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1 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema MÓDULO III – DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMA PROBLEMA 3 – “Minha arte me condena...” BM era uma pessoa muito simples. Morador de Alecrim Dourado, via na natureza a inspiração para sua arte, retratando as belezas naturais nos vidros de garrafas já sem uso. A arte de jatear o vidro tinha herdado de seu pai, assim como o maquinário necessário para fazê-lo Sempre muito ativo e considerado por todos como uma pessoa do bem, BM iniciou ainda aos 30 anos de idade um quadro de tosse incessante que associava ao pigarro do cigarro, que fazia uso de aproximadamente 1 maço a cada 2 dias Com o passar dos meses, com piora progressiva da tosse acompanhada de esforço aos médios esforços, evidente quando tinha que subir escadas ou aumentar a velocidade da sua caminhada, resolveu procurar orientação médica na UBS do bairro em que morava. Em consulta foi orientado da importância da parada imediata do tabagismo, dos cuidados com os equipamentos de segurança individual para o trabalho que executava e prescrito uma “bombinha” para uso de 12/12 horas Saiu da consulta achando que tudo aquilo muito exagerado, pois se recordava dos muitos anos de tosse de seu pai que faleceu bem idoso. Concordou em parar de fumar, mas não quis continuar a utilizar o medicamento que lhe acelerava muito o coração. Passados 2 anos da consulta, consulta, continuava com o quadro de tosse, porém agora apresentando expectoração e piora da dispneia com a qual não conseguia sequer andar mais de 100 metros sem fazer paradas. Retornando ao médico da UBS foi orientado a procurar um especialista no hospital de referência por entender a ser necessária uma avaliação radiológica e espirométrica. Na avaliação do pneumologista apresentou o seguinte RX de Tórax: Por apresentar na espirometria a relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital forçada de 65% e o volume expiratório forçado no 1º segundo e a capacidade vital forçada de 65% e o volume expiratório forçado no 1º segundo pós-broncodilatador de 30%, foi considerado como um doente grave. Apresentando nos 6 meses subsequentes 3 episódios de pneumonia bacteriana teve piora significativa do seu quadro, requerendo inclusive necessidade de internação hospitalar em UTI quando apresentou uma insuficiência respiratória aguda. Já em uso de corticoide inalatório associado a β-agonistas de ação prolongada, iniciou quadro progressivo de edema de MMIIs e turgência jugular. Foi informado pela equipe médica que seu coração estava “sofrendo” com os problemas oriundos do pulmão. Completamente afastado de sua rotina, com sucessivas internações hospitalares, agora apresentando uma intensa limitação funcional com volume expiratório forçado no 1º segundo de 19%, sem outras alternativas terapêuticas clínicas ou cirúrgicas, acompanhava a discussão sobre a possibilidade de transplante pulmonar. Intencionalidade educacional: o estudante deverá descrever a anatomia de pulmões, pleuras e parede torácica, os músculos da respiração bem como o processo da mecânica respiratória. Conceituar elasticidade e complacência pulmonares. A partir destes conhecimentos deverá compreender a fisiopatologia das DPOCs. - Rever a microscopia dos pulmões - Conceituar e descrever os componentes da parede torácica - Descrever macroscopicamente pleuras e pulmões - Identificar os músculos da inspiração e da expiração forçada - Descrever a mecânica respiratória e as pressões a ela relacionadas - Conceituar elasticidade e complacência pulmonares - Caracterizar a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentando suas manifestações clínicas, sinais e sintomas e achados semiológicos esperados. - Definir a epidemiologia, fisiopatologia, fatores de risco da DPOC - Observar em exames por imagem as alterações da parede torácica, relacionadas ás DPOCs. Sumário FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO .................................................................................................................................................................... 2 MECÂNICA RESPIRATÓRIA ..................................................................................................................................................................................... 5 TRANSPORTE DO OXIGÊNIO E DO DIÓXIDO DE CARBONO .................................................................................................................................. 10 CONTROLE DA RESPIRAÇÃO ................................................................................................................................................................................ 12 Ventilação, perfusão e relação V/Q ..................................................................................................................................................................... 15 ESPIROMETRIA ......................................................................................................................................................................................................... 19 DPOC- DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA .............................................................................................................................................. 21 DOENÇAS OCUPACIONAIS ........................................................................................................................................................................................ 28 PNEUMOCONIOSE............................................................................................................................................................................................... 28 Silicose ........................................................................................................................................................................................................... 28 Asbestose ....................................................................................................................................................................................................... 32 Objetivos da Tutoria: 1- Caracterizar a fisiologia pulmonar 2. descrever os valores normais da espirometria. 3. caracterizar as DPOC (combo). 4. diferenciar insuficiência respiratória aguda de crônica e entender o protocolo GOLD. 5. relacionar IC com IR e entender as complicações da IR 2 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O metabolismo aeróbio das células, chamado de respiração celular, depende do suprimento de O2 e da remoção do CO2 produzido. Para tanto, é necessário que ocorra troca desses gases entre o sangue e a atmosfera, no sentido de capturar O2 e liberar o CO2, função essa que é a principal do sistema respiratório. Além disso, o sistema respiratório atua também na regulação do pH dos líquidos corporais, na vocalização e na defesa imunológica contra agentes agressores, como os outros epitélios que têm contato com o meio externo. Via aérea superior Condicionamento do ar inspirado Cavidade nasal - O nariz tem como objetivo imprimir resistência ao fluxo respiratório, tem uma função olfatória, Filtro: aprisiona e elimina partículas maiores Se inflamado pode aumentar a resistência e obstruir o fluxo inicio da respiração bucal Olfato: terminações nervosas placa cribiforme Bulbo olfatório Proteção contra o meio externo: produção de imunoglobulinas Seios paranasais - Circundam a cavidade nasal - Revestidos de epitélio ciliado Principal função: secreção de muco limpa as vias aéreas a cada 15 minutos Se o muco estiver obstruído, acumulo de secreção, colonização de bactérias = sinusite Proteção para o SNC: cavidade aerada que reduz impactos no traumatismo craniano Ressonância da voz Faringe - Comunicação da cavidade nasal com a laringe Laringe Processo de fonação Proteção das vias aéreas no processo de deglutição: Reflexos coordenados com diversos músculos Epiglote e aritenoides exercem função protetiva Risco de Pneumonia Broncoaspirativa (idosos e doenças neuromusculares) Via aérea inferior - Troca gasosa Traqueia Arvore traqueobrônquica - Brônquios principais - Brônquios lobares - Brônquios segmentares + segmento pulmonar Unidade funcional do pulmão - Bronquíolos terminais Condução (Espaço morto anatômico) - Bronquíolos respiratórios - Sacos alveolares Troca gasosa Pulmões Alvéolos + Tecido conjuntivo Espaço alveolar: maior parte do parênquima pulmonar Interstício: Fibras colágenas Potencial espaço de acumulo de fluidos e células - Dividido em Lobos, que serão divididos em seguimentos Brônquios segmentares + segmento pulmonar Unidade funcional do pulmão (com irrigação, inervação e drenagem) Alvéolos, Compostos por: Pneumócito tipo I 96- 98% da superfície do alvéolo Sitio primário de troca gasosa Penumócito tipo II 2 – 4% da superfície do alvéolo Produz surfactante Se necessário se transforma em pneumocito tipo I Troca com capilares: barreira fina Pneumócito tipo I Cel. endoteliais dos capilares Membrana basal do capilar = entra O2 e sai CO2 3 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Interstício Parede entre os alvéolos, composto por: TC, ML, vasos linfáticos, capilares e células FIBROBLASTOS: Colágeno: limita a distensão pulmonar Elastina: contribui para a retração elástica (principalmente na expiração – movimento passivo) O interstício pode se alterar em situações patológicas, podendo se alargar. (Doenças intersticiais pulmonares: sarcoidose, doenças fibrosantes) Vascularização pulmonar Circulação pulmonar funcional: - Sangue chega pelas artérias pulmonares Hematose veias pulmonares Circulação pulmonar nutrícia: - Circulação brônquica (são 3 artérias originadas da aorta e acompanham a arvore bronquica) Hemoptise: ruptura de artéria brônquica Inervação pulmonar A inervação do pulmão é proveniente do SNC, e se tem a automação da respiração através do tronco encefálico, que gera ritmo e organiza reflexos (modulação do ritmo respiratório), alças de retroalimentação e recrutamento muscular. Já o SNP atua através de componente sensoriais e motores, mas principalmente através da influência pelo SN autônomo (SN simpático e SN parassimpático): Simpático: broncodilatação Parassimpático: broncoconstrição Broncoespasmos = crises asmáticas Medicações no broncoespasmo: Aumentam a atuação do simpático - β-2 agonistas atuam nos receptores adrenérgicos = BRONCODILATAÇÃO Vão contra a atuação do Parassimpático, ou seja, diminuir a atividade do parassimpático - Anticolinérgicos: vão contra a acetilcolina (NT parassimpático) Fluidos pulmonares e sua composição Sistema de Limpeza pericliar Fluido periciliar Mantido pelo epitélio colunar ciliar pseudoestratificado Produz o Muco:Produzido pelas células caliciformes Aumentam em resposta ao tabagismo – causando um efeito lesivo, tornando a via aérea mais espessa e viscosa, por isso tabagistas apresentam o pigarro Surfactante Produzido e secretado pelos Pneumócitos tipo II sob estímulo dos β-2 agonistas - A remoção acontece pelos Pneumócitos Tipo II e macrófagos alveolares 90% composto por lipídios e 10% por proteínas (Dipalmitoil Fosfatidilcolina – DPFC) Liquido que impedem os alvéolos de se colabarem Reduz a tensão superficial Interdependência, Poros de Kohn e canais de Lambert: ajudam com que esses canais se mantenham sempre aerado ORGANIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL Os órgãos e componentes do sistema respiratório podem ser classificados em 2 grupos: uma zona de transporte ou condução e uma zona respiratória. A zona de transporte inclui: vias aéreas superiores (cavidade nasal, faringe e laringe), traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. Trata-se de áreas que não realizam trocas gasosas, sendo responsáveis pela condução do ar, além de filtrá-lo, umedecê-lo e aquecê-lo. Já a zona respiratória abrange os bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares e os sacos alveolares. São os locais onde ocorrem as trocas entre o ar atmosférico e o sangue que passa nos capilares alveolares. Vale lembrar que os bronquíolos respiratórios caracterizam-se como uma zona de transição, na qual ocorre condução de ar e trocas gasosas em baixos níveis. 4 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema O pulmão, principal órgão respiratório, é formado por milhões de alvéolos envolvidos por interstício pulmonar. No pequeno espaço intersticial são encontrados fibroblastos responsáveis pela produção de colágeno e de elastina, moléculas importantes para a existência de propriedades pulmonares essenciais à ventilação. Os ossos e músculos que formam o tórax são importantes para a dinâmica respiratória. São eles os protagonistas das alterações de volume da cavidade torácica que culminam na inspiração ou expiração. Podemos destacar alguns deles, tais como a coluna vertebral, as costelas e o esterno, os músculos intercostais internos e externos, os músculos escalenos, o músculo esternocleidomastoideo e o diafragma. O volume da caixa torácica influencia diretamente o volume pulmonar. Isso se deve principalmente à existência das pleuras visceral e parietal e ao líquido pleural entre elas. A pleura é uma membrana serosa que envolve o pulmão, no caso da visceral, e a face interna da cavidade torácica, incluindo diafragma e mediastino, no caso da pleura parietal. Ambas as membranas são contínuas, refletidas no hilo pulmonar, e entre as camadas há o líquido pleural. O líquido pleural cria uma superfície úmida e escorregadia para que as membranas possam deslizar uma sobre a outra, além de manter os pulmões aderidos à parede do tórax, devido a propriedade da coesão da água. Em adição a isso, vale lembrar que, devido à elastina do interstício, o pulmão possui tendência à retração elástica, enquanto a caixa torácica tende à expansão. Isso leva a uma redução na pressão da cavidade pleural, que assume valores negativos. É essa pressão intrapleural negativa que permite que os pulmões permaneçam abertos. Músculos auxiliares da respiração Diafragma: é um músculo estriado esquelético com alterações adaptativas, com alta capacidade oxidativa e alto fluxo sanguíneo, por estar em trabalho o tempo todo. Ele é inervado pelo nervo frênico, tendo ação voluntária limitada, uma vez que o bulbo assume o comando involuntário da respiração. Quando se contrai, a cúpula diafragmática empurra a cavidade abdominal para baixo em até 10 centímetros, aumentando assim o volume da cavidade torácica. A contração do diafragma então aumenta o comprimento longitudinal e também látero-lateral da cavidade torácica, por também movimentar as costelas para cima e para fora na inspiração. (Desloca o abdome e cria uma pressão negativa no tórax gases fluem de uma ambiente de maior para um de menor pressão – como a pressão dentro do tórx é negativa, o gás flui do meio interno para o meio externo). Na expiração: relaxa, a pressão aumenta e os gases saem de forma passiva Músculos acessórios da inspiração: são os músculos esternocleidomastoideo, escalenos, paraesternais intercartilaginosos, intercostais externos e alar nasal. Agindo em conjunto, eles proporcionam o efeito “alça de balde” e “movimento de alavanca” das estruturas ósseas e musculares que compõem a caixa torácica, aumentando os diâmetros látero-lateral e ântero- posterior respectivamente. Intercostais externos: ajudam na movimentação das costelas, favorecendo a amplitude da respiração. Figura 4. “Um movimento de alavanca” aumenta a dimensão anteroposterior da caixa torácica. Figura 5. “Um movimento de alça de balde” aumenta a dimensão lateral da caixa torácica durante a inspiração. Músculos acessórios da expiração: em situações basais, a expiração é um processo passivo, portanto não depende da contração da musculatura. Contudo, em momentos de expiração forçada são utilizados os músculos intercostais internos e músculos abdominais. 5 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema MECÂNICA RESPIRATÓRIA Sabe-se que os pulmões podem ser expandidos e contraídos por duas maneiras, são elas: movimentos de subida e descida do músculo diafragma, o que é capaz de diminuir ou aumentar a cavidade torácica e também, por meio da elevação e depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. Observa-se que, durante a respiração tranquila, os movimentos do evento respiratório são realizados, quase inteiramente, pelo diafragma. Durante a inspiração, a contração diafragmática puxa as superfícies pulmonares inferiores dos pulmões para baixo, e durante a expiração, o relaxamento desse músculo permite que a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprimem os pulmões e expelem o ar. Já, durante a respiração vigorosa, as forças elásticas não são suficientes para produzir a rápida expiração necessária, assim, a força extra é obtida, principalmente, pela contração da musculatura abdominal, capaz de empurrar o conteúdo abdominal para cima, contra a parte inferior do diafragma, comprimindo, e assim, os pulmões. Além disso, outro método para expansão dos pulmões é elevar a caixa torácica. Dessa forma, é possível garantir a expansão dos pulmões, pois, no momento em que a caixa torácica é elevada, as costelas se projetam quase diretamente para frente, fazendo com o que o esterno também se mova anteriormente para longe da coluna, aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax por cerca de 20% durante a inspiração máxima, em comparação com a expiração. Dessa forma, todos os músculos que elevam a caixa torácica são considerados como músculos da inspiração (músculos esternocleidomastóideos, serráteis anteriores e os escalenos), e os que deprimem a caixa torácica são os chamados músculos da expiração( reto abdominal e os intercostais internos). Músculos inspiratórios Músculos expiratórios Diafragma Parede abdominal Intercostais externos Intercostais internos Escalenos Alar nasal Vale lembrar que os determinantes do volume pulmonar são justamente as propriedades do parênquima pulmonar e a sua interação com a caixa torácica. Dessa forma, como dito acima, os pulmões e caixa torácica sempre se movem juntos, em condições fisiológicas. Como exemplo, a complacência pulmonar, que é a medida do quão facilmente o pulmão se distende, logo: pulmão com complacência elevada é aquele prontamente distensível, enquanto que o com baixa complacência é o pulmão “rígido”, ou seja, que não é facilmente distensível. A complacência pulmonar é a medida das propriedades elásticas do pulmão. Por fim, ao conjunto de propriedades mecânicas do pulmão e da caixa torácica que permitem a movimentação de ar para dentro e para fora dos pulmões, necessária para que as trocas gasosas aconteçam. Há a mecânica respiratória estática e a dinâmica. Mecânica respiratória estática A mecânica pulmonar estática estuda o pulmão cujo volume não varia com o tempo, isto é, não avalia o fluxo de ar, mas sim os volumes pulmonares máximos alcançados. É uma análise da relação entre pressão e volume, que vai depender das características do parênquima pulmonar e dos músculos esqueléticos que auxiliam a respiração. Para o estudo da mecânica respiratória, precisamos, primeiramente, definir alguns conceitos de pressão e volume: Algumas definições sobre as pressões: As pressões são expressas em cmH2O ou mmHg. Não são expressas em valores absolutos, mas em valores relativos considerando a pressão atmosférica igual a 0. Pressão atmosférica ou barométrica: PB Pressão alveolar: PA A PA varia entre -1, 0 e +1 ao longo do ciclo, assumindo valores positivos na inspiração. Pressão intrapleural (na cavidade pleural): PIP Pressão transpulmonar: PP (PP = PA – PIP) A pressão transpulmonar é a que mantém os alvéolos abertos, e portanto deve ser positiva. Quanto maior a PP, mais aberto está o alvéolo. Volumes pulmonares - Existem 4 tipos de volumes pulmonares, que quando somados, resultam no volume máximo dos pulmões, ou seja, o máximo que eles podem expandir. Nesse sentido, têm-se como volumes Volume corrente (VC): é a quantidade de ar mobilizada (inspirado ou expirado) espontaneamente a cada ciclo. É de aproximadamente 500mL. Volume de reserva inspiratório (VRI): é o volume máximo inspirado após inspiração espontânea. É usado nas situações de maior demanda energética e tem aproximadamente 3000 mL. Volume de reserva expiratório (VRE): é o volume máximo expirado após expiração espontânea (vol de expiração forçado). Para mobilizá-lo, é necessário o uso dos músculos acessórios da expiração, o que ocorre durante o exercício intenso ou quando há resistência à saída de ar nas vias aéreas. É de aproximadamente 1200mL. Volume residual (VR): é o volume que permanece nos pulmões após a expiração máxima, ou seja, é o volume que nunca é mobilizado. Ele é necessário para manter os alvéolos 6 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema um pouco expandidos e assim diminuir a tensão superficial entre as moléculas de água, diminuindo a tendência ao colabamento alveolar. Aproximadamente 1.200 ml Capacidades pulmonares – A capacidade é determinada, durante os eventos do ciclo pulmonar, considerando dois ou mais volumes combinados. Essas combinações são chamadas de capacidades pulmonares, dentre elas: Capacidade inspiratória é correspondente ao volume corrente mais o volume de reserva inspiratório, cerca de 3.500 ml Capacidade residual funcional (CRF): é a quantidade de ar que permanece nos pulmões após a expiração espontânea, sendo assim a soma do VRE e do VR. Ela marca o equilíbrio entre a força de expansão da caixa torácica e a força de retração elástica dos pulmões, fazendo com que a pressão alveolar seja igual a 0. É de aproximadamente 2400mL. Capacidade vital (CV): é a quantidade de ar mobilizado entre uma inspiração e uma expiração máximas, ou seja, é a capacidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões, após enchê-los previamente à sua extensão máxima e então expirar, também à sua extensão máxima;. Tem aproximadamente 4700mL. CV = VRI + VC + VRE OBS.: Em situações não patológicas, a capacidade vital representa 80% da capacidade total. Capacidade pulmonar total (CPT): o volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior esforço, cerca de 5.800ml, que é igual a capacidade vital mais o volume residual. CPT = CV + VR Figura 6. Volumes e capacidades pulmonares. Os volumes e capacidades pulmonares, nas mulheres, são cerca de 20 – 25% menores que nos homens. Além de serem maiores em pessoas atlética e com massas corporais maiores. Em condições normais, o que sobra é a Capacidade residual funcional (CRF = VRE + VR). Mas em algumas condições ela pode ser alterada: Em condições em que o musculo está enfraquecido a força retrátil pulmonar sobressai e a CRF diminui, pois o pulmão tende ao colabamento. Em casos de obstrução da via aérea, o ar fica aprisionado e a CRF aumenta Propriedades dos pulmões 1. Interstício pulmonar com colágeno e elastina 2. Tensão superficial 1. Interstício pulmonar com colágeno e elastina A presença do colágeno e da elastina dá aos pulmões as propriedades de complacência e elastância. Complacência é a variação de volume decorrente da aplicação de pressão de distensão (C=∆V/∆P). Complacência elevada: pulmão fácil de distender (ex. DPOC – destruição do parênquima pulmonar) Complacência baixa: pulmão rígido, difícil de expandir, é necessário de altas pressões para expandir. Ex.: Exercício físico, Covid-19, Fibrose Elastância é o inverso da complacência, sendo uma medida da retração elástica dos pulmões. Muito elástico: é difícil de puxar, sendo assim, menos complacente Ex.: fibrose Pouco elástico: é fácil de puxar, sendo assim, mais complacente Na fibrose pulmonar, há deposição de tecido fibroso (colágeno), o que reduz a complacência pulmonar, fazendo com que haja diminuição da capacidade pulmonar total (CPT). Trata-se de uma doença pulmonar restritiva. No enfisema, há destruição da elastina devido ao processo inflamatório crônico. Isso aumenta a complacência pulmonar, consequentemente diminuindo a elastância. Com a capacidade de retração elástica diminuída, há dificuldade na expiração. Trata-se de uma doença pulmonar obstrutiva. Figura 7. Curva pressão-volume da fibrose/enfisema. 2. Tensão superficial O ar inspirado é umedecido ao longo de seu trajeto pelas vias respiratórias até chegar ao alvéolo, fazendo com que exista uma camada de líquido envolvendo a parede alveolar. Entre as moléculas de água, existe uma força de coesão devido às pontes de hidrogênio e essa tensão tende a fazer com que os alvéolos colabem. Dessa forma, a tensão superficial gera uma diferença de complacência na inspiração e na expiração, chamada histerese, uma vez que a força de distensão (pressão transpulmonar) precisa superar essa força de coesão para que os alvéolos se encham. Quando os alvéolos estão mais cheios de ar, menor é a força de coesão e, portanto, menor a força necessária para o fim da expansão. 7 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Existem, portanto, estratégias para vencer a tendência ao colabamento gerada pela tensão superficial. Uma delas é a existência do volume residual, que não é mobilizado e faz com que os alvéolos não fiquem vazios em nenhum momento do ciclo, a fim de diminuir a pressão transpulmonar necessária ao enchimento alveolar. Além disso, há a produção de surfactante (substância de base predominantemente lipídica) pelos pneumócitos tipo II, que age como um detergente diminuindo o contato entre as moléculas de água e, portanto, a tensão superficial. Atenção: Pela Lei de Laplace, a pressão gerada é inversamente proporcional ao raio da esfera. Forças de superfície na esfera menor geram maior pressão do que as da esfera maior. Com o resultado, o ar se move da menor esfera (maior pressão) para a maior esfera (menor pressão). Isso faz com que a esfera menor se colapse e que a maior fique distendida. O surfactante (camada sombreada) reduz a tensão superficial, e o faz mais acentuadamente nas esferas menores do que nas maiores. A Lei de Laplace demonstra o papel do surfactante, que se faz importante por deixar alvéolos de diferentes tamanhos com a mesma pressão, impedindo situações de colabamentos e hiperinsuflações. Figura 8. Lei de Laplace e ação do surfactante Propriedades da caixa torácica: músculos inspiratórios e expiratórios A caixa torácica quase sempre tende à expansão, porém atinge um limite. Nesse momento, com o volume pulmonar aumentado, a caixa tende a retrair-se, com o aumento das forças colapsantes, impedindo assim a hiperinsuflação. Interação pulmão-caixa torácica: espaço intrapleural. O espaço intrapleural apresenta normalmente pressão negativa, uma vez que a caixa torácica tende à expansão, enquanto os pulmões tendem à retração. Essa pressão é responsável por manter a conexão das pleuras parietal e visceral e, consequentemente, entre a caixa torácica e o pulmão. Há situações em que a pressão intrapleural pode ser positiva. Isso ocorre, por exemplo, na expiração vigorosa, que utiliza a musculatura acessória da expiração. A musculatura da caixa torácica, nesse cenário, fará com que a pleura parietal exerça pressão sobre a visceral. Nesses momentos de hiperventilação durante o exercício físico ou em situações expulsivas como defecação, tosse e espirro não há colapso dos alvéolos uma vez que a pressão alveolar também sofre aumento, de modo que a pressão transpulmonar permanece positiva. Pressão transpulmonar: pressão alveolar – Pressão pleural Menor tamanho é quando a P. transpulmonar é 0, quando o alvéolo estará praticamente colabado, mas o alvéolo nunca colaba devido a presença de surfactante O contrário também pode ocorrer, com pressão da pleura visceral contra a parietal em situações de ventilação mecânica com pressão aumentada. Relações Pressão-Volume O ar flui para o interior e para o exterior das vias aéreas, das áreas de maior pressão para as áreas de menor pressão. Na ausência de gradiente de pressão não ocorre fluxo de ar. (antes do início da respiração, a pressão pleural é negativa, o que puxa o parênquima pulmonar no sentido oposto) A ventilação-minuto é o volume de gás que é movido por unidade de tempo. É igual ao volume de gás movido em cada respiração vezes o número de respirações por minuto. Para compreender a relação entre as variações da pressão e as variações do volume é útil examinar as variações da pressão durante a inspiração e a expiração. Em indivíduos normais, durante a respiração com o volume corrente a pressão alveolar diminui com o início da inspiração. Essa redução da pressão alveolar é geralmente pequena (1 a 3 cm H,0). Ela é muito maior em indivíduos com obstrução de vias aéreas devido à grande queda que ocorre nas vias obstruídas. A pressão no espaço pleural (pressão pleural) também diminui durante a inspiração. Essa redução equivale à retração elástica pulmonar, que aumenta quando o pulmão se insufla. A pressão cai ao longo das vias aéreas, enquanto o gás flui da pressão atmosférica (zero) para a pressão no alvéolo (negativa em relação à pressão atmosférica). O fluxo de ar cessa quando a pressão alveolar e a pressão atmosférica ficam iguais. Durante a expiração o diafragma se move mais alto no tórax, a pressão pleural aumenta, a pressão alveolar fica positiva, a glote se abre e o gás novamente flui da pressão maior (alvéolo) para a menor (atmosférica). No alvéolo a força motriz para a expiração é a soma da retração elástica e da pressão pleural. Figura 9. Relação pressão-volume durante a respiração normal. 8 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema FLUXOGRAMA – MECÂNICA DA INSPIRAÇÃO Contração do diafragma e dos músculos intercostais externos Diafragma (↓) costelas (↑) ↓ Aumento do volume torácico ↓ Pressão intrapleural mais negativa ↓ Maior pressão transpulmonar ↓ Expansão dos alvéolos ↓ Pressão alveolar negativa ↓ Glote abre Gradiente de pressão: ar da atmosfera → para o alvéolo – o ar continua fluindo até igualar a pressões da atmosfera e do alveolo ↓ Inspiração FLUXOGRAMA – MECÂNICA DA EXPIRAÇÃO Relaxamento do diafragma (↑) e dos músculos intercostais externos + ação da retração elástica ↓ Diminuição do volume torácico ↓ Pressão intrapleural menos negativa ↓ Menor pressão transpulmonar ↓ Diminuição do diâmetro alveolar ↓ Pressão alveolar positiva ↓ Gradiente de pressão: alvéolo → atmosfera ↓ Expiração (até pressão alveolar = 0) Mecânica respiratória dinâmica 1. Fluxo aéreo 2. Resistência 1. Fluxo aéreo Quando há fluxo de ar, além das forças para manutenção dos volumes do pulmão e da caixa torácica, há a necessidade de uma força adicional para superar a inércia e a resistência dos tecidos e das moléculas de ar. O fluxo de ar através dos tubos é proporcional à diferença entre as pressões barométrica e alveolar (∆P) e inversamente proporcional à resistência total das vias aéreas. Quando o fluxo de ar é laminar, podemos calcular essa resistência usando a lei de Poiseuille, que afirma que a resistência de um tubo é proporcional à viscosidade do gás que por ele flui e ao comprimento do tubo, mas inversamente proporcional à quarta potência do raio do tubo. Quando o fluxo não é laminar, essa resistência fica ainda maior. O aspecto mais importante da lei de Poiseuille é notar que o fluxo de ar, que é inverso à resistência, é particularmente sensível a alterações no raio das vias aéreas, dado que esse é elevado à quarta potência. Isto significa dizer, por exemplo, que uma redução de 10% no raio causa um aumento de 52% na resistência, o que diminui em 34% o fluxo de ar. CONCEITO! O fluxo de um fluido por um tubo é laminar quando as partículas passando por qualquer ponto determinado têm sempre a mesma velocidade e direção. Se a velocidade média do fluido ultrapassa um valor crítico, o fluxo se torna turbulento, isto é, há a formação aleatória de correntes irregulares locais, o que aumenta a resistência ao fluxo. - Fluxo laminar: liso, continuo, presente nas baixas velocidades (vias aéreas terminais) - Fluxo turbulento: principalmente nos pontos de ramificação (traqueia) O fluxo laminar é observado nas vias aéreas terminais. O fluxo turbulento é encontrado somente na traqueia. Já a maior parte da árvore brônquica apresenta um fluxo chamado de transicional. Isso ocorre devido ao fato de as vias aéreas serem curtas, curvadas, irregulares e bifurcadas, o que faz com que se formem pequenos redemoinhos, que se desfazem e logo encontram novas bifurcações que formam novos redemoinhos. Essa constante produção de turbulências faz com que seja necessária maior ∆P para que seja gerado o mesmo fluxo de ar. Determinantes do fluxo Pressão > pressão >velocidade Largura >largo > velocidade Viscosidade > viscosidade < Velocidade Comprimento > comprimento < Velocidade Resistencia >resistência < Velocidade 9 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema 2. Resistência A resistência é a dificuldade do fluxo de passar e varia conforme o calibre das vias aéreas. Em geral, quanto menor, mais difícil do fluxo passar. As vias estreitas contribuem pouco para a resistência total, pois os principais pontos que contribuem para a resistência são nos pontos iniciais, nos brônquios com diâmetros em torno de 2 mm. Fatores que aumentam a resistência e dificultam a passagem do fluxo: Muco (bronquite, DPOC) Edema Contração da musculatura lisa (broncoespasmo – asma) Ela é modulada por diversos fatores, como pelo SN autônomo (SNA), fatores humorais e por mudanças no próprio volume pulmonar. O SNA parassimpático age pela liberação de acetilcolina, através do nervo vago, que age em receptor muscarínico no músculo liso brônquico provocando broncoconstrição. Outros fatores que estimulam o nervo vago: Fumaça, poeira, frio – constrição das vias aéreas reflexo da Tosse Já a divisão simpática do SNA age pela liberação de norepinefrina, que dilata os brônquios e bronquíolos, mas caracteriza-se como um agonista fraco dos receptores β adrenérgicos. Um broncodilatador mais potente será então a epinefrina liberada pela medula adrenal. Outro fator humoral importante na modulação da resistência das vias aéreas é a histamina. Ela causa constrição dos bronquíolos e dos dutos alveolares, aumentando assim a resistência. Também são importantes os leucotrienos, que apresentam ação broncoconstritora ainda mais potente. O contato com alergênicos, infecções virais, sensibiliza os mastócitos e células das das vias aéreas para que liberam histamina, PGL, acetilconina, tromboxano A2 constrição da musculatura lisa das vias aéreas, broncopespasmos para aumentar a resistência dessas vias e diminuir a passagem do ar. Por fim, um outro fator determinante da resistência é o volume pulmonar. A resistência é extremamente alta no volume residual e cai acentuadamente conforme o volume pulmonar aumenta, isso porque as vias se expandem com o aumento do volume, fazendo que a resistência diminua com o aumento do tamanho do raio. Os testes de função pulmonar (espirometria, curva fluxo- volume, pletismografia corporal) podem detectar anormalidades na função pulmonar antes que os indivíduos passem a ser sintomáticos. A DPOC é caracterizada por aumentos dos volumes pulmonares e da resistência das vias aéreas e por reduções nas velocidades do fluxo expiratório Levando a alterações: hiperexpansão pulmonar, aumento dos espaços intercostais, retração das cúpulas diafragmáticas, ↑ do VR e da CRF. O enfisema, tipo específico de DPOC, é ainda caracterizado pelo aumento da complacência pulmonar, prejuízo na estância (ar aprisionado no pulmão), Doenças pulmonares restritivas são caracterizadas por redução do volume pulmonar, velocidade e resistência normais do fluxo expiratório e redução acentuada da complacência pulmonar. Bronquite crônica: brônquios inflamados e secretivos. DPOC: RX Pulmão hiperespandido com retificação da cúpula, aumento dos espaços intercostais, pulmão hiperspandido (muito ar) e destruição (enfisema) Espirometria: Padrão obstrutivo Índice Tiffeneau reduzido VEF1 vai ser usado para estratificação da doença Mas esses mesmos padrões são encontrados na ASMA, e para diferenciar ambas é realizada a prova broncodilatadora 10 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema TRANSPORTE DO OXIGÊNIO E DO DIÓXIDO DE CARBONO O movimento dos gases, pelo sistema respiratório, ocorre, predominantemente, por difusão. Os sistemas respiratório e circulatório apresentam várias características anatômicas e fisiológicas singulares que facilitam a difusão dos gases: 1. Grandes superfícies para as trocas gasosas (a barreira alvéolo-capilar e a barreira entre o capilar e as membranas dos tecidos) e curtas distâncias a serem percorridas; 2. Diferenças substanciais dos gradientes da pressão parcial; e 3. Gases com propriedades de difusão favoráveis. A capacidade de difusão do pulmão utilizando o monóxido de carbono (CO) é a medida clássica das capacidades de difusão da membrana alvéolo-capilar. Utiliza-se esse gás por conta das suas características que tornam a membrana alvéolo-capilar a única limitação para a difusão do CO. Essa medida é útil no diagnóstico das doenças pulmonares restritivas, com o a fibrose pulmonar intersticial, e na distinção entre a bronquite crônica e o enfisema. O principal mecanismo de transporte do O2 no sangue consiste na ligação desse gás à hemoglobina (Hb) nos glóbulos vermelhos. Já o CO2 é transportado pelos glóbulos vermelhos na forma de HCO3-. É transportado sob a forma de O2 dissolvido, mas maior parte está ligado a hemoglobina Oxi-hemoglobina A molécula da Hb é uma proteína com dois componentes principais: quatro grupos heme não proteicos, cada grupo contendo ferro na forma reduzida (ferro ferroso ou Fe2+ ), que é o sítio de ligação do O2 e a parte globínica, que consiste em quatro cadeias polipeptídicas Componentes da hemoglobina Heme Globina 4 grupos: Ferro ferroso Fe2+ local de ligação do oxigênio 4 cadeias polipeptídicas: 2 α + 2 β: Hb A (adulto) 2 α + 2 gama: Hb F (feto) - Maior afinidade pelo oxigênio O componente Heme está formado por 4 grupos e é o local que está o Ferro ferroso Fe2+, que a forma que o oxigênio possui maior afinidade a se ligar. Já a forma globina não é o sitio de ligação do O2 propriamente, mas ele acaba interferindo na ligação com o oxigênio, sendo possível confirmar nas hemoglobinopatias (problemas nas globinas). Nas Hemoglobinopatias, (anemia falciforme, talassemia) que são doenças que alteram a conformação das hemácias, podem prejudicar o transporte de O2. Compostos (Monóxido de carbono, Óxido nítrico, Cianeto) são tóxicos para as hemácias e influenciam no transporte de oxigênio, pois eles se ligam ao ferro e transformam em estado férrico (Fe3+) redução da capacidade do oxigênio se ligar a hemoglobina. O efeito do oxigênio na coloração: ele altera a capacidade da hemoglobina de absorver a luz. A curva de dissociação da oxi-hemoglobina ilustra a relação entre a PO2, no sangue, e o número de moléculas de O2 ligadas à Hb. A forma em S da curva demonstra a dependência da saturação da Hb e m relação à PO2, sobretudo quando as pressões são inferiores a 60 mmHg. A importância clínica da parte plana da curva de dissociação da oxi-hemoglobina (> 60 mmHg) está no fato de que a queda da PO2, dentro de ampla faixa de variação da pressão parcial, tem apenas efeito mínimo sobre a saturação da Hb, que permanece entre 90% e 100% nível suficiente para que o transporte e a liberação do O2 sejam normais. A importância clínica da parte inclinada da curva (< 60 mmHg) está no fato de que grande quantidade de O2 é liberada da Hb com apenas pequena alteração da PO2, o que facilita a liberação do O2 e sua difusão para o tecido. O ponto da curva no qual 50% da Hb está saturada com O2 é denominado P50 e corresponde a PO2 de 27 mmHg, e m adultos normais. Figura 13. Fatores que deslocam a curva de dissociação da oxi- hemoglobina. (PO2 e saturação de Hb) Diminuição da P50 (aumento da afinidade) O deslocamento para a direita () resulta de diminuição do pH e de efeito direto do CO2 sobre a Hb. Esse efeito do CO2 sobre a afinidade da Hb pelo O2 é conhecido como efeito Bohr e aumenta a captação do O2 nos pulmões e a liberação desse gás 11 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema para os tecidos. (Ocorre em condições de acidose, ↑de T°, ↑ 2,3 difosfoglicerato) Já a curva de dissociação do CO2 do sangue é linear e está diretamente relacionada à PCO2. A PCO2, só depende da ventilação alveolar e da produção de CO2. O efeito das variações do nível de saturação da oxi hemoglobina sobre a relação entre o teor de CO2 e a PCO2, é conhecido como efeito Haldane, e é revertido nos pulmões quando o O2 é transportado dos alvéolos para os glóbulos vermelhos. Esse efeito é ilustrado pelo deslocamento para a esquerda (←) da curva de dissociação do CO, no sangue venoso, quando comparado com o sangue arterial. (Ocorre em condições de frio, monóxido de carbono) Condições que capazes de alterar o curso do O2 Influência do pH Acidose (↓pH) = desvio para a direita () - Pois os tecidos estão com alta demanda de O2 e secretando muito CO2 (Ex. Sepse) - CO2 alto, tira o oxigênio de hemoglobina (efeito Bohr) Aumenta a captação de O2 pelos pulmões Aumenta a liberação de O2 para os tecidos Influência da T° ↑ T° = desvio para a direita () ↓ T° = desvio para esquerda (←) - Oxigênio não desgruda da Hb: no frio as extremidades ficam frias Aumento de 2,3- difosfoglicerato desvio para a direita ()- Aumenta com hipóxia e anemia A ligação com o monóxido de Carbono CO Desvio para a esquerda (←) - Ligação 200x mais forte que o oxigênio - Ligação irreversível formação de metemoglobina Fatal - O óxido nítrico tem efeito semelhante A oxigenação dos tecidos depende da concentração da Hb e, consequentemente, do número de glóbulos vermelhos disponíveis na circulação. A produção de glóbulos vermelhos (eritropoiese) na medula óssea é controlada pelo hormônio eritropoietina, que é sintetizado pelas células intersticiais do córtex renal. Embora os níveis de Hb sejam normalmente estáveis, a redução da liberação de O2, da concentração de Hb e da PaO2, estimula a secreção de eritropoietina, o que aumenta a produção de glóbulos vermelhos. A doença renal crônica danifica as células intersticiais do córtex renal e, consequentemente, suprime a capacidade dessas células de sintetizar eritropoietina. A falta de eritropoietina leva à anemia e à diminuição da Hb. A terapia de reposição de eritropoietina aumenta, efetivamente, a produção de glóbulos vermelhos. A hipóxia tecidual ocorre quando o tecido recebe quantidade insuficiente de O2 para manter o metabolismo aeróbico em níveis normais. Em condições de metabolismo aumentado a célula passa a produzir ácido láctico, e o lactato aumentado é um sinal de sofrimento celular, que provavelmente cursará com acidose metabólica e cianose de extremidade. E para reverter essa situação é preciso saber a causa dessa hipóxia. Causas de Hipóxia Hipóxica O problema está no pulmão (estrutural) Anêmica O problema está no transporte - Falta de hemoglobina para transportar O2 aos tecidos Circulatória O problema está na bomba ♥ ou nos vasos Histotóxica Composto tóxico que causou intoxicação no organismo (envenenamento) Transporte do CO2 (gás carbônico) A reação reversível do CO2 com a H2O produzindo H2C03 que em seguida se dissocia formando HCO3- e H+, é catalisada pela enzima anidrase carbônica nos glóbulos vermelhos e é a principal via para a produção de HCO3. Essa reação desempenha papel decisivo na regulação dos íons H+ e na manutenção do balanço ácido-básico do organismo. CO2 + H2O H2CO3 – anidrase carbônica H+ e HCO3- O hidrogênio é imediatamente tamponado pela hemoglobina, sendo assim não tem a influência do hidrogênio, já o HCO3- é trocado com o Cloreto, que cai na circulação (o cloreto entra na Hemácia) e o HCO3- vai ser transportado na circulação, ou seja o CO2 é transportado na circulação sob forma de BIC até chegar na circulação pulmonar, por isso o CO2 tem ação direta nos distúrbios ácido-basico, por influenciarem na concentração direta de H+ e de BIC. A dissociação do gás-carbônico é linear Efeito Haldane: o oxigênio no alvéolo se liga à hemoglobina, ao se ligar na hemoglobina tem a transformação de Heme ferroso em um ácido muito mais forte, que irá aumentar a quantidade de hidrogênio na hemácia. Ao aumentar a quantidade de hidrogênio, ele vai se ligar com o BIC H+ + HCO3- vai formar o ácido carbónico que vai se dissociar (anidrase carbonica) CO2 + H2O Ou seja: H+ + HCO3- H2CO3 (anidrase carbonica) CO2 + H2O E isso vai fazer com que o CO2 seja difundido para os alvéolos e assim expulso. Efeito Haldane: Consiste na liberação de CO2 a medida que o oxigênio se liga a Hb, ou seja, quando mais O2 estiver, mais facilmente o CO2 será expulso; mais ácido se forma, se liga com BIC, gera CO2 e H2), e o CO2 sai por difusão (Favorece a ligação do O2 e a dissociação do CO2 para que ele seja expulso na espiração) Efeito Borh: muito gás carbônico produzido no tecido em ambientes de acidose, e esse CO2 pega o lugar do oxigênio, o oxigênio se desliga da hemácia e favorece a liberação para os tecidos. (Favorece que o O2 se desprenda da hemácia, vá para os tecidos e o CO2 se desprenda e voltem para a hemácia) 12 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema CONTROLE DA RESPIRAÇÃO O controle da ventilação é uma das funções cerebrais mais importantes. O mecanismo de controle precisa estabelecer um ritmo automático para a contração dos músculos respiratórios, mas que deve se ajustar para acomodar mudanças por demandas metabólicas ou variações de condições mecânicas. O ritmo é regulado de acordo com os sinais periféricos, com o objetivo de: Manter os gases sanguíneos em níveis normais Regulação da PCO2 (35 – 45) Equilíbrio ácido básico P: pressão parcial força que as moléculas de um gás exercem nas paredes de um recipiente (concentração de determinado gás no sangue) que é obtido através da hemogasometria arterial O ritmo e amplitude é produzido a partir do SNC, a partir de neurônios do bulbo, que geram sinais de modo automático para os músculos da ventilação, sem qualquer esforço consciente. Os neurônios motores respiratórios mais importantes são aqueles que inervam o diafragma, através do nervo frênico. Quando o trabalho respiratório aumenta, há atividade também nos neurônios motores que inervam os músculos acessórios da respiração. O centro do controle respiratório é responsável pela geração do controle, que recebe informação dos quimiorreceptores centrais e periféricos, e quando necessário dos mecanorreceptores pulmonares e nervos sensoriais para o auxílio da regulação do controle. O centro do controle respiratório está localizado no bulbo, é composto por núcleos, e as suas funções são: Gerar o padrão rítmico da ventilação Receber e integrar as informações advindas de outros locais Modular a frequência e amplitude do padrão Feixes nervosos ↓ Neurônios motores ↓ Nervo frênico e N. intercostais ↓ Controle dos músculos relacionados à respiração Durante a eupneia, a atividade nervosa para os músculos respiratórios é altamente regular. A expiração ocorre como resultado da interrupção da inspiração, somado à retração elástica passiva. Em situações de esforço, há a ativação dos músculos acessórios da expiração, para que ocorra de maneira mais rápida, permitindo o começo de uma nova inspiração mais cedo, gerando aumento da frequência respiratória. A apneia, ausência momentânea de ventilação, ocorre quando o gerador de padrão central (GPC) cessa na falta de impulsos tônicos. Esses podem vir de muitas fontes, mas as mais importantes são os quimiorreceptores centrais e periféricos, que monitoram a concentração de O2, de CO2 e o pH do sangue arterial. A frequência do gerador de padrão central (GPC) muda a partir dos sinais advindos desses quimiorreceptores, podendo resultar em mudanças na frequência e na profundidade da respiração. Os quimiorreceptores periféricos estão localizados nos corpos carotídeos do pescoço e nos corpos aórticos e são primariamente sensíveis a diminuições na PO2 arterial, PCO2 e no pH e enviam informações pelo nervo vago e pelo glossofaríngeo. Os quimiorreceptores centrais se localizam na superfície ventromedial do bulbo junto à barreira hematoencefálica e são sensíveis a aumentos na PCO2 arterial e a diminuições no pH arterial. Esses três sinais disparam um aumento na ventilação alveolar até que os valores sejam normalizados, constituindo assim um sistema de feedback negativo. É o núcleo respiratório dorsal que prioritariamente recebe as aferências sensoriais dos quimiorreceptores e realiza a integração dessas informações do sistema respiratório. Além dos quimiorreceptores, o sistema respiratório também é controlado a partir de outras duas fontes de informação importantes: receptores para estiramento e para compostos químicos/irritantes e centros superiores do SNC, que agem em benefício de atividades não respiratórias, como falar, cheirar e regular a temperatura. Que são os Mecanorreceptores pulmonares e nervos sensoriais. Os receptores para estiramento e para compostos químicos/irritantes se localizam nas vias aéreas e no parênquima pulmonar. Eles detectam corpos estranhos, substâncias irritantes e desafios imunológicos, ajudando na proteção dos pulmões. Além disso, detectam mudanças no volume pulmonar e ajudam a controlar as eferências para os músculos respiratórios. Dentre os receptores de estiramento, estão aqueles de ação lenta, ou seja, respondem ao estiramento com um aumento nos disparos que decai muito lentamente. Um reflexo que os envolve é o reflexo de Hering-Breuer, através do qual as eferências dos neurônios motores do nervo frênico são inibidas, protegendo os pulmões do superenchimento. Os receptores de estiramento de adaptação rápida respondem à expansão repentina e persistente nas vias aéreas e são muito sensíveis a uma variedade de estímulos químicos, sendo chamados de receptores para compostos irritantes. Possuem a importante função de detectar processos fisiopatológicos nas vias aéreas, como congestão e inflamação. Já o controle voluntário da respiração é feito por outra via: no córtex motor tratos cortiço-espinhais neurônios motores na coluna espinhal. E esse controle é dominado inicialmente de forma voluntária, mas após um tempo de apneia o automático se sobrepõe. A PCO2 é o modulador do centro respiratório Valores normais 35 – 45 mmHg Quimiorreceptores ajudam informando como está a concentração no sangue ↑ respiração ↓ pCO2 ↓ respiração ↑ pCO2 13 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Mudança na capacidade de resposta do centro respiratório Fármacos inibidores Morfina, Barbitúricos e anestésicos não conseguem ativar os músculos respiratórios Sono Alteração na resposta do centro respiratório DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crônica, que ocorre principalmente em pacientes com alta carga tabágica Parênquima destruído ↓ Capacidade ventilatória reduzida ↓ Retenção de CO2 ↓ Retenção crônica de CO2 Esses pacientes tradicionalmente possuem níveis elevados de CO2 devido essa respiração ineficiente (retedor crônico de CO2), sendo assim, esses pacientes ao invés de responder a pCO2 passam a responder a pO2. - Por esse motino NÃO podemos dar altas doses de O2 em pct DPOCítico (alvo de saturação: 88 – 92%) Redução da FR Rebaixamento do nível de consciência parada respiratória - Pct DPOC descompensado, com parênquima fibrosado e com secreção (tabagismo: tem o estímulo da secreção de muco), ou seja via aérea com muco, destruída, enfisematosa e bronquitica, se esse pct pega uma infecção ele vai descompensar ainda mais, o que piora a respiração, provavelmente esse paciente checa hipoxêmico (PO2 ↓) CUIDADO ao adm O2, pois o centro respiratório desse pct responde a O2, e se adm muito O2, o centro respiratório entende que não precisa respirar, e assim pode induzir o pct a uma parada respiratória No centro do controle respiratório existem 2 grupos de neurônios envolvidos no controle do centro respiratório – grupo respiratório dorsal (GRD): Grupo respiratório dorsal (GRD) Núcleo do trato solitário Recebe aferencia do Vago e do glossofarínegeo Grupo respiratório ventral (GRV) Porção rostral do Núcleo retro facial Porção caudal do núcleo retroambíguo Núcleo paraambíguo Contém neurônios inspiratórios e expiratórios Esses núcleos recebem e integram as informações provenientes dos quimiorreceptores e mecanorreceptores e determinam assim as fases da respiração: Fases da respiração Fase inspiratória Começa com uma descarga do Núcleo trato solitário, retroambíguo e do parambíguo ↓ Contração progressiva dos músculos respiratórios 2 fases expiratórias Quando a respiração ocorre de forma suficiente ocorre o estiramento do parênquima pulmonar e ao estirar o parênquima pulmonar os receptores de estiramento são estimulados, e ao acabar a inspiração ocorre o desligamento da carga neuronal. ↓ Reflexo de Hering-Breuer (após estirar o parênquima de forma suficiente, ativa os receptores de estiramento e desliga a inspiração e inicia a expiração), mas no início da expiração, ocorre o aumento paradoxalmente do estimulo inspiratório com o objetivo de contrapor a expiração (processo passivo) para criar uma resistência, prolongar o tempo expiração e conseguir expulsar todo o CO2 de forma adequada e assim não reter CO2 Desligamento da carga neuronal ↓ Reflexo de Hering-Breuer Aumento paradoxal da descarga inspiratória ↓ Novo aumento do tônus inspiratório Estiramento pulmonar ↓ Estimula os R de estiramento ↓ Desliga a inspiração Com a intensão de alargar a fase expiratória ↓ Vai diminuindo aos pouco até terminar a fase as expiração Os quimiorreceptores centrais, localizados na superfície ventrolateral do bulbo, é sensível ao pH do LCR, sendo esse separado do plasma pela BHE, que é impermeável ao H+ e ao HCO3– e muito permeável ao CO2. Sendo assim ele consegue captar o PCO2 sanguíneo e modular a função do centro respiratório. O CO2 do LCR é diretamente proporcional ao CO2 sanguíneo. - Mas, somado ao CO2 secretado pelas células cerebrais, o que o deixa um pouco maior do que o do plasma. Já os quimiorreceptores periféricos, localizados nos corpos aórticos e carotídeos, respondem às alterações da PCO2, da PO2 e do pH, sendo esses os únicos que respondem ás variações do pO2, sendo esses muito importantes em caso de hipoxemia. Eles são estruturas muito pequenas e vascularizadas, possuindo casa um sua própria inervação: O do corpo carotídeo, é inervado pelo nervo do seio carotídeo Corpo aórtico é inervado pelo nervo vago 14 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Os mecanorreceptores também contribuem com reflexos de forma acessória para modular a função respiratória: Reflexo inspiratório inibitório de Hering-Breurer Estimulado pelo aumento do volume pulmonar no final da inspiração, ele desliga o estimulo expiratório para iniciar a inspiração Reflexo do Mergulho Indução de apneia e bradicardia durante o mergulho Reflexo do espirro Quando alguma substancia estranha entra na via-aérea, ocasionando o espirro para que isso não interfira na capacidade respiratória Reflexo de Fungar/Aspirar Para facilitar o fluxo Existem também os Receptores sensoriais: Receptores de irritação Inalação de pó, gases nocivos, fumaças de cigarro ↓ Aumentam a resistência, induzem a apneia reflexa e tosse Receptores de estiramento pulmonar de adaptação lenta Ativados na insuflação pulmonar, são muito ativados em DPOCíticos, pois ele retém muito CO2 DPOC ↓ Pulmão hiperinsuflado ↓ Receptores ativados ↓ Retardam o início inspiratório ↓ Sendo assim o esforço expiratório é longo e demorado, o que contribui ainda mais para o grau de retenção Receptores de somáticos Músculos intercostais, articulações das costelas, músculos acessórios Podem aumentar a força de inspiração/expiração a depender a força de resistência, na dor Ritmos anormais de respiração O ritmo respiratório pode mudar por uma série de razões. Muitos padrões, normais ou anormais, possuem características reconhecíveis, sendo possível desenhar gráficos da ventilação pelo tempo, como mostra a imagem a seguir: O ritmo de Cheyne- Stokes, por exemplo, ocorre mais comumente em pacientes portadores de insuficiência cardíaca congestiva grave, mas pode também estar presente em vigência de lesões do SNC e de hipertensão intracraniana. Especificamente nos casos de insuficiência cardíaca, sua gênese é explicada pelo aumento do retardo circulatório dos pulmões para o cérebro. Nessa situação, ocorre uma dissociação entre os valores de pH e PaCO2 no nível pulmonar e no nível dos quimiorreceptores centrais, levando ao surgimento do ritmo de Cheynes- Stockes. Respiração de Biot, ritmo anárquico, aleatório, respiração atáxica, relacionado a anormalidades do SNC Respiração de Kussmaul (inspira/ apneia/ expira/ apneia), muito relacionada com acidose metabólica em vigência PARTICIPAÇÃO DO SNC NO CONTROLE DA RESPIRAÇÃO Diminuição do pH arterial. Aumento da PCO2 arterial. Músculos da ventilação. ↓ ↓ Quimiorreceptores centrais. Sinais automáticos Diminuição da PO2 arterial. ↓ Quimiorreceptores periféricos Neurônios do bulbo Produção do ritmo respiratório Centros superiores do SNC. Receptores para estiramento e para compostos químicos/ irritantes. 15 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Ventilação, perfusão e relação V/Q Sabe-se que o fluxo sanguíneo pulmonar (perfusão) e a ventilação são os componentes essenciais para o mecanismo de troca gasosa nos pulmões. No entanto, o principal determinante da troca gasosa normal e dos níveis de P02 e PCO2 sanguíneos, é a relação entre a ventilação e a perfusão, chamada de proporção V/Q. A ventilação e a perfusão são determinantes dos gradientes de pressão parcial ao longo dos quais o O2 e o CO2 se difundem. Ambas apresentam variações entre os grupos de alvéolos. Ventilação É o processo no qual o ar entra e sai dos pulmões. Sendo assim, observa-se que a inspiração traz o ar atmosférico para os alvéolos, onde o O2 é captado e o CO2 é excretado, dessa forma, a ventilação alveolar tem início com o ar ambiente. O ar ambiente nada mais é do que uma mistura de gases, composta de N2 (79%) e O2 (21%), com uma quantidade mínima de CO2, argônio e gases inertes. Ventilação-minuto (ventilação total): Volume corrente x frequência respiratória O processo de ventilação alveolar é aquele que faz referência a fração de CO2, no alvéolo, em função da intensidade da produção desse gás pelas células durante o metabolismo e da velocidade com que ele é eliminado do alvéolo, logo, esse processo de eliminação do CO2 é a chamada ventilação alveolar. Composição do gás arterial → A PCO2 arterial é estritamente regulada, mantida em cerca de 40mmHg. Dessa forma, os aumentos ou reduções da PCO2 arterial, em especial quando associados a alterações no pH arterial, possuem um importante efeito sobre a função celular. Por isso, quimiorreceptores especializados monitoram a pressão desse gás, fazendo com que a ventilação-minuto varie de acordo com o nível de PCO2. Nesse sentido, observa-se que, o aumento da PCO2 resulta em um fenômeno conhecido como acidose respiratória, enquanto que a redução dela ocasiona uma alcalose respiratória. Diante disso, evidencia-se que a hipercapnia é secundária à uma ventilação alveolar inadequada, a hipoventilação, e quando ocorre a hiperventilação, tem-se a hipocapnia. Quando o ar inspirado atinge o alvéolo, o O2 é transportado através da membrana alveolar e o CO2 se move na direção contrária, do leito capilar para o interior dos alvéolos. Ou seja, como consequência ao processo de troca gasosa, a fração de O2 no alvéolo diminui, enquanto que a fração de CO2 aumenta. Dessa relação entre as pressões dos gases, surgiu o quociente respiratório, que é a proporção entre o CO2 excretado (VCO2) e o O2 captado (VO2), ou seja, representa a quantidade de CO2 produzida, em relação a quantidade de O2 consumida pelo metabolismo, e é dependente da ingestão calórica. A inspiração traz o ar atmosférico para os alvéolos, onde o O2, é captado e o CO2, excretado. Assim, a ventilação alveolar se inicia com o ar ambiente. Este é uma mistura de gases composta de N2 e O2, com quantidades mínimas de CO2, argônio e gases inertes. O ar atmosférico é composto de aproximadamente 21 % de O2 e 79% de N2. As vias condutoras de ar não participam da troca gasosa. Assim, as pressões parciais de O2, N2, e vapor de água permanecem inalteradas, nas vias aéreas, até que o gás atinja o alvéolo. Concentração dos gases ao longo da respiração PO2 PCO2 Ar atmosférico (seco) - 21% O2 (FiO2) 159 0 Ar traqueal (hidratado) 150 0 Gás alveolar 102 40 Sangue arterial 80 - 90 40 Sangue venoso 40 46 A ventilação por unidade alveolar não é uniforme por todo o pulmão. O peso do pulmão sobre si mesmo, aliado a diferenças de pressão pleural (menor no ápice do que na base), faz os alvéolos do ápice ficarem mais distendidos que os da base, antes do início da inspiração. Por questões de gravidade, os alvéolos do ápice não têm capacidade para se distender tanto quanto os da base, reduzindo a quantidade de ar que podem acomodar. A ventilação do ápice é, portanto, menor do que na base. Dessa forma, a base do pulmão se encontra menos cheia de ar e por isso apresenta uma maior alteração de volume ao longo do ciclo, o que caracteriza uma maior ventilação. Ápice: recebem menor quantidade de volume corrente, são menos complacentes e menos distensíveis (tubercolose) Base: recebem maior quantidade de volume corrente, são mais complacentes e mais distensíveis O volume de ar respirado por minuto é o volume minuto e se divide em ar do espaço morto, ou seja, das vias aéreas de condução (que não participam de trocas gasosas) e o volume alveolar. O volume de ar dentro da via aérea de condução é chamado de volume de espaço morto (VD). A ventilação alveolar é o volume de ar que participa das trocas gasosas. Espaço morto → Sabe-se que em cada ciclo respiratório o ar preenche as vias condutoras de ar e os alvéolos. Sendo assim, a ventilação do espaço morto é aquela da via aérea que não participa da troca gasosa, existindo dois tipos de espaço morto: anatômico e o fisiológico. Nesse contexto, define-se: 16 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Espaço morto anatômico aquele representado pelo volume de gás que preenche as vias aéreas condutoras (100 – 200ml no adulto saudável) Espaço morto fisiológico, são os alvéolos que são perfundidos, mas não ventilados, normalmente encontrados em pulmões, em condições patológicas ele se eleva (ex. pneumonia). Com isso, o volume total do gás, em cada respiração, que não participa da troca gasosa é chamado de ventilação do espaço morto fisiológico, sendo incluído aqui o espaço morto anatômico e o secundário aos alvéolos perfundidos, mas não ventilados. Perfusão É a denominação dada ao processo no qual o sangue desoxigenado passa pelos pulmões e é reoxigenado. Esse evento se dá por meio da circulação pulmonar, responsável por receber o sangue do retorno venoso, que passa do ventrículo direito para a artéria pulmonar, que rapidamente emite suas principais ramificações, as artérias pulmonares direta e esquerda. Esse sistema circulatório presente nos pulmões possui 3 funções: 1- Reoxigenar o sangue e eliminar o CO2; 2- Auxiliar no balanço fluídico do pulmão e 3- Distribuir produtos metabólicos para e do pulmão. O pulmão possui dupla circulação. A circulação brônquica tem origem na aorta e nas artérias intercostais. Sua função é nutrir os brônquios e bronquíolos. As artérias pulmonares acompanham os brônquios se dividindo em paralelo às vias aéreas. Na periferia do parênquima pulmonar, os componentes arteriais formam uma rede capilar que percorre o interstício e envolve os alvéolos. O pulmão recebe todo o débito cardíaco do coração direito. Esse volume de sangue não oxigenado se distribui nos capilares pulmonares, onde entra em contato com a barreira alvéolo-capilar. Durante a passagem do sangue no capilar pulmonar, ocorre a difusão e a saturação da hemoglobina com oxigênio. A circulação pulmonar possui algumas características que a distingue da circulação sistêmica. A principal dela aparece ao observarmos que a circulação pulmonar trabalha em baixas pressões (6mmHg), e por isso, apresenta baixa resistência (10x menor que a circulação sistêmica). Além disso, algumas características dos vasos conferem à essa circulação uma alta complacência. A circulação pulmonar não precisa trabalhar a altas pressões, visto que necessita bombear sangue apenas até o topo do pulmão, e não ao corpo todo, até o ápice da cabeça, como a circulação sistêmica. Além disso, é necessário que se constitua como um sistema de baixa pressão para evitar que fluidos de edema inundem o pulmão, como consequência das forças de Starling. O alvéolo é muito sensível a variação de pressão, em casos de altas pressões pode ocorrer o colabamento capilar o que vai comprometer a perfusão pulmonar (Uma ventilação com muita pressão positiva pode comprimir capilares). As paredes dos vasos pulmonares também são de pequena espessura. As paredes finas somadas à baixa quantidade de músculo liso proporcionam aos vasos uma alta complacência. Dessa forma, os vasos pulmonares podem aceitar quantidades relativamente grandes de sangue, dilatando-se em resposta a aumentos da pressão arterial pulmonar. Assim como a ventilação, a perfusão também sofre modificações locais em decorrência da força de gravidade, além das diferenças locais na resistência vascular pulmonar. Quando um indivíduo está em pé, a perfusão é maior próxima à base dos pulmões do que no ápice. Contudo, com o exercício, a perfusão aumenta em todas as regiões, e com mais intensidade, no ápice. Nas regiões de ápice a pressão alveolar é maior que a pressão arterial, que por sua vez será maior que a pressão venosa. Ou seja: Zonas de West Zona 1 – ápice Pressão alveolar alta, os capilares estarão colabados e com isso a perfusão está um pouco mais prejudicada. (P.alveolar > PA > PV) Zona 2 – intermediária Pressão arterial é maior que a pressão alveolar, que é maior que a P. venosa. Com isso os capilares ficam menos comprimidos do que no ápice. (PA > P. alveolar > PV) Zona 3 – região basal PA é maior que a PV que é maior que a P.alveolar, o que permite que o sangue flui livremente, facilitando a perfusão. (PA > PV > P.alveolar) A base recebe mais sangue, tem um volume corrente maior, os alvéolos são mais distensíveis e os alvéolos do ápice são mais aerados 17 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema O volume sanguíneo total na circulação pulmonar é de aproximadamente 500ml, correspondendo a cerca de 10% do volume sanguíneo circulante. Após ser oxigenado, o sangue deixa o alvéolo por uma rede de pequenas vênulas pulmonares e veias, que coalescem para formar veias pulmonares mais calibrosas, pelas quais o sangue retorna ao átrio esquerdo, para então ser mandado para o corpo. As artérias da circulação pulmonar são as únicas artérias do corpo que levam sangue desoxigenado. Vale lembrar que as artérias da circulação pulmonar possuem algumas características peculiares, são elas: paredes finas, quantidade mínima de músculo liso e são 7 vezes mais complacentes do que os vasos sistêmicos. Dessa forma, é criado um sistema de circulação com baixa resistência, o que auxilia no fluxo sanguíneo e explica o porquê de o ventrículo direito ser menos muscular do que o esquerdo. A ramificação sequencial das artérias pulmonares gera uma rede de capilares, parecida com uma malha, que se encontra ao redor dos alvéolos. Os tecidos que compõem essa rede alvéolocapilar formam a única barreira entre o gás e o sangue. Resistência vascular pulmonar → Sabe-se que o fluxo sanguíneo na circulação pulmonar é pulsátil e influenciado pela resistência pulmonar, pela gravidade, pela pressão alveolar e também pelo gradiente de pressão artério- venoso. Essa resistência existente, resultado da variação da pressão desde a artéria pulmonar até o átrio esquerdo, dividida pelo débito cardíaco, é cerca de 10 vezes menor que a resistência da circulação sistêmica. Distribuição do fluxo sanguíneo pulmonar → Observa-se que o efeito gravitacional contribui para uma distribuição desigual do fluxo sanguíneo nos pulmões. Quando o indivíduo se encontra em posição ortostática e em repouso o fluxo sanguíneo aumenta do ápice para a base do pulmão, onde tem maior valor, da mesma forma, quando o indivíduo se encontra em decúbito dorsal, o fluxo sanguíneo é menor nas regiões mais anteriores e maior nas regiões mais posteriores. No entanto, durante eventos estressantes, como no exercício físico, a diferença do fluxo sanguíneo entre ápice e base fica menor, devido ao aumento da pressão arterial. Os níveis de O2 têm um importante impacto sobre o fluxo sanguíneo pulmonar. FLUXOGRAMA – CARACTERÍSTICAS DOS VASOS SANGUÍNEOS DA CIRCULAÇÃO PULMONAR Paredes finas com quantidade mínima de músculo liso ↑ Complacência FLUXO DO SANGUE Vasos com diâmetros maiores ↓ Resistência Grande quantidade de anastomoses e ramificações ↓ Pressão CONCEITO! O fluxo sanguíneo, nas circulações pulmonares, é pulsátil e influenciado pela resistência vascular pulmonar (RVP), pela gravidade, pela pressão alveolar e pelo gradiente de pressão artério-venoso. A RVP é a variação da pressão desde a artéria pulmonar até o átrio esquerdo, dividida pelo fluxo, que é o débito cardíaco. Essa resistência é aproximadamente 10 vezes menor do que a da circulação sistêmica. Assim, a RVP é inversamente proporcional ao fluxo. Uma vasoconstrição dos vasos irá provocar um aumento da resistência e consequentemente diminuição do fluxo pulmonar (em regiões hipoxémicas, onde a troca é prejudicada, o sangue é desviado para outra região). A vasoconstrição hipóxica ocorre nos pequenos vasos arteriais, em resposta à diminuição da PO2, alveolar. Essa resposta é local e pode ser protetora, por desviar o fluxo sanguíneo de áreas hipóxicas para áreas bem perfundidas, no esforço para aumentar/melhorar a troca gasosa. Relação ventilação-perfusão (V/Q) Essa proporção existente entre a ventilação e a perfusão (V/Q) é definida como a proporção entre a ventilação e o fluxo sanguíneo. É a medida de eficiência dos pulmões. Pode ser definida para um só alvéolo ou para um grupo de alvéolos e para o pulmão como um todo. Sendo assim, considerando um só alvéolo, a proporção é definida como ventilação alveolar dividida pelo fluxo capilar. No entanto, para o pulmão como um todo, a definição é: ventilação alveolar total dividida pelo débito cardíaco. A relação ventilação/perfusão (V/Q) do pulmão como um todo é em torno de 0,8 e não é distribuída de forma homogênea pelo pulmão. A relação V/Q pode variar de zero (quando não existe ventilação para uma área perfundida) até o infinito (quando a perfusão é inexistente). Uma relação V/Q entre 0,8 e 1 numa unidade alveolar garante que a troca gasosa é eficiente. No pulmão normal, essa relação é de aproximadamente 0,8, e, quando a ventilação excede a perfusão, o V/Q fica maior que 1, quando o contrário ocorre, o valor encontrado é menor que 1. Vale lembrar que, uma relação V/Q normal não significa que a ventilação e a perfusão da unidade pulmonar em questão estejam normais, significa, apenas, que a relação entre elas está normal. Ainda, vale dizer que, a proporção ventilação- perfusão varia em diferentes locais do pulmão. 18 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema Normal Pode variar de acordo com as regiões pulmonares Ventilação alveolar 4L/min V/Q > 1: ventilação excede a perfusão Fluxo sanguíneo 5L/min V/Q < 1: perfusão excede a ventilação Relação V/Q 0,8 V/Q mal balanceado = comprometimento do transporte Mas nem sempre um V/Q normal não necessariamente indica a função normal: Pode variar de acordo com as regiões pulmonares: Bases tem maior volume corrente Na Pneumonia: alvéolo mal ventilado, o vaso constringe (vasoconstricção hipóxica), os 2 reduzem proporcionalmente = V/Q normal Relações mais baixas indicam pouca ventilação para muito sangue, e ocorre fisiologicamente na base ou em atelectasias e edemas; são áreas denominadas de shunt. Relações mais altas indicam pouca perfusão para áreas muito ventiladas; essas áreas se comportam como espaço morto (ápice pulmonar), não participando adequadamente da troca gasosa. Tanto o shunt quanto o espaço morto diminuem a eficiência da troca gasosa. Figura 12. Distribuição da ventilação e perfusão nas zonas pulmonares. O ápice é mais aerado, mas a base recebe mais volume e maior fluxo sanguíneo. Pois mesmo recebendo menos volume e menos fluxo sanguíneo, a relação V/Q no ápice é maior do que na base, porque o volume corrente da região da base deveria ser ainda maior para compensar o fluxo sanguíneo que recebe, ou seja, tem muito sangue chegando, mas a ventilação não acompanha esse aumento de fluxo. O ápice é mais aerado porque possui uma V/Q mais efetiva do que acontece na base. Anormalidades Shunt anatômico: uma veia que conecta um sistema com o outro sem passar pelo pulmão, sendo assim o sangue não será oxigenado e isso compromete a PO2 final. (PO2 baixa) Ex. BB com comunicação interatrial ou interventricular (CIA ou CIV) congênita Não adianta dar oxigênio Prejuízo na função V/Q: A- Normal B- Obstrução da via condutora C- Alterações na perfusão Prejuízo da ventilação apesar da perfusão inicialmente estar normal, podendo levar a: - Broncoespasmo (asma - broncoconstrição) - Muco (DPOC, secreção purulenta) - Compressão extrínseca (tumor) O O2 chega, porém não é trocado de forma efetiva - TEP 19 Felipe Altimari - 7ª Etapa – Dispneia, dor torácica e edema ESPIROMETRIA A espirometria é a medida mais comum da função pulmonar ventilatória, ela é um traçado da relação entre o fluxo expiratório máximo e o tempo. A espirometria é usada para documentar a função pulmonar basal, para fazer uma avaliação diagnóstica preliminar, ou para monitorar os pacientes à medida que a doença pulmonar ou cardíaca evolui e responde ao tratamento. A espirometria é recomendada na asma: em pacientes com sibilância ou aperto no peito recorrente, para confirmar o diagnóstico de asma; por ocasião da avaliação inicial; após tratamento com estabilização dos sintomas e do pico do fluxo expiratório (PFE) para documentar o nível obtido de função pulmonar (normal ou não); em pacientes com asma persistente e grave, quando mudanças no tratamento de manutenção forem feitas e os resultados alcançados devem ser verificados. Na monitoração de asmáticos leves e moderados, as medidas do PFE são geralmente suficientes. A espirometria é registrada com o paciente sentado respirando calmamente várias vezes em volume corrente, quando então realiza uma inspiração máxima, seguida de uma expiração forçada, que é mantida por pelo menos seis segundos ou mais, com esforço vigoroso continuado (capacidade vital forçada [CVF]), e completada por uma inspiração completa vigorosa (capacidade vital inspiratória). Estas manobras são representadas como uma curva de volume-tempo ou como uma curva de fluxo-volume. As curvas de fluxo-volume são comparadas a padrões especiais, que podem indicar várias condições clínicas ou anatômicas. Fig. Medida da capacidade vital forçada por curvas de: Curva de fluxo-volume Curva de volume-tempo Grande esforço físico e atenção são necessários para uma espirometria adequada. Os pacientes, especialmente durante a hospitalização, após os procedimentos médicos, ou se ainda descondicionados, muitas vezes não podem proporcionar o esforço máximo ou cooperar/coordenar bem, e os resultados nos testes não são ideais. Testes de função pulmonar (TFP) em um paciente que ainda está em tratamento para um agravamento de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou asma, mas que ainda não retornou ao estado de doença anterior, irão mostrar resultados que refletem o seu estado atual, mas não o seu estado inicial. O tratamento recente com um broncodilatador muitas vezes melhora os resultados do TFP (Testes de função pulmonar) e não reflete a função pulmonar intrínseca (cerca de 8 a 12 horas deve decorrer a partir do último tratamento para fornecer dados mais úteis). Outros problemas clínicos que podem confundir o teste espirométrico incluem congestão pulmonar, tosse, disfunção tireoidiana, desnutrição e astenia muscular associada a corticosteroides. A reprodutibilidade de várias tentativas do teste (pelo menos 3) é importante e é um critério para interpretação válida do teste. Os testes em série são necessários para avaliar a melhoria, um retorno à linha de base, ou a necessidade de tratamento intensificado no ambulatório. Entre os valores espirométricos mais úteis estão a CVF (litros), o volume expiratório forçado no primeiro segundo da expiração (VEF1, em litros), a relação entre o VEF1 e a CVF (porcentagem) e o fluxo expiratório forçado no meio da expiração (FEF 25-75% litros/segundo). O volume residual (VR) (litros) não pode ser determinado pela espirometria e frequentemente é medido por diluição com hélio ou métodos pletismográficos. O VR é necessário para calcular a capacidade pulmonar total (CPT, em litros), que é uma medida da capacidade do ar do pulmão em insuflação máxima. O VEF1, embora registrado como um volume, é igualado a uma medida do fluxo aéreo e é dependente de esforço. Os valores de VEF1, quando expressos como uma porcentagem dos valores previstos, correlacionam-se com a quantidade de atividade física que um paciente pode suportar. Pico de fluxo pode ser medido a partir de um rastreamento espirométrico ou usando um dispositivo portátil feito para o acompanhamento ambulatorial da função pulmonar. Esses dispositivos são comumente prescritos
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