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RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
1 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
2 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
10. Direito Penal e saúde mental. Medidas de segurança: evolução histórica, conceito, espécies, execução. Lei nº 
10.216/01. Reforma psiquiátrica. Lei 13.146/15. 
 
1. DIREITO PENAL E SAÚDE MENTAL 
 
Sem dúvidas, um dos assuntos mais clássicos em provas objetivas e discursivas para DPE (dentro de penal) 
é medida de segurança e suas espécies (art. 96 a 99 do CP), estando expresso em seu edital da DPE/CE. 
 
Segundo o Código Penal, existem duas espécies de medida de segurança: a) detentiva ou privativa de 
liberdade (internação em hospital) e b) restritiva (tratamento ambulatorial). 
 
Hoje o nosso ordenamento jurídico adota o sistema vicariante (antes era o duplo binário). Veja abaixo a 
diferença básica entre os dois sistemas: 
 
SISTEMA VICARIANTE SISTEMA DO DUPLO BINÁRIO 
Pelo sistema vicariante, ao semi-imputável poderá 
ser aplicada uma pena mais branda, de 1/3 a 2/3 
ou a medida de segurança. 
 
Obs.: ao inimputável SEMPRE se aplica medida de 
segurança. 
Pelo duplo binário, aplicava-se a pena privativa de 
liberdade e a medida de segurança ao mesmo tempo, ou 
mesmo depois do cumprimento de uma. Isso não é mais 
possível. 
 
Lembrem-se que a imposição de medida de segurança decorre de uma sentença absolutória (imprópria). 
Por isso, é tecnicamente equivocado afirmar que a medida de segurança foi aplicada em razão de uma condenação. 
Cuidado. 
 
ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 
Além disso, sobre as duas espécies de medidas de segurança, vejam o que diz o Código Penal: 
 
Espécies de medidas de segurança 
 
Art. 96. As medidas de segurança são: 
 
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. 
 
II - sujeição a tratamento ambulatorial. 
 
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido 
imposta.1 
 
Entendi. 
 
Vamos adiante. 
 
Quando se aplica uma e quando se aplica outra? Como é isso? 
 
A resposta está no art.97 do Código Penal. 
 
 
 
1 Logicamente, porque se a medida de segurança é espécie de sanção penal, não há falar em sanção com punibilidade extinta. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
3 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Imposição da medida de segurança para inimputável 
 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como 
crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
 
Como se pode perceber, segundo o CP o Juiz não tem muita liberdade. Ou seja: se o fato for punível como 
detenção, aplica-se o tratamento ambulatorial. Se reclusão, aplica-se a internação. 
 
De início, já informo que esse artigo não foi recepcionado pela Constituição. Cuidado para não afirmar que 
esse artigo é inconstitucional, pois este é anterior à Constituição, e como sabemos, se é anterior a 5 de outubro de 
1988 eu não posso dizer que é inconstitucional, pois o parâmetro, à época, não era a Constituição atual, por isso 
fala-se em não recepção. 
 
Mas isso fica para a matéria de constitucional, não é? 
 
Continuando... 
 
Vejam. O juiz não tem liberdade de analisar o caso concreto e individualizar a medida de segurança. Se 
você está pensando: “mas a individualização é da pena, e medida de segurança não é pena” você está meio certo 
e meio errado. Está certo porque pena é diferente de medida de segurança. No entanto, está errado pelo fato de 
que medida de segurança é uma espécie de sanção penal, razão pela qual deve-se aplicar a individualização de 
igual maneira. Portanto, devemos criticar esse artigo com todas as forças do Planeta Terra e da Estratosfera. 
 
Ademais, como forma de fortalecer a argumentação nesse sentido, lembrem-se de que a Lei nº 10.216/01, 
que trata da reforma psiquiátrica (que terá uma abordagem mais aprofundada já já), dispôs acerca da internação 
de pessoas com enfermidades psíquicas, de maneira que é absolutamente inadequado determinar medida de 
segurança detentiva ou restritiva tão somente com base no tipo de pena cominada em abstrato (se detenção ou 
reclusão). 
 
Nessa perspectiva, é muito importante que vocês tenham conhecimento do Inf. 662 do STJ, publicado em 
31.01.2020. Nesse informativo, o STJ entendeu que “na aplicação do art. 97 do Código Penal não deve ser 
considerada a natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas sim a periculosidade do agente, cabendo ao 
julgador a faculdade de optar pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável.” EREsp 998.128-MG, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 27/11/2019, DJe 18/12/2019. 
 
Na fundamentação do referido julgado, reforçou o STJ que a Quinta Turma, há muito, firmou entendimento 
no sentido de que, "conforme a dicção do art. 97 do Código Penal, tratando-se de crime punível com reclusão, 
descabe a substituição da internação em hospital de custódia por tratamento ambulatorial". Lado outro, a Sexta 
Turma, em sucessivos julgados, tem proclamado a tese de que, "na fixação da medida de segurança, por não se 
vincular à gravidade do delito perpetrado, mas à periculosidade do agente, é cabível ao magistrado a opção por 
tratamento mais apropriado ao inimputável, independentemente de o fato ser punível com reclusão ou detenção, 
em homenagem aos princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade". A doutrina brasileira 
majoritariamente tem se manifestado acerca da injustiça da referida norma, por padronizar a aplicação da sanção 
penal, impondo ao condenado, independentemente de sua periculosidade, medida de segurança de internação 
em hospital de custódia, em razão de o fato previsto como crime ser punível com reclusão. Nesse contexto deve 
prevalecer a jurisprudência da Sexta Turma. 
 
 
 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
PRAZOS DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 
Medida de segurança tem prazo? Como isso é feito? 
 
Atenção aqui. O Código Penal só traz prazo mínimo, vejam: 
 
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for 
averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) 
anos. 
 
E agora, como é isso? Vai permanecer o resto da vida internado? Isso não é “pena” de caráter perpétuo? 
 
Pois é. Tanto o STJ como STF entendem que as medidas de segurança não podem ser fixadas ad eternum. 
Mas e aí, qual será o prazo, então? Precisamos saber que há dois posicionamentos. 
 
Para o STJ, o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado, segundo a Súmula 5272. É muito simples o raciocínio. Exemplo: o Juiz 
aplicou a Ricardo uma medida de segurança em face do furto que a ele fora imputado. Ele está internado há 4 anos. 
Nessa situação, considerando que a pena máxima abstratamente prevista é de 4 anos, ele não poderá permanecer 
acima desse prazo. Simples, né? 
 
Vejam: 
 
Enunciado 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado. 
 
E para o STF? 
 
O STF tem uma postura muito prejudicial ao réu, que deve ser criticado em nossas provas. Para ele, a 
medida de segurança deve obedecer a um prazo máximo de 40 anos, fazendo-se uma analogia ao art. 75 do CP.3 
 
Em resumo, as posições acerca do prazo máximo para medidas de segurança são os seguintes: 
 
TEMPO DE DURAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA 
STJ STF 
Limite máximo da pena abstratamente cominada ao 
delito praticado. 
Até 40 anos, em analogia ao art.75do Código Penal. 
 
Além disso, saibam que a jurisprudência do STJ não admite que o inimputável submetido à medida de 
segurança de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico possa cumpri-la estabelecimento 
prisional comum. Vejam: 
 
“O inimputável submetido à medida de segurança de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 
não poderá cumpri-la em estabelecimento prisional comum, ainda que sob a justificativa de ausência de vagas ou 
falta de recursos estatais. STJ. 5ª Turma. HC 231124-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/4/2013 (Info 522). 
 
 Agora, um resumão de tudo que falamos até agora: 
 
 
2 Súmula 527 do STJ - O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada 
ao delito praticado. 
3 CUIDADO: Após a vigência do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019), o tempo máximo de cumprimento de PPV passou a ser 40 anos (e não 
mais 30). Vejam: “Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
MEDIDAS DE SEGURANÇA 
Medidas de segurança são espécie do gênero sanção penal. 
 
Pode ser a) detentiva ou privativa de liberdade (internação) e b) restritiva 
(tratamento ambulatorial). 
 
Trabalha com a ideia de periculosidade, diferente da pena, que trabalha com a ideia 
de culpabilidade. 
 
Sistema Vicariante (ou aplica-se a pena ou medida de segurança, jamais as duas 
simultaneamente). 
 
Decorre de uma sentença absolutória (imprópria). 
 
Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato 
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a 
tratamento ambulatorial. Esse critério, embora previsto no Código Penal, não pode 
ser interpretado de maneira rígida. 
 
A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, 
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de 
periculosidade. 
 
O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
E o prazo máximo? Há divergência. 
 
Para o STJ, o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o 
limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. 
 
Já o STF, a medida de segurança deve obedecer a um prazo máximo de 40 anos, em 
analogia ao art. 75 do CP. 
 
Outro ponto importante no estudo de hoje é a Lei Antimanicomial (ou reforma psiquiátrica), como ficou 
conhecida a Lei nº 10.216/2001. Ela está presente em quase todos os editais. Essa lei, sem medo de errar, é uma 
das mais importantes para as provas de Direito Penal e Execução Penal em nossos certames de Defensoria. 
 
Sobre a Lei Antimanicomial, saibam que ela trouxe um caráter mais humanizado para as internações 
psiquiátricas. As internações só podem ocorrer em casos extremos. 
 
Segundo Goffman (1987)4, as instituições totais se caracterizam por serem estabelecimentos fechados que 
funcionam em regime de internação, onde um grupo relativamente numeroso de internados vive em tempo 
integral, como é o caso dos Manicômios, prisões e conventos. Nós, pessoas livres, trabalhamos, em regra, em 
lugares que não as nossas casas, estudamos em outro (escola, faculdade, cursinhos, etc.), nos divertimos em outro 
(praia, barzinhos, praças, etc.), e fazemos nossas refeições até em restaurantes, hotéis, etc. Nas instituições totais 
tudo acontece em um único lugar: prisão, convento ou manicômio. 
 
Salo de Carvalho, em sua obra Antimanual de Criminologia, traz especial crítica sobre o tema: 
 
“(...) No segundo aspecto (simbólico), o efeito estigmatizador da internação manicomial 
revela a impossibilidade do tratamento, ou seja, demonstra ser a prática isolacionista 
 
4 Goffman, E. (1987). Manicômios, prisões e conventos. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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DIREITO PENAL 
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antagônica à própria ideia de recuperação e de reinserção do paciente na comunidade. 
Aniyar de Castro, ao comparar as distintas formas de internação de pacientes constata 
que “enquanto o paciente de um hospital geral é tratado como qualquer outra pessoa da 
sociedade, ao doente mental hospitalizado trata-se como um portador de um status, não 
como pessoa.” [135] Lembra a autora que o modelo de isolamento propugnado pela 
psiquiatria tradicional cria distância entre o psiquiatra e o doente, a qual pode ser 
denominada círculo coisificante, que impede relação autêntica entre ambos”.5 
 
INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA, INVOLUNTÁRIA E COMPULSÓRIA 
 
A Lei Antimanicomial (Lei nº 10.216/2001) traz três formas de internações psiquiátricas: a) voluntária; b) 
involuntária e c) compulsória. 
 
Sintetizando: 
 
 
Certo. Mas qual a diferença entre elas? 
 
Vamos lá. 
 
Vejam que a resposta está no artigo 6º da referida lei, que vou trazer por intermédio de tabelas.6 
 
SÃO CONSIDERADOS OS SEGUINTES TIPOS DE INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA 
INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA Aquela que se dá com o consentimento do usuário. 
INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA 
Aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de 
terceiro. 
INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA Aquela determinada pela Justiça. 
 
DEFENSORIA DE SP É CONTRA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE USUÁRIOS DE DROGAS 
 
Recomendamos a leitura do seguinte texto disponível no Conjur7: 
 
“Pela definição vaga do que se pretende fazer com os dependentes químicos que circulam pela cracolândia, no 
centro de São Paulo, a Defensoria Pública paulista pede que a ação movida pela prefeitura da capital seja negada. 
Nesta quarta-feira (24/5), a administração municipal pediu à Justiça para interditar compulsoriamente os usuários 
de drogas que ficam na região. 
 
 
5 Carvalho, Salo de. Antimanual de criminologia/Salo de Carvalho. – 6. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 245. 
6 Quem gosta de tabela curte, quem não gosta compartilha! :P 
7 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-mai-25/defensoria-internacao-compulsoria-usuarios-drogas. Acesso em: 19/03/2021. 
INTERNAÇÕES 
PSIQUIÁTRICAS 
VOLUNTÁRIA INVOLUNTÁRIA COMPULSÓRIA 
https://www.conjur.com.br/2017-mai-24/prefeitura-sp-internar-usuarios-drogas-compulsoriamente
https://www.conjur.com.br/2017-mai-24/prefeitura-sp-internar-usuarios-drogas-compulsoriamente
https://www.conjur.com.br/2017-mai-25/defensoria-internacao-compulsoria-usuarios-drogas
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
Segundo a Defensoria, o pedido da prefeitura é extremamente vago, amplo e perigoso, pois daria ao Executivo 
municipal carta branca para eleger quem são as pessoas nesse estado, sem que houvesse qualquer possibilidade 
de defesa a elas. 
 
Na peça apresentada à Justiça, a gestão de João Doria (PSDB) pede a “busca e apreensão de pessoas em situação 
de drogadição com a finalidade de avaliação (...) e internação compulsória”. 
 
A Defensoria argumenta que a Lei Antimanicomial (Lei Federal nº 10.216/2001) limita a internação compulsória 
quando outras tentativas de tratamento forem insuficientes. Diz ainda que essa medida deve ser excepcional, com 
laudo médico prévio. 
 
Se o pedido da prefeitura for acatado, continua, o direito constitucional ao devido processo legal estaria sendo 
violado. Além disso, o parecer apresentado também aponta que a prefeitura não poderia ter feito o pedido da 
forma como fez, junto a uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público de São Paulo em 2012.” 
 
Portanto, a Lei Antimanicomial aplica-se para qualquer tipo de internação, inclusive para as medidas de 
segurança. Para alguns autores, a Lei Antimanicomial revogou tacitamente os artigos do Código Penal e Processo 
Penal sobre a matéria, tendo em vista que esta lei deu outra perspectiva às medidas de segurança. 
 
Vejam abaixo outros pontos importantes sobre a matéria: 
 
EXPEDIÇÃO DA GUIA PARA 
A EXECUÇÃO DA MEDIDA 
DE SEGURANÇA 
Transitada em julgado a sentença que aplicar medidade segurança, será 
ordenada a expedição de guia para a execução. 
 
CUIDADO: Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento 
Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de 
medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária. 
O QUE DEVE CONTER NA 
GUIA? 
A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extraída pelo escrivão, 
que a rubricará em todas as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à 
autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: 
 
I - a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de 
identificação; 
 
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de 
segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado; 
 
III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento 
ambulatorial; 
 
IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento 
ou internamento. 
COMUNICAÇÃO AO MP 
A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, 
ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do 
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser 
adotado quando da respectiva alta. 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
8 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE 
 
Sobre a cessação da periculosidade, traz a LEP as seguintes informações: 
 
CESSAÇÃO DA 
PERICULOSIDADE: 
CONDIÇÕES PESSOAIS DO 
AGENTE E OUTRAS 
OBSERVAÇÕES FIXADAS EM 
LEI 
A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração 
da medida de segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, 
observando-se o seguinte: 
 
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o prazo de duração 
mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver 
sobre a revogação ou permanência da medida; 
 
II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; 
 
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, 
sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) 
dias para cada um; 
 
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver; 
 
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar 
novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de 
segurança; 
 
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, 
o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias. 
EXAME PARA CESSAÇÃO DA 
PERICULOSIDADE 
Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de 
segurança, poderá o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do 
Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame 
para que se verifique a cessação da periculosidade. 
ORDEM PARA 
DESINTERNAÇÃO OU 
LIBERAÇÃO 
Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou 
a liberação. 
 
Continuando... 
 
PERICULOSIDADE REAL E PRESUMIDA 
 
Tema já cobrado na segunda fase da DPE/PE, em que a banca CESPE foi a banca responsável. 
 
As medidas de segurança trabalham com a ideia de periculosidade, diferente das penas, que trazem a ideia 
de culpabilidade. Eu só falei até aí. Agora vocês precisam saber que a periculosidade é subdividida em duas 
espécies: a) real e b) presumida. 
 
Em síntese: 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Certo, professor, entendi. 
 
Mas qual a diferença? 
 
A periculosidade real ocorre quando esta deve ser averiguada pelo juiz no caso concreto. Não há 
presunção. Simples. Só isso! 
 
Por outro lado, pode parecer óbvio, mas a presumida ocorre quando a própria lei penal estabelece que 
determinado indivíduo é perigoso, devendo o juiz sujeitá-lo a medida de segurança, sem haver necessidade de 
qualquer juízo valorativo (é estranho, mas existe). 
 
Continuando, atenção para um detalhe: a medida de segurança, diferente das penas, tem apenas o caráter 
de prevenção especial (tratamento), e não de prevenção geral (punição como forma de intimidação de toda a 
sociedade, mostrando que a norma é eficaz). Lembra que aprendemos que existe a teoria absoluta da pena, que 
enxerga a pena como uma retribuição ao mal causado, e as teorias relativas (prevenção especial e geral – negativa 
e positiva)? Pois é. Nas medidas de segurança, fiquem atentos apenas à prevenção especial, certo? 
 
Vejam nesse organograma e percebam que “sanção penal” é gênero, certo? Pena e medida de segurança 
são espécies do gênero “sanção penal”: 
 
 
 
PRESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 
Medida de segurança prescreve? 
 
Com certeza. Como dissemos lá em cima, nem pena pode ser considerada perpétua, quanto mais medida 
PERICULOSIDADE 
REAL PRESUMIDA 
SANÇÕES PENAIS 
PENAS 
PRIVATIVAS DE 
LIBERDADE 
MULTA 
RESTRITIVAS DE 
DIREITO 
MEDIDAS DE 
SEGURANÇA 
DETENTIVA 
RESTRITIVA 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
de segurança. 
 
Mas e o prazo, como funciona? 
 
Vejam o que diz o STJ: 
 
A prescrição da medida de segurança imposta em sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima 
abstratamente prevista para o delito. STJ. 5ª Turma. REsp 39920-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/2/2014 
(Info 535). 
 
Portanto, aplica-se a tabela do art. 109 do Código Penal, a depender, portanto, do delito cometido. 
 
Salo de Carvalho aponta que “o marco divisório do movimento antimanicomial foi a promulgação da Lei 
italiana 180/78, conhecida como Lei Basaglia. A Lei determinou a abolição dos manicômios, instituindo formas 
alternativas de abordagem na área da saúde mental, sobretudo com a incorporação do conceito de comunidade 
terapêutica. A efetivação em Lei do projeto antimanicomial redefiniu as próprias formas de intervenção dos atores 
vinculados à antipsiquiatria e, no plano teórico, fomentou a reinvenção da crítica através da superação e da 
transposição dos postulados iniciais”. 8 
 
 E não há como falar sobre saúde mental e não mencionar o primeiro caso envolvendo violações de direitos 
humanos de pessoa com deficiência mental: o Caso Ximenes Lopes vs Brasil. Esse caso, além de ser o primeiro caso 
envolvendo violações de direitos humanos de pessoa com deficiência mental, também foi a primeira condenação 
sofrida pelo Brasil na Corte IDH. 
 
 Em resumo, Damião Ximenes Lopes, que à época dos fatos possuía 30 anos, desenvolveu uma deficiência 
mental. Narram Caio Paiva e Thimotie Aragon (2020, p. 366/367) que Damião Ximenes foi admitido em uma clínica 
particular chamado “Casa de Repouso Guararapes”, em Sobral-CE, como paciente do SUS, estando em perfeito 
estado físico, sem sinais de agressividade. Contudo, após dois dias teve uma crise de agressividade, tendo que ser 
retirado do banho por um auxiliar de enfermaria e por outros pacientes. Na noite do mesmo dia, Ximenes Lopes 
teve outro episódio de agressividade e voltou a ser contido. No dia seguinte sua mãe for visitá-lo, e encontrou 
sangrando, sujo, com hematomas, com as mãos amarradas para trás, gritando e pedindo socorro. Damião faleceu 
no mesmo dia, sem qualquer assistência médica no momento de sua morte. 
 
 Em 2006, o Brasil foi responsabilizado pela violação do direito à vida e à integridade pessoal de Ximenes 
Lopes (CADH, arts. 4.1, 5.1 e 5.2); direito à integridade pessoal dos familiares, inclusive pela ausência do estado 
brasileiro em investigar e punir os responsáveis pelos maus-tratos e óbito da vítima. 
 
 Também foi nesse caso que a Corte IDH declarou a responsabilidade do Estado por atos cometidos por 
particulares (no caso, uma clínica particular). 
 
Por fim, registre-se a alteração trazida pela Lei nº 13.840/2019 na Lei de Drogas, ao admitir a internação 
involuntária parasituações de pessoas com problemas de drogadição (o que é uma aberração, já que esta 
modalidade de internação está prevista na Lei Antimanicomial - Lei nº 10.216/2001 - como medida excepcional. A 
internação involuntária se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro, quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes, no tocante à proteção dos direitos das pessoas portadoras de transtornos 
mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental). 
 
CAIU NA DPE-AC-2017-CESPE: “As internações psiquiátricas, em qualquer uma de suas modalidades, somente serão 
permitidas se demonstrada a insuficiência dos recursos extra-hospitalares”.9 
 
 
8 Carvalho, Salo de. Antimanual de criminologia/Salo de Carvalho. – 6. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2015, p. 249. 
9 CORRETO. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
11 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 04 | RETA FINAL - DPE/CE 
Ao admitir a internação involuntária (portanto, sem consentimento do usuário e de sua família, por 
exemplo) para pessoas com problemas com drogas, é inegável que isso afete principalmente pessoas em situação 
de ruas, possibilitando uma espécie de “limpeza social”, o que beira à absurdidade.10 
 
CAIU NA DPE-AC-2017-CESPE: “A internação compulsória somente pode ser determinada pelo juiz em instituições 
com características asilares, sendo vedada a inserção dessa modalidade de internação em hospitais de custódia e 
de tratamento psiquiátrico”.11 
 
 ENUNCIADOS DE SÚMULA IMPORTANTES SOBRE MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Enunciado 520-STF: Não exige a lei que, para requerer o exame a que se refere o art. 777 do Código de Processo 
Penal, tenha o sentenciado cumprido mais de metade do prazo da medida de segurança imposta. 12 
 
Enunciado 422-STF: A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe 
privação da liberdade.13 
 
Enunciado 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena 
abstratamente cominada ao delito praticado. 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 O caso do ex-prefeito de São Paulo, Doria, que buscou na justiça a possibilidade de internação compulsória de toxicômanos reflete bem 
essa problemática. Para aprofundamentos: https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/doria-pede-a-justica-internacao-compulsoria-de-
usuarios-de-drogas.ghtml. Acesso em: 01/04/2021. 
11 ERRADO. 
12 Sobre essa súmula, veja o que diz o professor Márcio Cavalcante do site Dizer o Direito: “O raciocínio transmitido pela súmula continua 
válido, mas agora o tema é tratado pelos arts. 175 e 176 da Lei nº 7.210/84 (LEP), que possuem praticamente a mesma redação dos arts. 
775 e 777 do CPP. • Em suma, o que quer dizer a súmula: o exame de cessação da periculosidade poderá ser feito a qualquer tempo, ou seja, 
mesmo que não encerrado o prazo mínimo de duração da medida de segurança, desde que essa antecipação seja requerida, de forma 
fundamentada, pelo Ministério Público, pelo interessado, por seu procurador ou defensor”. 
13 A sentença que aplica medida de segurança ao réu é considerada como absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, do CPP). 
14 Esse é o posicionamento do STJ. O STF tem posicionamento diferente. 
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/doria-pede-a-justica-internacao-compulsoria-de-usuarios-de-drogas.ghtml
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/doria-pede-a-justica-internacao-compulsoria-de-usuarios-de-drogas.ghtml
	1. DIREITO PENAL E SAÚDE MENTAL
	ESPÉCIES DE MEDIDAS DE SEGURANÇA
	PRAZOS DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
	INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA, INVOLUNTÁRIA E COMPULSÓRIA
	CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE
	PERICULOSIDADE REAL E PRESUMIDA
	PRESCRIÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
	ENUNCIADOS DE SÚMULA IMPORTANTES SOBRE MEDIDA DE SEGURANÇA

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