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Sócrates, Sofistas, Platão, Aristóteles- Parte 2 Atualizado

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Platão
Platão 428 a.C – 347 a.C
Platão é conhecido comumente como o filósofos das ideias. Em resumo, “Platão interessava-se pela relação entre aquilo que, de um lado, é eterno e imutável, e aquilo que, de outro, ‘flui’. (Gaarder, pág97. 1995)
Como Sócrates, tocava nestas ideias, quando referidas a moral do homem e das ideias ou virtudes da sociedade.
Contudo Platão não era somente o filósofos da ideias. Ele foi o primeiro dos homens a defender a igualdade de direito e isto pode se visto em sua obra A República. Dialogo em que ele imagina a cidade perfeita.
Vale ressaltar que ele achava que as mulheres eram tão capacitadas quanto os homens para governar. Isto porque os governantes deveriam dirigir o Estado com a razão. Platão acreditava que as mulheres tinham a mesma razão que os homens, bastando para isto que recebessem a mesma formação que os homens e fossem liberadas do serviço de casa e da guarda das crianças. (Gaarder, pág107. 1995) 
Mas antes que seja aborda a ideia de igualde e justiça em Platão, será exposto a filosofia que marcou sua identidade. As ideias e a imortalidade da Alma.
Platão formula a teoria das ideias como uma forma de contra argumentar a teses dos sofistas, que se baseavam na ideia de que tudo é relativo, que não existe uma verdade absoluta. Tal hipótese, soava um absurdo para Platão. Por mais que, e ele sabia muito bem, que a realidade está constantemente mudando, haveria coisas que não morrem e muito menos mudam. Caso contrário, de acordo com Platão, viveríamos na dimensão da doxar (opinião) e não haveria um conhecimento a cerca delas, pois elas nunca seriam nada. Como conhecer algo que constantemente muda? 
Platão vai dizer: As coisas que não mudam, são chamadas de ideias. As ideias são eternas e imutáveis e as mudanças fazem partes dos reflexos das imagens. Ou cópias. 
Ex: Imaginem um prédio, uma obra de arte, um celular, ou qualquer coisas que exista de fato. O que eram elas antes de existir? Eram ideias! Quando passaram a existir, vieram com todas as imperfeições. E o que são feitos com as imperfeições? São substituídas. Mas a ideias das coisas permanecem perfeitas. 
O que não muda são as ideias das quais as coisas são mera cópias que se corrompem com o tempo. As coisas podem mudar de forma e tamanho, mas por ex, 2+2 sempre serão 4 e a soma dos ângulos internos de um triângulos será sempre 180º. O que quer dizer é que aquilo que conhecemos da realidade fazem partes dos sentidos, que constantemente nos enganam, e as verdades que estão para além da realidade, pode ser conhecidas através da episteme (conhecimento).
Assim, Platão formula a teórica das ideias para mostrar que não há varias verdades, como havia ditos os sofistas. O que existe de fato, são reflexos da verdades. Pois a Verdade está contidade em todas as coisas e por isso conseguimos, não só distinguir uma coisa da outra, mas identificar igualdades.
Por ex: Platão levanta a seguinte duvida. O que há de comum em todos os cavalos? Pode um cavalo ser vaca ao mesmo? Quando plantamos uma semente de uva, pode nascer morangos?
O que nos faz identificar um cavalo, uma vaca, ou para que uma semente de uva seja uva e não moranga é que: Vai dizer Platão: Há uma participação das coisas nas ideias. A ideias, sendo a Verdade absoluta, tudo que é, é porque participa diretamente da ideia daquilo que o faz ser. Por isso, seja onde estiver, sabemos dizer que um ser humano é humana independente da sua nacionalidade e que um cachorro é cachorro independente da raça. 
As ideias de Platão não é algo inacessível. As ideias estão ligadas diretamente na nossa realidade. Sem a realidade as ideias não fariam sentido, apesar de que elas sempre seriam, independente do ser humano. Para ter acesso a perfeição era necessário um movimento investigativo que seria possível através da racionalidade. E este campo da racionalidade estaria fora do campo da doxar, sendo este campo habitado pelo senso comum. 
Mito da Caverna https://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78
Platão, a partir da alegoria da caverna nos explica as condição da ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro mundo. Ou seja, o mito da caverna é a metáfora usada para mostrar como o ser humano sai do campo da doxar, ou senso comum e como seria possível atingir o verdadeiro mundo, sendo este o mundo perfeito, o mundo das ideias. Muito se pode retirar do mito da caverna, pois o que e mostrado, essencialmente, é a teoria do conhecimento, linguagem e educação para a construção de um Estado perfeito.
De acordo com o mito da caverna, o mundo sensível era aquele experimentado a partir dos sentidos. Observando as obscuras sombras deformadas passando pela luz da fogueira e os ecos das vozes e dos sons de pessoas, animais e carroças que entravam pelos orifícios da caverna. Este seria o terrano da imediates, onde se recebe toda a informação e se toma tudo aquilo por verdade última.
O mundo inteligível para atingi-lo, é necessário o esforço, era necessário sofrer na incessante busca contra as amarras das opiniões e suas facilidades. Este mundo, seria atingido somente pela razão. A investigação a destruição das opiniões necessita do ardor, do trabalho, de tempo, do sofrimento, de tudo que as opiniões(doxar), não precisam.
E por isso, muitos preferem permanecer no campo do senso comum, por não precisar escalar nenhuma muro de espinhos, ou percorrer estradas de brasas. 
Assim, o verdadeiro mundo, só seria atingindo quando o indivíduo percebesse as coisas ao seu redor e por meio do pensamento crítico e racional elevar-se as Verdades do mundo. 
Gaarder, Jostein, O mundo de sofia: romance da história da filosofia. São paulo: Companhia das letras, 1995
Vimos que para Platão a realidade se dividia em duas partes:
A primeira parte é o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou imperfeito. (Gaarder, pág102. 1995) E neste campo, tudo flui, nada é eterno.
A segunda parte é o mundo das ideias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro. (Gaarder, pág102. 1995) Mas para isso, deve haver o uso da razão.
Platão
Para Platão, o homem também é um ser dual. Afinal, temos um corpo que é suscetível a corrupção. Portanto, “flui” e que está inteiramente ligado ao mundos dos sentidos, das enganações
E, também, temos uma Alma imortal, que é onde a razão habita. E pelo fato da Alma não ser material ela pode ter total acesso ao Mundo das ideias.
Pelo fato da Alma não ser material, Platão achava que ela já existia antes de habitar o corpo. E ela existia no Mundo das ideias.
Portanto, no momento que a Alma passa a habitar o corpo humano, ela se esquece das ideias perfeitas. No momento que a pessoa passa a ter contado com a natureza, aos poucos uma vaga lembrança vai emergindo dentro da Alma.
Fonte de conhecimento
Então quando a pessoa ver a forma imperfeita, a Alma se lembra da forma perfeita que tivera contado no Mundo das ideias. Platão vai chamar estas lembranças de Reminiscência. Ao mesmo tempo que ocorre está lembrança, no homem um anseio é despertado em um desejo de retornar à verdadeira morada da alma. 
Platão vai chamar este anseio de Eros, (amor). Portanto a Alma experimenta um anseio amoroso de retornar para a sua verdadeira morada. E a partir de então, ela passa a perceber o corpo e tudo o que é sensorial, toda a realidade vivente como imperfeito e supérfluo. 
Alma sente um desejo desenfreado de voltar para o Mundo perfeita. Porém, muitas pessoas se prendem a realidade, deixando levar pelas imperfeições do mundo dos sentidos. E vivendo na total ignorâncias, as pessoas esquecem da imortalidade de Alma e se prendem aos desejos carnais. 
Democracia Grega
A palavra democracia se tornou muito comum nos debates e nas definições atuais do cenário político. Nos dias de hoje, a maioria dos países baseia sua estrutura de governo em princípios democráticos. O termo democracia, no entanto, não possui o mesmo significado em todos os períodos históricos. A democracia como regime políticosurgiu na Grécia antiga, na cidade de Atenas, por volta do ano 502 a.C
Antes da Democracia ganhar o seu espaço, o poder era regido pela Tirania. Do qual o poder continuava na mesma família.
Por causa da Tirania estabelecida na Grécia, o descontentamento forjou subdivisões , chamada demos. Seriam como varias cidades que consideravam cidadão, somente homens acima de 18 anos e que prestaram serviço militar. E estes, como cidadãos, deveriam manifestar extrema fidelidade ao demos para e na participação pública.
De inicio, esta nova ordem estabelecida pelo demos, foi fortemente criticada por filósofos, e principalmente, pelos aristocratas que não viam algo benéfico para os interesses das polis, o sistema baseado no poder popular.
O sistema popular, veio a agradar por causa dos princípios da isonomia, igualdade de direito, e da isagoria, direito à palavra. Por causa destes dois princípios, eram feitos sorteios entre aqueles que tinham interesses em defender o demos e estes sorteio eram feitos, justamente, para evitar que políticos profissionais, os treinados na arte da retórica, ganhassem por meio das discursões. 
Como visto, a noção de cidadania não é igual nos diferentes tempos. Hoje, o que entendemos por cidadania, não pode ser comparada com a noção de cidadão da Grécia antiga, nem em nenhum período. 
A ideia de cidadania na Grécia antiga, estava baseada na vinculação do cidadão com a Polis. Assim sendo, um cidadão de uma cidade, não poderia ser em outra. E para ser cidadão, deveria haver o requisito fundamental. A liberdade. Somente homens livres poderiam ser considerados cidadãos e poderiam opinar pelo destino da cidade. A liberdade era o que ditava o fato de que nem todos poderia ser cidadãos.
Atenas, por ser rica e por conter tamanha predominância cultural, recebia muitos estrangeiros que exerciam ofícios de todos os gêneros, como: professor, músicos, artesãos, comerciantes entre outros. Por isso, foi a primeira cidade a mostrar que todo sistema político necessita de manutenção. Desta forma, foi a primeira a conceder cidadania aos estrangeiros, os chamados metecos. 
Não é difícil de perceber que a ideia de democracia está atrelada a ideia de liberdade de expressão e de defesas de teses políticas em público. Como já explicado antes, os filósofos tinham um interesse exclusivo com a verdade e com isso, um problema que vinha era a manipulação da verdade pelos discursos, que poderia e iria fragilizar o sistema político. A retórica, ou discursos, sendo um ferramenta, ou considerada um arma, até, poderia ser usada para corromper os interesses públicos. Os sofistas, com a arte do convencimento, caberia na corrupção do Estado, pois eles estavam mais preocupados no relativismo das coisas, que propriamente no interesse público. 
Acarretando como ônus, o interesse de classes. O que de certo, fragilizaria a democracia. 
Por conseguinte, a Democracia, criada para diminuir as tensões políticas entre os gregos, acabou virando uma disputa de poder. 
Hoje, quando falamos em democracia, pensamos mais em um governo representativo, de um estado democrático de direito e de garantias de liberdades individuais, o que se distancia em vários aspectos da democracia antiga. Para os antigos, era muito mais difícil reconhecer a ideia de livre-arbítrio e de espaço privado, como imaginamos nos dias de hoje.
Platão não era somente o filósofos da ideias. Ele foi o primeiro dos homens a defender a igualdade de direito e isto pode se visto em sua obra A República. Dialogo em que ele imagina a cidade perfeita
Para Platão a justiça é uma virtude que, olhando com os nossos olhos contemporâneos, não se assemelha em nada no que conhecemos como Justiça.
O que é justiça?
Antes que seja respondida esta pergunta, Platão entende que para encontrar a identidade do que é justiça, vai dizer ele que: “Da mesma forma que o indivíduo é a cidade pequena e a cidade é o individuo grande, a justiça tem que está nos dois para que ela poça ser reconhecida como tal. Ou seja, há uma relação intrínseca entre cidadão e cidade.” 
Concepção politica
Assim, dirá: “Segunda a essência da justiça, um homem justo, não será diferente de um Estado justo, mas sim semelhante” (Platão. Pág. 143, 2019)
Com base nisso Platão da a sua identidade racionalista e o faz na filosofia do Estado. E ele enfatiza que para a criação de um bom Estado é imprescindível o suporte da Razão.
O Estado, sendo um corpo deverá se assemelhar nas seguintes caracterizas do homem: 
Corpo -> Alma -> Virtude -> Estado
Cabeça -> Razão -> Sabedoria -> Governantes 
Peito -> Vontade -> Coragem -> Sentinelas
Baixo ventre -> Desejo -> temperança -> trabalhadores
Da mesma forma que a Razão se alia a Alma, para ordenar as emoções. Os governantes, irão se aliar com os defensores para ordenar os trabalhadores. Porém, só poderá ser feito, por um homem Justo, que Platão vai dizer, que neste homem devera conter as seguintes virtudes.
A temperança: representa a sensibilidade regulamentada. O moderado. Portanto o homem não poderá ter excessos, luxos. Deve ser imparcial.
Coragem: É a justiça do arbítrio, da vontade. Da escolha
Sabedoria: É a justiça do espírito. Que devera ter um justo conhecimento das verdades.
Estas virtudes caberá o homem, não apenas possui-la, mas fazer com que a cidade, também a possua. 
Por causa desta divisão das virtudes feita por Platão, que ele dirá que as mulheres são iguais aos homens. Pois elas contendo as mesma características do homem, poderiam ordenar um Estado, ou seja, participar da vida pública, bastando receber a mesma educação. Por isso, Platão defende a criação de jardins de infância e semi-internatos. Pois a criação das crianças eram de suma importâncias para que fosse deixado a cargo do individuo, mais especifico, das mulheres. 
Platão, tinha uma boa percepção das mulheres, pois chegou a dizer que: “Um Estado que não forma e educa suas mulheres é como um homem que treina apenas o seu braço direito”. (Gaarder, pág102. 1995) 
Platão chega no resultado da igualdade entre homens e mulheres com o seguinte raciocínio. Não é possível exigir das mulheres os mesmo serviços dados aos homens. Portanto, se as mulheres tiverem a mesma educação fornecida pelos homens, não tardara, ambos poderão usufruir dos mesmos recursos. Portanto, deve se ensinar música e ginástica para as mulheres, assim como é feito aos homens e sobre tudo, ensinar à elas a arte da guerra, para que possa ser exigido os mesmo desempenhos. 
Platão, no livro III, expõe a seguinte fábula que diz:
Os deuses que formaram todos, antes de qualquer feitura, ousou definir todos os seres humanos em determinadas posições para que não houvesse discordâncias manifestas na polis. Assim misturou metais na composição que compunha a alma de cada indivíduo: 
Ouro, aos mais hábeis para comandar a polis. Ferro e bronze, ao lavradores e artesãos dos mais variáveis. Porém, poderia acontecer desses, nascerem filhos com rebentos de prata ou feno, ou ,até mesmo, nas transmutações, nascerem Prata do feno, ou feno do bronze. 
Prevendo tais possibilidades os magistrados, hábeis no comando político, trataria de reconhecer cada criança, zelando por suas infâncias, ordenando-as para as determinadas funções que seriam desempenhados até sua morte. Assim, lavradores, seriam lavradores. Artesãos, seriam artesãos. Soldados, seriam soldados. Magistrados, seriam e morreriam magistrados. Todos eram fadados a divisão que nasceram
Justiça
Hoje, isto parece um tanto absurdo, Porém, se olhamos para o tempo que Platão viveu, absurdo, seria isto não existir. Afinal, como vimos, na Democracia ateniense, não existia igualdade e por mais que a educação fosse algo de extremo valor no Mundo grego, como hoje, somente os cidadãos livres tinham direito. O que não incluía, mulheres, crianças e escravos. Aquele que não tivessem recursos para o estudo, seja financeiro ou direito, não estudariam.
Para Platão e todo o mundo Grego, a dimensão pública era de extremo valor.Por isso, o Estado tomaria conta da educação de todas as crianças, com exceção das escravas. Pois da mesma forma que o Estado permitiu Sócrates nascer, o Estado permitiria as obrigações de cada um. E por conseguinte, todas teriam os mesmo benefícios como cidadão. Cabendo as mulheres receberem o direito.
“Os homens afirmam que é bom cometer a injustiça e mau sofrê-la, mas que há mais mal em sofrê-la do que bem em cometê-la.(...)”
“Agindo assim, nada o diferenciaria do mau: ambos tenderiam para o mesmo fim. E citar-se-ia isso como uma grande prova de que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, não sendo a justiça um bem individual, visto que aquele que se julga capaz de cometer a injustiça comete-a (...)”
Platão diz que o esforço para achar o que é justiça é algo, bastante penoso, pois como a justiça se assemelha ao homem, seria fácil dizer a justiça se o homem fosse simples. Como o homem produz mais que o necessário e de luxo se exalta, a justiça, torna-se abstrata. 
Para que a justiça ganhasse forma, Platão vai seguir a ideia de igualde que foi expostas. Como assim?
Primeiro, como as pessoas são naturalmente egoístas, o Estado deveria começar do zero. Pegaria todas as crianças das formações das mães e tomaria conta da formação delas. O Estado seria responsável pela Paideia, sistema educacional que ajudaria as crianças saberem liderar e serem liderados. 
Assim sendo, as crianças sabendo o seu lugar, não iria exercer funções naturais das quais não seriam apitas, quando atingirem a maturidade. Pois ocupar o papel de outra seria considerado furto. Portanto, um lavrador não poderia ser soldado. Tal atitude seria injusto, por tirar a ordem da polis. E o justo seria cada um fazer o que naturalmente é pretenso fazer.
A ideia de Justiça que Platão nos mostra é a noção de igualdade. Afinal, não somente para Platão, mas para o mundo Grego, o justo é o harmônico, ou seja, a cidade que funciona perfeitamente com todos fazendo o trabalho que fora destinado à eles, seria uma cidade justa. Pois nesta cidade não haveria diferentes. 
A principal tarefa da polis é o ato justo de ensinar tudo a todos de maneira igual.
Gaarder, Jostein, O mundo de sofia: romance da história da filosofia. São paulo: Companhia das letras, 1995
Platão, A República. São Paulo: Lafonte, 2019

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