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Afasias, Apraxias, Disartrias e Comunicacao Suplementar e Alternativas - Final

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Brasília-DF. 
AfAsiAs, AprAxiAs, DisArtriAs 
e ComuniCAção suplementAr 
e AlternAtivAs
Elaboração
Gisele Senhorini
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ANATOMIA CÉREBRO VASCULAR ............................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
O CÉREBRO ........................................................................................................................... 10
UNIDADE II
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL .......................................................................................................... 15
CAPÍTULO 1
AFASIAS ................................................................................................................................. 19
CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DAS AFASIAS ................................................................................................ 26
CAPÍTULO 3
AS CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA PARA A DISCUSSÃO SOBRE A SEMIOLOGIA DAS AFASIAS .... 34
UNIDADE III
DISARTRIA ............................................................................................................................................ 39
CAPÍTULO 1
CLASSIFICAÇÃO DAS DISARTRIAS ........................................................................................... 41
UNIDADE IV
APRAXIA .............................................................................................................................................. 45
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DE APRAXIAS EM PACIENTES COM LESÃO CEREBROVASCULAR NO HEMISFÉRIO 
ESQUERDO ............................................................................................................................ 49
CAPÍTULO 2
APRAXIA DA FALA ADQUIRIDA E DESENVOLVIMENTAL: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ............... 56
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS APRAXIAS DA FALA ...................................................... 65
UNIDADE V
COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E/OU ALTERNATIVA .............................................................................. 70
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO DA COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA NA TERAPIA COM AFÁSICOS .. 87
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 92
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
7
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Esta disciplina possibilita a discussão e compreensão da relação entre Fonoaudiologia 
e Neurologia, uma vez que a atuação fonoaudiológica nessa área tem contribuído com 
grandes avanços e criado novas perspectivas de integração social para os indivíduos 
com comprometimento da linguagem em função dos distúrbios neurológicos.
Objetivos
 » Favorecer ao aluno a aquisição de conhecimentos a respeito das 
alterações de linguagem em crianças e adultos decorrentes de distúrbios 
neurológicos.
 » Possibilitar ao aluno a compreensão e o levantamento do diagnóstico 
diferencial quanto às alterações da linguagem decorrentes das alterações 
do sistema nervoso. 
 » Favorecer a correlação teórico-prática na execução do processo diagnóstico: 
instrumentos e critérios. Apresentação e discussão de diferentes abordagens 
terapêuticas utilizadas no atendimento de crianças e adultos com alterações 
de linguagem decorrentes dos distúrbios neurológicos. 
 » Oferecer condições ao aluno para o entendimento do processo de (re)
integração de crianças e adultos com lesões cerebrais e sequelas para 
linguagem.
9
UNIDADE IANATOMIA CÉREBRO 
VASCULAR
O cérebro humano é o centro de comando para o sistema nervoso. Ele recebe a contribuição 
dos órgãos sensoriais e envia sinais para os músculos. O cérebro humano tem a mesma 
estrutura básica que outros cérebros de mamíferos, mas é maior em relação ao tamanho 
do corpo.
Algumas mudanças genéticas ocorrerão durante o desenvolvimento do cérebro no 
decorrer da evolução dos homens e dos chimpanzés, por exemplo. Existem alguns genes 
que são mais expressos durante o desenvolvimento cerebral humano, o que mostra uma 
complexidade maior nos cérebros humanos já que se diferenciam mais. O oposto ocorre 
nos chimpanzés cujo cérebro se diferencia menos. Durante certa fase do desenvolvimento 
embrionário do homem, determinados genes são mais expressos em um hemisfério 
que em outro. Esses genes podem conferir diferenças evolutivas principalmente no que 
diz respeito ao desenvolvimento da fala. Por exemplo, o gene LM04 é mais expresso 
no hemisfério direito que no esquerdo durante as 12-14 semanas do desenvolvimento 
embrionário, esse gene confere padrões corticais ao organismo.O gene FOXP2 está 
associado à fala e a déficits na fala, autismo e até dislexia, além disso, pode ser encontrado 
expresso em regiões corticais e subcorticais.
O sistema nervoso dos seres humanos tornou-se especializado de tal forma que não há 
nenhum computador com capacidade de armazenar informações e desempenhar funções 
como ele. De fato, o que nos torna tão especiais são as sinapses, conexões estabelecidas 
entre um neurônio e outro, que nos permitem desenvolver uma rede neural por meio dos 
cem bilhões de neurônios que apresentamos de baixo de nossa calota craniana.
10
CAPÍTULO 1
O cérebro
O cérebro é a maior e mais evidente estrutura do encéfalo, constituindo cerca de 80% 
da massa total deste. Está dividido em duas metades, os hemisférios cerebrais esquerdo 
e direito, interligados entre si pelo corpo caloso, situado na parte inferior da fissura 
inter-hemisférica. 
Cada hemisfério possui uma fina camada externa de substância cinzenta – o córtex 
cerebral, que contém os corpos celulares dos neurónios. Situada debaixo do córtex 
cerebral está uma abundante camada de substância branca, contendo feixes de axónios 
neuronais mielinizados, que lhe conferem a aparência branca. Os hemisférios cerebrais 
estão divididos em quatro lobos cerebrais: lobo frontal, temporal, parietal e occipital, 
cada um com funções específicas a desempenhar.
Figura 1. Estruturas do cérebro. Corte coronal do cérebro evidenciando as substâncias cinzenta e branca.
Fonte: <http://run.unl.pt/bitstream/10362/2505/1/Goncalves_2009.pdf>.
Hemisférios cerebrais
O cérebro compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e uma pequena 
linha mediana situada na porção anterior do III ventrículo.
Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do 
cérebro, cujo o assoalho é formado por uma larga faixa de fibras comissurais, denominada 
corpo caloso, principal meio de união entre os dois hemisférios. Os hemisférios possuem 
cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo, que se comunicam com o III 
ventrículo pelos forames interventriculares.
11
ANATOMIA CÉREBRO VASCULAR │ UNIDADE I
Figura 2.
Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/neurologia/telencefalo.htm>.
O hemisfério esquerdo seria o responsável pelas atividades racionais e analíticas como 
a linguagem, a escrita, a aritmética, o pensamento linear, a comunicação digital, os 
processos secundários da psicanálise etc. Por sua vez, o hemisfério direito estaria 
ocupado pelas atividades sensoriais, emocionais e globais, como a intuição, a síntese, 
a compreensão da linguagem, da música, dos sonhos, dos gestos inconscientes, pela 
comunicação analógica e pelos processos primários da psicanálise.
Deste modo, o hemisfério esquerdo seria capaz de distinguir uma árvore de outra 
árvore, sem tentar ver o bosque, enquanto que o hemisfério direito veria o bosque, mas 
não cada uma das suas árvores (CAYROL; SAINT-PAUL, 1984).
O hemisfério esquerdo seria como a formiga, que apenas vê todos os detalhes, um de cada 
vez, à medida que vai caminhando, enquanto que o hemisfério direito seria como a águia, 
que no seu voo observa todo o território num simples relance (WILLIAMS, 1984).
Contudo, atualmente, os investigadores já tentaram superar esta teoria, incentivando 
a encontrar um modelo explicativo que, sem ser definitivo, sirva para explicar as novas 
descobertas.
Segundo Williams (1986), o hemisfério esquerdo interessa-se primordialmente pelos 
componentes, processando a informação em sequencias, em série, seguindo um padrão 
temporal, descodificado por sinais acústicos (linguagem oral, matemática, noções 
musicais) e traduzindo-as em palavras depois de tê-las analisado. 
12
UNIDADE I │ ANATOMIA CÉREBRO VASCULAR
O hemisfério direito, por sua vez, estaria especializado no tratamento em simultâneo 
e analógico da informação. Estaria interessado primordialmente nos conjuntos e se 
dedicaria a integrar as partes para formar o todo. Investigaria as estruturas e as relações. 
Esse modo de tratamento da informação é especialmente eficaz para a maioria das 
tarefas visuais e espaciais, e também para o reconhecimento de melodias musicais. 
Resumindo, as funções associadas ao funcionamento do hemisfério direito, não estão 
necessariamente localizadas no respectivo hemisfério cerebral, mas antes, que representa 
certos tipos de processamento da informação que se acredita estar relacionados com o 
hemisfério direito.
Provavelmente, as metáforas e as alegorias usadas em vários modelos terapêuticos são 
as técnicas mais eficazes, já que ativam o hemisfério direito, pois estão diretamente 
relacionadas com o próprio processo de aquisição de conhecimento.
Num funcionamento mental “ótimo”, ambos os hemisférios deveriam atuar intercalados 
e em estreita colaboração. Anatomicamente, a conexão existe por meio do corpo caloso.
O exemplo seguinte, citado também por Williams, nos mostra que não pensamos com 
um ou outro hemisfério cerebral, mas que ambos intervêm conjuntamente no processo 
cognitivo: “O engenheiro Charles Duryea levava já muito tempo a lutar com um problema 
que parecia não ter solução – encontrar um sistema eficaz para introduzir o combustível 
dentro do motor do automóvel. Certo dia, no ano de 1891, ele estava a observar a sua 
esposa sentada em frente ao espelho, no seu quarto, quando esta decidiu perfumar-se 
usando um frasco com pulverizador (bastante habituais na época), mas até esse exato 
momento ele não relacionara o frasco com pulverizador ao seu problema. Contudo agora, 
e de forma instantânea, soube como poderia construir um carburador de injeção...”.
Nesse exemplo, a imaginação interior e a metáfora que consiste em ver os pontos de 
ligação que unem duas coisas muito diferentes, parece ser o mecanismo por meio do 
qual a consciência verbal (hemisfério esquerdo) adotou uma criação da consciência não 
verbal (hemisfério direito).
Lobos cerebrais
O cérebro humano possui quatro áreas, conhecidas como: lobo frontal, lobo parietal, 
lobo temporal e lobo occipital. 
O lobo frontal é assim chamado por localizar-se na parte frontal do crânio. Ele parece 
ser particularmente importante por ser responsável pelos movimentos voluntários e 
também por ser o lobo mais significante para o estudo da personalidade e inteligência. 
13
ANATOMIA CÉREBRO VASCULAR │ UNIDADE I
O lobo parietal está localizado na parte posterior do lobo frontal. Ele possui uma área 
denominada somatossensorial, responsável pela percepção de estímulos sensoriais que 
ocorrem através da epiderme ou órgãos internos.
O lobo temporal possui uma área especial chamada córtex auditivo, como o próprio 
nome já diz, esta área está intimamente ligada à audição. 
Na parte de trás da cabeça, mais precisamente na região da nuca, localiza-se o lobo 
occipital. Nele encontra-se o córtex visual, que recebe todas as informações captadas 
pelos olhos; melhor dizendo, sua especialidade é a visão.
Figura 3.
Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-feoPIlSmPBw/UQRMn8RWaZI/AAAAAAAAAU0/vxKrNLsX7Z0/s1600/Untitled-20_clip_image001.jpg>.
Existem outras áreas dos lobos que não possuem especialização, estas são chamadas de 
córtex de associação. Além de elas serem conectadas a vários sentidos e movimentos, 
acredita-se que nelas também são processados nossos pensamentos e armazenadas 
nossas memórias.
No córtex cerebral podem ser distinguidas diversas áreas, com limites e funções 
relativamente definidos. A diferença entre elas reside na espessura e composição das 
camadas celulares e na quantidade de fibras nervosas que chegam ou partem de cada uma. 
Embora o sistema nervoso seja um todo único, determinadas áreas cerebrais estão mais 
diretamente ligadas a certas funções. Assim, podem ser diferenciadas a área motora 
principal, a área sensitiva principal, centros encarregados da visão, audição, tato, olfato, 
gustação e assim por diante.
Áreas corticais e suas funções 
As áreas de associação são conectadas com várias áreas sensoriais e motoras por fibrasde associação.
14
UNIDADE I │ ANATOMIA CÉREBRO VASCULAR
As áreas de associação são importantes na manutenção de atividades mais elevadas 
no homem, ainda que não seja possível localizar qualquer faculdade mental específica 
ou fração da experiência consciente. Afasias ou defeitos na fala resultantes de lesões 
corticais ilustram a significância das áreas de associação. Em indivíduos destros elas 
são produzidas por lesões no hemisfério esquerdo (o hemisfério dominante).
Figura 4. Áreas funcionais.
1. Áreas pré-frontais.
2. Área motora secundária.
3. Área motora primária.
4. Área somatossensorial primária.
5. Área somatossensorial secundária.
6. Área visual secundária.
7. Área visual primária.
8. Área de Wernicke.
9. Área auditiva secundária.
10. Área auditiva primária.
11. Área de broca.
Fonte: <http://matadordeidiotas.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html>.
Curiosidades:
 » A área da ciência que estuda o cérebro humano, a mente e o sistema 
nervoso é a Neurociência.
 » O hemisfério esquerdo do cérebro dos seres humanos é responsável pelo 
pensamento lógico e também pela comunicação verbal (fala).
 » O hemisfério direito é o responsável pela intuição, estabelecimento de 
analogias e comunicação não verbal.
 » Cada hemisfério do cérebro humano está relacionado a um conjunto de 
habilidades. Assim sendo, o lado esquerdo é o responsável pelas seguintes 
habilidades: leitura, uso da linguagem, seguimento de instruções, 
localização de fatos, identificação de símbolos e escrita à mão. Já o lado 
direito é o responsável pelas seguintes habilidades: matemática, canto, 
música, expressão artística, criatividade, emoções e sentimentos.
15
UNIDADE IIACIDENTE VASCULAR 
CEREBRAL
O acidente vascular cerebral (AVC) é a mais frequente das doenças vasculares encefálicas. 
As doenças vasculares encefálicas são anormalidades do tecido encefálico decorrentes 
de algum processo patológico dos vasos sanguíneos encefálicos ou que neles ocorrem, 
por exemplo, lesão da parede do vaso, alteração da permeabilidade vascular, oclusão 
da luz vascular por trombo ou êmbolo, ruptura do vaso e alteração da viscosidade ou da 
qualidade do sangue.
As doenças vasculares encefálicas constituem a terceira causa de morte em vários países 
desenvolvidos, só não sendo mais frequentes que doença cardíaca e câncer. 
No Brasil, o AVC é considerado, atualmente, a primeira causa de morte em adultos. 
A prevalência total de doenças vasculares encefálicas é estimada em 5 – os casos por 
1.000 habitantes acima de 25 anos de idade. Cerca de 10% a 20% dos casos ocorrem em 
indivíduos com menos de 45 anos. O AVC é considerado a doença mais incapacitante. 
Esses dados mostram o grande impacto sobre a saúde populacional, além dos impactos 
social, econômico e psicológico.
O acidente vascular cerebral (AVC) é um problema sério provocado por um distúrbio 
no fornecimento de sangue ao cérebro. Se o fornecimento de sangue for limitado ou 
interrompido, as células do cérebro começam a morrer, o que pode levar a lesões 
cerebrais e possivelmente à morte.
Os AVCs são uma emergência médica que requer tratamento imediato, pois quanto 
mais depressa a pessoa receber tratamento, menor será a probabilidade de lesões.
Existem dois tipos principais de AVCs: isquémico e hemorrágico. O AVC isquêmico é 
causado por um coágulo sanguíneo que impede o fornecimento de sangue.
O AVC hemorrágico é causado pela ruptura dos vasos sanguíneos que fornecem sangue 
ao coração, provocando lesões cerebrais.
16
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Como ocorre o AVC?
Figura 5.
Fonte: <http://www.megaartigos.com.br/natureza/animais/doencas/avc-hemorragico-derrame-cerebral>.
Também existe um problema relacionado que se chama ataque isquêmico transitório 
(AIT) e que ocorre com a interrupção temporária do fornecimento de sangue ao cérebro, 
provocando um mini AVC. Esses ataques devem ser levados muito a sério, porque, 
muitas vezes, são um alerta de que está para vir um AVC maior.
Os AVCs podem ser tratados com uma combinação de cirurgia e medicamentos. 
Sintomas
Os sintomas de um AVC são geralmente súbitos e podem incluir torpor ou fraqueza num 
dos lados do corpo, fraqueza na face, tonturas, dificuldade em caminhar ou entender os 
outros e dores de cabeça fortes.
Os sintomas de um ataque isquêmico transitório são os mesmos de um AVC, mas 
duram entre alguns minutos a algumas horas, antes de desaparecerem por completo. 
No entanto, nunca deverá ignorar um ataque isquêmico transitório, pois é um sinal de 
alerta de que existem problemas com o fornecimento de sangue ao cérebro.
Causas
Os AVCs isquêmicos ocorrem com a formação de coágulos que bloqueiam o fluxo 
sanguíneo ao cérebro. Os coágulos sanguíneos geralmente se formam em áreas onde as 
artérias estão mais estreitas. 
17
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
À medida que envelhecemos, as nossas artérias ficam mais estreitas, mas alguns fatores 
de risco podem acelerar perigosamente esse processo: fumar, tensão arterial alta 
(hipertensão), obesidade, uma alimentação rica em colesterol e diabetes.
Os AVCs hemorrágicos ocorrem com a ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro. 
A causa principal para este tipo de AVC é a tensão arterial alta, que pode enfraquecer 
as artérias no cérebro e torná-las susceptíveis a romperem. A tensão arterial alta pode 
ser causada pela obesidade, consumo elevado de álcool, fumar, falta de exercício 
e stress.
O AVC hemorrágico também pode, por vezes, ocorrer como resultado de um traumatismo 
craniano.
Tratamento
O tratamento para o AVC dependerá da sua causa. Existem vários medicamentos 
que podem ser usados para reduzir as probabilidades de nova formação de coágulos 
sanguíneos. Também existem medicamentos para baixar a tensão arterial e o colesterol 
no sangue.
Alguns AVCs isquêmicos são causados por um bloqueio na artéria carótida, que é a 
artéria principal no pescoço. Poderá ser necessária uma cirurgia para desbloquear a 
artéria. O cirurgião irá fazer uma incisão no pescoço para abrir a artéria carótida e 
retirar o bloqueio.
Muitas vezes é necessária uma cirurgia de emergência para tratar os AVCs hemorrágicos 
para drenar o sangue do cérebro e reparar vasos sanguíneos que tenham rebentado. 
Normalmente, isto é feito por meio de um procedimento cirúrgico chamado craniotomia.
Recuperação
Os danos causados por um AVC podem ser vários e duradouros. Muitas pessoas precisam 
de um longo período de reabilitação antes de recuperarem a sua antiga independência.
Poderá ter problemas com o discurso, a memória, a mobilidade, a coordenação e a 
execução de tarefas do dia a dia.
Também são comuns sentimentos de depressão e ansiedade depois de um AVC. 
Poderá necessitar de aconselhamento e medicamentos que melhorem a forma como 
o paciente se sente.
18
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Figura 6.
Fonte: <www.netterimages.com>.
19
CAPÍTULO 1
Afasias
Antes de se definir afasia, deve-se entender o que acontece no cérebro, que é onde está 
localizado o centro da patologia. 
Em 1987, Hubel descreve a função cerebral como tendo um sinal de saída, o modo 
como o homem responde ao mundo exterior e influiu sobre ele. E entre o sinal de saída 
e entrada, há todo o resto: percepção, emoção, memória, pensamento e tudo o que 
torna o homem humano. 
Para Luria (1981), os processos mentais de percepção, memorização, gnosias, praxias, 
fala, pensamento, escrita, leitura e aritmética fazem parte de sistemas funcionais 
complexos, não podendo ser encarados como representando uma “faculdade”, função 
isolada de uma área particular do cérebro. Portanto, as funções mentais, como sistemas 
funcionais complexos não estão localizadas em zonas estritas do córtex, mas devem ser 
organizadas em sistemas de zonas, que podem estar em áreas do cérebro diferentes. 
Já para Oliveira e Amaral,(1998) a linguagem pode se der definida como a faculdade que 
possui o homem de comunicar-se com seus semelhantes, usando de sons articulados – 
as palavras – cujossignificados são convencionados. Pode-se diferenciar três aspectos 
de linguagem, que são: 
1. Fonação: capacidade de formar os sons da voz, exercida pela laringe.
2. Articulação: faculdade de combinar os sons da voz, formando conjuntos 
organizados e delimitados, as palavras. É realizada pela laringe em 
conjunto com a faringe, a língua, o palato, os dentes e os lábios. 
3. Fala: Pela qual os pensamentos são expressos, utilizando as palavras, 
cujos significados são definidos pelo uso social. A produção da fala 
envolve coordenação precisa da respiração, fonação, ressonância e 
articulação, integrada nos níveis bulbar, diencéfalo e cortical. O sistema 
de comunicação oral é prejudicado por lesões em diversos pontos do 
sistema nervoso. 
De acordo com a localização das lesões, distingue-se clinicamente as manifestações 
patológicas: disfonia (alteração da intensidade, qualidade, e timbre de voz); disartria 
(má articulação das palavras, se deve à dificuldade de realizar os movimentos musculares 
coordenados necessários à produção de vogais e consoantes); e disfasia (condição em 
que está comprometida a capacidade de expressão por meio da fala, embora possam 
20
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
estar intactas a fonação e articulação); os afásicos podem ter problemas relacionados 
com a percepção da linguagem, com a sua expressão ou com ambas. 
Em relação à afasia, Mathias (l996) coloca que é um distúrbio de linguagem decorrente 
de afeções neurológicas como infartos, doenças degenerativas, ou lesões traumáticas.
Para Mansur (1996), a afasia é uma perda ou alteração da linguagem decorrente de 
lesão cerebral.
Definindo afasia, Joanette, Lafond e Lecours (1995), colocam que a afasia não pode ser 
considerada uma doença rara ou nova, e sim pouco conhecida. Ela se manifesta como 
consequência de um acidente vascular cerebral, um tumor cerebral ou um traumatismo 
craniano. Pode estar na origem de várias manifestações clínicas, e diz respeito à capacidade 
de comunicação das pessoas, ou seja, à sua linguagem. As características são: 
 » dificuldades em compreender a linguagem dos outros, 
 » encontrar o nome das coisas, 
 » produzir sua própria linguagem, 
 » organizar o conjunto dos comandos motores responsáveis pela boa 
articulação das palavras, 
 » é, na verdade, o conjunto de perturbações da linguagem oral e/ou escrita 
que acompanha uma lesão cerebral. 
Segundo Coudry (1986), a afasia se caracteriza por alterações de processos linguísticos de 
significação de origem articulatória e discursiva (incluindo-se os aspectos gramaticais) 
produzidas por lesão cortical adquirida, podendo ou não se associarem a alterações de 
outros processos cognitivos. 
Já Luria (1981) coloca que muitas áreas diferentes do cérebro cooperam para formar os 
sistemas funcionais da linguagem receptiva e expressiva, e qualquer dano a uma dessas 
áreas afeta o sistema funcional na extensão na qual um sistema baseia-se, ou seja, a lesão 
terá ligação mais forte com determinada função, mas não deixa de ter relação com outras. 
Jakubovicz (1992) descreve que as afasias ocorrem em consequência de danos cerebrais 
e/ou acidentes encefálicos como as embolias, os infartos, as tromboses, os aneurismas, 
os tumores cerebrais e doenças degenerativas. 
Afasia e seu impacto social
Nosso organismo é comandado por um sistema intricado de circuitos neurais, que 
conectam áreas sensoriais e motoras, capazes de armazenar, interpretar e emitir 
21
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
respostas eficientes a qualquer estímulo. É capaz, ainda, de verificar se a resposta 
dada foi correta e se atingiu os objetivos propostos. É um sistema sensório – motor – 
sensório. Por isso, dois terços do córtex são ocupados por atividades sensitivas (lobo 
temporal, occipital e parietal) e as atividades motoras ocupam um espaço bem inferior 
(lobo frontal) (MURDOCH, 1997).
O sistema nervoso coordena todas as atividades do organismo, integrando sensações 
a respostas motoras, adaptando-a as condições (internas e externas) vigentes 
no momento, permitindo melhores oportunidades de sobrevivência (MAC-KAY; 
ASSÊNCIO–FERREIRA; FERRI–FERREIRA, 2003).
O córtex cerebral tem uma organização muito mais complexa, pois os impulsos 
sensoriais serão discriminados e reconhecidos, para então serem encaminhados para 
os sistemas motores para uma resposta, em geral, complexa e de alta especificidade, 
podendo ser consciente ou automática.
Luria, em seus estudos didáticos, dividiu o cérebro em três unidades, pois segundo 
ele deve-se conceituar as funções mentais superiores como sistemas funcionais de 
composição extremamente complexos. A mais primitiva de todas as unidade é a I que 
regula a estimulação, ou em nível psicológico, o estado de consciência. A unidade II 
recebe, analisa e armazena informações já a unidade III é o executivo do cérebro e é 
responsável pelo controle e avaliação da ação. Embora cada unidade tenha uma função 
singular e específica, a cognição depende de uma colaboração íntima entre todas as três 
unidades. Muitas áreas corticais diferentes contribuem para o desempenho normal de 
sistemas funcionais, tais como os da linguagem expressiva e receptiva (LURIA, 1986).
O autor citado refere-se ainda ao funcionamento de cada uma dessas áreas como 
uma cadeia dentro do sistema funcional. Dano a uma área cortical particular afeta 
sua habilidade de funcionar idealmente. A área afetada pode ser concebida como 
uma ligação fraca ou interrompida na cadeia do sistema funcional. Embora qualquer 
ligação danificada afete o sistema funcional, os efeitos variarão dependendo da ligação 
particular que foi afetada.
Os hemisférios cerebrais são idênticos quando observados microscopicamente. 
Não são observadas diferenças anatômicas grosseiras entre o lado direito e o esquerdo. 
Entretanto, do ponto de vista funcional, eles são muito diferentes, existindo atividades 
nervosas superiores que são desenvolvidas unicamente por um dos lados. A superfície do 
córtex cerebral é conceituada como um mosaico de territórios distintos, cada um agindo 
com um “centro” para o controle de uma função mental particular (LURIA, 1986).
O hemisfério esquerdo tem a tarefa de analisar a sequência dos estímulos (linguísticos 
e não linguísticos), enquanto o hemisfério direito é mais especializado na análise de 
22
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
estímulos presentes ao mesmo tempo, e no processamento de palavras mais abstratas, 
e com maior índice de frequência no contexto do sujeito. Assim o hemisfério esquerdo 
é “especializado na fala e linguagem” (MURDOCH, 1997). 
Bressanim (1998) sinaliza que a linguagem do ser humano está relacionada de maneira 
intrínseca à sua natureza, interativa e dialógica. Não se sabe ainda quanto dessa 
“faculdade” é ou não inata, mas não há dúvidas de que a linguagem seja constitutiva 
das ações humanas, sejam elas verbais ou não verbais. Ao mesmo tempo, pode-se dizer 
que a linguagem faz a história e a cultura, quando constitui os homens em “sujeitos” e 
os coloca em relação.
Vygotsky trabalha com duas funções básicas da linguagem. A principal função é a de 
intercâmbio social: é para se comunicar com seus semelhantes que o homem cria e 
utiliza os sistemas de linguagem. Para que a comunicação com os outros indivíduos 
seja possível de forma mais sofisticada, é necessário que sejam utilizados signos 
compreensíveis por outras pessoas que traduzam ideias, sentimentos, vontades e 
pensamentos, de forma bastante precisa (OLIVEIRA, 1997).
Ainda segundo Oliveira (1997) os processos de desenvolvimento do pensamento e da 
linguagem se unem, surgindo, então, o pensamento verbal e a linguagem racional, o ser 
humano passa a ter a possibilidade de um modo de funcionamento psicológico mais 
sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem.
A linguagem reproduz a realidade 
Aquele que fala faz renascer, pelo seu discurso, o acontecimento e a sua experiência 
do acontecimento. Aquele que ouve apreende primeiroo discurso e por meio desse 
discurso, o acontecimento reproduzido. Assim, a situação inerente ao exercício da 
linguagem, que é da troca e do diálogo, confere o ato de discurso dupla função: para o 
locutor representa a realidade; para o ouvinte recria a realidade. Isso faz da linguagem 
o próprio instrumento da comunicação intersubjetiva (BENVENISTE, 1995).
A interação entre interlocutores é o princípio fundador da linguagem. Bakhtin considera 
não apenas que a linguagem é fundamental para a comunicação, mas que a interação 
dos interlocutores funda a linguagem. É impossível pensar no outro fora das relações 
que o ligam ao outro. “A vida é dialógica por natureza” (BAKHTIN apud BRAIT, 
1997). 
A lesão cerebral que provoca a afasia, não raro, submete o sujeito a problemas de 
expressão e compreensão da linguagem; também compromete a relação do sujeito com 
seus interlocutores com a própria linguagem e com o mundo social (BRESSANIM, 1998).
23
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
A afasia caracteriza-se por alterações de linguagem, gestualidade e percepção decorrentes 
de lesão cortico-cerebral. A afasia pode afetar o sistema linguístico, em seus diferentes 
níveis e dimensões (fonético-fonológico, sintático, semântico e pragmático), e também 
pode afetar a relação desse sistema com parâmetros culturais partilhados por sujeitos 
pragmáticos (COUDRY; MAYRINK – SABINSON, 2003).
O indivíduo afásico é posto diante de um problema que, não só diminui ou acaba 
com suas possibilidades de comunicação, frequentemente é acompanhado por outras 
incapacidades físicas e ainda problemas psicológicos, familiares e/ou sociais (PONZIO; 
LAFOND; DEGIOVANI; TUBERO; HORI, 1995).
No sujeito afásico, o organismo busca mecanismos cerebrais na base da função 
reguladora da linguagem, em outras zonas fora do córtex e na interação com o mundo. 
É nessa atividade linguística que a fala externa e interna do sujeito se constrói, 
motivando o papel da linguagem na reorganização das funções corticais superiores 
e a emergência de possíveis processos alternativos de significação (COUDRY; 
MORATO, 1988).
Para Luria (1986), a origem da função reguladora da linguagem é a capacidade 
que o indivíduo tem de se subordinar à linguagem do outro. Esta linguagem, que 
frequentemente é acompanhada de gestos indicadores, é a primeira etapa que traz 
consideráveis modificações para a organização da atividade psíquica do indivíduo.
A linguagem é “um trabalho a muitas mãos, que se desenvolve na multiplicação de 
interlocutores, no diálogo, na contradição e, sobretudo, no contexto”. Como a linguagem 
do sujeito em questão é patológica, está, muitas vezes, bastante “desestabilizada” pela 
afasia, a reformulação, a readaptação, a reconstrução conjunta do dizer é sempre 
necessária, se diria indispensável, para a afirmação do sujeito, como tal, no mundo 
(FRANCHI, 1977).
Após o dano cerebral, a qualidade de vida do sujeito cérebro-lesado será proporcional 
à intensidade do impacto da afasia. E isso dependerá, entre outras coisas, do grau de 
extensão e importância do comprometimento lesional da etiologia da afecção, das 
sequelas neurológicas e neurolinguísticas resultantes, das características do próprio 
sujeito e bem como da forma como ele e seus familiares ou amigos reagem a isso tudo 
(MORATO, 2001).
A família é a célula originária da vida social 
É a sociedade natural onde o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor 
e no dom da vida. Ela é a comunidade na qual, desde a infância, se pode assimilar os 
24
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
valores morais, a liberdade e o diálogo entre outros. A vida em família é a iniciação para 
a vida em sociedade (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1993).
Nas diferentes fases da vida, à família é, de forma total ou parcial, o lugar de relações 
privilegiadas. Conforme o grau de autonomia ou criatividade do sujeito, os vínculos 
familiares são mais estreitos ou mais distantes. Quando ocorre uma crise importante 
na vida de um homem, de uma mulher, ou de um adolescente, os laços familiares 
fundamentais podem ser questionados em todas suas dimensões (PONZIO e col., 1995).
O contexto familiar tem um papel fundamental na recuperação de um sujeito afásico, 
pois Santana (2001) relata que as trocas dialógicas estruturam a linguagem do sujeito 
atribuindo a ela forma, sentido e significado. Ao ouvir sua linguagem sendo estruturada, 
o sujeito aos poucos estrutura sua linguagem. E é na família que essas trocas dialógicas 
ocorrem com maior eficácia. Nesse sentido, a interação passa a ser a instância de 
significação por excelência. Estabelecer rotinas significativas de interação de linguagem 
e de diálogo faz com que o sujeito possa, aos poucos, assumir seu papel de interlocutor.
Dessa forma, Koch (2003) acrescenta que é preciso pensar na linguagem humana como 
lugar de interação, de constituição das identidades, de representação de papéis, de 
negociação de sentidos, portanto, de coenunciação. Em outras palavras, é preciso encarar 
a linguagem não apenas como representação do mundo e do pensamento ou como 
instrumento de comunicação, mas sim, acima de tudo, como forma de interação social.
A interlocução decorre, segundo Franchi (1977), de atos de linguagem que são 
constituídos pelas intenções do locutor; expectativa do ouvinte; compreensão por parte 
de ambos dos objetivos sociais imediatos da comunicação; identificação dos objetos em 
um mesmo universo de referências. Todo esse processo de significação ocorre dentro 
de um ato enunciativo. 
É por meio de práticas discursivas (ter um interlocutor privilegiado) que se propicia 
o acesso ao simbólico para um parceiro diádico que, por razões patológicas, acabou 
sendo excluído desse simbólico. E esse caminho só se faz dentro da linguagem, não 
mostrando-a, apontando-a, treinando-a, definindo-lhe as regras gramaticais, mas nos 
seus usos, que são sociais (e interacionais) por natureza (FREIRE, 1997).
As interações não se dão fora de um contexto social e histórico mais amplo; na verdade, 
elas se tornam possíveis como acontecimentos singulares, no interior e nos limites de 
uma determinada formação social – o meio familiar, sofrendo as interferências, os 
controles e as seleções impostas por esta (SANTANA, 2001).
Para Benveniste (1995) é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui 
como sujeito, ou seja, a subjetividade é a capacidade do locutor para propor-se como 
25
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
sujeito. Assumir seu papel de sujeito na linguagem implica assumir um papel de falante, 
de interlocutor, e isso só pode ocorrer na interação. Góes (2000) diz que o sujeito não 
é passivo nem apenas ativo: é interativo. A autonomia do sujeito e a regulação de suas 
ações constroem-se sobre interações. 
Algumas dificuldades se fazem presente no meio familiar, impedindo-os de colaborar 
de forma efetiva, entre elas: a falta de conhecimento da afasia e suas manifestações e 
ainda a desorientação impossibilita a família de agir e reagir com o sujeito. Dessa forma, 
cabe ao meio terapêutico possibilitar esclarecimentos e orientações que promovam o 
bem-estar, a segurança e recursos para atividades eficazes nas relações interpessoais 
com o sujeito afásico.
26
CAPÍTULO 2
Classificação das afasias
Na afasia o indivíduo não tem comando sobre a sua forma de exteriorização verbal. 
Os distúrbios de linguagem estão presentes em todos os tipos de afasia, em menor ou 
maior número. Para se entender melhor, destacarei em seguida uma das classificações 
de afasia mais recentes, compilada por Mac-Kay (1998), em seu estudo sobre distúrbios 
neurogênicos. Dentre os principais quadros de afasia têm-se: 
 » Afasia de Broca: é decorrente de lesão na parte inferior da terceira 
circunvolução frontal do hemisfério esquerdo. É considerada uma afasia 
não fluente, não há linguagem expressiva, há presença de fala laboriosa 
e com significado, presença de agramatismo, pausas de grau variado, 
anomia, reconhecimento das incorreçõesda fala, melhor performance na 
leitura do que na escrita, problemas de compreensão em grau mais leve. 
 » Afasia de Wernicke: é a afasia que tem como causa mais conhecida 
a lesão no córtex auditivo de associação, no giro superior do lobo 
temporal do hemisfério esquerdo. É uma afasia fluente, mas há déficit de 
compreensão. Há fala fluente com aparente gramaticalidade (melodia e 
ritmos adequados): jargonofasia, dificuldade em traduzir os pensamentos 
e palavras; problemas moderados de leitura e escrita. O paciente sente 
que há algo errado com sua fala, mas não tem certeza qual é o problema. 
 » Afasia do tipo surdez pura a palavra: a causa mais conhecida é a lesão que 
desconecta o córtex auditivo primário, dos hemisférios direito e esquerdo, 
do córtex auditivo de associação, nesse caso a pessoa não compreende a 
fala do outro, mas pode traduzir seus pensamentos em palavras. 
 » Afasia global: é a que tem como causa mais comum uma lesão extensa e 
lesão na substância branca periventricular frotoparietal. Os sinais mais 
comuns deste tipo de afasia são fala laboriosa, e não fluente, anomia, 
possível presença de dispraxia, dificuldades na compreensão. 
 » Afasia de condução: é ocasionada por lesão que rompe os axônios que 
conecta a área Wernick com área de Broca. Se caracteriza pela dificuldade 
que o paciente apresenta em repetir palavras, principalmente as sem 
significado, embora haja compreensão e produção de fala e linguagem 
adequadas; a fala é fluente e com significado, há presença de parafasias; 
compreensão relativamente boa com preservação da leitura e escrita. 
27
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
 » Afasia transcortical motora: a causa deste tipo de afasia é a lesão na 
área cerebral anterior esquerda envolvendo a área motora suplementar. 
Os sinais são: fala espontânea reduzida com compreensão preservada; há 
bom prognóstico de recuperação da capacidade de repetir, de nomear e, 
do quadro geral da linguagem. 
 » Afasia transcortical sensorial: este tipo de afasia é decorrente de lesão no 
setor do giro temporal médio e no giro angular, ou na substância branca 
subjacente. Os principais sinais são: afasia do tipo fluente, parafasias, 
ecolalia, compreensão auditiva comprometida, assim como a leitura e 
escrita também. 
 » Afasia anômica: é causada por lesões no córtex temporal anterior 
esquerdo e tem como características: leitura e escrita preservadas, fala 
fluente, ausência de parafasias, boa repetição, boa compreensão auditiva 
e nomeação comprometida.
A classificação das afasias é um tema controverso em Neurolinguística, havendo uma 
infinidade de tipologias, conforme se pode visualizar em Caplan (1987) e Jakubovicz e 
Meinberg (1992). Em termos gerais, tais classificações partem das propostas teóricas 
desenvolvidas para explicar o funcionamento neurocognitivo, de modo que os autores 
divergem não só quanto aos critérios empregados para classificar as afasias como 
também quanto ao número das síndromes consideradas (ou determinadas).
Nesse quadro de reflexões, uma das classificações mais próximas da proposta 
interacional/discursiva é a de Luria. Na linha de Vygostsky, o autor vê a atividade 
neurocognitiva como determinada social e historicamente, por meio de um sistema 
de funções.
Para Luria (LURIA, 1986; VIEIRA, 1992), o cérebro é constituído por funções restritas 
(de base orgânica e passíveis de localização) que possibilitam o desenvolvimento 
das funções complexas (desenvolvidas socialmente e não passíveis de localização). 
Nesse sentido, quando há uma lesão cerebral, ocorre o comprometimento de uma 
função restrita que poderá afetar uma (ou mais) função complexa.
As funções restritas estão agrupadas em três categorias, quais sejam: 
1. de regulação do tônus cortical; 
2. de recebimento, processamento e armazenamento da informação;
3. de programação, regulação e controle do comportamento. 
28
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Das funções complexas, são exemplos: a produção da fala, a nomeação, a repetição e a 
compreensão auditiva.
A classificação das afasias por Luria provém da verificação dos sintomas afásicos nos 
dois planos funcionais (restrito e amplo) e da determinação da área lesada. Desse modo, 
aponta, em sua obra, seis tipos de afasia (eferente, sensorial, dinâmica, semântica, 
aferente e amnésica), descrevendo-as do seguinte modo: 
 » Afasia motora eferente ou cinética: decorre de afecções nos setores 
inferiores da zona pré-motora do hemisfério esquerdo. Essa afasia 
acarreta alterações dos movimentos voluntários que, ao contrário dos 
movimentos automáticos, se originam em um impulso da vontade para 
realizá-los. A estrutura prosódica, nesse caso, está prejudicada, o sujeito 
não consegue repetir palavras ou mesmo denominar objetos. Essa afasia 
motora é considerada por Luria como correspondente à afasia de Broca.
 » Afasia sensorial: decorre de afecções que atingem os setores áudio-verbais 
do córtex, ou seja, a região póstero-superior da área temporal esquerda 
(área de Wernicke). Enquanto a afasia motora consiste em uma alteração 
da expressão, a afasia sensorial se centraliza no aspecto da compreensão 
dos sinais verbais. Nesse tipo de afasia, ocorre uma espécie de surdez 
verbal e uma perturbação da palavra espontânea, tanto na leitura 
quanto na escrita. “É uma condição na qual os pacientes falam, mas 
são incapazes de entender a linguagem falada” (LURIA, 1992, p. 169). 
Para Ballone (2001, p. 5) “A afasia sensorial costuma ser encontrada nos 
pacientes involutivos, tanto em casos de demência de Alzheimer, quanto 
nas demências vasculares”.
 » Afasia dinâmica: esta afasia é o resultado de lesões nos setores anteriores 
das zonas verbais do hemisfério esquerdo. Existe, por parte do sujeito, 
uma perda de iniciativa. Nas palavras de Luria (1986, p. 222): 
[...] estes enfermos não apresentam nenhuma dificuldade de 
articulação, repetem com facilidade palavras ou frases isoladas, não 
têm dificuldade para nomear objetos e série de objetos, não produzem 
fenômeno de preservação ou de emergência incontroladas de enlaces 
secundários, característicos dos pacientes com afecções da zona 
pré-frontal. A observação inicial pode não detectar neles nenhuma 
desordem verbal. No entanto, uma análise atenta mostra estas 
alterações em forma bem evidente, pois aparecem nos enfermos deste 
grupo no momento em que é necessário passar da simples repetição de 
29
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
palavras, frases ou da designação de objetos à criação ativa, criativa, 
de esquemas da própria enunciação verbal.
 » Afasia semântica: decorre de afecções que atingem as zonas terciárias, 
parieto-têmporo-occiptais do hemisfério esquerdo e sua sistematologia, 
causando desorientação espacial, acalculia, apraxia de construção 
espacial, agnosia, e, do ponto de vista linguístico, alterações de percepção 
simultânea da oração composta. Nesse tipo de oração, o significado 
de cada termo depende das relações entre elas e o sentido se dá pela 
compreensão simultânea da estrutura lógico-gramatical. O paciente com 
lesão nessa região não consegue compreender essas relações, ainda que 
compreenda corretamente as palavras isoladas e as orações simples. 
Luria (1992, p. 169) afirma ter constatado que: “os pacientes de afasia 
semântica eram capazes de entender palavras isoladas, mas se perdiam 
quando deparados com termos que evocavam relações, como ‘o irmão do 
pai’ ou ‘o círculo sob o triângulo’”.
 » Afasia motora aferente ou cinestésica: decorre de afecções que atingem 
os setores pós-central da zona verbal. O que se nota nessa afasia é uma 
apraxia específica do aparelho verbal. O portador dessa afasia apresenta 
uma imprecisão dos movimentos, devido a uma perda da sensação para 
com estes movimentos. Contudo, encontrada a posição articulatória 
correta, o paciente consegue articular.
 » Afasia acústico-amnésica: os mecanismos fisiológicos que se encontram 
na base dessa alteração ainda não são bem conhecidos, mas parecemestar 
relacionados com lesões na área temporal esquerda. “A alteração básica 
desse tipo de afasia é a instabilidade de retenção das séries articulatórias” 
(LURIA, 1992, p. 103). Os enfermos podem reter ou a parte inicial da 
série verbal ou a sua parte final; como resultante disso, a comunicação 
percebida perde sua totalidade e sua compreensão se torna mais complexa 
com a aparição de novas dificuldades, dessa vez de ordem mnêmica 
(cf: GANDOLFO, 1994, p. 15).
Luria abordou o caráter das diversas desordens da expressão e da compreensão da 
linguagem, que podem ser encontradas nas afasias. Esses distúrbios são muito diversos 
e não se encontram todos em um mesmo paciente. 
Na verdade, cada afasia tem uma série de sintomas que serão, no seu conjunto, 
característicos das alterações da linguagem do sujeito afásico. Além disso, cada caso 
real encontra dúvidas no encaixe tipológico.
30
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Freud neurologista: o estudo da afasia
O ensaio de Freud sobre a afasia, de 1891, é um texto pouco conhecido e divulgado – mesmo 
à época de sua publicação – que marca uma ruptura teórica radical com o pensamento 
localizacionista hegemônico da neurologia no final do século XIX. Freud elabora um 
minucioso estudo crítico das teorias neurológicas vigentes, sobretudo as elaboradas por 
Meynert, Lichtheim, Grashey e Wernicke.
Para revisar o conceito de afasia e propor uma nova concepção para o aparelho de 
linguagem, Freud parte dos pressupostos de Wernicke, que se apoia, por sua vez, em 
Meynert. Segundo Wernicke, existem no córtex cerebral áreas bem definidas cujas 
células nervosas contêm as imagens ou impressões essenciais para o processo de 
linguagem. As imagens são os resíduos de impressões que chegam ao cérebro por 
meio dos nervos visuais ou auditivos, que se originam das sensações de inervação 
ou das percepções de movimentos efetuados no ato de falar e que se agrupam no 
córtex na forma de centros. Os centros estão conectados entre si por feixes de 
fibras brancas (fibras de associação) havendo, entre eles, um território cortical sem 
função, os hiatos funcionais. Assim, uma representação está contida em uma célula 
cortical localizada em um determinado centro. Fora deles não há nenhum tipo de 
atividade representacional.
Freud recusa todo esse raciocínio e formula um novo conceito para o aparelho de 
linguagem: uma região cortical contínua que compreende o espaço entre as terminações 
dos nervos óptico e acústico, das regiões dos nervos cranianos e alguns nervos periféricos 
no hemisfério esquerdo.
Apoiado nos estudos de Hughlings Jackson (1881-87), Freud afirma que as excitações 
não cessam quando os processos mentais começam, ao contrário, tendem a continuar. 
O processo psíquico, portanto, é paralelo ao fisiológico, é dependente e concomitante. 
O correlato físico de uma ideia para Freud é algo dinâmico, começa em um ponto 
específico do córtex e se difunde por ele ao longo de certas vias, deixando atrás de si uma 
modificação que pode ser recordada. São as imagens mnêmicas ou os traços mnêmicos. 
Isso significa que cada vez que o mesmo estado cortical for suscitado o evento psíquico 
a que se relaciona aparecerá na forma de recordação.
Assim, para Freud não se pode diferenciar o papel da percepção do papel da 
associação: “[...] são dois termos com os quais descrevemos diferentes aspectos de um 
mesmo processo” (FREUD, 1891/1973, p. 71). Trata-se de abstrações de um processo 
unitário e indissolúvel que parte de um único ponto e se difunde por todo o córtex: 
toda percepção implica em associação. É com a recusa de localizações separadas 
31
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
para a percepção e associação que Freud refuta a diferenciação entre centros e vias 
da linguagem.
Assim, não se sustenta mais diferenciar a afasia central da de condução: “[...] todas 
as afasias se originam da interrupção das associações, isto é, da condução” (FREUD, 
1891/1973, p. 81). Mesmo a afasia decorrente de lesão em um centro é uma afasia por 
lesão de fibras associativas que se encontram em um ponto nodal desse centro.
Freud rejeita a ideia de que diferentes funções da linguagem estão localizadas em 
diferentes centros. Para ele as aquisições posteriores ao desenvolvimento da língua 
materna (a fala) – a leitura, a escrita, outros idiomas, outros alfabetos, a taquigrafia 
– estão localizadas nos mesmos centros em que se localiza a língua materna sendo 
organizadas hierarquicamente sob a forma de superassociações. No caso de um aparelho 
de linguagem modificado pela afasia, Freud afirma que: “[...] jamais acontece que uma 
lesão orgânica provoque uma deterioração que afete a língua materna e não a língua 
adquirida posteriormente” (FREUD, 1891/1973, p. 75). 
A superassociação é danificada antes da aquisição primária, qualquer que seja a 
localização da lesão. Mais uma vez é à doutrina de Jackson que Freud recorre “[...] todos 
esses modos de reação representam instâncias de regressão funcional (desenvolução) 
de um aparelho sumamente organizado, e correspondem, portanto, a estados anteriores 
de seu desenvolvimento funcional. Isso significa que em todas as circunstâncias, um 
ordenamento de associações, que por ter sido adquirido posteriormente, pertence a 
um nível superior de funcionamento, se perderá, mesmo que os ordenamentos mais 
remotos e simples se mantenham” (FREUD, 1891/1973, p. 100). 
Assim, o aparelho de linguagem é um aparelho equipado para associações (FREUD, 
1891/1973, p. 102), que vão além do território da linguagem. Mas o que significa isso? 
Freud mostra que a palavra é uma unidade funcional da linguagem, constituída por 
elementos auditivos, visuais e cinestésicos. Essa estrutura só se dá a conhecer por 
meio do estudo da patologia da linguagem que permite observar sua desintegração. 
A perda de qualquer um desses elementos é um importante indicador da localização 
da lesão.
A palavra adquire significado por meio de sua associação com a ideia do objeto, ou pelo 
menos é isso o que ocorre, diz Freud, quando se consideram os substantivos. A ideia ou 
o conceito de objeto é também um outro complexo de associações integrado pelas mais 
diversas impressões visuais, auditivas, táteis, cinestésicas. A ideia de objeto é aberta, 
dificilmente propensa a fechar-se, enquanto o conceito de palavra é algo fechado, mas 
passível de extensão (Figura 7).
32
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Figura 7. Esquema da representação-de-palavra associado ao de representação-de-objeto. 
Fonte: Freud, 1891/1973.
Freud afirma que a representação-de-palavra está conectada com sua parte sensorial 
– mediante suas impressões sonoras – com a representação-de-objeto, sendo então 
possível distinguir os transtornos da linguagem em duas classes. A primeira delas 
compreende a afasia verbal, em que estão perturbadas as associações entre os 
distintos elementos da representação-de-palavra. A segunda classe engloba a afasia 
assimbólica, em que está alterada a associação entre a representação-de-palavra e a 
representação-de-objeto.
A patologia que apresenta problemas na relação entre a representação-de-objeto e sua 
ideia (objeto real no mundo físico percebido pelos processos perceptivos) – denominada 
de agnosia por Freud – decorre de extensas lesões corticais bilaterais e pode acarretar 
problemas de linguagem à medida que todos os estímulos para a linguagem surgem das 
associações com a representação-de-objeto, já que percepção e associação são faces de 
um único processo. Freud entende que esses casos configuram uma terceira classe de 
afasia, a afasia agnósica.
A afasia agnósica, portanto, é causada por um efeito funcional remoto com ausência 
de lesão orgânica no aparelho de linguagem e as afasias verbal e assimbólica são 
manifestações de lesões no aparelho de linguagem.
Freud afirma que se uma lesão particular não afeta todos os elementos de uma dada 
função da linguagem as atividades da porção intacta do tecido nervoso “compensarão a 
parte lesadae encobrirão o defeito” (FREUD, 1891/1973, p. 102). Esse modo dinâmico 
de conceber o funcionamento psíquico e neurofisiológico do cérebro, do nosso ponto de 
vista, tem um efeito importante no trabalho clínico com a linguagem.
Ainda hoje, a correlação entre o ponto de vista funcional (dinâmico) e a localização da 
lesão não recebe a devida atenção (STENGEL, 1973, p. 9). Na conclusão de seu ensaio, 
Freud (1891, p. 117) chama a atenção para a supervalorização do aspecto topográfico: 
33
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
Vejo com clareza que as considerações expostas nesse ensaio não 
podem senão deixar um sentimento de insatisfação na mente do leitor. 
Na tentativa de demolir uma teoria conveniente e atrativa das afasias, 
e uma vez conseguido, só pude colocar em seu lugar algo menos óbvio 
e menos completo. [...] A diluição de um tema científico começa por 
uma clara exposição dos problemas. Queria formular a essência de 
meus pontos de vista com poucas palavras. Os autores que têm escrito 
sobre a afasia e conheciam somente uma área cortical com uma relação 
especial com o transtorno da linguagem se viram obrigados pelo 
caráter incompleto de seu conhecimento a buscar uma explicação da 
diversidade dos transtornos de linguagem nas peculiaridades funcionais 
do aparelho de linguagem. Depois que Wernicke descobriu a relação 
entre a área que leva seu nome e a afasia sensorial, teria que surgir a 
esperança de poder compreender plenamente esta variedade a partir 
das circunstâncias da localização. Mas nos parece que o significado que 
o fato da localização tem para a afasia tem sido superestimado e que 
faríamos bem em preocupar-nos com os estados funcionais do aparelho 
de linguagem.
34
CAPÍTULO 3
As contribuições da linguística para a 
discussão sobre a semiologia das afasias
A Linguística inicia a discussão sobre a semiologia das afasias apenas na metade do 
século XX, com Jakobson (1954), e vem se solidificando como uma área que muito 
pode contribuir para o avanço das teorias que se debruçam não só sobre o estudo das 
afasias, mas de qualquer fenômeno que relacione a linguagem aos demais processos 
cognitivos. A complexidade desses processos e de suas inter-relações só pode ser melhor 
compreendida numa perspectiva multidisciplinar e a Neurolinguística, disciplina 
híbrida, busca explicações que sejam compatíveis entre um modelo de cérebro dinâmico, 
flexível, como propõe a abordagem luriana, e uma concepção de linguagem também 
dinâmica, como atividade constitutiva dos sujeitos e da própria língua, como a que é 
defendida pela ND.
Inaugurando a entrada da Linguística nas afasias, Jakobson (1954) ressalta a 
importância dessa disciplina para uma adequada descrição e melhor compreensão dos 
fenômenos. Ele, de fato, convoca os linguistas a participarem de tal empreitada, em 
seu texto “Dois aspectos da linguagem e dois tipos de afasia”. Foi o primeiro a realizar 
uma análise dos distúrbios afásicos utilizando critérios puramente linguísticos. 
Os neurologistas e neuropsicólogos acreditavam que a afasia era um “problema de 
língua”. Jakobson rompeu com essa concepção, que havia marcado os estudos até então, 
e assumiu o ponto de vista de que só se pode entender a linguagem “em funcionamento” 
e compreendendo as suas distintas funções.
A classificação das afasias, segundo Jakobson, pode ser estabelecida em relação aos 
dois “eixos” de organização da linguagem: o paradigmático e o sintagmático.
O primeiro estaria relacionado às dificuldades do afásico em selecionar unidades 
dentre uma lista de elementos – também concebido como eixo metafórico – e o 
segundo relacionado às dificuldades com as combinações dos elementos previamente 
selecionados – ou eixo metonímico.
Jakobson (1954) propõe, de acordo com as dificuldades mais acentuadas dos afásicos 
com a seleção ou com a combinação, dois tipos de afasias cujas formas puras poderiam 
ser descritas como polares: a jargonafasia e o agramatismo. Em outras palavras, as 
afasias causariam uma ruptura em um dos dois eixos e a bipolaridade – característica 
da linguagem normal – em que seleção e combinação estão intimamente vinculadas, 
passaria a ser unipolar nos afásicos (FEDOSSE, 2008). O autor salienta que, embora 
35
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
suas colocações sejam relativas aos casos puros, prevê a possibilidade de diferentes 
graus em que esses processos estariam comprometidos, o que permitiria explicar as 
várias formas possíveis de afasia. 
A contribuição de Jakobson marca um lugar diferenciado para as afasias no campo dos 
estudos da linguagem. Em 1954, no artigo “Dois aspectos da linguagem e dois tipos de 
afasia”, ele faz avançar seu pensamento, ampliando “as noções de paradigma e sintagma 
no sentido de apreender a sistematicidade que subjaz tanto o sistema em dissolução no 
discurso do afásico como seu “estado nascente” na fala infantil.
Jakobson representa um marco no que diz respeito à ressignificação das manifestações 
afásicas, pensando na linguagem enquanto instância simbólica e não apenas cerebral; 
o cérebro passa a ser visto como condição de possibilidade para o funcionamento 
simbólico. Conferindo à linguagem uma ordem própria.
Manifestações das alterações de linguagem 
Os distúrbios de linguagem vão acontecer em menor ou maior grau nas afasias, 
dependendo das lesões ocorridas, é claro. 
Em relação à linguagem, Joanette, Lafond e Lecours (1995) dividem os problemas 
apresentados em quatro áreas. 
Colocam que na maior parte dos casos a linguagem expressiva está comprometida, 
o afásico muitas vezes tem dificuldades de encontrar palavras, tem dificuldade na 
combinação dos movimentos articulatórios para produzir os sons da língua, dificuldades 
em combinar palavras, palavras em frases e assim por diante. 
Em alguns casos, os problemas de expressão são tão grandes que a fala parece apenas 
um jargão incompreensível. Já a compreensão da linguagem oral corresponde à 
capacidade de um indivíduo de compreender a mensagem linguística dos sons da 
linguagem que chegam até ele, esta capacidade está perturbada em alguns tipos de 
afasia. Não compreende, embora não tenha dificuldade de ouvir, tem dificuldade de 
fazer a representação acústica das palavras, aquilo a que elas se referem. 
A expressão escrita é menos sentida que a oral, mas, em geral, o desempenho em 
relação à capacidade que possuía antes da doença, é pior. Em alguns casos o problema 
de expressão escrita pode se manifestar de maneira isolada. Pode-se encontrar também 
problemas de compreensão escrita. 
Muitas vezes as perdas da comunicação da linguagem faz com que suscite no afásico 
sentimentos de isolamento, solidão, tristeza, frustração, desespero e angústia. Segundo 
36
UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Mansur (1996), as alterações de linguagem podem ser classificadas levando-se em conta 
a fluência, a compreensão e a emissão. 
A afasia admite vários níveis de desorganização da linguagem, como fonológico, lexical, 
morfosintático e discursivo, nas diferentes modalidades de entrada: visual, auditiva, de 
expressão oral e gráfica. 
Jakubovicz (1992) completa discorrendo sobre diferentes características observadas na 
linguagem do afásico: 
 » mutismo;
 » afemia (incapacidade de produzir sons); 
 » bradilalia (lentidão no ritmo da fala e atenuação da prosódia); 
 » logorreia (ritmo de fala mais acentuado);
 » ecolalia (repetição sistemática de um recorte de fala); 
 » agramatismos (redução do vocabulário, desorganização da estrutura sintática); 
 » perseveração de tema ou palavra;
 » anomia (inabilidade para nomear objetos); 
 » estereotipias (segmentos linguísticos constituídos de apenas alguns 
fonemas, ou algumas palavras de uma locução, automaticamente repetidas 
todas as vezes que tenta se comunicar oralmente); 
 » jargão (produção verbal sem identificação precisa); 
 » parafasias (emissão de uma palavra por outra quando não existem 
problema muscular orofacial); 
 » apraxias (inabilidadepara executar movimentos orofaciais voluntariamente, 
quando os músculos da laringe, faringe, língua e lábios estão funcionando 
adequadamente); 
 » disartrias (lentidão, fraqueza e descoordenação da musculatura da fala); 
 » anartria (dificuldade de executar os movimentos da escrita, desorganização 
sintático-semântica da linguagem expressiva escrita); 
 » alexia (distúrbio máximo de leitura devido a lesão cerebral).
A Neurolinguística Discursiva inclui nas análises das afasias justamente o sujeito e 
valoriza os dados singulares (ABAURRE, 1996), que permitem visualizar o processo e 
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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL │ UNIDADE II
como o sujeito se move na língua, como trabalha sobre os seus recursos para produzir a 
linguagem, uma atividade heterogênea e multifacetada. Ou seja, o modo como o sujeito 
lida com seus déficits é singular. Por isso, podemos encontrar sujeitos com uma mesma 
lesão e com características linguísticas diferentes. Partindo de um pressuposto luriano 
de que as práticas sociais organizam o funcionamento cognitivo, podemos entender as 
variáveis encontradas entre os casos, o que ajuda também a compreender as dificuldades 
para agrupar os sujeitos e seus sintomas em categorias estanques. A partir do momento 
em que se olha mais para o sujeito afásico e menos para sua afasia, questionamos o 
excessivo peso que as classificações têm no contexto terapêutico.
Capturada pelo discurso da afasiologia, a Fonoaudiologia também construiu um modo 
de realizar a clínica com os afásicos da relação causal cérebro/linguagem.
Na clínica o terapeuta assume o papel um lugar de saber, suposto a ele pelo paciente, o 
que de certo modo é constitutivo de qualquer ato clínico. Porém, nesse caso, o terapeuta 
acredita nessa posição baseado também na firme crença do saber constituído em sua 
formação profissional e na experiência profissional acumulada. O ajustamento da fala 
do paciente será feito em relação ao padrão de normalidade, seja em relação a um 
padrão descritivo gramatical, seja pela ilusão de que a escuta do terapeuta é suficiente 
para dirigir os atos clínicos.
Na clínica fonoaudiológica, ao se conceber a linguagem como um trabalho constitutivo 
dos sujeitos, busca-se (re)inserir o sujeito, agora afásico, em rotinas significativas para 
ele, aproximando-o das suas atividades cotidianas anteriores à lesão cerebral. Nessa 
perspectiva, o terapeuta deve ser um interlocutor privilegiado, que conhece os processos 
linguísticos do afásico e é capaz de propor estratégias terapêuticas que visam à (re)
inserção do sujeito na linguagem. Essa (re)inserção é realizada por meio de propostas de 
práticas de oralidade, leitura e escrita que têm relação com as práticas sociais do sujeito.
Para a Neurolinguística Enunciativo-Discursiva, a fala é multimodal, de maneira que os 
aportes não verbais que viabilizam a interação linguística também são considerados no 
processo terapêutico. Tais aportes ampliam as possibilidades de significação do sujeito 
afásico e viabilizam a re(inserção) do sujeito na posição gerenciadora e ideológica da 
fala. Assim, a oralidade e a escrita são vistas como práticas sociais interdependentes, os 
gestos (gesticulação facial e corporal, pantomima e emblemáticos) como componentes 
de uma mesma matriz com a fala e o desenho assume função simbólica representativa 
do conteúdo verbal, social ou de cunho ideológico. 
Nessa ótica, o trabalho com a linguagem a partir da abordagem histórico-social, considera o 
meio social enquanto um fator que, apesar de exterior ao cérebro, participa do funcionamento 
cognitivo, interferindo no funcionamento cerebral. Isto porque a linguagem
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UNIDADE II │ ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
[...] integra o seu funcionamento, na dimensão contextual e social em 
que os homens, por ela, atuam sobre os outros, na dimensão subjetiva 
em que, por ela, os homens se constituem como sujeito, na dimensão 
cognitiva em que, por ela, os homens atuam sobre o mundo estruturando 
a realidade.
Nessa perspectiva, autores apontam a importância de se considerar as práticas de 
letramento que o sujeito é inserido desde antes de tornar-se afásico. O letramento é definido 
como um conjunto de práticas cotidianas que usam a escrita enquanto sistema simbólico 
e tecnológico, em contextos específicos (eventos de letramento), correspondentes a 
gêneros linguísticos marcados por objetivos socialmente determinados. Pressupõe-se que 
o envolvimento em diferentes práticas de letramento possa favorecer as associações 
cognitivas que viabilizam uma tomada de consciência do sujeito acerca dos processos 
linguísticos envolvidos em diversas situações sociais. Deve-se observar, contudo, que 
o processo de letramento não se dá somente pelo uso da palavra escrita, mas também 
por meio de práticas de linguagem multissemióticas, envolvendo gráficos, ilustrações, 
imagens, cores, sons, entre outros.
Nesse ponto, convém esclarecer que o termo letramento surge para explicar o impacto 
da escrita em todas as esferas das atividades humanas, na sociedade grafocêntrica 
atual. Ou seja, o letramento não está vinculado apenas a atividades escolares, pois é 
um conceito que se refere aos usos da linguagem escrita em todos os espaços sociais. 
Dessa maneira, com relação à escrita, a perspectiva do letramento ultrapassa a questão 
do ato de ler e escrever símbolos gráficos, codificar e decodificar, refere-se ao uso que 
cada sujeito faz da leitura e da escrita, socialmente. Trabalhar a linguagem escrita 
do afásico a partir da perspectiva do letramento permite ao terapeuta deixar de ver a 
escrita como uma atividade que se constitui individualmente para analisá-la enquanto 
uma atividade social, que, ao mesmo tempo, evidencia a singularidade do sujeito. 
Por isso, o trabalho terapêutico com a escrita precisa envolver gêneros discursivos 
diversos que dependem de diferentes contextos de produção, tais como: cartas, artigos 
jornalísticos, palavras cruzadas, agendas, listas de compras, mensagens de redes sociais, 
e-mails, dentre outros. Nas palavras de Jakobson, é preciso que a linguagem seja trabalhada 
“em funcionando”, pois é por meio do discurso, da posição do sujeito enquanto enunciador 
de um dado texto, que a linguagem pode se reorganizar em todos os seus níveis. Assim, a 
prática terapêutica, a partir da produção de diferentes gêneros discursivos é fundamental 
para a (re)inserção do sujeito nas atividades de leitura e escrita. 
39
UNIDADE IIIDISARTRIA
Etimológicamente o termo disartria se deriva do grego dys = defeito e arthon = articulação. 
Assim, podemos definir disartria como uma alteração da articulação própria de lesões 
no Sistema Nervoso Central (SNC), assim como as enfermidades dos nervos e dos 
músculos da língua, faringe e laringe, responsáveis pela fala. Por tanto, a disartria é 
uma dificuldade da expressão da expressão oral da linguagem devido a transtornos do 
tônus e do movimentos dos músculos fonatórios, secundários a lesões do SNC. 
Na disartria não existe transtorno no âmbito linguístico, somente afeta o componente 
motor que repercute na articulação do sujeito. A disartria é uma alteração da fala de 
etiologia neurogênica, ou seja, não compreende patologias da fala associadas aos defeitos 
estruturais somáticos ou psicológicos. A disartria pode afetar tanto os movimentos 
voluntários, coordenados pelo sistema nervoso piramidal, como os involuntários, 
coordenado pelo sistema extrapiramidal.
O mecanismo da fala engloba, basicamente, articulação, fonação, respiração, ressonância 
e prosódia. Estes processos são encontrados no trato vocal, sendo a prosódia o resultado 
harmônico de todos os mecanismos envolvidos, que necessitam de uma ação muscular 
para o seu perfeito funcionamento.
O tipo de disartria resulta do transtorno neuromuscular e depende do local em que ocorreu 
a lesão. Devido a esse fato, o mecanismo da fala pode ser alterado em menor ou maior 
grau, atingindo diferentes músculos orofaciais, gerando tipos específicos de disartria.
Portanto,os sistemas neuromusculares danificados originam um tipo de disartria 
que pode afetar o neurônio motor inferior (disartria do tipo flácida), neurônio motor 
superior (disartria espástica), cerebelo (disartria atáxica), sistema piramidal ou sistema 
extrapiramidal. 
A disartria pode ser definida como uma alteração na expressão oral causada por um 
acometimento no controle muscular dos mecanismos da fala, em decorrência de uma 
lesão no Sistema Nervoso Central (SNC) ou Periférico (SNP). Nas disartrias, há a 
diminuição ou perda da faculdade de unir os sons, o que acarreta na emissão imprecisa 
de sílabas. 
40
UNIDADE III │ DISARTRIA
A disartria é uma alteração da fala de etiologia neurogênica, ou seja, não compreende 
patologias da fala associadas aos defeitos estruturais somáticos ou psicológicos. 
A disartria pode afetar tanto os movimentos voluntários, coordenados pelo sistema 
nervoso piramidal, como os involuntários, coordenados pelo sistema extrapiramidal.
O mecanismo da fala engloba, basicamente, articulação, fonação, respiração, ressonância 
e prosódia. Esses processos são encontrados no trato vocal, sendo a prosódia o resultado 
harmônico de todos os mecanismos envolvidos, que necessitam de uma ação muscular 
para o seu perfeito funcionamento.
O tipo de disartria resulta do transtorno neuromuscular e depende do local em que 
ocorreu a lesão. Devido a esse fato, o mecanismo da fala pode ser alterado em menor 
ou maior grau, atingindo diferentes músculos orofaciais, gerando tipos específicos de 
disartria. Portanto, os sistemas neuromusculares danificados originam um tipo de 
disartria que pode afetar o neurônio motor inferior (disartria do tipo flácida), neurônio 
motor superior (disartria espástica), cerebelo (disartria atáxica), sistema piramidal ou 
sistema extrapiramidal.
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CAPÍTULO 1
Classificação das disartrias
A disartria é um distúrbio de fala, resultante de alterações no controle muscular dos 
mecanismos envolvidos em sua produção, originado por uma lesão do Sistema Nervoso 
Central ou Periférico que acarreta em alterações na emissão oral, devido a uma paralisia, 
fraqueza ou falta de coordenação dos músculos da fala. 
Uma disartria pode ser secundária a uma tumoração do cérebro, cerebelo ou tronco 
encefálico, a doenças infecciosas, metabólicas, tóxicas ou degenerativas do sistema 
nervoso ou do sistema muscular. Geralmente, é uma sequela comum de lesões cerebrais 
não progressivas, consequentes de uma lesão vascular cerebral ou de um traumatismo 
cranioencefálico, bem como de doenças progressivas neuromusculares ou que atingem o 
Sistema Extrapiramidal. Existem vários tipos de disartria, de acordo com o local da lesão: 
disartria flácida, disartria espástica, disartria do neurônio motor superior unilateral, 
disartria hipocinética, disartria hipercinética, disartria atáxica e disartria mista. 
Cada um desses tipos apresenta características peculiares que envolvem o desempenho 
anormal das estruturas pulmonares, laríngeas, faríngeas e da cavidade oral, que 
agrupadas, correspondem às bases fonoarticulatórias responsáveis pela produção de 
uma fala inteligível. Alterações nessas bases são suficientes para causar uma alteração 
na inteligibilidade de fala ininteligível do sujeito. 
Sabe-se que o processo fonoarticulatório em pacientes com disartria tende a ser 
prejudicado e, apesar da variação dos quadros, é comum encontrar em quase todos 
os pacientes disártricos: diminuição da velocidade da fala, imprecisão articulatória, 
fala lenta e irregular, monoaltura e monointensidade. Em nosso meio, o número de 
publicações sobre o assunto ainda é reduzido e não foram encontrados artigos que 
apresentassem o perfil populacional de pacientes disártricos, especialmente em relação 
às cinco bases motoras da fala. Inúmeras são as doenças neurológicas que podem causar 
a disartria. No entanto, considerando-se a gama de possibilidades, algumas doenças 
são mais comuns do que outras, podendo, dessa forma, causar disartrias que sejam 
mais prevalentes em uma determinada população.
Disartria flácida
Os neurônios fazem uma conexão entre o SNC e as fibras do músculo esquelético 
ativando-o. Dos corpos celulares localizados no corno anterior da medula espinhal e 
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UNIDADE III │ DISARTRIA
nos núcleos motores dos nervos cranianos do tronco cerebral, os axônios dos neurônios 
motores inferiores passam pelos vários nervos espinhais e cranianos motores para o 
SNP e, daí, aos músculos voluntários. 
O segundo neurônio motor ou periférico representa a via final da motricidade e é, 
portanto, um agente executor efetor. A lesão em alguma extensão da unidade motora 
implica na alteração da motricidade voluntária, causando diminuição do alongamento 
muscular e flacidez dos músculos. Quando o neurônio motor inferior não transmite os 
impulsos nervosos necessários para a manutenção da adequação do tônus, a principal 
característica gerada desta alteração é a hipotonia.
As características clínicas da disartria flácida são: hipernasalidade associada a escape 
aéreo nasal, voz suspirada, inspiração audível, pobre abertura labial, excesso de saliva, 
dificuldade quanto aos movimentos alternantes da língua, redução do tempo de fonação, 
pobreza de inteligibilidade, respiração curta, dificuldade na emissão de tons altos, voz 
baixa e dificuldade na emissão de fonemas fricativos e plosivos.
Disartria espástica
Os neurônios motores superiores transmitem impulsos nervosos das áreas motoras 
do córtex cerebral do giro pré-central ou pré-motor do córtex aos neurônios motores 
inferiores e encontram-se localizados no cérebro, tronco encefálico e medula espinhal.
Lesões nesse neurônio ocasionam debilidade e espasticidade contralateral do córtex 
lesionado (giro pré-central do córtex), sendo evidente a alteração motora nos músculos 
distais das extremidades da língua e dos lábios, podendo ser uni ou bilateral. 
A lesão unilateral está localizada em cada córtex motor ou cápsula interna, sendo 
manifestada alteração nos lábios e parte inferior do rosto. Entretanto, a disartria 
espástica persistente ou bilateral é causada por uma interrupção bilateral dos neurônios 
motores superiores que inervam os músculos dos nervos cranianos bulbares. 
Os principais sintomas de uma disfunção muscular são: espasticidade, fraqueza 
muscular, limitação e lentidão de movimentos. 
O distúrbio da fala afeta alguns fonemas, embora as sentenças produzidas sejam 
gramaticalmente corretas e a compreensão também seja normal. Os fonemas bilabiais, 
linguodentais e fricativos apresentam-se mais distorcidos do que os outros. É importante 
mencionar a existência de descontrole da respiração devido à incapacidade de vedação 
velofaríngea, dificuldade de protrusão de língua, de levantar o véu palatal e controlar 
os movimentos dos lábios, ausência de diferenciação entre sons surdos e sonoros, voz 
43
DISARTRIA │ UNIDADE III
rouca e baixa, frases curtas, ausência de controle fonorrespiratório, distorção de vogais 
e hipernasalidade. 
Disartria atáxica
O estudo das lesões cerebelares e de seus efeitos permite findar que o cerebelo regula a 
força, a velocidade, a duração e a direção dos movimentos originados em outros sistemas 
motores. Lesões no cerebelo ou em suas conexões levam a ataxia, em que os movimentos 
se tornam descoordenados. Se esta ataxia afetar os músculos do mecanismo da fala, a 
sua produção se torna alterada. O cerebelo está anatomicamente localizado na porção 
posterior do tronco cerebral, onde ocupa a maior parte da fossa craniana posterior. 
Esse órgão é separado dos lobos occipital e temporal do cérebro pelo tentório cerebelar.
Os músculos afetados se tornam hipotônicos, e os movimentos lentos com alteração na 
força, extensão, duração e direção. Há o predomínio de monotonia, interrupções e, às 
vezes, nasalidade e presença de lentidão na leitura e prosódia.
A fala de pacientes com este tipo de disartria é denominada de escandida ou “scanning 
speech”, caracterizada por pausas depois de cada

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