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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 1 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL ........................................ 5 1.1 Conceito de Comportamento Organizacional .............................. 7 1.2 Disciplinas que Contribuem Para o Estudo do Comportamento Organizacional ................................................................................................... 9 1.3 Efeitos do comportamento organizacional na empresa ............. 11 1.4 Vantagens de desenvolver o comportamento organizacional ... 12 2 COMO O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL PODE INFLUENCIAR O CLIMA ORGANIZACIONAL ................................................. 14 2.1 Comunicação ............................................................................ 15 2.2 Motivação .................................................................................. 16 3 CULTURA ORGANIZACIONAL ....................................................... 17 4 CLIMA ORGANIZACIONAL ............................................................. 21 4.1 Comportamento Organizacional X Clima Organizacional.......... 24 5 O INDIVÍDUO, A SOCIEDADE E A ORGANIZAÇÃO: PERSONALIDADE, PAPÉIS E VALORES ....................................................... 26 5.1 Atitudes ..................................................................................... 28 5.2 Personalidade ........................................................................... 29 5.3 Valores ...................................................................................... 32 6 RELAÇÕES INTERPESSOAIS ........................................................ 34 7 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................. 39 8 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS .................................................... 40 8.1 Conceito de competência .......................................................... 42 8.2 Competências nos diferentes níveis organizacionais ................ 44 8.3 O caráter dinâmico das competências ...................................... 45 8.4 Origens da Gestão Baseada nas Competências ....................... 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 50 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O comportamento organizacional está diretamente relacionado com o capital intelectual, sendo considerado um sinônimo de existência organizacional. Os investimentos no capital intelectual têm sido de grande valia para o alcance dos objetivos da organização, promovendo lucro organizacional e pessoal. De acordo com Wagner III e Hollenbeck (2012 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 2), o comportamento organizacional é o estudo das ações humanas, que podem ser observadas e analisadas por meio de estados internos, como o modo de pensar, acompanhadas de ações visíveis. Segundo Bergue (2010 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 2), o comportamento organizacional pode ser conceituado como um campo de estudo que objetiva prever, explicar e compreender o comportamento humano nas empresas. Para compreender melhor essa conduta dentro das organizações é necessário entender o comportamento individual, conhecendo os estímulos de cada pessoa. Na opinião de Schermerhorn, Hunt e Osborn (2007 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 2), o comportamento organizacional é definido como um estudo de indivíduos e grupos em organizações, aplicado em qualquer ramo de atividade, ao qual auxilia na compreensão da atividade e expansão do sucesso na carreira profissional. Miles e Snow (1978 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 2), afirmam que o comportamento está ligado diretamente com as condições ambientais e as decisões que os gestores tomam dentro da organização, com o objetivo de melhorar estrategicamente o processo na sua totalidade. Esse conjunto de atitudes fazem parte dos componentes básicos da teoria de gestão, acrescentando-se também as políticas e ações consistentes e as expectativas do empregado sobre a sua performance. Robbins, Judge e Sobral (2010 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 2), destacam que o comportamento organizacional reflete na investigação do impacto que os colaboradores e a estrutura da empresa têm sobre a conduta organizacional, com o objetivo de aprimorar a eficácia, sendo em termos de qualidade e de competitividade. O comportamento unilateral e as funções diretas do relacionamento, conforme Luiz, Monteiro e Moura (2014 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 3), tem um impacto direto com a confiança, satisfação e comprometimento na relação, gerando resultados na qualidade do processo. 6 Na gestão de pessoas das organizações, deve-se buscar atrair e reter indivíduos com valores condizentes e apresentar com clareza os objetivos, valores, cultura organizacional e aplicar testes capazes de avaliar os estilos comportamentais e a personalidade dos participantes do processo seletivo. A partir desses resultados são analisados os traços de personalidade para identificar assim qual o comportamento mais adequado no exercício de determinadas funções na organização, alocando o funcionário ao setor em que mais se encaixa (BRUNING; RASO; PAULA, 2015). Menegon (2012 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 3) cita quatro atitudes principais apresentadas pelos funcionários que influenciam o seu desempenho nas organizações, dentre elas estão à produtividade, o absenteísmo, a rotatividade e a cidadania organizacional, essas ações formam um conjunto relevante para a conquista da melhoria contínua e a produção com qualidade. Outro fator importante é citado por Paiva, Gomes e Helal (2015 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 3), com base em seu estudo, apontando que trabalhadores estressados têm uma tendência muito forte em diminuir seu desempenho e aumentar os custos das organizações através de possíveis problemas de saúde, refletindo num elevado grau de absenteísmo e uma maior rotatividade. Um meio para a melhoria da performance, destacada pelos autores Moura- Paula e Ferraz (2015 apud REICHERT, BOSCO, 2016, p. 3), é o silêncio organizacional, além de reter informações relevantes, essa característica faz parte da natureza humana, buscando compreensão pessoal do ambiente em que está inserido. O comprometimento afetivo é um reflexo positivo nas organizações, trazendo assim vivências agradáveis e prazerosas (AGAPITO; FILHO; SIQUEIRA, 2015). Ao avaliar o comportamento organizacional, é imprescindível observar que a satisfação no trabalho vem de diversos fatores e perspectivas ao meio em que cada indivíduo está inserido, dentre eles estão o envolvimento com colegas de trabalho e seus subordinados, satisfação com o salário e com o ambiente organizacional. Outro fator importante a ser considerado é o vínculo afetivo entre o empregado e o seu empregador, o que se refereaos sentimentos positivos e negativos em relação à organização empreendedora. Esse elo passa a ser estabelecido por meio de treinamentos voltados à interação e liderança entre os funcionários, que além de desenvolver competências, contribui para o aumento da satisfação no ambiente 7 organizacional. Todavia, é necessário esclarecer a função e os objetivos que cada colaborador exerce na empresa, servindo de estímulo ao crescimento profissional (SIQUEIRA, 2008 apud AGAPITO et al., 2014). Deste modo destaca-se o papel do líder, que além de gerir e dirigir deve repassar conhecimentos sobre a cultura organizacional aos colaboradores, fazendo com que, em conjunto, alcancem os objetivos da organização. Outro ponto crucial é a inovação e mudança de produtos, que decorrem do estímulo dado à produção em equipe de larga escala, levando sempre em consideração a qualidade do produto (CAMPOS; STEFANO; ANDRADE, 2015). As mudanças organizacionais desafiam a convivência em cenários dinâmicos de mutações constantes, sendo necessário o alinhamento e adequação dos comportamentos e procedimentos desenvolvidos pelos empregados frente as estratégias da empresa. Diversos estudos avaliam o comportamento e sua reação, observando que ambos podem determinar aspectos importantes no processo, como o fracasso ou o sucesso desses processos de mudanças. As mudanças organizacionais não ocorrem somente com inovações e ajustes estruturais, exige ajustes principalmente voltados ao comportamento humano (CANÇADO; SANTOS, 2014). O mercado de trabalho vem passando por diversas mudanças que demandam a capacidade de adaptação. Para obter o sucesso organizacional é importante perceber as condições do ambiente e as decisões tomadas a partir dessas condições, lidando com três fatores relevantes: o problema empreendedor, administrativo e de engenharia. O processo adaptativo dá início na fase empreendedora, acompanhada pela engenharia e pôr fim a administrativa, esses fatores estão conectados entre si, as atitudes tomadas voltadas para a adaptabilidade da empresa solidificam a estrutura organizacional (MILES; SNOW, 1978 apud NETO et al., 2015). 1.1 Conceito de Comportamento Organizacional O comportamento organizacional pode ser definido, de modo geral, como o estudo sistemático dos comportamentos e das atitudes que as pessoas expressam nas organizações. É um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o 8 objetivo de utilizar este conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. Uma definição mais específica de comportamento organizacional é a proposta por Gibson, Ivancevich e Donnelly (1991, p.6 apud ALMEIDA, RAMOS, 2015, p. 13): "o estudo do comportamento, as atitudes e o rendimento humano no âmbito da organização; toma elementos das teorias, dos métodos e dos pressupostos de disciplinas tais como a Psicologia, a Sociologia ou a Antropologia Cultural, para poder compreender as percepções, os valores, as capacidades da aprendizagem e os comportamentos dos indivíduos quando trabalham em equipe no seio de uma organização; e analisa o efeito envolvente sobre a organização, isto é, sobre os seus recursos humanos, a sua missão, os seus objetivos e as suas estratégias". É um campo de estudos especializado com um tronco comum de conhecimentos relativos a três determinantes do comportamento nas organizações: o indivíduo, o grupo e a estrutura organizacional. Todos os conhecimentos obtidos sobre indivíduos, grupos e organização são utilizados no comportamento organizacional para que as organizações sejam mais eficazes e eficientes. Para DAVIS (1992: 5) o comportamento organizacional é o estudo e a aplicação do conhecimento sobre como as pessoas agem dentro das organizações. Ele cita os elementos fundamentais do comportamento organizacional, como sendo as pessoas, a estrutura, a tecnologia e o ambiente no qual a organização opera. A eficácia e eficiência das organizações implicam que na abordagem do comportamento organizacional se dê ênfase aos comportamentos relativos às funções, trabalho, absentismo, rotatividade, produtividade, desempenho humano e administração. Desde uma perspectiva mais analítica, Peiró (1990 apud ALMEIDA, RAMOS, 2015, p. 13) indica quais as características básicas do comportamento humano nas organizações: São comportamentos globais e com significado; São comportamentos flexíveis, adaptáveis e modificáveis através da aprendizagem; São comportamentos intencionados com objetivos claros, baseados em expectativas; É um comportamento em parte consciente, simbólico e subjetivo, resultado da interpretação do indivíduo, das informações e do contexto imediato; 9 É um comportamento resultado dum processamento cognitivo limitado, base para a tomada de decisões; É um comportamento idiossincrásico, com diferenças individuais de tipo biológico, psicológico e de traços de personalidade; É um comportamento condicionado por processos motivacionais complexos; É um comportamento social, desenvolvido num contexto social estruturado, hierarquizado, caracterizado por elemento relativos à autoridade, liderança e grupos formais e informais. Resumindo, o comportamento organizacional implica reconhecer como as características das organizações (estrutura, tecnologia, missão, cultura, etc.) têm influência nos comportamentos, nas atitudes, nos valores, nas expectativas, na motivação e nos resultados organizacionais, sempre que os indivíduos provocam mudanças na própria organização. Além disso, para compreender o comportamento é preciso considerar que as organizações são sistemas sociais complexos, onde estão presentes processos relevantes como as relações interpessoais e os processos de conformidade e influência social. Finalmente, as organizações estão inseridas num contexto social, econômico e cultural determinado, que é preciso analisar para compreender o comportamento organizacional. (CROZATTI, 1998). 1.2 Disciplinas que Contribuem Para o Estudo do Comportamento Organizacional Segundo Robbins (Robbins et al., 2010; Robbins, 2005 apud ALMEIDA, RAMOS, 2015, p. 13), o estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de outras disciplinas comportamentais. As áreas predominantes são a Psicologia, a Psicologia Social, a Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política. A Psicologia tem contribuído, principalmente, para a análise do comportamento organizacional ao nível individual, enquanto as demais têm contribuído para a compreensão de elementos e processos grupais e organizacionais. Psicologia: é a ciência que pretende explicar e predizer o comportamento dos seres humanos e dos animais. Os psicólogos dedicam-se ao estudo e ao esforço de 10 compreender o comportamento individual em diversos contextos sociais e profissionais, como nas organizações. Conforme Schette (2005), na atualidade espera-se que o Psicólogo Organizacional cumpra um papel muito mais político e estratégico, na elaboração de política de recursos humanos, planejamento estratégico, desenvolvimento de carreiras e planos de sucessão, desenvolvimento de equipes, análise e mudanças da cultura organizacional, programas de qualidade de vida, etc. Os investigadores em psicologia industrial e das organizações desenvolvem teorias e métodos relativos aos processos de aprendizagem, percepção, personalidade, emoções, liderança, motivação, satisfação com o trabalho, processos de tomada de decisão, recrutamento e seleção de pessoal e estresse profissional, entre outras temáticas. Psicologia Social: Este é um campo da psicologia que enfoca a influência de uma pessoa sobre outra. Os psicólogos sociais estão interessados em processos de grupo, como conformidade, influência social, tomadade decisão em grupo ou conflitos entre indivíduos. Um dos tópicos mais pesquisados em psicologia social é a mudança: como implementar a mudança e como reduzir as barreiras à aceitação. Safra (2018) em sua pesquisa explica que, à psicologia social sempre teve o compromisso de atuar frente a espectros de condutas sociais. O estudo sobre a percepção de justiça e vínculos organizacionais são fenômenos sociais, complexos e cercados de fatores individuais e grupais que marcam a vida das pessoas que vivem em sociedade. Além disso, os pesquisadores da psicologia social fizeram contribuições significativas para medir, compreender e mudar atitudes, métodos de comunicação e maneiras pelas quais as atividades em grupo atendem às necessidades de seus membros. Sociologia: enquanto a Psicologia se interessa sobre o indivíduo e o seu comportamento, a Sociologia estuda o sistema social no qual os indivíduos desempenham os seus papéis. Uma das maiores contribuições dos sociólogos foi o estudo do comportamento dos grupos dentro das organizações, especialmente os formais e complexos. Staw (1984), postulou duas grandes áreas para o CO: macro comportamento organizacional e micro comportamento organizacional. A primeira, também reconhecida como teoria das organizações, teria suas raízes na Sociologia, Ciência Política e Economia e se ocuparia de questões sobre a estrutura, o design e as ações das organizações dentro de contextos socioeconômicos. Algumas das áreas de estudo do comportamento organizacional que mais receberam contribuições da 11 Sociologia foram as dinâmicas de grupo, o desenho de equipes de trabalho, a cultura organizacional, a teoria e a estrutura da organização formal, e aspetos como poder e comunicação nas organizações. Antropologia: é o estudo das sociedades para compreender os seres humanos e as suas atividades. O trabalho dos antropólogos sobre culturas e ambientes ajuda a compreender melhor as diferenças de valores, atitudes e comportamentos entre povos de diferentes países ou de pessoas em diferentes organizações. Para a antropologia influenciada pelas ideias de Geertz (1989), a cultura é caracterizada por um conjunto comum de ideias que são retrabalhadas continuamente de maneira imaginativa, sistemática, explicável, mas não previsível. Ciência Política: embora sejam frequentemente subestimadas, as contribuições dos investigadores em Ciência Política para o estudo do comportamento organizacional têm sido significativas. A Ciência Política estuda o comportamento dos indivíduos e dos grupos dentro de um ambiente político. Alguns dos tópicos específicos desta área são a estruturação de conflitos, a alocação de poder e como as pessoas manipulam o poder para a satisfação das suas próprias necessidades. As ciências políticas estudam o comportamento dos indivíduos e dos grupos dentro de um ambiente político (BONAVIDES, 2000). Alguns tópicos específicos dessa área são a estruturação de conflitos, a alocação de poder e como as pessoas manipulam o poder para o entendimento de seus próprios interesses. Embora sejam frequentemente subestimadas, as contribuições dos cientistas políticos foram bastante importantes para o entendimento do comportamento organizacional (ROBBINS et al., 2010). 1.3 Efeitos do comportamento organizacional na empresa Compreender o comportamento organizacional é fundamental para manter um ambiente saudável e eficiente dentro da empresa. Fortalecer a cultura corporativa e fortalecer as conexões entre os colaboradores são funções básicas da gestão de pessoas. Essa prática orienta o trabalho dos líderes, permitindo-lhes prever e evitar atritos entre os colaboradores e problemas pessoais ou coletivos. Além disso, por meio de um estudo cuidadoso do comportamento organizacional, os gerentes podem formular e construir métodos de liderança e estratégias de gerenciamento adequados 12 para atingir as metas e resultados desejados. Na percepção de Vergara (2000 p. 16), “[...] mudanças e transformações no sistema produtivo de uma sociedade exercem relação direta na forma como essas lidam com seus recursos humanos”. A percepção dos colaboradores quanto ao apoio que as empresas oferecem para o desenvolvimento profissional e o tempo de atividade no mesmo local de trabalho foram às variáveis mais significativas na interação com o comportamento organizacional (VERGARA, 2000). 1.4 Vantagens em desenvolver o comportamento organizacional Em primeiro lugar, o comportamento organizacional pode ser visto como a segunda prioridade da empresa. No entanto, ele é responsável por inúmeras vantagens relacionadas aos recursos humanos. Para MORGAN (1996), compreender os fatores culturais que configuram os - indivíduos e suas organizações auxiliam a compreender as diferenças no comportamento organizacional, pois ao compreender as peculiaridades e práticas dos outros ajudam a compreender melhor o significado das próprias peculiaridades, pois uma das características da cultura é que ela cria uma forma de etnocentrismo, pois ao assumir que uma cultura tem dentro de si tudo que pode ser considerado como correto, tudo que está fora dos limites desta cultura passa a ser considerado descabido e inapropriado. Mantém os funcionários motivados Os gestores devem promover fatores motivacionais para manter a equipe motivada, que são os benefícios que a empresa oferece aos funcionários, salário, espaço de discussão, espaço de ideias, oportunidades de promoção dentro da empresa, dentre outros. Porém, não podemos esquecer que, [...] aumentar os salários não necessariamente leva as pessoas a trabalhar com mais afinco, pode, no entanto, deixá-las satisfeitas o bastante para que outros fatores possam motivá-las. Por outro lado, se o salário ou as condições de trabalho causam insatisfação, as pessoas tornam-se desmotivadas, e nenhum outro elemento será capaz de motivá-las. (GIL, 2001, p. 208). Para o psicólogo Douglas McGregor (apud GIL, 2001, p. 206), o comportamento das pessoas é sempre influenciado pela maneira de pensar dos seus gerentes. Por este motivo, era necessário que os organizadores conhecessem as 13 características pessoais dos funcionários, bem como suas ambições profissionais. Segundo Walger; Viapiana e Monfort (2014, p. 92), “a motivação não é algo que possa ser diretamente observado; infere-se a existência de motivação observando o comportamento. Um comportamento motivado se caracteriza pela forte energia dispendida e estar dirigido para um objeto ou meta. ” Atrai e retém talentos O clima organizacional é a chave para atrair e reter os talentos na empresa. Profissionais que podem escolher entre duas empresas semelhantes, definitivamente escolherão a empresa que se sente melhor, mantém boas conexões entre os colegas e que os líderes são compreensivos. Portanto, ao investir no comportamento organizacional, o clima deve ser considerado, pois será ele o responsável por manter bons profissionais na empresa. Conforme explica Maximiano (1997), o clima é representado pelos sentimentos que as pessoas partilham a respeito da organização e que afetam de maneira positiva ou negativa sua satisfação e motivação pelo trabalho (MAXIMIANO 1997, p.168). Definimos Clima Organizacional em termos de como as pessoas percebem a companhia, como as decisões são tomadas e com que eficácia as atividades são coordenadas e, então comunicadas (LUZ, 2003, p.11). Evita o turnover Turnover é uma palavra de origem inglesa que significa "renovação" e que no ramo dos negócios e RH é utilizada para determinar a taxa média entre admissões e desligamentos em relação ao efetivo médio de uma organização. Resumindo, turnover nada mais é do que a rotatividade de pessoal dentro da empresa e é um indicador de saúde organizacional que expõe se existe ou não uma alta substituição de pessoas na organização(GALVÃO, 2015, s.p.). Conforme Lucena (2007), a gestão do turnover é muito importante para a organização, pois o turnover não somente pode significar investimentos perdidos, desperdiçados, que não retornam à empresa, como pode afetar o nível de produtividade, a continuidade da empresa e seus resultados, além do custo elevado dos processos de desligamento e novas admissões. Há dois tipos de turnover: 14 Aquele controlado pela organização e aquele controlado pelo mercado. No primeiro caso, a organização consegue reter e motivar os profissionais de melhor desempenho, mais qualificados e com potencial de crescerem [...]. Ela identifica esses empregados, acompanha seu desenvolvimento, dá-lhes oportunidades de carreira, tendo em vista mantê-los satisfeitos [...]. As saídas que acontecem são de empregados que não apresentam aquelas características de desempenho e de potencial. O turnover controlado pelo mercado é exatamente o contrário: a empresa perde seus melhores profissionais para os concorrentes e para o mercado em geral [...], permanecem na organização aqueles que não têm competência para competir no mercado (LUCENA, 2007, p. 199). Chiavenato (1999) aborda a rotatividade de pessoal como uma despesa que pode ser evitada se houver mais critério e atenção na seleção de mão de obra. A rotatividade alta reflete na produção, no clima organizacional e no relacionamento interpessoal e, para combater este fenômeno, é preciso detectar as causas e os determinantes. Promove harmonia entre os stakeholders Para Araújo Junior (2008), a análise dos stakeholders implica na avaliação do espaço em que a organização está implantada e na percepção da influência que os atores que residem nesse exercem sobre a empresa. Implica ainda na percepção das maneiras através das quais essa influência pode ser despontada. Admite-se, então, o valor de identificar os atores que se relacionam com a instituição e o tipo de influência que cumprem ou que dela recebem. Os treinamentos realizados por talentos da empresa devem considerar, comportamentos que vão além do âmbito da estrutura física. Para os colaboradores, é importante entender que mesmo o conteúdo postado nas redes sociais pessoais deve ser observado, para ter uma imagem positiva da empresa. 2 COMO O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL PODE INFLUENCIAR O CLIMA ORGANIZACIONAL O termo comportamento organizacional relaciona-se de modo particular com questões sobre cultura organizacional, liderança, personalidade e emoções, percepção e tomada de decisão, valores, atitudes, satisfação com o trabalho, poder e política, conflito e negociação, mudança organizacional, comunicação, motivação, entre outros estudos que podem afetar os envolvidos (ROBBINS, 2006 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 181). O interesse é analisar como esses fatores 15 podem contribuir para o bom comportamento de um indivíduo na organização, influenciando de forma positiva o clima organizacional. Todos estes temas têm uma ligação com escolas de pensamento que permite considerar o estudo do comportamento organizacional viável. A relação está na escola da psicologia, sociologia, psicologia social, antropologia e ciência política. Todas as teorias que envolvem estas escolas, que desde os primórdios já era percebido como um ramo complexo. Com o auxílio dessas disciplinas o comportamento organizacional ocupa um lugar importante dentro de uma empresa. Sendo assim é necessário que os gestores de R.H. dominem os conceitos de comportamento organizacional e como eles podem afetar uma organização. (ESPINDOLA; OLIVEIRA, 2009, v. 1, p. 179). “Comportamento Organizacional é um campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro da organização com o propósito de utilizar este conhecimento para melhorar a eficácia organizacional” (ROBBINS 2006, p.6 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 181). Os autores Schermerhorn Jr., Hunt e Osborn (1999 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 181), acreditam que o comportamento organizacional é o estudo de indivíduos e grupos em organizações. Já os autores Davis e Newstrom (1992 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 181) dizem que é o estudo e a aplicação do conhecimento sobre como as pessoas agem dentro das organizações. Os autores relacionados defendem conceitos semelhantes. Robbins, porém aborda de forma perspicaz, pois ele acredita que o comportamento organizacional pode influenciar também, a eficácia organizacional. Enquanto os outros dois autores definem somente como um estudo do indivíduo e suas atitudes dentro da organização. (ESPINDOLA; OLIVEIRA, 2009, v. 1, p. 179). 2.1 Comunicação Comunicação é o diálogo ou troca de informação de duas, ou mais pessoas, incluindo a compreensão da mensagem. “A comunicação é quando uma informação é transmitida a alguém, sendo então compartilhada também por esse alguém. Para que haja comunicação é necessário que o destinatário da informação a receba e compreenda” (CHIAVENATO, 1998, p.92 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 182). 16 De acordo com Chiavenato (2004 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 182), as comunicações dentro das empresas não são perfeitas, pois, podem ser alteradas ao longo do processo fazendo com que o receptor receba algo diferente daquilo que lhe foi enviado. A comunicação é considerada um fator importante e essencial para a eficácia da empresa. A falha da comunicação pode ser considerada um dos principais fatores que dificultam o bom desenvolvimento da equipe. “O objetivo da comunicação eficaz é o entendimento” (BOWDITCH; BUONO, 1999, p. 84 apud ESPINDOLA, OLIVEIRA, 2009, p. 182). Há diversas barreiras físicas, interpessoais e intrapessoais que podem interferir no objetivo da comunicação eficaz, atrapalhando o entendimento do receptor. A superação das barreiras da comunicação organizacional exige que os funcionários reconheçam as dificuldades inerentes ao processo de comunicação e busquem soluções para evitar recorrências. O uso de feedback pode ajudar a organização a se comunicar. Esta ferramenta pode orientar os envolvidos a fim de eliminar possíveis obstáculos que podem surgir e ajuda a alcançar uma comunicação eficaz. 2.2 Motivação Segundo Chiavenato (1999 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 209) um dos fatores internos que influenciam o comportamento das pessoas é a motivação. Motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão, a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser provocado por um estímulo externo, provindo do ambiente, e pode também ser gerado internamente nos processos mentais do indivíduo. Ainda conforme o autor, as pessoas são diferentes no que tange à motivação, ou seja, as necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diversos padrões de comportamento, assim como os valores sociais, os objetivos também são diferentes para cada um. Porém, embora os padrões de comportamento variem, o processo do qual eles resultam é basicamente o mesmo para todos. Dessa forma, existem três premissas que explicam o comportamento humano: 17 O comportamento é causado, ou seja, existem estímulos internos e externos. O comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em todo comportamento humano. O comportamento é orientado por objetivos, ou seja, em todo comportamento existem expressões que servem para designar os motivos do comportamento. A motivação envolve um sentimento de realização e reconhecimento profissional, que se demonstra através da prática de tarefas e atividades, que proporcionam desafios e significados suficientes para o trabalho. É uma força interior que aparecerá, regula e manterá todas as nossas ações mais importantes. Nesse sentido, assevera Bergamini (1997 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 210)que: Se, no início deste século, o desafio era descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, mais recentemente tal preocupação muda de sentido. Passa-se a perceber que cada um já trás, de alguma forma, dentro de si, suas próprias motivações. Aquilo que mais interessa, então, é encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas. O importante, então, é agir de tal forma que as pessoas não percam a sua sinergia motivacional. (BERGAMINI, 1997, p.23 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 210) Entende-se que a motivação é, portanto, como um motor em ação, é uma pessoa em movimento. A motivação faz a diferença e separa as pessoas que dão certo na vida daquelas que estão sempre reclamando de alguma coisa e ficando para trás. Motivação é atitude, é comportamento. Ressalte-se que, para Bergamini (1997 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 210), a motivação humana caracteriza-se por um conjunto de fatores dinâmicos existentes na personalidade, que determina a conduta de cada um. 3 CULTURA ORGANIZACIONAL Como refere Neves (2000), o termo “cultura” começou por ser definido como um componente do sistema social, o qual se manifesta pelo modo de vida e pelos 18 artefactos, onde se incluem o saber, a crença, a arte, a moral, a lei, os costumes, hábitos, assumidos pelo homem como membro da sociedade Ribeiro (2006) explica que “esta concepção de cultura pluralista e sociocultural que permaneceu de 1900 a 1950, subdividiu-se em duas correntes, sendo a primeira, mais simples, um conjunto de padrões culturais, criada pelos indivíduos que interagem, realçada pelas estruturas padronizadas da cultura, traduzida nos artefactos e comportamentos. A segunda, mais complexa, associada às formas de organização económica, política e social, sistemas de religião, tipo de linguagem, filosofias, direito, ciência e arte. Esta considera a cultura como um conjunto de estruturas sociais, integrada numa rede ou sistema de relações sociais, sendo cada sistema estrutural, uma unidade funcional, que contribui de modo harmonioso para a sua existência e continuidade. ” O sentido de que a cultura das organizações é fundamental para o seu sucesso e que essas mesmas organizações são muito mais do que simples recursos financeiros, estruturas físicas, equipamentos, normas e procedimentos é reforçado por muitos autores. As organizações são também compostas por estruturas humanas e sociais, com vida própria, que crescem, desenvolvem-se e adaptam-se às exigências da envolvente em que se inserem, interna e externa, mediata em termos de perspectiva económica, tecnológica, cultural, política e demográfica, e imediata nas áreas de análise do cliente, mercado, concorrentes ou sectores de atividade. (António, 2003). De acordo com Robbins (1999) cultura organizacional não seria mais do que um sistema de significados partilhados, conjunto de características chave que uma organização valoriza, onde se incluem sete características básicas, as quais refletem a sua essência. A cultura organizacional, de acordo com Chiavenato (2000) engloba aspectos formais, facilmente perceptíveis, relacionados com as políticas, diretrizes, procedimentos, objetivos, estruturas e tecnologias existentes, e aspectos informais, relacionados com as percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais e normas grupais, caracterizados por um “ iceberg”, aos quais estão associados à parte visível, observável, os aspectos formais, orientados para aspectos operacionais e de tarefas, enquanto os segundos, invisíveis ou ocultos, relacionados com as 19 questões afetivas, emocionais, orientados para aspectos sociais e psicológicos, por vezes difíceis de interpretar e compreender, transformar ou mudar. Para Schien (1992), a cultura organizacional tem subjacentes três níveis: • Os artefactos a que corresponde tudo o que se vê, ouve ou sente na organização, ou seja, os produtos, serviços, tecnologias e padrões comportamentais dos seus membros, visíveis e audíveis, mitos e histórias; • Os valores compartilhados a que correspondem os valores relevantes que se tornam fundamentais para conduzirem as pessoas na realização das suas tarefas, servindo como que a justificação do seu desempenho, normalmente criados pelos fundadores das organizações, validados pelo meio físico ou pela partilha social do grupo; • Os pressupostos básicos, associados a algo mais profundo e íntimo, oculto nos membros da organização, tais como as percepções, valores e sentimentos, os quais definem a que prestar atenção, o que significam as coisas, que ações a tomar em diferentes situações, bem como definem como reagir emocionalmente ao que se passa, que identificam a identidade da organização. De acordo com Chiavenato (2000), podemos verificar a existência de duas vertentes básicas na cultura das organizações. A “ formal”, assente nos múltiplos órgãos que a constituem, nos cargos desempenhados pelos seus membros, na hierarquia da autoridade e responsabilidade dos mesmos, os objetivos, as estruturas e tecnologias postas à disposição na organização. A “ informal”, assente nos grupos informais que se desenvolvem no seu seio, com interesses similares ou opostos, as atitudes e comportamentos assumidos, manifestando percepções favoráveis ou desfavoráveis, as normas de trabalho que diferentes grupos podem assumir, independentemente das definidas institucionalmente, as quais também poderão favorecer ou não a organização como um todo, e por último, os padrões de liderança, conferindo autoridade por vezes informal e como contra poder. Estas poderão ou não colidir com o poder e liderança formal. No fundo a cultura da organização traduz, tal como refere Robbins (1999). “ O sentido e o controle que guia as atitudes e comportamentos dos empregados”. Numa segunda perspectiva, Schein (1984) considera que: “Cultura organizacional é o padrão de pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu e desenvolveu, aprendendo a lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna, e que têm funcionado 20 suficientemente bem para serem considerados suficientemente válidos e serem ensinados aos novos membros como o modo correto de compreender, pensar e sentir, em relação a esses problemas” Neste contexto, Martin (1992) sistematiza a literatura sobre a cultura organizacional, em três categorias – integradora, diferenciadora e fragmentada. Integradora: conforme Caixeiro (2014), do ponto de vista da perspectiva integradora, a cultura é caracterizada pela clareza e consensualidade de valores, pelas interpretações e crenças partilhadas pelos atores organizacionais. Martin (2004) defende que os estudos alicerçados na perspetiva integradora São caracterizados por um padrão de consistência de interpretações em todo o tipo de manifestações culturais, a organização de amplo consenso e clareza. Os estudos inseridos nesta perspectiva veem a cultura como "uma área de significado esculpida numa vasta massa desprovida de significação, uma pequena clareira de lucidez numa selva disforme e escura". Considerada neste domínio, a cultura, não evidencia praticamente nenhuma ambiguidade; Schein (1991), ainda, argumenta que o que é ambíguo não faz parte da cultura (Martin, 2004:8). Diferenciadora: Caixeiro (2014) explica que, a perspectiva diferenciadora encontra na divergência e no antagonismo a essência da cultura organizacional pondo de parte qualquer pretensão de consistência, homogeneidade e consenso, conceções defendidas pela perspectiva anterior. De certo modo, a perspectiva diferenciadora da cultura organizacional faz lembrarmos alguns aspetos presentes no modelo político das organizações onde a organização é comparada a uma arena onde as várias correntes e posições se digladiam com o intuito de colher benefíciosem proveito próprio. Na perspectiva diferenciadora é introduzida a noção de subculturas, podendo estas variar no grau de conflito que estabelecem entre si. Nesta linha, a cultura organizacional Corresponderia ao denominador comum das várias subculturas existentes com a particularidade de nunca ser conceitualizada de forma homogeneizante, até porque parte-se do princípio de que as diferenciações sociais e culturais são inerentes ao sistema social como um todo (Torres, 2004:165). 21 Fragmentadora: A perspectiva fragmentadora parece inspirar-se nos modelos de ambiguidade dado que atribui especial enfoque à ambiguidade na vida organizacional. A ambiguidade resulta de múltiplas causas: a ignorância sobre diversos aspetos, problemas complexos e insolúveis, diversidade de crenças e pontos de vista culturalmente distintos, expetativas difusas e confusão associada a sistemas incompletos e complexos e a tecnologias vagamente articuladas (Torres, 1997). A cultura organizacional estudada a partir da perspectiva fragmentadora regista obviamente forte oposição. Tal como referido anteriormente, Schein (1991a) rejeita a ideia de que a ambiguidade seja parte da cultura. Por outro lado, Alvesson (2002) tem desafiado a necessidade de uma abordagem da cultura organizacional mediante a perspectiva fragmentadora, argumentando que uma análise mais aperfeiçoada às dinâmicas organizacionais proporciona forçosamente a descoberta de pelo menos alguns componentes de incerteza, confusão e contradição. Importa acrescentar que a problemática da cultura organizacional em contexto escolar acompanhou o ritmo e os sentidos teóricos subjacentes ao objeto de estudo mais vasto de cultura organizacional, demandando uma leitura que acautele o seu estatuto de codificadora da própria problemática em que se inscreve, em vez de a tomar como uma espécie de laboratório de teorias concebidas noutros contextos, tempos e espaços organizacionais. (CAIXEIRO, 2014) 4 CLIMA ORGANIZACIONAL Os autores quase chegaram a um consenso de que o clima organizacional é um conceito importante e de grande relevância para a compreensão do comportamento humano nas organizações. Uma forma de entender melhor o conceito de clima organizacional é considerar alguns de suas propriedades. 22 Forehand e Gilmer apud Santos (1999 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 212) definem clima organizacional como sendo o conjunto de características que descrevem uma organização e que: Distingue uma organização da outra; Mantém-se de certa forma permanente; Influencia o comportamento dos indivíduos na organização. Já Tagiuri apud Santos (1999 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 212) define clima organizacional como sendo o conjunto de características que descreve uma organização que: É percebido pelos seus membros; Influência seu comportamento; Pode ser descrito em termos de valores de um conjunto de características da organização. Para Campbell et al. apud Bergamini (1982 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 212), clima organizacional é visto como um conjunto de atributos específicos de uma organização em particular, que pode ser influenciado pela forma como esta organização lida com seus membros e seu ambiente. Para cada indivíduo dentro da organização, o clima assume a forma de um conjunto de atitudes e expectativas, que usam características estatísticas (como grau de autonomia) e variáveis de resultados comportamentais ou eventos de saída para descrever a organização. O termo clima organizacional se refere especificamente às propriedades motivacionais do ambiente organizacional, ou seja, aqueles aspectos internos da empresa. Esse clima trará algumas variáveis, essas variáveis farão com que as pessoas tenham diferentes graus de satisfação que auxiliam na motivação, podendo ser afetados pelos comportamentos positivos e negativos que ocorrem no ambiente de trabalho, como disputas, conflitos intensos e em casos extremos pode ser agressivo, turbulento, não qualificado, etc. Toledo e Milioni (1986 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 213) conceitua o clima organizacional como o conjunto de valores, atitudes e padrões de comportamento, formais e informais, existentes em uma organização. Chiavenato (2002 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 213) entende que o clima organizacional se refere ao ambiente interno que existe entre os participantes 23 da empresa, ou seja, a atmosfera psicológica e característica existente em cada organização. Está intimamente relacionado com o grau de motivação dos seus participantes. Assim, o clima organizacional é o ambiente humano no qual as pessoas de uma organização fazem os seus trabalhos. É necessário identificar o comportamento de cada um dos parâmetros, visando à percepção daquilo que pode ser considerado como graus alto e baixo em relação a cada um, bem como eventuais lacunas dentro de categorias, preliminarmente, determinadas (CODA, 1992, p.76). O clima organizacional pode ser classificado como alto e baixo. Alto quando há elevada motivação entre os participantes, proporcionando relações de satisfação, de animação, de interesse e colaboração entre os seus participantes. Conforme Robbins (2002, p. 67): [...] a satisfação com o trabalho é a atitude geral de uma pessoa em relação ao trabalho que realiza. Uma pessoa que tem um alto nível de satisfação com o seu trabalho apresenta atitudes positivas em relação à ele, enquanto aquela insatisfeita apresenta atitudes negativas. Baixo, quando há baixa motivação entre os membros por frustrações ou barreiras à satisfação das necessidades individuais. Entre esses dois níveis existe o clima neutro, que é o ponto intermediário, ou seja, é indefinido. Com isso, o clima organizacional representa o ambiente interno existente entre os membros da organização e está intimamente relacionado com o grau de motivação existente. Bergamini e Coda (1997) declaram que, geralmente, os níveis de satisfação no trabalho encontram-se tão baixos que se torna difícil afirmar que os fatores relativos ao clima organização têm apenas um papel indireto em relação à motivação. Muitas vezes, esses fatores são confundidos com a própria motivação direta, havendo uma convicção de que os funcionários somente dão valor aos fatores externos e não ao trabalho em si. O clima depende de várias condições, tais como as condições econômicas da empresa, o estilo de liderança utilizado, as políticas e valores existentes, a estrutura organizacional, as características das pessoas envolvidas na empresa, a natureza do negócio e a fase de vida da empresa. Curiosamente, esses determinantes do clima organizacional afetam a motivação das pessoas e estimulam seus componentes em diversos graus de satisfação e produtividade. Conforme destaca Luz (1996), as variáveis que influenciam o clima organizacional, a supervisão, salário, desenvolvimento profissional, “feedback”, o trabalho em si, estabilidade no emprego 24 e benefícios. Vianna (1999) acrescenta outras cinco que podem vir a influenciar o clima nas empresas: desafio, realização e satisfação, valorização e reconhecimento, participação e, por último a integração. Segundo Chiavenato (1999 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 214), este conceito envolve uma visão mais ampla e flexível da influência ambiental sobre a motivação. É a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influência no seu comportamento. Refere-se ao ambiente interno existente entre as pessoas que convivem no meio organizacional e está relacionado com o grau de motivação de seus participantes. Litwin e Stinger apud Santos (1999 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 214), ao estudarem o clima organizacional, utilizaram um questionário baseado em nove dimensões que explicariam o clima organizacional existentenuma determinada empresa e cada uma dessas dimensões se relaciona com certas propriedades da organização, tais como: estrutura, responsabilidade, recompensa, desafio, relações, cooperação, padrões, conflito e identidade. Para Souza (1978 apud TANIGUCHI, COSTA, 2009, p. 214), clima organizacional é um fenômeno resultante da interação dos elementos da cultura organizacional, é uma consequência do peso de cada um dos elementos culturais e seu efeito sobre os outros dois. Uma excessiva importância dada à tecnologia leva a um clima desumano; a pressão das normas cria tensão; a aceitação dos afeitos, sem descuidar os preceitos e o trabalho, leva ao clima de tranquilidade e confiança. É importante enfatizar que desde que mantido um bom clima organizacional, a autoestima da empresa pode ser identificada. Ao adotar um plano de autoestima, o resultado será sempre um bom clima organizacional, a satisfação mais efetiva das necessidades do cliente, maior produtividade e, portanto, uma vantagem sobre os concorrentes. 4.1 Comportamento Organizacional X Clima Organizacional Não são sinônimos, mas existe uma estreita relação entre o conceito de clima e o conceito de cultura organizacional, pelo que se recomenda desvendar os principais elementos culturais da organização antes de começar a investigar e analisar o clima. 25 A cultura pode ser vista como um conjunto de valores válidos em uma empresa, seus relacionamentos e estrutura hierárquica. Define os padrões de comportamentos e atitudes que regem as ações e decisões mais importantes. É evidenciada na maneira como as pessoas se relacionam e a forma como os líderes se organizam e se comportam diante dos funcionários prova isso. De acordo com Schein (1985), a cultura organizacional pode ser entendida como um conjunto de pressupostos básicos criado, desenvolvido ou descoberto em um processo de aprendizagem coletivo para lidar com os problemas socioemocionais dos membros do grupo e que permite às organizações se adaptarem às demandas externas. A Cultura apresenta um forte e crescente impacto no desempenho da organização, sendo sua personalidade, seu comportamento e sua mentalidade, ou seja, sua cultura organizacional um fator de reconhecimento das empresas (CHIAVENATO, 2010 apud WILBERT, CRUZ, 2014, p. 3). Dessa forma, também individualiza a organização perante as demais. Em se tratando de clima organizacional é o que retrata o ambiente organizacional como sendo fundamentado no sistema de valores da organização, mas tende a apresentar esse ambiente social em termos estáticos, como um conjunto de dimensões fixas. Por isso, o clima é considerado relativamente temporário, sujeito ao controle direto, e amplamente limitado pelos aspectos do ambiente social que são conscientemente percebidos pelos profissionais da empresa. O clima organizacional por meio da administração, da forma de liderança, e da estrutura organizacional, contribui na modelagem do comportamento dos funcionários. Dessa maneira, pode haver um acréscimo na eficácia por intermédio de um clima que satisfaça a pretensão dos indivíduos e que direcione o comportamento gerado para consecução das atividades organizacionais (MCCLELLAND, 1972 apud GOMES, 2002). Conforme explicam Wilbert e Cruz (2014), a eficácia empresarial está na dependência de adequar os padrões culturais aos desafios que a empresa vive numa determinada época. Todas as organizações possuem um propósito que originou a sua criação, sendo a cultura um elemento importante para o alcance desse propósito. A cultura organizacional constitui-se de um mecanismo de padronização e previsibilidade do comportamento das pessoas, por se caracterizar como um conjunto de valores que as pessoas cultivam e acreditam. Isso revela a importância dos papéis dos colaboradores no reforço da cultura da empresa. 26 Ainda conforme o autor, os valores organizacionais podem ser utilizados, com outras medidas, para avaliar a cultura organizacional, podendo determinar a percepção que os colaboradores e gerentes têm. Dessa maneira, esta abordagem torna-se relevante tanto em nível macro (ou institucional) quanto em nível micro (ou individual). Segundo Chiavenato (2010 apud WILBERT; CRUZ, 2014, p. 3) cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e expectativas, compartilhadas por todos os membros da organização. Ela se refere ao sistema de significados compartilhados por todos os membros e que distingue uma organização das demais. 5 O INDIVÍDUO, A SOCIEDADE E A ORGANIZAÇÃO: PERSONALIDADE, PAPÉIS E VALORES Segundo Robbins (2005, p. 6), o comportamento organizacional se preocupa com o estudo do que as pessoas fazem nas organizações e de como este comportamento afeta o desempenho das empresas. Como este estudo está voltado especificamente para situações relacionadas ao emprego, enfatiza-se o comportamento relativo a funções, trabalho, absenteísmo, rotatividade, produtividade, desempenho humano e administração. Todo indivíduo está cercado por outros no nascimento. Inicialmente, vivíamos apenas com a família e amigos próximos, o que moldou nosso comportamento de acordo com as características do grupo social em que vivemos. Em nosso desenvolvimento, nossos grupos de convivência social estão se expandindo e nosso aprendizado também está se expandindo. Porém, embora recebamos todos os estímulos do meio externo, esses estímulos vão moldando gradualmente nossa atitude e personalidade, mas cada pessoa é única, sem padrões de percepção, emoção, motivação e comportamento, e também única. Cada um tem seu próprio conjunto de características, que o definem e orientam suas atitudes e comportamentos. Jung (1971) demonstrou que as pessoas têm diferentes características comportamentais, habilidades, aptidões, atitudes e motivações que vão caracterizar os tipos psicológicos. O modo preferencial de uma pessoa reagir ao 27 mundo deve-se dentre outras, à herança genética, às influências familiares e às experiências que o indivíduo teve ao longo de sua vida. O comportamento define como a pessoa reage aos estímulos que encontra no ambiente, de acordo com suas percepções, valores, estado emocional, personalidade e a visão que ela tem de si mesmo. Por exemplo, o copo de água pode estar meio cheio ou meio vazio; depende de quem o está vendo. As diferenças individuais fazem com que os comportamentos de cada indivíduo sejam distintos, uma vez que cada um teve suas experiências de vida, sua personalidade e valores moldados de maneira única. Por isso, torna-se tão importante conhecermos o campo das atitudes, personalidades e valores. A abordagem essencialmente comportamental considera a existência de fundamentos biológicos para o comportamento, mas sua ênfase está no fato de que a maior parte do comportamento humano é aprendida e que observar as condições em que o comportamento é aprendido é importante para que se compreenda a personalidade humana (LUNDIN, 1977). A sociedade é outro ponto de pesquisa importante, porque o estímulo que recebemos do ambiente social em que vivemos e o papel social que desempenhamos ao longo de nossas vidas são vitais para o desenvolvimento de nossa personalidade e, em última análise, definem nossos padrões de comportamento pessoal e profissional. Cada grupo social possui características próprias de acordo com seus valores e normas. Os estímulos que recebemos dos grupos sociais os quais pertencemos, vão moldando nossa personalidade, que por sua vez determina nosso comportamento. Podemos tomar como exemplo uma empresa que tem uma unidade no Brasil e outra na Alemanha, seus valores, hábitos, clima e cultura são diferentes. Claro, o estímulo será diferente. As características pessoais das pessoas que compõem os dois departamentos de uma mesma empresa serão definitivamente muito diferentes.De acordo com Chiavenato (2014 apud SILVA, 2018, p. 4), as organizações nada mais são do que um conjunto de pessoas que combinam seus esforços para alcançar um objetivo comum e chegarem a resultados que não teriam condições de conquistar individualmente. Por esse motivo, torna-se essencial compreender as pessoas e os grupos nas organizações como determinantes do comportamento organizacional. O sucesso organizacional depende, muitas vezes, do empenho de 28 muitas pessoas, sejam indivíduos ou grupos, que são os responsáveis em transformar a matéria-prima em produto final, seja esse produto um bem ou um serviço. Ao conhecer o modo como uma organização se comporta, tornamo-nos líderes mais eficazes, aprendendo a nos relacionar melhor com as pessoas dentro das organizações e a perceber quais são as melhores maneiras de motivar cada equipe de trabalho e como conduzir as negociações em tomadas de decisões e resoluções de conflitos com cada equipe de trabalho. Além de trazer benefícios para os gestores e para os colaboradores nas relações humanas, o investimento em comportamento organizacional também pode trazer retorno financeiro para a organização, uma vez que a produtividade tende a aumentar e a qualidade dos produtos e/ou serviços também melhora, já que os colaboradores passam a trabalhar de forma mais eficaz e autogerida (CINTRA, 2016). Quando investimos em comportamento organizacional, estamos investindo na organização. Entender e aprimorar o comportamento organizacional traz investimento no desenvolvimento das habilidades pessoais e profissionais apropriadas para cada equipe de trabalho. Ao investirmos no crescimento pessoal de cada colaborador, acabamos por motivá-lo através de sua realização pessoal no trabalho, por exemplo, melhorando, assim, seu desempenho dentro da organização. Conforme descreve Souza (2016) a melhoria da eficácia organizacional é um dos principais benefícios alcançados quando investimos no campo do comportamento organizacional, pois compreender os comportamentos e as atitudes dos indivíduos e grupos com os quais estamos trabalhando é fundamental para assumir o papel de liderança que seja adequado para motivar e estimular o crescimento contínuo. Assim, tanto o colaborador consegue alcançar seu crescimento profissional quanto a organização continua crescendo e se desenvolvendo no mercado. 5.1 Atitudes Podemos definir atitude como a forma de uma pessoa reagir a estímulos, podendo ser uma pessoa ou um objeto, uma ideia ou uma situação. A atitude de uma pessoa está diretamente relacionada à sua percepção, personalidade e motivação, e afeta seu comportamento e relacionamento no ambiente organizacional. 29 As atitudes possuem três componentes: cognitivo, afetivo e comportamental. Ou seja, antes que a ação seja colocada em prática, deve-se pensar sobre o assunto utilizando os conhecimentos que já possui, sentimentos positivos ou negativos se refletem sobre este pensamento, que acabam se manifestando em forma de comportamento, que é a ação propriamente dita, ou seja, a atitude em si. É fundamental destacar que esses três componentes estão diretamente interligados, como exemplifica a figura a seguir, utilizada por Robbins e Judge (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 12) para exemplificar os componentes da atitude. 5.2 Personalidade Personalidade pode ser definida como a forma de pensar, sentir, expressar e agir, que se combinam para se tornar o padrão de comportamento único de cada pessoa, tornando cada pessoa única. Esses processos geralmente são estáveis e determinam as características do comportamento ao longo da vida de cada pessoa. Vários estudos já foram realizados com o objetivo de compreender os determinantes da personalidade, mas a maioria dos especialistas concordam que a personalidade é formada tanto por fatores genéticos, ou hereditários, quanto por fatores ambientais, ou educacionais. Robbins e Judge (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13) e McShane e Von Glinow (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13) citam estudos realizados com irmãos gêmeos que foram separados com apenas algumas semanas de vida por 39 anos e tinham muitos comportamentos semelhantes, 30 como fumar a mesma marca de cigarro, ter cães com o mesmo nome, passar férias no mesmo lugar, ter hobby igual, carros da mesma marca e cor. No entanto, embora a personalidade seja profundamente influenciada pela hereditariedade, fatores ambientais também afetam seu desenvolvimento. A experiência de vida, socialização e todas as interações com o ambiente, especialmente nos primeiros anos de vida, também são responsáveis pelo desenvolvimento da personalidade. Lewis (2001) conclui que uma análise do comportamento em seu contexto pode ser a melhor maneira de se entender a natureza mutável da personalidade. O estudo de Roberts, Caspi e Moffitt (2003) encontra que mudanças nos traços de personalidade estão relacionadas a experiências no ambiente de trabalho. Os valores culturais, éticos, sociais e econômicos dos grupos (família, escola, bairro, cidade, estado, país, etc.) aos quais pertencemos no processo de desenvolvimento têm um impacto significativo na formação de nossa personalidade. Outro fator importante que afeta nossa personalidade é a situação do lugar onde estamos inseridos, porque embora a personalidade seja coerente e estável, ela muda de acordo com a situação em que nos encontramos. Se uma pessoa é do tipo falante, extrovertida e risonha, mas em uma biblioteca que precisa de silêncio, ela certamente agirá de acordo com as normas exigidas pelo local e permanecerá em silêncio. Fraley e Roberts (2005), apresentam que, os traços de personalidade são mutáveis e, em essência, podem ser alterados. As características mais duradouras que definem a nossa personalidade são chamadas de traços de personalidade, que descrevem nossas principais qualidades e particularidades, que acabam por definir nosso comportamento, tais como, agressividade, timidez, preguiça, ambição, submissão, lealdade, espontaneidade, dentre outras. Um dos modelos de tipologia de personalidade mais utilizados nas organizações por Robbins e Judge (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13), McShane e Von Glinow (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13), Robbins (2005 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13) e DuBrin (2006 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 13) é a Classificação Tipológica Myers-Briggs (MBTI), que classifica a personalidade das pessoas baseada em indicadores de tipologias definidas pelo psiquiatra Carl Jung como: 31 Introvertidas: pessoas mais reservadas, tímidas e quietas; ou extrovertidas: pessoas mais expansivas, sociáveis, comunicativas e assertivas; Sensoriais: são adeptas da rotina, práticas, concretas, realistas; ou intuitivas: imaginativas, abstratas, com foco no futuro, possuem visão mais ampliada das situações; Racionalistas: com raciocínio lógico e objetivo, são impessoais; ou sentimentais: empáticas e solidárias, utilizam as emoções e os valores pessoais; Julgadoras: organizadas, estruturadas, controladoras, orientadas por cronogramas; ou perceptivas: espontâneas, adaptáveis, flexíveis, focadas em oportunidades. A combinação desses traços de personalidade contém diferentes tipos de personalidade, que podem ser divididos em: idealistas, administradores, pesquisadores e ativos. Há também o modelo dos cinco fatores da personalidade, também conhecido como Big Five. Esse modelo foi amplamente pesquisado e resultou em cinco principais fatores, descritos por Robbins e Judge (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 14) e McShane e Von Glinow (2014 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 14), que são: Extroversão: caracteriza indivíduos expansivos, sociáveis, enérgicos, falantes, assertivos, sendo que seu oposto é a introversão; Sociabilidade: caracteriza indivíduos afetuosos,simpáticos, carismáticos, prestativos, tolerantes, flexíveis, altruístas, sendo que seu oposto tende a ser pouco colaborativo e pouco sociável, desconfiado e autocentrado; Escrupulosidade: caracteriza indivíduos persistentes, confiáveis, responsáveis, organizados, detalhistas e metódicos, focados em metas, sendo seu oposto as pessoas irresponsáveis, desorganizadas, que se distraem com facilidade e pouco confiáveis; Abertura à experiência: caracteriza indivíduos criativos, curiosos, com sensibilidade artística, intelectual e abertos para novidades. Seu oposto 32 são as pessoas mais convencionais e que se sentem seguras com as coisas que lhe são familiares; Estabilidade emocional: caracteriza indivíduos seguros, calmos, autoconfiantes e com boa habilidade para enfrentar o estresse. Seu oposto, também conhecido como neuroticismo, caracteriza-se por indivíduos ansiosos, tensos, inseguros, deprimidos. 5.3 Valores Os valores pessoais de um indivíduo começam a ser aprendidos na infância, e vão se moldando de acordo com os valores dos grupos sociais em que ele está inserido, que são aqueles mesmos grupos que moldaram sua personalidade. Como um conjunto de princípios fundamentais, os valores humanos são aprendidos por pessoas de determinada cultura, sociedade e instituições (Gouveia, 2003). Em geral, esses valores são aprendidos com base em pessoas próximas ou personalidades que admiramos e tomamos como modelo e passamos a nos identificar. Esses valores pessoais dizem respeito às crenças que são importantes para que o indivíduo oriente sua vida, guiando sua conduta. Podemos afirmar que nossos valores guiam nossas decisões no cotidiano, orientando-nos a agir de acordo com a moral e a ética aprendida durante a nossa vida. A maneira como organizamos nossos valores em escala de importância compõe nosso sistema de valores. Rokeach (1973) sugere que “os valores são representações cognitivas e transformações das necessidades” (p. 20). Cada pessoa possui sua escala de valores de acordo com o que aprendeu em sua vida e o que considera importante. Essa escala de valores norteia todas as decisões que cada pessoa toma na sua vida, sejam elas decisões pessoais ou profissionais. Por isso, torna-se fundamental entendermos os valores de uma pessoa, já que eles são os motivadores das atitudes e comportamentos das pessoas e acabam por influenciar suas percepções. Os valores representam uma natureza relativa e universal, possuindo um conteúdo variável, mas com uma mesma estrutura em todas as épocas, rearranjando as suas propriedades axiológicas (Gouveia, 2012). Os valores podem ser classificados em dois tipos, segundo pesquisa realizada por Rokeach, como podemos observar na literatura. Rokeach criou dois conjuntos de 33 valores denominados valores terminais, que se referem aos objetivos finais desejáveis, e valores instrumentais, que dizem respeito aos meios para alcançar estes objetivos finais, ou seja, como atingir os valores terminais. Podemos citar exemplos de valores terminais, incluindo prosperidade, liberdade, reconhecimento social, saúde e bem-estar, respeito e admiração, fraternidade, paz mundial entre outros. Como exemplos de valores instrumentais, podemos falar sobre competência, mente aberta, disciplina pessoal, ambição, bondade, defesa de seus ideais, trabalho para o bem-estar dos outros, etc. Para Schwartz e Bilsky (1987), Tamayo e Paschoal (2003) e Porto e Tamayo (2007), os tipos motivacionais estão organizados pelo interesse a que servem. Assim, pode-se observar que 48 tipos motivacionais de valores como Autodeterminação, Estimulação, Hedonismo, Realização e Poder servem a interesses individualistas, pois se relacionam diretamente com o próprio indivíduo como, por exemplo, os valores prazer, sucesso e prestígio. Para se avaliar o nível de interação entre colaboradores e organização, segundo Tamayo (1999), faz-se necessário a análise dos valores organizacionais. Certamente, os valores entre as pessoas e as organizações variam. Para haver conforto e bom relacionamento entre indivíduo e organização, precisamos buscar a congruência de valores entre eles, que é simplesmente uma hierarquia na escala de valores pessoais do indivíduo e da organização que sejam semelhantes. De acordo com Schwartz (2005a, 2006), a divisão dos valores individuais em tipos motivacionais de valor representa uma convenção conceitual sobre onde começa um conjunto de valores e onde termina o outro na estrutura circular. Desse modo, as diferenças motivacionais que caracterizam cada tipo de valor não seriam discretas, mas contínuas, isto é, formariam um continuum motivacional. Quando existe essa congruência de valores, a probabilidade de que os colaboradores estejam mais satisfeitos no ambiente de trabalho é maior, aumentando também a lealdade com a organização, o comprometimento com o trabalho e diminuindo o estresse e o turnover. No entanto, também pode ser positivo para a organização contratar colaboradores que não sejam tão congruentes com os valores da organização, de modo a estimular a criatividade e a flexibilidade organizacional, buscando crescimento constante da organização através de novas ideias. 34 A congruência de valores deve existir sempre em relação às normas de conduta, principalmente no que diz respeito à conduta ética e moral vigente nas relações existentes entre a organização e os colaboradores, e da organização para com a sociedade e comunidade na localidade onde está inserida. Para Tamayo (1999), conhecer a real percepção que os membros possuem sobre os valores organizacionais é vital para que a organização possa elaborar estratégias para o desenvolvimento e a manutenção de um ambiente de trabalho que possa propiciar o desenvolvimento das pessoas e dos processos nas organizações. Quando os valores da organização e do colaborador não se assemelham, o comprometimento com a organização diminui e a relação entre eles se desgasta rapidamente, o que faz com que o colaborador acabe deixando a organização. Portanto, para temos comportamentos éticos nas organizações, precisamos implantar em nosso código de conduta valores éticos para guiar o comportamento dos colaboradores e da organização como um todo. 6 RELAÇÕES INTERPESSOAIS Desenvolvimento interpessoal é parte essencial das discussões sobre o comportamento organizacional, pois diz respeito às relações humanas e trata do processo de desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitam o relacionamento saudável e produtivo entre pessoas, considerando o contexto em que estão inseridas. Pode ser definido como: “a capacidade de estabelecer e manter interações sociais simultaneamente produtivas e satisfatórias diante de diferentes interlocutores, situações e demandas” (DEL PRETTE, DEL PRETTE, 1998, p. 205- 206 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 108). No contexto organizacional, o desenvolvimento interpessoal assume importância significativa, tendo em vista que, mesmo em atividades isoladas e individuais, as pessoas precisam relacionar-se umas com as outras para realizar seu trabalho. Dessa forma, podemos entender que os resultados do trabalho de uma pessoa ou de uma equipe dependem em grande parte da qualidade das relações interpessoais que desenvolve. Neste contexto, Albuquerque (2012), complementa sobre o relacionamento interpessoal: 35 A valorização dos relacionamentos vem tomando forças no perfil profissional que as organizações exigem. Onde se buscava, acima de tudo, experiência técnica, hoje se ganhou espaço para habilidades comportamentais de flexibilidade, inteligência emocional, criatividade, entre outras. Não basta somente ser um excelente técnico, temos que também perceber e respeitar as diferenças de cada membro da equipe. A situação atual é de grande complexidade, em que as mudanças são constantese se refletem na competitividade das organizações, no processo produtivo, nas relações de trabalho e nas relações interpessoais. Essa realidade nos mantém diante de novos desafios e exige inovação e revisão de conceitos e atitudes. Em outras palavras, requer o desenvolvimento de novas habilidades. Um conceito de competência bastante aceito no meio acadêmico foi proposto por Le Boterf (2003 apud SILVA; TEIXEIRA, 2012, p. 199 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 108): “competência pode ser entendida, em sentido amplo, como um saber em ação”. Seguindo essa definição, alguns autores propõem, ainda, que uma determinada competência é composta por três elementos, que compõem o modelo chamado de CHA: Conhecimentos: dizem respeito às informações adquiridas por cursos de formação, capacitação, leituras, entre outros. Esse conjunto de informações compõe o “saber, saber o que fazer”. Habilidades: são desenvolvidas por meio da experiência, de colocar em prática aquilo de se sabe. Elas compõem o “saber fazer, saber como fazer”. Atitudes: são definidas a partir do conjunto de valores, crenças e princípios que adquirimos com a convivência social. São elas que motivam e acionam o comportamento. Refletem, portanto, o “querer ser, querer fazer, estar motivado para”. Esses elementos atuam de forma combinada na geração de comportamentos. Dentro dessa perspectiva, para que um profissional seja considerado competente em determinada situação, já não basta que possua conhecimentos específicos de sua área de atuação profissional, é necessário que também desenvolva habilidades diversificada e tenha atitudes coerentes a cada situação. Há algum tempo, as organizações vêm se dedicando a compreender e desenvolver competências técnicas de seus colaboradores, especialmente no acesso a informações qualificadas e programas de capacitação e de formação que 36 possibilitam o aumento do conhecimento e habilidades necessários à execução de tarefas inerentes a sua função. No entanto, mais recentemente, pode-se dizer que há um consenso entre os estudiosos do comportamento humano no trabalho sobre a importância do desenvolvimento de competências comportamentais, aquelas que possibilitam o aprimoramento de comportamentos adequados a cada situação. “O domínio de determinadas Competências leva profissionais e organizações a fazerem a diferença no mercado”... (GRAMIGNA, 2007, p.21) Pesquisas focadas na área de gestão de pessoas mostram que grande parte dos profissionais, embora tenha alto desempenho técnico, mostra dificuldade de evoluir profissionalmente ou mesmo manter-se empregada por falhas decorrentes da falta de competências comportamentais. De acordo com FLEURY: ...”Competência é um saber agir responsável e reconhecido, que indica mobilizar, integrar, transferir conhecimento, recursos, habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo (Apud Leme, 2005, p. 17). Dentre as competências comportamentais mais destacadas nas pesquisas está a competência interpessoal, que se refere à “habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada um e às exigências da situação” (MOSCOVICI, 1997, p. 35 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 109). Essa competência, então, diz respeito à forma como nos comunicamos, nos relacionamos e trabalhamos com as outras pessoas no dia a dia. Ela depende, portanto, da nossa maneira de ser, pensar e agir. Conforme descreve Moscovici (1981), um dos elementos essenciais da competência interpessoal é a percepção. A forma como percebemos o mundo, os outros e os fatos afetam diretamente a forma como agimos, ou seja, a ação parte de “dentro para fora”. Assim, é preciso ter um bom nível de autoconhecimento para que tenhamos uma visão apurada das situações que vivemos e possamos nos colocar de forma adequada e realista a cada situação. O autoconhecimento é desenvolvido por meio da reflexão, do feedback ou, até mesmo, de treinamentos vivenciais ou processos terapêuticos; ele envolve a auto percepção, autoconscientização e a auto aceitação. Dessa forma, podemos conhecer nossas qualidades e potenciais, bem como nossas limitações e dificuldades, buscando adequar a nossa percepção a realidade e ao contexto. 37 Outro componente importante da competência interpessoal é a habilidade em si: ter flexibilidade para ver a mesma situação de formas diferentes, por outros ângulos (por exemplo: o do outro), além de ter criatividade para buscar soluções alternativas e não usuais para as diferentes situações que se apresentam. O terceiro elemento importante é o relacionamento em si. Os relacionamentos ocorrem na dimensão cognitiva e na dimensão afetiva/emocional. É preciso considerar ambas para que os relacionamentos se fortaleçam e sejam duradouros. (MOSCOVICI, 1981) Uma maneira diferente e interessante de entender a competência interpessoal é o modelo, chamado de “Inteligência Emocional”. Inteligência emocional significa “a capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos” (GOLEMAN, 1999, p. 337 apud CINTRA; DALBEM, 2016, p. 110). Esse modelo foi proposto por Daniel Goleman, a partir do trabalho de outros pesquisadores, visando a sua aplicação direta ao mundo do trabalho, diferenciando-a da capacidade intelectual. Em sua compreensão, a Inteligência Emocional é tão ou mais importante que a intelectual, pela forma como pode potencializar resultados positivos nos relacionamentos pessoais e profissionais. O modelo de Inteligência Emocional de Goleman compreende cinco competências emocionais básicas: auto percepção, autor regulação, motivação, habilidades sociais e empatia. Inicialmente, é importante diferenciar que, para Goleman, auto percepção, auto regulação e motivação fazem parte de um subconjunto, que ele denomina de competência pessoal ou a maneira que uma lida consigo mesmo. Já a empatia e as aptidões sociais formam o subconjunto de competências sociais, que definem como lidamos com o relacionamento com “os outros”. O que faz essa proposta interessante é que Goleman também desenvolveu um mapeamento dessas competências, detalhando cada uma delas em comportamentos que podem ser desenvolvidos. É possível compreender que os relacionamentos interpessoais são essenciais, parte de nossa vida e que praticamente não há como vivermos ou trabalharmos sozinhos. Chiavenato (2000 in Ventori & Garcia, 2004), entende que a reciprocidade de comportamentos pode incentivar à cooperação, e na maior parte das vezes é considerado um dos objetivos essenciais dentro das organizações. No entanto, criar 38 e manter relacionamentos saudáveis pode se tornar uma tarefa complexa, pois além de buscarmos desenvolver nossa competência interpessoal, temos que fazer isso de forma interdependente com os “outros”. Nesse contexto, é natural que surjam divergências ou conflitos, então vamos tentar entender conceitualmente como isso funciona. Os conflitos são atritos entre diferentes indivíduos ou grupos nos quais a competição e discussão geram características específicas dos seres humanos, assim causando desacordos construtivos para alcançar a transformação, mudanças e inovação. Segundo Chiavenato (2009, p. 203), “Conflito significa existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes podendo se chocar”. Conforme Steiner (1997, p. 162) o ambiente interno das empresas são os lugares onde mais se escondem mentiras, segredos e jogos de poder. Geralmente estas ações não surgem unicamente dos gerentes e patrões, mas sim dos próprios colaboradores de forma sutil e discreta e não abertamente. Por serem conduzidos desta maneira, acabam gerando fofocas, brincadeiras de mau gosto e desavenças
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