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Técnica Dietética: Cereais, Leguminosas Professora : Renata Polinati ✓A palavra Cereal origina-se de Ceres→ deusa Romana da colheita e da agricultura ✓Os produtos mais utilizados na alimentação são: trigo, o centeio, o sorgo, a cevada, o arroz, a aveia e o milho. ✓O trigo e o arroz destacam-se por representarem mais de 50% da produção mundial. ✓Pseudocereais: quinoa, trigo anão, milho opaco, triticale (trigo+centeio) → produzidos com o intuito de aumentar a produtividade e o valor nutricional dos cereais. ✓Cereais são sementes ou grãos comestíveis das gramíneas, cujas sementes dão em espigas. Cereais 3 Estrutura Os constituintes não se distribuem uniformemente pelo grão. 1. Pericarpo (5% do peso do grão) → pentosanas, celulose, cinzas e proteína 2. Aleurona (7%) → fósforo, fitato, proteína, lipídeos, vitaminas e enzimas 3. Endosperma (82%) → amido 4. Germe (3%) → proteínas, lipídeos, açúcares redutores e cinzas 4 Valor Nutricional 70% de carboidratos e 10% de proteínas. Possuem proteínas simples e carboidratos complexos, principalmente, o amido. Os grãos integrais são mais ricos em fibras, vitaminas e minerais que os grãos beneficiados. Nas camadas externas → maior concentração de vitaminas e minerais Germe (extremidade) → Vitamina E e do complexo B Endosperma (mais internamente) → células cheias de grãos de amido, entre estes grãos, encontram-se as proteínas. 5 No Brasil, desde 2002, a legislação determina a adição de ferro (4,2mg/100g) e ácido fólico (150mcg/100g) às farinhas de trigo e milho → estratégia para reduzir os altos índices de anemia e defeitos no fechamento do tubo neural. Cereais integrais mantêm a película que envolve o grão, também conhecida como entrecasca (aleurona) → o beneficiamento inclui a retirada da casca e da aleurona, formadas principalmente de fibras alimentares e o farelo, rico em fibras do complexo B e em minerais. A qualidade proteica de um cereal resulta da sua composição em aminoácidos. Os cereais não apresentam todos os aminoácido essenciais. A lisina é um aminoácido limitante mais comum entre os cereais. 6 Proteínas Globulinas e albuminas→ 15% Prolamina (gliadina) e glutelina (glutenina) → 85% (formação de glúten) Carboidratos O amido é a reserva glicídica do vegetal (cereal)→ 70% do peso total do grão Amido → cor branca, insolúvel em água e sem sabor. Polímeros formados por moléculas de glicose unidas por ligações glicosídicas. Vários tipos de polímeros – amilose (ligações α – 1,4 de cadeia linear) e amilopectina (ligações α – 1,4 e ligações α – 1,6 de cadeia ramificada) Fécula – parte subterrânea (mandioca, cará, batata, araruta, etc.) Amido – parte aérea (arroz, milho, trigo, sorgo, etc.) Fibras Celulose, hemicelulose, lignina, gomas Vitaminas e Minerais Gérmen e farelo dos cereais. Com o processamento, como grande parte destes nutrientes estão no gérmen e no farelo, pode haver redução de mais de 80% A deficiência de aminoácidos pode ser compensada pela mistura de alimentos: arroz e feijão (3:1) • Lisina (limitante do arroz) • Metionina (limitante do feijão) Produtos derivados de cereais ( RDC n°263 Regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos) 7 8 Funcionalidade dos Cereais São frações proteicas que quando hidratadas e sob energia mecânica formam uma rede tridimensional, viscoelástica, insolúvel em água, aderente, extremamente importante na qualidade de produtos de panificação e das massa→ Glúten. O trigo é o único cereal que tem as frações de gliadina e glutenina em proporções adequadas para a formação do glúten, apesar da aveia, cevada e centeio possuirem também tais proteínas. O glúten tem capacidade de absorver até 200% do seu peso inicial em água. O glúten retêm bolhas de gás produzidas por agentes de crescimento. Com o calor se desnatura formando uma crosta → crocância. 9 Funcionalidade dos Cereais A proporção de amilose e amilopectina, componentes do amido, varia entre as espécies de cereais. Assim o amido comporta-se diferentemente, na presença de água, nos vários tipos de preparações. Amilose Amilopectina Solubilidade variável em água Insolúvel Mais viscosa Menos viscosa Cadeias retas e lineares Cadeias ramificadas Forma helicoidal Forma não helicoidal Facilita a formação de géis Não forma géis Retrograda Estável 10 Gelatinização → amido é aquecido, atingindo uma temperatura crítica, o grão começa a intumescer, até alcançar 3 x seu volume inicial e perder sua característica birrefringênica. Como consequência do intumescimento, ocorre aumento da solubilidade, viscosidade em pasta→ espessante. Retrogradação→ fenômeno que ocorre durante o resfriamento e o armazenamento das pastas de amido. A retrogradação processo de recristalização das moléculas de amilose (o grão readquire zonas cristalinas semelhantes aquelas perdidas na gelatinização); e é acompanhada de exudação de água do gel→ sinerese. Ex: lasanha congelada e pães e bolos envelhecidos. Dextrinização → ocorre em função do aquecimento por meio de calor seco, tornando o amido mais solúvel, dificulta a formação de géis e melhora sua digestibilidade (farinha de mandioca e base roux). Funcionalidade dos Cereais 11 Trigo Dividido em 3 grandes classes: 1 – durum→ tem elevado teor de proteína (15%) e é próprio para produção de massas e pastas alimentícias 2- duro → tem cor mais escura e 13% de proteínas, principalmente as formadoras de glúten, por isso sua farinha tem excelente aplicabilidade na panificação. 3 – mole→ 10% de proteínas e qualidade tecnológica apropriada para a produção de biscoitos ou pães tipo árabe. Germe de trigo Farelo de trigo Flocos de trigo Farinha de trigo integral Farinha de trigo Sêmola ou semolina→moagem incompleta de cereais, possuindo a parte nobre do trigo, do milho ou do arroz. Semente inteira do trigo Trigo para quibe (triguilho) Trigo germinado 12 1. Aletria (Portugal ) Cabelo de anjo (Brasil) →massa fina e seca, sopa e doces com ovos. 2. Bucatini →massa de fio longos e finos furados no meio 3. Calzone →massa de pizza recheada e dobrada em forma de pastel 4. Canelone → massa quadrada recheada com ricota ou presunto e queijo e enrolada na forma de cilindro, levada ao forno com molho 5. Capeletti →massa recheada 6. Chukamen →massa para yakisoba 7. Conchiglie → forma de concha e recheada 8. Espaguete → varetas longas (25 a 30cm) 9. Farfalle → forma de borboleta ou gravatinha 10. Fettuccine → tiras longas e largas e chatas 11. Fusilli → enrolada em espiral 12. Lasanha → fina, retangular e larga 13. Massinha → alfabeto, estrelinha, etc.. 14. Nhoque→ pequenos cilindros 15. Penne → cilíndrica e oca 16. Rigatoni → tubos curtos, largos e canelados 17. Ravióli→ forma de pequeno pastel 18. Soba →macarrão japonês feito com trigo sarraceno 13 Culinária das massas O tempo de cozimentos pode ser classificado em 3 etapas: tempo mínimo → ocorre a gelatinização do amido Tempo ótimo → necessário para atingir sua textura ideal (al dente) Tempo máximo→ desintegração da matriz proteíca Recomenda-se que a massa seja cozida em água fervente por alguns minutos, porque a água em ebulição acelera a gelatinização do amido. A adição de azeite ou óleo na água de cocção pode ser feita para evitar que se unam. Para evitar a adição de óleo é necessário que a massa seja mexida por alguns minutos em cocção. 14 Arroz polido → arroz branco obtido pelo polimento do arroz integral por máquinas que provocam atrito entre os grãos, ocorrendo a retirada da casca, da aleurona e do germe, sobrando apenas o endosperma (amido), assim a maior parte das enzimas e gordura é retirada do grão permitindo o seu maior tempo de prateleira. Arroz integral→ retirada apenas da casca bruta, composto por germe, farelo e endosperma. Arroz parboilizado → grãos são submetidos ao calor úmido antes do beneficiamento. A casca é mantida e retirada posteriormente, preservando a película e o germe. Com a elevação da pressão e da temperatura, ocorre a gelatinização parcial do amido e a passagem denutrientes da região externa para o interior do grão. 15 Arroz 16 ABREU, E. S. de; SPINELLI, M. G. N. Seleção e preparo de alimentos: gastronomia e nutrição. São Paulo: Editora Metha, p. 411, 2014. DOMENE, S. M. A. Técnica dietética: teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2011. 350 p. 17 Culinária do arroz 1- basmati 2 - polido 3 - integral 4 - italiano 5 – japonês – tempo de remolho 6 - jasmine 7- parboilizado 8 - selvagem 9 - arbóreo Tipo japonês → 18 a 20% de amilose Arbóreo → 19 a 21% de amilose Basmati → 25-25% de amilose Jasmim → 22 a 25% de amilose 18 Refoga-se – gordura impede a absorção rápida de água e a adesão superficial entre os grãos, bem como a quebra da estrutura devido a exposição ao calor Acrescenta-se água – processo de gelatinização Pipoca – aquecimento do grão em gordura quente, provoca formação interna de vapor, explodindo o grão com a ruptura da envoltura de celulose – Extrusão natural Índice de absorção -1,5 a 2,5 Arroz integral – 3,5 vezes Para o arroz branco deve-se utilizar água quente, reduzindo o tempo de cozimento e mantendo o grão mais íntegro Culinária do arroz 19 20 Referências : DUTRA, Luanna Maria Filgueiras et al. Inoculação de Gluconacetobacter diazotrophicus e seu efeito no desenvolvimento de plantas de arroz vermelho. Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management, v. 10, n. 2, 2015. BASSINELLO, P. Z.; CASTRO, E. da M. Arroz como alimento. Embrapa Arroz e Feijão-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2004. Liu K, Zheng J, Wang X, Chen F. Effects of household cooking processes on mineral, vitamin B, and phytic acid contents and mineral bioaccessibility in rice. Food Chem. 2019 May 15;280:59-64. doi: 10.1016/j.foodchem.2018.12.053. Li H, Yang J, Gao M, Wang J, Sun B. Washing rice before cooking has no large effect on the texture of cooked rice. Food Chem. 2019 Jan 15;271:388-392. doi: 10.1016/j.foodchem.2018.07.172. RAAB, Andréa et ai. Cozinhar o arroz em uma proporção alta de água para arroz reduz o teor de arsênico inorgânico. Revista de Monitoramento Ambiental , v. 11, n. 1, pág. 41-44, 2009. • Existem mais de 600 derivados de milho, dos 500 são utilizados na culinária humana: farinha de milho (grânulos diferentes como o fubá), flocos de milho, canjiquinha, xarope → cuscuz, polenta, pamonha, canjica, curau, pipoca e outras. 21 Milho 22 O milho roxo (Zea mays L.) é uma variedade diferenciada de milho que cresce naturalmente no Peru e tem sido tradicionalmente usado para o preparo de sobremesas e sucos, devido à intensa coloração presente no sabugo e no pericarpo dos grãos. Chicha morada. Milho roxo cozido com especiarias e açúcar para fazer uma bebida refrescante. 23 Amaranto Quinoa Trigo sarraceno 21 mq AG/100g 71 mq AG/100g 323 mq AG/100g 24 Leguminosas São definidas como grãos contidas em vagens Feijão Soja Ervilha Lentilha Grão de bico Tremoços Guandu Amendoins 25 Valor Nutricional São compostas por 50% de carboidratos e 23% de proteínas. A soja é uma exceção com 38% de proteínas. • As leguminosas são ricas em ferro não heme (7 -12mg), vitaminas do complexo B, principalmente tiamina e fibras alimentares. • O consumo de grande quantidade de fibras alimentares pode causar desconforto abdominal, diarréia e flatulência devido a fermentação de fibras alimentares pelas bactérias intestinais. Além disso, parte das fibras das leguminosas é composta por oligossacarídeos do tipo rafinose e estaquiose, que são indigeríveis e produzem grande quantidade de flatos. 26 Valor Nutricional • Na maioria das leguminosas, o peso dos grãos, após o remolho, aumenta aproximadamente 100% em relação ao peso inicial. • O remolho provoca a amaciamento do grão, que economiza tempo e combustível na cocção. • Reidratação pode ocorrer de duas maneiras: 1 – água em temperatura ambiente por 10 a 14h; 2- remolho de dois minutos a temperatura de 100°C e permanecia por 1 h (evita perdas por dissolução) Se houver o descarte da água de remolho, nas duas técnicas, haverá a diminuição da produção de gases (rafinose e estaquiose), assim como fatores antinutricionais. Alguns minerais, vitaminas e antocianinas são perdidos na água de remolho, mas a qualidade proteica não se altera. 27 Reidratação de leguminosas secas Em dias quentes, o remolho prolongado pode estimular a fermentação dos carboidratos por microorganismos, comprometendo a qualidade da água. Durante a cocção pode ocorrer ruptura da casca com extravasamento do amido, que gelatiniza-se, tornando o caldo mais espesso - feijoada 28 29 Referências: HIGASHIJIMA, N. S.; LUCCA, A.; REBIZZI, L. R. H.; REBIZZI, L. M. H. Fatores antinutricionais na alimentação humana. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v.27, p. 1-16, 2020. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/in dex.php/san/article/view/8653587/2182 0. 30 Cocção de leguminosas Objetivo: inativar fatores antinutricionais, absorção de água para a maciez do grão, desenvolvimento de saber e aumento de digestibilidade. A maioria é submetida ao calor úmido. O amendoim pode ser submetido ao calor seco, devido ao seu alto teor de lipídeos e baixo em carboidratos. Ervilhas secas e lentilhas não necessitam de cocção sob pressão, pois apresentam película fina. Em panela comum→ 4 medidas de água Em pressão→ 3 medidas de água Mais caldo→ 5 medias de água, porém os nutrientes ficam diluídos A espuma que se forma na camada superficial quando se inicia a fervura diminui quando se acrescenta sal e gordura. 31 Compostos fenólicos = Flavonóides Maiores concentrações são encontradas nas leguminosas em especial na SOJA Estrutura semelhante ao estrogênio conferindo uma ação pseudo-hormonal, incluindo a ação de ligar-se a receptores de estrogênio = Fitoestrógeno. Soja possui 3 moléculas principais: Genistina Dadzina Glicitina (1:1:0,2) Manach, C., Scalbert, A., Morand, C., Rémésy, C. & Jiménez, L. (2004) Polyphenols: food sources and bioavailability. American Journal of Clinical Nutrition, 79, 727-747. 32 Presentes nos alimentos: Ligados a açúcares e beta- glicosídeos ! Não é absorvida pelo organismo humano! Formas Glicosídicas Formas Agliconas Fermentação pela Microbiota intestinal(Enzimas hidrolíticas) e Processamento Industrial Capazes de atravessar a barreira epitelial do intestino Genisteína Dadzeína Gliciteína Genistina Dadzina Glicitina Fermentação e Processamento Térmico Manach, C., Scalbert, A., Morand, C., Rémésy, C. & Jiménez, L. (2004) Polyphenols: food sources and bioavailability. American Journal of Clinical Nutrition, 79, 727-747. 33 Leite de soja Tofú Missô Molho shoyo Farinha de soja 35
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