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Resumo de Direito Administrativo I

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História do Direito Administrativo (segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira)
No Mundo: o Direito Administrativo inicia na França, com o julgamento do caso “Blanco” (1783) e a promulgação da lei de 28 pluviose do ano VIII de 1800. 
No Brasil: 
a) Império: Legislativo + Executivo + Judiciário + Moderador (era um outro poder). Instaurado o Conselho de Estado, que era responsável pela jurisdição administrativa, enquanto a Administração Pública era regida pelo Direito Privado. 
b) Proclamação da República (1889) e Promulgação da Constituição (1891): o Poder Moderador e o Conselho de Estado são extintos. Durante a Primeira República o Direito Administrativo não se desenvolveu muito, em razão da grande influência da common law.
c) Revolução (1930) e Promulgação da Constituição (1934): a grande intervenção estatal na ordem econômica e social demonstrou a importância do desenvolvimento urgente do Direito Administrativo.
d) Pós-ditadura e a Promulgação da Constituição (1988): o Direito Administrativo é inserido no Estado Democrático de Direito, passando pelo processo de constitucionalização (centralidade dos direitos fundamentais).
Incidência do Direito Administrativo
 Relação das pessoas com os entes públicos: ex: pedir licença estatal para construir um palco p/ realização de eventos num terreno localizado em área residencial. O Estado irá analisar o projeto e dizer se aquilo pode ou não ser feito. 
 Atividades-meio do Estado: são atividades estatais que não são voltadas a fazer algo para um particular, mas sim para alguma necessidade interna do próprio Estado. Ex: a gestão dos servidores públicos pelo ente público, que é algo interno ao Estado, para que ele funcione adequadamente. No entanto, há atividades estatais que não compõem o direito administrativo.
Administração Pública (entidades políticas e administrativas): termo que pode ter pelo menos dois sentidos, objetivo e subjetivo.
Sentido Objetivo faz referência a um tipo de atividade administrativa a própria função administrativa, ou o exercício dessa função, que incumbe, predominantemente, ao Executivo.
Sentido Subjetivo faz referência a sujeitos engloba todos aqueles sujeitos que exercem a função administrativa como atividade-fim: pessoas jurídicas, órgãos despersonalizados, entes despersonalizados . Geralmente trata-se do Estado que, por meio do Executivo, exerce atividades administrativas. Embora as atividades típicas do Legislativo e do Judiciário não sejam administrativas, eles têm também estas atividades, assim como há atividades do Executivo que são executadas também por outras áreas do direito. 
Ex: “A administração pública tomou tal medida” está-se referindo à administração enquanto alguém (subjetivo).
Ex: “Isto aqui não é exercício da jurisdição, é administração pública” está-se referindo à administração enquanto atividade (objetivo).
Importante: os sentidos objetivo e subjetivo não se excluem.
Sentido Amplo compreende a) os entes políticos e a função política desses entes b) órgão e entes que são subordinados aos entes políticos e que tem função mais propriamente executiva (os entes que exercem atividade administrativa em sentido mais estrito). Ex: no âmbito do Estado existem atividades diretivas (realizadas por entes políticos, ex: Presidente da República estabelece diretrizes de acordo com sua inclinação político-ideológica) e outros entes que têm o objetivo de dar execução a essas diretrizes (órgão do poder executivo que irão colocar em ação as diretrizes políticas). 
Ex: quando o Presidente está exercendo uma atividade para diminuir as taxas de inflação, ele está exercendo uma atividade política, e não administrativa.
Sentido Estrito compreende apenas a) os órgãos/agentes/pessoas jurídicas que têm essa atribuição de pôr em curso medidas concretas para a realização das diretrizes políticas, porque são subordinados do governo b) a sua função executiva. Assim, a administração em sentido estrito é só o que compõe o tópico “b” do sentido amplo. 
Importante: os sentidos amplo e estrito são mutuamente excludentes. Assim, deve-se priorizar o termo “administração pública” no sentido estrito.
Administração Pública em Sentido Estrito
(A) Administração Pública em Sentido Estrito Subjetivo: pessoas, órgãos e agentes administrativos. Subdivide-se em:
 Administração Direta: compreende os entes da federação, quais sejam: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Estes entes não têm apenas divisão territorial, mas sim diferenciação de personalidade jurídica. Cada um é uma pessoa jurídica. 
 Administração Indireta: entes com personalidade jurídica própria constituídos pelos entes da administração direta, que são a eles vinculados e têm atribuições específicas. Ex: EPTC (âmbito municipal), IPE (âmbito estadual), Petrobrás, ANP, Banco do Brasil (âmbito federal). É como se houvesse uma espécie de “terceirização”. Do ponto de vista técnico isso está errado, mas para fins de compreensão é como se fosse, de fato, uma espécie de terceirização. São entes através dos quais os entes da administração direta INDIRETAMENTE realizam suas atribuições. Estes entes podem ser: autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. 
 Órgãos e agentes da administração pública direta e indireta: não têm personalidade jurídica, pois fazem parte dos entes personalizados das administrações direta e indireta. Ex: diretoria da ANVISA, que liberou a vacinação (a ANVISA é um ente personalizado que compõe a personalidade indireta, criada pela União). 
(B) Administração Pública em Sentido Estrito Objetivo: funções administrativas com caráter de atividade-fim (para a sociedade), que representam aquilo que a administração pública entrega à sociedade. 
 Serviços Públicos: saúde, educação, saneamento, etc. Serviços de fruição geral e serviços mais específicos (geração de energia, etc). Os serviços públicos não são necessariamente prestados pelo Estado. Alguns podem ser livremente explorados pela iniciativa privada (educação) e em outros pode haver concessão estatal para que instituições privadas realizem.
 Regulação: atividade voltadas a disciplinar o exercício de atividades econômicas por outros agentes (normalmente por agentes privados). Estes entes geralmente são organizados em forma de agências, pois tem um caráter mais técnico. Ex: telecomunicações. Antes sofria um monopólio estatal e hoje já houve a privatização desse setor (no entanto, o Estado REGULA esse setor, por meio da Anatel).
 Polícia Administrativa: nada tem a ver com o que conhecemos por “polícia”. A polícia administrativa resguarda o interesse público por meio de licença/autorização do poder público (ex: dirigir um carro, que não é um direito incondicionado). Essas condições são verificadas pelo Estado para que o cidadão exerça seus direitos. Ex2: abrir uma loja, construir um prédio, realizar um show, ter uma arma, etc. Essa atividade da administração de verificar os requisitos para exercício de direitos e conceder ou não licenças e autorizações integram a chamada “polícia administrativa”. Além disso, a fiscalização dessas atividades, bem como a imposição de sanções também compõem a polícia administrativa. Ex de polícia administrativa: FEPAM.
 Fomento: a administração não regula, nem participa, mas estimula certas atividades econômicas. O objetivo é o de estimular certas atividades pela sua relevância econômica, etc. Ex: BNDES fomenta exploração de atividades científicas, industriais, etc. Ex2: incentivos fiscais, subvenções, etc.
 Intervenção: quando o Estado entra como parte de um setor da economia, atuando como um player do mercado, diferentemente da regulação, que só regula. Ex: ANP é um órgão regulatório. A Petrobrás ENTRA no mercado, é player. No setor bancário, o Banco Central disciplina o setor financeiro, já o Banco da Brasil ENTRA no mercado, em concorrência com os outros bancos. 
Funções dos Poderes
 O Judiciário diz e realiza o direito. A atividade-fim do judiciário é realizar o direito. Essa atividade não tem natureza administrativa. Fiscalizaro Poder Executivo também é uma atividade do Judiciário quando provocado a se manifestar a respeito de um caso concreto. Faz isso julgando o caso e aplicando o direito a este caso. Faz isso como atividade-fim, também. O direito processual é o que disciplina a atividade-fim do Judiciário. 
No entanto, há atividades administrativas exercidas pelo judiciário, que são aquelas atividades que o judiciário deve fazer para “tocar” a máquina pública. Ex: reforma do prédio do Tribunal, contratando empreiteira, comprando insumos; comprar computadores para que os juízes e servidores tenham condições de trabalhar; o patrimônio público é também disciplinado pelo direito administrativo. Assim, as atividades-meio do judiciário são disciplinadas pelo direito administrativo.
 O Legislativo cria normas gerais e abstratas (leis). Assim, o Legislativo cria direito. O direito que disciplina a atividade legislativa é o direito constitucional. Essas atividades-fim não têm natureza administrativa. No entanto, o Legislativo exerce atividades-meio, como aquisição dos espaços físicos. 
 O Executivo também tem atividades-meio, pois ele também precisa de ambientes, além de gerir serviços como limpeza, adquirir softwares, gestão interna de pessoal... Essas atividades-meio são também disciplinadas pelo direito administrativo. Ademais, as atividades-fim do executivo também têm natureza administrativa, embora sejam atividades voltadas ao público externo. As atividades-fim do executivo são as atividades de regulação da atividade econômica, poder de polícia, fiscalização de trânsito, de obras, prestação de serviços, intervenção no domínio econômico, etc. Não é só uma atividade-fim, como nos outros poderes, são várias. Ex: quando o Executivo analisa um requerimento de obra e licencia essa obra ele está prestando um serviço à sociedade, pois está licenciando a obra para disciplinar e estabelecer limites acerca do que o indivíduo pode fazer, a fim de que a obra obedeça às condicionantes legais e para que, ao exercer o direito de liberdade, o indivíduo não fira direitos de outros e não prejudique o interesse público. O que as atividades-fim do executivo têm em comum é que, enquanto o judiciário intervém na realidade concreta de forma direta para a realização do direito e o legislativo não intervém de forma direta na realidade, somente cria as normas para o bem comum, o executivo também cria normas (como decretos), mas não se limita a isso. Ele presta serviços públicos, tem atividades de fiscalização, etc. Tem, assim, uma semelhança com o judiciário: intervém direta e concretamente na realidade (ex: fechando um estabelecimento), porém em vista do bem comum, tendo semelhança, por isso, com o legislativo também. Mas não faz isso para realizar o direito e sim obedecendo ao direito. 
No entanto, o Executivo tem atividades que não são disciplinadas pelo direito administrativo: a ordem tributária é um exemplo (cobrança de tributos, por meio da Receita Federal/Estadual/Municipal). É uma das tantas atividades-fim do executivo, de natureza administrativa, mas tão específica que se autonomizou no direito, sendo disciplinada pelo Direito Tributário. Outros exemplos: atividades do Executivo que são disciplinadas pelo Direito Ambiental, Direito do Consumidor, etc. Mesmo assim, não deixa de incidir o direito administrativo (em caráter subsidiário), pois são atividades administrativas e, quando há uma omissão do direito especial (tributário), o direito geral (administrativo) entra em cena. Ex: a Receita cobra um tributo de alguém e essa pessoa acha que a cobrança não é devida. Impugna a cobrança administrativamente na própria Receita. Para avaliar o requerimento, é necessário instaurar um procedimento administrativo e uma autoridade administrativa da receita decidirá com base no Direito Tributário. No entanto, os critérios do procedimento administrativo são regulados pela Lei do PAD. Ou seja, como o Direito Tributário não regra como esse processo deve acontecer, o processo será regulado por essa lei do PAD.
Assim, em linhas gerais o Direito Administrativo disciplina as atividades-meio dos três poderes e as atividades-fim do Executivo.
Fontes do Direito Administrativo
Doutrina: construção e desenvolvimento normativo de institutos e princípios jurídicos, densificação jurídico-normativa de normas e princípios do direito administrativo (orientação das atividades legislativas e judiciais). 
Constituição: princípios da administração pública, regime dos servidores públicos, administração pública direta e indireta, princípios do processo administrativo, organização administrativa dos poderes, etc. Neoconstitucionalismo: aqui, já sabe-se que o direito não é apenas a lei, pois esta pode ser usada para o mal. O direito incorpora valores (assimilados pela Constituição) e, a partir daí, o judiciário pode fazer o controle da legislação. Tudo o que está na CF é direito e todos os valores que a CF assimila são princípios jurídicos. O papel do judiciário seria o de fazer valer a CF e esses princípios. 
Legislação: licitações e concessões, processo administrativo, desapropriação, regime jurídico das autarquias, contratos administrativos, improbidade administrativa, educação pública, saúde pública, agências reguladoras, etc. A Adm. Pública só pode fazer o que a lei autoriza e da forma que a lei autoriza. Como consequência, existem muitas leis. Logo, a legislação tem um peso muito grande no âmbito do Direito Administrativo. O séc. XIX foi a era da legislação. Ao longo do séc. XX, descobriu-se que a lei também pode ser usada para o mal, transformando-se em instrumento do poder (regimes totalitários). O Executivo cresce e toma conta dos mecanismos legislativos para promover discursos, fazendo com que a confiança das leis se dissipe e passe para o judiciário. Surge o controle de constitucionalidade. O judiciário vai ganhando um protagonismo cada vez maior e a CF deixa de ser somente uma carta política, passando a ser uma “panaceia para todos os males” e legitimando o judiciário cada vez mais. Hoje, o protagonismo do judiciário é muito grande – ativismo judicial. 
Regulamentos: atos normativos da administração pública que regulamentam ou dão eficácia à legislação (decretos, resoluções, portarias, instruções, circulares, regimentos, ordens de serviço, provimentos, etc.
Jurisprudência: densificação jurídico-normativa das normas administrativas e consagração de princípios da administração mediante controle judicial da atividade administrativa (ações individuais e coletivas, controle abstrato e concreto). Permite uma maior liberdade. Da metade do séc. XX para cá a jurisprudência começou a ganhar muita força. O judiciário acaba assumindo o papel do Executivo (administração) para atingir um determinado ideal político. Ocorre um esvaziamento no âmbito da administração. O judiciário controla a administração se esta agir fora da legalidade. 
Princípios gerais do direito (?): são o próprio direito, e não exatamente fonte de direito. Ex: legalidade, igualdade, proporcionalidade...
Fontes do Direito Administrativo (segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira)
As fontes são os meios de revelação do Direito Administrativo. São elas:
Lei (juridicidade): a lei deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, abrangendo a Constituição, as leis infraconstitucionais, os regulamentos administrativos e os tratados internacionais.
Doutrina: em que pese não seja uma fonte formal (e sim material), exerce influência decisiva na compreensão e aplicação do Direito.
Jurisprudência: decisões reiteradas dos tribunais sobre determinado tema.
Costumes: revelam o comportamento reiterado da sociedade, num determinado espaço físico e temporal, que possui força coercitiva. A consagração do costume como fonte autônoma do Direito não é livre de polêmicas. Parte da doutrina nega o “Direito Administrativo Consuetudinário”. Parte outra acredita que o costume só pode ser considerado fonte autônoma quando cria direitos para os particulares perante a Administração, sendo vedada a instituição dedeveres por costumes em razão do princípio da legalidade. Há, ainda, a doutrina que sustenta que o costume é fonte autônoma do Direito Administrativo, exceto quando é contra legem (este é o posicionamento de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira). Os costumes podem ser divididos em três espécies:
a) Secundum Legem: é previsto ou admitido por lei.
b) Praeter Legem: preenche lacunas normativas, possuindo caráter subsidiário (Art. 4º da LINDB).
c) Contra Legem: se opõe à norma legal. 
Precedentes Administrativos: são normas oriundas de uma ou várias decisões administrativas anteriores e que têm força vinculativa para um mesmo ente administrativo. A teoria dos precedentes administrativos pressupõe: 
a) Identidade Subjetiva: o precedente deve se destinar ao mesmo ente administrativo ou entidade administrativa.
b) Identidade Objetiva: semelhança entre os fatos envolvidos no precedente administrativo e no caso atual.
c) Legalidade do Precedente: o precedente não pode ser inconstitucional, por exemplo.
d) Inexistência de Justificativa Relevante e Motivada para Alterar o Precedente: as situações fáticas mudam com o tempo e o Direito deve adaptar-se a elas. É para isso que os precedentes existem: para atuar em espaços em que as leis, “congeladas”, não abarcam. Se houvesse a necessidade de justificar uma mudança de precedente, este instituto perderia a razão de ser. 
Interpretação do Direito Administrativo (segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira)
A interpretação dos dispositivos legais acarreta a criação de normas jurídica (a interpretação é o caminho, a norma é o ponto de chegada). Assim: dispositivo legal interpretação norma jurídica. 
Duas teorias fundamentam a teoria da interpretação:
a) Mens Legislatoris (subjetiva): visa a entender a vontade do legislador.
b) Mens Legis (objetiva): visa a entender a vontade da lei. É a que tem prevalecido. 
Quanto à origem, a interpretação é classificada em três categorias: 
a) Autêntica: é a interpretação pelo próprio legislador que elabora normas (“leis interpretativas”) destinadas ao esclarecimento de outras normas jurídicas.
b) Judicial: é a interpretação do Poder Judiciário (tribunais, juízes, etc.).
c) Doutrinária: é a interpretação da jurisprudência. 
Métodos de Interpretação para buscar a “Mens Legis” (interpretação objetiva – vontade da lei):
a) Interpretação Lógico-Gramatical: busca compreender o significado das palavras que compõem a norma.
b) Interpretação Histórica: busca compreender o contexto histórico em que a norma foi escrita.
c) Interpretação Sistemática: busca compreender a norma de acordo com todo o sistema jurídico.
d) Interpretação Teleológica: busca revelar a finalidade da norma no momento de sua aplicação. 
Importante: todos os métodos devem ser considerados pelo intérprete. Mas, dependendo do caso concreto e seu grau de dificuldade, em que a utilização de diferentes métodos interpretativos leva a diferentes resultados, os preferíveis são o sistemático e o teleológico. 
Integração do Direito Administrativo (segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende de Oliveira)
A existência de lacunas não justifica a inaplicabilidade do direito. Nesse sentido, é imperiosa a aplicação de instrumentos de integração do sistema jurídico para suprir eventuais lacunas, tais como a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. 
A analogia subdivide-se em:
a) Analogia Legal: aplica-se a regra que regula caso semelhante ao caso não regulado por regra alguma.
b) Analogia Jurídica: busca-se no sistema jurídico (princípios gerais do direito) o princípio que será aplicado ao caso não normatizado. Alguns autores refutam a aplicação desse tipo de analogia ao Direito Administrativo. Nesse sentido: MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo.
Importante: a analogia deve ser feita com normas do próprio Direito Administrativo, sobretudo com base nas normas editadas pelo Ente Federado respectivo ou com base nas normas gerais ou constitucionais. Deve-se evitar a aplicação analógica de regras do Direito Privado. Além disso, não pode ser utilizada para fundamentar a aplicação de sanções ou gravames aos particulares, especialmente no campo do poder de polícia e do poder disciplinar.
Princípios do Direito Administrativo (segundo a doutrina de Rafael Carvalho Rezende Oliveira)
O neoconstitucionalismo, ao aproximar o Direito e a moral, abre caminho para a superação da visão positivista e legalista do Direito. O traço característico do Pós-positivismo é o reconhecimento da normatividade primária dos princípios constitucionais. Assim, os princípios jurídicos condensam os valores fundamentais da ordem jurídica, irradiando-se sobre todo o sistema jurídico, garantindo-lhe coerência.
Classificação dos Princípios Jurídicos
 Quanto à amplitude de aplicação no sistema normativo
a) Princípios Fundamentais;
b) Princípios Gerais;
c) Princípios Setoriais ou Especiais.
 Quanto à menção expressa ou implícita nos textos normativos
a) Princípios Expressos;
b) Princípios Implícitos.
Principais Princípios do Direito Administrativo
 Art. 37, caput, da CF: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
 Art. 2º da Lei 9.784/99 (Processo Administrativo Federal): legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
 Outros: continuidade, autotutela, consensualidade/participação, confiança legítima e boa-fé. 
Legalidade
Parte da doutrina entende que este princípio deve ser relativizado em razão da constitucionalização do direito administrativo e outra parte compreende que tal relativização atentaria contra o princípio da segurança jurídica. Não obstante os dois posicionamentos, o princípio em comento possui duas acepções:
a) Supremacia da Lei: a lei prevalece sobre todos os atos da administração.
b) Reserva de Lei: o tratamento das matérias deve estar formalizado necessariamente pela legislação, excluindo-se outros atos com caráter normativo.
Impessoalidade
Possui, também, duas acepções:
a) Igualdade (ou isonomia): todos os administrados devem ser tratados igualmente, exceto quando houver manifesta desigualdade fática. Neste caso, a administração deve buscar efetivar a igualdade material.
b) Proibição de Promoção Pessoal: as realizações públicas não são feitos pessoais dos agentes públicos, mas sim da própria administração, vide Art. 31, §1º da CF.
Moralidade
A atuação administrativa, além de respeitar a lei, deve ser ética, leal e séria. Art. 37 da CF e Art. 2º, parágrafo único, IV da Lei 9.784/99.
Instrumentos de Controle da Moralidade Administrativa:
a) Ação de Improbidade Art. 37, §4º da CF e Lei 8.429/92;
b) Ação Popular Art. 5º, LXXIII da CF e Lei 4.717/65;
c) Ação Civil Pública Art. 129, III da CF e Lei 7.347/85;
d) Hipóteses de Inelegibilidade Art. 1º da LC 64/90, alterada pela LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa);
e) Lei 12.846/13 (Lei Anticorrupção).
Publicidade
Impõe a divulgação dos atos do Poder Público. Art. 37 da CF e Art. 2º da Lei 9.784/99 Já o direito à informação foi regulamentado pela Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação – LAI).
Instrumentos Jurídicos para Exigir a Publicidade dos Atos do Poder Público:
a) Direito de Petição ao Poder Público Art. 5º, XXXIV, “a” da CF;
b) Direito de Obter Certidões em Repartições Públicas Art. 5º, XXXIV, “b” da CF;
c) Mandando de Segurança Individual e Coletivo Art. 5º, LXIX e LXX da CF;
d) Habeas Data Art. 5º, LXXII da CF.
Eficiência
Tem o objetivo de substituir a Administração Pública Burocrática pela Administração Pública Gerencial. A medida administrativa será eficiente quando atingir o objetivo almejado com o mínimo de verba possível (Administração Pública de Resultados).
Formas de Implementação:
a) Planejamento: planos de ação, orçamento e prioridades, com destaque para a participação da população por meio de audiências e consultas públicas;
b) Execução: medidas concretas para satisfação dos resultados previamente delimitados.
c) Controle: os órgãos controladores não devem serestringir à legalidade formal no controle da atividade administrativa, devendo considerar também os princípios e o alcance dos resultados esperados.
Razoabilidade e Proporcionalidade
 Razoabilidade: é uma evolução jurisprudencial da cláusula do devido processo legal, consagrada em Emendas da Constituição norte-americana. É utilizada como forma de valoração pelo Judiciário da CONSTITUCIONALIDADE das leis e dos atos administrativos, sendo um dos mais importantes instrumentos de defesa dos direitos fundamentais.
 Proporcionalidade: tem origem nas teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, quando se reconheceu a existência de direitos imanentes ao homem oponíveis ao Estado. Aplicado, inicialmente, no “direito de polícia”, na esfera do Direito Administrativo. A proporcionalidade possui três subprincípios:
a) Adequação ou Idoneidade: o ato estatal será adequado quando contribuir para atingir a finalidade pretendida.
b) Necessidade ou Exigibilidade: caso existam duas ou mais medidas adequadas para alcançar o fim perseguido (interesse público), o Poder Público deve adotar a medida MENOS GRAVOSA PARA OS DIREITOS FUNDAMENTAIS.
c) Proporcionalidade em Sentido Estrito: a restrição de um direito fundamental deve ser justificada pela importância do princípio ou direito fundamental que será efetivado. Ex: direito à moradia relativizado para dar lugar ao direito à educação – é o caso de uma pessoa que cede o espaço de sua residência ao Poder Público para que ali se construa uma escola. 
 Fungibilidade: prevalece a tese da fungibilidade entre os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que se relacionam com os ideais de igualdade, justiça material e racionalidade. 
Supremacia do Interesse Público 
a) Interesse Público Primário: necessidade de satisfação das demandas coletivas (justiça, segurança e bem estar) por meio de serviços prestados à coletividade (serviços públicos, poder de polícia, fomento e intervenção na ordem econômica). É ESTE O INTERESSE QUE DEVE SER PERSEGUIDO PELA ADMINISTRAÇÃO.
b) Interesse Público Secundário: é o interesse do próprio Estado, implementado por meio de atividades administrativas necessárias para o atendimento do interesse público primário, tais como as relacionadas ao orçamento, aos agentes públicos e ao patrimônio público.
Importante: há um debate atual que diz que não há um interesse público único, estático. O ideal seria falar-se em uma “finalidade pública”, já que não há uma dicotomia entre público e privado, de modo que um confrontaria o outro. 
Princípio da Continuidade
Ligado à prestação de serviços públicos, cuja prestação gera comodidades materiais aos administrados e não pode ser interrompida, tendo em vista a necessidade permanente de satisfação dos direitos fundamentais.
Princípio da Autotutela
A Administração possui o poder-dever de rever suas decisões e seus próprios atos, seja para anulá-los por vício de legalidade, seja para revogá-los por questões de conveniência e de oportunidade Súmulas 346 e 473 do STF, bem como Art. 53 da Lei 9.784/99. 
Princípios da Consensualidade e da Participação 
Substitui o modelo liberal de unilateralidade da Administração, abrindo canais de participação com vistas a negociar conflitos de interesses.
Princípios da Segurança Jurídica
a) Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, com respeito ao direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada Art. 5º, XXXVI da CF.
b) Subjetivo: proteção da confiança das pessoas em relação às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
Princípio da Boa-Fé
a) Objetiva: lealdade e lisura da atuação dos particulares. 
b) Subjetiva: relaciona-se com o caráter psicológico daquele que acreditou atuar em conformidade com o direito. 
Princípio da Confiança Legítima
Ideia de redução da discricionariedade a zero. Teoria dos Atos Próprios (venire contra factum proprium – vedação do comportamento contraditório): a “teoria dos atos próprios” tem por objetivo evitar atuações contraditórias e desleais nas relações jurídico-administrativas, com violação aos princípios da proteção da confiança legítima e da boa-fé. A teoria dos atos próprios possui três requisitos:
a) Identidade Objetiva e Subjetiva: o ato anterior e o ato posterior emanam da mesma Administração e são produzidos no âmbito da mesma relação jurídica.
b) A Conduta Anterior é Válida e Unívoca: capaz de gerar a confiança na outra parte da relação jurídica.
c) Atuação Contraditória: incompatibilidade do ato posterior com o ato anterior.
Ex: nulidade da imposição de multa de trânsito por irregularidade no veículo, constatada em fiscalização realizada pela Secretaria de Trânsito na saída do pátio do DETRAN, logo depois de o veículo ser vistoriado e devidamente licenciado. 
Importante: não obstante a dificuldade de diferenciação da boa-fé e da confiança legítima, é possível afirmar que a boa-fé deve pautar a atuação do Estado e do particular, enquanto a confiança legítima é instrumento de proteção do administrado. Assim, a caracterização da confiança legítima depende necessariamente da boa-fé do administrado, que acreditou nas expectativas geradas pela atuação estatal. 
Princípios da Administração Pública 
São princípios que orientam a atuação da administração como um todo, então precisam sempre ser considerados pela administração no seu agir. Ademais, têm uma enorme relevância prática, especificamente na prática judicial, pois os tribunais os invocam a todo o tempo para a solução dos casos. 
Alguns desses princípios estão previstos no Art. 37, caput da CF. São eles:
 Legalidade: tudo o que a lei não permite expressamente, está tacitamente proibido (diferente do que acontece no âmbito privado). Art. 5º, II da CF: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” e Art. 37, caput: “A administração pública [...] obedecerá aos princípios da legalidade...”.
A administração não pode atuar contra legem (ninguém pode agir contra a lei – nem administração, nem terceiros), ou praeter legem (agir à margem da lei, agindo independentemente de autorização – a administração não pode agir, mas particulares podem), mas apenas secundum legem (é o ideal – todo mundo pode agir).
Contexto subjacente: a ideia de liberdade pela lei e da supremacia da lei.
O problema da instrumentalização política da lei e do despotismo legal do “Estado de administração” (agigantamento do Estado, que intervém cada vez mais na esfera pessoal).
 Moralidade: Art. 37, caput da CF Art. 5º, LXXIII Art. 4º da Lei 8.429/92 – Lei da Improbidade Administrativa. O ato de improbidade administrativa pode levar o agente público a ressarcir qualquer dano à administração, se equiparando a um ilícito civil, mas pode também implicar uma condenação a penas, tais como inelegibilidade, proibição de contratar com o Poder Público (através de uma “Ação de Improbidade Administrativa”, que pode ser proposta por uma série de legitimados), etc. logo, o ato que viola o princípio da moralidade é nulo, podendo ser anulado por uma Ação Popular proposta por qualquer cidadão ou pela própria administração, de ofício (Art. 5º, LXXIII), ou através da Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), que pode ensejar ressarcimento, em caso de haver danos materiais, e/ou punição independentemente da ocorrência de danos materiais. há condutas da administração que podem não configurar corrupção ou outro ilícito (administrativo ou penal) e mesmo assim configurar uma violação ao princípio da moralidade, constituindo tão somente um ilícito de improbidade. 
Jurisprudência:
- O ato de violação ao princípio da moralidade não pressupõe que a conduta cause um dano patrimonial à administração LIA, Art. 21; REsp 772241 há atos de violação da moralidade que, ao contrário do que se imagina, beneficiam a administração. Ex: autoridade pública que deixa de realizar um concurso público, quando deveria fazê-lo, para contratar profissionais autônomos. Ex: autoridade pública que contrata empresa privada sem licitação (quando a lei exigiria licitação).Essa dispensa configura violação ao princípio da moralidade, mas não causa qualquer dano, pois a autoridade pública entende que a dispensa, nestes casos, reduzirá os gastos da administração pública. 
- Não se aplica o princípio da insignificância no caso de violação da moralidade administrativa Súmula 599 do STJ REsp 769317; AgRg no REsp 1308038 Ex: usar um veículo da administração pública para fins pessoais é uma conduta reprovável, independentemente do dano que ela possa causar. 
 Impessoalidade: Art. 37, caput da CF Art. 4º da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).
Duas projeções do princípio:
- A administração não age em atenção às pessoas e sim ao interesse público, sem fazer acepção de pessoas (ex: concursos públicos, licitações, etc). Logo, esse princípio é correlato ao da supremacia do interesse público.
- Não é a pessoa que presenta ou representa a administração que age, mas a própria administração (os atos não são imputados ao agente, mas ao órgão). O agente público não pode se favorecer, tampouco favorecer terceiros. Não é possível conduzir a gestão da coisa pública de forma a propiciar favorecimento de pessoas específicas, a não ser quando o interesse público demande isso (Ex: favorecer determinados grupos da sociedade em detrimento de outros, visando o bem público). 
 Publicidade: Art. 37, caput da CF Art. 4º da Lei 8.429/92.
Restrições à Publicidade
- Intimidade, vida privada, honra e imagem (Art. 5º, X e XL e Art. 31 da Lei 12.527/11).
- Interesse social, segurança da sociedade e do Estado (Art. 5º, XXXIII e LX e Art. 23 da Lei 12.527/11).
Critérios de Ponderação: necessidade, adequação ao interesse público e proporcionalidade.
 Eficiência: Art. 37, caput da CF incluído por EC em 1998.
Dimensão Econômica: fazer o que há de ser feito pelo menor custo possível.
Dimensão Temporal: buscar os fins almejados no menor tempo possível.
Dimensão Qualitativa: buscar qualidade na prestação de serviços públicos.
Outros são contemplados pela doutrina e jurisprudência. São eles:
 Supremacia do Interesse Público: não está consagrado em lei, sendo, portanto, um princípio não positivado. Compreendido como princípio que impõe sempre uma prevalência do interesse público sobre o privado, ele não é compatível com nosso ordenamento jurídico, pois nem sempre o interesse público prevalecerá sobre o privado. Logo, este princípio diz com a possibilidade de a administração pública impor condutas a terceiros pelo fato de ela buscar o interesse público. 
“A administração, por representar o interesse público, tem a possibilidade, nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações mediante atos unilaterais” (Bandeira de Mello, p. 99).
Limite Funcional: interesse público (“por representar o interesse público”).
Interesse Público X Interesse da Administração: o interesse da administração pode não convergir com o interesse público. Ex: uso da máquina pública para busca de interesses que não são públicos.
Limites Jurídicos: juridicidade, legalidade e respeito aos direitos individuais.
Supremacia do Interesse Público X Supremacia do Direito: a supremacia do direito impera.
 Razoabilidade e Proporcionalidade
Para Humberto Ávila: postulados normativos aplicativos que orientam a aplicação de outras normas.
Para Luís Roberto Barroso: razoabilidade e proporcionalidade são termos fungíveis (significam a mesma coisa) que encerram um único princípio fundado nas ideias de justiça e de devido processo legal substantivo, cuja função interpretativa é, sobretudo, a de proteger os direitos fundamentais e o interesse público e permitir a melhor realização do fim constitucional da norma. 
Função hermenêutica: estreitam o âmbito de discricionariedade na interpretação e aplicação de outras normas, orientando a ponderação de princípios e regras. 
Função de controle: subsidiam o controle de constitucionalidade das leis e da discricionariedade dos atos da administração. 
1. Dimensões da Razoabilidade e da Proporcionalidade
1.1 Adequação: aptidão para promover o fim pretendido (relação meio-fim);
1.2 Necessidade: inexistência de meios menos gravosos (proibição do excesso, inexistência de meio menos gravoso);
1.3 Proporcionalidade em sentido estrito: os motivos que fundamentam a adoção da medida devem ter peso suficiente para justificar a restrição aos direitos atingidos (análise de custo-benefício).
 Responsabilidade Civil do Estado
A responsabilidade extracontratual do Estado (Art. 37, §6º da CF e Art. 43 do CC). Ocorre quando o Estado causa um dano a terceiro. Conduta + dano + nexo causal entre conduta e dano.
A responsabilidade civil do Estado é:
1. Objetiva: a subjetiva é a que se configura somente mediante uma conduta culposa. Na objetiva, entretanto, não é necessário a demonstração de culpa do Estado. A culpa é irrelevante, não sendo necessário demonstrar que o Estado agiu culposamente para requerer sua responsabilização por um dano causado a terceiro. 
2. Por ação ou omissão;
3. Por ato da própria PJ de direito público ou de seus agentes (PJ tem direito de regresso contra o agente, se houver culpa). Ex: funcionário da prefeitura causa danos a terceiro. Provavelmente o município irá indenizar a pessoa, suportando a responsabilidade e entrando com uma ação de regresso contra seu funcionário que causou o dano. Para exercer o direito de regresso, o Estado precisará provar a culpa do agente.
Essas regras se aplicam aos prestadores privados de direitos públicos!
Há jurisprudência no STJ no sentido de que a responsabilidade do Estado por omissão é subjetiva (necessitado de prova, portanto).
 Controle Judicial: Art. 5º, XXXV da CF todos os atos administrativos estão sujeitos ao controle judicial.
Orientações Gerais
a) O controle da legalidade é abrangente, e deve compreender a existência de motivação; mas o controle do mérito do ato deve respeitar o âmbito de discricionariedade da administração.
b) A oportunidade e a conveniência do ato pertencem ao âmbito de discricionariedade da administração.
c) O âmbito de discricionariedade da administração pode ser, excepcionalmente, limitado pelo Poder Judiciário, especialmente quando for necessário ao resguardo de direitos e liberdades fundamentais e para a proibição do excesso, em atenção ao princípio da proporcionalidade. 
 Segurança Jurídica e Proteção à Confiança: Art. 24 da LINDB e Art. 2º da Lei 9.784/99 a administração deve ser coerente no seu proceder, agindo de forma relativamente estável. 
Importante: não há hierarquia entre os que estão na CF e os que não estão, porém alguns podem ser considerados mais relevantes normativamente. 
Princípios da Proposta de Reforma Administrativa (a reforma está no Congresso para ser avaliada)
O Presidente da República tem a intenção de realizar uma reforma administrativa para modernizar a administração pública e tornar o Estado mais eficiente. Um dos aspectos dessa reforma é a proposição de novos princípios, para incluí-los no Art. 37, caput da CF.
 Imparcialidade
 Transparência
 Inovação
 Responsabilidade
 Unidade
 Coordenação
 Boa Governança Pública 
 Subsidiariedade
Administração Direta e Administração Indireta
O Estado pode desenvolver suas atividades administrativas por si mesmo através de seus órgãos (administração direta) ou por outras pessoas jurídicas auxiliares criadas para o exercício de funções específicas (administração indireta).
 Órgãos públicos da administração direta: são os agentes do Estado por meio do qual este manifesta a sua vontade e age no exercício das suas atividades.
 Administração indireta: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas (Decreto-Lei 200, art. 4º).
1. Autarquia: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Ex: IPÊ. 
2. Empresa Pública: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capitalexclusivo da União, criado por lei para exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas societárias admitidas em direito (não precisa ser somente sociedade anônima, como a sociedade de economia mista). Ex: Caixa Econômica Federal.
3. Sociedade de Economia Mista: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. Ex: Banco do Brasil e Petrobrás.
4. Fundação Pública: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. Ex: fundações de atividade de pesquisa, de ensino, fiscalização, etc. O Procon é uma fundação pública.

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