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GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 1988.1 Danielle Balieiro dos Santos2 A sociedade molda as diferenças sociais e identitárias que persistem no panorama estrutural, cultural ou interacional característico. Essas reflexões sobre as disparidades intragrupais e identitárias foram esquematizadas com base no conceito de estigma, o qual o autor Erving Goffman se propôs, a fim de oferecer uma releitura nova sobre a naturalização que tendem a posicionar os indivíduos na organização da sociedade. Tal dinâmica social encobre diversos mecanismos de subjetivação não definidoras, (devido a maleabilidade que se condiciona ao momento histórico, temporal, cultural) mas que permitem nortear os tipos de indivíduos em seus relacionamentos contextualizados. Assim, o sentido atribuído ao conceito de estigma, uma vez, confiado às interpretações significadas pelos gregos quanto aspectos visíveis de diferenciação, foram se ampliando para o contexto da America atual, de forma a manter o seu sentido substancial, mas, sobretudo, endossando em uma aplicabilidade que permite a significação mais ampliada, adequada e proposital para as diversas análises das ciências sociais, o que justifica o modo esquemático de leitura, dada disponibilidade de um material teórico mais condensado capaz de oferecer uma analise do panorama caracteristicamente complexo da forma organizativa da sociedade e seus atores envolvidos. Em tempos de causas políticas em que a questão das identidades se apresenta dada as circunstancias de visibilidade, os atributos que sustentam alguma diferenciação, sejam estes racial, de gênero, de classe e etc., partir das descrições de estigma permitem entender a estratégia metodológica do autor, ao sequenciar as discussões sobre tais estabelecimentos sociais que instauram uma serie de normalizações de relacionamentos e valores ideológicos. Dessa forma, as 1 Resenha apresentada como método avaliativo à Disciplina Cultura, Política e Identidade, sob a orientação da professora Dra. Gláucia Maria Tinoco Barbosa. 2 Acadêmica do curso de Especialização em Estudos Culturais e Políticas Públicas da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. 2 diferenças sociais e identitárias se apresentam como signos, temporariamente extraídos para basear as suas análises precisas ao contexto amplo da sociedade. Como compreensão da leitura da obra ‘Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada’ pode-se inferir às analises de Goffman, contributivas para a sociologia, as ampliações das discussões que sobressaem das interpretações rígidas a um objetivismo interpretativo, endossado pelas inferências universalistas, pois ao se tratar de estrutura social, o autor permite uma interpretação que ultrapassa as narrativas mais generalizantes, como as de classe, por exemplo. Ao recolocar o sujeito enquanto ator significante dessas organizações e discrepâncias sociais, os enredos estruturais se apresentam sob as diferentes perspectivas, extensiva e sempre atual, mas não no sentido conclusivo, devido às próprias reivindicações constantes que tomam enfática alguma necessidade de reconhecimento que se articule com a questão da identidade. A obra condensada de forma detalhada, articulando com algumas passagens exemplificadas dos discursos de alguns atores reais em seus processos de manipulação das informações identitárias, oferece modelos de desvio e normalidade construídos na sociedade que tange aos processos de estigmatização social, onde as hierarquias sociais e auto reconhecimento grupal são estrategicamente sustentadas ou invalidadas, a partir dessa relação pública em que se estabelecem a trama social e psicológica do eu em relação ao todo. Dessa maneira, esses padrões de discrepâncias que se permitem serem manipulados com fins ao pertencimento social e serem exposto a processos estigmatizadores, não oferecem uma conclusão fixa, o que intensifica em riscos para as diversas teorias que tendem a se antecipar suas reflexões e/ou ainda, endossar, a partir de uma investigação simpatizante, uma questão situada entre uma determinada posição social, reveladora de suas discrepâncias identitárias. Essas problematizações que incidem na construção das identidades sociais refletidas pelo autor, se tornam mais interessantes na contemporaneidade, dada às discussões sobre as crises de pertencimento em meio ao debate diagnosticável da modernidade, pois as contingências de manipulação das informações reforçam a fragilidade do eu a procura de uma estabilidade de pertencimento, uma vez que tais categorizações evidenciam as patologias sociais que atingem a certeza de uma identidade autêntica, restabelecendo o equacionamento discriminatório que se 3 refletem nas representações sociais em suas transitoriedades históricas estigmatizadas. REFERÊNCIA GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 1988.
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