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DESCRIÇÃO Lesões elementares. Dermatites e dermatoeliose, tricoses e onicoses e suas características. Principais neoplasias cutâneas. PROPÓSITO Conhecer as principais afecções cutâneas e sua aplicabilidade no campo da estética, oferecendo subsídios para a construção de um plano terapêutico eficaz e seguro. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos das principais afecções dermatológicas no que se refere às alterações no tecido cutâneo MÓDULO 2 Reconhecer as dermatites e dermatoelioses, bem como as tricoses e as onicoses MÓDULO 3 Reconhecer as principais características clínicas e classificação das neoplasias cutâneas INTRODUÇÃO Neste tema, vamos aprender a identificar as principais afecções da pele, o maior órgão do corpo humano que tem como principais ações: proteção, termorregulação, imunológica, percepção e secretória. É por isso que a pele apresenta respostas e alterações específicas, a depender de cada estímulo recebido. Veremos que esse é o órgão mais sujeito a afecções, pois está constantemente exposto ao meio ambiente e, por conseguinte, às alterações patológicas relacionadas aos hábitos de vida e ao envelhecimento. Logo, é imprescindível que os profissionais envolvidos no campo do embelezamento e da saúde sejam habilitados a reconhecer alterações precoces com segurança. É fundamental que o profissional da área estética conheça a fisiologia e a fisiopatologia do sistema cutâneo para que possa desenvolver habilidades específicas e refletir quanto à multiplicidade de fatores que incidem diretamente na resposta e alteração da pele. Desse modo, esse profissional poderá traçar um plano terapêutico pautado no conhecimento científico e de acordo com a especificidade de cada indivíduo e sua pele. MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos das principais afecções dermatológicas no que se refere às alterações no tecido cutâneo LESÕES ELEMENTARES CUTÂNEAS As lesões elementares cutâneas, também conhecidas como afecções dermatológicas, são alterações na superfície da pele causadas por estímulos físicos, químicos, psíquicos, imunológicos, por vezes desconhecidos, que podem ter etiologia relacionada a fatores locais ou sistêmicos, tais como: processos inflamatórios, metabólicos, genéticos, degenerativos e neoplásicos. As lesões elementares são classificadas de acordo com os seguintes grupos: Alterações de cor Formações sólidas Elevações edematosas Coleções líquidas Alterações de espessura Perdas e reparações Vamos conhecer um pouco mais a respeito de cada grupo? ALTERAÇÃO DE COR As máculas ou manchas são alterações de coloração da pele sem modificação do relevo ou consistência que podem ser de base vásculo-sanguínea (relacionada a alterações de vaso sanguíneo) ou pigmentar (relacionada ao depósito de melanina no tecido cutâneo). As máculas ou manchas de origem vásculo-sanguínea são alterações de coloração da pele decorrentes de vasodilatação (aumento do vaso sanguíneo), vasoconstricção (diminuição do vaso sanguíneo) ou extravasamento de hemácias do vaso sanguíneo para a superfície da pele. Veja alguns tipos: Eritema: Mancha de coloração vermelha, apresenta vasodilatação de capilares que desaparece à digitopressão (técnica de palpação utilizada aplicando leve pressão sobre a superfície da lesão com a polpa digital do dedo polegar ou indicador) e pode apresentar tonalidade e formato variados. Veja a imagem acima de eritema palmar. Púrpura: Mancha de coloração vermelho-violácea que não desaparece à digitopressão, o que representa extravasamento de hemácias na derme. É apresentada na epiderme através da equimose (maior do que 1 cm) ou das petéquias (menor do que 1 cm). Telangiectasia: Mancha vascular filamentar e tortuosa, apresenta-se como vasos sanguíneos de pequeno calibre, conhecidos popularmente como “vasinhos”. Aparece com maior frequência no nariz e lábios e pode ser de origem congênita (presente no indivíduo desde o nascimento) ou adquirida (surge devido ao envelhecimento, à exposição solar, à gestação, entre outros fatores). Mancha angiomatosa: Mancha de coloração vermelha e plana relacionada à neoformação vascular (formação de novos vasos sanguíneos) na derme e regride à digitopressão. Mancha anêmica: Mancha de coloração permanente relacionada à diminuição ou ausência de rede vascular e é delimitada. VOCÊ SABIA Em tempos de pandemia relacionada ao COVID-19, as publicações científicas do tipo relato de caso têm descrito uma série de casos sugerindo o aparecimento de exantema, petéquias, pápulas eritematosas e vesículas distribuídas principalmente no tronco como manifestações cutâneas sugestivas de COVID 19. (MARZANO et al., 2020). Máculas ou manchas de origem pigmentar: Mancha leucodérmica: Mancha de coloração branca relacionada à ausência (acromia) ou diminuição (hipocromia) da melanina na epiderme. Mancha hipercrômica: Mancha relacionada ao acúmulo de pigmento (melanina ou outro pigmento) na epiderme. A hiperpigmentação pode ser localizada ou generalizada. Exemplo de manchas hipercrômicas: melasma. VOCÊ SABIA A Acantose nigricans é caracterizada por uma afecção aveludada, papilomatosa, com mancha hipercrômica de coloração marrom escura e placas hiperqueratóticas em regiões como pescoço (93-99%), área axilar (73%) e em menor frequência dos dedos (6–8%). A associação da Acantose nigricans é comum em obesos e em casos de resistência à insulina. Estudos têm sugerido que sua presença também pode indicar diabetes tipo 2, síndrome metabólica e síndrome dos ovários policísticos, portanto, o seu reconhecimento precoce e atendimento especializado são essenciais para a prevenção e o controle desses agravos (VIEIRA, 2013). Acantose nigricans FORMAÇÕES SÓLIDAS São afecções cutâneas relacionadas ao processo inflamatório ou neoplásico, caracterizam-se por alteração sólida e palpável da pele e podem comprometer apenas uma das camadas da pele ou em conjunto a epiderme, a derme e a hipoderme. Veja os tipos: Pápula: Lesão sólida, delimitada, elevada e menor do que 1 cm. Pode ser dolorosa e, geralmente, precede o aparecimento de vesículas ou pústulas. Placa: Lesão de superfície plana, maior do que 1 cm e pode apresentar-se descamativa, crostosa ou queratinizada. Pode ser formada pela junção de várias pápulas, sendo assim chamada de placa papulosa. Nódulo: Lesão sólida, de consistência dura e delimitada, geralmente palpável, de 1 a 3 cm e localizada na hipoderme. Tumor ou nodosidade: Lesão sólida, de consistência dura e delimitada, geralmente palpável, maior do que 3 cm e geralmente relacionada a processo neoplásico. A imagem é um exemplo de carcinoma basocelular nodular. Tubérculo: Lesão sólida do tipo pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz. Vegetação: Lesão sólida, pápula elevada, de superfície dura, irregular, inelástica e de coloração amarelada. Também chamada de verrucosidade ou lesão verrucosa. Comedões: Lesão sólida, de coloração escura, visível, relacionada à obstrução do folículo piloso devido ao acúmulo de queratina e sebo, conhecido como cravo. Pode ser aberto (ponto negro) ou fechado (ponto branco). Mílio (em latim, milium): Pequenos cistos subdermal de ceratina, em forma de grão, apresentando consistência dura e coloração branca ou amarela. As áreas de maior acometimento são em torno dos olhos e ouvidos. ELEVAÇÕES EDEMATOSAS São elevações bem delimitadas e circunscritas ocasionadas por edema na derme e epiderme, podendo haver comprometimento até o subcutâneo. Podem se apresentar de forma local ou sistêmica. A dor é variável e apresenta alteração de cor no local afetado. Vamos conhecer os tipos: Urticária: Elevação irregular na forma e tamanho, de coloração variável (branco-rosáceo ao vermelho e pruriginosa). Essa afecção resulta do extravasamento de plasma e ocorre edema circunscrito. Edema angioneurótico: Edema circunscrito que acontece no subcutâneo e provoca uma elevação na superfície da pele. COLEÇÕES LÍQUIDA São lesões caracterizadas pela presença de conteúdolíquido em seu interior de aspecto seroso, purulento ou sanguinolento. Podem apresentar uma lesão única ou múltiplas lesões, geralmente com presença de sinais flogísticos (dor, calor, rubor e edema). Veja os exemplos: Vesículas: Lesão de pequena extensão, elevada, delimitada, com conteúdo líquido claro em seu interior e tamanho aproximado de 1 cm. Bolha ou flictena: Lesão com elevação da pele, maior do que 1 cm, com conteúdo seroso e claro, podendo evoluir para purulento ou hemorrágico. Pústula: Lesão elevada, delimitada, de até 1 cm e com conteúdo purulento. Abcesso: Lesão elevada, de tamanho variável, com conteúdo líquido purulento e geralmente associado a sinais flogísticos (calor, rubor, dor e edema). Veja a imagem acima, ao redor da lesão, há sinais clássicos de inflamação como citado. Cisto: Lesão fechada, delimitada, com conteúdo líquido a pastoso; geralmente, são tumores benignos. Hematoma: Lesão de formato irregular, sua coloração se modifica conforme a evolução, apresentando melhora ou piora geralmente localizada, tem conteúdo sanguíneo e é relacionado a traumas, distúrbios hematológicos e outros. ALTERAÇÕES DE ESPESSURA Lesões que se caracterizam pela alteração da consistência/espessura da pele, estando relacionadas com a modificação da textura desta (fina, lisa, grossa etc.). Vamos conhecê-las um pouco mais? Queratose: Lesão por espessamento circunscrito ou difuso da pele, tem aspecto endurecido, inelástico, coloração esbranquiçada à amarelada e ocorre devido ao aumento da camada córnea. Existe também a ceratose solar, ocasionada pela exposição contínua à luz solar, sendo resultado de efeito cumulativo da radiação UV do sol. Essas lesões são avermelhadas e descamativas, discretamente elevadas, pré-cancerosas e devem ser acompanhadas por serviço médico especializado. Edema: Lesão pelo aumento da espessura da pele, depressível. Apresenta cor própria da pele ou róseo-avermelhada. Liquenificação: Lesão caracterizada pelo espessamento da pele com acentuação de fissuras e coloração que comumente torna-se castanho-escuro na área de coçadura. Esclerose: Lesão por alteração da espessura e consistência da pele, pode apresentar hipercromia ou hipocromia com coloração branca e brilhante, torna-se mais palpável do que visível. Atrofia: Lesão relacionada à diminuição dos elementos cutâneos normais, oferecendo à pele aspecto enrugado, elevado ou diminuído em relação aos planos circunjacentes. Pode ser relacionada a processos inflamatórios, infecciosos e idiopáticos. PERDAS E REPARAÇÕES TECIDUAIS Lesões relacionadas à eliminação exagerada ou destruição de tecido cutâneo. Veja a seguir os seus tipos: Escama: Lesão resultante do acúmulo de queratinócitos, geralmente acompanhada de eritema. Pode ser de aspecto seco ou gorduroso. Erosão ou exulceração: Lesão relacionada à perda da epiderme, com presença de exsudato, geralmente é secundária à ruptura da bolha. Ulceração: Lesão relacionada à perda da epiderme e derme, podendo comprometer hipoderme e tecidos subjacentes. Fissura: Lesão com aspecto de fenda linear, estreita e profunda; a pele torna-se inelástica, quebradiça ou macerada. Geralmente, está presente em situações como intertrigo (irritação e ruptura da pele, maceração) e eczema crônico. Crosta: Lesão formada pelo exsudato liberado na área de perda tecidual, resultado da eliminação de exsudato seroso, purulento ou sanguinolento. Cicatriz: Lesão de espessura relacionada à reparação de tecidos destruídos, pode ser plana, retraída ou elevada, apresenta aspecto brilhante. ATENÇÃO As lesões elementares podem surgir isoladamente, mas, em alguns casos, estão associadas ou combinadas. Há, assim, uma variedade de expressões descritivas como eritematopapulosa, papulonodular, vesicobolhosa, atrófico escamosa e inúmeras outras. (RIVITTI, 2014) Há ainda outras expressões descritas em relação às lesões elementares, porém, neste módulo, procuramos pontuar as mais encontradas em práticas clínicas hospitalares e que poderão estar presentes em clínicas e centros de estética. Profissionais de estética, a partir de uma avaliação detalhada (anamnese, inspeção e palpação), poderão realizar um diagnóstico diferencial, já que há afecções cutâneas que são exclusivamente de atuação médica. Cabe ao esteticista avaliar e orientar o paciente a procurar atendimento específico e, se for o caso, retornar para iniciar um tratamento estético após alta médica. A APLICABILIDADE NA ESTÉTICA VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Reconhecer as dermatites e dermatoelioses, bem como as tricoses e as onicoses O QUE É DERMATITE? Dermatite é um termo utilizado para definir a lesão inflamatória das camadas superficiais da pele, que geralmente se apresentam com os seguintes sinais e sintomas: bolhas, prurido, edema, eritema, crosta, escamação, às vezes, exsudação, entre outros. Seu aparecimento pode ser de origem sistêmica (por todo corpo) ou de fatores locais irritativos através do contato. Neste módulo, vamos aprender a reconhecer as principais alterações inflamatórias da pele, com vistas à prática clínica no campo da estética. CLASSIFICAÇÃO DAS DERMATITES As dermatites são classificadas de acordo com critérios clínicos, as mais comuns são apresentadas abaixo: Dermatite seborreica Dermatite de contato Dermatite atópica Dermatite numular Dermatite estase Dermatite seborreica Trata-se de uma afecção inflamatória crônica não contagiosa, que causa principalmente descamação e vermelhidão no local afetado e acomete regiões ricas em glândulas sebáceas, como: couro cabeludo, áreas da face, nariz e orelhas. Dermatite de contato ou eczema de contato Afecção inflamatória da pele ocasionada pelo contato com alérgenos específico (por ex. medicamento, cosmético ou alimentos) ou em contato com metal, sendo caracterizada pelo aparecimento de prurido, edema, eritema e vesícula. Caso de dermatite de contato, ocasionada devido ao uso da fivela de metal. Dermatite atópica É uma afecção inflamatória crônica alérgica da pele, relacionada à predisposição genética. Geralmente, aparece na infância, sendo caracterizada por eczema atópico, ressecamento cutâneo, erupção com crostas e prurido. As principais regiões de aparecimento são nos braços e atrás dos joelhos. Alguns fatores podem desencadear esse tipo de dermatite, como: mofo, ácaros, irritantes ambientais, fragrâncias, produtos de limpeza, infecções e estresse emocional entre outros. Dermatite numular ou eczema discoide Tipo de afecção inflamatória da pele caracterizada pelo aparecimento de erupções arredondadas ou ovais em formato de moeda, podendo ser local ou sistêmico. As lesões apresentam eritema bem definido, prurido, crostas e podem liberar exsudato. Essa dermatite pode ser desencadeada por substâncias irritantes e tem forte componente genético. Dermatite estase Refere-se a uma afecção inflamatória da pele também conhecida como dermatite ocre. Acomete as extremidades distais dos membros inferiores e está diretamente relacionada à insuficiência venosa crônica. Apresenta-se com prurido, descamação e hiperpigmentação de coloração marrom-avermelhada e, por vezes, se não tratada em seu estado inicial, evolui para ulceração. DERMATOELIOSES OU FOTODERMATOSES São afecções da pele desencadeadas por exposição à luz solar devido à sensibilidade aumentada ou exposição à luz artificial. Provocam lesões degenerativas que se caracterizam por inelasticidade, atrofia, descamação, manchas hipercrômicas, hipocrômicas e ressecamento cutâneo. As fotodermatoses mais comuns são: Erupção polimorfa à luz Fitofotodermatite (erupção alérgica) Dermatite actínia (solar) crônica Urticária solar Efélide ou lentigo Elastose solar Leucodermia gutata ERUPÇÃO POLIMORFA À LUZ (EPL) Este tipo de afecção cutânea aparece em períodos específicos, ou seja, é sazonal. Ocorre predominantemente na primavera e no início do verão, após as exposições de maior intensidade. A maior incidência é em jovense mulheres de fototipo baixo. A apresentação clínica se dá através de lesões variadas, incluindo pápulas, pápulo-vesiculares bolhosas, edematosas ou lesões do tipo prurido (coceira) ou eritema exsudativo (com secreção). Além disso, há distribuição assimétrica da lesão nas áreas de exposição solar. FITOFOTODERMATITE Surge após contato com uma planta sensível ao sol (fotossensibilizante) e à radiação deste. É comum, por exemplo, quando há o contato do limão com a luz solar. As manifestações clínicas ocorrem entre 24 a 48 horas após a exposição. Apresenta lesões avermelhadas, geralmente nas regiões expostas ao sol, em alguns casos, formam-se bolhas. DERMATITE ACTÍNICA (SOLAR) CRÔNICA (DAC) Trata-se de uma fotodermatose adquirida, rara, com incidência predominante em indivíduos do sexo masculino e acima de 50 anos. Apresenta um caráter persistente com agravamento no verão (PAEK; LIM, 2014). Apresenta lesões, placas extensas, além de aumentar a espessura da pele, que também a torna rígida. URTICÁRIA SOLAR (US) É uma doença crônica que apresenta recidiva, ou seja, retorna embora tenha parecido curada em alguns períodos. EFÉLIDE OU LENTIGO Mácula pigmentada ou conjunto de máculas que formam placas de coloração que vão do castanho ao preto, localizadas na face, nos ombros, no colo e lábios. Apresenta origem hereditária ou em função da exposição solar. ELASTOSE SOLAR Caracteriza-se por lesão nas fibras elásticas na derme, acarretando flacidez e quebra dos tecidos. LEUCODERMIA GUTATA Causada em áreas de exposição solar. A pele apresenta uma deficiência de pigmentação cutânea em decorrência da diminuição ou do desaparecimento da melanina, ocasionando áreas no corpo com manhas brancas. VOCÊ SABIA A recomendação para uso de filtros solares é diária para prevenção de manchas cutâneas, manchas de envelhecimento e câncer de pele. A exposição aos raios ultravioleta é a causa de cerca de 90% dos tumores de pele. Para uma melhor proteção da pele, é recomendado o uso de filtro químico e filtro físico, protegendo-a assim com duas barreiras. O QUE SÃO AS DERMATOELIOSES OU FOTODERMATOSES E COMO PREVENIR TRICOSES CAPILARES São afecções que comprometem o couro cabeludo e a fibra capilar. Podem ser de origem congênita, adquirida ou por outros problemas e se caracterizam por alteração qualitativa (como está o fio do cabelo) e/ou quantitativa (número de fios) da haste capilar. Essas alterações podem ser divididas em: displasias pilosas congênitas, adquiridas e as alopecias. Veja, nos quadros a seguir, as características das principais displasias. Quadro1 - Displasias pilosas congênitas Afecção Perfil dos pelos Moniletrix Afecção na espessura, rara, hereditária, surge na infância, os pelos são caracterizados por apresentarem dilatação e estreitamentos alternados ao longo da haste capilar, e estes são curtos devido as fraturas que ocorrem. Tricorrexis invaginata Afecção caracterizada pela diminuição ou escassez dos pelos. Aspecto de cabelos “ralos” e frágeis. Pelos em bambu. Tricopoliodistrofia Afecção cujos pelos apresentam-se espiralados, ou seja, torcidos em torno do próprio eixo, sem brilho e quebradiços; está relacionada à deficiência de cobre. Pelos em textura de palha de aço. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal VOCÊ SABIA Quem nunca amanheceu e teve dificuldade em pentear os cabelos? Nos Estados Unidos, Taylor McGowan é portadora de uma displasia pilosa congênita rara conhecida por Síndrome do Cabelo Impenteável. Ela e sua família contam um pouco dessa história como um diário no Facebook. Essa afecção é resultado de uma mutação genética onde os cabelos crescem lentamente, finos e desordenados. O fato é que há apenas 100 casos de Síndrome descritas no mundo. Quadro 2 – Displasias pilosas adquiridas Afecção Perfil dos pelos Tricorrexe nodosa Afecção da haste do cabelo caracterizada por nódulos ao longo dos fios, principalmente nas pontas; está relacionada à alteração longitudinal e à transversal. É uma resposta dos fios ao trauma físico ou químico. Tricoptilose Afecção caracterizada por cabelos frágeis e bifurcados, popularmente conhecida como “pontas duplas”. Sua causa principal está relacionada ao uso indevido de produtos químicos. Tricotilomania Afecção comportamental no campo dos transtornos psiquiátricos, caracterizado por regiões de alopecia relacionadas à tração intencional, ou seja, ao impulso recorrente de arrancar os próprios cabelos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro 3 – Alopecias Afecção Perfil Alopecia androgenética Afecção caracterizada pela queda de cabelos, popularmente conhecida como calvície. É comum na população e, geralmente, torna- se aparente entre 40-50 anos de idade. Em geral, as mulheres são acometidas mais na área central do couro cabeludo, e os homens na área central e frontal (entradas). Alopecia areata Caracterizada por áreas de alopecia arredondadas ou ovais, locais, generalizadas ou até universal, com perda total de pelos e sem sinais inflamatórios. Etiologia desconhecida. Pode estar associada a fatores emocionais, metabólicos e imunológicos. Em geral, sua evolução é favorável e a repilação (nascimento de pelos) ocorre entre 2 e 6 meses. Alopecia cicatricial Afecção caracterizada pela ausência ou diminuição dos pelos devido à destruição dos folículos pilosos causada por processo inflamatório, traumatismo, queimaduras ou agentes químicos. Apresenta atrofia cicatricial. Neste caso, não haverá mais crescimento dos cabelos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Alopecia aerata. ONICOSES OU ONICOMICOSES São infecções fúngicas que acometem a lâmina ungueal (unha), provocando espessamento, endurecimento, descoloração e desintegração da unha. Pode ser causada por várias espécies de fungos. Geralmente, os pés são mais afetados, por enfrentarem ambiente úmido e quente com maior frequência do que as mãos. Esse ambiente é considerado ideal para o crescimento dos fungos. Sua ocorrência está relacionada a fatores, como: higiene pessoal, idade, sexo, comorbidades (por ex. diabetes), atividade social entre outros. (MARTINS et al., 2007). Essa afecção pode ser classificada de acordo com suas características clínicas, que são determinadas pelo modo como o fungo invade a unidade ungueal. Tipos Definição Onicomicose subungueal Neste caso, o fungo acomete primeiro a camada endurecida da epiderme sob a borda livre da unha e progride de maneira lenta e distal progressiva para o lado debaixo da lâmina ungueal lateral e proximal. Onicomicose subungueal superficial Acomete a superfície da lâmina ungueal e produz “ilhas” brancas de infecção. É comumente encontrada nas unhas dos pés. Onicomicose subungueal proximal O fungo acomete a unidade ungueal via dobra ungueal proximal através da cutícula e progride distalmente. Onicodistrofia total Acomete toda a lâmina ungueal, permanecendo apenas restos de queratina aderidos ao leito ungueal. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Apresentação das onicomicoses: VOCÊ SABIA O uso da terapia fotodinâmica tem apresentado resultados seguros e promissores no tratamento de onicomicose através da interação da luz vermelha, ou LED, emitida pelo equipamento de laser com o uso de um fotossensibilizador aplicado no leito ungueal, observando- se resultado rápido e eficaz. Terapia fotodinâmica. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecer as principais características clínicas e classificação das neoplasias cutâneas VAMOS ENTENDER O CONCEITO DE NEOPLASIA? Neoplasia é o crescimento celular atípico na pele devido a um processo patológico de multiplicação celular anormal que pode resultar no desenvolvimento de um tumor. O termo tumor refere-se a um aumento do volume de uma parte do organismo, entretanto, é comumente usado como sinônimo de neoplasia.As neoplasias podem ser classificadas como benignas ou malignas. Dentre as principais causas para ocorrência dessa alteração são o fumo, álcool, hábitos alimentares e a exposição prolongada e repetida à radiação ultravioleta. As neoplasias podem atingir diferentes órgãos e tecidos do nosso corpo, neste módulo, entenderemos aquelas que acometem o tecido cutâneo. NEOPLASIAS CUTÂNEAS BENIGNAS: São tumores benignos da pele que têm por característica ser bem delimitados, ter crescimento lento, não invadir tecidos adjacentes e não provocar metástases. Os tipos mais comuns observados são: DERMATOSE PAPULAR NIGRA É uma afecção benigna, caracterizada pelo aparecimento de pequenas pápulas de 2 a 4 mm. Têm coloração escura, são assintomáticas, discretamente elevadas, mais comuns em indivíduos com fototipo alto e em mulheres. Atingem principalmente a face, o pescoço e o colo. HIPERPLASIA SEBÁCEA OU HIPERPLASIA SENIL Trata-se de uma afecção benigna caracterizada pelo aparecimento de pápulas de tamanho entre 2 e 5 mm, de coloração amarelada, arredondadas e, por vezes, com centro afundado. Está relacionada ao aumento das glândulas sebáceas e as regiões mais afetadas são a frontal da face, o arco zigomático e o nariz. Estudos apontam que sua causa está relacionada à diminuição da circulação de hormônios androgênicos (hormônios sexuais femininos, por exemplo a testosterona). A taxa de amadurecimento dos sebócitos (células epiteliais que formam as glândulas sebáceas) é diminuída, causando um aumento da concentração de sebócitos primitivos (ou imaturos) dentro das glândulas sebáceas, resultando em seu aumento de volume. (TAGLIOLATTO; ALCHORNE; ENOKIHARA, 2011). NEVO MELANOCÍTICO OU MELANOGÊNICO Afecção benigna caracterizada por pequenas manchas de coloração marrom, formadas pelo acúmulo de melanócitos (células que produzem o pigmento da pele), sendo regulares e podendo ficar ou não elevadas. É popularmente conhecido por pintas e sinais. Seu aparecimento tem forte componente genético e exposição solar. SIRINGOMA É uma afecção benigna ocasionada pelo crescimento das células das glândulas sudoríparas, caracterizada por pápulas da cor da pele, de 1 a 5 mm, em geral, múltiplas e, às vezes, isoladas, assintomáticas e de ocorrência mais frequente em mulheres adultas, sendo predominantes em indivíduos brancos. A área mais acometida é a face, em particular, as pálpebras e as regiões periorbitárias. VERRUGA SEBORREICA É uma afecção benigna caracterizada por nódulos consistentes arredondados ou ovalados, juntos ou isolados, de coloração castanha, marrom ou negra, revestidos por escamas espessas que se assemelham a uma grande verruga. Seu tamanho em média é de 1 a 2 cm e, por vezes, maior. As áreas mais afetadas são a face, o dorso e as mãos. ACROCÓRDONS É uma afecção benigna caracterizada por pápulas pendiculares, arredondadas, de consistência mole, elástica, de pequenas dimensões, em média de 2 a 10 mm, podendo ser únicas ou múltiplas, com tendência a crescimento progressivo e sem involução espontânea. Sua origem é desconhecida, provavelmente, está relacionada com fatores hormonais. As áreas mais afetadas são a região cervical, axilar, inguinal, perineal, inframamária e as pálpebras. VOCÊ SABIA Segundo estudos, os acrocórdons são marcadores de resistência insulínica e de potencial síndrome metabólica, ou seja, sinalizam para um estado de pré-diabetes. Sua ocorrência vai muito além de uma questão estética. Oriente seu cliente! Fique atento! NEOPLASIA CUTÂNEA MALIGNA No Brasil, a estimativa para cada ano do biênio 2018-2019 é que ocorram 6.260 casos novos de melanoma (2.920 em homens e 3.340 em mulheres), e 165.580 casos novos de câncer de pele não melanoma (85.170 em homens e 80.410 em mulheres). As maiores taxas do Brasil são encontradas na região sul (INCA, 2017). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo metastizar-se, ou seja, atingir outros órgãos e tecidos. (BRASIL, 2006). Segundo Apalla et al., cerca de 60–65% das neoplasias primárias de pele surgem de lesões pré- neoplásicas previamente diagnosticadas como, por exemplo, a ceratose actínica. Os fatores extrínsecos são radiação ultravioleta, radiação ionizante, carcinógenos químicos, papiloma vírus humano (HPV 16 e 18); e os fatores intrínsecos são genética, lesões precursoras e fatores imunológicos. O principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição à radiação ultravioleta (UV), que agridem diretamente a estrutura do DNA, provocando alterações estruturais e oxidação (KABIR et al., 2015). Didaticamente, são divididas em neoplasias não melanomas, representadas basicamente pelo carcinoma basocelular e pelo carcinoma espinocelular, e melanomas, representadas pelas diversas apresentações do melanoma maligno cutâneo. CARCINOMA BASOCELULAR É uma lesão elevada, arredondada, cor de pele ou rosada brilhante, indolor e de crescimento lento, que invade o tecido, mas raramente produz metástases. Representa 70% dos cânceres não-melanomas. De acordo com Apalla et al. (2017), surge em áreas fotoexpostas, como nariz, orelhas, face, pescoço e dorso das mãos, mas pode surgir em qualquer área do corpo. É frequente em indivíduos de pele clara. CARCINOMA ESPINOCELULAR Lesão que se origina na camada mais superficial da epiderme, afetando as células escamosas que constituem a maior parte das camadas superiores da pele, cerca de 20% dos cânceres de pele são carcinomas espinocelulares. Geralmente, afeta áreas do corpo expostas ao sol: rosto, orelhas, lábios, pescoço e dorso da mão. Pode também surgir em cicatrizes ou feridas crônicas em qualquer parte do corpo e com menor frequência. Pode também se formar na pele dos genitais. MELANOMA O melanoma maligno é, entre as neoplasias de pele, a de pior desfecho e sobrevida. Seu desenvolvimento é resultante de múltiplas e progressivas alterações no DNA celular, que podem estar associados aos seguintes fatores: lesões pigmentadas (como efélides), exposição solar, queimaduras solares (especialmente durante a infância), uso de câmaras de bronzeamento, melanoma cutâneo prévio e histórico familiar. O melanoma representa 4% do total dos cânceres cutâneos, sendo menos frequente que os carcinomas basocelular e espinocelular. Entretanto, apesar de ter uma incidência relativamente baixa, assume grande importância devido ao seu elevado potencial de gerar metástases e letalidade. É frequente em pessoas de pele clara, afetando, principalmente, a faixa etária dos 30 aos 60. Melanoma em um corpo masculino, um câncer que se desenvolve a partir de células melanócitos contendo pigmentos. COMO IDENTIFICAR AS LESÕES CANCERIANAS? Segundo Gomes (2017), podemos utilizar o teste do ABCD, porém, não compete ao esteticista realizar o diagnóstico de câncer, mas é responsabilidade do profissional da área da saúde não médico avaliar a lesão e orientar o paciente a procurar um serviço especializado. Muitas pessoas procuram centros ou clínicas de estética queixando-se de alguma lesão ou mancha no corpo. Quando o profissional tem um pouco mais de experiência, consegue suspeitar de que pode ser algo mais grave, mas nem todos conseguem fazer essa análise e acabam mexendo ou indicando cosméticos de uso Home Care. Por isso, sempre se faz necessária uma avaliação inicial detalhada, uma vez que a lesão cancerígena apresenta modificação ao longo do tempo. Vejamos o A, B, C, D que pode ser aplicado no momento da avaliação física de uma lesão: A: Assimetria: deverá indicar duas partes iguais se for traçada uma linha imaginária sobre a lesão. B: Borda: deverá ser regular. C: Cor: deverá ter cor única. D: Diâmetro: não deve ultrapassar 6 mm ou 0,6 cm. NEOPLASIAS E SAÚDE, BELEZA E BEM- ESTAR VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista o conteúdo teórico conceitual apresentado,percebe-se que as afecções cutâneas são prevalentes no Brasil e, consequentemente, na prática assistencial dos profissionais da estética. Nesse sentido, foram apresentadas as alterações cutâneas e suas principais características, com o intuito de construir uma discussão apropriada acerca da aplicabilidade teórico-prática frente às principais lesões elementares, dermatites, onicomicoses, tricoses e neoplasias. Dessa maneira, a temática aqui abordada apresentou os principais subsídios científicos para a execução de uma assistência segura e eficaz no campo da estética. Nosso objetivo é que você se torne um profissional com a habilidade de orientação, execução e, quando necessário, encaminhamento para atendimento especializado, visando a qualidade e a segurança do atendimento prestado na área estética. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS APALLA, Z.; LALLAS, A.; SOTIRIOU, E.; LAZARIDOU, E.; IOANNIDES, D. Epidemiological trends in skin In: BOISSY, R.E.; NORDLUND J.J. Vitiligo: current medical and scientific understanding. G Ital Dermatol Venereol, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2006: Incidência de Câncer no Brasil. 2006. INCA. Estimativa 2018-Incidência de câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer; José Alencar Gomes da Silva. 2017. GOMES, R. K. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. São Paulo: RED publicações, 2017. KABIR, Y.; SEIDEL R.; MCKNIGHT, B.; MOY, R. DNA Repair Enzymes: An Important Role in Skin Cancer Prevention and Reversal of Photodamage-A Review of the Literature. In: Journal of drugs in dermatology, v. 14 JDD. 2015. MARTINS, E. A. et al. Onicomicose: estudo clínico, epidemiológico e micológico no município de São José do Rio Preto Onychomycosis: clinical, epidemiological and mycological study in the municipality of São José do Rio Preto. In: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 40, n. 5, p. 596–598, 2007. MARZANO, A. V.; GENOVESE, G.; FABBROCINI, G. et al. Varicella-like exanthem as a specific COVID-19-associated skin manifestation: multicenter case series of 22 patients In: J Am Acad Dermatol, 2020. RIVITTI E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4 ed. São Paulo: Artes médicas; 2018. SILVA, A. P. Novas estratégias para o diagnóstico de onicomicose e tratamento por terapia fotodinâmica. 2017. Tese (Doutorado em Física Aplicada) – Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017. TAGLIOLATTO, S.; ALCHORNE, M. M. A.; ENOKIHARA, M. Hiperplasia sebácea cutânea: estudo piloto para a correlação da doença com hormônios androgênios. In: An. Bras. Dermatol. Rio de Janeiro, v. 86, n. 5, p. 917-923, 2011. PAEK, S. Y.; LIM, H. W. Chronic actinic dermatitis. In: Dermatol Clin, 2014. Vieira, C. E. N. K. et al. Assistência de enfermagem na puericultura: Acantose nigricans como marcador de risco metabólico. In: Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 21, n. 6, p. 1220-1227, 2013. EXPLORE+ Para explorar os seus conhecimentos a respeito do assunto estudado, indicamos a leitura dos seguintes artigos: PIRES, C. A. A. et al. Câncer de pele: caracterização do perfil e avaliação da proteção solar dos pacientes atendidos em serviço universitário. STRUTZ, A. P.; SOUZA, A. W. A atuação do tecnólogo em estética na aplicação do ácido glicólico em melasma. CONTEUDISTA Natalia da Palma Sobrinho CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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