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Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday

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INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 1PROENEM.COM.BR
METAFUNÇÕES DE HALLIDAY22
COMO DESCREVER A GRAMÁTICA?
Seguramente, você já estudou gramática e deve imaginar que 
todos os autores apresentam seus estudos de uma forma mais 
ou menos alinhada, não é mesmo? Não. Estamos acostumados 
a observar descrições da língua de maneira formal e estrutural, 
dividindo-se os elementos que compõem a língua, classificando-
os e entendendo suas relações dentro de estruturas maiores como 
orações e períodos.
Este modelo “clássico” de descrever uma língua não é o 
único, porém. O linguista britânico Michael Halliday formulou uma 
proposta diferente de entender a linguagem, baseada na ideia 
sistêmica da língua – uma visão global, em lugar de estruturas 
menores – e na funcionalidade que é produzida por suas sentenças. 
A essa maneira de descrever a língua deu o nome de Gramática 
Sistêmico-Funcional (GSF)
A GSF ocupa-se fundamentalmente de observar a língua como 
um sistema submetido aos sentidos que se operam nas unidades 
textuais, considerando seus contextos de produção e as escolhas 
realizadas pelos autores para construir seus significados. Dentro 
desta perspectiva, os textos são muito mais que meros aglomerados 
de sentenças organizadas de maneira mais ou menos estruturada, 
para se tornarem fluxos de significações e intenções que medeiam 
as relações pessoais enquanto representam a compreensão de 
realidade do mundo.
Um dos aspectos mais interessantes de seu trabalho repousa 
sobre suas “metafunções” da linguagem. Claro que isso traz à 
memória um outro linguista, Roman Jakobson, autor da famosa 
teoria das funções da linguagem (emotiva, conativa, referencial, 
metalinguística, poética e fática). Halliday, no entanto, postula 
a existência de apenas três funções, com enfoques um pouco 
diferentes daquelas de Jakobson: metafunção experiencial ou 
ideacional, metafunção interpessoal e metafunção textual.
Resumindo, Halliday não está focado na forma como se 
estruturam as sentenças, mas sim em seus objetivos, sintetizados 
nas perguntas que o estudante deve fazer diante de um texto: qual 
é a finalidade deste enunciado? Qual a funcionalidade deste texto?
AS METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
METAFUNÇÃO EXPERIENCIAL OU IDEACIONAL
Nesta metafunção, a oração é entendida como representação 
e acontece quando o falante expressa sua experiência relativa ao 
mundo real (exterior) ou a seu mundo interior. A forma assumida 
pelas experiências exteriores correspondem a ações ou eventos, 
situações em que determinados atores (sujeitos) fazem coisas ou 
fazem-nas acontecer. As experiências interiores tomam a forma de 
lembranças, reações, pensamentos e sentimentos, manifestando-
se na instância da consciência. Dessa maneira, o falante é capaz de 
relacionar tais experiências, identificando-as ou caracterizando-as. 
Assim, a metafunção ideacional realiza-se por processos 
(grupos verbais que indicam os desdobramentos da experiência 
no tempo), participantes (as pessoas ou coisas que atuam no 
processo ou que são afetadas por ele) e circunstâncias (grupos 
adverbiais indicativos do modo, tempo, causa etc. dos processos).
Meu amigo toca violão.
A música toca profundamente a alma dos amantes.
Nos dois exemplos acima, há a enunciação de experiências 
centradas no processo representado pelo verbo “tocar”. Na primeira 
oração o processo enunciado é material, ao passo que na segunda 
configura-se como um processo mental. Independentemente da 
classificação do processo, a metafunção ideacional se constitui 
como a enunciação das experiências.
METAFUNÇÃO INTERPESSOAL
Além do caráter de representação, é evidente que a linguagem 
é um instrumento que permite a interação dos sujeitos em um meio 
social. Assim, a metafunção interpessoal toma a oração como 
troca.
O princípio básico do processo interpessoal é a adoção de 
papéis estabelecidos pelo enunciador e a sinalização de um papel 
contíguo ao coenunciador. De forma mais direta, o enunciador, ao 
agir socialmente de alguma forma e dirigir seu discurso a outra 
pessoa, coloca o outro usuário da língua no papel de respondente, 
seja para apoiar ou confrontar o que foi postulado originalmente. 
Daí, uma série de relações vêm à tona, pois os comportamentos 
variam conforme os enunciados. Uma oferta pode ser aceita 
ou recusada, uma ordem pode gerar submissão ou recusa, uma 
declaração pode ser tomada como verdadeira ou refutada e, não 
menos importante, uma pergunta pode ser respondida ou repelida.
Dessa forma, deve-se observar na função interpessoal o papel 
na troca (se é oferecer ou solicitar) e os valores trocados (se são 
informações – troca da própria linguagem –, ou se são bens e 
serviços – uma tentativa de influenciar o comportamento do outro, 
do qual se espera alguma ação). Essa combinação de categorias 
origina as funções primárias da fala: oferta, comando, declaração 
e pergunta. Quando os valores trocados são informações, temos 
uma proposição; quando são bens e serviços, são propostas.
Oferta – dar bens e serviços
Você quer um café?
Comando – solicitar bens e serviços
Sirva-me um café.
Declaração – dar informações
Ele serviu-me um café.
Pergunta – solicitar informações
O que ele lhe serviu?
METAFUNÇÃO TEXTUAL
Essa metafunção liga-se diretamente ao sistema de realização 
léxico-gramatical, tomando a oração como mensagem. Dentro da 
lógica de composição do discurso, a organização da mensagem 
apresenta dois sistemas pelos quais se estrutura: a estrutura da 
informação e a estrutura temática.
Na estrutura da informação, relacionam-se o Dado e o 
Novo. Chama-se Dado tudo aquilo que é compartilhado pelo 
conhecimento de mundo dos interlocutores e, por extensão, tudo 
aquilo que é previsível pelo próprio contexto. Além disso, considera-
se Dado todo elemento que seja recuperável tanto no texto quanto 
na situação de emissão. O Novo é o elemento que não é conhecido 
para o interlocutor, mas vai além disso, pois também se constitui 
naquilo que é imprevisível pelo contexto e também naquilo que 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR2
INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
não é recuperável a partir do enunciado realizado. Resumindo, a 
estrutura da informação obedece à relação Dado-Novo, em que um 
elemento Novo – unidade de informação obrigatória – somado a 
um elemento Dado – reiteração e recuperação opcional.
Já na estrutura temática, existe o par Tema-Rema. Chama-se 
Tema aquilo que o falante elege como ponto inicial da construção 
de seu enunciado. O Rema representa o restante da mensagem, 
a direção assumida pelo enunciado após seu ponto de partida; 
é a parte em que se desenvolvem as ideias apresentadas no 
Tema. É comum que, nos textos, seja observada a progressão 
textual baseada nos temas, uma orientação de organização como 
métodos dedutivo ou indutivo, por exemplo.
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Cite em que se baseia a proposta de Halliday para entender a 
linguagem.
02. Defina a metafunção experiencial/ideacional.
03. Conceitue a metafunção interpessoal.
04. Descreva a metafunção textual.
05. Explique o par Dado-Novo e o par Tema-Rema.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM) 
Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou que 
quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de licenciatura 
em Física e Matemática da universidade não estão dispostos a 
tornar-se professores. O detalhe inquietante é que licenciaturas 
foram criadas exatamente para formar docentes. 
A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar 
professores, fica difícil conseguir bons profissionais.
Resolver essa encrenca é o desafio. Salários são por certo 
uma parte importante do problema, mas outros elementos, como 
estabilidade na carreira e prestígio social, também influem. 
SCHWARTSMAN, H. Folha de S. Paulo, 13 out. 2012.
Identificar o gênero do texto é um passo importante na caminhada 
interpretativa do leitor. Para isso, é preciso observar elementos 
ligados à sua produção e recepção.
Reconhece-se que esse texto pertence ao gênero artigo de opinião 
devido ao(à) 
a) suportedo texto: um jornal de grande circulação.
b) lugar atribuído ao leitor: interessados no magistério.
c) tema tratado: o problema da escassez de professores.
d) função do gênero: refletir sobre a falta de professores.
e) linguagem empregada pelo autor: formal e denotativa.
02. (ENEM) 
Revolução digital cria era do leitor-sujeito
Foi-se uma vez um leitor. Com a revolução digital, quem lê passa 
a ter voz no processo de leitura. “Até outro dia, as críticas literárias 
eram exclusividade de um grupo fechado, assim como em tantas 
outras áreas. Agora, temos grupos que conversam, trocam, se 
manifestam em tempo real, recomendam ou desaprovam, trocam 
ideias com os autores, participam ativamente da construção de 
obras literárias coletivas. Isso é um jeito novo de pensar a escrita, 
de construir memória e o próprio conhecimento”, analisa uma 
professora de comunicação da PUC-MG.
A secretária Fabiana Araújo, 32, é uma “leitora-sujeito”, como 
Daniela chama esses novos atores do universo da leitura. Leitora 
assídua desde o final da adolescência, quando foi seduzida pela 
série Harry Potter, só neste ano já leu mais de 30 títulos. Suas 
leituras não costumam terminar quando fecha um livro. Fabiana 
escreve resenhas de títulos como Estilhaça-me, romance 
fantástico na linha de Crepúsculo, publicadas em um blog com 
o qual foi convidada a colaborar. “Escrever sobre um livro é uma 
forma de relê-lo. E conversar, pessoal ou virtualmente, com outros 
leitores também”, defende.
FANTINI, D. Jornal Pampulha, n. 1138, maio 2012 (adaptado).
As sequências textuais “Até outro dia” e “agora” auxiliam a 
progressão temática do texto, pois delimitam 
a) o perfil social dos envolvidos na revolução digital.
b) o limite etário dos promotores da revolução digital.
c) os períodos pré e pós revolução digital.
d) a urgência e a rapidez da revolução digital.
e) o alcance territorial da leitura digital.
03. (ENEM) 
A tecnologia está, definitivamente, presente na vida cotidiana. 
Seja para consultar informações, conversar com amigos e 
familiares ou apenas entreter, a internet e os celulares não saem 
das mãos e mentes das pessoas. Por esse motivo, especialistas 
alertam: o uso excessivo dessas ferramentas pode viciar. O 
problema, dizem os especialistas, é o usuário conseguir diferenciar 
a dependência do uso considerado normal. Hoje, a internet e os 
celulares são ferramentas profissionais e de estudo.
MATSUURA, S. O Globo, 10 jun. 2013 (adaptado).
O desenvolvimento da sociedade está relacionado ao avanço das 
tecnologias, que estabelecem novos padrões de comportamento. 
De acordo com o texto, o alerta dos especialistas deve-se à 
a) insegurança do usuário, em razão do grande número de 
pessoas conectadas às redes sociais.
b) falta de credibilidade das informações transmitidas pelos 
meios de comunicação de massa.
c) comprovação por pesquisas de que os danos ao cérebro são 
muito maiores do que se pode imaginar.
d) subordinação das pessoas aos recursos oferecidos pelas 
novas tecnologias, a ponto de prejudicar suas vidas.
e) possibilidade de as pessoas se isolarem socialmente, em razão 
do uso das novas tecnologias de comunicação. 
04. (ENEM)
TEXTO I
A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa 
biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do 
patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento 
dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura 
e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a 
tecnologia e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores. 
O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na 
biodiversidade agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, por 
entender que só assim teremos agricultura para sempre.
Disponível em: www.greenpeace.org. Acesso em: 20 maio 2013.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
3
INTERPRETAÇÃO
TEXTO II
Os alimentos geneticamente modificados disponíveis no 
mercado internacional não representam um risco à saúde maior 
do que o apresentado por alimentos obtidos através de técnicas 
tradicionais de cruzamento agrícola.
Essa é a posição de entidades como a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para Alimentação 
e para Agricultura (FAO), o Comissariado Europeu para Pesquisa, 
Inovação e Ciência e várias das principais academias de ciência 
do mundo.
A OMS diz que até hoje não foi encontrado nenhum caso 
de efeito sobre a saúde, resultante do consumo de alimento 
geneticamente modificado (GM) “entre a população dos países em 
que eles foram aprovados”.
Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 20 maio 2013.
Os textos tratam de uma temática bastante discutida na atualidade. 
No que se refere às posições defendidas, os dois textos 
a) revelam preocupações quanto ao cultivo de alimentos 
geneticamente modificados.
b) destacam os riscos à saúde causados por alimentos 
geneticamente modificados.
c) divergem sobre a segurança do consumo de alimentos 
geneticamente modificados.
d) alertam para a necessidade de mais estudos sobre sementes 
modificadas geneticamente.
e) discordam quanto à validade de pesquisas sobre a produção 
de alimentos geneticamente modificados.
05. (ENEM)
O craque crespo
Desde que Neymar despontou no futebol, uma de suas 
marcas registradas é o cabelo. Sempre com um visual novo a cada 
campeonato. Mas nesses anos de carreira ainda faltava o ídolo 
fazer uma aparição nos gramados com seu cabelo crespo natural, 
que ele assumiu recentemente para a alegria e a autoestima dos 
meninos cacheados que sonham ser craques um dia.
É difícil assumir os cachos e abandonar a ditadura do 
alisamento em um mundo onde o cabelo liso é tido como o padrão 
de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a transição capilar, 
esse gesto nos aproxima da nossa real identidade e nos empodera. 
Falo por experiência própria. Passei 30 anos usando cabelos lisos e 
já nem me lembrava de como eram meus fios naturais. Recuperar 
a textura crespa, para além do cuidado estético, foi um ato político, 
de aceitação, de autorreconhecimento e de redescoberta da minha 
negritude.
O discurso dos fios naturais tem ganhado uma representação 
cada vez mais positiva, valorizando a volta dos cachos sem cair no 
estereótipo do “exótico”, muito comum no Brasil. O cabelo crespo, 
definitivamente, não é uma moda passageira. Torço que para 
Neymar também não seja.
Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São Paulo, 
empresária, consultora de empresas e autora de livros.
LORAS, A. O craque crespo. Disponível em: http://diplomatique.org.br. 
Acesso em: 1 set. 2017.
Considerando os procedimentos argumentativos presentes nesse 
texto, infere-se que o objetivo da autora é 
a) valorizar a atitude do jogador ao aderir à moda dos cabelos 
crespos.
b) problematizar percepções identitárias sobre padrões de beleza. 
c) apresentar as novas tendências da moda para os cabelos.
d) relatar sua experiência de redescoberta de suas origens.
e) evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças.
06. (ENEM) Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus 
veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os 
homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. 
Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o 
que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e 
a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde 
sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante 
e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como 
pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). 
Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um 
painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do 
olhar contemporâneo manifesta uma percepção que 
a) recorre à tradição bíblica como fonte de inspiração para a 
humanidade.
b) desconstrói o discurso da filosofia afim de questionar o 
conceito de dever.
c) resgata a metodologia da história para denunciar as atitudes 
irracionais.
d) transita entre o humor e a ironia para celebrar o caos da vida 
cotidiana.
e) satiriza a matemática e a medicina para desmistificar o saber 
científico.
07. (ENEM)
O livro A fórmula secreta conta a história de um episódio 
fundamental para o nascimento da matemática moderna e retrata 
uma das disputas mais virulentas da ciência renascentista. 
Fórmulas misteriosas, duelos públicos, traições, genialidade, 
ambição – e matemática! Esse é o instigante universo apresentado 
no livro, que resgata a história dos italianos Tartaglia e Cardano e 
da fórmula revolucionária para resolução de equações de terceiro 
grau. A obra reconstitui um episódio polêmico que marca, para 
muitos, o início do período moderno da matemática.
Em última análise, A fórmula secreta apresenta-se como 
uma ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história 
da matemática e acompanhar um dos debates científicos mais 
inflamados do século XVI no campo. Mais do que isso, é uma obra 
de fácil leitura e uma boa mostra de que é possível abordar temas 
como álgebra de forma interessante, inteligente e acessível ao 
grande público.
GARCIA, M. Duelos, segredos e matemática. 
Disponível em: http://cienciahojeuol.com.br. Acesso em: 6 out. 2015 (adaptado).
Na construção textual, o autor realiza escolhas para cumprir 
determinados objetivos. Nesse sentido, a função social desse texto é 
a) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa.
b) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal.
c) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica. 
d) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra.
e) classificar a obra como uma referência para estudiosos da 
matemática.
08. (ENEM)
O humor e a língua
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em 
sua constituição linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir 
possa parecer surpreendente, creio que posso garantir que se trata 
de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente 
um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma 
sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados 
impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona 
uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os 
quais uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR4
INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, 
instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso 
está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e 
que são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. 
Os antropólogos ainda não prestaram a devida atenção a esse 
material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas 
e pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam 
o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma 
coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes 
na cultura brasileira, sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a 
piada é enfatizada por 
a) sua função humorística.
b) sua ocorrência universal.
c) sua diversidade temática.
d) seu papel como veículo de preconceitos.
e) seu potencial como objeto de investigação.
09. (ENEM)
Entre as crianças brasileiras, 30% apresentam sobrepeso e 
15% delas já são obesas. A má alimentação começa cedo: 56% 
dos bebês com menos de um ano de idade no Brasil consomem 
refrigerantes. Dados como esses ganham rosto no documentário 
Muito além do peso (2012) de Estela Renner: o filme mostra como 
a alta ingestão de açúcar, pais desinformados e a publicidade 
voltada para o público infantil criam uma geração de crianças com 
problemas como colesterol alto e diabetes tipo 2. O documentário 
pode servir como ponto de partida para abordar a questão com 
professores e pais. 
Obesidade infantil. Revista Escola Pública, n. 31, fev.-mar. 2013.
Analisando os procedimentos argumentativos empregados, 
verifica-se que o texto tem como propósito 
a) apresentar dados estatísticos do Brasil sobre a obesidade 
infantil.
b) fazer propaganda de material informativo sobre a obesidade 
infantil.
c) justificar a necessidade de se discutir o problema da obesidade 
infantil.
d) destacar a ingestão de açúcar como a principal causa da 
obesidade infantil.
e) alertar para a contribuição da mídia no aumento da obesidade 
infantil no Brasil.
10. (ENEM) O comportamento do público, em geral, parece indicar 
o seguinte: o texto da peça de teatro não basta em si mesmo, não 
é uma obra de arte completa, pois ele só se realiza plenamente 
quando levado ao palco. Para quem pensa assim, ler um texto 
dramático equivale a comer a massa do bolo antes de ele ir para o 
forno. Mas ele só fica pronto mesmo depois que os atores deram 
vida àquelas emoções; que cenógrafos compuseram os espações, 
refletindo externamente os conflitos internos dos envolvidos; que 
os figurinistas vestiram os corpos sofredores em movimento.
LACERDA, R. Leitores. Metáfora, n. 7, abr. 2012.
Em um texto argumentativo, podem-se encontrar diferentes 
estratégias para guiar o leitor por um raciocínio e chegar a 
determinada conclusão. Para defender sua ideia a favor da 
incompletude do texto dramático fora do palco, o autor usa como 
estratégia argumentativa a 
a) comoção.
b) analogia.
c) identificação.
d) contextualização.
e) enumeração.
11. (ENEM)
O mundo mudou
O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está sempre 
mudando. E sempre estará, até que cgue o seu alardeado fim (se 
é que chegará). Hoje vivemos “protegidos” por muitos cuidados 
e paparicos, sempre sob a forma de “serviços”, e desde que você 
tenha dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na marginal? 
Relaxe, o guincho da seguradora virá em minutos resgatá-lo. Tem 
dificuldade de locomoção? Espere, a empresa aérea disporá de uma 
cadeira de rodas para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no 
seu chalé em plenas férias de verão? Calma, o moço que conserta 
telhados está correndo para lá agora. Vai ficando para trás um 
outro mundo – de iniciativas, de gestos solidários, de amizade, de 
improvisação (sim, “quem não improvisa se inviabiliza”, eu diria, 
parafraseando Chacrinha).
Estamos criando uma geração que não sabe bater um prego na 
parede, trocar um botijão de gás, armar uma rede. É, o mundo mudou 
sim. Só nos resta o telefone do SAC, onde gastaremos nossa bílis 
com impropérios ao vento; ou o site da loja de eletrodomésticos 
onde ninguém tem nome (que saudade dos Reginaldos, Edmilsons 
e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa própria solidão, a 
nossa dependência do mundo dos serviços e a nossa incapacidade 
de viver com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e 
pendências vãs. Nem Kafka poderia sonhar com tal mundo.
ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado).
O texto trata do avanço técnico e das facilidades encontradas 
pelo homem moderno em relação à prestação de serviços. No 
desenvolvimento da temática, o autor 
a) mostra a necessidade de se construir uma sociedade baseada 
no anonimato, reafirmando a ideia de que a intimidade nas 
relações profissionais exerce influência negativa na qualidade 
do serviço prestado.
b) apresenta uma visão pessimista acerca de tais facilidades 
porque elas contribuem para que o homem moderno se torne 
acomodado e distanciado das relações afetivas.
c) recorre a clássicos da literatura mundial para comprovar 
o porquê da necessidade de se viver a simplicidade e a 
solidariedade em tempos de solidão quase inevitável.
d) defende uma posição conformista perante o quadro atual, 
apresentando exemplos, em seu cotidiano, de boa aceitação 
da praticidade oferecida pela vida moderna.
e) acredita na existência de uma superproteção, que impede os 
indivíduos modernos de sofrerem severosdanos materiais e 
emocionais.
12. (ENEM)
Quebranto
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo e me dou porrada
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
[...]
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno
começo
fecho-me o cerco
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
5
INTERPRETAÇÃO
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!...
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza. 2007 (fragmento).
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente 
a presença de elementos que traduzem experiências históricas de 
preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu 
lírico 
a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
b) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
d) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade 
igualitária.
13. (ENEM)
TEXTO I
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que 
o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. 
Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos 
julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por 
que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a 
equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu 
diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo [...]. É um problema 
de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não 
é um vira-latas.
RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
TEXTO II
A melhor banda de todos os tempos da última semana
As músicas mais pedidas
Os discos que vendem mais
As novidades antigas
Nas páginas dos jornais
Um idiota em inglês
Se é idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor do que eu e vocês
A melhor banda de todos os tempos da última semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores 
fracassos
TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. 
São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).
O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática 
com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é: 
a) “As novidades antigas”. 
b) “Os discos que vendem mais”.
c) “O melhor disco brasileiro de música americana”.
d) “A melhor banda de todos os tempos da última semana”.
e) “O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores 
fracassos”.
14. (IF-PA: PROFESSOR – DESIGN)
LETRAMENTOS E EDUCAÇÃO
Com as novas tecnologias, a comunicação mudou e muitos 
são os desafios colocados para a escola. Os principais são 
tornar o aluno um produtor de conteúdo (considerando toda a 
diversidade de linguagem) e um ser crítico. Vídeos que mostram 
um acontecimento, como a queda de um meteorito na Terra, ou 
que transmitem em tempo real uma posse presidencial. Fotos 
que revelam a cultura de um povo. Áudios que contam as notícias 
mais importantes da semana. A sociedade contemporânea está 
imersa nas novas linguagens (algumas não tão novas assim). As 
informações deixaram de chegar única e exclusivamente por texto. 
Tabelas, gráficos, infográficos, ensaios fotográficos, reportagens 
visuais e tantas outras maneiras de comunicar estão disponíveis 
a um novo leitor. O objetivo maior da informação, seja para fins 
educacionais, informativos ou mesmo de entretenimento, é atingir 
de maneira eficaz o interlocutor.
Às práticas letradas que fazem uso dessas diferentes mídias 
e, consequentemente, de diversas linguagens, incluindo aquelas 
que circulam nas mais variadas culturas, deu-se o nome de 
multiletramentos. Segundo a professora Roxane Rojo, esses 
recursos são “interativos e colaborativos; fraturam e transgridem 
as relações de poder estabelecidas, em especial as de propriedade 
(das máquinas, das ferramentas, das ideias, dos textos), sejam eles 
verbais ou não; são híbridos, fronteiriços e mestiços (de linguagens, 
modos, mídias e culturas)”.
Assim como na sociedade, os multiletramentos também estão 
presentes nas salas de aula. O papel da instituição escolar, diante do 
contexto, é abrir espaços para que os alunos possam experimentar 
essas variadas práticas de letramento como consumidores 
e produtores de informação, além de discuti-la criticamente. 
“Vivemos em um mundo em que se espera (empregadores, 
professores, cidadãos, dirigentes) que as pessoas saibam guiar 
suas próprias aprendizagens na direção do possível, do necessário 
e do desejável, que tenham autonomia e saibam buscar como e o 
que aprender, que tenham flexibilidade e consigam colaborar com 
a urbanidade”, enfatiza Roxane.
(V3_CADERNOS IFT_Multiletramentos.indd).
Ao ler o texto, podemos deduzir sua temática central corretamente 
em:
a) A educação na sociedade contemporânea deve compreender o 
seu papel e não aderir aos novos processos de comunicação 
introduzidos pela internet.
b) Vivemos numa sociedade letrada, na qual a escola é 
constantemente desafiada diante das novas formas de 
comunicação por conta das novas tecnologias.
c) As informações no mundo em que vivemos nos chegam 
exclusivamente por textos impressos com tabelas, gráficos, 
infográficos, reportagens visuais e tantas outras maneiras de 
comunicar
d) O papel da instituição escolar, diante do contexto, é fechar 
espaços para que os alunos não possam experimentar essas 
variadas práticas de letramento.
e) Às práticas letradas que fazem uso das diferentes mídias e, 
consequentemente, de diversas linguagens, incluindo aquelas 
que circulam nas mais variadas culturas, deu-se o nome de 
produção textual.
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR6
INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
15. (MPE-SC: ANALISTA – LETRAS)
Afinal, o que é a língua?
A língua é uma das realidades mais fantásticas da nossa 
vida. Ela está presente em todas as nossas atividades; nós 
vivemos entrelaçados (às vezes soterrados!) pelas palavras; elas 
estabelecem todas as nossas relações e nossos limites, dizem ou 
tentam dizer quem somos, quem são os outros, onde estamos, 
o que vamos fazer, o que fizemos. Nossos sonhos são povoados 
de palavras; os outros se definem por palavras; todas as nossas 
emoções e sentimentos se revestem de palavras. O mundo inteiro 
é um magnífico e gigantesco bate-papo, dos chefes de Estado 
negociando a paz e a guerra às primeiras sílabas de uma criança 
em alguma favela brasileira ou numa vila africana. É pela linguagem, 
afinal, que somos indivíduos únicos: somos o que somos depois de 
um processo de conquista da nossa palavra, afirmada no meio de 
milhares de outras palavras e com elas compostas.
Apesar dessa presença absoluta na nossa vida (ou talvez 
justamente por isso), ainda sabemos pouco sobre a linguagem e, 
em geral, temos uma relação problemática com ela, principalmente 
em sua forma escrita. Isto é, embora não sejamos nada sem a 
língua, parece que ela permanece alguma coisa estranha em nossa 
vida, como se ela não nos pertencesse.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes 
universitários. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 9.
Assinale a alternativa correta, considerando o texto.
a) Flexibilidade e adaptabilidade são propriedades da linguagem 
que estão indiretamente reportadas no texto.
b) A concepção de linguagem subjacente ao texto é a de 
linguagem como representação do pensamento.
c) A definição de língua apresentada ancora -se fortemente na 
função ideacional da linguagem.
d) A língua é uma realidade externa ao indivíduo, existindo e 
funcionando independentemente dos usos que os membros 
da sociedade façam dela.
e) O texto relativiza a importância da palavra, caracterizando-a 
como um recurso semiótico dentre tantosoutros disponíveis.
16. (IF-GO: ADMINISTRADOR)
Brasileiro prefere se informar pela TV, 
diz pesquisa
Mas são os usuários da internet que passam o maior tempo 
“logados”, revela Ibope
A televisão é o meio preferido de comunicação dos brasileiros 
(76,4%), seguido da internet (13,1%). Os dados fazem parte da 
Pesquisa brasileira de mídia 2014 – Hábitos de consumo de mídia pela 
população brasileira, divulgada nesta sexta-feira (7) pela Secretaria de 
Comunicação Social (Secom) da Presidência da República.
Segundo a pesquisa, apesar de os usuários de internet 
passarem mais tempo navegando que os telespectadores passam 
assistindo a programas na TV, o alcance da televisão é muito 
maior que o da web nos lares brasileiros: só 3% dos entrevistados 
disseram não assistir nunca à televisão. No caso da internet, 53% 
dos entrevistados afirmaram não ter o hábito de acessar a rede 
mundial de computadores.
De acordo com a sondagem, de segunda a sexta-feira, os 
internautas ficam, em média, três horas e 39 minutos na internet, 
enquanto os telespectadores passam três horas e 29 minutos 
vendo TV. Os que ouvem rádio nesse período dedicam três horas e 
sete minutos a esse hábito e os que leem jornais impressos, uma 
hora e cinco minutos.
Ainda segundo a pesquisa, enquanto 21% dos entrevistados 
com renda familiar de até um salário mínimo acessam a rede 
semanalmente, o índice sobe para 75% entre os que têm renda 
superior a cinco salários mínimos. 
Os mais escolarizados também levam vantagem: 87% dos 
entrevistados com nível superior disseram que têm acesso à 
internet pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, só 8% dos 
entrevistados que cursaram até a 4ª série acessam a rede mundial 
de computadores ao menos uma vez por semana.
Mídia impressa
Outro dado da pesquisa revela que 75% dos entrevistados 
nunca leem jornais e 85% nunca leem qualquer revista. Apenas 
6% dos brasileiros entrevistados disseram ler jornais diariamente. 
Mesmo em baixa, o jornal impresso é o veículo apontado como de 
maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam 
que confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais.
A pesquisa foi realizada com o objetivo de saber por quais 
meios de comunicação o brasileiro se informa e também para 
subsidiar a elaboração da política de comunicação do governo 
federal. O Ibope Inteligência ouviu 18.312 pessoas em 848
municípios entre os dias 12 de outubro e 6 de novembro do ano 
passado. O levantamento custou R$ 2,4 milhões.
(Da redação, com Agência Brasil)
A palavra “logados”, destacada no subtítulo do texto, remete à:
a) habilidade de relacionar-se a distância.
b) inserção das pessoas no universo virtual.
c) capacidade de exposição à informação.
d) imersão dos indivíduos no sistema interacional.
17. (SEDUC-PA: PROFESSOR DE PORTUGUÊS)
Considere a tirinha a seguir.
Tendo em vista a concepção interacional da língua, assinale a 
afirmativa correta.
a) A sequência de placas apresentadas demonstra a constituição 
de informações explícitas necessárias e suficientes ao 
entendimento do personagem leitor.
b) O código linguístico e seu conhecimento são compreendidos 
e interpretados corretamente pelo personagem ainda que 
demonstre ser um receptor passivo.
c) A produção de sentidos demonstrada pelo personagem na 
expressão do último balão da tirinha reflete o exercício de uma 
interatividade complexa realizada entre texto e sujeito.
d) Uma possível alteração da ordem sequencial das placas não 
implicaria mudança de sentido ou possível comprometimento 
de coerência textual tendo em vista o entendimento expresso 
pelo personagem leitor.
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
7
INTERPRETAÇÃO
18. (MPE-SP: ANALISTA DE PROMOTORIA)
O bom debate
Devemos travar debates em termos racionais ou é desejável 
que a carga moral paute a discussão? A pergunta, como o leitor 
já deve ter intuído, é traiçoeira. Longe de mim sugerir que a 
razão é dispensável. Se há uma característica que possibilita que 
vivamos em sociedades de dezenas de milhões de pessoas com 
os mais variados backgrounds* culturais e diferentes prioridades, é 
justamente a capacidade de desenvolver tecnologias e estabelecer 
regras básicas cuja pertinência lógica está ao alcance de todos.
No que diz respeito a debates propriamente ditos, a razão é que 
nos ajuda a buscar evidências que apoiem nossa tese (ou falseiem 
a de nossos adversários) e a discriminar entre argumentos válidos 
e falaciosos, possibilitando-nos chegar a conclusões sólidas.
O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima 
motivadora. Nosso modo analítico, que opera com algoritmos, 
cálculo probabilístico e lógica formal, é um sistema abstrato, lento 
e que exige reflexão antes de traduzir-se em ações.
Felizmente, não dependemos só dele. Contamos também com 
um módulo experiencial. Moldado por milhões de anos de seleção 
natural, ele é intuitivo, baseia-se em emoções e é extremamente 
rápido. Não precisamos pensar antes de recusar comida estragada 
ou fugir de cães bravios. A dificuldade aqui é que, como as emoções 
estão no comando, tudo pode adquirir dimensão moral.
Um bom exemplo é o do cigarro. Mais ou menos desde os 
anos 60, todo fumante sabia que o hábito faz mal à saúde. Esse 
conhecimento racional, porém, não era o bastante para fazer a 
maioria abandonar o cigarro. A partir dos anos 90, à medida que 
o ato de fumar foi ganhando contornos de falha moral, os índices 
de ex-tabagistas cresceram e menos jovens se iniciaram nas 
libações fumígenas. O perigo aqui é que abrimos espaço para 
discriminações e estridências que são elas mesmas moralmente 
injustificáveis.
(Hélio Schwartsman. www.folha.uol.com.br, 04.04.2015. Adaptado)
*background: a totalidade dos elementos (antecedentes familiares, classe social, 
educação, experiência etc.) que contribuíram para a formação de um indivíduo, 
moldaram sua personalidade e influenciam seus rumos (Houaiss).
Segundo o autor:
a) o raciocínio lógico abstrato exige uma espécie de reflexão 
intraduzível em ações.
b) a análise lógica e racional não constitui motivação suficiente 
para alterar hábitos.
c) a vantagem do módulo experiencial sobre a razão é que aquele 
resulta em juízos mais justos.
d) a intuição resultante da seleção natural visa dirimir conflitos 
entre culturas diferentes.
e) o convívio de culturas diferentes pressupõe a existência de 
uma moral comum.
19. (IFB: PROFESSOR DE PORTUGUÊS)
ESSES TEXTOS
O texto primeiro existe
só, como ponto.
Se transforma depois em linha
com sua própria força
de deslocação,
sua velocidade própria.
Depois,
o leitor institui
outra linha, lendo.
O leitor constitui
um feixe de linhas cruzadas
organizando os textos.
No percurso do texto
e no trânsito da leitura,
as linhas se chocam,
se repudiam, se perdem,
correm paralelas
e podem se amar.
Depois, saber fazer
retorná-las a ponto.
(Mas o importante é o leitor. Você.)
É preciso ter calma.
Saber ir abotoando
os elementos vários
à espera do clique
de colchete.
Quando dois ou mais
se engatam,
fecha-se um sentido
único e exclusivo.
Mas que você pode emprestar
a alguém,
desde que o diga
(Não tenha medo da alta velocidade.
Não tenha receio de dar marcha à ré.)
É preciso ter pressa.
Saber ir desabotoando
os colchetes de sentido
como quem quer tirar
camisa usada e suada
de dia de trabalho.
Cada camisa,
depois de surrada,
é fonte
de novo esforço.
Ou então vira
camisa de força.
É preciso saber vestir
o texto,
como tatuagem na própria
pele.
É preciso saber tatuar
o texto,
como sulcos feitos
na bruta realidade.
O duplo estilete
do texto e da leitura,
do autor e do leitor.
A dupla tatuagem
contra o próprio corpo
e a realidade bruta.
A tatuagem que se imprime
para poder forçar
a barra.
A tatuagem que o corpo,
depois de violado
tatua. Violentando.
(SANTIAGO, Silviano, Crescendo durante a guerra numa província ultramarina. 
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.)
No tocante à interpretação de “Esses textos”, está CORRETO 
afirmar:
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR8
INTERPRETAÇÃO22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
a) A função do leitor é primordial para o texto existir, segundo está 
enunciado no poema desde a primeira estrofe.
b) Há um certo didatismo sobre o tema “leitura”, no discurso 
poético de Silviano Santiago nesse texto em questão, pois o 
leitor deveria respeitar aquilo que o próprio texto indica para 
sua leitura.
c) Na afirmação “(Mas o importante é o leitor. / Você.)”, está dito 
que o leitor pode fazer a leitura do jeito que quiser, porque essa 
liberdade de interpretação cabe simplesmente a ele. Isso quer 
dizer que o texto literário não tem um fio condutor, conforme 
é explicado, a seguir, quando o poeta fala em “abotoar/
desabotoar” o texto.
d) Pela leitura dos versos que falam sobre os cliques de colchete, 
“Quando dois ou mais / se engatam, / fecha-se um sentido / 
único e exclusivo.”, isso significa que a explicação, no poema, 
prima pelo sentido literal próprio de todos os tipos de textos.
e) O sentido contextual de “Cada camisa, / depois de surrada, / 
é fonte / de novo esforço.” refere-se, somente, ao esforço do 
autor, na construção de um texto poético.
20. (MPE-SC: ANALISTA – LETRAS)
Teses
A jovem estudante ‘queria qualquer coisa, dona Célia, que fale 
sobre A mulher e seu condicionamento de explorada pelo machismo’. 
Era este o título da obra. ‘Vale muitos pontos, sabe?’ Cursava a última 
série do segundo grau e usava muito mal as palavras, o que me 
predispunha a uma raiva perigosa das escolas, que eu certamente iria 
descontar nela. Fiz de desentendida: condicionamento de explorada? 
É, ela falou meio confusa, essas coisas de apanhar de homem, ser 
“estrupada”, ganhar de menos que eles, a senhora entende, né? Serve 
uma poesia? Perguntei já com um autor na cabeça. Não, poesia, 
não, poesia é sempre coisa muito - como é que é gente? -, muito 
assim de leve, não é? E eu quero uma coisa forte, a senhora entende, 
a professora é fogo na jaca. Meio macha? Ah, dona Célia, como é 
que a senhora adivinhou? Eu estava gostando da tortura: então, você 
quer um texto em prosa? Em prosa? Repetiu como se ouvisse língua 
estrangeira. Não, decidiu categórica, não. Não é nem em poesia, 
nem em prosa. Quero é um artigo de umas vinte linhas, tipo artigo de 
jornal, arrematou quase doutora, olhando no relógio. Dá pra senhora 
fazer? Nem repare eu não entrar, tenho ainda pesquisa de ecologia 
pra fazer. A moça era muito bonita e preferia que fosse analfabeta. 
A deficientíssima instrução burlava nela algo muito delicado, punha 
em sua voz uns meios-tons acima do natural, tisnava de ansiedade 
sua respiração, com a horrível qualidade dos males inconscientes. É 
sal em carne podre, pensei, não vou fazer artigo nenhum. Primeiro, 
porque as mulheres são as culpadas de todo mal, portanto merecem 
o que sofrem. Segundo, porque não vou salvar a escola do Brasil, 
nem esta menina, escrevendo lugares-comuns sobre nossa 
condição. Terceiro porque não quero colaborar com esta mania 
estúpida das escolas de ‘trabalharem o folclore’, ‘trabalharem o 
social’ e o que mais seja, nestas ocasiões fixas como calendários 
lunares: trabalhinhos, textinhos, exposiçõezinhas, tudo como num 
ritual de boas maneiras. Nada desce aos intestinos, vero lugar da 
aprendizagem. Dia da Mulher? Ah, sei. E daí? Não posso te ajudar, 
não, Neide Ângela. Não?? Ela falou assustada. Mas vou te emprestar 
um livro. Livro? Ah, disse decepcionada demais. Não tenho tempo de 
ler, não, dona Célia, é matéria demais, uma outra hora a senhora me 
empresta. Tão bonita ela, podia cuidar da vida enquanto descobria 
sua vocação real, ser uma manicura competente, uma doceira de 
fama, mas não, quer ‘fazer faculdade’. Quer porque quer. De quem 
é a culpa, já que as escolas são ma-ra-vi-lho-sas? Ela periga tomar 
bomba. Está aí, vou contribuir caprichadamente para que ela tome 
bomba, para que volte este acontecimento formidável da escola 
antiga, a Bomba, e recuperemos todos a capacidade de sentir medo 
e respeito. E nem vale ela me olhar com este olhar pidão.
PRADO, Adélia. Filandras. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.129-131.
Verifique se as afirmativas abaixo estão em consonância com o 
texto.
I. O enunciado “Cursava a última série do segundo grau e 
usava muito mal as palavras” é um exemplo de função 
ideacional em que os verbos indicam processos relacionais 
que duraram um determinado período de tempo no 
passado.
II. Em “Vale muitos pontos, sabe?” e “ [...] como é que é 
gente?”, os vocábulos sublinhados funcionam como 
marcadores discursivos interacionais e são usados para 
solicitar informação.
III. Em “Eu estava gostando da tortura: então, você quer um 
texto em prosa? Em prosa? Repetiu como se ouvisse língua 
estrangeira”, há duas vozes sociais configurando uma 
relação dialógica entre a narradora e a personagem.
IV. Em “trabalhinhos, textinhos, exposiçõezinhas, tudo como 
num ritual de boas maneiras’; o uso do diminutivo expressa 
uma valoração crítica da autora em relação a certas 
práticas escolares. 
V. Em “Terceiro porque não quero colaborar com esta mania 
estúpida” e “Não posso te ajudar, não [...]” os verbos 
sublinhados expressam reiteradamente a mesma intenção 
do sujeito agente direcionada diretamente ao interlocutor.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas II e V.
b) São corretas apenas as afirmativas III e IV.
c) São corretas apenas as afirmativas I, II e V.
d) São corretas apenas as afirmativas I, III e IV.
e) São corretas apenas as afirmativas III, IV e V.
05. APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (UNICAMP)
TEXTO I
(...) Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei 
compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou 
nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas 
movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor 
a minha Pátria. (...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papeis. A 
Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casemiro de Abreu, que disse: “Ri 
criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque 
agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é 
amarga”.
(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 35-36.)
TEXTO II
RISOS
Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!
A vida é triste – quem nega?
– Nem vale a pena dizê-lo.
Deus a parte entre seus dedos
Qual um fio de cabelo!
Como o dia, a nossa vida
Na aurora – é toda venturas,
De tarde – doce tristeza,
De noite – sombras escuras!
PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR
22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
9
INTERPRETAÇÃO
A velhice tem gemidos,
– A dor das visões passadas –
– A mocidade – queixumes,
Só a infância tem risadas!
Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!
(Casemiro J. M. de Abreu, As primaveras. 
Rio de Janeiro: Tipografia de Paula Brito,1859, p. 237-238.)
a) Nas três linhas iniciais do texto I, a autora estabelece uma 
relação entre o sujeito da ação e o espaço em que ele se 
encontra. Mencione e explique dois recursos poéticos que 
compõem a cena narrativa.
b) A representação da infância no texto I se aproxima e, ao 
mesmo tempo, difere daquela que se encontra no texto II. 
Considerando que o texto I é um excerto do diário de Carolina 
Maria de Jesus e o texto II é um poema romântico, identifique 
e explique essa diferença na representação da infância, com 
base nos períodos literários. 
02. (UNESP) Examine os cartuns.
a) Explicite o conceito explorado pelo cartum 1. De que modo a 
imagem ressalta esse conceito?
b) Que princípio comanda o processo de criação artística ilustrado 
pelo cartum 2? Tal princípio remete a qual vanguarda europeia 
do início do século XX? 
03. (UNICAMP) 
TEXTO I
Em Bacurau, vilarejo fictício no meio do nada que recebe o nome 
de um pássaro “brabo” de hábitos noturnos, o sertão é também o 
centro do país. Bacurau cheira a morte. A primeira sequência do 
longa é a passagem de um caminhão-pipa queatropela caixões 
pelo caminho. No povoado isolado, mas hiper conectado à internet, 
os moradores, com uma grande variedade de gêneros, raças e 
sexualidades, vivem sem água e escondem-se quando o prefeito 
em campanha pela reeleição chega para distribuir mantimentos 
vencidos, e despejar livros velhos em frente à escola local. Aí já 
começa a resistência: em meio à penúria, os moradores organizam-
se e ajudam-se entre si. Quando o vilarejo literalmente desaparece 
dos mapas digitais e a comunidade perde a conexão com a internet, 
a presença de forasteiros coincide com o misterioso aparecimento 
de cadáveres crivados à bala e Bacurau vive uma carnificina.
(Adaptado de Joana Oliveira, Em ‘Bacurau’, é lutar ou morrer no sertão que espelha 
o Brasil. El País. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/20/
cultura/1566328403_365611.html. Acessado em 20/10/2019.)
TEXTO II
BACURALIZAR
verbo transitivo direto
1. autogovernar-se em comunidade, fazer a própria gestão 
dos recursos e serviços que deveriam ser oferecidos pelo 
estado, sem a ajuda de empresas ou de parcerias público-
privadas.
2. entricheirar-se em suas comunidades como forma de 
defesa à máquina de matar do estado.
(Adaptado do Instagram de Lia de Itamaracá. 
Disponível em https://www.insta7zu.com/tag/LiaDeltamaraca. Acessado em 
20/10/2019.)
c) Explique por que “bacuralizar” é um neologismo e qual é o 
processo de formação dessa palavra.
d) Considere as informações sobre o enredo do filme Bacurau 
presentes no texto I e sobre o papel do Estado na vida da 
comunidade no texto II. A partir dessas informações, crie um 
exemplo do uso de “bacuralizar” para cada acepção da palavra 
registrada no texto II. 
04. (FUVEST) O vídeo “Por que mentiras óbvias geram ótima 
propaganda” destaca quatro aspectos principais da propaganda russa: 
1) alto volume de conteúdo; 2) produção rápida, contínua e repetitiva; 
3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem consistência 
entre o que se diz entre um discurso e outro. Essencialmente, isso 
é o firehosing (fluxo de uma mangueira de incêndio). O conceito foi 
concebido após cerca de seis anos de observação do governo de 
Vladimir Putin. No entanto, é impossível não notar as semelhanças 
com as táticas discursivas de políticos ocidentais.
Para tentar inibir efeitos da tática, apenas rebater as mentiras 
disseminadas não é uma ação eficaz. Já mostrar outra narrativa, 
tal como contar como funciona a criação de mentiras dos 
propagandistas, sim, seria um método mais efetivo. De maneira 
simplificada, é o que o linguista norte-americano George Lakoff 
chama de verdade-sanduíche: primeiro exponha o que é verdade; 
depois aponte qual é a mentira e diga como ela é diferente do 
fato verdadeiro; depois repita a verdade e conte quais são as 
consequências dessa contradição. A ideia é tentar desmentir 
discursos falsos sem repeti-los.
Le Monde Diplomatique Brasil, “Firehosing: a estratégia de disseminação de mentiras 
usada como propaganda política”. Disponível em https://diplomatique.org.br/. Adaptado.
a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima-se da 
imagem do fluxo de uma mangueira de incêndio?
b) Explique com suas palavras a metáfora “verdade-sanduíche” 
usada pelo linguista George Lakoff. 
PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR10
INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY
05. (UNICAMP) O dicionarista e historiador Nei Lopes, autor do 
Dicionário banto do Brasil, afirmou, em entrevista à Revista Fapesp:
Resolvi elaborar um dicionário para identificar os vocábulos 
da língua portuguesa com origem no universo dos povos bantos, 
denominação que engloba centenas de línguas e dialetos africanos. 
Palavras como babá, baia, banda, caçapa, cachimbo, dengo, farofa, 
fofoca e minhoca, por exemplo, têm origem provável ou comprovada 
em línguas bantas e o quimbundo pode ter sido o idioma que mais 
contribuiu à formação de nosso vocabulário. Ao constatar tal 
quantidade de palavras originárias de idiomas bantos que circulam 
pelo país, quis comprovar a importância dessas culturas para o 
contexto nacional. Assim, escrever dicionários, para mim, também 
é uma tarefa política. Percebi que dicionários funcionam como um 
meio didático eficaz para disseminar conhecimento.
Os currículos costumam começar a abordagem sobre a 
África a partir da escravidão, partindo do princípio de que os 
nossos ancestrais foram todos escravos. Nos ensinamentos 
sobre o assunto, é preciso descolonizar o pensamento brasileiro, 
deixando evidente como os grandes centros europeus espoliaram 
o continente e que, hoje, a realidade africana é fruto dessas ações. 
(Adaptado de Nei Lopes, O dicionário heterodoxo. Entrevista concedida a Cristina 
Queiroz. Revista Fapesp. Edição 275, jan. 2019. Disponível em http://revistapesquisa.
fapesp.br/2019/01/10/nei-braz-lopes-o-dicionarista-heterodoxo/. 
Acessado em 23/08/2019.)
a) Explique, com base em dois argumentos presentes no texto, 
por que, para o autor, escrever dicionários é uma tarefa política.
b) Que crítica o autor faz aos currículos escolares e que 
abordagem propõe para o assunto?
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. D
02. C
03. D
04. C
05. B
06. D
07. C
08. E
09. C
10. B
11. B
12. A
13. C
14. B
15. B
16. B
17. C
18. C
19. B
20. B
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. 
a) Nas três primeiras linhas do texto I, a autora usa o recurso sonoro da rima, 
reiteração de sons iguais que ocorrem em final de frase (“Contemplava extasiada 
o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil”), assim 
como da personificação ao dar vida a seres inanimados:” elas (as folhas) estão 
aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria”.
b) A representação da infância no texto de Carolina Maria De Jesus é coerente 
com a dura realidade de uma favelada, descrita em seu diário, publicado sob 
o nome  “Quarto de Despejo”, originalmente, em 1958, em que relata o que 
presenciava pelas ruas de Canindé, síntese do que era o descaso social e a 
precariedade da vida. O poema de Casimiro de Abreu remete à visão idealizada 
de um autor do Romantismo brasileiro em que perpassa a nostalgia da infância, 
a exaltação da juventude, a associação do estado de alma com a natureza, a 
religiosidade e o pressentimento da morte. 
02. 
a) O reflexo da figura de um pato, associado vulgarmente à imagem de feiúra e 
deselegância, reproduz, de forma invertida, a imagem de um cisne, símbolo de 
beleza e harmonia de movimento, estabelecendo relação de oposição entre ambas. 
Associada à palavra “paradoxo”, dividida em duas pela linha de água que separa 
as imagens, o cartum explora a ideia do contrassenso pela valorização errônea de 
uma autoimagem que pode não ser avaliada da mesma forma, por outros, ou sob 
a mesma perspectiva. 
b) O uso de um conjunto de dados para elaborar uma partitura musical demonstra 
que o compositor não obedece a um projeto estrutural rígido pré-definido ou a uma 
estratégia estabelecida anteriormente, permitindo, ao contrário, que a obra aconteça 
de forma aleatória. Também o Dadaísmo,vanguarda europeia do início do século 
XX, teve como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais, 
valorizando a espontaneidade, improvisação, desordem, teor ilógico e irracional. 
03. 
a) O neologismo consiste na criação de uma  palavra  ou  expressão  nova, ou na 
atribuição de um novo  sentido  a uma palavra já existente, como acontece em 
bacuralizar por derivação sufixal a partir de bacurau (bacurau+-izar). 
b) Como exemplo do uso de “bacuralizar” para a primeira acepção da palavra 
registrada no texto II pode ser sugerida a frase “Face à necessidade de ampliar 
o público leitor, a escola bacuralizou-se na tentativa de conseguir material e 
equipamento para construir uma biblioteca itinerante que passe regularmente pela 
comunidade”. Para a segunda acepção, “A escalada de violência policial contra a 
população pobre da comunidade obrigou a população a bacuralizar-se”. 
04. 
a) O termo firehosing foi usado para caracterizar umtipo de discurso utilizado para 
disseminação de notícias falsas como estratégia de influenciar a opinião pública, 
nomeadamente em propaganda política, como aconteceu recentemente no 
governo russo de Vladimir Putin, o que o equipara a uma mangueira de incêndio 
que ejeta grande quantidade de água de forma ininterrupta e sob alta pressão, 
atingindo grandes profundidades. 
b) A metáfora “verdade sanduíche” foi usada para definir uma estratégia de reversão 
dos efeitos de propagação de mentiras, desmentindo discursos falsos sem 
repeti-los. Assim, as duas fatias simbolizam a verdade, e o conteúdo, a mentira e 
respectiva desconstrução. 
05. 
a) Segundo o autor, a grande quantidade de palavras originárias de idiomas bantos 
que circulam no país comprova a importância dessas culturas no contexto 
nacional o que, associado à necessidade da disseminação do conhecimento, 
transforma a elaboração de dicionários dessas línguas em uma tarefa política: 
“escrever dicionários, para mim, também é uma tarefa política”, “dicionários 
funcionam como um meio didático eficaz para disseminar conhecimento”.
b) Nei Lopes critica o fato de os currículos abordarem a África a partir da escravidão, 
ignorando o fato de que foram os grandes centros europeus que espoliaram o 
continente e que, hoje, a realidade africana é fruto dessas ações. Desta forma, 
defende que o ensino da história da África nas escolas brasileiras seja baseado na 
ancestralidade do continente e não no tráfico atlântico e na escravidão.
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