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INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 1PROENEM.COM.BR METAFUNÇÕES DE HALLIDAY22 COMO DESCREVER A GRAMÁTICA? Seguramente, você já estudou gramática e deve imaginar que todos os autores apresentam seus estudos de uma forma mais ou menos alinhada, não é mesmo? Não. Estamos acostumados a observar descrições da língua de maneira formal e estrutural, dividindo-se os elementos que compõem a língua, classificando- os e entendendo suas relações dentro de estruturas maiores como orações e períodos. Este modelo “clássico” de descrever uma língua não é o único, porém. O linguista britânico Michael Halliday formulou uma proposta diferente de entender a linguagem, baseada na ideia sistêmica da língua – uma visão global, em lugar de estruturas menores – e na funcionalidade que é produzida por suas sentenças. A essa maneira de descrever a língua deu o nome de Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) A GSF ocupa-se fundamentalmente de observar a língua como um sistema submetido aos sentidos que se operam nas unidades textuais, considerando seus contextos de produção e as escolhas realizadas pelos autores para construir seus significados. Dentro desta perspectiva, os textos são muito mais que meros aglomerados de sentenças organizadas de maneira mais ou menos estruturada, para se tornarem fluxos de significações e intenções que medeiam as relações pessoais enquanto representam a compreensão de realidade do mundo. Um dos aspectos mais interessantes de seu trabalho repousa sobre suas “metafunções” da linguagem. Claro que isso traz à memória um outro linguista, Roman Jakobson, autor da famosa teoria das funções da linguagem (emotiva, conativa, referencial, metalinguística, poética e fática). Halliday, no entanto, postula a existência de apenas três funções, com enfoques um pouco diferentes daquelas de Jakobson: metafunção experiencial ou ideacional, metafunção interpessoal e metafunção textual. Resumindo, Halliday não está focado na forma como se estruturam as sentenças, mas sim em seus objetivos, sintetizados nas perguntas que o estudante deve fazer diante de um texto: qual é a finalidade deste enunciado? Qual a funcionalidade deste texto? AS METAFUNÇÕES DE HALLIDAY METAFUNÇÃO EXPERIENCIAL OU IDEACIONAL Nesta metafunção, a oração é entendida como representação e acontece quando o falante expressa sua experiência relativa ao mundo real (exterior) ou a seu mundo interior. A forma assumida pelas experiências exteriores correspondem a ações ou eventos, situações em que determinados atores (sujeitos) fazem coisas ou fazem-nas acontecer. As experiências interiores tomam a forma de lembranças, reações, pensamentos e sentimentos, manifestando- se na instância da consciência. Dessa maneira, o falante é capaz de relacionar tais experiências, identificando-as ou caracterizando-as. Assim, a metafunção ideacional realiza-se por processos (grupos verbais que indicam os desdobramentos da experiência no tempo), participantes (as pessoas ou coisas que atuam no processo ou que são afetadas por ele) e circunstâncias (grupos adverbiais indicativos do modo, tempo, causa etc. dos processos). Meu amigo toca violão. A música toca profundamente a alma dos amantes. Nos dois exemplos acima, há a enunciação de experiências centradas no processo representado pelo verbo “tocar”. Na primeira oração o processo enunciado é material, ao passo que na segunda configura-se como um processo mental. Independentemente da classificação do processo, a metafunção ideacional se constitui como a enunciação das experiências. METAFUNÇÃO INTERPESSOAL Além do caráter de representação, é evidente que a linguagem é um instrumento que permite a interação dos sujeitos em um meio social. Assim, a metafunção interpessoal toma a oração como troca. O princípio básico do processo interpessoal é a adoção de papéis estabelecidos pelo enunciador e a sinalização de um papel contíguo ao coenunciador. De forma mais direta, o enunciador, ao agir socialmente de alguma forma e dirigir seu discurso a outra pessoa, coloca o outro usuário da língua no papel de respondente, seja para apoiar ou confrontar o que foi postulado originalmente. Daí, uma série de relações vêm à tona, pois os comportamentos variam conforme os enunciados. Uma oferta pode ser aceita ou recusada, uma ordem pode gerar submissão ou recusa, uma declaração pode ser tomada como verdadeira ou refutada e, não menos importante, uma pergunta pode ser respondida ou repelida. Dessa forma, deve-se observar na função interpessoal o papel na troca (se é oferecer ou solicitar) e os valores trocados (se são informações – troca da própria linguagem –, ou se são bens e serviços – uma tentativa de influenciar o comportamento do outro, do qual se espera alguma ação). Essa combinação de categorias origina as funções primárias da fala: oferta, comando, declaração e pergunta. Quando os valores trocados são informações, temos uma proposição; quando são bens e serviços, são propostas. Oferta – dar bens e serviços Você quer um café? Comando – solicitar bens e serviços Sirva-me um café. Declaração – dar informações Ele serviu-me um café. Pergunta – solicitar informações O que ele lhe serviu? METAFUNÇÃO TEXTUAL Essa metafunção liga-se diretamente ao sistema de realização léxico-gramatical, tomando a oração como mensagem. Dentro da lógica de composição do discurso, a organização da mensagem apresenta dois sistemas pelos quais se estrutura: a estrutura da informação e a estrutura temática. Na estrutura da informação, relacionam-se o Dado e o Novo. Chama-se Dado tudo aquilo que é compartilhado pelo conhecimento de mundo dos interlocutores e, por extensão, tudo aquilo que é previsível pelo próprio contexto. Além disso, considera- se Dado todo elemento que seja recuperável tanto no texto quanto na situação de emissão. O Novo é o elemento que não é conhecido para o interlocutor, mas vai além disso, pois também se constitui naquilo que é imprevisível pelo contexto e também naquilo que PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR2 INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY não é recuperável a partir do enunciado realizado. Resumindo, a estrutura da informação obedece à relação Dado-Novo, em que um elemento Novo – unidade de informação obrigatória – somado a um elemento Dado – reiteração e recuperação opcional. Já na estrutura temática, existe o par Tema-Rema. Chama-se Tema aquilo que o falante elege como ponto inicial da construção de seu enunciado. O Rema representa o restante da mensagem, a direção assumida pelo enunciado após seu ponto de partida; é a parte em que se desenvolvem as ideias apresentadas no Tema. É comum que, nos textos, seja observada a progressão textual baseada nos temas, uma orientação de organização como métodos dedutivo ou indutivo, por exemplo. PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Cite em que se baseia a proposta de Halliday para entender a linguagem. 02. Defina a metafunção experiencial/ideacional. 03. Conceitue a metafunção interpessoal. 04. Descreva a metafunção textual. 05. Explique o par Dado-Novo e o par Tema-Rema. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de licenciatura em Física e Matemática da universidade não estão dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes. A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar professores, fica difícil conseguir bons profissionais. Resolver essa encrenca é o desafio. Salários são por certo uma parte importante do problema, mas outros elementos, como estabilidade na carreira e prestígio social, também influem. SCHWARTSMAN, H. Folha de S. Paulo, 13 out. 2012. Identificar o gênero do texto é um passo importante na caminhada interpretativa do leitor. Para isso, é preciso observar elementos ligados à sua produção e recepção. Reconhece-se que esse texto pertence ao gênero artigo de opinião devido ao(à) a) suportedo texto: um jornal de grande circulação. b) lugar atribuído ao leitor: interessados no magistério. c) tema tratado: o problema da escassez de professores. d) função do gênero: refletir sobre a falta de professores. e) linguagem empregada pelo autor: formal e denotativa. 02. (ENEM) Revolução digital cria era do leitor-sujeito Foi-se uma vez um leitor. Com a revolução digital, quem lê passa a ter voz no processo de leitura. “Até outro dia, as críticas literárias eram exclusividade de um grupo fechado, assim como em tantas outras áreas. Agora, temos grupos que conversam, trocam, se manifestam em tempo real, recomendam ou desaprovam, trocam ideias com os autores, participam ativamente da construção de obras literárias coletivas. Isso é um jeito novo de pensar a escrita, de construir memória e o próprio conhecimento”, analisa uma professora de comunicação da PUC-MG. A secretária Fabiana Araújo, 32, é uma “leitora-sujeito”, como Daniela chama esses novos atores do universo da leitura. Leitora assídua desde o final da adolescência, quando foi seduzida pela série Harry Potter, só neste ano já leu mais de 30 títulos. Suas leituras não costumam terminar quando fecha um livro. Fabiana escreve resenhas de títulos como Estilhaça-me, romance fantástico na linha de Crepúsculo, publicadas em um blog com o qual foi convidada a colaborar. “Escrever sobre um livro é uma forma de relê-lo. E conversar, pessoal ou virtualmente, com outros leitores também”, defende. FANTINI, D. Jornal Pampulha, n. 1138, maio 2012 (adaptado). As sequências textuais “Até outro dia” e “agora” auxiliam a progressão temática do texto, pois delimitam a) o perfil social dos envolvidos na revolução digital. b) o limite etário dos promotores da revolução digital. c) os períodos pré e pós revolução digital. d) a urgência e a rapidez da revolução digital. e) o alcance territorial da leitura digital. 03. (ENEM) A tecnologia está, definitivamente, presente na vida cotidiana. Seja para consultar informações, conversar com amigos e familiares ou apenas entreter, a internet e os celulares não saem das mãos e mentes das pessoas. Por esse motivo, especialistas alertam: o uso excessivo dessas ferramentas pode viciar. O problema, dizem os especialistas, é o usuário conseguir diferenciar a dependência do uso considerado normal. Hoje, a internet e os celulares são ferramentas profissionais e de estudo. MATSUURA, S. O Globo, 10 jun. 2013 (adaptado). O desenvolvimento da sociedade está relacionado ao avanço das tecnologias, que estabelecem novos padrões de comportamento. De acordo com o texto, o alerta dos especialistas deve-se à a) insegurança do usuário, em razão do grande número de pessoas conectadas às redes sociais. b) falta de credibilidade das informações transmitidas pelos meios de comunicação de massa. c) comprovação por pesquisas de que os danos ao cérebro são muito maiores do que se pode imaginar. d) subordinação das pessoas aos recursos oferecidos pelas novas tecnologias, a ponto de prejudicar suas vidas. e) possibilidade de as pessoas se isolarem socialmente, em razão do uso das novas tecnologias de comunicação. 04. (ENEM) TEXTO I A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos. Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas que detêm a tecnologia e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores. O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, por entender que só assim teremos agricultura para sempre. Disponível em: www.greenpeace.org. Acesso em: 20 maio 2013. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 3 INTERPRETAÇÃO TEXTO II Os alimentos geneticamente modificados disponíveis no mercado internacional não representam um risco à saúde maior do que o apresentado por alimentos obtidos através de técnicas tradicionais de cruzamento agrícola. Essa é a posição de entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e para Agricultura (FAO), o Comissariado Europeu para Pesquisa, Inovação e Ciência e várias das principais academias de ciência do mundo. A OMS diz que até hoje não foi encontrado nenhum caso de efeito sobre a saúde, resultante do consumo de alimento geneticamente modificado (GM) “entre a população dos países em que eles foram aprovados”. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 20 maio 2013. Os textos tratam de uma temática bastante discutida na atualidade. No que se refere às posições defendidas, os dois textos a) revelam preocupações quanto ao cultivo de alimentos geneticamente modificados. b) destacam os riscos à saúde causados por alimentos geneticamente modificados. c) divergem sobre a segurança do consumo de alimentos geneticamente modificados. d) alertam para a necessidade de mais estudos sobre sementes modificadas geneticamente. e) discordam quanto à validade de pesquisas sobre a produção de alimentos geneticamente modificados. 05. (ENEM) O craque crespo Desde que Neymar despontou no futebol, uma de suas marcas registradas é o cabelo. Sempre com um visual novo a cada campeonato. Mas nesses anos de carreira ainda faltava o ídolo fazer uma aparição nos gramados com seu cabelo crespo natural, que ele assumiu recentemente para a alegria e a autoestima dos meninos cacheados que sonham ser craques um dia. É difícil assumir os cachos e abandonar a ditadura do alisamento em um mundo onde o cabelo liso é tido como o padrão de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a transição capilar, esse gesto nos aproxima da nossa real identidade e nos empodera. Falo por experiência própria. Passei 30 anos usando cabelos lisos e já nem me lembrava de como eram meus fios naturais. Recuperar a textura crespa, para além do cuidado estético, foi um ato político, de aceitação, de autorreconhecimento e de redescoberta da minha negritude. O discurso dos fios naturais tem ganhado uma representação cada vez mais positiva, valorizando a volta dos cachos sem cair no estereótipo do “exótico”, muito comum no Brasil. O cabelo crespo, definitivamente, não é uma moda passageira. Torço que para Neymar também não seja. Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São Paulo, empresária, consultora de empresas e autora de livros. LORAS, A. O craque crespo. Disponível em: http://diplomatique.org.br. Acesso em: 1 set. 2017. Considerando os procedimentos argumentativos presentes nesse texto, infere-se que o objetivo da autora é a) valorizar a atitude do jogador ao aderir à moda dos cabelos crespos. b) problematizar percepções identitárias sobre padrões de beleza. c) apresentar as novas tendências da moda para os cabelos. d) relatar sua experiência de redescoberta de suas origens. e) evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças. 06. (ENEM) Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança. BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que a) recorre à tradição bíblica como fonte de inspiração para a humanidade. b) desconstrói o discurso da filosofia afim de questionar o conceito de dever. c) resgata a metodologia da história para denunciar as atitudes irracionais. d) transita entre o humor e a ironia para celebrar o caos da vida cotidiana. e) satiriza a matemática e a medicina para desmistificar o saber científico. 07. (ENEM) O livro A fórmula secreta conta a história de um episódio fundamental para o nascimento da matemática moderna e retrata uma das disputas mais virulentas da ciência renascentista. Fórmulas misteriosas, duelos públicos, traições, genialidade, ambição – e matemática! Esse é o instigante universo apresentado no livro, que resgata a história dos italianos Tartaglia e Cardano e da fórmula revolucionária para resolução de equações de terceiro grau. A obra reconstitui um episódio polêmico que marca, para muitos, o início do período moderno da matemática. Em última análise, A fórmula secreta apresenta-se como uma ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história da matemática e acompanhar um dos debates científicos mais inflamados do século XVI no campo. Mais do que isso, é uma obra de fácil leitura e uma boa mostra de que é possível abordar temas como álgebra de forma interessante, inteligente e acessível ao grande público. GARCIA, M. Duelos, segredos e matemática. Disponível em: http://cienciahojeuol.com.br. Acesso em: 6 out. 2015 (adaptado). Na construção textual, o autor realiza escolhas para cumprir determinados objetivos. Nesse sentido, a função social desse texto é a) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa. b) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal. c) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica. d) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra. e) classificar a obra como uma referência para estudiosos da matemática. 08. (ENEM) O humor e a língua Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR4 INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida atenção a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus. POSSENTI. S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado). A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por a) sua função humorística. b) sua ocorrência universal. c) sua diversidade temática. d) seu papel como veículo de preconceitos. e) seu potencial como objeto de investigação. 09. (ENEM) Entre as crianças brasileiras, 30% apresentam sobrepeso e 15% delas já são obesas. A má alimentação começa cedo: 56% dos bebês com menos de um ano de idade no Brasil consomem refrigerantes. Dados como esses ganham rosto no documentário Muito além do peso (2012) de Estela Renner: o filme mostra como a alta ingestão de açúcar, pais desinformados e a publicidade voltada para o público infantil criam uma geração de crianças com problemas como colesterol alto e diabetes tipo 2. O documentário pode servir como ponto de partida para abordar a questão com professores e pais. Obesidade infantil. Revista Escola Pública, n. 31, fev.-mar. 2013. Analisando os procedimentos argumentativos empregados, verifica-se que o texto tem como propósito a) apresentar dados estatísticos do Brasil sobre a obesidade infantil. b) fazer propaganda de material informativo sobre a obesidade infantil. c) justificar a necessidade de se discutir o problema da obesidade infantil. d) destacar a ingestão de açúcar como a principal causa da obesidade infantil. e) alertar para a contribuição da mídia no aumento da obesidade infantil no Brasil. 10. (ENEM) O comportamento do público, em geral, parece indicar o seguinte: o texto da peça de teatro não basta em si mesmo, não é uma obra de arte completa, pois ele só se realiza plenamente quando levado ao palco. Para quem pensa assim, ler um texto dramático equivale a comer a massa do bolo antes de ele ir para o forno. Mas ele só fica pronto mesmo depois que os atores deram vida àquelas emoções; que cenógrafos compuseram os espações, refletindo externamente os conflitos internos dos envolvidos; que os figurinistas vestiram os corpos sofredores em movimento. LACERDA, R. Leitores. Metáfora, n. 7, abr. 2012. Em um texto argumentativo, podem-se encontrar diferentes estratégias para guiar o leitor por um raciocínio e chegar a determinada conclusão. Para defender sua ideia a favor da incompletude do texto dramático fora do palco, o autor usa como estratégia argumentativa a a) comoção. b) analogia. c) identificação. d) contextualização. e) enumeração. 11. (ENEM) O mundo mudou O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está sempre mudando. E sempre estará, até que cgue o seu alardeado fim (se é que chegará). Hoje vivemos “protegidos” por muitos cuidados e paparicos, sempre sob a forma de “serviços”, e desde que você tenha dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na marginal? Relaxe, o guincho da seguradora virá em minutos resgatá-lo. Tem dificuldade de locomoção? Espere, a empresa aérea disporá de uma cadeira de rodas para levá-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chalé em plenas férias de verão? Calma, o moço que conserta telhados está correndo para lá agora. Vai ficando para trás um outro mundo – de iniciativas, de gestos solidários, de amizade, de improvisação (sim, “quem não improvisa se inviabiliza”, eu diria, parafraseando Chacrinha). Estamos criando uma geração que não sabe bater um prego na parede, trocar um botijão de gás, armar uma rede. É, o mundo mudou sim. Só nos resta o telefone do SAC, onde gastaremos nossa bílis com impropérios ao vento; ou o site da loja de eletrodomésticos onde ninguém tem nome (que saudade dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa própria solidão, a nossa dependência do mundo dos serviços e a nossa incapacidade de viver com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e pendências vãs. Nem Kafka poderia sonhar com tal mundo. ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado). O texto trata do avanço técnico e das facilidades encontradas pelo homem moderno em relação à prestação de serviços. No desenvolvimento da temática, o autor a) mostra a necessidade de se construir uma sociedade baseada no anonimato, reafirmando a ideia de que a intimidade nas relações profissionais exerce influência negativa na qualidade do serviço prestado. b) apresenta uma visão pessimista acerca de tais facilidades porque elas contribuem para que o homem moderno se torne acomodado e distanciado das relações afetivas. c) recorre a clássicos da literatura mundial para comprovar o porquê da necessidade de se viver a simplicidade e a solidariedade em tempos de solidão quase inevitável. d) defende uma posição conformista perante o quadro atual, apresentando exemplos, em seu cotidiano, de boa aceitação da praticidade oferecida pela vida moderna. e) acredita na existência de uma superproteção, que impede os indivíduos modernos de sofrerem severosdanos materiais e emocionais. 12. (ENEM) Quebranto às vezes sou o policial que me suspeito me peço documentos e mesmo de posse deles me prendo e me dou porrada às vezes sou o porteiro não me deixando entrar em mim mesmo a não ser pela porta de serviço [...] às vezes faço questão de não me ver e entupido com a visão deles sinto-me a miséria concebida como um eterno começo fecho-me o cerco PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 5 INTERPRETAÇÃO sendo o gesto que me nego a pinga que me bebo e me embebedo o dedo que me aponto e denuncio o ponto em que me entrego. às vezes!... CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza. 2007 (fragmento). Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor. b) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento. c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças. d) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento. e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária. 13. (ENEM) TEXTO I Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo [...]. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas. RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. TEXTO II A melhor banda de todos os tempos da última semana As músicas mais pedidas Os discos que vendem mais As novidades antigas Nas páginas dos jornais Um idiota em inglês Se é idiota, é bem menos que nós Um idiota em inglês É bem melhor do que eu e vocês A melhor banda de todos os tempos da última semana O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento). O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é: a) “As novidades antigas”. b) “Os discos que vendem mais”. c) “O melhor disco brasileiro de música americana”. d) “A melhor banda de todos os tempos da última semana”. e) “O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos”. 14. (IF-PA: PROFESSOR – DESIGN) LETRAMENTOS E EDUCAÇÃO Com as novas tecnologias, a comunicação mudou e muitos são os desafios colocados para a escola. Os principais são tornar o aluno um produtor de conteúdo (considerando toda a diversidade de linguagem) e um ser crítico. Vídeos que mostram um acontecimento, como a queda de um meteorito na Terra, ou que transmitem em tempo real uma posse presidencial. Fotos que revelam a cultura de um povo. Áudios que contam as notícias mais importantes da semana. A sociedade contemporânea está imersa nas novas linguagens (algumas não tão novas assim). As informações deixaram de chegar única e exclusivamente por texto. Tabelas, gráficos, infográficos, ensaios fotográficos, reportagens visuais e tantas outras maneiras de comunicar estão disponíveis a um novo leitor. O objetivo maior da informação, seja para fins educacionais, informativos ou mesmo de entretenimento, é atingir de maneira eficaz o interlocutor. Às práticas letradas que fazem uso dessas diferentes mídias e, consequentemente, de diversas linguagens, incluindo aquelas que circulam nas mais variadas culturas, deu-se o nome de multiletramentos. Segundo a professora Roxane Rojo, esses recursos são “interativos e colaborativos; fraturam e transgridem as relações de poder estabelecidas, em especial as de propriedade (das máquinas, das ferramentas, das ideias, dos textos), sejam eles verbais ou não; são híbridos, fronteiriços e mestiços (de linguagens, modos, mídias e culturas)”. Assim como na sociedade, os multiletramentos também estão presentes nas salas de aula. O papel da instituição escolar, diante do contexto, é abrir espaços para que os alunos possam experimentar essas variadas práticas de letramento como consumidores e produtores de informação, além de discuti-la criticamente. “Vivemos em um mundo em que se espera (empregadores, professores, cidadãos, dirigentes) que as pessoas saibam guiar suas próprias aprendizagens na direção do possível, do necessário e do desejável, que tenham autonomia e saibam buscar como e o que aprender, que tenham flexibilidade e consigam colaborar com a urbanidade”, enfatiza Roxane. (V3_CADERNOS IFT_Multiletramentos.indd). Ao ler o texto, podemos deduzir sua temática central corretamente em: a) A educação na sociedade contemporânea deve compreender o seu papel e não aderir aos novos processos de comunicação introduzidos pela internet. b) Vivemos numa sociedade letrada, na qual a escola é constantemente desafiada diante das novas formas de comunicação por conta das novas tecnologias. c) As informações no mundo em que vivemos nos chegam exclusivamente por textos impressos com tabelas, gráficos, infográficos, reportagens visuais e tantas outras maneiras de comunicar d) O papel da instituição escolar, diante do contexto, é fechar espaços para que os alunos não possam experimentar essas variadas práticas de letramento. e) Às práticas letradas que fazem uso das diferentes mídias e, consequentemente, de diversas linguagens, incluindo aquelas que circulam nas mais variadas culturas, deu-se o nome de produção textual. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR6 INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 15. (MPE-SC: ANALISTA – LETRAS) Afinal, o que é a língua? A língua é uma das realidades mais fantásticas da nossa vida. Ela está presente em todas as nossas atividades; nós vivemos entrelaçados (às vezes soterrados!) pelas palavras; elas estabelecem todas as nossas relações e nossos limites, dizem ou tentam dizer quem somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer, o que fizemos. Nossos sonhos são povoados de palavras; os outros se definem por palavras; todas as nossas emoções e sentimentos se revestem de palavras. O mundo inteiro é um magnífico e gigantesco bate-papo, dos chefes de Estado negociando a paz e a guerra às primeiras sílabas de uma criança em alguma favela brasileira ou numa vila africana. É pela linguagem, afinal, que somos indivíduos únicos: somos o que somos depois de um processo de conquista da nossa palavra, afirmada no meio de milhares de outras palavras e com elas compostas. Apesar dessa presença absoluta na nossa vida (ou talvez justamente por isso), ainda sabemos pouco sobre a linguagem e, em geral, temos uma relação problemática com ela, principalmente em sua forma escrita. Isto é, embora não sejamos nada sem a língua, parece que ela permanece alguma coisa estranha em nossa vida, como se ela não nos pertencesse. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 9. Assinale a alternativa correta, considerando o texto. a) Flexibilidade e adaptabilidade são propriedades da linguagem que estão indiretamente reportadas no texto. b) A concepção de linguagem subjacente ao texto é a de linguagem como representação do pensamento. c) A definição de língua apresentada ancora -se fortemente na função ideacional da linguagem. d) A língua é uma realidade externa ao indivíduo, existindo e funcionando independentemente dos usos que os membros da sociedade façam dela. e) O texto relativiza a importância da palavra, caracterizando-a como um recurso semiótico dentre tantosoutros disponíveis. 16. (IF-GO: ADMINISTRADOR) Brasileiro prefere se informar pela TV, diz pesquisa Mas são os usuários da internet que passam o maior tempo “logados”, revela Ibope A televisão é o meio preferido de comunicação dos brasileiros (76,4%), seguido da internet (13,1%). Os dados fazem parte da Pesquisa brasileira de mídia 2014 – Hábitos de consumo de mídia pela população brasileira, divulgada nesta sexta-feira (7) pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Segundo a pesquisa, apesar de os usuários de internet passarem mais tempo navegando que os telespectadores passam assistindo a programas na TV, o alcance da televisão é muito maior que o da web nos lares brasileiros: só 3% dos entrevistados disseram não assistir nunca à televisão. No caso da internet, 53% dos entrevistados afirmaram não ter o hábito de acessar a rede mundial de computadores. De acordo com a sondagem, de segunda a sexta-feira, os internautas ficam, em média, três horas e 39 minutos na internet, enquanto os telespectadores passam três horas e 29 minutos vendo TV. Os que ouvem rádio nesse período dedicam três horas e sete minutos a esse hábito e os que leem jornais impressos, uma hora e cinco minutos. Ainda segundo a pesquisa, enquanto 21% dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo acessam a rede semanalmente, o índice sobe para 75% entre os que têm renda superior a cinco salários mínimos. Os mais escolarizados também levam vantagem: 87% dos entrevistados com nível superior disseram que têm acesso à internet pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, só 8% dos entrevistados que cursaram até a 4ª série acessam a rede mundial de computadores ao menos uma vez por semana. Mídia impressa Outro dado da pesquisa revela que 75% dos entrevistados nunca leem jornais e 85% nunca leem qualquer revista. Apenas 6% dos brasileiros entrevistados disseram ler jornais diariamente. Mesmo em baixa, o jornal impresso é o veículo apontado como de maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam que confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais. A pesquisa foi realizada com o objetivo de saber por quais meios de comunicação o brasileiro se informa e também para subsidiar a elaboração da política de comunicação do governo federal. O Ibope Inteligência ouviu 18.312 pessoas em 848 municípios entre os dias 12 de outubro e 6 de novembro do ano passado. O levantamento custou R$ 2,4 milhões. (Da redação, com Agência Brasil) A palavra “logados”, destacada no subtítulo do texto, remete à: a) habilidade de relacionar-se a distância. b) inserção das pessoas no universo virtual. c) capacidade de exposição à informação. d) imersão dos indivíduos no sistema interacional. 17. (SEDUC-PA: PROFESSOR DE PORTUGUÊS) Considere a tirinha a seguir. Tendo em vista a concepção interacional da língua, assinale a afirmativa correta. a) A sequência de placas apresentadas demonstra a constituição de informações explícitas necessárias e suficientes ao entendimento do personagem leitor. b) O código linguístico e seu conhecimento são compreendidos e interpretados corretamente pelo personagem ainda que demonstre ser um receptor passivo. c) A produção de sentidos demonstrada pelo personagem na expressão do último balão da tirinha reflete o exercício de uma interatividade complexa realizada entre texto e sujeito. d) Uma possível alteração da ordem sequencial das placas não implicaria mudança de sentido ou possível comprometimento de coerência textual tendo em vista o entendimento expresso pelo personagem leitor. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 7 INTERPRETAÇÃO 18. (MPE-SP: ANALISTA DE PROMOTORIA) O bom debate Devemos travar debates em termos racionais ou é desejável que a carga moral paute a discussão? A pergunta, como o leitor já deve ter intuído, é traiçoeira. Longe de mim sugerir que a razão é dispensável. Se há uma característica que possibilita que vivamos em sociedades de dezenas de milhões de pessoas com os mais variados backgrounds* culturais e diferentes prioridades, é justamente a capacidade de desenvolver tecnologias e estabelecer regras básicas cuja pertinência lógica está ao alcance de todos. No que diz respeito a debates propriamente ditos, a razão é que nos ajuda a buscar evidências que apoiem nossa tese (ou falseiem a de nossos adversários) e a discriminar entre argumentos válidos e falaciosos, possibilitando-nos chegar a conclusões sólidas. O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima motivadora. Nosso modo analítico, que opera com algoritmos, cálculo probabilístico e lógica formal, é um sistema abstrato, lento e que exige reflexão antes de traduzir-se em ações. Felizmente, não dependemos só dele. Contamos também com um módulo experiencial. Moldado por milhões de anos de seleção natural, ele é intuitivo, baseia-se em emoções e é extremamente rápido. Não precisamos pensar antes de recusar comida estragada ou fugir de cães bravios. A dificuldade aqui é que, como as emoções estão no comando, tudo pode adquirir dimensão moral. Um bom exemplo é o do cigarro. Mais ou menos desde os anos 60, todo fumante sabia que o hábito faz mal à saúde. Esse conhecimento racional, porém, não era o bastante para fazer a maioria abandonar o cigarro. A partir dos anos 90, à medida que o ato de fumar foi ganhando contornos de falha moral, os índices de ex-tabagistas cresceram e menos jovens se iniciaram nas libações fumígenas. O perigo aqui é que abrimos espaço para discriminações e estridências que são elas mesmas moralmente injustificáveis. (Hélio Schwartsman. www.folha.uol.com.br, 04.04.2015. Adaptado) *background: a totalidade dos elementos (antecedentes familiares, classe social, educação, experiência etc.) que contribuíram para a formação de um indivíduo, moldaram sua personalidade e influenciam seus rumos (Houaiss). Segundo o autor: a) o raciocínio lógico abstrato exige uma espécie de reflexão intraduzível em ações. b) a análise lógica e racional não constitui motivação suficiente para alterar hábitos. c) a vantagem do módulo experiencial sobre a razão é que aquele resulta em juízos mais justos. d) a intuição resultante da seleção natural visa dirimir conflitos entre culturas diferentes. e) o convívio de culturas diferentes pressupõe a existência de uma moral comum. 19. (IFB: PROFESSOR DE PORTUGUÊS) ESSES TEXTOS O texto primeiro existe só, como ponto. Se transforma depois em linha com sua própria força de deslocação, sua velocidade própria. Depois, o leitor institui outra linha, lendo. O leitor constitui um feixe de linhas cruzadas organizando os textos. No percurso do texto e no trânsito da leitura, as linhas se chocam, se repudiam, se perdem, correm paralelas e podem se amar. Depois, saber fazer retorná-las a ponto. (Mas o importante é o leitor. Você.) É preciso ter calma. Saber ir abotoando os elementos vários à espera do clique de colchete. Quando dois ou mais se engatam, fecha-se um sentido único e exclusivo. Mas que você pode emprestar a alguém, desde que o diga (Não tenha medo da alta velocidade. Não tenha receio de dar marcha à ré.) É preciso ter pressa. Saber ir desabotoando os colchetes de sentido como quem quer tirar camisa usada e suada de dia de trabalho. Cada camisa, depois de surrada, é fonte de novo esforço. Ou então vira camisa de força. É preciso saber vestir o texto, como tatuagem na própria pele. É preciso saber tatuar o texto, como sulcos feitos na bruta realidade. O duplo estilete do texto e da leitura, do autor e do leitor. A dupla tatuagem contra o próprio corpo e a realidade bruta. A tatuagem que se imprime para poder forçar a barra. A tatuagem que o corpo, depois de violado tatua. Violentando. (SANTIAGO, Silviano, Crescendo durante a guerra numa província ultramarina. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.) No tocante à interpretação de “Esses textos”, está CORRETO afirmar: PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR8 INTERPRETAÇÃO22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY a) A função do leitor é primordial para o texto existir, segundo está enunciado no poema desde a primeira estrofe. b) Há um certo didatismo sobre o tema “leitura”, no discurso poético de Silviano Santiago nesse texto em questão, pois o leitor deveria respeitar aquilo que o próprio texto indica para sua leitura. c) Na afirmação “(Mas o importante é o leitor. / Você.)”, está dito que o leitor pode fazer a leitura do jeito que quiser, porque essa liberdade de interpretação cabe simplesmente a ele. Isso quer dizer que o texto literário não tem um fio condutor, conforme é explicado, a seguir, quando o poeta fala em “abotoar/ desabotoar” o texto. d) Pela leitura dos versos que falam sobre os cliques de colchete, “Quando dois ou mais / se engatam, / fecha-se um sentido / único e exclusivo.”, isso significa que a explicação, no poema, prima pelo sentido literal próprio de todos os tipos de textos. e) O sentido contextual de “Cada camisa, / depois de surrada, / é fonte / de novo esforço.” refere-se, somente, ao esforço do autor, na construção de um texto poético. 20. (MPE-SC: ANALISTA – LETRAS) Teses A jovem estudante ‘queria qualquer coisa, dona Célia, que fale sobre A mulher e seu condicionamento de explorada pelo machismo’. Era este o título da obra. ‘Vale muitos pontos, sabe?’ Cursava a última série do segundo grau e usava muito mal as palavras, o que me predispunha a uma raiva perigosa das escolas, que eu certamente iria descontar nela. Fiz de desentendida: condicionamento de explorada? É, ela falou meio confusa, essas coisas de apanhar de homem, ser “estrupada”, ganhar de menos que eles, a senhora entende, né? Serve uma poesia? Perguntei já com um autor na cabeça. Não, poesia, não, poesia é sempre coisa muito - como é que é gente? -, muito assim de leve, não é? E eu quero uma coisa forte, a senhora entende, a professora é fogo na jaca. Meio macha? Ah, dona Célia, como é que a senhora adivinhou? Eu estava gostando da tortura: então, você quer um texto em prosa? Em prosa? Repetiu como se ouvisse língua estrangeira. Não, decidiu categórica, não. Não é nem em poesia, nem em prosa. Quero é um artigo de umas vinte linhas, tipo artigo de jornal, arrematou quase doutora, olhando no relógio. Dá pra senhora fazer? Nem repare eu não entrar, tenho ainda pesquisa de ecologia pra fazer. A moça era muito bonita e preferia que fosse analfabeta. A deficientíssima instrução burlava nela algo muito delicado, punha em sua voz uns meios-tons acima do natural, tisnava de ansiedade sua respiração, com a horrível qualidade dos males inconscientes. É sal em carne podre, pensei, não vou fazer artigo nenhum. Primeiro, porque as mulheres são as culpadas de todo mal, portanto merecem o que sofrem. Segundo, porque não vou salvar a escola do Brasil, nem esta menina, escrevendo lugares-comuns sobre nossa condição. Terceiro porque não quero colaborar com esta mania estúpida das escolas de ‘trabalharem o folclore’, ‘trabalharem o social’ e o que mais seja, nestas ocasiões fixas como calendários lunares: trabalhinhos, textinhos, exposiçõezinhas, tudo como num ritual de boas maneiras. Nada desce aos intestinos, vero lugar da aprendizagem. Dia da Mulher? Ah, sei. E daí? Não posso te ajudar, não, Neide Ângela. Não?? Ela falou assustada. Mas vou te emprestar um livro. Livro? Ah, disse decepcionada demais. Não tenho tempo de ler, não, dona Célia, é matéria demais, uma outra hora a senhora me empresta. Tão bonita ela, podia cuidar da vida enquanto descobria sua vocação real, ser uma manicura competente, uma doceira de fama, mas não, quer ‘fazer faculdade’. Quer porque quer. De quem é a culpa, já que as escolas são ma-ra-vi-lho-sas? Ela periga tomar bomba. Está aí, vou contribuir caprichadamente para que ela tome bomba, para que volte este acontecimento formidável da escola antiga, a Bomba, e recuperemos todos a capacidade de sentir medo e respeito. E nem vale ela me olhar com este olhar pidão. PRADO, Adélia. Filandras. Rio de Janeiro: Record, 2001. p.129-131. Verifique se as afirmativas abaixo estão em consonância com o texto. I. O enunciado “Cursava a última série do segundo grau e usava muito mal as palavras” é um exemplo de função ideacional em que os verbos indicam processos relacionais que duraram um determinado período de tempo no passado. II. Em “Vale muitos pontos, sabe?” e “ [...] como é que é gente?”, os vocábulos sublinhados funcionam como marcadores discursivos interacionais e são usados para solicitar informação. III. Em “Eu estava gostando da tortura: então, você quer um texto em prosa? Em prosa? Repetiu como se ouvisse língua estrangeira”, há duas vozes sociais configurando uma relação dialógica entre a narradora e a personagem. IV. Em “trabalhinhos, textinhos, exposiçõezinhas, tudo como num ritual de boas maneiras’; o uso do diminutivo expressa uma valoração crítica da autora em relação a certas práticas escolares. V. Em “Terceiro porque não quero colaborar com esta mania estúpida” e “Não posso te ajudar, não [...]” os verbos sublinhados expressam reiteradamente a mesma intenção do sujeito agente direcionada diretamente ao interlocutor. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. a) São corretas apenas as afirmativas II e V. b) São corretas apenas as afirmativas III e IV. c) São corretas apenas as afirmativas I, II e V. d) São corretas apenas as afirmativas I, III e IV. e) São corretas apenas as afirmativas III, IV e V. 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UNICAMP) TEXTO I (...) Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. (...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papeis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casemiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é amarga”. (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 35-36.) TEXTO II RISOS Ri, criança, a vida é curta, O sonho dura um instante. Depois... o cipreste esguio Mostra a cova ao viandante! A vida é triste – quem nega? – Nem vale a pena dizê-lo. Deus a parte entre seus dedos Qual um fio de cabelo! Como o dia, a nossa vida Na aurora – é toda venturas, De tarde – doce tristeza, De noite – sombras escuras! PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 9 INTERPRETAÇÃO A velhice tem gemidos, – A dor das visões passadas – – A mocidade – queixumes, Só a infância tem risadas! Ri, criança, a vida é curta, O sonho dura um instante. Depois... o cipreste esguio Mostra a cova ao viandante! (Casemiro J. M. de Abreu, As primaveras. Rio de Janeiro: Tipografia de Paula Brito,1859, p. 237-238.) a) Nas três linhas iniciais do texto I, a autora estabelece uma relação entre o sujeito da ação e o espaço em que ele se encontra. Mencione e explique dois recursos poéticos que compõem a cena narrativa. b) A representação da infância no texto I se aproxima e, ao mesmo tempo, difere daquela que se encontra no texto II. Considerando que o texto I é um excerto do diário de Carolina Maria de Jesus e o texto II é um poema romântico, identifique e explique essa diferença na representação da infância, com base nos períodos literários. 02. (UNESP) Examine os cartuns. a) Explicite o conceito explorado pelo cartum 1. De que modo a imagem ressalta esse conceito? b) Que princípio comanda o processo de criação artística ilustrado pelo cartum 2? Tal princípio remete a qual vanguarda europeia do início do século XX? 03. (UNICAMP) TEXTO I Em Bacurau, vilarejo fictício no meio do nada que recebe o nome de um pássaro “brabo” de hábitos noturnos, o sertão é também o centro do país. Bacurau cheira a morte. A primeira sequência do longa é a passagem de um caminhão-pipa queatropela caixões pelo caminho. No povoado isolado, mas hiper conectado à internet, os moradores, com uma grande variedade de gêneros, raças e sexualidades, vivem sem água e escondem-se quando o prefeito em campanha pela reeleição chega para distribuir mantimentos vencidos, e despejar livros velhos em frente à escola local. Aí já começa a resistência: em meio à penúria, os moradores organizam- se e ajudam-se entre si. Quando o vilarejo literalmente desaparece dos mapas digitais e a comunidade perde a conexão com a internet, a presença de forasteiros coincide com o misterioso aparecimento de cadáveres crivados à bala e Bacurau vive uma carnificina. (Adaptado de Joana Oliveira, Em ‘Bacurau’, é lutar ou morrer no sertão que espelha o Brasil. El País. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/20/ cultura/1566328403_365611.html. Acessado em 20/10/2019.) TEXTO II BACURALIZAR verbo transitivo direto 1. autogovernar-se em comunidade, fazer a própria gestão dos recursos e serviços que deveriam ser oferecidos pelo estado, sem a ajuda de empresas ou de parcerias público- privadas. 2. entricheirar-se em suas comunidades como forma de defesa à máquina de matar do estado. (Adaptado do Instagram de Lia de Itamaracá. Disponível em https://www.insta7zu.com/tag/LiaDeltamaraca. Acessado em 20/10/2019.) c) Explique por que “bacuralizar” é um neologismo e qual é o processo de formação dessa palavra. d) Considere as informações sobre o enredo do filme Bacurau presentes no texto I e sobre o papel do Estado na vida da comunidade no texto II. A partir dessas informações, crie um exemplo do uso de “bacuralizar” para cada acepção da palavra registrada no texto II. 04. (FUVEST) O vídeo “Por que mentiras óbvias geram ótima propaganda” destaca quatro aspectos principais da propaganda russa: 1) alto volume de conteúdo; 2) produção rápida, contínua e repetitiva; 3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem consistência entre o que se diz entre um discurso e outro. Essencialmente, isso é o firehosing (fluxo de uma mangueira de incêndio). O conceito foi concebido após cerca de seis anos de observação do governo de Vladimir Putin. No entanto, é impossível não notar as semelhanças com as táticas discursivas de políticos ocidentais. Para tentar inibir efeitos da tática, apenas rebater as mentiras disseminadas não é uma ação eficaz. Já mostrar outra narrativa, tal como contar como funciona a criação de mentiras dos propagandistas, sim, seria um método mais efetivo. De maneira simplificada, é o que o linguista norte-americano George Lakoff chama de verdade-sanduíche: primeiro exponha o que é verdade; depois aponte qual é a mentira e diga como ela é diferente do fato verdadeiro; depois repita a verdade e conte quais são as consequências dessa contradição. A ideia é tentar desmentir discursos falsos sem repeti-los. Le Monde Diplomatique Brasil, “Firehosing: a estratégia de disseminação de mentiras usada como propaganda política”. Disponível em https://diplomatique.org.br/. Adaptado. a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima-se da imagem do fluxo de uma mangueira de incêndio? b) Explique com suas palavras a metáfora “verdade-sanduíche” usada pelo linguista George Lakoff. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR10 INTERPRETAÇÃO 22 METAFUNÇÕES DE HALLIDAY 05. (UNICAMP) O dicionarista e historiador Nei Lopes, autor do Dicionário banto do Brasil, afirmou, em entrevista à Revista Fapesp: Resolvi elaborar um dicionário para identificar os vocábulos da língua portuguesa com origem no universo dos povos bantos, denominação que engloba centenas de línguas e dialetos africanos. Palavras como babá, baia, banda, caçapa, cachimbo, dengo, farofa, fofoca e minhoca, por exemplo, têm origem provável ou comprovada em línguas bantas e o quimbundo pode ter sido o idioma que mais contribuiu à formação de nosso vocabulário. Ao constatar tal quantidade de palavras originárias de idiomas bantos que circulam pelo país, quis comprovar a importância dessas culturas para o contexto nacional. Assim, escrever dicionários, para mim, também é uma tarefa política. Percebi que dicionários funcionam como um meio didático eficaz para disseminar conhecimento. Os currículos costumam começar a abordagem sobre a África a partir da escravidão, partindo do princípio de que os nossos ancestrais foram todos escravos. Nos ensinamentos sobre o assunto, é preciso descolonizar o pensamento brasileiro, deixando evidente como os grandes centros europeus espoliaram o continente e que, hoje, a realidade africana é fruto dessas ações. (Adaptado de Nei Lopes, O dicionário heterodoxo. Entrevista concedida a Cristina Queiroz. Revista Fapesp. Edição 275, jan. 2019. Disponível em http://revistapesquisa. fapesp.br/2019/01/10/nei-braz-lopes-o-dicionarista-heterodoxo/. Acessado em 23/08/2019.) a) Explique, com base em dois argumentos presentes no texto, por que, para o autor, escrever dicionários é uma tarefa política. b) Que crítica o autor faz aos currículos escolares e que abordagem propõe para o assunto? GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. D 02. C 03. D 04. C 05. B 06. D 07. C 08. E 09. C 10. B 11. B 12. A 13. C 14. B 15. B 16. B 17. C 18. C 19. B 20. B EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) Nas três primeiras linhas do texto I, a autora usa o recurso sonoro da rima, reiteração de sons iguais que ocorrem em final de frase (“Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil”), assim como da personificação ao dar vida a seres inanimados:” elas (as folhas) estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria”. b) A representação da infância no texto de Carolina Maria De Jesus é coerente com a dura realidade de uma favelada, descrita em seu diário, publicado sob o nome “Quarto de Despejo”, originalmente, em 1958, em que relata o que presenciava pelas ruas de Canindé, síntese do que era o descaso social e a precariedade da vida. O poema de Casimiro de Abreu remete à visão idealizada de um autor do Romantismo brasileiro em que perpassa a nostalgia da infância, a exaltação da juventude, a associação do estado de alma com a natureza, a religiosidade e o pressentimento da morte. 02. a) O reflexo da figura de um pato, associado vulgarmente à imagem de feiúra e deselegância, reproduz, de forma invertida, a imagem de um cisne, símbolo de beleza e harmonia de movimento, estabelecendo relação de oposição entre ambas. Associada à palavra “paradoxo”, dividida em duas pela linha de água que separa as imagens, o cartum explora a ideia do contrassenso pela valorização errônea de uma autoimagem que pode não ser avaliada da mesma forma, por outros, ou sob a mesma perspectiva. b) O uso de um conjunto de dados para elaborar uma partitura musical demonstra que o compositor não obedece a um projeto estrutural rígido pré-definido ou a uma estratégia estabelecida anteriormente, permitindo, ao contrário, que a obra aconteça de forma aleatória. Também o Dadaísmo,vanguarda europeia do início do século XX, teve como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais, valorizando a espontaneidade, improvisação, desordem, teor ilógico e irracional. 03. a) O neologismo consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente, como acontece em bacuralizar por derivação sufixal a partir de bacurau (bacurau+-izar). b) Como exemplo do uso de “bacuralizar” para a primeira acepção da palavra registrada no texto II pode ser sugerida a frase “Face à necessidade de ampliar o público leitor, a escola bacuralizou-se na tentativa de conseguir material e equipamento para construir uma biblioteca itinerante que passe regularmente pela comunidade”. Para a segunda acepção, “A escalada de violência policial contra a população pobre da comunidade obrigou a população a bacuralizar-se”. 04. a) O termo firehosing foi usado para caracterizar umtipo de discurso utilizado para disseminação de notícias falsas como estratégia de influenciar a opinião pública, nomeadamente em propaganda política, como aconteceu recentemente no governo russo de Vladimir Putin, o que o equipara a uma mangueira de incêndio que ejeta grande quantidade de água de forma ininterrupta e sob alta pressão, atingindo grandes profundidades. b) A metáfora “verdade sanduíche” foi usada para definir uma estratégia de reversão dos efeitos de propagação de mentiras, desmentindo discursos falsos sem repeti-los. Assim, as duas fatias simbolizam a verdade, e o conteúdo, a mentira e respectiva desconstrução. 05. a) Segundo o autor, a grande quantidade de palavras originárias de idiomas bantos que circulam no país comprova a importância dessas culturas no contexto nacional o que, associado à necessidade da disseminação do conhecimento, transforma a elaboração de dicionários dessas línguas em uma tarefa política: “escrever dicionários, para mim, também é uma tarefa política”, “dicionários funcionam como um meio didático eficaz para disseminar conhecimento”. b) Nei Lopes critica o fato de os currículos abordarem a África a partir da escravidão, ignorando o fato de que foram os grandes centros europeus que espoliaram o continente e que, hoje, a realidade africana é fruto dessas ações. Desta forma, defende que o ensino da história da África nas escolas brasileiras seja baseado na ancestralidade do continente e não no tráfico atlântico e na escravidão. ANOTAÇÕES
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