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História da Língua Portuguesa

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INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 125PROENEM.COM.BR
HISTÓRIA DA 
LÍNGUA PORTUGUESA07
A língua portuguesa compõe um grupo de idiomas chamados 
“neolatinos”, por serem derivados do Latim, língua oficial do Império 
Romano, que dominou praticamente toda a Europa durante sete 
séculos. Ao longo do tempo, especialmente após a queda do 
Império Romano, o latim sofreu inúmeras mudanças e acabou por 
transformar-se em uma gama enorme de idiomas, como o italiano, 
o francês, o romeno, o espanhol, o provençal, o catalão, o sardo, o 
dalmático, o galego e, claro, nosso português.
O latim, introduzido na Península Ibérica em torno do século 
III AEC, foi a língua oficial da região até a chegada dos invasores 
germânicos que ficaram na localidade do século V ao VII. A 
península é invadida pelos muçulmanos em 711 e permanecem 
por lá até por volta do século X. Apenas no século XII surge o reino 
de Portugal. Durante toda essa jornada, o latim falado na região 
sofreu a influência das línguas germânicas, do árabe, além da 
natural evolução temporal que sofre qualquer idioma falado.
Palavras de influência germânica
agasalhar, aia, albergue, arrear, bando, brotar, elmo, enguiçar, 
espeto, espiar, espora, estaca, ganso, garbo, guarda, guerra, 
íngreme, luva, mofo, roca, sítio, trégua triscar;
Palavras de influência árabe
Açúcar, alcateia, álcool, alcova, aldeia, alecrim, alfaiate, alface, 
alfândega, algarismo, algibeira, algoz, almanaque, almofada, 
alquimia, armazém, arroz, arsenal, auge, azul, damasco, elixir, 
enxaqueca, esmeralda, fulano, garrafa, girafa, harém, ímã, javali, 
limão, magazine, masmorra, mesquita, resma, sorvete, sultão, 
talco, tapete, xadrez, xarope, xaveco, xeque, xerife, zarabatana.
Os primeiros textos escritos em português datam do século 
XIII. Esses registros mostram que a língua portuguesa não se 
diferencia do galego, idioma utilizado na província da Galícia, que, 
nos dias de hoje, fica na Espanha. Foi essa língua amalgamada, 
“galego-português” ou “galaico-português”, que era a “versão do 
latim” falada na região da Península Ibérica.
As primeiras obras do Trovadorismo, como cantigas de amor 
e cantigas de amigo são registradas nesse “proto” português. 
Somente por volta de 1350, com a extinção da escola literária galego-
portuguesa, que o português se afirma como língua independente, 
oficializando como a expressão idiomática do Reino de Portugal.
A partir do século XV, com a expansão marítima, Portugal começa 
a levar sua língua ao mundo.   Transportada por capitães e fixada 
junto às conquistas e colonizações, o português chega à África, Ásia, 
Oceania e, evidentemente, desembarca também no Brasil.
É no século XVI que a língua encontra seu “esplendor” 
renascentista. Os Lusíadas de Camões e a publicação da primeira 
gramática da língua portuguesa em 1536 por Fernão de Oliveira 
são marcos significativos que elevam a língua portuguesa a uma 
organização e expressão extraordinárias.
Neste período, era comum que os portugueses nobres e aqueles 
em campanhas colonizatórias usassem também o espanhol como 
segunda língua e muitos autores portugueses também escrevem 
suas obras na língua vizinha. Essa proximidade geográfica, cultural e 
política acaba por influenciar ambas as línguas ao longo da história.
Palavras de influência espanhola
Aperrear, boina, bolero, caudilho, cavalheiro, chiste, cordilheira, 
galã, lagartixa, mantilha, mochila, muleta, pirueta, tijolo
A partir do século XVIII, por conta da preponderância 
econômica, política e cultural da França, o francês passa a ser uma 
língua de prestígio mundial, contribuindo com diversas expressões 
que acabaram por ser incorporadas à língua portuguesa. Fato 
semelhante ocorre a partir do século XX com o inglês, devido, em 
especial, à influência dos Estados Unidos.
Palavras de influência francesa
Ateliê, abajur, avenida, bijuteria, bufê, buquê, capô, chance, 
chassis, chique, chofer, crachá, departamento, envelope, felicitar, 
greve, guichê, menu, omelete, pose, restaurante, sutiã, toalete, 
tricô, vitrine.
Palavras de influência inglesa
Basquetebol, bife, coquetel, detetive, escanear, estartar, filme, 
futebol, lanche, náilon, nocaute, pulôver, repórter, sanduíche, 
suéter, xampu.
No Brasil, a língua desenvolveu-se com influência das línguas 
indígenas e das línguas de origem africana, traços sentidos tanto 
no vocabulário quanto na pronúncia brasileira, que se diferencia da 
forma de falar dos europeus. Esporadicamente, palavras e termos 
oriundos de línguas dos imigrantes também se incorporaram ao 
léxico português.
Palavras de influência africana
Acarajé, angu, babalaô, batuque, cachumba, cachimbo, caçula, 
candoblé, cochilar, Exu, fubá, Iemanjá, miçangacamundongo, 
marimbondo, moleque, quilombo, senzala, tanga.
Palavras de influência tupi
Abacaxi, arara, capinar, carioca, jabuticaba, jararaca, jiboia, 
mandioca, Mooca, Niterói, piranha, Tietê, urubu.
Palavras de influência italiana
Cantina, boletim, carnaval, mortadela, risoto, salsicha, confete, 
porcelana, banquete, macarrão, cenário, violino, violoncelo, 
bandolim, sonata, ária, dueto, soprano.
Com duzentos milhões de falantes da língua e sua 
ampla territorialidade, o Brasil é o principal país lusófono. 
É comum que hoje se diferenciem o português europeu do 
português brasileiro, dado que apresentam variações significativas 
nos campos fonético, lexical e sintático.
A língua portuguesa, hoje a quinta língua mais falada no mundo 
em número de falantes, estende seus domínios por todos os 
continentes, sendo falada oficialmente, além de Brasil e Portugal, 
em Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste, 
São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor Leste. Além disso, 
regiões como Goa, na Índia, e Macau, na China, também são 
regiões onde a língua é falada, herança dos tempos das grandes 
navegações empreendidas pelos portugueses.
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Identifique o nome do grupo ao qual a Língua Portuguesa 
pertence.
02. Cite em quais aspectos são sentidas as diferenças entre o 
português europeu e o português brasileiro.
03. Cite cinco palavras de influência africana.
04. Apresente as influências diretas que são sentidas pela Língua 
Portuguesa do Brasil.
05. Identifique o período em que o latim foi inserido na Península 
Ibérica.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM) A substituição do haver por ter em construções 
existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos 
processos mais característicos da história da língua portuguesa, 
paralelo ao que já ocorrera em relação à aplicação do domínio de 
ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos 
e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a 
emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica 
de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e 
cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, 
tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos 
de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com 
concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” 
no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela 
um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que 
respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É 
válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa 
forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos 
e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o 
passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso 
em: 26 fev. 2012 (adaptado).
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes 
contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisahistórica.
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e 
a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua 
fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada 
para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão 
da constituição linguística.
02. (ENEM) O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem 
candidatar-se a expressar qualquer conteúdo. A pesquisa linguística 
do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre 
os idiomas do mundo – ou seja, não há idiomas gramaticalmente 
mais primitivos ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que 
possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa 
realizar-se na prática histórica do idioma, o que nem sempre 
acontece. Teoricamente, uma língua com pouca tradição escrita 
(como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já extinta 
(como o latim ou o grego clássicos) podem ser empregadas para 
falar sobre qualquer assunto, como, digamos, física quântica ou 
biologia molecular. Na prática, contudo, não é possível, de uma 
hora para outra, expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, 
simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses 
conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário 
específico, seja por meio de empréstimos de outras línguas, seja 
por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas tal 
tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. 
Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua 
própria complexidade e dinâmica de funcionamento. O texto 
ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o 
léxico contempla visão de mundo particular específica de uma 
cultura.
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante 
nativo se comunicar perfeitamente a respeito de qualquer 
conteúdo.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática 
de línguas indígenas, se comparados com outras línguas de 
origem europeia.
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, 
especificidades relacionadas à própria cultura dos falantes de 
uma comunidade.
e) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas 
contemporâneas, pois permitem que sejam abordadas 
quaisquer temáticas, sem dificuldades.
03. (ENEM)
TEXTO I
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais, 
e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços 
de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se 
esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater 
na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois 
levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo 
voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia 
do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução 
moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para 
comparecer todo liró ao copo-d’água, se bem que no convescote 
apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um 
precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita 
cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho 
diante de treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, 
e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
TEXTO II
Expressão Significado
Cair nos braços de Morfeu Dormir
Debicar Zombar, ridicularizar
Tunda Surra
Mangar Escarnecer, caçoar
Tugir Murmurar
Liró Bem-vestido
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07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
127
INTERPRETAÇÃO
Copo d’água Lanche oferecido pelos amigos
Convescote Piquenique
Bilontra Velhaco
Treteiro de topete Tratante atrevido
Abrir o arco Fugir
FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 
(adaptado).
Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se 
pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora 
produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse 
fenômeno revela que
a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se 
referir a fatos e coisas do cotidiano.
b) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do 
léxico proveniente do português europeu.
c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do 
seu léxico no eixo temporal.
d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser 
reconhecido como língua independente.
e) o léxico do português representa uma realidade linguística 
variável e diversificada.
04. (ENEM)
TEXTO I
A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas 
brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodrigues, há 
40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio 
Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, 
sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam 
uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança 
com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades 
em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de 
diferentes alturas na voz.
O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela 
proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes 
de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, 
esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter 
à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma 
ameaça linguística.
Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).
TEXTO II
“O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido 
mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na 
presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. 
A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. 
No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as 
línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje 
se falem de 6 000 a 7 000 línguas no mundo todo. Quase metade 
delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do 
Ethnologue — o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais 
—, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção.
Veja, n.36, set. 2007 (adaptado).
Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, 
cujas realidades se aproximam em função do(a)
a) semelhança no modo de expansão.
b) preferência de uso na modalidade falada.
c) modo de organização das regras sintáticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato.
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias.
05. (ENEM) A forte presença de palavras indígenas e africanas e 
de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é um 
dos traços que distinguem o português do Brasil e o português 
de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que 
o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do 
século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao 
Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a 
Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório 
da assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal 
começaram a divergir, não só por terem sofrido influências 
diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que 
falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são 
importantes na constituição do português do Brasil porque
a) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a 
colonização e a imigração.
b) transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as 
africanas, as indígenas e as europeias.
c) promoveram uma línguaacessível a falantes de origens 
distintas, como o africano, o indígena e o europeu.
d) guardaram uma relação de identidade entre os falantes do 
português do Brasil e os do português de Portugal.
e) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas 
de outros países que também tiveram colonização portuguesa.
06. (ENEM)
A língua tupi no Brasil
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe 
seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada 
cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, 
em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou 
a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral 
dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se 
desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento 
geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos 
paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos 
índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se 
expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu 
o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de 
Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas 
andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar 
onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu 
(cachoeira). E acabou inventando uma nova língua.
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos 
diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da 
Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, 
que, além da influência do português, ainda recebia palavras de 
outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como 
língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
ÂNGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística 
nacional. Quanto ao papel do tupi na formação do português 
brasileiro, depreende-se que essa língua indígena
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos 
traços característicos dos lugares designados.
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja 
base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos 
padres portugueses, vindos de Lisboa.
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações 
entre portugueses e negros nas investidas contra o Quilombo 
dos Palmares.
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, 
e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas.
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
07. (ENEM) Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e 
o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no 
mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de 
expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil 
descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, 
voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por 
expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a 
comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora 
em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com 
a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção 
na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da 
problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática 
social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi 
ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a 
descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, 
Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de 
um país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de 
um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São 
Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua 
unitária e particular tradição cultural. É esse, para nós, no início do 
século XXI, o novo estilo brasileiro.
STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado).
No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, 
foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária 
relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à 
portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o 
papel do patrimônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento 
daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante desse pressuposto, 
e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de 
consolidação da cultura brasileira, constata-se que
a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o 
fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais, assim como 
usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do escritor 
Machado de Assis.
b) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no 
mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros ganharam 
naqueles países, a partir do século XX.
c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação 
da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele 
mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos.
d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação 
culturalmente mestiça, embora a expressão dominante seja 
aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em especial aquela 
ligada às telenovelas.
e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união 
bastante significativa entre as diversas matrizes culturais 
advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar 
na obra de Paulo Coelho.
08. (ENEM) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o 
país era povoado de índios. Importaram, depois, da África, grande 
número de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem, 
durante o período colonial, as três bases da população brasileira. 
Mas no que se refere à cultura, a contribuição do Português foi de 
longe a mais notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a 
lado como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os 
bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio 
Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em São Paulo 
estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os 
filhos se criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas 
famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os meninos 
aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa . Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984 
(adaptado).
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de 
seu povo. O texto mostra que, no período colonial brasileiro, o 
Português, o índio e o Negro formaram a base da população e que 
o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
a) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
b) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas.
c) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de língua 
portuguesa.
d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi.
e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
09. (MPE-RS – Promotor) “Nada paralisou mais a inteligência do 
que a busca por bodes expiatórios”, escreveu o historiador Theodore 
Zeldin. A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada - 
de desastres naturais a guerras, de crises econômicas a epidemias 
- nas costas de um único indivíduo ou grupo quase sempre 
inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a 
consideram essencial para entender a vida em sociedade.
No livro Bode Expiatório - Uma História da Prática de Culpar Outras 
Pessoas, Charlie Campbell defende a tese de que cada ser humano 
tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem 
dificuldade de admitir os próprios erros. Junte-se a isso a necessidadeintrinsecamente humana de tentar encontrar um sentido, uma ordem 
no caos do mundo, e têm-se os elementos exatos para aceitarmos a 
primeira e a mais simples explicação que aparecer para os males a 
nos afligir. Desde muito cedo, provavelmente com o surgimento das 
primeiras crenças religiosas, a humanidade desenvolveu rituais para 
transferir a culpa para pessoas, animais ou objetos como uma forma 
de purificação e recomeço. A expressão “bode expiatório” refere-se a 
uma passagem do Velho Testamento que descreve o sacrifício de dois 
ruminantes no Dia da Expiação. O primeiro bode era sacrificado em 
tributo a Deus, para pagar pelos pecados da comunidade. O segundo 
era enxotado da aldeia, carregando consigo, simbolicamente, a culpa 
de todos os moradores.
A escolha do bode expiatório costuma obeceder a, pelo menos, 
um de três requisitos. Primeiro, deve ser alguém capaz de substituir 
sozinho muitas vítimas potenciais. Foi o que ocorreu com Andrés 
Escobar, zagueiro da seleção colombiana de futebol, cujo gol contra na 
partida com os Estados Unidos eliminou seu time da Copa do Mundo 
de 1994. Quando voltou à Colômbia, Escobar foi assassinado a tiros, 
supostamente por apostadores que haviam perdido dinheiro com a 
derrota. Por maior que tenha sido o erro do jogador, é óbvio que num 
time que tem onze integrantes não se pode atribuir a apenas um deles 
toda a culpa por um resultado ruim.
O segundo quesito a ser preenchido por um candidato a bode 
expiatório é ser um alvo facilmente identificável. O ditador alemão 
Adolf Hitler, um dos mais cruéis inventores de bodes expiatórios de 
todos os tempos, achava que um verdadeiro líder nacional era aquele 
que, em vez de dividir a atenção de seu povo, tratava de canalizá-
la contra um grande inimigo. Após séculos de antissemitismo na 
Europa, não foi difícil para os nazistas transformar os judeus em 
suas vítimas preferenciais, atribuindo a eles a responsabilidade 
por uma série de malfeitorias. A expiação coletiva imposta pelos 
nazistas resultou na morte de 6 milhões de judeus.
O terceiro critério para encontrar um bom culpado é suspeitar 
de qualquer pessoa que tente defender a inocência de um bode 
expiatório. Na caça às bruxas da Idade Média, que resultou no 
julgamento e na execução de milhares de mulheres, funcionava 
assim. Os métodos para identificar uma “noiva do demônio” eram 
absurdos. Um deles consistia em jogar a acusada num rio com as 
mãos e os pés atados; se ela boiasse, seria culpada;. se afundasse, 
seria inocente, mas aí já estaria morta. Nessas condições, poucos 
testemunhavam em favor das supostas bruxas. Essa regra também 
é atávica dos estados totalitários, que, por princípio, não podem 
assumir as próprias falhas sob o risco de perderem a legitimidade, 
e por isso precisam de alguém para expiar suas culpas.
Adaptado de: SCHELP, D. A arte de culpar os outros. Veja, 16 de maio de 2012, p. 113-114.
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INTERPRETAÇÃO
Em uma perspectiva etimológica, muitas palavras entraram prontas 
do latim ou de outro idioma para o léxico da Língua Portuguesa. 
No entanto, a maioria dos falantes não reconhece a origem das 
palavras, quer na sua forma mais antiga conhecida, quer em 
alguma etapa de sua evolução. Para compreender o processo 
de derivação das palavras que utiliza em seu dia a dia, o falante 
geralmente lança mão de seu conhecimento acerca do sentido e 
da função de prefixos e sufixos.
Com base nessa ressalva, pode-se afirmar corretamente que, entre 
as palavras abaixo extraídas do texto, a única que foi formada pelo 
acréscimo de sufixo que transforma adjetivos em substantivos é
a) humanidade.
b) rituais.
c) purificação.
d) ruminantes.
e) zagueiro.
10. (UEG) O islamismo surge na península arábica no século 7 
d.C. Dentre as obras literárias que surgiram no mundo islâmico, 
influenciadas pela religião muçulmana, destaca-se a obra:
a) os Vedas
b) os Upanishades
c) os Contos de Grimm
d) As mil e uma noites
11. 
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” 
utilizado por gays e travestis
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e 
ganhou a comunidade
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê 
se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? 
Se sim, é porque você manja alguma coisa de pajubá, o “dialeto 
secreto” dos gays e travestis.
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais 
formais, um advogado afirma: “É claro que eu não vou falar durante 
uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus colegas 
de trabalho, eu falo de ‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem 
que ter cuidado de falar outras palavras porque hoje o pessoal já 
entende, né? Tá na internet, tem até dicionário ...”, comenta.
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, 
caracterizando-se como elemento de patrimônio linguístico, 
especialmente por 
a) ter mais de mil palavras conhecidas. 
b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 
c) ser consolidado por objetos formais de registro. 
d) ser utilizado por advogados em situações formais. 
e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho. 
12. (UNICAMP)
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2012, p.19.)
No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade,
f) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, 
metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
g) o sentimento do mundo é representado pela percepção 
particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela 
metáfora do Morro da Babilônia.
h) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao 
que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo 
denominada paronomásia.
i) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso 
figurativo do poema, um oximoro: a relação entre terror e 
gentileza no espaço urbano.
13. No ano de 1985 aconteceu um acidente muito grave em Angra 
dos Reis, no Rio de Janeiro, perto da aldeia guarani de Sapukai. 
Choveu muito e as águas pluviais provocaram deslizamentos de 
terras das encostas da Serra do Mar, destruindo o Laboratório 
de Radioecologia da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, 
construída em 1970 num lugar que os índios tupinambás, há mais 
de 500 anos, chamavam de Itaorna. O prejuízo foi calculado na 
época em 8 bilhões de cruzeiros. Os engenheiros responsáveis pela 
construção da usina nuclear não sabiam que o nome dado pelos 
índios continha informação sobre a estrutura do solo, minado pelas 
águas da chuva. Só descobriram que Itaorna, em língua tupinambá, 
quer dizer ‘pedra podre’, depois do acidente.
FREIRE, J. R. B. Disponível em: www.taquiprati.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012 
(adaptado).
Considerando-se a história da ocupação na região de Angra dos 
Reis mencionada no texto, os fenômenos naturais que a atingiram 
poderiam ter sido previstos e suas consequências minimizadas se 
a) o acervo linguístico indígena fosse conhecido e valorizado. 
b) as línguas indígenas brasileiras tivessem sido substituídas pela 
língua geral. 
c) o conhecimento acadêmico tivesse sido priorizado pelos 
engenheiros. 
d) a língua tupinambá tivesse palavras adequadas para descrever 
o solo. 
e) o laboratório tivesse sido construído de acordo com as leis 
ambientais vigentes na época. 
14.
O INTERNETÊS NA ESCOLA 
O internetês – expressão grafolinguísticacriada na internet 
pelos adolescentes na última década – foi, durante algum tempo, 
um bicho de sete cabeças para gramáticos e estudiosos da língua. 
Eles temiam que as abreviações fonéticas (onde “casa” vira ksa; e 
“aqui” vira aki) comprometessem o uso da norma culta do português 
para além das fronteiras cibernéticas. Mas, ao que tudo indica, o 
temido intemetês não passa de um simpático bichinho de uma 
cabecinha só. Ainda que a maioria dos professores e educadores se 
preocupe com ele, a ocorrência do internetês nas provas escolares, 
vestibulares e em concursos públicos é insignificante. Essa forma 
de expressão parece ainda estar restrita a seu hábitat natural. 
Aliás, aí está a questão: saber separar bem a hora em que podemos 
escrever de qq jto, da hora em que não podemos escrever de “qualquer 
jeito”. Mas, e para um adolescente que fica várias horas “teclando” 
que nem louco nos instant messengers e chats da vida, é fácil virar 
a “chavinha” no cérebro do internetês para o português culto? “Essa 
dificuldade será proporcional ao contato que o adolescente tenha com 
textos na forma culta, como jornais ou obras literárias. Dependendo 
deste contato, ele terá mais facilidade para abrir mão do internetês” – 
explica Eduardo de Almeida Navarro, professor livre-docente de língua 
tupi e literatura colonial da USP. 
RAMPAZZO, F. Disponível em: www9.revistalingua.com.br. Acesso em: 01 mar. 2012 
(adaptado).
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Segundo o texto, a interação virtual favoreceu o surgimento da 
modalidade linguística conhecida como internetês. Quanto à influência 
do internetês no uso da forma culta da língua, infere-se que 
a) a ocorrência de termos do internetês em situações formais 
de escrita aponta a necessidade de a língua ser vista como 
herança cultural que merece ser bem cuidada. 
b) a dificuldade dos adolescentes para produzirem textos mais 
complexos é evidente, sendo consequência da expansão do 
uso indiscriminado da internet por esse público. 
c) a carência de vocabulário culto na fala de jovens tem sido um 
alerta quanto ao uso massivo da internet, principalmente no 
que concerne a mensagens instantâneas. 
d) a criação de neologismos no campo cibernético é inevitável 
e restringe a capacidade de compreensão dos internautas 
quando precisam lidar com leitura de textos formais. 
e) a alternância de variante linguística é uma habilidade dos 
usuários da língua e é acionada pelos jovens de acordo com 
suas necessidades discursivas. 
15. A Língua Portuguesa tem origem no idioma:
a) Francês.
b) Italiano.
c) Espanhol.
d) Galego-Português.
e) Mandarim.
16. (ENEM)
Texto I
Um ato de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi o 
que aconteceu com a palavra sambódromo, criativamente formada 
com a terminação -(o)dromo (=corrida), que  figura  em  hipódromo,  
autódromo, cartódromo, formas  que designam   itens culturais da 
alta  burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas 
populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008
Texto II
Existe coisa mais descabida do que chamar de 
sambódromo  uma  passarela para desfile de escolas  de samba? 
Em grego, -dromo quer  dizer “ação de correr, lugar de corrida”,  daí  as 
palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às   vezes, durante o desfile, 
a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não 
se descoloca a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1.
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.
Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto 
II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra 
sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete
a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas 
palavras.
c) a apropriação inadequada de mecanismos de  criação de 
palavras por leigos.
d) o reconhecimento a impropriedade semântica dos 
neologismos.
e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego.
17. (ENEM)
Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes 
navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A 
palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores 
lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam — é 
que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. 
Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra 
acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio. 
COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento). 
No texto evidencia-se que a construção do significado da palavra 
mandinga resulta de um(a) 
a) contexto sócio-histórico. 
b) diversidade étnica. 
c) descoberta geográfica. 
d) apropriação religiosa. 
e) contraste cultural. 
18. (ENEM)
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia.
As garça dá meia volta,
Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia.
Quando eu vim da minha terra,
Despedi da parentaia.
Eu entrei em Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
Como o aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma e outra faia.
E os oio se enche d´água
Que até a vista se atrapaia.
Folclore recolhido por Paulo 
Vanzolini e Antônio Xandó.
 
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos 
culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além 
de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a 
importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste 
no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a
a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
b) criação neológica na língua portuguesa.
c) formação da identidade nacional por meio da tradição oral.
d) incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do 
interior do Brasil.
e) padronização de palavras que variam regionalmente, mas 
possuem mesmo significado.
19. Resta saber o que ficou das línguas indígenas no português do 
Brasil. Serafim da Silva Neto afirma: “No Português do Brasil, não 
há, positivamente, influência das línguas africanas ou ameríndias”. 
Todavia, é difícil de aceitar que um longo período de bilinguismo de 
dois séculos não deixasse marcas no português do Brasil.
ELIA, S. Fundamentos Histórico-Linguísticos do Português do Brasil. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2003 (adaptado).
No final do sec. XVIII, no norte do Egito, foi descoberta a Pedra 
de Roseta, que continha um texto escrito em egípcio antigo, 
uma versão desse texto chamada “demótico”, e o mesmo texto 
escrito em grego. Até então, a antiga escrita egípcia não estava 
decifrada. O inglês Thomas Young estudou o objeto e fez algumas 
descobertas como, por exemplo, a direção em que a leitura deveria 
ser feita. Mais tarde, o francês Jean- François Champollion voltou 
a estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita egípcia a partir do 
grego, provando que, na verdade, o grego era a língua original do 
texto e que o egípcio era uma tradução.
Com base na leitura dos textos conclui-se, sobre as línguas, que:
a) cada língua é única e intraduzível.
b) elementos de uma língua são preservados, ainda que não haja 
mais falantes dessa língua.
c) a língua escrita de determinado grupo desaparece quando a 
sociedade que a produzia é extinta.
d) o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estrutura 
gramatical, assim como as línguas indígenas brasileiras e o 
português do Brasil.
e) o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras similares, 
o que possibilitou a comparação linguística, o mesmo que 
aconteceu com as línguas indígenas brasileiras e o português 
do Brasil.
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INTERPRETAÇÃO
20. Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados 
a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil.
Texto I
Acompanhando os navegadores, colonizadores e comerciantes 
portugueses em todas as suas incríveis viagens, a partir do século 
XV, o português se transformou na língua de um império. Nesse 
processo, entrou em contato — forçado, o mais das vezes; amigável, 
em alguns casos — com as mais diversas línguas, passando por 
processos de variação e de mudança linguística. Assim, contar a 
história do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial 
e de país independente, já que as línguas não são mecanismos 
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são muitos 
os aspectos da estrutura linguística que não só expressam a 
diferença entre Portugal e Brasil como também definem, no Brasil, 
diferenças regionais e sociais.
PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br. Acesso 
em: 5 jul. 2009 (adaptado).
Texto II
Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma das 
partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma parte 
da Terra se comete mais essa figura da pronunciação que nestes 
reinos, por causa das muitas nações que trouxemos ao jugo do 
nosso serviço. Porque bem como os Gregos e Romanos haviam 
por bárbaras todas as outras nações estranhas a eles, por não 
poderem formar sua linguagem, assim nós podemos dizer que as 
nações de África, Guiné, Ásia, Brasil barbarizam quando querem 
imitar a nossa. 
BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 1957 (adaptado).
Os textos abordam o contato da língua portuguesa com outras 
línguas e processos de variação e de mudança decorridos desse 
contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a posição 
de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais da 
linguagem, revela:
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações 
a serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo tempo, de 
benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham de 
suas línguas.
b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações 
sob domínio português, dado o interesse dos falantes dessa 
línguas em copiar a língua do império, o que implicou a falência 
do idioma falado em Portugal.
c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante 
padrão da língua grega — em oposição às consideradas 
bárbaras —, em vista da necessidade de preservação do padrão 
de correção dessa língua à época.
d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea 
e invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa 
pertence a outros povos.
e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa, por 
se tratar de sistema que não disporia de elementos necessários 
para a plena inserção sociocultural de falantes não nativos do 
português.
05.
APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (PUCRJ 2017 Adaptada) 
Efeitos da mudança das condições
Tenho, até o presente, falado de mudanças — tão comuns e 
tão diversas nos seres orgânicos reduzidos ao estado doméstico e, 
em menor escala, naqueles que se encontram em estado selvagem 
— como se elas fossem fortuitas. É, sem objeção, uma expressão 
muito incorreta; talvez, contudo, seja suficiente para demonstrar a 
nossa total ignorância sobre as razões de cada variação particular.
Alguns cientistas julgam que uma das funções do sistema 
reprodutor consiste tanto em produzir diferenças individuais, ou 
pequenos desvios de estrutura, como em produzir descendentes 
semelhantes aos pais. Mas o fato de as variações e de as 
deformações se apresentarem em maior número no estado 
doméstico que no estado natural, o fato de as espécies que têm 
um habitat muito extenso serem mais variáveis que as que têm 
um habitat restrito, permitem-nos concluir que a variabilidade deve 
ter, comumente, qualquer analogia com as condições de sobrevida 
às quais cada espécie foi submetida durante algumas gerações 
sucessivas. Tentei provar que as mudanças de condições atuam 
de duas maneiras: diretamente, sobre toda a organização, ou sobre 
algumas partes unicamente do organismo; e indiretamente, por 
meio do sistema reprodutor. Em todos os casos, há dois fatores: 
a natureza do organismo, que é a mais importante das duas, e a 
natureza das condições ambientes. Neste último caso, o organismo 
parece tornar-se plástico e encontramos uma grande variabilidade 
incerta. No primeiro caso, a natureza do organismo é tal que cede 
facilmente, quando submetido a certas condições, e todos, ou 
quase todos os indivíduos, se modificam da mesma maneira.
É difícil delimitar até que ponto a alteração das condições — 
por exemplo, a alteração do clima, da alimentação, etc. — atua de 
uma maneira definida. Há razão para se acreditar que, no decurso 
do tempo, os efeitos destas alterações sejam tão marcantes que 
possam ser provados por evidências claras. Contudo, podemos 
concluir, sem receio de engano, que não se pode atribuir unicamente 
a uma tal causa atualmente as adaptações de estrutura, tão 
numerosas e tão complicadas, que observamos na natureza entre 
os diferentes seres orgânicos.
DARWIN, Charles. A origem das espécies. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., pp. 
143-4 (Tradução de Eduardo Fonseca, 2004.)
a) Indique a palavra ou expressão a que se refere a última 
ocorrência de “que” no texto.
b) No texto, o enunciador apresenta suas reflexões acerca do 
que está sendo observado e das investigações que vem 
desenvolvendo. Destaque, do último parágrafo, a expressão 
que, em si mesma, denota certeza a respeito do que é 
enunciado. 
02. (UNIFESP 2007) Leia o trecho de Triste fim de Policarpo 
Quaresma, de Lima Barreto, para responder às questões seguintes:
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a 
Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, 
na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de 
minerais, vegetais e animais que o Brasil continha; sabia o valor do 
ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, 
as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios.
(...)
Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. 
Todas as manhãs, antes que a “Aurora com seus dedos rosados 
abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até ao almoço com 
o Montoya, “Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi”, 
e estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os 
pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia 
desse seu estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que 
em chamá-lo - Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar 
o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em 
tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara está tardando?”
Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua 
ilustração, a modéstia e honestidade do seu viver impunham-
no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, 
não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insultos. 
Endireitou-se, consertou o seu “pince-nez”, levantou o dedo 
indicador no ar e respondeu:
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- Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao 
ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a 
emancipação da Pátria.
Vocabulário:
amanuenses: escreventes;
doestos: injúrias. 
Examine a frase:
“Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani.”
a) No conjunto da obra, que relação há entre nacionalismo e o 
estudo de tupi-guarani?
b) Quanto ao sentido, explique o emprego da forma verbal 
“dedicava” e justifique sua resposta com uma expressão 
presente no texto. 
03. (FGV 2012) Os mecanismos constitucionais que caracterizam o 
Estado de direito têm o objetivo de defender o indivíduo dos abusos 
do poder. Em outras palavras,são garantias de liberdade, da assim 
chamada 1liberdade negativa, entendida como esfera de ação em 
que o indivíduo não está obrigado por quem detém o poder coativo a 
fazer aquilo que não deseja ou não está impedido de fazer aquilo que 
deseja. Há uma acepção de liberdade – que é a acepção prevalecente 
na tradição liberal – segundo a qual “liberdade” e “poder” são dois 
termos 3antitéticos, que denotam duas realidades em contraste entre 
si e são, portanto, incompatíveis: nas relações entre duas pessoas, à 
medida que se estende o poder (poder de comandar ou de impedir) de 
uma diminui a liberdade em sentido negativo da outra e, vice-versa, 
à medida que a segunda amplia a sua esfera de liberdade diminui o 
poder da primeira. Deve-se agora acrescentar que para o pensamento 
liberal a liberdade individual está garantida, mais que pelos 
mecanismos constitucionais do Estado de direito, também pelo fato 
de que ao Estado são reconhecidas tarefas limitadas à manutenção 
da ordem pública interna e internacional. No pensamento liberal, 
teoria do controle do poder e teoria da limitação das tarefas do Estado 
procedem no mesmo passo: pode-se até mesmo dizer que a segunda 
é a 2conditio sine qua non da primeira, no sentido de que o controle 
dos abusos do poder é tanto mais fácil quanto mais restrito é o âmbito 
em que o Estado pode estender a própria intervenção, ou mais breve e 
simplesmente no sentido de que o Estado mínimo é mais controlável 
do que o Estado máximo. Do ponto de vista do indivíduo, do qual se 
põe o liberalismo, o Estado é concebido como um mal necessário; e 
enquanto mal, embora necessário (e nisso o liberalismo se distingue 
do 4anarquismo), o Estado deve se intrometer o menos possível na 
esfera de ação dos indivíduos.
Noberto Bobbio, Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 2006.
a) Considerada no contexto, a expressão “liberdade negativa” (ref. 
1) deve ser entendida como algo positivo para o indivíduo. Você 
concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
b) Considerando o gênero a que pertence o texto, é adequado, do 
ponto de vista lógico, o emprego da expressão latina “conditio 
sine qua non” (ref. 2)? Justifique sua resposta.
c) É correto afirmar que os prefixos que ocorrem nas palavras 
“antitéticos” (ref. 3) e “anarquismo” (ref. 4) têm o mesmo 
sentido que os prefixos formadores, respectivamente, das 
palavras “antediluviano” e “amoral”? Justifique sua resposta. 
04. (CP2 2012) 
Texto I
Mestiços (fragmento) 
É no mirar nossas raízes que vamos encontrar as 
características de nossa singularidade. Estamos maduros para 
encarar nossa condição de únicos, originais. 1Somos, com muita 
honra, provavelmente o maior país mestiço do mundo. Reconhecer 
isso é galgar mais um degrau na direção de nosso orgulho, de 
nossa nacionalidade (...). 
Entramos no século 21 no apogeu do poder da mídia, deixando 
que ela faça a nossa cabeça. Não há novela que não mostre 
brancos e pretos namorando, apaixonando-se. Nossos filmes e 
mesmo a nossa publicidade começaram, há não muito tempo, a 
escancarar a mestiçagem. A porta da frente já está aberta para 
pardos, brancos e pretos.(...) 
Ouço da boca dos negros que conheço que, quando entram 
em livraria, por mais bem vestidos que estejam, são discretamente 
seguidos e vigiados. Ainda se estranha um negro em livraria. 
2Conheço também a 3vox populi que diz não ter preconceito, desde 
que “esse estranho” não queira entrar na família. 
Sim, temos preconceito, mas o nosso preconceito não é 
igual ao dos países de Primeiro Mundo que supõem pureza 
racial. Discriminamos cor e também nos isolamos de pobres, de 
delinquentes e, em certas circunstâncias, até dos “CDFs” e de outros 
tipos de “certinhos”. Frequentemente, honestos são vistos como 
tolos ou simplórios. Vi, há não muito tempo, num documentário de 
uma ONG que estuda o caipira paulista, uma senhora – classe A – 
dizendo saber que branco e preto são iguais e que gostaria de não 
ter preconceito, mas não consegue. Ela sabe que está errada, mas, 
de maneira muito ingênua, pergunta ao entrevistador: “Não seria 
melhor se fôssemos todos brancos ou pretos?” 
(Anna Veronica Mautner. In: Folha de S. Paulo, 31/12/2004)
3 Vox populi: expressão em latim que significa literalmente “voz do 
povo”. 
Texto II
“Conheço também a vox populi que diz não ter preconceito, 
desde que “esse estranho” não queira entrar na família”. (Texto I, 
referência 2) 
Que expressão do texto II se refere ao termo “vox populi” do texto I? 
05. (UNICAMP 2010) 
a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo 
ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse 
pressuposto é inadequado?
b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado. 
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07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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INTERPRETAÇÃO
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. D
03. E
04. D
05. A
06. A
07. C
08. E
09. A
10. D
11. C
12. A
13. A
14. E
15. D
16. A
17. A
18. C
19. B
20. D
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) Na última ocorrência de “que”, vemos que “que” se refere à expressão “as adaptações 
de estrutura”, uma vez que são as adaptações de estrutura que observamos na 
natureza entre os diferentes seres orgânicos. 
b) A expressão é “sem receio de engano”, já que indica que para o autor não há 
possibilidade de engano/erro nessa afirmação. 
02. 
a) O tupi guarani representa a língua dos nativos, ou seja, uma língua sem influências 
estrangeiras.
b) Dedicar representa no texto estudar, pesquisar, descobrir, é que fazia Lima Barreto. 
Isso fica claro no trecho: “Todas as manhãs, antes que a ‘Aurora com seus dedos 
rosados abrisse caminho ao louro Febo’, ele se atracava até ao almoço com o 
Montoya, ‘Arte y diccionario de la lengua guarani ó más bien tupi’, e estudava o jargão 
caboclo com afinco e paixão”. 
03. A
a) Sim, pois o conceito de “liberdade negativa” traz subjacente a garantia de o indivíduo 
não ser obrigado a atos indesejados por abuso do poder constituído ou não ser 
impedido de fazer aquilo que deseja, ou seja, supõe um estado de direito em que 
sejam evitadas arbitrariedades por parte da esfera estatal.
b) Sim, a expressão “conditio sine qua non” é adequada ao contexto, erudito e de cunho 
científico, pois trata-se de uma expressão latina que remonta aos termos jurídicos 
do Direito romano e que pode ser traduzido como sem a/o qual não pode deixar de 
ser, indispensável. 
c) Não, os prefixos gregos ant(i) e a(n) que ocorrem nas palavras “antitéticos” e “ 
anarquismo” expressam oposição e negação, respectivamente. Já o prefixo latino 
ante e o de origem mista a das palavras “antediliviano” e “amoral” expressam 
anterioridade e ausência. 
04. A expressão “vox Populi” significa “voz do povo”, ou seja, indica a opinião das pessoas. 
Uma expressão do texto II que se refere a esse termo é “opinião alheia”, pois também 
indica a opinião das pessoas
05. 
a) O pressuposto é que o acordo ortográfico promoveria a unidade da língua em todos 
os países lusófonos. O acordo contempla apenas a ortografia e não interfere nos 
aspectos morfossintáticos ou lexicais que caracterizam a relação da Língua e seus 
falantes com a região onde se desenvolve a sua cultura, razão pela qual é inadequado 
o pressuposto do personagem. Embora se possa unificar a ortografia, as variantes 
sempre existirão. 
b) Ao desconhecer o significado de “peúgas”(*) e “bica”(**) e estranhar a palavra 
“bicha”(***) no contexto da frase (termos usados no português europeu e não no 
Brasil), o personagem fica confuso, pois verifica que não houve unificação do idioma 
como afirmara anteriormente. 
ANOTAÇÕES
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INTERPRETAÇÃO 07 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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