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Infraestrura da Escola Municipal Isolino Candido Dias - Revisado

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OS ALICERCES DA ESCOLA RURAL NA APRENDIZAGEM: REFLEXÕES 
SOBRE A INFRESTRUTURA DA ESCOLA ISOLINO CANDIDO DIAS 
 
 
Angélica Rodrigues Moreira da Silva 
 
 
RESUMO: 
A infraestrutura é fator importante para o real desenvolvimento estudantil. As escolas das zonas 
rurais possuem especificidades que precisam ser observadas contribuindo assim para um 
melhor desempenho educacional juntamente com um bom planejamento pedagógico, para 
assim ofertar uma boa infraestrutura de desenvolvimento no ensino aprendizagem. No Brasil é 
normalizado encontrar escolas com a infraestrutura precária tanto na zona urbana e 
principalmente na zona rural, que tem como agravante o difícil acesso e um plano 
desenvolvimento que não respeita as peculiaridades do local. O presente artigo tem como 
objetivo investigar os efeitos da infraestrutura escolar no desenvolvimento pedagógico dos 
estudantes da referida escola da Instituição de Ensino Isolino Candido Dias. Além disso, 
levantar bibliografia a respeito de legislação que regulamentam a educação do campo; 
identificar aspectos estruturais deficientes na referida escola; refletir sobre a importância da 
estruturação de projeto que privilegie as peculiaridades da região em que a instituição se insere, 
agregando valores relevantes aquela comunidade. Através da metodologia qualitativa utilizou-
se da investigação a pesquisa de campo, com aplicação de um questionário e diálogos com o 
professor/coordenador da escola, com o intuito de elevar a visão da importância da 
infraestrutura escolar para o desempenho estudantil, como um contribuidor na melhoria do nível 
de aprendizagem, tendo que é fundamental proporcionar oportunidade e acessibilidade aos 
alunos que passam diariamente e boa parte de sua vida na instituição de ensino. 
 
Palavras-chave: Infraestrutura; Desenvolvimento educacional; Escola rural. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A primeira Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo em 1988 é 
ponto de referência na construção de um olhar inovador para o povo que trabalha e vive no 
campo, passando a idealizar um novo conceito sobre a educação rural, enraizando a 
denominação e identificando a necessidade de maiores investimentos para que possibilite ao 
aluno a mesma condição que o aluno da cidade, em termos estruturais. constantemente. É 
importante destacar os adventos tecnológicos e seus impactos no processo de ensino-
aprendizagem, a velocidade atual exige uma renovação constante. Tradicionalmente, as escolas 
rurais enfrentam grandes desafios que abrangem aspectos desde a infraestrutura até recursos 
2 
 
tecnológicos que interferem na alimentação, transporte escolar e materiais didáticos 
específicos, entre outros (LUTHER; GERHARDT, 2018). 
Podemos destacar ainda problemas relacionados a recursos básicos com energia 
elétrica, água potável, internet, laboratório de informática e atividades esportivas bem estruturas 
com materiais adequados. Assim o tema infraestrutura escolar já traz a luz as dificuldades 
enraizadas no sistema público de educação em geral, mas ao afunilar o contexto, a escola rural, 
em seus aspectos estruturais apresenta ainda mais problemas a serem discutidos. Os dados do 
Censo Escolar/INEP 2015 apresentam informações com as quais podemos avaliar a 
infraestrutura escolar atualmente. Eles demonstram que, em mais de 60% das instituições de 
ensino rurais do país, faltam itens como: biblioteca, laboratórios de informática e ciências, 
quadras esportivas e dependências para estudantes com necessidades especiais, entre outros. 
Levantar a questão é movimentar os vários setores da sociedade de como recursos 
públicos vem sendo investido, pois de acordo com Leite (1996, p. 298) a escola do meio rural, 
em muitos municípios, ainda segue um planejamento importado da realidade urbana e 
sobrevive, limitando sua trajetória a uma mera imitação do que é oferecido no espaço urbano. 
Assim, a infraestrutura pode ser pensada como um dos componentes da oferta 
educativa, tão importante quanto o investimento em qualificação de professores, livros 
didáticos, alimentação, transporte etc., já que é de imensa relevância para o planejamento dos 
gestores públicos, pois necessita-se estruturar estratégias que possam levar a um melhor 
rendimento do aluno, e investir em recursos que tragam progresso pedagógico. 
Nesse sentido, observa-se que o investimento na escola do campo é reconhecer a 
importância deste núcleo educacional como forma de incentivar a permanência do jovem no 
campo, sem a necessidade de se deslocar para a cidade, com o intuito de realizar a educação 
 O presente trabalho tem como pergunta central: como a infraestrutura pode impactar 
no desenvolvimento pedagógico da instituição? E como objetivo geral, investigar a 
infraestrutura da Instituição de Ensino Isolino Candido Dias, como fator motivador para o 
desenvolvimento pedagógico dos estudantes da referida escola. Busca-se levantar bibliografia 
a respeito de legislação que regulamentam a educação do campo; identificar aspectos estruturais 
deficientes na referida escola; refletir sobre a importância da estruturação de projeto que 
privilegie as peculiaridades da região em que a instituição se insere, agregando valores 
relevantes aquela comunidade. 
A metodologia empregada foi do tipo qualitativa e utilizou-se na investigação a 
pesquisa de campo, com aplicação de um questionário e diálogos com o professor/coordenador 
3 
 
da escola. A questão da infraestrutura da escola rural, necessita ser debatido para compreender 
a sua relevância para o sucesso da sua clientela. 
 
1 COMO SE CARACTERIZA O DESENVOLVIMENTO DE UM ARTIGO 
CIENTÍFICO 
 
Pré-requisito para o desenvolvimento do país, a Educação ainda enfrenta desafios, 
neste texto tratando das questões que envolvem a educação no campo, que não está relacionada 
tão somente ao ensino, mas em um contexto mais amplo e complexo. A respeito da 
infraestrutura das escolas desta região rural, que não a LDB – Leis de Diretrizes e Bases da 
Educação, nº 9.394/96, que determina em seu art. 1º: 
“A educação deve abranger os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no 
trabalho nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos 
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações 
culturais” 
 
Enfrentando a diversidade no acesso aos serviços, é possível observar diferenças na 
qualidade entre as regiões, já que o Brasil possui território vasto, o que evidencia ainda mais as 
diferenças. 
A educação do campo é uma modalidade de ensino que oferta educação de criança, 
jovens e adultos, para moradores de regiões rurais e que tem esta nomenclatura não apenas em 
virtude de sua localização, mas também por suas singularidades, já que a necessidade do aluno 
que reside no campo é diferente do que mora na cidade, pois a educação do campo pode ser 
concebida como uma ação educativa desenvolvida para o fortalecimento de valores, 
conhecimentos e habilidades descritos no art. 2º da Resolução CNE/CEB nº 01/2002. 
Na questão de estrutura da escola do campo, o ideal seria a escola se situar na própria 
zona rural onde vivem os alunos (educação no campo), para que estes não precisassem se 
deslocar por longas distâncias, muitas vezes, arriscando suas vidas e integridade física. Como 
também evitaria que os alunos fossem afastados de sua cultura e vítimas de preconceitos das 
pessoas que moram no meio urbano, por considerarem as pessoas do campo como atrasadas, 
caipiras e com uma cultura ultrapassada. 
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) em seu artigo 
53 determina que a criança e ao adolescente temo direito ao acesso à escola pública e gratuita 
próxima de sua residência. Tal preceito também deve ser assegurado aos alunos do campo. O 
parágrafo 4º do artigo 1º do Decreto ainda determina garantia de “materiais didáticos, 
equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreade lazer e desporto adequados ao projeto político 
4 
 
pedagógico e em conformidade com a realidade local e a diversidade das populações do 
campo”. O art. 2º do Decreto estabelece cinco princípios da educação do campo: 
I - Respeito à diversidade do campo em seus aspectos sociais, 
culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero, 
geracional e de raça e etnia; 
 II - Incentivo à formulação de projetos político-pedagógicos 
específicos para as escolas do campo, estimulando o 
desenvolvimento das unidades escolares como espaços públicos 
de investigação e articulação de experiências e estudos 
direcionados para o desenvolvimento social, economicamente 
justo e ambientalmente sustentável, em articulação com o 
mundo do trabalho; 
 III - desenvolvimento de políticas de formação de profissionais 
da educação para o atendimento da especificidade das escolas do 
campo, considerando-se as condições concretas da produção e 
reprodução social da vida no campo; 
 IV - Valorização da identidade da escola do campo por meio de 
projetos pedagógicos com conteúdo curriculares e metodologias 
adequadas às reais necessidades dos alunos do campo, bem 
como flexibilidade na organização escolar, incluindo adequação 
do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições 
climáticas; 
V - Controle social da qualidade da educação escolar, mediante 
a efetiva participação da comunidade e dos movimentos sociais 
do campo (BRASIL, 2010). 
 
Seguindo tais preceitos de direito da criança, e consequentemente do alunado que 
frequenta a escola de Zona rural, a infraestrutura escolar é um dos fatores que contribuem para 
a garantia da qualidade na educação, tendo inclusive sendo designada como meta da Agenda 
30, que é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. Dentro de 
seus objetivos, o número 4, se refere à educação que tem como meta delimitada pelos países 
participantes, “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover 
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” (UNESCO, 2015, p.23). A meta 
 
4.a., associada ao objetivo da educação, recomenda aos governos que se 
comprometam a: 4.a. construir e melhorar instalações físicas para educação, 
apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero, e que proporcionem 
ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos 
(UNESCO, 2015, p.23) 
 
 Assim podemos entender que no Brasil, os recursos escolares, equipamentos, 
conservação do prédio escolar e outros itens de infraestrutura, ainda que não sejam os únicos, 
são fatores necessários para o desempenho dos estudantes (ALVES; FRANCO, 2008). Em 
virtude de que estes contribuem para a “igualdade de condições para o acesso e permanência 
na escola” e da “garantia de padrão de qualidade” (BRASIL, 1988, art. 206, incisos I e VII). 
5 
 
Como incentivo para o desenvolvimento educacional, a LDB, prevê que os recursos 
financeiros do Fundeb são destinados, em sua maior parte (no mínimo 60%), ao pagamento da 
remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede 
pública, mas também oportuniza que o recurso seja aplicado na infraestrutura das escolas por 
meio da aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos 
necessários ao ensino (BRASIL, 1996a, artigo 70, inciso II). 
O documento não deixa claro, em seu texto ou documentos legais, quais são os critérios 
que determinam, ou orientam os gestores a definirem prioridades no uso desses recursos com o 
objetivo de assegurar padrões suficientes de qualidade da escola. Em 2001, foi aprovado o Plano 
Nacional de Educação (PNE 2001) que relacionou quais são os mínimos de infraestrutura para 
o ensino fundamental, compreendendo: (a) espaço físicos, iluminação, insolação, ventilação, 
água potável, rede elétrica, segurança e temperatura ambiente; (b) instalações sanitárias e para 
higiene; (c) espaços para esporte, recreação, biblioteca e serviço de merenda escolar; (d) 
adaptação dos edifícios escolares para o atendimento dos alunos com deficiências; (e) 
atualização e ampliação do acervo das bibliotecas; (f) mobiliário, equipamentos e materiais 
pedagógicos; (g) telefone e serviço de reprodução de textos; e (h) informática e equipamento 
multimídia para o ensino, de forma compatível ao tamanho dos estabelecimentos e às realidades 
regionais (BRASIL, 2001). 
Enfatizando a importância da infraestrutura escolar, no PNE de 2014, ampara como uma 
das estratégias da Meta 7, a qual se refere à qualidade da educação básica em todas as etapas e 
modalidades e prevê a “melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem [...]”, observando o Índice 
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), desta forma englobando como parte do “Plano 
de Metas Compromisso Todos pela Educação” (BRASIL, 2007b; FERNANDES, 2007). 
Ainda sobre a importância da estrutura escolar, a estratégia 7.18 da Meta 7 elenca os 
fatores de infraestrutura a serem observados nas escolas públicas de educação básica, nos 
seguintes termos: 7.18. assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o acesso à 
energia elétrica, abastecimento de água tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos 
sólidos, garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, a bens culturais e 
artísticos e a equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir a 
acessibilidade às pessoas com deficiência (BRASIL, 2014). 
O MEC (Ministério da Educação) constitui, em maio de 2015, um Grupo de Trabalho 
(GT) para elaborar estudos sobre a execução das estratégias que tratam do CAQ(Custo Aluno-
Qualidade) e do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial), um mecanismo criado pela Campanha 
Nacional pelo Direito à Educação, que publicou relatório com ideias iniciais que tratam de 
6 
 
“Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Oferta da Educação Básica”, segundo seis 
dimensões: 1) acesso; 2) jornada escolar; 3) profissionais; 4) instalações e recursos escolares; 
5) democracia; e 6) redes de relações (GT CAQ, 2015, p. 44). A dimensão 4 – Instalações e 
recursos escolares – descreve princípios gerais sobre a infraestrutura, nos seguintes termos: 
 
Princípios: creche ou escola deve dispor de instalações que abriguem adequadamente 
as atividades previstas para a jornada escolar e ofereçam condições de trabalho aos 
profissionais que nela atuam, com acesso aos equipamentos e aos recursos 
educacionais necessários, atualizados, disponíveis para o uso coletivo e individual 
com a frequência recomendada pela melhor técnica pedagógica. Estes recursos não 
precisam obrigatoriamente estar no prédio escolar, podendo também ser garantidos 
em outros equipamentos no território. 
Referenciais: nesta dimensão da qualidade encontram-se sob exame as instalações da 
escola - salas de aula, refeitório, cozinha, banheiros, biblioteca, sala de professores, 
luz, água, coleta de lixo - e os equipamentos disponíveis - computadores, projetores, 
mobiliário, fibra óptica, antenas - e os recursos educacionais - livros didáticos, 
biblioteca, recursos digitais (CNE, 2010, p. 48). 
 
A legislação vigente ampara e reafirma a necessidade de uma infraestrutura adequada, 
entre outros aspectos, devem ser considerados para atender uma boa qualidade de ensino. 
 
 
2. A ESCOLA POLO “ISOLINO CÂNDIDO DIAS 
 
 A escola é um espaço de descoberta, lugar onde tudo se inicia, segundo o censo da 
Educação (2013), é na escola que o estudante passa grande parte do dia, por isso o ambiente 
precisa possuir condições mínima de infraestrutura para que o aluno possa se sentir bem e ao 
mesmo tempo haja rendimento pedagógico. Essas normas abrangem o tamanho da sala de aula, 
utensílios como mesa e cadeira, o formato das janelas e a existência de áreas verdes, ventilação 
e iluminação. 
A Escola Municipal “Isolino Candido Dias, situada no DistritoSão Domingos, Zona 
Rural do município de Água Clara, Mato Grosso do Sul, atende, segundo o Censo Escolar de 
2020, aproximadamente 134 alunos, distribuídos em salas multisseriadas (a classe organizada, 
na maioria das vezes, pelo número reduzido de alunos para cada série), de Ensino Regular 
Fundamental, anos iniciais e finais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 
Lei 9.394/1996, prevê a oferta da educação básica à população do campo. Em seu artigo 28, 
consta que os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias às peculiaridades da 
vida no campo e de cada região, especialmente em relação aos conteúdos curriculares e às 
metodologias apropriadas, à organização escolar própria e adequada ao calendário, e à natureza 
7 
 
do trabalho no campo, ao que é possível implementar propostas pedagógicas distintas daquelas 
praticadas na grande maioria das escolas de educação básica e mesmo em universidades. 
 
Quadro 1: Infraestrutura 
Biblioteca Não 
Laboratório de informática Não 
Quadra de esporte coberta Não 
Sala de leitura Sim 
Sala da Direção Não 
Sala dos professores Não 
Sala de atendimento especial Não 
Parque infantil Sim 
Pátio coberto Sim 
Água de poço artesiano Sim 
Energia Elétrica da rede pública Sim 
Queima de lixo Sim 
Coleta de lixo periódica Sim 
Acesso à internet Não 
Fonte: Censo Escolar/INEP 2020 – Qedu.org.br/ E.M. Isolino Candido Dias – Polo 
 
 
 
Quadro 2: Equipamentos 
Aparelho de som Sim 
Impressora Sim 
Televisão Sim 
Antena parabólica Sim 
Datashow Não 
Ar-condicionado Sim 
Ventilador Sim 
Máquina Copiadora Não 
Computador Não 
Fonte: Censo Escolar/INEP 2020 – Qedu.org.br/ E.M. Isolino Candido Dias – Polo 
 
8 
 
A escola necessita aprimorar sua infraestrutura para fornecer aos estudantes condições, 
o quadro 1 e 2 evidencia que a realidade da escola Isolino não é diferente do resto do pais, pois 
dados coletados do Ministério da Educação (MEC) ilustram uma situação preocupante pelo fato 
de que a porcentagem de escolas sem as mínimas condições de funcionamento ainda são muito 
altas já que apenas 11% das escolas do campo têm biblioteca, 1,1% contam com laboratório de 
ciências e 12,9% apresentam laboratório de informática. Ainda, a taxa de estabelecimentos sem 
energia elétrica é de 15% (11.413 escolas), enquanto 10,4% não contam com água potável 
(7.950) e 14,7% não apresentam esgoto sanitário (11.214). De acordo com o Ministério, 90% 
dessas escolas – um total de 68.651 unidades – não têm internet. 
Falar sobre a educação no campo, ou melhor, nas escolas rurais, nos remete a refletir 
sobre a falta de um projeto sistematizado que atenda as necessidades desta clientela especifica, 
visto que a melhoria da infraestrutura das escolas está prevista em várias estratégias do PNE 
(Plano Nacional de Educação) para assegurar as condições de ensino e aprendizagem e de 
inclusão dos estudantes com necessidades especiais, que para Libâneo (2008), são fatores 
influentes, as construções, os mobiliários e o material didático adequados e suficientes para 
assegurar o desenvolvimento do trabalho pedagógico e favorecer a aprendizagem. 
 
3. DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS 
 
A escola Isolino Candido Dias possui em sua estrutura, 8 salas de aula multisseriada, 
uma cozinha, dois banheiros, um pátio coberto, onde são realizadas as refeições e o recreio, 11 
funcionários, dentre eles um professor que acumula a função de coordenador, e outro docente 
que acumula a função de secretário escolar, o diretor fica sediado na cidade de Água Clara e 
faz visitas periódicas a escola, que atende no período da manhã salas multisseriadas, que atende 
alunos da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental, séries finais. 
Realizamos uma entrevista com a professora/coordenador da referida escola, a qual se 
disponibilizou para as informações preliminares, preenchendo um questionário estruturado no 
Google Forms, preparado para este fim. E, através do diálogo estabelecido, nos inteiramos mais 
sobre aspectos da infraestrutura do local, conforme o quadro 3 abaixo observamos o perfil do 
docente/coordenador, responsável pela instituição. 
 
Quadro 3: Perfil do docente 
1. Idade Acima de 39 anos 
9 
 
2. Sexo Masculino 
3. Tempo de trabalho na Instituição 14 a 19 anos 
4. Escolaridade Pós-graduação 
5. Horas de trabalho/semanais 48 horas semanais 
6. Situação de trabalho Servidor efetivo 
Fonte: Dados coletados pelas pesquisadoras em outubro/2021. 
 
Pelas informações acesso, e a par do contexto em que estão inseridas as escolas do 
campo no que se refere a aspectos estruturais, quando perguntado sobre as condições do 
mobiliário escolar, o mesmo afirmou que estão em estado regular, item f (mobiliário, 
equipamentos e materiais pedagógicos), do Plano Nacional de Educação (PNE 2001) que está 
entre os itens mínimos de infraestrutura para o ensino fundamental. 
Em relação ao fator que mais motiva o interesse do aluno pela escola, o professor é 
motivador da frequência do alunado, o empenho do corpo docente em agregar uma metodologia 
que esteja em consonância com a necessidade do aluno que reside no campo, pois a educação 
para esses discentes pode ser concebida como uma ação educativa desenvolvida para o 
fortalecimento de valores, conhecimentos e habilidades descritos no art. 2º da Resolução 
CNE/CEB nº 01/2002. 
Sobre obras de manutenção, segundo o professor/coordenador, houve a cerca de 1 ano 
a pintura e reparo básico da estrutura, previsto pela LDB, parte dos recursos financeiros do 
Fundeb seja aplicado na infraestrutura das escolas por meio da aquisição, manutenção, 
construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino (BRASIL, 
1996a, artigo 70, inciso II). Mas a respeito do quantitativo de recursos para manutenção de sua 
unidade escolar são suficientes para as necessidades estruturais, o coordenador afirma que ainda 
é insuficiente para atender as necessidades da Escola Polo. 
Entre os recursos capazes de implementar e aprimorar a qualidade de ensino da 
Instituição o docente acredita que a aquisição de computadores é indispensável para contribuir 
na “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e da “garantia de padrão de 
qualidade” (BRASIL, 1988, art. 206, incisos I e VII), legitimados pelo artigo 1º do Decreto 
ainda determina garantia de “materiais didáticos, equipamentos, laboratórios, biblioteca e área 
de lazer e desporto adequados ao projeto político pedagógico e em conformidade com a 
realidade local e a diversidade das populações do campo”. 
 
10 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente estudo analisou a infraestrutura e suas condições de apresentação na escola 
rural para compreender como aspectos físicos são de extrema importância no sentido de 
contribuir para um melhor aprendizado, elevando aspectos pedagógicos, que à primeira vista, 
parece um ponto não importante ou relevante, mas que para a comunidade escolar reflete um 
sentimento de orgulho e pertencimento daquele local. 
Ao investigar as condições de estrutura nas escolas do campo vai além do 
levantamento de quais recursos como mobiliário, materiais pedagógicos ou recursos 
financeiros. Falar da escola do campo pressupõe falar de educação de qualidade para o povo do 
campo; de um modelo educacional construído de acordo com as especificidades do povo rural. 
Assim, essa investigação apresenta um olhar inicial a respeito da infraestrutura da 
escola do campo, realizando uma reflexão do ponto de vista educacional e um levantamento 
bibliográfico de legislação que corrobora a necessidade de investimento neste aspecto da escola. 
Há a necessidade, portanto, de mais pesquisas que aprofundem os conhecimentos e que ajudem 
a descrever e analisar a infraestrutura e condições de funcionamento das escolas do meio rural. 
 A questão da gestão, seja no âmbito governamental ou no escolar, é reforçadapela 
importância da escola no campo como uma instituição representativa daquele e como tal o 
espaço ideal para reinventar esta escola, em que os sujeitos educativos historicamente 
constituídos se movimentem dentro das teorias pedagógicas e nas variantes políticas e 
econômicas, sendo estes últimos considerados condicionantes na dinâmica social e como 
prática educativa presente nas relações entre educador e educandos. Políticas de expansão e 
reformas das redes podem estar sendo implementadas. No entanto, há que se verificar se os 
recursos destinados estão sendo utilizados de forma coerente, para o alcance dos resultados 
desejados. 
 
THE FOUNDATIONS OF THE RURAL SCHOOL IN LEARNING: REFLECTIONS 
ON THE INFRESTRUCTURE OF THE ISOLINO CANDIDO DIAS SCHOOL 
 
ABSTRACT: 
Infrastructure is an important factor for real student development. Schools in rural areas have 
specificities that need to be observed, thus contributing to a better educational performance 
along with good pedagogical planning, in order to offer a good infrastructure for development 
in teaching and learning. In Brazil, it is normal to find schools with precarious infrastructure 
both in urban areas and especially in rural areas, which are aggravated by the difficult access 
and a development plan that does not respect the peculiarities of the place. This article aims to 
11 
 
investigate the effects of school infrastructure on the pedagogical development of students from 
the aforementioned school at the isolino candido dias educational institution. In addition, raise 
bibliography about legislation that regulates rural education; identify deficient structural 
aspects in that school; reflect on the importance of structuring a project that favors the 
peculiarities of the region in which the institution is located, adding relevant values to that 
community. Through the qualitative methodology, field research was used in the investigation, 
with the application of a questionnaire and dialogues with the teacher/school coordinator, in 
order to raise the view of the importance of the school infrastructure for student performance, 
as a contributor to the improvement in the level of learning, considering that it is essential to 
provide opportunity and accessibility to students who spend a good part of their lives in the 
educational institution on a daily basis. 
 
KEYWORDS: Infrastructure; Educational Development; Rural School. 
 
 
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