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430 ATLETISMO SE APRENDE NA ESCOLA IV1 Sara Quenzer MATTHIESEN2 Mellissa Fernanda Gomes da SILVA, Vagner Matias do PRADO, Guy GINCIENE,3 Ivan Luis dos SANTOS, Fernando Paulo Rosa de FREITAS.4 Resumo: Considerado como um esporte clássico, o atletismo deveria ser trabalhado, em sua plenitude, no campo da Educação Física Escolar. Não por outro motivo, o objetivo deste trabalho consistiu em viabilizar o ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica, averiguando as principais modificações técnicas, normativas e conceituais ocorridas em suas provas desde suas origens até os dias atuais. Por meio de uma pesquisa histórico-bibliográfica resgatou-se o histórico das provas dos 100 metros rasos, do lançamento do disco e do arremesso do peso, refletindo-se sobre a possibilidade de aplicação em aulas de Educação Física. Com base no desenvolvimento de um mini-curso envolvendo atividades especificamente voltadas ao ensino dessas provas a partir de uma perspectiva histórica, procurou-se criar subsídios capazes de orientar o trabalho do professor de Educação Física em suas aulas. Os resultados advindos da criação desse material e de sua aplicação no campo escolar foram inestimáveis demonstrando que é possível ensinar o atletismo a partir de uma perspectiva histórica em aulas de Educação Física na escola. Palavras-chave: Atletismo, Educação Física Escolar; História do Esporte; Educação. INTRODUÇÃO Considerado como um esporte clássico, passível de ser trabalhado em aulas de Educação Física, o atletismo tem sido um dos alvos dos projetos do Núcleo de Ensino da Prograd/Unesp que tem como preocupação incentivar projetos relacionados à Educação Infantil, Fundamental e Médio do Sistema de Ensino Público bem como suas possibilidades de implementação no que se refere à ações educativas e inclusivas. Assim, com base no Projeto do Núcleo de Ensino “Atletismo se aprende na escola”, iniciado em 2003, como parte das atividades desenvolvidas pelo GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo,5 o projeto para o ano de 2006, tomou um rumo diferenciado. Em linhas gerais diríamos que o projeto abordou um tema inédito no campo da Educação Física ao trabalhar algumas das provas do atletismo a partir de uma perspectiva 1 Apoio: Núcleo de Ensino – PROGRAD/UNESP-2006. GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo. Departamento de Educação Física, UNESP - Rio Claro/ SP. 2 Autora e coordenadora do Projeto “Atletismo se aprende na escola IV” e do GEPPA – Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo da UNESP-Rio Claro. 3 Bolsistas do Núcleo de Ensino – PROGRAD/UNESP-2006. 4 Colaboradores do Projeto “Atletismo se aprende na escola IV”. 5 Sobre o assunto ver: MATTHIESEN, S. Q.; CALVO, A. P.; SILVA, A. C. L.; FAGANELLO, F. R. Atletismo se aprende na escola: o Projeto do Núcleo de Ensino da UNESP/Rio Claro 2003. In: Núcleos de Ensino da Unesp - Publicação 2006. São Paulo: Universidade Estadual Paulista/FUNDUNESP, 2006, p. 587-611, ISBN: 85.7139.663-9. MATTHIESEN, S. Q.; CALVO, A. P.; SILVA, A. C. L.; FAGANELLO, F.R. Atletismo se aprende na escola: Oficinas Pedagógicas. In: Núcleos de Ensino da Unesp - Publicação 2006. São Paulo: Universidade Estadual Paulista/FUNDUNESP, 2006, p. 611-618, ISBN: 85.7139.663-9. 431 histórica, analisando suas possibilidades de aplicação durante aulas de Educação Física na escola6. Para tanto, durante o primeiro semestre do ano de 2006, isto é, de março a julho de 2006, o projeto concentrou-se no desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica – inédita no campo da Educação Física - das provas dos 100 metros rasos, do lançamento do disco e do arremesso do peso, para o que contou com a participação de três alunos (bolsistas do NE – Núcleo de Ensino) e dois colaboradores do GEPPA – Grupo e Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo, sendo um deles professor efetivo da Rede Pública de Ensino de Rio Claro. Foram, portanto, desenvolvidas, entre outras, as seguintes atividades: discussão detalhada do projeto com os bolsistas e elaboração de cronograma de atividades individual para o período da bolsa; contato com o professor de Educação Física da Rede Pública para discussão do projeto e de sua implementação; pesquisa bibliográfica ampla visando identificar as últimas produções no campo do atletismo; organização bibliográfica da produção relacionada ao atletismo, com ênfase numa perspectiva histórica; organização dos endereços eletrônicos capazes de contribuir para a pesquisa histórica do atletismo; divisão do projeto em três etapas: corrida de velocidade; lançamento do disco e arremesso do peso, devido à concessão de três bolsas; reuniões periódicas para discussão das atividades e do projeto em si etc. Durante os meses de julho e agosto de 2006, o material pesquisado foi submetido a diversas análises por parte dos integrantes do projeto, a fim de sintetizar todas as informações obtidas. Entre outras, foram desenvolvidas as seguintes atividades: organização do material bibliográfico produzido de acordo com cada subdivisão da modalidade; análise, seleção e organização do material coletado, para elaboração do material didático; elaboração de orientações básicas e específicas para o ensino de cada uma das provas, levando-se em conta os diferentes espaços físicos possíveis para o seu ensino e materiais (oficiais e/ou alternativos); elaboração de material básico como resultado do trabalho realizado durante o período; reuniões periódicas para discussão das atividades e do projeto em si; organização do material em forma de texto completo e síntese para facilitar a divulgação; organização de apresentações em power-point para facilitar a visualização das particularidades históricas de cada uma das provas pesquisadas. A partir de setembro de 2006, o grupo concentrou-se na discussão, elaboração e aplicação das aulas em uma escola da Rede Pública de Ensino Fundamental da cidade de Rio Claro – SP, intencionado verificar a viabilidade de aplicação do material produzido em aulas de 6 MATTHIESEN, S. Q.; PRADO, V. M. O Atletismo numa perspectiva histórica: possibilidades para o seu ensino no campo escolar. In: Congresso Internacional de Educação Física – II Congresso Brasileiro de Saúde, 2006, João Pessoa. MATTHIESEN, S. Q.; FREITAS, F. R.; GINCIENE, G. ; PRADO, V. M. ; SILVA, M. F. G. ; SANTOS, I. L. O ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica. Rio Claro. In. Anais.. I Congresso LETPEF de Educação Física escolar, 2006. 432 Educação Física. Assim, foram desenvolvidas as seguintes atividades: orientação para o ensino de cada uma das provas numa perspectiva histórica, levando-se em conta os diferentes espaços físicos possíveis para o seu ensino e materiais (oficiais e/ou alternativos); avaliação das atividades realizadas; discussão com o professor colaborador sobre o material elaborado, para sugestões; aplicação do material em atividade que foi realizada em parceria com o professor colaborador da Rede Pública na própria escola; elaboração de artigo final para divulgação do trabalho realizado e publicação nos cadernos do Núcleo de Ensino; apresentação do trabalho em eventos científicos; elaboração de projetos para a publicação do material didático, como uma forma de orientar os interessados no ensino do atletismo, a partir de uma perspectiva histórica, conforme veremos a seguir. RESGATANDO A HISTÓRIA Não é difícil observar as dificuldades de encontramos informações históricas acerca das provas do atletismo. Com isso, perguntas que, aparentemente, parecem não ser muito difíceis, ficam, muitas vezes, sem uma resposta imediata. Ou seja: quem foi o primeirorecordista de tal prova? Quando as mulheres começaram a praticá-la?; Qual era o estilo técnico predominante? De maneira geral, é preciso lembrar que os livros nessa área concentram orientações normativas, técnicas e específicas, muitas vezes voltadas apenas ao treinamento desse esporte. Somando-se a essa dificuldade, a falta de espaço físico e materiais específicos, podem ser considerados os principais motivos para que esse, que é um esporte clássico no campo da Educação Física, seja ainda tão pouco trabalhado por seus profissionais, conforme identificou Silva (2006). Também não é difícil observar que, muitas vezes, àqueles que se dedicam a ensiná-lo no campo escolar priorizam o ensino dos procedimentos, quase sempre voltados a exercícios técnicos específicos de cada uma de suas provas em detrimento de outros conhecimentos que também são fundamentais para o seu conhecimento. Com base nesses argumentos, o projeto “Atletismo se aprende na escola IV” procurou criar subsídios para o ensino do atletismo no campo escolar para além de uma perspectiva procedimental, pautada nesses moldes, mas passível de ser integrada a uma perspectiva de ensino que leve em conta o desenvolvimento histórico de cada uma de suas provas. Dada a natureza e amplitude do material a ser investigado, e considerando o número de envolvidos no projeto, o trabalho de pesquisa se concentrou no resgate histórico de 433 algumas das provas do atletismo, em especial, dos 100 metros rasos7, do lançamento do disco8 e do arremesso do peso9 cujos resultados também foram apresentados em eventos científicos10. Dando início à pesquisa bibliográfica visando o resgate histórico das provas do atletismo foram visitados os acervos das bibliotecas da USP, UNESP e UNICAMP. Além disso, foram acessados vários sites relacionados ao atletismo, tais como os de entidades nacionais e internacionais a ele relacionadas; artigos científicos publicados na área; fotos e vídeos relacionados aos diferentes momentos históricos das provas pesquisadas etc. Após uma triagem inicial o material pesquisado foi elaborado em forma de textos e apresentações em slides, visando sua viabilização e disponibilização aos professores em diferentes situações de aulas de Educação Física. Para que se tenha uma idéia do material investigado, vejamos, a seguir, uma síntese dos dados coletados acerca da história do lançamento do disco, dos 100 metros rasos e do arremesso do peso. Lembramos, entretanto, que foram vários os materiais produzidos em função desse projeto, tais como: um trabalho de conclusão de curso,11 textos sintéticos contendo informações acerca da história das provas; série de ilustrações para exposição; dois cadernos didáticos; material em power point, elaboração de aulas etc. Sobre o lançamento do disco O lançamento do disco teve origem na Grécia Antiga. Os registros de sua história eram feitos com pinturas em vasos, paredes e por meio de inscrições nos próprios discos. Conta a história que os gregos usavam discos de pedra (muito bem polidos) e depois de bronze (endurecido ou fundido) para a execução do lançamento do disco nos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizado em Atenas, no ano de 1896, a prova do lançamento do disco já fazia parte do programa, porém, até então, só praticado por homens. Somente no ano de 1928, nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, é que o lançamento do disco feminino entrou para a programação dos Jogos Olímpicos. 7 GINCIENE, G.; MATTHIESEN, S. Q. Para uma perspectiva histórica no ensino do atletismo em aulas de Educação Física. In: Anais... 4º. Congresso Científico Latino-Americano de Educação Física-Facis-UNIMEP, 2006, Piracicaba. 4o Congresso Científico Latino-Americano de Educação Física, 2006. 8 SILVA, M. F. G., MATTHIESEN, S. Q. LANÇAMENTO DO DISCO: EVOLUÇÃO E CURIOSIDADES AO LONGO DOS TEMPOS In: Anais... X Congresso Nacional de História do Esporte, Lazer, Educação Física e Dança, 2006, Curitiba. X Congresso Nacional de História do Esporte, Lazer, Educação Física e Dança, II Congresso Latinoamericano de História de la Educación Física, 2006. 9 PRADO, V. M., MATTHIESEN, S. Q. O arremesso do peso: possibilidades do ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica. XVIII CIC – Congresso de Iniciação Científica – UNESP, Botucatu, 2006. 10 MATTHIESEN, S. Q.; SILVA, M. F.; GINCIENE, G.; PRADO, V. M. O atletismo numa perspectiva histórica: possibilidades para o seu ensino no campo escolar. 2º. Congresso Internacional de Educação Física/Congresso Brasileiro de Saúde realizado em João Pessoa, Paraíba, entre 09 e 12 de agosto de 2006 e MATTHIESEN, S. Q.; FREITAS, F. R.; GINCIENE, G.; PRADO, V. M; SILVA, M. F. G., SANTOS, I. L. O ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica. In: I Congresso de Educação Física Escolar. Rio Claro, 12 a 14 de outubro de 2006. 11 SILVA, M. F. G. Evolução da prova do lançamento do disco ao longo dos tempos: contribuições para a Educação Física escolar. Trabalho de Conclusão de Curso. Departamento de Educação Física, Unesp – Rio Claro, 2006. 434 Com o passar dos anos a prova do lançamento do disco sofreu diversas modificações que dizem respeito à técnica, às regras e aos estilos, tanto no masculino quanto no feminino, as quais merecem ser conhecidas por todos aqueles interessados no atletismo. Sobre os 100 metros rasos A corrida de velocidade também teve sua origem na Grécia Antiga. Nessa época era conhecida como estádio ou dromo que correspondia a 600 pés (aproximadamente 192,27 metros). Essa prova era a mais rápida da época e era disputada nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga. Nos Jogos Olímpicos da Era Moderna a corrida de velocidade passou a ser os 100 metros rasos e já na primeira edição o americano Thomas Burke se diferenciou dos demais competidores já que utilizou a saída baixa. Burke ganhou a prova com o tempo de 12 segundos, passando a ser imitado por outros atletas, ainda que o bloco de saída, que é obrigatório atualmente, tenha sido introduzido nas provas de velocidade entre 1936 e 1948. Os sistemas de largada, chegada e cronometragem melhoraram com os anos, o que ajudou muito na marcação dos tempos e classificação final da prova. Sobre o arremesso do peso Ainda que sua origem esteja atrelada ao ato de lançar pedras, há registros de que nos Jogos Tailteanos realizados pelos celtas, realizavam-se competições de uma espécie de arremesso de pedra, o que muitos acreditam ser o embrião principal da prova do arremesso do peso disputada atualmente. No final do século XIX, a prova do arremesso do peso adquiriu as características atuais, sendo realizada com um implemento de ferro ou chumbo com um peso de 7,260 kg para provas masculinas e de 4 kg para as provas femininas. VIVENCIANDO SUAS POSSIBILIDADES Como parte complementar ao desenvolvimento desse projeto, procurou-se discutir e implementar possibilidades de aplicação do material pesquisado. Em última instância, o grupo tinha como preocupação verificar as possibilidades de ensino do atletismo a partir dessa perspectiva histórica, procurando, com base na vivência prática, ensinar cada uma dessas provas. Sendo assim, cada bolsista se concentrou na elaboração de uma aula, com duração de aproximadamente cem minutos, atentos ao objetivo especifico do projeto. Após a elaboração destas aulas implementou-se, com o apoio de um professor de Educação Física da 435 Rede Pública de Ensino de Rio Claro, um mini-curso com duração de sete semanas, com base no que descreveremos a seguir. Localizada na Rua 17 (dezessete) número 1726, no bairro Cidade Claret, em Rio Claro, a Escola Estadual Prof. Odilon Corrêa, nos abriu as portas para a realizaçãodo projeto “Atletismo se aprende na escola IV”. Esta escola, que funciona nos períodos matutino, vespertino e noturno abrigando classes de 5ª a 8ª séries e um curso do EJA (Ensino para Jovens e Adultos), localiza-se numa região central, ainda que receba, em sua maioria, alunos de bairros afastados como o Bonsucesso e o Novo Wenzel. Além desses cursos, a escola conta com quatro turmas de treinamento, sendo duas de futsal (masculino e feminino), uma de atletismo e uma de dança de modo que os alunos podem participar de inúmeras atividades esportivas e culturais com bons resultados, apesar dos problemas comuns à maioria dos estabelecimentos públicos. A turma escolhida para a aplicação do mini-curso foi a 8ª A, por possuir um horário compatível com o dos participantes do projeto, qual seja, terças-feiras das 7:00 às 8:40 horas. Esta turma demonstrou grande interesse pelo mini-curso desde o início, com a participação dos alunos durante todas as aulas. Em relação aos conteúdos transmitidos, muitos dos alunos já tinham um conhecimento prévio acerca do atletismo e suas provas, o que colaborou com o andamento das aulas. Porém, nenhum deles havia tido um contato com a história das provas do atletismo, o que gerou uma motivação especial em relação ao mini-curso. Para que se tenha uma idéia do mini-curso, as aulas do Projeto do Núcleo de Ensino foram desenvolvidas com base nos seguintes temas: aula introdutória; 100 metros rasos; lançamento do disco; arremesso do peso; aula de encerramento, tais quais veremos a seguir. Tema da aula: Aula introdutória. Objetivo da aula: Contato inicial com o atletismo e sua história. Materiais: Filmes dos Jogos Olímpicos produzido pela Revista Placar12; bloco de saída, barreiras, peso feminino de 4 kg; disco masculino de 2 kg; vara de bambu; colchões de espuma; bolinhas de meia; pratos de papelão. 12 HISTÓRIA das Olimpíadas: o melhor dos filmes (DVD). Placar, Editora Abril, 2004. São quatro números, que concentram imagens dos seguintes Jogos Olímpicos: o número 1 contém imagens dos Jogos Olímpicos de 1948, 1956 e 1960; o número 2: de 1964, 1968 e 1976; o número 3: 1980, 1982 e 1988 e o número 4: 1992, 1996 e 2000. 436 No dia 12 de setembro de 2006, objetivando propiciar um contato inicial com as provas do atletismo e com os participantes do projeto foram exibidos alguns filmes sobre os Jogos Olímpicos da Revista Placar. Cada integrante do grupo mostrou aos alunos imagens das provas do atletismo, dentre as quais as que seriam trabalhadas no projeto: corridas de velocidade, lançamento do disco e arremesso do peso. Após a sessão de vídeo realizada na biblioteca, os alunos se dirigiram para a quadra esportiva da escola, onde participaram de uma parte prática da aula, composta por um circuito para que pudessem vivenciar algumas das provas do atletismo. Em cada estação, sob a orientação do integrante responsável pela prova, os alunos participaram de uma atividade referente àquelas que seriam abordadas no projeto. Nessa ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de experimentar o movimento das provas, assim como esclarecer dúvidas e complementar seus conhecimentos acerca das imagens do filme que assistiram. Além disso, os alunos tiveram a oportunidade de conhecerem os implementos oficiais, ainda que durante a vivência explorassem materiais alternativos como bolas de meia e discos confeccionados com pratos descartáveis, por exemplo. Em linhas gerais, pudemos perceber uma grande receptividade e interesse por parte dos alunos em relação ao conteúdo apresentado desde o início da aula. Devido a alguns problemas técnicos de instalação do equipamento, alguns minutos da aula foram comprometidos, mas não a ponto de prejudicá-la. Os alunos se entusiasmaram com as imagens do filme exibido antes da parte prática da aula, sobretudo, por não conhecerem muitas delas, mas por estarem dispostos a fazê-lo. Fig 1. Introdução à história do atletismo 437 Tema da aula: A história da prova dos 100 metros rasos. Objetivo da aula: Mostrar a evolução da prova dos 100 metros rasos. Materiais: cordas; papéis; canetas e cones. No dia 3 de outubro de 2006 a aula teve como objetivo contar a história das provas de corrida do atletismo, mais especificamente a dos 100 metros rasos. Durante o aquecimento os alunos, correndo nas linhas demarcatórias da quadra, deveriam, ao se encontrarem, passar por baixo da perna do outro executando a seguinte seqüência: se o encontro ocorresse entre menino e menina, o menino deveria passar por baixo; se o encontro fosse de menino com menino ou menina com menina, o mais alto passaria por baixo. Após essa atividade foram realizados alongamentos visando à musculatura que seria mais trabalhada durante a aula. A fim de introduzir um pouco da técnica de corrida foi realizada uma atividade com os educativos de corrida. Os alunos divididos em três equipes deveriam correr até um cone a 4 metros de distância, executando um educativo de corrida. Na volta deveriam executar outro educativo até chegar ao próximo companheiro da equipe, que desempenharia a mesma tarefa até que todos da fila terminassem, vencendo a atividade. Logo após essa atividade os alunos, divididos nas mesmas três equipes e sob a orientação de um estagiário, deveriam se organizar sendo que cada grupo se concentraria em uma das três tarefas: 1. dar a largada da corrida; 2. correr; 3. anotar a ordem de chegada dos corredores. Vale destacar que todos os grupos passaram por todas as estações. Cada grupo organizou sua estação, tendo como base as informações concernentes ao período da Grécia Antiga. Nessa época não existia a saída baixa, as raias e nem um sistema efetivo para a classificação da chegada. Seguindo as orientações do estagiário, os alunos organizaram a prova reconstruindo a evolução histórica dos 100 metros rasos. Assim, realizaram a demarcação das raias; delimitaram o número de participantes por série; aperfeiçoaram a verificação da chegada e introduziram a saída baixa na largada da prova. Para que isso fosse feito, os alunos puderam fazer uso de materiais tais como: cordas, cones, papéis e canetas, de modo a organizarem, da forma mais fiel possível, a evolução dessa importante prova do atletismo. Na parte final da aula o estagiário contextualizou as organizações realizadas pelos alunos, convergindo para o objetivo de “historicizar” a prova dos 100 metros rasos. Essa aula superou as expectativas de todos, pois, a resposta dos alunos em relação à aula foi surpreendente, já que foram muito participativos. A aplicação da aula pautada na historicidade das corridas de velocidade dentro do atletismo superou todas as expectativas, inclusive as do próprio estagiário responsável: “Me surpreendi com o desenvolvimento da aula. 438 Achava que teria que auxiliar os alunos o tempo todo durante as tarefas”, disse ele. Ao contrário disso, os alunos, com base nas orientações iniciais do estagiário, construíram, na prática, a história dos 100 metros rasos, com muita autonomia e integração atingindo os objetivos do projeto. Fig 2. Resgatando a história dos 100 metros rasos Tema da aula: A história do lançamento do disco. Objetivo da aula: Vivenciar a história do lançamento do disco. Materiais: Papéis impressos; giz para riscar a quadra; discos confeccionados com pratos de papelão envoltos com fita adesiva. No dia 17 de outubro de 2006, foi realizada a aula do lançamento do disco com o objetivo de transmitir, de forma geral, a história e a técnica dessa prova. Apesar de alguns imprevistos – como uma reunião de pais e mestres e o fato de uma aluna não ter se sentido bem – a aula foi desenvolvida com a classe dividida em quatro grupos. Na primeiraatividade foram dados a cada grupo algumas palavras e fotos ilustrando a história do lançamento do disco. Sem que houvesse nenhuma explicação prévia sobre a história dessa prova, foi solicitado que cada grupo criasse a história do surgimento do lançamento do disco baseado nas informações transmitidas por meio das palavras e das fotos recebidas. Após 15 minutos os alunos contaram a “sua” versão da história, a partir da qual a estagiária (utilizando as mesmas palavras e fotos) contou a versão oficial, enfatizando que a origem dessa prova foi na Grécia Antiga. Naquela época, o disco era lançado inicialmente partindo-se de um pedestal. Depois disso, passou a ser lançado de um quadrado denominado Balbis e, posteriormente, de um círculo (utilizado até os dias de hoje), mais conhecido como círculo de lançamento. Passou a ser uma prova olímpica já na primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, realizado em 1886 em Atenas, ainda que apenas na categoria masculina, já que as mulheres passaram a competir nessa prova somente a partir dos Jogos Olímpicos de 1928, realizados em Amsterdã. 439 Depois disso, os alunos, divididos em grupos, deveriam correr até o final da quadra, pegar um pedaço de papel e retornar, após cinco giros em torno de um cabo de vassoura. Ao final da atividade cada grupo foi capaz de formar uma sentença relacionada os estilos técnicos da prova, quais sejam: lançamento do disco com giro; lançamento do disco sem giro; balanceio, ½ giro, oito deitado, a partir das quais foi demonstrada sua execução. Ao final, os alunos divididos em quatro círculos desenhados no chão, deveriam lançar discos coloridos de papelão (da mesma maneira como o disco é lançado atualmente), para um círculo no centro da quadra, no qual havia pontuações. Apesar dos imprevistos ocorridos no início da aula, observou-se que os alunos tiveram uma boa apreensão do conteúdo transmitido, levantando questionamentos pertinentes à prova em questão. As atividades que envolveram competição entusiasmaram muito os alunos, que se interessaram ainda mais pela aula, inclusive pelos conteúdos históricos abordados. Fig 3. Quebrando a cabeça com a história Tema da aula: Arremesso do peso. Objetivos da aula: Vivenciar historicamente alguns tópicos da evolução da prova do arremesso do peso. Materiais: Bolas de meia; garrafas de refrigerante descartáveis; cordas; lençóis; bolas de diversos tamanhos (futebol, vôlei, basquete, borracha); painéis para exposição de fotos; bexigas com água; dois baldes grandes; tatames sintético e arcos. No dia 24 de outubro de 2006 foi realizada uma aula com o objetivo de propiciar aos alunos um conhecimento acerca da histórica da prova do arremesso do peso com base em atividades práticas. Visando o aquecimento, os alunos, divididos em dois grupos denominados “arremesso” e “lançamento”, desenvolveram um jogo em equipe que consistia em transferir a bola – de diferentes tamanhos – de um campo para o outro utilizando um lençol. Ao final da atividade foi discutido com os alunos a diferença técnica entre um lançamento e um arremesso. 440 Depois, em duplas, foi realizado um alongamento geral dos membros superiores, seguido pela parte principal da aula que se constituiu em um “Túnel do tempo”, onde os alunos deveriam passar por quatro estações que contariam a história da prova do arremesso do peso. Ao passarem pelo “túnel”, os alunos deveriam executar algumas atividades relacionadas à prova do arremesso do peso, de acordo com a época especificada em cada estação. Na primeira estação, referente ao ano de 1896, os alunos puderam arremessar, de dentro de um setor quadrado, garrafas plásticas e bolas de meia, devido ao fato de que os celtas, antes da codificação da prova tal como é conhecida hoje em dia, arremessarem pedras e ramos de árvores; já o setor quadrado fez referência ao formato do setor de arremessos que teve essa forma até o ano de 1900. Na segunda estação, referente ao ano de 1904 a 1936, os alunos puderam executar arremessos de dentro de um setor circular, porém, utilizando o arremesso parado. Com isso, os alunos puderam vivenciar a mudança no formato do setor de arremessos. Na mesma estação, os alunos executaram vários arremessos com as bolas de meia e também com caixas de papelão, em referência à prova do arremesso do peso de aproximadamente 25 Kg, disputada durante os Jogos Olímpicos de 1904 em Saint Louis, Estados Unidos. Também foi relatado aos alunos a existência, em 1912, da prova do arremesso do peso com as duas mãos. Na terceira estação, referente ao ano de 1948, os alunos se certificaram que este foi o ano em que as mulheres começaram a praticar a prova do arremesso do peso em Jogos Olímpicos, antes permitida apenas para homens. Também nessa estação, devido ao início da cientificidade da prova onde os atletas começaram a analisar as técnicas de arremesso, os alunos reproduziram, depois de uma explicação, a técnica de Funchs ou arremesso ortodoxo, onde, partindo da posição lateral em relação ao setor de arremessos, os alunos executavam arremessos tentando realizar um giro de aproximadamente 240° graus, a fim de finalizar o arremesso de costas para o setor. O estagiário responsável pela aula explicou aos alunos alguns princípios físicos de transferência de energia, que faz com que os atletas transfiram a energia cinética biomecânica para a energia cinética do implemento. A quarta e última estação foi referente ao ano de 1952, ano este em que W. Parry O’Brien se destacou e revolucionou a prova do arremesso do peso com sua técnica linear de costas. Nessa estação, os alunos puderam executar vários arremessos com bolas de meia, utilizando a técnica desenvolvida por O’Brien. Em todas as estações foi apresentado aos alunos um mural, contendo fotos de atletas, nomes de técnicas e anos de referência em que àqueles estilos foram utilizados. 441 Como atividade final, os alunos foram novamente divididos em dois grupos, o de “lançamento” e o de “arremesso”. Os grupos, em colunas, deveriam tentar encher um balde com água, proveniente das bexigas. O primeiro aluno de cada grupo deveria, ao sinal do responsável pela aula, pegar uma bexiga com água e executar um arremesso em direção ao balde objetivando estourar a bexiga dentro do balde, que liberando seu conteúdo, passaria a enchê-lo com água. A equipe que finalizasse a atividade com o balde “mais cheio”, ganharia a prova. Como única regra os alunos deveriam executar arremessos, não sendo permitido, para efeito da competição, a realização de lançamentos. Em linhas gerais, foi uma aula que teve boa participação e colaboração por parte dos alunos. Mesmo sendo de um conteúdo relativamente extenso, os alunos tiveram uma ótima assimilação acerca dos conteúdos transmitidos. A aula foi elaborada objetivando a prática durante todo o tempo, porém, devido aos poucos setores de arremesso disponibilizados em cada estação a aula não proporcionou a dinâmica esperada. A idéia do “túnel do tempo” para a aplicação das aulas foi boa, porém, opções para dinamizá-la um pouco mais como, por exemplo, aumento do número de setores para arremesso por estação, execução de jogos competitivos visando desenvolver os arremessos dentro de cada estação, poderiam ter dinamizado as atividades. As fotos, que ficaram expostas em cada estação, serviram como estímulo, pois, os alunos puderam ver aquilo que estavam tentando fazer, e ver que aquilo tudo que estava sendo ensinado era real. Ao final da aula os alunos se divertiram bastante com as bexigas de água. Fig 4. A evolução técnica das provas na prática 442 Tema da aula: Encerramento do projeto. Objetivo da aula: Relembrar as provas do atletismo que foram transmitidas durante o mini- curso.Materiais utilizados: CD com fotos das aulas, exposição de fotos do atletismo, festa de encerramento. Realizada no dia 31 de outubro de 2006, a aula de encerramento foi iniciada na sala de audiovisual, com a exposição das fotos que foram tiradas durante as aulas do mini- curso. Após a exposição das fotos, os alunos foram divididos em cinco grupos, sendo que cada grupo ficou responsável por recontar a história de uma das provas que foram ensinadas durante o mini-curso. Já na quadra, os grupos reuniram-se para montar o que seria apresentado da prova que lhes foi designada. Esta apresentação podia ser em forma de teatro, explanação, música, ou qualquer outra forma que os alunos definissem. Após a apresentação dos grupos foi feita uma confraternização entre alunos e professores com comida, música e uma exposição contendo 23 fotos relacionadas ao atletismo. Na aula que antecedeu esta ultima, foi pedido aos alunos que elaborassem uma redação sobre o que aprenderam no mini-curso, ainda que essa não fosse uma atividade obrigatória. Sete alunos participaram e receberam uma caixa de bombons do professor responsável. Foi uma aula muito importante, pois foi onde conseguimos observar o que realmente “ficou” de todo o mini-curso, possibilitando aos alunos o resgate do conteúdo trabalhado durante as aulas. Inicialmente, devido às atividades propostas, os alunos se mostraram um pouco tímidos, porém, com o desenrolar das explicações e auxílio dos estagiários, os mesmos puderam demonstrar o que aprenderam, como veremos adiante. Em relação à exposição elaborada pelo GEPPA na escola, os alunos puderam conhecer imagens das provas trabalhadas no contexto esportivo de alto rendimento e de competições para-olímpicas, o que gerou muito interesse por parte dos alunos. Durante a festa de confraternização, estagiários e alunos puderam ter um contato mais próximo, onde todos puderam explicitar os votos de agradecimento pela participação no projeto. 443 Fig 5. Exposição de imagens do atletismo AVALIAÇÃO DO PROJETO Como forma de avaliação da implementação da parte prática deste projeto foram utilizadas duas ferramentas: a elaboração de uma redação por parte dos alunos (individual e não obrigatória); elaboração de uma retrospectiva do conteúdo transmitido em forma de um rápido seminário, em que os alunos deveriam recontar a história de uma das provas do atletismo, explanando, elaborando e aplicando alguns exercícios educativos, por exemplo. Na análise das redações pudemos observar que essa abordagem de trabalho pautada na historicidade das provas obteve uma boa aceitação por parte dos alunos, o que pode ser comprovado em algumas passagens das redações como “... as aulas nos ensinaram muitas coisas e em seis semanas consegui, de forma divertida, aprender sobre o atletismo, como e quando aconteceu.”. Nessa passagem podemos observar o quanto uma aula prática contextualizada historicamente pode gerar interesse nos alunos, explicando o “como” e “quando” tais provas se originaram. “Foi uma experiência divertida e ao mesmo tempo histórica, onde passamos a conhecer a história de cada esporte [em referência às provas] que surgiu há muito tempo atrás.” O ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica propiciou que a vivência corporal também fosse interpretada pelos alunos como uma espécie de conceito, ou seja, através da prática eles puderam conhecer conceitualmente a história. Em muitas redações também foram citados os conteúdos das aulas, o que demonstra claramente que os alunos conseguiram apreender o que se pretendeu ensinar: “Eu gostei bastante do arremesso do peso, que aprendemos algumas táticas para melhorar o arremesso.”, “...pulamos em um pé só, de costas, abraçado com um amigo e estouramos uma bexiga para montar uma frase...”, “A quarta aula foi quando o Guy nos mandou organizar uma corrida dividida em três grupos: corrida, chegada e partida.”. De modo geral os alunos expressaram sentimentos positivos em relação as aulas: “Gostei de todas as modalidades [provas]”, “...adorei as aulas por aprender coisas novas”;. 444 Outro fator apontado foi em relação à viabilidade de nossa proposta na visão dos alunos: “em seis semanas aprendemos o básico, que iria nos incentivar muito.”, “Aprendi muitas coisas que não sabia.”, “tudo que tenho a dizer é que aprendi muito.”. Já na atividade que consistia em recontar com seus próprios meios a história das provas, os alunos foram divididos em grupos, sendo que cada grupo formado ficou responsável por uma das provas trabalhadas. O grupo que ficou responsável pelo histórico do lançamento do disco fez uma explanação acerca da prova utilizando desenhos na quadra; o grupo responsável pela corrida de 100 metros rasos desenvolveu um teatro reconstituindo assim alguns pontos históricos dessa prova; o grupo responsável pelo arremesso do peso elaborou uma música que foi reproduzida ritmicamente para os demais alunos. A letra, reproduzida na íntegra, demonstra a capacidade dos alunos de remeterem-se àquilo que foi aprendido com o ensino dessa prova, de uma forma divertida. “Tudo começou de dentro do quadrado, pesos e mais pesos para serem arremessados. Depois de certo tempo, o círculo chegou, e então um canadense um bloco arremessou. Depois de certo tempo, o disco se virou. As mulheres tomaram frente e o homem se rebaixou, e então uma francesa, o ouro abocanhou. A técnica parada, movimento se tornou, o bagulho ficou louco e tudo acabou.” Sendo assim, tanto na elaboração das redações quanto no recontar da história, pudemos analisar a viabilidade dessa perspectiva de ensino, onde o resgate histórico das provas do atletismo desde suas origens até os dias atuais contribuiu de forma efetiva para o conhecimento desse esporte, em especial, das provas do lançamento do disco, do arremesso do peso e dos 100 metros rasos. 445 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo considerado como um esporte clássico, o atletismo é muito pouco trabalhado durante o desenvolvimento de aulas de Educação Física na escola. A falta de material didático-pedagógico é visível, fato este que pode ser comprovado por meio de um levantamento bibliográfico sobre o assunto, o que evidencia a pouca produção bibliográfica na área e a predominância de livros e cadernos técnicos em relação a reflexões pedagógicas. Com isso, quando profissionais de Educação Física atentam para as possibilidades de trabalho das provas do atletismo durante suas aulas, acabam ensinando apenas os procedimentos, deixando em segundo plano as atitudes e conceitos que também deveriam ser trabalhados. Atentos para essa realidade, a proposta de trabalho desenvolvida pelo GEPPA para o ano de 2006, contando com o apoio do Núcleo de Ensino, procurou demonstrar a viabilidade de se ensinar o atletismo a partir de uma perspectiva histórica, averiguando as principais modificações técnicas, normativas e conceituais ocorridas em suas provas desde suas origens até os dias atuais, de modo a subsidiar o trabalho do professor de Educação Física em suas aulas no campo escolar. Nesse sentido, procuramos resgatar a história das provas dos 100 metros rasos, lançamento do disco e arremesso do peso, constituindo assim um acervo relacionado às questões históricas, culturais e filosóficas que envolveram a criação, implementação e desenvolvimento dessas provas no cenário esportivo atual. A partir de um aprofundamento na história dessas provas, tivemos elementos que nos proporcionaram sintetizar, analisar e refletir sobre o material coletado a fim de criar subsídios para o ensino do atletismo a partir de uma perspectiva histórica, inédita no campo da Educação Física escolar. Durante o desenvolvimentodo mini-curso pudemos observar o quão viável é trabalhar sob essa perspectiva de ensino no que diz respeito ao material elaborado, interesse gerado pelos alunos e possibilidades de trabalho pautado nessa abordagem. Com isso, é possível pensar em uma Educação Física escolar para além dos procedimentos, porém, evidenciando que trabalhar os conceitos envolvidos em sua prática não remete o professor simplesmente a explicação de regras ou de movimentações técnicas a seus alunos, mas uma contextualização histórica, social e cultural nas quais a Educação Física como um todo está inserida. 446 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, R.; VILA NOVA, I. Atletismo na escola. 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