( giros ) e depressões ( sulcos ). O encéfalo compreende: Telencéfalo: Constituido pelos 02 hemisférios cerebrais. Diencéfalo: Situa-se na linha mediana, entre os dois hemisférios, se divide em: Epitálamo, tálamo e hipotálamo. Epitálamo - Forma a glândula pineal e a habênula; Tálamo - É a estação retransmissora de informações no cérebro, com exceção das informações olfatórias; Hipotálamo - Controla o sistema endócrino e intefere nas funções viscerais. Cerebelo: Localiza-se por trás do tronco cerebral. É responsável pelo equilíbrio e a coordenação motora Tronco cerebral: É a substância nervosa que vai do cérebro à medula. No centro há uma formação reticular no controle da consciência, sono e vigília. É dividido em três partes : - Mesencéfalo - Porção superior do tronco cerebral, de onde se originam os pares de nervos cranianos III e IV; - Ponte - Porção média do tronco cerebral, de onde se originam os pares de nervos cranianos V, VI, VII e VIII;. - Bulbo - Porção inferior do tronco cerebral, de onde se originam os pares de nervos cranianos IX, X, XI XII. (Martin 1998); Cada um dos dois hemisférios é dividido em quatro lobos anatomicamente distintos: o frontal, o parietal, o occipital e o temporal 1º Problema: Fala ou linguagem? Neuroanatomofisiologia da linguagem; DOMINÂNCIA CEREBRAL Este termo refere-se ao fato de que um dos hemisférios cerebrais é o "dominante" em certas funções. A diferença é predominantemente percebida na linguagem e habilidades manuais. Dados clínicos e trabalhos experimentais estabeleceram que os dois hemiférios cerebrais não são iguais em certas funções. Embora os sistemas de projeção das vias motoras e sensoriais sejam semelhantes, a esquerda e a direita, cada hemisfério é especializado e domina o outro em algumas funções específicas. O hemisfério esquerdo controla a linguagem e a fala na maioria das pessoas; o hemisfério direito comanda a interpretação das imagens e dos espaços tridimencionais. A dominância cerebral está relacionada ao uso preferencial de uma das mãos (lateralidade). A maior parte dos indivíduos destros tem dominância do hemisfério esquerdo (DeGroot 1994). Quando se trata de controlar os músculos, cada hemisfério é responsável por dos lados do corpo desde os pés e as pernas até as mãos e os olhos. Mas as linhas de comando se cruzam entre si , o lado esquerdo do corpo é ligado ao direito do cérebro, enquanto as sensações no lado direito do corpo acabam no hemisfério esquerdo, ou seja, é um arranjo contralateral. Assim, uma lesão de um lado do cérebro, normalmente vai afetar os movimentos e o sentidos do lado oposto do corpo. FUNÇÕES ESPECIALIZADAS DO CÓRTEX CEREBRAL No córtex cerebral podem ser distinguidas diversas áreas, com limites e funções relativamente definidos . Assim, podem ser distinguidas a área motora principal, a área sensitiva principal, centros encarregados da visão, audição, tato, olfato, gustação e assim por diante Todo o córtex cerebral é organizado em áreas funcionais que assumem tarefas receptivas, integrativas ou motoras no comportamento. São responsáveis por todos os nossos atos conscientes, nossos pensamentos e pela capacidade de respondermos a qualquer estímulo ambiental de forma voluntária. Existem duas áreas corticais relacionadas com a linguagem ela é responsável pela programação da atividade motora relacionada com a expressão da linguagem, conhecida como área de Broca que correspondem (área 44 e parte da 45 Brodmann); é uma homenagem ao francês Paul Broca, que através do estudo de alguns casos de afasia identificou a função desta área a partir da realização da autópsia num doente que não podia nem formar sentenças fluentes nem expressar suas idéias na escrita. O exame de seu cérebro após a morte mostrou uma lesão na porção posterior do lobo frontal. Broca colecionou a seguir mais oito casos semelhantes, todos apresentando lesões que incluíram esta área. Em todos os casos as lesões estavam localizadas no lado esquerdo do cérebro. Esta descoberta levou Broca a enunciar, em 1864, um dos mais famosos princípios da função cerebral: "Nous parlons avec l'hémisphere gauche!" ("Nós falamos com o hemisfério esquerdo"!). O doente com lesões desta região tem dificuldade na produção/articulação das palavras, apesar de manter a sua capacidade musical (hemisfério direito), e poder cantar correctamente uma melodia. Mantém uma boa compreensão da linguagem falada e escrita. Broca também notou que todos aqueles com distúrbios da fala por causa de danos ao hemisfério esquerdo eram indivíduos destros e todos apresentavam fraqueza ou paralisia da mão direita. Esta observação por sua vez levou à generalização de que existem relações cruzadas entre o hemisfério dominante e a mão de preferência. O passo seguinte foi dado por Carl Wernicke em 1876. Ele descreveu um novo tipo de afasia . A afasia de Wernicke envolve um comprometimento da compreensão mais que da execução (uma má função receptiva, opondo-se à expressiva). Enquanto os pacientes de Broca podiam compreender mas não podiam falar, os pacientes de Wernicke podiam falar mas não compreender . Wernicke descobriu que este novo tipo de afasia tem uma localização diferente daquela descrita por Broca: a lesão está localizada na parte posterior do lobo temporal na sua junção com os lobos parietal e occipital. Além de sua descoberta, Wernicke formulou uma teoria da linguagem que tentava conciliar e extender as duas teorias existentes de função cerebral. A área de Wernicke é mais posterior que a de Broca e localiza-se na região têmporopariental (giro angular), está relacionada com a percepção da linguagem e corresponde (área 39 de Brodmann). Lesões nestas áreas provocam o aparecimento de afasias, ou seja, uma incapacidade do paciente de se comunicar através da linguagem verbal, embora os mecanismos periféricos tanto sensitivos como motores necessários para esta comunicação estejam intactos. (Consenza1998, Machado 1998, Degroot 1994). conceitos de fala e linguagem Linguagem É uma forma de interação entre sujeitos, assim partir da linguagem ocorre transmissão de ideias ou sentimentos através de sinais convencionados que ganham significado a partir de um contexto social, histórico ou ideológico. Ou seja, linguagem é todo o sistema de sinais pelos quais os sujeitos possam interagir um com o outro. Pode ser classificada em: Verbal: Em que para o ato da comunicação vai utilizar palavras. Não verbal: Que é quando se tem por base qualquer outro tipo de sinal, como cores, gestos, desenhos, sinais sonoros. A língua é um sistema de códigos usados sob regras pré-estabelecidas por uma coletividade. pode ser considerada um bem público, uma vez que ela é de uso comum dos que dela se utilizam para atos de comunicação. A língua é exterior aos indivíduo e por uso eles não podem criá-la ou modificá-las individualmente. Ela existe pois existe um tipo de contrato coletivo que se estabeleceu entre as pessoas e a qual todos aderiram. Fala A fala é o uso da língua através da linguagem oral, é um ato individual que é influenciada por aspectos locais, regionais, linguísticos e históricos. ernani terra desenvolvimento neuropsicomotor à aquisição da linguagem, no primeiro ano de vida. O processo de aquisição da linguagem verbal envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes: o fonológico, relacionado com a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, atribuindo às palavras o seu significado; o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social, o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados; e o gramatical ou morfológico, compreendendo as regras sintáticas para combinar palavras em frases compreensíveis. No desenvolvimento da linguagem, há uma fase pré-linguística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras) e que pode persistir até aos 11-12 meses;quando na fase linguística, a criança começa a emitir palavras isoladas até o posterior desenvolvimento da linguagem verbal com toda a sua complexidade e riqueza de significados. A aquisição é contínua e ocorre de forma ordenada e sequencial, com sobreposição considerável entre as diferentes etapas deste desenvolvimento. Assim, a aquisição da linguagem representa a interação entre todos os aspectos do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança. À medida que amadurecem as estruturas cerebrais necessárias à produção de sons, à discriminação auditiva, ao controle fonatório da fala Fases do desenvolvimento O choro expressa uma comunicação bastante variada do lactente e os pais muitas vezes são capazes de distinguir seu significado pelos diferentes matizes, tonalidade e intensidades que podem sinalizar fome, sono ou aborrecimento. Durante as 6 semanas e os 3 meses de vida, os bebês começam a produzir sons quando estão contentes emitindo murmúrios e sons vocálicos. Dos 3 aos 6 meses, os bebês começam a brincar com os sons da fala e tentam ajustá-los de acordo com as pessoas que encontram à sua volta. Entre os 6 e os 10 meses, a criança começa a repetir sequências de consoantes-vogais como “ma-ma, da-da, pa-pa”. Esta lalação não é uma verdadeira linguagem, na medida em que não comporta significado. O desenvolvimento da linguagem prossegue com a imitação acidental dos sons da fala que as crianças ouvem e depois reproduzem. cerca de 9 a 10 meses de vida, os lactentes imitam deliberadamente sons sem os compreenderem. Entre os 9 e os 12 meses, aprendem alguns gestos sociais convencionais, como dizer adeus, abanar com a cabeça para significar sim, abanar com a cabeça para significar não por volta dos 13 meses, a criança usa gestos representacionais mais elaborados como, por exemplo, leva uma xícara vazia à boca ou levanta os braços para mostrar que quer ser levado ao colo. Gestos simbólicos, tais como soprar para significar “quente”, geralmente emergem na mesma fase que a criança pronuncia as suas primeiras palavras; esses gestos revelam que as crianças compreendem que os objetos e as idéias têm nomes e que os símbolos podem referir- se a coisas, episódios, desejos e circunstâncias específicas do cotidiano. Crianças com atraso de linguagem podem apresentar dificuldades nas várias dimensões, como a fonológica, a morfológica, a semântica e a pragmática. A criança, inicialmente, desenvolve as palavras faladas (nível fonológico e morfológico) e atribui significado a elas (nível semântico). Esta função relaciona-se com a área de Wernicke e córtex de associação adjacente, localizado na região temporal superior e parietal inferior. Crianças com disfasia receptiva têm dificuldade na discriminação auditiva das palavras, bem como na atribuição de significado. Por outro lado, preferem interação não verbal para a comunicação, como a expressão gestual, a táctil e a visual A linguagem receptiva segue um curso maturacional de acordo com as fases do neurodesenvolvimento. Assim, com aproximadamente 12 a 18 meses, conhecem o significado do não, entendem expressões como me dá, venha aqui, e, é apta para apontar partes do corpo. Aos 2 anos de vida, obedece a ordens simples sob comando e consegue apontar vários objetos nomeados. Com a idade de 3 a 4 anos já nomeia objetos e conhece preposições. A linguagem expressiva, por sua vez, tem curso mais lento do que a receptiva. Crianças com atraso de linguagem têm, de maneira geral, a recepção mais íntegra do que a expressão. Crianças com 10 e 12 meses adquiriram uma ou duas palavras específicas e o vocabulário desenvolve-se bastante aos 18 a 24 meses, sendo que a criança com 2 anos já é capaz de formular sentenças de 2 palavras e com 3 a 4 anos usa sentenças com 4 palavras, usando expressões verbais no passado e no futuro. O desenvolvimento neuropsicomotor se dá no sentido craniocaudal, portanto, em primeiro lugar a criança firma a cabeça, a seguir o tronco e após os membros inferiores. A maturação cerebral também ocorre no sentido postero-anterior, portanto, primeiro a criança fixa o olhar (região occipital), a seguir leva a mão aos objetos, etc. A avaliação do desenvolvimento deve ser baseada nos marcos definidos pela escala de desenvolvimento Denver II. Deve-se avaliar o desenvolvimento social, motor e linguagem. Desenvolvimento social • Olhar o examinador e segui-lo em 180º = 4 meses • Sorrir espontaneamente = 2 meses • Leva mão a objetos = 5 meses • Apreensão a estranhos = 10 meses • Dar tchau = 14 meses • Bater palma = 11 meses • Imita atividades diárias = 16 meses • Sustento cefálico = 4 meses • Sentar com apoio = 6 meses • Sentar sem apoio = 7 meses • Pinça superior = 10 meses • Em pé com apoio = 10 meses • Andar sem apoio = 15 meses Desenvolvimento Motor • Lalação = 6 meses • Primeiras palavras = 12 meses • Palavra frase = 18 meses • Junta duas palavras = 2 anos • Frases gramaticais = 3 anos Desenvolvimento da Linguagem
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